SÍNTESE DA GRAMÁTICA FORMAÇÃO DE PALAVRAS
1) COMPOSIÇÃO = quando uma palavra é formada pela combinação de dois radicais, e a palavra
resultante tem um sentido diferente do sentido de cada um dos radicais que a compõem: gira + sol:
girassol, água + ardente: aguardente, passa + tempo: passatempo.
Composição por justaposição: combinação de dois (ou mais) radicais que não sofrem alteração na
sua forma fonológica (não há mudança nos fonemas originais e cada radical mantém o seu acento tônico). Exemplos: bem-casado, bem-vindo, escalda-pés, centroavante, guarda-roupa, pontapé.
Composição por aglutinação: combinação de dois (ou mais) radicais que sofrem alteração na sua
forma fonológica (há mudança nos fonemas originais e no acento tônico dos radicais envolvidos no processo). Exemplos: corrimão (correr + mão), vinagre (vinho + acre), hidrelétrica (hidro + elétrica).
2) REDUÇÃO ou ABREVIAÇÃO = quando se forma uma nova palavra por eliminação de parte de uma
palavra já existente. A abreviação é muito frequente na linguagem coloquial. Exemplos: micro (microcomputador), pneu (pneumático), cine (cinema).
3) CRIAÇÃO DE SIGLAS = processo de redução que dá origem a novas palavras pela transformação
de determinadas sequências vocabulares (geralmente títulos ou designações várias) em uma sigla. Exemplos: INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), RG (Registro Geral), IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores).
4) ONOMATOPEIA = figura sonora utilizada em histórias em quadrinhos, por exemplo, para representar
sons (espirros, batidas, campainhas etc.). Exemplos: atchim, pow, bum, blaft, blim-blom, bam.
5) EMPRÉSTIMOS LEXICAIS = palavras de outras línguas que vão entrando na língua portuguesa ao
longo do tempo, devido ao contato com essas culturas e a influência que elas exercem sobre a nossa cultura. Exemplos: abajur (do francês), shopping (do inglês), pizza (do italiano), jeans, internet, skate,
rock (do inglês), ateliê, buquê, soutien (do francês).
6) NEOLOGISMO = uma palavra nova criada para atender a necessidades de expressão em contextos
específicos. Exemplos: sobremesiano (em analogia com vegetariano), internetês (para se referir à variação da língua usada no ambiente virtual).
7) DERIVAÇÃO = formação de palavras a partir do acréscimo de prefixos ou sufixos derivacionais a um
radical.
Derivação prefixal (prefixação): realizada pelo acréscimo de um prefixo à palavra primitiva, o que
sempre produz uma alteração no sentido do radical. Exemplos: desaparecer (des + aparecer: o prefixo nega o conteúdo do verbo), infeliz (in + feliz: novamente o prefixo dá ideia de negação), cooperar (co +
TUTORIAL – 9B
Aluno (a):
Data:
Série: 3ª Ensino Médio
operar: dessa vez, o prefixo acrescenta a ideia de união, de conjunto, sugerindo que a ação de operar não será realizada solitariamente.).
Derivação sufixal (sufixação): realizada pelo acréscimo de um sufixo à palavra primitiva, o que
também sempre produz alguma alteração no sentido do radical. Exemplos: colherada (colher + ada: o sufixo passa a designar a porção que cabe na colher, e não a própria colher), caminhada (caminhar + ada: o sufixo indica um trecho ou intervalo de tempo em que se realizou a ação do verbo), benzedeira (benzer + deira: o sufixo indica aquela que realiza a ação do verbo), cantor (cant + or: o sufixo indica aquele que realiza a ação do verbo).
Derivação regressiva (regressão): é a redução na forma fonológica da palavra derivada em relação à
forma da palavra primitiva. Exemplos: desgaste (de desgastar), abalo (de abalar), luta (de lutar), castigo (de castigar), ajuda (de ajudar).
