Departamento de Educação
A PARTICIPAÇÃO DO PEDAGOGO NA FORMAÇÃO DE
MEDIADORES EM MUSEUS E CENTROS CULTURAIS
Alunas: Francisca Valeria Martins e Lygia Maria Sanches dos SantosOrientadora: Cristina Carvalho
Introdução:
O Grupo de Pesquisa em Educação, Museu, Cultura e Infância (GEPEMCI) tem como principal objetivo investigar os setores educativos de museus e centros culturais da cidade do Rio de Janeiro. Com o intuito de mapear e conhecer as atividades oferecidas ao público em geral – e mais especificamente às crianças de 0 a 6 anos –, a estrutura de funcionamento mantida por essas instituições, os agentes sociais que neles atuam e as estratégias pedagógicas desenvolvidas nesses espaços, foi aplicado um questionário, no ano de 2015, a esses museus e centros culturais.
Após o desenvolvimento de estudo-piloto em 2015, o grupo de pesquisa realizou um mapeamento dos serviços educativos oferecidos nas instituições museológicas do município a partir de questionário online enviado a todos os museus e centros culturais cadastrados no Guia de Museus Brasileiros - IBRAM (2011), e na publicação Museus RJ - Um guia de Memórias e Afetividades (2013).
Em virtude do baixo número de retorno dos questionários, foi realizado um intenso trabalho de busca e contato, ao longo de quatro meses (de agosto a dezembro de 2015), com todas as 139 instituições culturais da cidade cadastradas nos guias museais. Após esse contato, a amostra foi reduzida para 135 espaços, pois 4 instituições1, apesar de se apresentarem de modo autônomo nos guias, declararam que possuem a mesma gestão administrativa e uma única resposta para informações como a que buscávamos.
Foi constatado, ainda, no período de aplicação dos questionários, que 11 espaços não se consideravam museus; 12 instituições estavam desativadas sem previsão de reabertura; 3 estavam fechadas em decorrência de obras na cidade do Rio de Janeiro para a realização dos Jogos Olímpicos de 2016; 4 ainda estavam em fase de implementação e 6 estavam temporariamente fechadas para reformas. Logo, a cidade do Rio de Janeiro, no ano de 2015, contava com 99 museus em funcionamento, dentre os quais 85 participaram da pesquisa e apenas 14, apesar de estarem em funcionamento, não responderam ao questionário, mesmo após inúmeros contatos.
Em decorrência do nosso recente ingresso no grupo, foi necessário conhecer um pouco mais a pesquisa desenvolvida. Efetuamos então um movimento de aproximação com a leitura de referência e análise dos dados obtidos no questionário. A produção do grupo e a VII Semana de Educação da PUC-Rio, que abordou a temática “O Pedagogo nos diferentes espaços de educação não formal”, despertaram nosso interesse, delineando nosso objeto de investigação: a participação do pedagogo na formação de mediadores em museus e centros culturais da cidade do Rio de Janeiro.
A partir dos dados obtidos na aplicação do questionário, verificamos que, das 85 instituições museais que participaram da pesquisa, apenas 18 informaram ter pedagogos atuando. Destas 18 instituições, só conseguimos entrar em contato com 13: 1 instituição
1 1-Casa de Rui Barbosa responsável pelo Arquivo Museu de Literatura Brasileira; 2-Fundação Planetário da
Cidade do Rio de Janeiro responsável pelo Museu do Universo; 3-Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro responsável pelo Museu do Meio Ambiente e pelo Sítio Arqueológico Casa dos Pilões.
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encerrou suas atividades em 2016, e não obtivemos as informações desejadas de 4 instituições.
Dessas 13 instituições, apenas 9 informaram que ainda possuem pedagogos atuando. Verificou-se, portanto, uma redução do número de instituições com a atuação desses profissionais. Porém, em contrapartida, algumas instituições informaram que o número de pedagogos atuando teria aumentado em seus quadros, o que demonstra a valorização desses profissionais nesses espaços culturais.
Nesse sentido, buscamos identificar os museus e centros culturais que possuem pedagogos atuando na formação de mediadores. Das 9 instituições que possuem pedagogos em seus quadros, 7 instituições possuem programas de formação de mediadores com a participação de pedagogos. Selecionamos então 3 dessas instituições para investigar de forma mais detalhada esse processo de formação de mediadores e realizaremos, em etapa posterior da pesquisa, entrevista com os pedagogos que atuam neste processo.
