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Eficiência do ensino no Distrito Federal pelo DEA

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(1)

EFICIÊNCIA DO ENSINO NO DISTRITO FEDERAL

PELO DEA

Autor: Glauco Lívio Silva Azevedo

Orientador: Dr. Rogério Boueri Miranda

Mestrado

PRÓ-REITORIA DE

PÓS-GRADUAÇÃO

(2)

AUTOR: GLAUCO LÍVIO SILVA AZEVEDO

EFICIÊNCIA DO ENSINO NO DISTRITO FEDERAL PELO DEA

Dissertação apresentada no Programa de Pós-graduação Strictu Senso em Mestrado em Economia de Empresas da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção de Título de Mestre em Economia de Empresas

Orientador: Dr. Rogério Boueri Miranda

Brasília

(3)

Ficha elaborada pela Coordenação de Processamento do Acervo do SIBI – UCB.

15/04/2009

A994e Azevedo, Glauco Lívio Silva.

Eficiência do ensino no Distrito Federal pelo DEA / Glauco Lívio Silva Azevedo. – 2009.

44 f. ; il. ; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2009. Orientação: Rogério Boueri Miranda

1. Ensino – Distrito Federal. 2. Data Envelopment Analysis - DEA. I. Miranda, Rogério Boueri , orient. II. Título.

(4)
(5)
(6)
(7)

"Há escolas que são gaiolas. Há escolas que

são asas."

(8)

AZEVEDO, Glauco Lívio Silva. Eficiência do Ensino no Distrito Federal pelo DEA. 2009. 44 folhas. Dissertação do Curso de Mestrado em Economia de Empresas – Universidade Católica de Brasília, 2009.

Este trabalho analisou a eficiência das escolas de ensino médio públicas e privadas do Distrito Federal a partir de um modelo paramétrio e outro não-paramétrico. No primeiro caso utilizou-se o modelo Data Envelopment Analysis – DEA para o cálculo da eficiência. A nota da prova do Enem de 2007 foi adotada como produto/resultado. Os insumos endógenos utilizados no modelo DEA foram previamente convertidos em índices com base no modelo de Análise dos Componentes Principais (ACP). Após o calculo da eficiência, adotou-se o modelo paramétrico de regressão linear para se identificar a influência de variáveis exógenas na determinação da eficiência. Os resultados demonstram que a classificação das escolas públicas melhorou quando se utiliza o índice de eficiência ao invés apenas das notas do Enem. As variáveis exógenas de renda per capita, tipo de dependência administrativa (pública ou privada), quantidade de alunos e adoção do Programa TV Escola demonstraram ter correlação positiva com a eficiência.

(9)

AZEVEDO, Glauco Lívio Silva. Efficiency of Schools in the Federal District of Brazil

measured by DEA. 2009. 44 pages. Dissertation of Master`s Degree of Enterprise Economy

Course– Catholic University of Brasília, 2009.

This thesis used parametric and a non-parametric modeling to analyze the efficiency of private and public middle schools in the Federal District, Brazil. Initially, a Data Envelopment Analysis – DEA was undertaken to calculate school efficiency. The product/result adopted was the grade attained in the national middle school scholastic exam – ENEM – of 2007. Index numbers were constructed for the endogenous inputs of the model using Principal Components Analysis. Following these efficiency calculations, a linear regression analysis was then used to identify the influence of exogenous variables on school efficiency. Results demonstrate that the efficiency index portrays a better school performance than the single ENEM grade. Exogenous variables showing positive correlation to efficiency include per capita income, type of institutional administration (private/public), number of students enrolled and the adoption of the “TV Escola” governmental program.

(10)

1 INTRUDUÇÃO ... 08

1.1 MOTIVAÇÃO ... 08

1.2 LITERATURA ... 10

2 FUNÇÃO DE PRODUÇÃO EDUCACIONAL ... 12

3 METODOLOGIA ... 15

3.1 DATA ENVELOPMENT ANALYSIS (DEA) ... 15

3.2 ANÁLISE DOS COMPONENTES PRINCIPAIS ... 18

3.2.1 Formalização da Análise dos Componentes Principais... 20

4 BASE DE DADOS E TRATAMENTO DAS VARIÁVEIS ... 23

4.1 ENEM ... 23

4.2 O CENSO ESCOLAR ... 24

4.3 TRATAMENTO DAS VARIÁVEIS... 26

5 RESUMO E CONCLUSÃO ... 38

5.1 MELHORAMENTOS SUGERIDOS ... 41

(11)

1 INTRODUÇÃO

1.1 MOTIVAÇÃO

Existem diversos trabalhos científicos que trataram do tema Educação, nos mais diversos

prismas, que mostram a correlação positiva entre o aprimoramento educacional e a melhoria

da qualidade de vida dos indivíduos e das sociedades. Seja por meio de ganho de

produtividade dos trabalhadores, da melhor distribuição da renda, da redução da mortalidade

infantil (por aumento da escolaridade das mães), da redução do trabalho infantil, do aumento

da longevidade ou da melhoria das condições de trabalho. Qualquer que seja o foco adotado, a

educação tem permitido às sociedades alcançarem maiores índices de qualidade de vida.

A disponibilidade de trabalhos que demonstram essa correlação é tão grande que se criou na

sociedade brasileira uma consciência da sua relevância. Esse discurso é quase uníssono,

contudo os debates públicos relativos a este tema pouco tem aprofundado sobre a qualidade

dos serviços educacionais, sobre quais são os seus principais condicionantes e qual a melhor

alocação de recursos.

Isso é bastante evidente quando se observa os discursos políticos em defesa da aplicação de

recursos públicos para a Educação. Eles destacam a importância de recursos, mas pouco ou

vagamente se referem a resultados, que é realmente o que interessa à sociedade. Adicione-se a

isso a pressão feita por sindicatos ligados aos docentes e por grupos estudantis em favor de

recursos financeiros para Educação, mas que não tem mesmo empenho pela qualidade, seja

pela formação do corpo docente, seja pelo aprendizado dos discentes1.

Isso é reflexo, também, do pouco debate nos meios acadêmicos. É escassa a literatura que

trata da qualidade da educação fornecida pelas escolas e que vai além dos limites das

comparações de notas entre estabelecimentos de ensino ou entre países. Mais escassa ainda é

a literatura que trata da eficiência das unidades responsáveis pelo produto Educação.

1

(12)

Não ignoramos ou desprezamos a relevância da qualidade em termos absolutos, quando as

capacidades cognitivas são desenvolvidas e mensuradas por exames. O que pretendemos

destacar por meio deste trabalho são os condicionantes que influenciam as capacidades

cognitivas dos alunos e que estão fora do controle das unidades produtivas (escolas), que são

os efeitos exógenos, como os sócio-econômicos e os tipos de gestão, de forma a lançar mais

luz sobre este assunto.

Além disso, diferentemente de boa parte dos trabalhos que estudam a efetividade do ensino,

pretendemos analisar também a eficiência das unidades de ensino. Ou seja, buscamos ir além

da mensuração das capacidades cognitivas proporcionadas pelas escolas aos seus alunos,

mensuradas através de exames. Pretendemos mensurar as eficiências das unidades produtivas,

levando em conta os diferentes tipos e diferentes quantidades insumos que possam tornar as

escolas eficientes ou não, como escolaridade do corpo docente e infra-estrutura, também serão

considerados.

Assim, o objetivo deste trabalho é fazer uma comparação da eficiência das unidades

responsáveis pelo ensino médio (as escolas) do Distrito Federal, levando-se em conta as

dotações (insumo) físicas de cada uma. Além disso, verificar o impacto das variáveis

exógenas sobre a eficiência, como realidades sócio-econômicas e de tipos de gestão (publica

ou privada) diferentes. Para avaliar os insumos físicos utilizados pelas escolas (input), serão

consideradas as várias características das escolas e que são passíveis de alguma gerência pelas

unidades de ensino (DMU – Decision Maker Unit)2. Elas foram obtidas por meio do Censo

Escolar, promovido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). Posteriormente, serão

adicionadas à análise variáveis que estão além da capacidade gerencial das DMUs que são as

variáveis sócio-econômicas, que são diferentes para cada Região Administrativa – RA, e

serão adotadas como proxy para qualidade do “insumo” aluno. Como forma de mensurar os

resultados efetivos do aprendizado utilizaremos as notas do Enem (outcome).

