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SEXUALIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR.

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Academic year: 2021

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SEXUALIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR.

Cristiane de Castro Laranjeira Rochai Alana Priscila Lima de Oliveiraii

Jeane Cristina Rodrigues do Nascimentoiii

Eixo temático: Educação, Sexualidade e Direitos Humanos

Resumo: Este trabalho foi realizado por meio de palestras e oficinas pedagógicas abordando o tema sexualidade, nas escolas públicas municipais de ensino fundamental de São Miguel dos Campos como forma preventiva de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez, além de identificar as dúvidas frequentes no cotidiano destes alunos. Trabalhou-se o tema sexualidade de forma ampla e o processo de orientação sexual foi elaborado e organizado a partir de discussões teóricas sobre o tema na escola e saúde sexual (MAIA, 2004). Pela categorização das curiosidades do alunado adolescente, evidenciou-se a fisiologia como fonte de maiores dúvidas dos adolescentes seguidas das de prevenção/saúde e relacionamentos/práticas sexuais.

Palavras-chaves: Sexualidade, Prevenção, Contexto Escolar.

Abstract: This work was carried out through lectures and educational workshops addressing the theme of sexuality in the public schools of an elementary school in São Miguel dos Campos as a preventive of sexually transmitted diseases and pregnancy, and identify common concerns in the daily lives of these students. Worked up the topic of sexuality broadly and the process of sexual orientation was developed and organized from theoretical discussions on the subject at school and sexual health (MAIA, 2004). For the categorization of the curiosities of students teenager, there was the physiology as a source of major concerns of adolescents followed by prevention / health and relationships / sexual practices.

Keywords: Sexuality, Prevention, School Context.

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2 A Escola é o principal espaço organizado destinado à formação integral do ser humano e ela tem que procurar meios de abordar a sexualidade de maneira eficaz e positiva, enfocando o respeito do adolescente com seu próprio corpo e o dos outros, fornecendo informações para que o adolescente possa planejar uma vida sexual saudável, porém sexualidade e sexo são coisas diferentes.

Sexualidade é uma dimensão humana que vai além de sua determinação biológica, pois é, também, culturalmente determinada. As informações sobre ela trabalhadas na escola precisam envolver reflexões individuais e coletivas, contribuindo para que o educando possa viver bem a sua sexualidade (FIGUEIRÓ,2006).

ARATANGY (1998), fala que sexualidade se aprende sempre, em todo lugar, desde o nascimento até a morte. Em cada gesto de afeto e ternura dos pais, entre si e para com os filhos; em cada emoção vivida com intensidade; em cada vínculo em que a intimidade abre caminho e se faz presente. Pois cada uma dessas experiências nos molda, amadurece e enriquece e assim nos prepara para a aventura misteriosa e mágica que é o encontro amoroso.

Embora, na atualidade, os Parâmetros Curriculares Nacionais, PCN (BRASIL, 2000) prevejam a orientação sexual na escola, as iniciativas nesse sentido ainda são escassas e, as que existem, persistem priorizando os aspectos preventivos da saúde sexual, preocupando-se mais com a ausência de doenças e gravidez em detrimento da discussão sobre sexualidade no contexto social. O que falta aos jovens, como indica o estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) são espaços para conversarem e refletirem sobre as informações que recebem, sobre suas dúvidas e dificuldades.

Por outro lado, o professor/educador não foi e nem se sente preparado para atuar nessa área (JARDIM; BRETAS, 2006); durante a graduação, também não recebeu formação específica, por isso vários professores colocam que um dos desafios da atualidade é saber como conscientizar os jovens e não somente informá-los, pois a informação sozinha não muda comportamento (GONÇALVES, 2000). Mesmo assim é importante ter informações corretas do ponto de vista científico ou esclarecimento sobre as questões trazidas pelos alunos são fundamentais para seu bem-estar e tranquilidade, para uma maior consciência de seu próprio corpo, elevação de sua autoestima e, portanto, melhores condições de

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3 prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada e abuso sexual (BRASIL, 2000).

VITIELLO (2000) afirma que a educação sexual, no seu sentido mais amplo, deve ser sistemática e que só a família e a escola podem cumprir esse papel, atuando de maneira contínua e duradoura, desde que essa orientação seja exercida por pessoas com as quais os adolescentes se identificam, diminuindo comportamentos de risco.

Este trabalho apresentou como objetivo verificar a importância da realização de palestras e oficinas pedagógicas abordando o tema sexualidade nas escolas de educação básica, no ensino fundamental como forma preventiva de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez, além de conhecer as dúvidas frequentes no cotidiano destes alunos.

Metodologia

A pesquisa apresenta um caráter qualitativo e quantitativo, contou com a participação de 100 alunos do ensino fundamental das escolas públicas municipais da cidade de São Miguel dos Campos.