Pretendemos, assim, estudar e aprofundar os aspectos relacionados à atuação do pedagogo em diferentes espaços e, mais especificamente, a sua participação na formação de mediadores.
Objetivos:
O objetivo da pesquisa é identificar se os pedagogos que atuam nos museus e centros culturais da cidade do Rio de Janeiro participam da formação dos mediadores - profissionais responsáveis pela realização das atividades educativas nesses espaços. A partir deste objetivo principal pretendemos investigar se e como a formação em Pedagogia contribui para o trabalho de formação de mediadores e analisar o modo como é desenvolvido esse processo. Metodologia:
Como estudantes de Pedagogia e futuras Pedagogas, o tema da atuação do Pedagogo nos diferentes espaços sempre despertou nosso interesse, como forma de ampliar nosso conhecimento e nossas possibilidades de atuação no mercado de trabalho.
Em geral, a atuação do Pedagogo está sempre associada aos espaços escolares. No entanto, o Pedagogo pode atuar em espaços não escolares, como, por exemplo, em museus, centros culturais, hospitais e penitenciárias. As Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Graduação em Pedagogia (Resolução CNE/CP n.1/2006) preveem, no art. 2º, essa possibilidade de atuação do Pedagogo em espaços não escolares.
Art. 2º: As Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia aplicam-se à formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos.
A escola não é o único e não necessariamente o mais adequado para o processo de ensino e aprendizagem. A aprendizagem também acontece em outros espaços, como espaços culturais, sociais, políticos, dentre outros. Souza (2016, p. 36) traz os conceitos de educação formal, não formal e informal para compreendermos os museus e centros culturais como espaços de educação não formal.
A educação formal e não formal, de acordo com critérios de intencionalidade e sistematização, se referem a atos educativos intencionais e sistematizados. Em contrapartida, a educação informal se refere aos atos educativos não intencionais e sem sistematização (Souza apud Trilla, 2008). A educação formal e a não formal também se contrapõem: a
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primeira estaria relacionada a títulos acadêmicos e ocorre prioritariamente nas instituições escolares enquanto a segunda não está comprometida com a concessão de títulos acadêmicos e não integra o sistema oficial de ensino do país (Souza, 2016, p. 42).
A educação não formal seria composta por quatro âmbitos de atuação: ligada ao trabalho; ao lazer e à cultura; à educação social e à própria escola (Souza apud Trilla, 2008). Os museus e centros culturais, como espaços de lazer e de cultura, se caracterizam como espaços de educação não formal, contribuindo para a aprendizagem e para a formação dos sujeitos.
Os museus e centros culturais são espaços não escolares de educação, sendo um dos possíveis locais de atuação do Pedagogo. Mas, quais são as atribuições do Pedagogo que atua em um museu ou centro cultural? Em que áreas ele atua? Qual o seu papel nessas instituições? Assim, a partir desses questionamentos, do nosso interesse, da produção do grupo de pesquisa e da VII Semana de Educação da PUC-Rio, que abordou a temática “O Pedagogo nos diferentes espaços de educação não formal”, delineamos o nosso objeto de investigação: a participação do pedagogo na formação de mediadores em museus e centros culturais da cidade do Rio de Janeiro.
Para verificarmos se há participação do Pedagogo na formação dos mediadores em museus e centros culturais foi preciso, primeiro, identificar em quais instituições havia pedagogos atuando e quais eram suas atribuições.
Analisamos, assim, duas das perguntas do questionário do GEPEMCI aplicado aos museus e centros culturais no ano de 2015 relacionadas à temática a ser investigada. São elas: “Há pedagogo atuando na instituição?” e “Caso atue, em qual setor?”. Constatamos que, das 85 (oitenta e cinco) instituições que responderam ao questionário, apenas 18 (dezoito) informaram que possuíam pedagogos atuando, o que representa a atuação de pedagogos em 21% das instituições respondentes (figura 1).
Figura 1: Presença de pedagogo nas instituições da cidade do Rio de Janeiro
Há pedagogos atuando nos museus e centros culturais?
Sim Não
Fonte: CARVALHO, c. et.al., 2015.
O quadro 1 organiza essas 18 (dezoito) instituições de acordo com a sua localidade na cidade do Rio de Janeiro – zona sul, oeste, norte e centro - e apresenta a tipologia de cada um desses museus ou centros culturais.
