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CONTROLE SOCIAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: O PROCESSO PARTICIPATIVO DE CONSTRUÇÃO DA PROPOSTA DE LICENCIAMENTO

AMBIENTAL COMO COMPONENTE DO PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE ALAGOINHAS, BAHIA

Severino Soares Agra Filho(1)

Engenheiro Químico (EP/UFBA); Mestre em Planejamento Energético/Ambiental (COPPE/UFRJ); Doutor em Economia Aplicada/Meio Ambiente (UNICAMP); Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia.

Danilo Gonçalves dos Santos Sobrinho

Graduando em Engenheira Sanitária e Ambiental (EP/UFBA). Silvia Soares Silva

Graduanda em Engenharia Sanitária e Ambiental (EP/UFBA). Dailson Ramalho Lima

Engenheiro Agronômo (EA/UFBA); Mestrando em Ciências Agrárias (EA/UFBA); Diretor de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Alagoinhas.

Luiz Roberto Santos Moraes

Engenheiro Civil (EP/UFBA) e Sanitarista (FSP/USP); M.Sc. em Engenharia Sanitária (IHE/Delft University of Technology); Ph.D. em Saúde Ambiental (LSHTM/University of London); Professor Titular em Saneamento do Departamento de Engenharia Ambiental e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental Urbana da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia; Membro do Conselho Diretor Nacional da ASSEMAE.

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2 RESUMO

O processo de implementação do Sistema Nacional de Meio Ambiente-SISNAMA, embora ainda insatisfatório, tem apresentado avanços substantivos na esfera federal e, sobretudo, na esfera estadual. Entretanto, no âmbito municipal a atuação na gestão ambiental tem sido restrita a determinados municípios, sobretudo nas capitais. O reconhecimento dessa realidade tem motivado a promoção de iniciativas do Ministério do Meio Ambiente e dos órgãos estaduais buscando incentivar a municipalização da gestão ambiental.

O município de Alagoinhas tem se destacado em período recente pela sensibilidade com as questões ambientais que se expressam no esforço de prover a estrutura municipal com o suporte institucional necessário para sua atuação na gestão ambiental.

A proposta do licenciamento ambiental do município insere-se, portanto, nesse contexto de organização da administração municipal de Alagoinhas em relação a uma atuação sistemática da gestão ambiental, a partir da estruturação do Sistema Municipal de Licenciamento Ambiental, como parte do Plano Municipal de Saneamento Ambiental.

Como método de desenvolvimento foi considerado como pressuposto fundamental um processo participativo mediante o envolvimento de representações dos diversos atores sociais ao longo das etapas de construção e formulação da proposta. Essas etapas do trabalho consistiram em: i) caracterizar a realidade ambiental; ii) identificar as atividades que seriam submetidas ao sistema de licenciamento ambiental; e iii) formular a proposta final do sistema de licenciamento municipal.

O desenvolvimento dos procedimentos metodológicos indicados, além de permitirem a realização das etapas previstas, propiciou os seguintes resultados: a) a caracterização da qualidade e vulnerabilidades dos recursos e ecossistemas ambientais; b) identificação das atividades impactantes prioritárias a serem submetidas ao licenciamento ambiental; c) a formulação de uma proposta de lei de institucionalização do sistema de licenciamento municipal, envolvendo as diversas instâncias decisórias e atores sociais do município; e d) formulação de diretrizes para apreciação dos requerimentos de licenciamento ambiental.

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educação ambiental.

Palavras-chave: Controle Social, Educação Ambiental, Licenciamento Ambiental, Plano Municipal de Saneamento Ambiental.

INTRODUÇÃO

Com a promulgação da Constituição Federal em 1988, institucionalizou-se no Brasil uma perspectiva de democracia representativa e participativa que se materializa na prática de mecanismos de efetivação da participação da comunidade na formulação e gestão das políticas públicas, ou seja, o controle social. Essa perspectiva emerge da compreensão que o modelo tecnocrático e onipotente praticado até então, além de se mostrar socialmente autoritário e incapaz de planejar numa realidade complexa da sociedade, não se coaduna com um estado democrático.

Para Carvalho (1995, p.8) “controle social é expressão de uso recente e corresponde a uma moderna compreensão de relação Estado-sociedade, onde a esta cabe estabelecer práticas de vigilância e controle sobre aquele”. Nesse sentido, o controle social consiste em ações desenvolvidas pela sociedade civil organizada com o objetivo de avaliar as condições e fiscalizar que política pública está sendo desenvolvida. Por controle social entende-se, então, a participação da sociedade no acompanhamento e verificação das ações da gestão pública na execução das políticas públicas, avaliando os objetivos, processos e resultados.