Esta trabalho está organizado da seguinte maneira: a) A Seção 2 apresenta a função de

produção educacional; b) A Seção 3 apresenta e comenta a metodologia utilizada no cálculo

2

(13)

da eficiência da escolas de ensino médio do Distrito Federal; c) A Seção 4 apresenta as bases

de dados do estudo, comenta sobre suas variáveis e explica o tratamento utilizado para os

aspectos computacionais; e d) A Seção 5 comenta os resultados e sugere aprimoramentos para

futuras extensões.

1.2 LITERATURA

Conforme já mencionado, são poucos os trabalhos que analisam a eficiência do ensino. Para o

caso brasileiro podemos citar alguns como o de Gasparini & Ramos (2003). Nesse estudo,

eles se utilizam da proficiência em Português e Matemática aplicada ao ensino médio nas 27

unidades federativas em 1997. Os dados foram obtidos no Sistema Nacional do Ensino Básico

– SAEB. Os dados são agregados para informações das escolas públicas e privadas e são

considerados proxy do desempenho do setor público, visto que mais de 80% dos alunos do

ensino médio estudam em escolas públicas. Em um primeiro momento é feita uma

comparação da eficiência das escolas. Os gastos médios por aluno das despesas

governamentais com educação foram utilizados como insumos e a avaliação pelo SAEB,

como produto. Depois, foram introduzidas variáveis exógenas, via regressão linear, para se

verificar o efeito na eficiência dos estados. A conclusão foi que alguns estados, como o Acre,

eram considerados ineficientes basicamente por questões de baixo desenvolvimento

sócio-econômico. Quando este efeito era corrigido, no geral, tiveram melhoria nos seus

desempenhos. No caso específico do Acre, foi considerado mais eficiente do que todos os

estados da região Sudeste, devido a disparidade de dados sócio-econômicos.

Outro estudo sobre a eficiência do sistema de educação é o de Machado & Delgado (2007).

Eles fazem uma análise de eficiência utilizando-se do modelo semiparamétrico, que é a

adoção conjunta do DEA e de um modelo paramétrico. Foram adotados como produtos os

exames de proficiência de matemática e português de 4ª a 8ª séries do ensino fundamental e 3ª

do ensino médio das escolas públicas de Minas Gerais, avaliadas pelo Sistema Mineiro de

Avaliação da Educação Púbica (Simave), e a quantidade de alunos matriculados, obtidas no

Censo Escolar. Como insumos foram adotadas variáveis relacionadas a custos (obtidas no

Sistema Informacional de Custo por Aluno – Sica), a dados de infra-estrutura (obtidos no

Censo Escolar) e a socio-econômicas (obtidas no Simave). O modelo é feito em dois estágios,

sendo que no primeiro foram calculados os índices de eficiência e no segundo foram feitas

(14)

localização e de dotação. Eles concluíram que enquanto alguns equipamentos como

computador podem incrementar o indicador de eficiência, outros como televisores,

bibliotecas, videotecas e laboratórios de ciências não proporcionam o mesmo resultado.

Quanto aos indicadores familiares (grau de escolaridade da responsável feminina, ter livro em

casa), eles se mostraram tão importantes para o desempenho quanto a própria escola.

Outro trabalho que também aborda o tema eficiência no sistema de educação foi feito por

Reinaldo, Possamai & Thomaz (2002). Eles analisaram as escolas do ensino fundamental (5ª a

8ª séries) das escolas municipais de Fortaleza. Utilizaram-se apenas de variáveis passíveis de

controle da gestão das escolas, mas que na prática dependem da gestão da secretaria de

educação. O número de alunos aprovados foi adotado como medida de produto. Os autores

concluem que maior eficiência poderia ser obtida se a gestão da quantidade de professores e

(15)

2 FUNÇÃO DE PRODUÇÃO EDUCACIONAL

Na Economia, o estudo da produção de bens e serviços se concentra nas unidades produtivas

ou firmas e nos conceitos de fronteiras de produção. Por exemplo, as funções de produção

(tecnologia) representam o máximo que se pode obter a partir de uma determinada quantidade

de insumos. Como outro exemplo, podermos citar a função de custo, do qual se pode inferir o

gasto mínimo necessário para a obtenção de uma determinada quantidade de produto.

Na figura 1 abaixo podemos notar pelos gráficos a relação entre as variáveis: x (insumos:

recursos utilizados) e y (produto: resultado obtido a partir da utilização da quantidade x). A

função f(x) representa a função de produção (tecnologia). Sobre ela está a quantidade máxima

que se pode obter de produto (y) para uma determinada quantidade de insumo (x)3.

Figura 01 – Função de Produção

O ponto P é um ponto de produção viável, pois está dentro do plano de produção. Nele a

produção é OA. Contudo, com a mesma quantidade de insumos utilizada (OC) é possível

produzir uma quantidade superior, conforme o ponto D. Portanto, P é um ponto ineficiente.

Ou ainda, para a mesma quantidade de produto (OA) é possível utilizar-se de uma menor

quantidade de insumos, conforme pode ser visto no ponto B.

Dessa forma, ser eficiente significa estar na fronteira de produção, na qual para qualquer

aumento de produto é necessária uma maior quantidade de insumo, ou uma redução de

insumo necessariamente implica em redução de produto. Estar abaixo dela evidencia um

3 A função de produção deve respeitar as propriedades de: a) negatividade; b) fraca essencialidade; c)

não-decrescente em x; e d) côncava em x. Para detalhes ver Coelli et all (2005), pág 12-13 e 43. C

O

P D

f(x)

B A

(16)

déficit de eficiência (ser ineficiente) no qual é possível que se aumente o produto sem

aumento do insumo ou reduzir o insumo sem reduzir o produto.

Visto que, tanto o ponto B, quanto o ponto D, encontram-se na fronteira de eficiência, é

importante destacar que o índice de eficiência pode ser obtido pela ótica do insumo ou pela do

produto. Assim, da mesma forma que a partir do ponto P pode-se se expandir o produto até o

ponto D, mantendo-se o mesmo nível de insumo (OC), poder-se-ia também fazer uma análise

de quanto seria necessário reduzir do insumo a partir do ponto P para se obter o mesmo

produto OA. No primeiro caso teríamos um índice produto-orientado e no segundo,

insumo-orientado.

Este trabalho adotará técnicas de programação linear para mensurar o grau de proximidade

entre o ponto em que estão situadas as unidades produtoras de serviços educacionais (as

escolas) e a fronteira de eficiência. Com isso, poderá ser criado um índice de eficiência que

servirá de base comparativa entre elas4.

No caso específico da função de produção de serviços educacionais, os estudos sobre o tema

têm se utilizado de diversos indicadores para mensurar o produto e os insumos. Geralmente

são adotados como produto as notas de proficiência em exames padronizados, quantidade de

alunos matriculados ou de aprovados. Há distinção de produtos indiretos e diretos. Quando se

avalia uma unidade de ensino por meio de um produto como o número de alunos aprovados,

obtém-se uma informação sobre um produto indireto, pois nada se sabe sobre o grau de

aprendizagem dos alunos, que é o que interessa a sociedade. Ou seja, o número de alunos

matriculados é um produto indireto do que a sociedade deseja que é o aprendizado. Por outro

lado, quando se utiliza nota de proficiência para mensurar a eficiência, o que se mede é

capacidade cognitiva desenvolvida pelos alunos naquela unidade (escola). Esses conceitos são

discutidos por Tanzi e Schuknecht (2006), os quais eles chamam o primeiro de output

(produto) e o segundo de outcome (resultado)5. No presente trabalho serão adotadas somente

as notas de proficiência do Enem/2007.

Pelo lado do insumo, pode-se ter um grande número de variáveis. Geralmente são usadas as

que se relacionam com o corpo docente, com a infra-estrutura da escola (quantidade de salas,

4 Para detalhes, ver capítulo 3 de Coelli et all (2005). 5

(17)

condições sanitárias), com a quantidade de turmas, com os recursos financeiros despendidos

(salários dos professores, custos administrativos, subsídios de estudos) e com os

equipamentos disponíveis (videoteca, biblioteca, laboratórios, computadores). Este estudo

(18)

3 METODOLOGIA

3.1 DATA ENVELOPMENTE ANALYSIS (DEA)

Existem basicamente duas abordagens utilizadas para a estimação de fronteiras em economia.

Uma delas é a paramétrica. A partir de uma forma funcional definida (ou imposta), estima-se

a função de produção como sendo o ajuste ideal para os pontos médios das variáveis

independentes para se obter o produto final, como por exemplo y=f(x), no qual x é um vetor

com K possíveis insumos. Desta forma, o que este procedimento pressupõe é que, em média,

as unidades produtivas (observações) são eficientes, situando-se sobre a fronteira. Porém, é

plausível considerar que em algumas unidades gestoras ou firmas (DMUs) a ineficiência

possa perdurar por algum tempo, deixando de ser considerada apenas um erro aleatório. Isso

pode acontecer principalmente em unidades produtoras que não estão totalmente sujeitas às

regras de mercado, como as escolas públicas ou as particulares, na qual os consumidores têm

algum nível de assimetria de informação ou escolhas limitadas por razões geográficas ou de

disponibilidade de vagas.