Não 67 79% Sim 18 21%
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Quadro 1: Instituições museais da cidade do Rio de Janeiro onde havia Pedagogos atuando em 2015
Nome da Instituição Tipologia2 Zona Sul Casa da Ciência – Centro Cultural de
Ciência e Tecnologia da UFRJ
Museu de Ciências da Terra Ciências Naturais e História Natural
Museu Internacional de Arte Naïf Artes visuais Fluminense Football Club
Museu do Meio Ambiente/Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Artes Visuais; Ciências Naturais e História Natural; Imagem e Som
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular
Zona Oeste Parque Estadual da Pedra Branca
Zona Norte Museu da Vida/Fiocruz Ciência e Tecnologia; História
Museu do Samba
Museu Nacional/UFRJ Antropologia e Etnografia; Arqueologia; Ciências Naturais e História Natural Museu de Arsenal de Guerra do Rio de
Janeiro
Museu da Maré Antropologia e Etnografia; Imagem e Som
Museu da Geodiversidade/UFRJ Arqueologia; Ciências Naturais e História Natural; História; Imagem e Som Museu de Astronomia e Ciências Afins
(MAST/MCTI)
Artes Visuais; Ciência e Tecnologia; Imagem e Som Centro Centro Cultural do Banco do Brasil Artes Visuais; História;
Imagem e Som Casa França Brasil
Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (Museu Naval)
Arqueologia; Artes Visuais; Ciência e Tecnologia; História
Museu Nacional de Belas Artes Fonte: elaboração das autoras
Dessas 18 (dezoito) instituições, uma delas, o Museu Internacional de Arte Naïf (Mian), encerrou suas atividades em dezembro de 2016, reduzindo, assim, o número de museus e centros culturais para 17 (dezessete).
2
A tipologia de acordo com a classificação do Guia Brasileiro de Museus do IBRAM – Instituto Brasileiro de Museus (2011).
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Buscamos contato via telefone e e-mail com estes 17 museus e centros culturais para verificar se ainda havia pedagogos atuando nessas instituições e para investigar se a formação de mediadores configura-se como uma das atividades desenvolvidas por esses profissionais. Não obtivemos resposta de 4 (quatro) instituições: Fluminense Football Club, Museu da Maré, Museu do Samba e Museu Naval. Assim, a amostra foi reduzida para 13 (treze) instituições. Destas 13 instituições, apenas 9 (nove) informaram que ainda possuem pedagogos atuando (quadro 2).
Quadro 2: Instituições museais da cidade do Rio de Janeiro onde há Pedagogos atuando em 2017
Nome da Instituição Tipologia3 Zona Sul Casa da Ciência – Centro Cultural de
Ciência e Tecnologia da UFRJ
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular
Zona Norte Museu da Vida/Fiocruz Ciência e Tecnologia; História
Museu Nacional/UFRJ Antropologia e Etnografia; Arqueologia; Ciências Naturais e História Natural Museu de Arsenal de Guerra do Rio de
Janeiro
Museu da Geodiversidade/UFRJ Arqueologia; Ciências Naturais e História Natural; História; Imagem e Som Museu de Astronomia e Ciências Afins
(MAST/MCTI)
Artes Visuais; Ciência e Tecnologia; Imagem e Som Centro Centro Cultural Banco do Brasil Artes Visuais; História;
Imagem e Som Museu Nacional de Belas Artes
Fonte: Elaboração das autoras
Constatamos, assim, que de um universo de 13 (treze) instituições que possuíam pedagogos atuando em 2015, apenas 9 (nove) informaram que ainda possuem esses profissionais atuando em seus quadros (figura 2).
Figura 2: Museus e Centros Culturais que ainda possuem pedagogos atuando
Ainda há pedagogos atuando?
3 A tipologia de acordo com a classificação do Guia Brasileiro de Museus do IBRAM – Instituto Brasileiro de
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Sim Não
Fonte: Elaboração das autoras
Verificamos que houve, portanto, uma redução do número de instituições que possuem pedagogos atuando. Analisando as informações dos quadros 1 e 2 podemos observar que dos 6 museus e centros culturais da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro que responderam ao questionário em 2015, hoje, em 2017, apenas 2 possuem pedagogos atuando, a Casa da Ciência e o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular. Dos outros 4, 1 encerrou suas atividades (Museu Internacional de Arte Naïf), 2 não possuem mais pedagogos atuando (Museu de Ciências da Terra e Museu do Meio Ambiente – Jardim Botânico) e não conseguimos entrar em contato com o outro espaço (Museu Interativo do Fluminense Football Club).
A única instituição de nossa amostra localizada na Zona Oeste, o Parque Nacional da Pedra Branca, também não possui mais pedagogo atuando. A única pedagoga que integrava o quadro de funcionários se aposentou e não foi contratado outro pedagogo para atuar em seu lugar.