No Brasil, o controle social tem sido alvo das discussões e práticas recentes de diversos segmentos da sociedade, como os movimentos popular e sindical, organizações não-governamentais, políticos e governos. Orçamento participativo, plebiscito e iniciativa popular são alguns dos mecanismos encontrados para a efetiva prática desse espírito constitucional. No entanto, a participação da sociedade nas funções de planejamento, monitorização, acompanhamento e avaliação de resultados das políticas públicas tem requerido a institucionalização de órgãos colegiados deliberativos, representativos da sociedade, de caráter permanente. Os Conselhos começam, então, a se configurarem, em espaços públicos de articulação entre governo e sociedade.

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4 preconizado pela Conferência do Rio (ECO-92), um dos elementos indispensáveis para a promoção do desenvolvimento sustentável. A aplicação desse princípio, associado às elevadas incertezas que envolvem a gestão ambiental, impõe no regime democrático pleno, a participação pública como determinante mecanismo de viabilização e superação de decisões conflitantes sobre o uso e intervenção nos recursos ambientais (AGRA FILHO, 1995; 2001).

O presente trabalho tem como objetivo apresentar o processo participativo de elaboração e a proposta do componente Licenciamento Ambiental do Plano Municipal de Saneamento Ambiental-PMSA de Alagoinhas, Bahia, iniciado em abril de 2003 e concluído em setembro de 2004.

METODOLOGIA

Como método de desenvolvimento do processo participativo foi considerado como pressuposto fundamental a necessidade de envolvimento dos diversos atores sociais ao longo das etapas de construção e formulação da proposta. Essas etapas do trabalho consistiram em: i) caracterizar a realidade ambiental; ii) identificar as atividades que seriam submetidas ao sistema de licenciamento ambiental; e iii) formular a proposta do sistema de licenciamento municipal (PMA e UFBA, 2004).

Para sua viabilização foram concebidos e adotados como mecanismos operacionais desse processo participativo a constituição do Comitê de Licenciamento Ambiental e o acompanhamento permanente de um Comitê Consultivo, composto por membros do Conselho Municipal de Saneamento Ambiental, que tem atribuição para apreciar e aprovar o PMSA, de representantes do Poder Público Municipal, de órgãos estaduais e federais relacionados à área de saneamento ambiental que atuam no município, bem como de diversas entidades da sociedade civil do município, interessadas nas questões do saneamento e da gestão ambiental. Ao longo do desenvolvimento do trabalho foram realizadas sete reuniões públicas do Comitê Consultivo para apresentação e discussão dos resultados parciais obtidos com um número de presentes que variou entre 50 e 200 pessoas. A proposta então elaborada foi apresentada em audiência pública de dois dias com a participação aberta para toda a população.

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sentido, foi considerado para sua composição referencial o mesmo perfil definido para o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente. Nesse sentido, o Comitê desempenhou um papel de grupo focal expresso no Conselho Municipal e se constituiu na base de condução das etapas de formulação da proposta. Para tanto, foram realizadas 10 (dez) oficinas de trabalho. O procedimento de discussões desenvolvido nas oficinas de trabalho cumpriu duas finalidades fundamentais para a implantação do sistema de licenciamento ambiental:

i) promover o processo de conhecimento e apreensão integrada da realidade ambiental pelos diversos atores e agentes envolvidos nas instâncias de decisão vinculadas ao licenciamento; e

ii) engendrar o processo de integração intra-governamental, como requisito fundamental de efetividade do licenciamento ambiental.

Em função dos resultados produzidos pelas oficinas de trabalho foram identificadas as questões essenciais que devem ser considerados nas diretrizes e critérios de decisão do mérito do licenciamento ambiental.

RESULTADOS

O desenvolvimento dos procedimentos metodológicos indicados propiciou os seguintes resultados (PMA e UFBA, 2004):

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b) formulação de uma proposta integrada do sistema de licenciamento ambiental municipal, visando propiciar maior celeridade e consistência intra-governamental, envolvendo as diversas instâncias decisórias do município. Esta proposta está compreendida nos seguintes elementos de estruturação do sistema de licenciamento ambiental do município:

o A proposição das atividades sujeitas ao licenciamento (V. Quadro A);

o Na proposição do arranjo institucional de decisão (V. Figura 1)

o Na proposição do sistema de tramitação dos requerimentos de licença (V. Figura 2);

o Nos tipos de licença que seriam adotadas (V. Quadro B).