A outra forma de abordagem é a não-paramétrica. A partir do paper seminal de Farrell (1957),

que criou um modelo não-paramétrico de programação linear para a mensuração da eficiência

produtiva, seguiram-se outros trabalhos para medição da eficiência das unidades produtivas,

que deram origem ao Data Envelopment Analysis – DEA. Os principais responsáveis pelo seu

desenvolvimento foram Charnes, Cooper e Rhodes (1978, 1981) e mais tarde o modelo foi

estendido por Baker, Charnes e Cooper (1984)6. Ele será aplicado para a comparação da

eficiência neste trabalho.

O DEA visa criar uma função que envolva os dados por meio de uma superfície com faces

lineares sobre o topo das observações (para custos, seria sob a base). A estimação é feita por

meio de técnicas de programação linear. São necessárias algumas hipóteses quanto ao

conjunto de produção (tecnologia). A primeira é que há livre disponibilidade de recursos (free

disposal) e a segunda é a convexidade (possibilidade de combinação de fatores).

6

(19)

Comparando-se o modelo DEA com os modelos paramétricos, ele tem algumas vantagens:

a) flexibilidade para trabalhar com múltiplos insumos e produtos;

b) foco em observações individuais em contraste com as médias da amostra;

c) fornece estimativa robusta de eficiência relativa;

d) é livre de unidades de medida (há normalização dos dados);

e) a imposição de suposições menos restritivas sobre as fronteiras (como a não imposição de

formas funcionais);

f) a ponderação das variáveis não sofre qualquer influência exógena no processo de

estimação.

g) captam a melhor prática existente da organização produtiva e criam um referencial para as

unidades analisadas.

Por outro lado, o DEA tem como pontos fracos o fato de a convergência ser lenta, o que para

pequenas amostras pode ser um fator limitador, e que qualquer desvio da fronteira de

eficiência é interpretado pelo modelo como ineficiência e não como um erro aleatório.

Para fins de formulação da metodologia DEA, admitamos que existam S observações (DMUs)

a serem analisadas (s = 1,...,S) e que cada observação combina K recursos (inputs) xs = (xs1,

..., xsK) para produzir M resultados (outcomes) ys = (ys1, ..., ysM). Suponhamos, ainda, que a

tecnologia de transformação de insumos em produtos satisfaça às propriedades de retornos

constantes de escala (Constant Return Scale – CRS) e disponibilidade de recursos (free

disposal). A assunção de CRS será relaxada mais adiante.

Conforme mencionado anteriormente, o DEA visa construir uma superfície de forma que os

dados fiquem sobre a fronteira ou aquém dela. A partir fronteira encontrada podemos obter

um índice de eficiência (θ*) para cada observação (DMU), que é a sua distância radial para a

fronteira.

Com base nas hipóteses acima, desenvolveremos um modelo de DEA-C. Primeiramente, o

modelo será orientado para recursos (insumo-orientado):

i h s s

i x y θ

θ

θ, *( , )=min

(20)

k k x h x S s sk s ik

i 0; 1,...,

1 = ≥ −

= θ (1) M m y y h im S s sm

s ; 1,...,

1 = ≥

= S s hs

i ≥0; =1,...,

θ

A solução dessa programação linear irá apontar para uma solução de redução radial exigida

para que a DMU em questão se situe na fronteira de tecnologia. Ou seja, quanto dos insumos

deve ser reduzido para que a DMU se torne tão eficiente como os seus melhores pares. O

valor ótimo de θ* ficará entre 0 e 1. A diferença para 1 (ou seja, 1 - θ*) representa quando dos

insumos poderão ser poupados, mantendo-se o mesmo nível de produto. Quanto mais

próximo de 1 mais eficiente.

Para obtermos um índice similar relativo a escalas de rendimentos não-crescentes (NIRS) ou

variáveis (VRS) é necessário que se faça restrições adicionais ao modelo anterior:

= ≤ S s s h 1

1 Retornos Não Crescentes de Escala (DEA-NI)

= = S s s h 1

1 Retornos Variáveis de Escala (DEA-V)

Além disso, a orientação também pode ser alterada. Ao invés de insumo-orientada, como no

modelo anterior, podemos calcular um índice de eficiência para um modelo

produto-orientado. No caso padrão de escala adotado anteriormente (DEA-C), o problema ficaria da

seguinte forma:

i h s s

i x y φ

φ φ, * max ) , ( = sujeito a: k k x h x S s sk s ik

i 0; 1,...,

1 = ≥ −

= φ (3) M m y y h im S s sm

s ; 1,...,

1 = ≥

= S s hs

i ≥0; =1,...,

φ

O modelo acima é análogo ao anterior. Contudo, muda a interpretação do indicador de

eficiência. Agora, um φ>1 indica a proporção em que o vetor de produtos (y) deve aumentar

(21)

mantendo-se o mesmo nível de insumos. Assim na figura 01 mostrada anteriormente, para o

ponto P equivaleria a razão entre OD/OA.

A fronteira DEA-C é sempre uma reta, um plano ou um hiperplano. A fronteira DEA-V tem

pelo menos um ponto em comum com o DEA-C. Isso indica que quando θiDEA-V = θiDEA-C ,

tem-se rendimentos constantes de escala (CRS). Caso não sejam iguais, cabe verificar outras

duas possibilidades: a) θiDEA-V = θiDEA-NI , o que indica rendimentos decrescentes de escala

(NIRS); ou b) θiDEA-V≠θiDEA-C ≠θiDEA-NI, que indica retornos crescentes de escala (NDRS)7.

3.2 ANÁLISE DOS COMPONENTES PRINCIPAIS

Para subsidiar a análise da fronteira de eficiência via metodologia DEA, foi utilizada a

Análise dos Componentes Principais (PCA). Havia uma diversidade de variáveis de insumo

para Educação disponível. Preferimos recorrer a PCA para selecionar as mais representativas,

de forma a evitar que as variáveis relevantes não fizessem parte de geração da fronteira de

eficiência via o DEA ou que uma possível escolha pelo autor fosse pouco representativa8.

O objetivo era reduzir a dimensionalidade (número de variáveis) da análise e detectar a

estrutura de relacionamento entre as variáveis. Por meio da PCA podemos reduzir a

dimensionalidade de um conjunto de dados, identificando aquelas características mais

representativas e que contribuem com a maioria da variância, mantendo-as e ignorando as

demais menos representativas. Além disso, a PCA revela a estrutura interna dos dados em

uma maneira que se possa explicar a variância.

O que ela faz é, primeiramente, identificar a função que melhor representa os objetos em um

espaço. Em seguida, deriva a função perpendicular (ortogonal) dessa função. No novo sistema

de coordenadas, a distinção entre os objetos se fará por suas medidas nos novos eixos e as

unidades (denominadas escores) serão abstratas, não sendo nem o X nem o Y originais

(PEREIRA, 2001, p. 115-118). Na seqüência de gráficos da figura 2 abaixo, no gráfico (a)

temos alguns objetos distribuídos no espaço e que são referenciados pelas coordenadas X e Y.

Em seguida, é encontrada a função perpendicular que está representada no gráfico (b). Depois

7 Coelli, T. at al (2005), cap. 6. 8

(22)

há uma rotação dos eixos e os objetos passarão e ter novas coordenadas abstratas que não são

mais as antigas que se referiam ao X e ao Y, conforme o gráfico (c). Desta forma, as variáveis

que antes se encontram distribuídas entre os eixos X e Y, agora tem uma relação quase linear

com o novo eixo de baixo (como se fosse o eixo X rodado, mas com medidas abstratas).

Assim, um pesquisador poderia dispensar o outro eixo (que representa outra variável) para

explicar os seus dados por meio de apenas uma dimensão com pouca perda de informação.

Figura 02 – Rotação dos eixos para criar novas coordenadas

Em um gráfico bidimensional este procedimento parece desnecessário, mas essa técnica

também pode ser aplicada para qualquer número de dimensões. A PCA fornece ao usuário

uma “imagem” de poucas dimensões (uma “sombra” ou uma “projeção”) para um conjunto de

dados de várias dimensões quando eles são vistos (em algum senso) de um outro ponto de

vista mais informativo9. Por exemplo, a interpretação de, digamos, 15 variáveis pode ser

muito complexa. A PCA permite identificar, suponhamos, 2 ou 3 variáveis mais relevantes e

que explicam a maioria da variância, permitindo ao usuário uma compreensão mais fácil do

comportamento das variáveis, ainda que com alguma perda de informação.