Derivação parassintética (parassíntese): quando são agregados um prefixo e um sufixo,
simultaneamente, a um determinado radical. A simultaneidade é importante, pois, nesse caso, não ocorrem na língua as formas em que entre somente o prefixo ou somente o sufixo indicados. Apenas com ambos ao mesmo tempo o radical será considerado uma palavra na língua. Exemplos: endoidecer (em + doido + cer), entardecer (em + tarde + cer). Não existe endoida nem doidecer. Não existe entarde nem tardecer.
Derivação imprópria (conversão): processo de formação em que se muda a classe gramatical de uma
palavra sem alterar a sua forma original. A substantivação (transformação de uma palavra de outra classe em substantivo) é um tipo de derivação imprópria. Exemplos: Não aceito um não como resposta. (O advérbio destacado foi transformado em substantivo.), Essa empresa tem muitos funcionários
fantasmas. (O substantivo foi transformado em adjetivo.), O coração partido se curou rápido. (O
particípio passado foi transformado em adjetivo.)
EXERCÍCIOS Texto 1
Só falta o Senado aprovar o projeto de lei [sobre o uso de termos estrangeiros no Brasil] para que palavras como shopping center, delivery e drive-through sejam proibidas em nomes de estabelecimentos e marcas. Engajado nessa valorosa luta contra o inimigo ianque, que quer fazer área de livre comércio com nosso inculto e belo idioma, venho sugerir algumas outras medidas que serão de extrema importância para a preservação da soberania nacional, a saber:
...
Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá dizer "Tu vai" em espaços públicos do território nacional;
Nenhum cidadão paulista poderá dizer "Eu lhe amo" e retirar ou acrescentar o plural em sentenças como "Me vê um chopps e dois pastel";
...
Nenhum dono de borracharia poderá escrever cartaz com a palavra "borraxaria" e nenhum dono de banca de jornal anunciará "Vende-se cigarros";
...
Nenhum livro de gramática obrigará os alunos a utilizar colocações pronominais como "casar-me-ei" ou "ver-se-ão".
1) (Enem) No texto acima, o autor:
a) mostra-se favorável ao teor da proposta por entender que a língua portuguesa deve ser protegida contra deturpações de uso.
b) ironiza o projeto de lei ao sugerir medidas que inibam determinados usos regionais e socioculturais da língua.
c) denuncia o desconhecimento de regras elementares de concordância verbal e nominal pelo falante brasileiro.
d) revela-se preconceituoso em relação a certos registros linguísticos ao propor medidas que os controlem.
e) defende o ensino rigoroso da gramática para que todos aprendam a empregar corretamente os pronomes.
2) As palavras destacadas no primeiro parágrafo do texto 1 são casos de:
a) redução b) siglas
c) empréstimos lexicais d) neologismo
e) combinação
3) Ainda no primeiro parágrafo, as palavras “engajado” e “preservação” foram formadas:
a) ambas por sufixação. b) ambas por prefixação.
c) por prefixação e sufixação, respectivamente. d) por parassíntese e por redução, respectivamente.
e) por derivação imprópria e por regressão, respectivamente.
Texto 2
Carnavália
Repique tocou O surdo escutou E o meu corasamborim
Cuica gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim? [...]
4) (Enem – adaptada) No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim” refere-se:
a) exclusivamente a elementos que compõem uma escola de samba.
b) unicamente à situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão.
c) à exuberância da mulher que passa no ritmo do samba.
d) à fusão entre o estado subjetivo do eu lírico e o ambiente musical concretizado pelos instrumentos tocados e ouvidos.
e) à sobreposição do silêncio sobre os ruídos da música, que pára diante da passagem da mulher.
5) (Enem – adaptada) A palavra “corasamborim”, junção de coração + samba + tamborim, corresponde
a um(a)
a) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas.
b) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.
c) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla.
d) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica. e) termo técnico, dado que designa elemento de área específica de atividade.