Inicialmente aconteceram as palestras que tinham a função de conversar com os alunos sobre o tema e a partir deste diálogo tirar dúvidas que surgiam. A palestrante anotou as perguntas que eram feitas para posterior análise. As palestras foram ministradas por uma professora de Ciências que integrava no Núcleo de Promoção da Saúde de São Miguel dos Campos (NUPS) e abordava a sexualidade e seus subtemas no período de transformação, passagem da infância para adolescência (mudanças no corpo, desejos, vulnerabilidade e prevenção).

Após as palestras e discussões do material apresentado, houve a aplicação de oficinas que mostravam de forma didática como utilizar corretamente o preservativo feminino e masculino, além de apresentação de filmes que abordavam a importância da prevenção desde a primeira relação sexual.

Após esta etapa, os participantes fizeram seus questionamentos e expressaram suas dúvidas e opiniões sobre o tema de forma oral, sendo esse material registrado pela palestrante.

As questões que surgiram foram respondidas e anotadas para posterior categorização e discussão. Os dados obtidos foram analisados quali e

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4 quantitativamente, sendo organizados em frequência e em categorias para a análise de conteúdo (BARDIN, 1977).

Ao final de cada palestra foi disponibilizado preservativo, fato que ocorria com a permissão da escola, aos alunos interessados.

Resultados e discussão

A categorização das questões nos mostrou quais as maiores curiosidades dos alunos que participaram da palestra.

Pelo método utilizado, obteve-se 31 questões; estas foram analisadas e, de acordo com seu conteúdo, distribuídas em 3 categorias: 1ª) Fisiologia 2ª) Prevenção e saúde; e 3ª) Relacionamento e prática sexual.

Figura 1. Distribuição da amostragem segundo a categoria de perguntas de adolescentes, alunos de Escola Pública Municipal de São Miguel dos Campos. Categorias: perguntas. Agrupamento das questões sobre sexualidade dos alunos por categorias.

A Escola tem um papel importantíssimo na Educação e Orientação Sexual, pois se nossos adolescentes não aprenderem em casa ou na Escola, onde aprenderão? Mas, como a Escola e Professores podem trabalhar esse tema? Uma das possibilidades é usar diálogos, palestras, oficinas e projetos.

O professor exerce um importante papel na sexualidade do adolescente, pois a orientação sexual não consiste apenas em informar sobre sexo. Significa também

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5 o contato entre as pessoas, a transmissão de valores, atitudes e comportamentos. Os professores, mesmo sem perceber, transmitem valores com relação à sexualidade no seu cotidiano, inclusive na forma de responder ou não às questões mais simples trazidas pelos alunos (BRASIL, 2000).

Perguntas envolvendo aspectos biológicos como: Menino tem útero?, Masturbar é errado? Faz mal?, Por que menino não menstrua?, É normal não controlar a “gala” ejaculação?, Por que quando o menino sente desejo sua pinta (pênis) fica dura?, Por que a pinta (pênis) fica dura?, Meninas ejaculam?, Por que os seios das meninas crescem?, Por que a voz dos meninos muda?, O que é gozar? E só homem tem orgasmo? Foram relacionadas à categoria Fisiologia.

Na categoria prevenção e saúde as que diziam respeito às doenças sexualmente transmissíveis: como transmitir, pegar, combater e evitar uma DST, além de: Só vai ao médico (ginecologista) quem já fez sexo?, O teste de farmácia é seguro?, Comprimido (pílula) evita DST?, Se os dois usarem camisinha é mais seguro?, Eu posso usar a camisinha mais de uma vez?, Saco de flau serve como camisinha?, AIDS pega no beijo?, Até quando posso tomar a pílula do dia seguinte?, A pílula do dia seguinte faz mal? E se eu me enxugar com a tolha do meu pai, irmão ou namorado, posso engravidar?

E, por último, foram categorizadas como questões sobre Relacionamento e prática sexual, aquelas dúvidas que vão de indagações como: Se eu fizer sexo menstruada posso engravidar?, Meninas se masturbam? como?, A primeira vez engravida?, “Sabão” engravida?, Sexo anal dói?, Menina pode namorar menina?, Como dois meninos namoram?, Sexo oral engravida?, Sexo anal engravida? até, Engolir gala (sêmen) faz mal?

Das dúvidas coletadas, o maior grupo de questões concentrou-se na categoria fisiologia, com 11 indagações. Este dado ressalta o interesse dos adolescentes pelas mudanças físicas do corpo sexuado. Contudo as perguntas pertencentes á categoria prevenção e saúde e Relacionamento e prática sexual, tiveram cada uma 10 indagações, o que caracteriza que este grupo de adolescentes também se preocupa de forma ampla com todas as vertentes da sexualidade. Outro ponto que se evidencia é referente às relações homossexuais, o que se pode ou não e como acontece.

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6 Também foi observado que uma grande quantidade de participantes não expuseram suas dúvidas, talvez por vergonha de externá-las ou até mesmo falta de conhecimento. Considerando esse fato, uma possibilidade para uma maior participação poderia ser utilizar um método em que os alunos não se identificassem na hora das indagações serem realizadas, alternativa para um próximo estudo.