O método PCA irá calcular as novas coordenadas gerando os factor scores e a sua

contribuição para a explicação da variância das variáveis originais. O pesquisador irá escolher

então, de forma decrescente, os fatores mais representativos até o nível mínimo aceitável de

variância total (acumulada por fatores) por ele determinado (geralmente 60%). Os demais

fatores poderão ser dispensados, pois representam pouca perda de informação em relação ao

9

(23)

benefício de se poder explicar o comportamento dos objetos estudados através de poucas

variáveis. Essa escolha dos factor scores mais relevantes, com descarte das demais é

denominada Análise Fatorial (DUNTEMAN, 1989, p. 55-57).

Para o cálculo dos fatores, antes é necessário que variáveis sejam agrupadas conforme as suas

similaridades. Assim, se existirem, digamos, 15 variáveis sobre educação que podem ser

classificadas em 3 grupos como infra-estrutura da escola, qualificação dos professores e

variáveis sócio-econômicas, o usuário deve fazer a agregação, gerar a PCA por grupo e

encontrar a(s) variável(eis) mais representativa(s) de cada grupo. Porém, antes de serem

carregados no software de cálculo dos fatores10, é necessário normalizá-los. Isso é feito para

cada variável, subtraindo-se de cada observação a média do conjunto de observações e

dividindo-se pelo desvio padrão. Esses procedimentos foram realizados neste trabalho.

Entre as propriedades da PCA estão: a) é uma análise não-paramétrica, não exigindo um

modelo a priori; e b) a resposta é única e independente de qualquer hipótese sobre a

distribuição de probabilidade dos dados.

A PCA tem como premissas: a) a linearidade da combinação das variáveis; b) a importância

estatística da média e da variância; c) as maiores variâncias representam as dinâmicas mais

importantes. Estas premissas são suas maiores vantagens e também suas maiores fraquezas.

Além disso, tem como grande limitação o fato de que não atenta para a separação de classes

das variáveis, o que deve ser feito pelo usuário11.

3.2.1 Formalização da Análise dos Componentes Principais

O maior objetivo da PCA é encontrar uma nova representação (coordenadas abstratas) para as

variáveis originais e saber qual a participação de cada uma na variância total. Para isso é

necessário que se encontre uma matriz que faça esta transformação. Ou seja, precisamos saber

quais os componentes da matriz A de forma que possa representar a relação abaixo:

Y = AT . X (3)

10

Para mais detalhes sobre PCA, a Análise de Fatores e seu processamento, ver Shlens (2005) e Dunteman (1989).

11

(24)

Onde:

Y: vetor de p elementos dos escores dos componentes principais;

AT: matriz transposta pxp dos vetores latentes com a i-ésima linha correspondendo a

elementos do vetor latente associado com i-ésima raíz latente;

X: vetor coluna dos p elementos das variáveis originais;

p: o número de variáveis utilizadas na análise.

Assumindo que cov(Y) é uma matriz diagonal e A-1 = AT (a propriedade de matriz ortogonal),

temos:

cov(Y) =E[YYT]

cov(Y) =E[(ATX)(ATX)T]

cov(Y) =E[(ATX)(XTA)]

cov(Y) =ATE[XXT] A

cov(Y) =ATcov(X)A (4)

Pré-multiplicando (4) por A:

Acov(Y) = AATcov(X)A

Acov(Y) = cov(X)A (5)

Adotando-se cov(Y) = Λ e cov(X)=R e substituindo ambos em (5), temos:

AΛ=RA (6)

Como queremos encontrar Λ, pré-multiplicamos (6) por AT ambos os lados e assim teremos:

ATAΛ = ATRA

Λ = ATRA (7)

O problema agora se torna então12:

12

(25)

} {A :

Max ATRA

s.a:

=

= = p

j ij j

ia a

a

1 2

1 (8)

onde:

a: vetor de ponderação das variáveis

Depois de realizada a maximização das covariâncias, o pesquisador deve ordenar de forma

decrescente os λi da matriz Λ. Se a soma dos k<p primeiros componentes principais for

próxima da do total das variáveis (p), então ele pode capturar a maior parte da informação,

utilizando-se somente de k variáveis (DUNTEMAN, 1989, p. 17). O percentual deverá ser

arbitrado pelo pesquisador, mas geralmente utiliza-se o mínimo de 60% da variação total

(

=

k

i

i p

1

/

(26)

4 BASE DE DADOS E TRATAMENTO DAS VARIÁVEIS

Este trabalho teve como fonte de dados: i) a pesquisa de Microdados do Censo Escolar; ii) o

resultado do Enem por escola; e iii) a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio

(PDAD/DF);

O último relatório é fornecido pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal

(Codeplan) e traz informações sócio-econômicas por Região Administrativa13, cuja última

publicação foi em 2004.

4.1 ENEM

As informações referentes às notas do Enem por escola do DF foram obtidas no site do

Inep/MEC14. Teve como ano-base 2007. Consideramos que a defasagem de um ano entre o

Censo Escolar e o resultado do Enem não é grande o suficiente para afetar a análise,

sobretudo pelo fato de serem relativamente estáveis a infra-estrutura das escolas, a quantidade

de turmas e a de alunos. Some-se a isso, o fato de os alunos que fizeram o Enem em 2007

utilizaram-se, ao longo de 2006, de todos os insumos oferecidos pelas escolas e informados

no censo.

Ao todo, alunos de 170 escolas do Distrito Federal fizeram provas no Enem. Contudo, 47

delas ficaram sem conceito (nota). Quando o número de participantes de cada escola é pouco

representativo, o INEP não calcula a nota para evitar viés estatístico. Assim, restaram 123

escolas que foram utilizadas para a análise. Deste total 77 são públicas estaduais, 1 é pública

federal e 45 são particulares.

O Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) destina-se aos alunos que já concluíram o ensino

médio (egressos) ou irão concluí-lo ao final do ano de realização do exame (concluintes).

Implementado em 1998, a adesão tem crescido sistematicamente. Em 2007, foram 2,7

milhões participantes, sendo que 83,4% dos estudantes declararam ter cursado todo o ensino

médio em escola pública.

13

Endereço do site da Codeplan < http://www.codeplan.df.gov.br/> acessado em 28/11/2008.

14 Obtidos no site do Inep na parte relativa ao Enem < http://mediasenem.inep.gov.br/desempenho.php> , em

(27)

Das 24.279 escolas de ensino médio que constavam do Censo Escolar, 94,5% tiveram alunos

concluintes que participaram do exame em 2007, uma participação relevante, sobretudo

porque é um exame voluntário. A alta participação dos estudantes no Enem faz dele um

importante instrumento de diagnóstico do sistema, que contribui para a melhoria do ensino.

4.2 O CENSO ESCOLAR

O Microdados do Censo Escolar é um levantamento de informações estatístico-educacionais

de âmbito nacional, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais (INEP), autarquia vinculada ao Ministério da Educação. Ele abrange a

Educação Básica, em seus diferentes níveis – Educação Infantil, Ensino Fundamental e

Ensino Médio – e modalidades Educação Regular, Educação Especial e Educação de Jovens e

Adultos. Como mencionado anteriormente, o foco do trabalho foi o ensino médio do DF. O

ano-base utilizado foi 2006.

Realizado com a colaboração das secretarias estaduais e municipais de educação e com a

participação de todas as escolas públicas e privadas do País, o Censo Escolar é instrumento

importante para promoção da melhoria da qualidade na educação.

Ele coleta anualmente os dados sobre a educação básica nacional. Estas informações servem

de base para a formulação de políticas públicas e para distribuição de recursos públicos

(merenda e transporte escolar, distribuição de livros e uniformes, implantação de bibliotecas,

instalação de energia elétrica, Dinheiro Direto na Escola e FUNDEB, entre outros).

Para se ter um rápido panorama de como se dispõe o sistema de ensino no Brasil, foram

extraídos alguns dados do Censo Escolar de 2006 e que estão resumidos na tabela 01 mais

abaixo. Estão separados por região, para o DF e consolidado para o Brasil.