A Zona Norte possuía, em 2015, 7 museus e centros culturais com pedagogos atuando. Dessas 7 instituições, só obtivemos resposta de 5. Não conseguimos obter informações de 2 museus, Museu do Samba e Museu da Maré, a respeito da existência de pedagogos atuando nessas instituições. Assim, nossa amostra foi reduzida, nesta região, para 5 instituições.
Por fim, a região do Centro, que possuía, em 2015, 4 museus e centros culturais com pedagogos atuando, hoje possui apenas 2, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e o Museu Nacional de Belas Artes. Não obtivemos resposta de 1 instituição, o Museu Naval, e a outra instituição, Casa França Brasil, informou que não tem mais pedagogos atuando.
Através dos contatos com as instituições, foi possível ter acesso a algumas informações com relação à diminuição desses profissionais nos museus e centros culturais. As instituições declararam que essa redução se deu principalmente por dois motivos: sua aposentadoria e a não contratação de novos pedagogos e a atual crise financeira do país, provocando corte de gastos. Em contrapartida, algumas instituições informaram que o número de pedagogos atuando teria aumentado, tendo em vista o crescimento do setor educativo.
Entendemos que a atuação do pedagogo nos museus e centros culturais configura-se como aspecto fundamental, tendo em vista que este profissional possui conhecimentos e técnicas que podem contribuir para a experiência dos sujeitos nos espaços culturais.
Quanto à importância das atividades desenvolvidas pelos pedagogos nos museus e centros culturais, Souza (2016) destaca basicamente o alcance de diversos públicos, visando uma aproximação com os mesmos, e cita como principais atividades:
Conhecer o público, entender sua diversidade de origens, de níveis de desenvolvimento cognitivo, particularidades de interesse e, a partir daí,
Sim Não
69% 31% 4
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propor formas de apresentação do conteúdo, estratégias didáticas é a contribuição do pedagogo para as equipes dos setores educativos nos quais estão inseridos. (SOUZA, 2016, p. 85).
De modo geral, essa aproximação com o público se dá através de mediadores, que atuam nos museus e centros culturais como guias de exposições e visitas. É preciso que esses profissionais consigam interagir com o público e tenham conhecimentos específicos sobre determinadas obras e/ou exposições. Para tanto, entendemos ser fundamental a participação do pedagogo no processo de formação desses mediadores.
Segundo Marandino, a formação de mediadores tem sido um dos investimentos dos museus, visando explorar não só o conteúdo específico, mas a forma como eles são trabalhados “via boa comunicação visual, seja interativa ou apenas contemplativa, ou por meio da mediação humana, descontraída e democrática” (MARANDINO, 2008, p. 22). A participação do pedagogo na formação de mediadores está voltada não apenas para o conhecimento específico de obras e de exposições, mas também de diferentes formas de comunicação com o público, observando suas especificidades. Souza (2016) cita um exemplo extraído de uma das entrevistas realizadas para o seu trabalho: um entrevistado afirma que um professor de história sabe de datas e fatos, mas falta a forma de falar com a criança ou adolescente.
Considerando a importância da atuação dos pedagogos nos museus e centros culturais, delineamos como nosso objeto de investigação a sua participação na formação de mediadores nesses espaços culturais da cidade do Rio de Janeiro.
Dos 9 museus e centros culturais que possuem pedagogos, em 7 dessas instituições há pedagogos que atuam na formação de mediadores. Em 2 instituições, apesar de haver pedagogo no quadro de funcionários, não há mediadores e/ou guias atuando no museu e, portanto, não há programa de formação de mediadores. Nessas instituições o pedagogo possui outras atribuições, nem sempre relacionadas ao setor educativo.
Verificou-se, ainda, que, em algumas dessas instituições onde os pedagogos participam da formação de mediadores, há também a participação de outros profissionais, como, por exemplo, museólogos, historiadores e biólogos.
Conforme sinalizado anteriormente, das 7 instituições que possuem pedagogos atuando e participando da formação de mediadores, selecionamos 3 para investigar de forma mais detalhada esse processo de formação dos mediadores. Será enviado um convite para as instituições, via e-mail, para os pedagogos que atuam na formação de mediadores participarem de uma entrevista. A escolha foi determinada pela localidade do museu ou centro cultural por região na cidade do Rio de Janeiro – selecionamos uma instituição por região (Zona Sul, Zona Norte e Centro4) –, e a diversidade de tipologias, de modo a verificar como ocorre esse processo de formação de mediadores não só em diferentes espaços, mas também com diferentes objetos de estudo.