TEXTO 3
Good-bye
“Não é mais boa-noite, nem bom-dia Só se fala good morning, good night Já se desprezou o lampião de querosene Lá no morro só se usa a luz da Light
Oh yes!”
6) (Enem) A marchinha Good-bye, composta por Assis Valente há cerca de 50 anos, refere-se ao
ambiente das favelas dos morros cariocas. A estrofe citada mostra:
a) como a questão do racionamento da energia elétrica, bem como a da penetração dos anglicismos no vocabulário brasileiro, iniciaram-se em meados do século passado.
b) como a modernidade, associada simbolicamente à eletrificação e ao uso de anglicismos, atingia toda a população brasileira, mas também como, a despeito disso, persistia a desigualdade social.
c) como as populações excluídas se apropriavam aos poucos de elementos de modernidade, saindo de uma situação de exclusão social, o que é sugerido pelo título da música.
d) os resultados benéficos da política de boa vizinhança norte-americana, que permitia aos poucos que o Brasil se inserisse numa cultura e economia globalizadas.
7) O vocábulo “desprezou”, no terceiro verso do texto 3, é formado por:
a) derivação prefixal. b) derivação parassintética. c) regressão.
d) conversão
e) composição por justaposição.
TEXTO 4
"S. Paulo, 13-XI-42 Murilo
São 23 horas e estou honestissimamente em casa, imagine! Mas é doença que me prende, irmão pequeno. Tomei com uma gripe na semana passada, depois, desensarado, com uma chuva, domingo último, e o resultado foi uma sinusitezinha infernal que me inutilizou mais esta semana toda. E eu com tanto trabalho! Faz quinze dias que não faço nada, com o desânimo de apósgripe, uma moleza invencível, e as dores e tratamento atrozes. Nesta noitinha de hoje me senti mais animado e andei trabalhandinho por aí. (...)
Quanto a suas reservas a palavras do poema que lhe mandei, gostei da sua habilidade em pegar todos os casos “propositais”. Sim senhor, seu poeta, você até está ficando escritor e estilista. Você tem toda a razão de não gostar do “nariz furão”, de “comichona”, etc. Mas lhe juro que o gosto consciente aí é da gente não gostar sensitivamente. As palavras são postas de propósito pra não gostar, devido à elevação declamatória do coral que precisa ser um bocado bárbara, brutal, insatisfatória e lancinante. Carece botar um pouco de insatisfação no prazer estético, não deixar a coisa muito bem-feitinha.(...) De todas as palavras que você recusou só uma continua me desagradando “lar fechadinho”, em que o carinhoso do diminutivo é um desfalecimento no grandioso do coral."
Mário de Andrade, Cartas a Murilo Miranda.
8) (Fuvest) “... estou honestissimamente em casa, imagine! Mas é doença que me prende, irmão
pequeno.”
No trecho acima, o termo grifado indica que o autor da carta pretende: a) revelar a acentuada sinceridade com que se dirige ao leitor.
b) descrever o lugar onde é obrigado a ficar em razão da doença. c) demarcar o tempo em que permanece impossibilitado de sair. d) usar a doença como pretexto para sua voluntária inatividade. e) enfatizar sua forçada resignação com a permanência em casa.
9) No texto, as palavras “sinusitezinha” e “trabalhandinho” exprimem, respectivamente,
a) delicadeza e raiva. b) modéstia e desgosto. c) carinho e desdém. d) irritação e atenuação. e) euforia e ternura.
10) O neologismo “desensarado”, no primeiro parágrafo do texto 4, refere-se ao estado ainda não
a) um radical acrescido de dois prefixos e um sufixo ao mesmo tempo. b) um radical acrescido de dois prefixos.
c) um radical diminuído de um sufixo, por regressão.
d) um radical acrescido de um prefixo e um sufixo, por parassíntese. e) um radical acrescido de um sufixo, por sufixação.