Pela tabela 01 podemos notar que havia quase 56 milhões de estudantes no Brasil, dos quais

16% deles estavam no ensino médio (8,9 milhões), com pouca variação percentual entre as

regiões do país. Em média, 88% dos estudantes do ensino médio são da rede pública, sendo a

grande maioria (85%) na rede estadual. Em média 12% estão na rede privada, havendo,

entretanto, uma grande variação entre as regiões, que vai de 7% no Norte a 14% no Sudeste e

(28)

Outro fator que chama a atenção é seu percentual de alunos nos cursos noturnos (23%), sendo

quase metade da média nacional (43%). O número de estabelecimentos privados no DF

também é quase o dobro da média nacional. No que se refere a quantidade de alunos por

turma, o DF está ligeiramente acima da média.

Com dados de outra fonte, foi feito um quadro-resumo relativo à quantidade de

estabelecimentos de ensino de nível médio por Região Administrativa (RA) do DF, que

podem ser vistos na tabela 02. Os dados podem divergir um pouco da tabela anterior, pois se

referem a anos distintos. Pode-se observar que há uma grande concentração das escolas

privadas em poucas RAs. Do total de 84 escolas privadas, quase metade (40) estão localizadas

no Plano Piloto e em Taguatinga. As escolas públicas, por outro lado, estão melhor

distribuídas, mas ainda assim, há uma certa concentração. Plano Piloto, Gama, Taguatinga e

Ceilândia totalizam 37 das 85 escolas.

Tabela 01 - Panorama Quantitativo do Ensino no Brasil

Brasil N NE SE S CO DF Total de Matrículas 55.942.047 5.374.166 18.079.266 21.389.348 7.184.746 3.914.521 687.709

Ed. Infantil 13% 11% 12% 14% 12% 10% 14% Ensino Fundamental 59% 62% 60% 58% 59% 62% 57%

Ensino Médio 16% 14% 15% 17% 17% 17% 16%

Ed. Especial 1% 0% 0% 1% 1% 1% 1% Ed. de Jovens e Adultos 10% 12% 12% 9% 8% 9% 11% Ed. Profissional 1% 1% 1% 2% 2% 1% 1%

Qtde Alunos Ensino Médio 8.906.820 755.773 2.692.512 3.597.691 1.213.531 647.313 109.567 Por Dependência

Federal 1% 1% 1% 1% 1% 1% 1% Estadual 85% 92% 85% 84% 86% 85% 76% Municipal 2% 0% 4% 2% 1% 0% 0% Privado 12% 7% 10% 14% 13% 14% 23%

Por Localização

Urbano 98% 97% 96% 99% 98% 98% 99%

Por Turno

Noturno 43% 49% 46% 41% 38% 39% 23%

Qtde de Estabelec. Ens.Med. 24.131 1.685 6.355 10.437 3.717 1.937 180 Por Dependência

Federal 1% 1% 1% 0% 1% 1% 1% Estadual 67% 79% 63% 64% 74% 67% 42% Municipal 3% 3% 8% 2% 1% 2% 0% Privado 29% 17% 28% 34% 24% 30% 57%

Por Localização

Urbano 94% 84% 92% 97% 94% 92% 96%

Alunos por Turma do Ensino Médio

Total (Fed, Est, Mun e Priv) 36 37 39 36 32 34 39 Federal 33 33 35 33 28 33 35 Estadual 37 37 40 37 32 35 40 Municipal 35 26 36 33 32 19 nd Privado 32 38 34 29 33 32 35 Aluno Ensino Médio / Pop 15-17 (1) 87% 77% 86% 90% 85% 86% 87%

(29)

Tabela 02 – Quantidade de Estabelecimentos por Região Administrativa

Região Administrativa (Nº e Nome) Estadual Federal Privada Total geral

01 – P. PILOTO 8 1 26 35

02 – GAMA 7 7 14

03 – TAGUAT 9 14 23

04 – BRAZLÂNDIA 4 4

05 – SOBRADINHO I 5 5 10

06 – PLANALTINA 7 3 10

07 – PARANOÁ 4 4

08 – N BANDEIRANTE 1 3 4

09 – CEILÂNDIA 13 7 20

10 – GUARÁ 4 5 9

11 – CRUZEIRO 2 2

12 – SAMAMBAIA 5 1 6

13 – S MARIA 4 2 6

14 – S SEBESTIÃO 3 1 4

15 – REC EMAS 3 1 4

16 – L SUL 1 3 4

17 – R FUNDO 2 2 4

18 – L NORTE 1 1

19 – CANDANGOLÂNDIA 1 1

20 – Á CLARAS 3 3

22 – SW-OCTOG 1 1

26 – SOBRDINHO II 1 1

Total geral 85 1 84 170

Fonte: Resultado do Enem/2007 (Inep/MEC)

Dep. Administrativa

4.3 TRATAMENTO DAS VARIÁVEIS

Para atingir o objetivo de se criar um índice de eficiência para as escolas do Distrito Federal,

adotou-se o método não-paramétrico Data Envelopment Analysis (DEA). Este método

mensura a eficiência entre as unidades produtoras de bens e serviços (DMUs) a partir dos

produtos (resultados) e insumos. No caso específico, foi utilizado como medida de resultado a

nota Média com Correção do Enem15, que incluía a prova objetiva e a redação.

Pelo lado dos insumos, devido a grande disponibilidade de informações no Censo Escolar,

preferiu-se que a seleção dos insumos mais representativos fosse feita pelo método da Análise

dos Componentes Principais (PCA), conforme mencionado no tópico sobre esse assunto. Ao

analista coube a tarefa de criar agrupamentos de variáveis que julgasse semelhantes para que a

técnica pudesse ser utilizada. Assim, a intervenção manual seria reduzida ao mínimo possível.

15

O Inep faz uma correção estatística das notas. A metodologia pode ser encontrada na página 4 da Nota Técnica do Enem 2007 encontradas no seguinte endereço:

(30)

Foram feitos 4 agrupamentos a partir do Censo Escolar. A discriminação de todas as variáveis

por agrupamento está mais abaixo. Por enquanto, segue abaixo apenas uma breve descrição:

1) iedis: infra-estrutura disponível como cantina, refeitório, quadra de esportes coberta,

etc. São variáveis dummy com respostas sim ou não;

2) euesc: equipamentos em uso na escola, como microcomputadores, DVD, videocassete,

etc.

3) usoti: uso da tecnologia da informação, aplicação da informática pelos alunos, pelos

professores, pelo setor administrativo, etc. São variáveis dummy com respostas sim ou não;

4) salrh: salas de aula e recursos humanos, como número de salas de aula permanentes

ou provisórias, quantidade de professores por nível de escolaridade.

O detalhamento das variáveis que fizeram parte de cada agrupamento segue abaixo:

EUESC: Equipamentos Utilizados na Escola Tipo Var. Cód. Dummy Cod.Tipo

Vídeocassete -- -- euesc_n_VVIDEO Aparelhos de TV -- -- euesc_n_VTV Antena parabólica para TV (digital+analógica) -- -- euesc_n_ANALOGTV

DVD -- -- euesc_n_VDVD

Microcomputadores -- -- euesc_n_COMPPENT Internet (se os micros estão ligados a Internet ou não) Dummy N=0, S=1 euesc_d_REDE_LOC

IEDIS: Infra-Estrutura Disponível Tipo Var. Cód. Dummy Cod.Tipo

Tipo de Propriedade: Estadual Dummy N=0, S=1 iedis_d_prop_est Tipo de Propriedade: Federal Dummy N=0, S=1 iedis_d_prop_fed Tipo de Propriedade: Municipal Dummy N=0, S=1 iedis_d_prop_mun Tipo de Propriedade: Particular Dummy N=0, S=1 iedis_d_prop_par

Ocupação de Prédio Próprio Dummy N=0, S=1 iedis_d_proprio

Videoteca Dummy N=0, S=1 iedis_d_VIDEOTEC

Sala para TV/Vídeo Dummy N=0, S=1 iedis_d_SALTVVID

Laboratório de informática Dummy N=0, S=1 iedis_d_LAB_INFO

Laboratório de ciências Dummy N=0, S=1 iedis_d_LAB_CIEN

Ginásio de esportes Dummy N=0, S=1 iedis_d_GIN_ESP

Cantina Dummy N=0, S=1 iedis_d_CANTINA

Refeitório Dummy N=0, S=1 iedis_d_REFEITOR

Biblioteca Dummy N=0, S=1 iedis_d_BIBLIO

Quadra de esportes descoberta Dummy N=0, S=1 iedis_d_QUAD_DES

Quadra de esportes coberta Dummy N=0, S=1 iedis_d_QUAD_COB

Sanitário fora do prédio Dummy N=0, S=1 iedis_d_SANI_FOR

Sanitário dentro do prédio Dummy N=0, S=1 iedis_d_SANI_DEN

Sala de leitura Dummy N=0, S=1 iedis_d_SAL_LEIT

USOTI: Uso da Tecnologia da Informação Tipo Var. Cód. Dummy Cod.Tipo

(31)