Durante a palestra foi possível perceber que mesmo em uma população homogênea quanto ao ambiente de desenvolvimento, ao espaço escolar e a idade, convivem adolescentes que demonstram total desinformação sobre sexo e sexualidade e, outros, com bastante conhecimento, fato que já foi estudado por outros estudos como os de Figueiró (2006), Maia (2004) e Ribeiro (1990).

ZORNIG (2008) fala da adultização de crianças e pré-adolescentes e o contato precoce com a sexualidade, no que se refere ao sexo. Isso corrobora para a importância da escola oferecer aos seus alunos educação e orientação sexual ampla e contextualizada. Contudo, precisa-se capacitar os educadores para trabalhar um tema tão importante para a formação e desenvolvimento de nossos alunos.

Conclusões

A abordagem do tema no contexto escolar teve uma dimensão ampla e contextualizada da sexualidade, respeitando as questões sociais e culturais de cada aluno. Estas palestras e oficinas foram realizadas com os conteúdos previamente solicitados pela escola de acordo com as necessidades observadas pelos professores.

A Escola e o Educador devem estar preparados para trabalhar esse tema e investir em sua capacitação com estudos teóricos e tendo conhecimento de si próprio e como diz CABRAL (1995); as práticas amorosas e sexuais também se expressam, sendo produtoras e produtos da história e da cultura.

Os alunos nesse período de adolescência se mostram carentes de informações, principalmente no que diz respeito ao seu corpo, pois nessa fase as mudanças são evidentes e acontecem muito rapidamente. Como muitas vezes eles não têm abertura para conversar sobre sexualidade com seus pais ou responsáveis torna-se imprescindível que a escola realize ações que promovam esse momento de conversa franca e aberta sobre os temas que estão despertando sua curiosidade no momento, mesmo porque é questão de saúde pública e educação também. Quanto

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7 mais informados, existe menos risco dos jovens contraírem doenças ou engravidarem em um momento inadequado, precisando muitas vezes abandonar os estudos perdendo assim a chance de concluir seus estudos e ter um futuro promissor, ou seja, diminuindo a vulnerabilidade ao qual estão expostos.

Referências

ARATANGY, Lídia R. Sexualidade: A difícil arte do encontro. 5 ed. São Paulo: Ática, 1998.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural e orientação sexual. Brasília: MEC/SEF, 2000.

CABRAL, Juçara Teresinha. A sexualidade no mundo ocidental. Campinas: Papirus, 1995.

FIGUEIRÓ, M. N. D. Formação de educadores sexuais: adiar não é mais possível. Londrina: EDUEL, 2006.

GONÇALVES, Elisabeth Maria Vieira et al. Fala Educadora! Fala Educador! São Paulo: Laboratório Organon, 2000.

JARDIM, D.P.; BRETAS, J.R.S. Orientação sexual na escola: a concepção dos professores de Jandira - SP. Rev. bras. enferm. [online]. 2006, vol.59, n.2, pp. 157-162. ISSN 0034-7167.

MAIA, A.C.B. Orientação sexual na escola. In: RIBEIRO, P.R.M. Sexualidade e educação: Aproximações necessárias. São Paulo: Arte & Ciência, 2004,.153-179. RIBEIRO, P.R.M. Educação sexual além da informação. São Paulo: EPU, 1990. VITIELLO, N. Sexualidade: quem educa o educador: um manual para jovens e educadores. 2 ed. São Paulo; Iglu, 2000.

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8 ZORNIG, Silvia Maria Abu-Jamra. As teorias sexuais infantis na atualidade: algumas reflexões. Psicol. estud. [online]. 2008, vol.13, n.1, pp. 73-77. ISSN 1413-7372. ________. Sexualidade e Orientação Sexual. Nova Escola, setembro 2010.

i Graduada em Química pela Universidade Federal de Alagoas (2002). Mestra em Química Orgânica e

Biotecnologia pela Universidade Federal de Alagoas (2005). Especialista em Gestão e Organização Escolar (2007) pela Universidade do Norte do Paraná. Professora da rede privada e Estadual lotada

na 2ª Coordenadoria Regional de Educação. Email: cclrocha@hotmail.com

ii Graduada em Biologia pela Universidade Federal de Alagoas (2004). Especialista em

Psicopedagogia Institucional (2007) pela Universidade Castelo Branco. Aluna regular do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade Federal de Alagoas. Professora da rede Estadual lotada na 2ª Coordenadoria Regional de Educação. Email:

lanapry4@gmail.com

iii

Graduada em Letras pela Universidade Estadual de Alagoas (2003). Especialista em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira (2006) pela Universidade Cidade de São Paulo e em Gestão Educacional pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais de Maceió (2008). Professora da rede Privada e Estadual lotada na 2ª Coordenadoria Regional de Educação. Email:

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