Quadro A

ATIVIDADES E EMPREENDIMENTOS SUJEITOS AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL § § § § Açudes; § § §

§ As atividades c om potenc ial impac to loc al c onstante das determinações do CEPRAM e /ou do CONAMA;

§ § §

§ Atividades agropecuárias com impacto local;

§ § §

§ Atividades de lazer (pesque-pague, parques aquáticos etc);

§ § §

§ Atividades de perfuração de petróleo e gás;

§ § §

§ Atividades industriais com impacto local;

§ § §

§ Comércio de produtos fitossanitários;

§ § § § Conjuntos habitacionais; § § §

§ Depósitos de produtos perigosos;

§ § §

§ Equipamentos e estruturas agropecuárias (currais, rodeios etc); §

§ §

§ Estabelecimentos de abatedouro e matadouro de animais;

§ § §

§ Estabelecimentos de fundição, usinagem, esquadrias metálicas e afins;

§ § §

§ Estabelecimentos de lavagem de veículos;

§ § § § Estabelecimentos de marmoraria; § § §

§ Estabelecimentos e depósitos de sucatas e ferro velho;

§ § §

§ Estabelecimentos que utilizam insumos de madeiras (padarias a lenha, pizzarias etc);

§ § §

§ Estações rádio-base e equipamentos de telefonia sem fio;

§ § §

§ Indústria de couro /curtume;

§ § § § Indústrias cerâmicas; § § § § Loteamentos; § § § § Oficinas mecânicas; § § § § Postos de gasolina; § § §

§ Serrarias e atividades de beneficiamento de madeira;

§ § §

§ Serviços de limpa fossa;

§ § § § Serviços de serralheria; § § § § Torrefações de café; § § §

§ Transportes de produtos perigosos;

§ § § § Unidades de saúde; § § §

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Figura 1: Arranjo institucional proposto

Figura 2: Diagrama do fluxo de tramitação

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3 Quadro B

O Sistema de Licenciamento Ambiental Municipal proposto

I - Licença de Localização (LL) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade, em função de sua concepção e localização, e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos para sua implementação.

II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de gerenciamento ambiental, bem como os condicionantes que o empreendimento estará submetido.

III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. Esta licença deverá ser renovada, conforme prazos definidos pelo COGESA.

IV - Licença de Ampliação (LA) – concedida às atividades e empreendimentos que pretendem expandir sua capacidade produtiva na mesma localização.

V - Licença de Localização e de Instalação (LLI) – concedida em condições específicas, visando a compatibilização pertinente com o ciclo de planejamento do empreendimento, conforme estabelecido pelo COGESA.

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CONCLUSÃO

O processo de participação pública ao longo do desenvolvimento da proposta foi responsável pela pertinência e, sobretudo, pela legitimidade social dos resultados produzidos. Ao longo do processo de discussão pública, tornou-se possível uma percepção e crescente conscientização dos atores envolvidos sobre a realidade ambiental do município de Alagoinhas.

Nesse sentido, a experiência de controle social desenvolvida na proposição de um licenciamento ambiental para o município de Alagoinhas revelou que o processo de participação social na gestão ambiental se constitui em um poderoso e eficaz mecanismo de educação ambiental.

Enfim, a proposta desenvolvida insere-se no contexto de participação na organização da administração municipal de Alagoinhas em relação a uma atuação sistemática da gestão ambiental, a partir da estruturação do Sistema Municipal de Licenciamento Ambiental, como parte integrante do Plano Municipal de Saneamento Ambiental.

REFERÊNCIAS

AGRA FILHO, Severino Soares. Metodologia para elaboração do Plano de

Intervenção na Orla Marítima. Elaborado para Projeto Orla. Brasília: MMA/Programa

Nacional de Gerenciamento Costeiro, 2001.

--- Planos de Gestão e Programas de Monitoramento Costeiro: Diretrizes

de Elaboração. Brasília: Programa Nacional de Meio Ambiente/Projeto de

Gerenciamento Costeiro/ Ministério do Meio Ambiente, 1995.

BRASIL. Constituição: República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988.

CARVALHO, Antônio Ivo de. Conselhos de Saúde no Brasil. Participação cidadã e controle social. Rio de Janeiro: FASE/IBAM, 1995.

Prefeitura Municipal de Alagoinhas; Universidade Federal da Bahia. Plano Municipal

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