SALRH: Salas de Aula e RH Tipo Var. Cód. Dummy Cod.Tipo

Número de sala de aulas existentes (permanentes) -- -- salrh_n_PERMANEN Número de sala de aulas existentes (provisórias) -- -- salrh_n_PROVISOR Número de sala de aulas utilizadas (no prédio) -- -- salrh_n_NOESTAB Número de sala de aulas utilizadas (fora do prédio) -- -- salrh_n_FORAESTA Número total de professores (por etapa, só ens. méd. e médio integrado) -- -- salrh_n_VDG1C4 Número prof. ens. med. capac. alunos com necessidades especiais -- -- salrh_n_VDG1R4 Número prof. Com Fund. (1º Grau) Incompleto -- -- salrh_n_VDG171 Número prof. Com Fund. (1º Grau) Completo -- -- salrh_n_VDG172 Número prof. Com Médio (2º Grau) Magistério Completo -- -- salrh_n_VDG173 Número prof. Com Médio (2º Grau) Outra Formação Completa -- -- salrh_n_VDG174 Número prof. Superior (3º Grau) Licenc. Completa -- -- salrh_n_VDG175 Número prof. Superior (3º Grau) compl. sem Licenciatura Com Magist. -- -- salrh_n_VDG176 Número prof. Superior (3º Grau) compl. sem Licenciatura Sem Magist. -- -- salrh_n_VDG177

As variáveis foram normalizadas. De cada observação foi deduzida a média e o resultado foi

dividido pelo desvio padrão. Após o agrupamento das variáveis e a normalização, os dados

foram processados pelo software SPSS para a aplicação da Análise dos Componentes

Principais (PCA). Os critérios adotados para a seleção das variáveis mais representativas

foram:

a) Número amostras por variável maior ou igual a 5;

b) Duas ou mais variáveis deveriam ter correlação de 0,30 ou mais;

c) Os valores da diagonal principal da matriz anti-imagem com 0,60 ou mais;

d) Teste de adequação de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) maior ou igual a 0,50;

e) Teste de Esfericidade de Bartlett (BTS) com significância inferior a 0,05;

f) Communality maior ou igual a 0,50;

g) Escore da Matriz Rodada maior ou igual a 0,40 e não poderia fazer parte de mais de

um fator;

h) Variância Explicada maior ou igual a 60%.

O quadro abaixo mostra o resumo dos resultados da Análise Fatorial após a aplicação de todos

os testes.

Tabela 03 – Resumo Geral da Análise Fatorial

No Variáveis na 1ª Interação (1)

NoVariáveis na Última

Interação (2) Fator (3)

Variância Explicada KMO Quantidde de Interações (4)

iedis 18 3 1 77,8% 0,672 6

euesc 6 4 1 78,5% 0,756 3

usoti 5 2 1 70,4% 0,500 3

salrh 9 2 1 60,2% 0,500 3

TOTAL 38 11

(1) Quantidade de Variáveis selecionadas para análise na primeira interação

(2) Quantidade de Variáveis adotadas na tabela de Variância Explicada após todas as interações (3) Quantidade de fatores adotados na redução de dimensionalidade

(32)

Nos agrupamentos acima as variáveis que se mostraram mais representativas e restaram após

a adoção dos procedimentos da análise fatorial foram:

a) IEDIS: o tipo de propriedade do imóvel sendo estadual, a existência de biblioteca e a

existência de quadra de esportes coberta.

b) EUESC: videocassete, aparelhos de TV, aparelhos de DVD e microcomputadores.

c) USOTI: uso da tecnologia da informação por alunos orientados por professores e por

professores.

d) SALRH: número de sala de aulas utilizadas no prédio e o número de professores com curso

superior e licenciatura completa.

Com a aplicação do método de análise dos componentes principais e análise fatorial, cada

agrupamento foi reduzido a escores de fatores. Como as variáveis eram normalizadas, seus

valores antes da aplicação do método PCA incluíam valores negativos, o que resultou em

fatores, também, com valores negativos.

A metodologia DEA cria uma função que envolva os dados por meio de uma superfície com

faces lineares sobre o topo das observações e por isso não pode ter números negativos. Então,

os valores resultantes a análise fatorial foram corrigidos para terem média igual a 100 e desvio

padrão igual a 10, de modo que nenhum valor fosse negativo16.

Em seguida, para a obtenção da eficiência no DEA, os dados foram processados pelo software

Efficiency Measurament System (EMS) desenvolvido por Holger Scheel da Universidade de

Dortmund, Alemanha17.

A mensuração do índice de eficiência depende da escala de produção na qual as DMUs estão

trabalhando. Nenhuma premissa foi estabelecida no estudo a respeito do tipo de escala nas

quais as unidades deveriam ser avaliadas. Assim, o cálculo de eficiência foi feito para as

seguintes possibilidades de escala: a) Retornos Constantes (CRS); b) Retornos

Não-Crescentes (NIRS); e c) Retornos Não-Decrescentes (NDRS). A escala Variável (VRS) não

foi considerada para efeitos de determinação do melhor tipo de escala porque, por

16

_

x DP x

xcorrigido = normalizado× + ; onde DP: desvio padrão e

_

x: média e xnormalizado: fator obtido após normalização da variáveis.

17

(33)

características intrínsecas, a curva de eficiência se adequa às observações e, assim, diversas

DMUs se ajustam para se tornarem eficientes.

Os resultados de cada DMU foram confrontados para que se encontrasse o tipo de escala

predominante e, a partir de então, fosse adotada no cálculo de eficiência pelo modelo DEA.

Para se encontrar a escala de cada DMU, adotou-se o seguinte critério18: a) escala constante se

θCRS= θVRS; b) escala crescente se θNIRS≠θVRS; e c) escala decrescente se θNIRS = θVRS. Após a

análise, 113 das 123 DMUs estavam na escala Crescente (NDRS), enquanto 5 estavam na

escala Constante (CRS) e 5 na Decrescente (NIRS). Dada a predominância de NDRS, essa foi

a escala adotada para o cálculo dos índices de eficiência.

Pelos índices de eficiência DEA (θNDRS), 79 DMUs eram eficientes (θNDRS = 100%). Deste

total, 72 eram escolas públicas (94%) e apenas 7 eram escolas privadas. Essa é uma grande

alteração quando se compara com a classificação feita apenas pelas notas do Enem. Dos 79

primeiros lugares, apenas 35 eram de escolas públicas (44%) e 44 de particulares. As notas do

Enem medem de forma absoluta as capacidades cognitivas desenvolvidas pelos alunos, mas

não ponderam em qualquer momento as diferenças de insumos entre as DMUs. Cabe ao DEA

a tarefa de mensurar e de comparar a eficiência de cada DMU em transformar diferentes

quantidades de insumos em produtos. O resultado passa, então, a ser relativo.

De forma geral, a principal razão para a melhoria na classificação das escolas foi o baixo

volume de insumos. Isso pode ser percebido por meio de uma análise da quantidade de

insumos utilizados pelas DMUs que melhoram de classificação após o cálculo da eficiência

(NDRS), em relação a classificação com a nota do Enem, vis-à-vis o grupo das que pioraram.

Para a demonstração deste evento, optou-se por comparar a média dos insumos e a das notas

do Enem dos dois grupos. Em ambos os parâmetros, os dados são normalizados para média

igual 100 e desvio padrão igual a 10, da mesma forma como foi feito para o cálculo do DEA.

Na tabela 04 teremos o resumo dos resultados.

18 Para saber com foi encontrado o tipo de escala, ver a sessão deste trabalho correspondente a metodologia DEA

(34)

Tabela 04 – Situação da Classificação após DEA

Situação pós DEA Média dos

Insumos

Média da Nota do

Enem

Nota do Enem /

Insumos

Melhoraram 96,9 94,8 0,98

Pioraram 105,9 110,0 1,04

Pode ser visto acima que as DMUs, públicas ou privadas, que melhoraram de posição tinham

uma média de insumos (96,9) inferior a das que pioraram na classificação (105,9), a despeito

destas últimas também terem maiores notas no Enem e, inclusive, terem também uma relação

Nota do Enem / Insumos maior: 1,04 para as que pioraram versus 0,98 das que melhoraram.

Isso demonstra a relevância das diferenças de quantidades de insumos no cálculo da

eficiência.