A entrevista será norteada por um roteiro semiestruturado. Ainda que de modo preliminar, consideramos que algumas questões devem constar nesse roteiro: 1) Por que você optou por trabalhar em museu?; 2) Como é desenvolvido o processo de formação de mediadores?; 3) Você participa/participou do processo de formação de mediadores? Se sim, considera que é por possuir formação na área de Pedagogia?; 4) Avalia que a formação em
4 Nossa intenção era contemplar também a Zona Oesta, mas, conforme citado anteriormente, a única instituição
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Pedagogia contribui para elaborar o trabalho de formação de mediadores? Como?; 5) Existem pedagogos/estudantes de Pedagogia atuando como mediadores neste museu ou centro cultural?.
Pretendemos, a partir das informações obtidas e das entrevistas a serem realizadas, compreender um pouco mais sobre a atuação do pedagogo em diferentes espaços, mais especificamente, sua participação na formação de mediadores.
Conclusões:
A partir da produção do grupo, dos dados obtidos no questionário e de nosso interesse a respeito da atuação do pedagogo em diferentes espaços, definimos como objeto de investigação a participação do pedagogo na formação de mediadores em museus e centros culturais da cidade do Rio de Janeiro.
A formação em Pedagogia habilita para o exercício em diferentes áreas em que ocorrem processos de educação formal e não formal. Entretanto, historicamente, o curso de Pedagogia tem sido voltado para os espaços formais de educação, as escolas. Sobre esse aspecto, Souza (2016, p. 17) afirma que “o egresso do curso de Pedagogia está habilitado a exercer a docência em espaços escolares e não escolares, porém há ainda imprecisões quanto a sua formação e possibilidades de atuação”.
Para alguns estudiosos do campo, duas questões apresentam-se de forma pungente ao dificultar a atuação do pedagogo em diferentes espaços: a formação acadêmica e a falta de caracterização do espaço de trabalho (QUINTEROS, 2012, p. 109, apud SOUZA, 2016, p. 35). A formação não apresenta as diferentes possibilidades de atuação do pedagogo no mercado de trabalho, fazendo com que o profissional, muitas vezes, restrinja sua prática aos espaços de educação formal.
Nesse sentido, Cazelli (2010, p. 4) destaca que as licenciaturas e os cursos de Pedagogia podem contribuir para a formação de um futuro profissional de educação em museus, bem como a discussão acerca da educação não formal pode promover a formação de professores que se apropriem em sua prática de distintos espaços, como museus e centros culturais, de forma diferenciada.
Pretendemos, portanto, através deste trabalho de pesquisa, explorar um dos diferentes campos de atuação do pedagogo em espaços de educação não formal – os museus e centros culturais –, tentando compreender como a formação em Pedagogia contribui nesse exercício. Como recorte de pesquisa, será investigada a relação do trabalho do pedagogo com a formação dos mediadores – profissionais fundamentais na realização das ações educativas junto aos diferentes públicos nas instituições culturais.
Referências:
1 – CARVALHO, Cristina et al. Ações Educativas em museus e centros culturais da cidade
do Rio de Janeiro. Relatório de Pesquisa. Rio de Janeiro, 2015.
2 – CAVALCANTE, Maria Marina Dias; FERREIRA, Eveline Andrade; CARNEIRO, Isabel Magda Said Pierre. A prática educacional do pedagogo em espaços formais e não formais. In: Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos., Brasília, v. 87, n. 216, p. 188-197, maio/ago. 2006.
3 – CAZELLI, Sibele; COSTA, Andréa Fernandes; MAHOMED, Carla. O que precisa ter um
futuro professor em seu curso de formação para vir a ser um profissional de educação em museus. In: Ensino Em Re-Vista, Uberlândia, v.17, n.2, p.579-595, jul./dez. 2010. Disponível
em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/emrevista/issue/view/599>.
4 – CURY, Marília Xavier. Educação em museus: panoramas, dilemas e algumas
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5 – MARANDINO, Martha (org.). Educação em museus: a mediação em foco. São Paulo, SP: Geenf/FEUSP, 2008, 36p.
6 – SOUZA, Renata do Nascimento de. O pedagogo e os espaços não escolares: a atuação nos museus. 2016. 121f. Dissertação (mestrado) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Educação, 2016.
7 – Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia (Resolução CNE/CP n.1/2006).