Abaixo podemos notar a comparação do desempenho das escolas públicas e privadas em

relação à nota do Enem e pelo índice de eficiência. No gráfico (a) está o desempenho das

escolas na nota do Enem. No eixo das abscissas as escolas estão classificadas por

dependência, sendo as escolas públicas no x=0 e as privadas no x=1. Nas ordenadas estão as

notas do Enem/07. Quanto mais alta a nota, melhor o desempenho, que neste caso é uma

medida absoluta e mede a capacidade cognitiva dos alunos, não levando em conta as

diferenças de insumos. Pode-se notar que há uma predominância das escolas privadas na parte

mais alta e que ainda há uma região de confluência entre as melhores escolas públicas e as

piores privadas. Existem apenas duas exceções, sendo uma pública federal muito bem

classificada (em 13º lugar) e outra privada que se destaca pela disparidade com as demais

privadas (em 121º lugar).

Analogamente, o gráfico (b) faz a comparação dos índices de eficiência (para escala NDRS)

das escolas públicas com as privadas. Pode-se perceber uma melhora na classificação das

escolas públicas. Deve-se lembrar que pelo fato de que 72 terem sido consideradas eficientes

(35)

70 80 90 100 110 120 130

-0.5 0.0 0.5 1.0 1.5

Dependência (Pub=0 e Priv=1)

N

ot

a do E

nem

/07

Figura 03 - Nota do Enem versus Dependência (Pub ou Priv) 0.70 0.75 0.80 0.85 0.90 0.95 1.00 1.05

-0.5 0.0 0.5 1.0 1.5

Dependência (Pub=0 e Priv=1)

E fi c iê n c ia (N D R S )

Figura 04 – Eficiência (NDRS) versus Dependência (Pub ou Priv)

As demais DMUs consideradas ineficientes não tiveram desempenho tão inferior. O menor

índice obtido foi de 90,4%, indicando baixa dispersão. Isso significa que para ser eficiente a

DMU deveria reduzir seus insumos em 9,6% e manter a mesma quantidade de produtos (notas

do Enem).

Após calculados os índices de eficiência para cada DMU, a etapa seguinte foi fazer regressão

para se saber a importância de algumas variáveis na determinação da eficiência e que estão

além da capacidade de gestão da DMU. Com exceção das dummies, a regressão foi feita com

as variáveis logaritmizadas. Elas são:

1) Variável Dependente: índice de eficiência DEA para escala Constante (θCRS);

2) Variáveis Independentes:

2.1) Tipo de Dependência (dades_o_dep_pub0_priv1): variável tipo dummy para o

tipo de dependência administrativa. Valor 0 se pública e 1 se privada.

2.2) Programa TV Escola (dades_d_tv_esc): variável tipo dummy se a escola

participa ou não do Programa TV Escola do MEC. Valor 0 se não e 1 se sim.

2.3) Renda Per Capita (ndisc_n_rndpc): é a renda per capita das famílias de cada

Região Administrativa. É estimado em salários mínimos.

2.4) Quantidade de Alunos (qtde_alunos_desn): é a quantidade de alunos de cada

(36)

A escala adotada para a variável dependente foi a constante (CRS). Conforme havia sido

mencionado anteriormente, a maioria das DMUs apresentou escala crescente (NDRS).

Contudo, como na regressão o efeito da escala seria mensurado pela variável quantidade de

alunos, adotou-se escala constante (CRS) para a variável dependente. Enquanto para NDRS

foram encontradas 79 DMUs eficientes, para CRS foram apenas 5. A variável quantidade de

alunos em cada escola foi escolhida para medir o efeito da escala porque o dimensionamento

de parte da infra-estrutura depende da quantidade de alunos que estão estudando.

Em relação ao tipo de dependência administrativa, a razão de sua escolha foi que,

intuitivamente, se esperava que o modelo de administração fosse relevante para a eficiência

das escolas. Neste caso, foi utilizada uma variável dummy, na qual escolas públicas (estaduais

ou federal) tinham código iguais a 0 e escolas privadas iguais a 1. A influência de programas

de governo no incentivo ao ensino foi medido pela variável sobre o Programa TV Escola

(dades_d_tv_esc). Como variável exógena de fatores sócio-econômicos foi utilizada a Renda

Per Capita (ndisc_n_rndpc) de cada RA na qual estava localizada a escola.

Abaixo segue um resumo dos resultados da regressão para os modelos de Mínimos Quadrados

Ordinários (MQO) e do modelo Tobit.

Tabela 05 – Resumo da Regressão

Variáveis Coeficientes do

MQO (t-stat) Coeficientes do Tobit (z-stat) DADES_O_DEP_PUB0_PRIV1 0.0685 (4.9117) 0.06717 (5.2206) DADES_D_TV_ESC 0.0240 (1.8104) 0.0297 (2.5816) NDISC_N_RNDPC 0.0192 (2.6127) 0.0224 (3.2928) QTDE_ALUNOS_DESN 2.27E-05 (2.7074) 2.23E-05 (3.1278)

INTERCEPTO (C) -0.1895

(-15.1868)

-0.1949 (-16.8845)

R2 0.2867 0.3093

R2-Ajustado 0.2625 0.2785

(37)

Durbin-Watson 1.9057 -

A regressão pelo modelo Tobit foi utilizada devido a variável dependente, eficiência, ser

censurada. Os valores da eficiência estão compreendidos no intervalo entre de 0 e 100% e, no

caso específico da regressão, limitados pelos seus logaritmos. Mesmo assim, para efeito de

comparação foi feita uma regressão linear pelo Método dos Mínimos Quadrados. Ambas as

regressões têm valores muito próximos e o mesmo sentido. Isso permite que os comentários a

seguir sejam válidos para ambos os modelos.

Pode-se notar que a variável com coeficiente mais relevante é a referente à dependência

administrativa. Como ela é uma variável dummy, o sinal positivo indica que as escolas

privadas (que assumem valor 1 na dummy) são mais eficientes do que as públicas. O gráfico

da figura 05 abaixo, de forma análoga aos anteriores, mostra os índices de eficiência em

relação ao tipo de dependência administrativa, ressaltando que neste caso específico a escala

adotada foi a CRS, a mesma da regressão. Pela análise visual pode-se perceber que, apesar

das escolas públicas ficarem mais bem classificadas em relação à nota do Enem, as escolas

privadas tendem a ser mais eficientes.

Uma hipótese para isso seria a de que os incentivos por trás da gestão poderiam ser

determinantes na eficiência da educação. Escolas privadas têm fortes incentivos de proverem

um bom nível educacional. Quanto maior o desempenho dos seus alunos em provas de

proficiência ou no vestibular, mais os pais estão dispostos a pagar por esse serviço (o

sacrifício financeiro em um colégio particular pode ser compensado pela gratuidade e

(38)

0.68 0.72 0.76 0.80 0.84 0.88 0.92 0.96 1.00

-0.5 0.0 0.5 1.0 1.5

Dependência (Pub=0 e Priv=1)

E

fic

n

c

ia

(C

R

S

)

Figura 05 - Eficiência (CRS) versus Dependência Administrativa

Há incentivos também para o corpo docente. Professores com boa didática e capacidade de

transmitir o conteúdo podem trabalhar em escolas que lhes paguem melhor ou pelo menos

manterem os seus empregos, sendo desta forma motivados por resultados. Por outro lado, as

escolas públicas padecem de incentivos. Os professores das escolas públicas por mais que se

empenhem e consigam desenvolver em seus alunos boas capacidades cognitivas, ganham o

mesmo salário dos que têm desempenho inferior. Isso no médio e longo prazo faz com que

deixem de buscar o melhor de si.

O segundo maior coeficiente foi o da variável Programa TV Escola (dades_d_tv_esc). O

coeficiente positivo indica que as escolas que adotaram o esse recursos de mídia para

aplicação direta de conteúdo educacional de qualidade tiveram melhores resultados no

desempenho dos alunos. Das 78 escolas públicas, 34 adotam este programa (não se aplica

para escolas privadas).

A variável de Renda Per Capita (ndisc_n_rndpc) também apresentou coeficiente positivo,

demonstrando que quanto maior a renda, maior é a eficiência das escolas. Esta variável é um

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correlacionada com os níveis de instrução19, pode também indicar que filhos de pais com

maior instrução têm melhores desempenhos. Pais com maiores graus de escolaridade tendem

a dar mais valor à educação e cobrar isso dos seus filhos.

O coeficiente deste indicador poderia ter sido mais revelador quanto a esta relação entre renda

e eficiência se tivesse sido possível fazer a estimativa com base no desempenho em

proficiência de cada aluno vís-a-vís a renda familiar. Contudo, esta informação não estava

disponível e a renda per capita da Região Administrativa na qual a escola se localizava foi

usada como proxy. Em uma unidade da federação tão pequena quanto o DF, isso pode ter

conseqüências, pois pode haver “migração”. Ou seja, os alunos de uma escola não

necessariamente residem naquela Região Administrativa - RA e, assim, o estudo pode

estabelecer uma relação indevida de nota e renda familiar (ou grau de escolaridade dos pais)

de parte dos alunos.

Quanto à última variável, a quantidade de alunos tem sinal positivo indicando que quanto

mais alunos, maior a eficiência. Isso confirma o que já havia sido observado quando da

análise DEA que identificou que a maioria das escolas estava em escala crescentes.

A interpretação dos resultados deve ser feita à luz de algumas considerações sobre as

variáveis. A primeira delas se refere à nota da prova do Enem. Como ela é de caráter

voluntário, geralmente são feitas por alunos que buscam vagas em vestibulares e que por esta

razão estão mais motivados20. Isso pode influenciar a verdadeira média da escola, visto que a

amostra pode estar viesada. Contudo, não deve ter efeito diferente entre as escolas públicas e

privadas, pois o percentual de alunos que realizou o Enem em relação à quantidade de alunos

na 3ª série foi praticamente o mesmo, sendo respectivamente 43,1% e 43,8% (e desvios

padrões de 20% e 24%).

Outra variável que merece comentário é a Renda Per Capita. Assim como já foi mencionado

anteriormente, a renda per capita da Região Administrativa - RA na qual se localizava a

escola foi considerada como proxy para a das famílias dos alunos. Em uma unidade da

19

Foi feita uma matriz de correlação da Renda Per Capita com 8 faixas de escolaridade por Região Administrativa. Em 7 a correlação foi superior, em módulo, a 0,8 (positiva para os maiores índices de escolaridade e negativa para as inferiores).

20 Na Revista do Enem 2007 (pág 23), ano base 2006, 71% dos entrevistados em nível nacional disse que fazia o

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federação pequena como o DF pode haver “migração” de alunos. Eles se deslocam para outras

RAs em busca de melhores escolas. Na comparação entre unidades da federação, realizadas

em outros estudos sobre a eficiência em Educação, esse efeito é bem menor, pois migrações

populacionais são menores e as intra-estados não têm esse efeito. Para que a correlação entre

variáveis sócio-econômicas e eficiência pudesse ser melhor demonstrada, o ideal seria poder

associar a renda familiar de cada aluno à sua nota no Enem.

Na análise DEA, os insumos foram analisados pela suas quantidades físicas. Se por um lado

tem a vantagem de se igualar as DMUs quanto aos insumos, sem a possível distorção dos

custos de aquisição, por outro a relação custo/benefício financeiro fica impedida de ser

calculada, não sendo possível ao leitor comparação dos custos de oportunidade da sociedade

entre as opções de ensinos público ou privado. Mas esta comparação só poderia ser feita se

houvesse informação disponível referente ao montante de gastos pelos pais dos alunos de

escolas privadas. Adicionalmente a esta dificuldade, o levantamento dos gastos públicos

sempre traz os riscos de erros no cômputo de todas as verbas e programas de incentivos

(municipais, estaduais e federais), bem como a dificuldade de se mensurar os gastos indiretos

relacionados à educação, como os das equipes administrativas do setor público envolvidas na

(41)

5 RESUMO E CONCLUSÃO

O tema Educação é objeto de constante destaque e discussão nos meios de comunicação. A

sua importância para a formação dos cidadãos e da sociedade é bastante reconhecida. A

despeito da abundância de trabalhos acadêmicos sobre a Educação nos mais diversos prismas,

existem poucos que tratam sob a ótica da eficiência. Desses, o foco principal é o ensino

público. O presente trabalho buscou fazer uma comparação entre a eficiência do ensino

público e do privado para as escolas do ensino médio do Distrito Federal.

Para isso adotou ferramentas clássicas como a regressão estatística, o modelo DEA (Data

Envelopment Analysis) e a PCA (Análise dos Componentes Principais). O modelo

semiparamétrico empregado é composto de um modelo não-paramétrico e outro paramétrico.

O primeiro utiliza a análise de eficiência proporcionada pela ferramenta DEA em associação

com a PCA. O segundo, os modelos de regressão linear. Os dados tiveram como fonte a Prova

do Enem 2007, que forneceu informações a respeito do produto Educação (nota das provas),

enquanto que os insumos e os dados para a regressão foram extraídos do Censo Escolar 2006

(Inep/MEC) e do relatório PDAD (produzido pelo Governo do Distrito Federal).

Primeiramente, foram calculadas as eficiências de cada unidade escolar (DMU – Decision

Maker Unit) a partir de insumos que são passíveis de gestão pelas escolas. Em seguida os

resultados foram comparados à classificação do Enem. A etapa seguinte foi fazer uma

regressão dos resultados encontrados para a eficiência com fatores exógenos à capacidade de

gestão das escolas para se encontrar os principais determinantes da eficiência.

A análise de eficiência pelo modelo DEA mostrou uma grande melhoria na classificação das

escolas públicas. Inicialmente, apenas com base nas notas do Enem, das 79 primeiras

posições, 35 eram de escolas públicas, sendo que as duas melhores classificadas entre elas

eram uma escola federal, em 13º lugar, e outra estadual, em 40º. Depois de consideradas as

diferenças de insumos entre as escolas e calculadas as eficiências, essa quantidade aumentou.

O número de escolas públicas dentre as 79 primeiras passou para 72. Essa grande melhoria se

deve em parte a baixa quantidade de insumos das escolas públicas em relação às privadas. As

demais escolas que foram consideradas ineficientes eram na sua maioria escolas privadas.

Porém, é preciso destacar que a dispersão foi baixa e a escola mais ineficiente ficou com

índice de 90,4%, o que demonstra que as escolas privadas ficaram muito próximas da

(42)

Entre os fatores adotados, o que mais se destacou pela importância do seu coeficiente foi o do

tipo de dependência administrativa, aqui entendida como administração/gestão pública ou

privada. Deve-se lembrar que este é um fator exógeno à DMU, visto que os diretores das

escolas não podem mudar de opção ou simplesmente adotar as regras do outro sistema para

aprimorarem a administração das suas escolas (ex: um diretor de escola pública não pode

contratar ou demitir professores sem seguir o rito legal, que em geral está além da sua

capacidade de gestão). A regressão mostrou que quando a unidade de ensino é privada ela

tende a ser mais eficiente. Uma hipótese para explicar isso é que os diferentes incentivos

existentes entre a gestão pública e privada podem ser determinantes. Os proprietários das

escolas particulares veriam no maior nível de ensino dos seus alunos uma forma de atrair

novos “clientes” e auferirem mais lucros. Da mesma forma, os professores da rede privada

teriam estímulo para aprimorarem as suas qualificações e seus recursos didáticos para

transmitirem o máximo de conhecimento e, com isso, serem disputados pelas escolas (ou pelo

menos manterem os seus empregos com bons salários), diferentemente dos professores da

rede pública cujos salários não têm vínculo com o desempenho dos alunos.

O sistema de ensino privado, além de se mostrar mais efetivo por meio de melhores notas na

prova do Enem, mostrou ter, também, uma tendência a ser mais eficiente quanto ao uso dos

insumos. Apesar de não ter sido possível demonstrar a eficiência em termos financeiros de

forma a possibilitar a escolha racional dos pais consumidores entre um sistema e outro,

atualmente parte deles já paga concomitantemente os dois sistemas. Os pais que têm filhos em

escolas privadas pagam os seus impostos e não usam o sistema público de ensino. Os

descontos de gastos em educação no imposto de renda são praticamente simbólicos em

relação ao custo do médio do ensino privado21. Aumento nas margens de descontos poderia

incentivar mais pais a se utilizarem o sistema privado, desafogando o sistema público e dando

mais eficiência ao conjunto do sistema de educação. Deve-se lembrar ainda, que mesmo a

educação tendo falhas de mercado, devido às externalidades positivas, muitas famílias

gostariam de “consumir” deste produto/serviço. Segundo a Pesquisa Nacional de Qualidade

da Educação realizada pelo Inep/Mec em 2005, o número de alunos que já haviam

21

Imagem

Figura 01 – Função de Produção
Figura 02 – Rotação dos eixos para criar novas coordenadas
Tabela 02 – Quantidade de Estabelecimentos por Região Administrativa
Tabela 03 – Resumo Geral da Análise Fatorial
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Referências

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