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Arq. NeuroPsiquiatr. vol.39 número3

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Academic year: 2018

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A N Á L I S E S D E L I V R O S

KURU — EARLY L E T T E R S AND F I E L D - N O T E S F R O M T H E COLLECTION O F D.

CARLETON GAJDUSEK. JUDITH FARQUAR & D. CARLETON GAJDUSEK, editores. Um volume encadernado (26 χ 19 cm) com 338 páginas e 66 figuras. Raven P r e s s , New York, 1981. P r e ç o : US$ 45,00.

O Kuru, doença fatal do sistema nervoso central (SNC), foi descoberto n a década de 50 e ocorria em proporções epidêmicas e n t r e nativos da Nova Guiné. Rapidamente

o interesse por essa e s t r a n h a moléstia, a t u a l m e n t e quase em extinção, e x t r a p o l a r i a as fronteiras da Papua-Nova Guiné, movimentando pesquisadores em vários países. A

descoberta da etiologia viral do K u r u foi a p r i m e i r a indicação de que doenças crônicas

não inflamatórias do SNC poderiam ser infecciosas. Pelo seu t r a b a l h o em biologia do K u r u e outras doenças virais lentas, D. Carleton Gajdusek foi laureado com o P r ê m i o

Nobel de Medicina em 1976, vinte anos após t e r iniciado u m a d a s m a i s fascinantes investigações da história da Medicina.

E s t e livro refere-se ao primeiro ano de investigações sobre o K u r u e consta de cartas e anotações pessoais de D. Carleton Gajdusek, d u r a n t e o período de dezembro

de 1956 a janeiro de 1958. Devido às condições peculiares em que Gajdusek se encon-trava, de quase isolamento na selva, afastado de qualquer meio científico, t o d a

elabo-ração da pesquisa e discussão crítica com seus colegas americanos e a u s t r a l i a n o s foi feita por meio de cartas. Dessa forma, o material coletado neste livro oferece u m a

oportunidade r a r a de observação do pensamento científico frente a u m a nova entidade

clínica. !

D u r a n t e os primeiros meses, as investigações clínica e laboratorial, incluindo

autópsias, foram feitas com a esperança de encontrar u m a g e n t e infeccioso.

Inocula-ções em camundongos, ratos, cobaias, embriões de galinhas e c u l t u r a s de tecidos não

produziram resultados positivos. Além disso, a ausência de febre, de pleocitose ou

hiperproteinorraquia no líquido cefalorraqueano em q u a l q u e r estágio d a doença e exame

neuropatológico sem qualquer alteração inflamatória e exame neuropatológico sem

qualquer alteração inflamatória t o r n a r a m b a s t a n t e improvável q u a l q u e r etiologia infec-ciosa. Assim, a idéia de que se t r a t a v a de u m a doença neurológica crônica

degenera-tiva, provavelmente heredofamiliar, foi-se t o r n a n d o a hipótese mais viável, à m e d i d a

em que era excluída a participação de q u a l q u e r elemento tóxico. A hipótese infecciosa

ganhou novo impulso em 1959 quando Hadlow observou correlação clínica e patológica

entre o K u r u e o "scrapie", uma doença de carneiros provocada por um v í r u s lento.

D u r a n t e o período a que se refere o livro, foi realizado principalmente u m t r a b a l h o epidemiológico de delimitação d a á r e a afetada pela doença e de determinação d a sua

prevalência, assim como um estudo comparativo exaustivo, entre as tribos afetadas pelo

K u r u e as não afetadas, de toda alimentação, solo, t i n t u r a s , insetos e aves da região.

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356 ARQ. NEURO-PSIQUIATRIA (SÃO PAULO) VOL. 39, Ν º 3, SETEMBRO, 1981

acesso e n u n c a a n t e s explorados por europeus. E n t r a r em contacto com essas tribos

primitivas que falavam línguas diferentes entre si, obter suas histórias, examiná-las, colher a m o s t r a s de s a n g u e e urina, eram tarefas n a maioria das vezes arriscadas que

consumiam horas, exigindo paciência e determinação. E s t a s expedições estão bem do-c u m e n t a d a s nas anotações pessoais de Gajdusek sobre suas observações e experiêndo-cias

em algumas dessas p a t r u l h a s . Mais do que r e l a t a r u m a investigação médico-científica,

estas c a r t a s revelam as condições precárias em que foi realizada e evidenciam os pro-blemas de t e r r i t o r i a l i d a d e nacional e competição profissional que frequentemente, afetam

o curso de u m a pesquisa científica.

A l e i t u r a do livro interessa aos estudiosos das viroses lentas e, principalmente, a

todos aqueles que, de u m a m a n e i r a ou de o u t r a , estão envolvidos com pesquisa médica.

CARMEN CHAIB MION

THE PREFRONTAL CORTEX — ANATOMY, PHYSIOLOGY AND NEUROPSYCHO-LOGY OF THE FRONTAL LOBE. JOAQUIM Μ . FURSTER. Um volume

encader-nado (24 χ 16 cm), com 222 páginas e 16 figuras. Raven P r e s s . New York, 1980. P r e ç o : US$ 40,00.

O a u t o r faz revisão atualizada e praticamente completa sobre o cortex pré-frontal. Descreve de m a n e i r a sintética, embora detalhada, a anatomia, a filogenia, a ontogenia,

a citoarquitetura, as conexões, as propriedades eletrofisiológicas e as funções do córtex pré-frontal. São t a m b é m considerados os efeitos das lesões pré-frontais em animais e no homem, p a r t i c u l a r m e n t e , as desordens r e s u l t a n t e s que ocorrem na esfera cognitiva, da linguagem e emocional.

A m a t é r i a é d i s t r i b u í d a em sete capítulos. O último deles é utilizado p a r a resumir

o conteúdo dos demais. É de p a r t i c u l a r interesse a leitura do sexto capítulo, em que

o a u t o r delineia teoria sobre a importância do cortex pré-frontal na integração

tempo-r a l do compotempo-rtamento. A teotempo-ria é considetempo-rada pelo ptempo-róptempo-rio a u t o tempo-r como um vetempo-rdadeitempo-ro

convite a futuras pesquisas sobre o assunto. De fato, o cortex pré-frontal é abordado

como essencial à sintese de atos cognitivos e motores em sequências com determinado

objetivo. E s s a função seria alcançada mediante o s u p o r t e de três funções de apoio:

a primeira, antecipatória, que g a r a n t e a escolha p r e p a r a t ó r i a dos sistemas sensitivos

e m o t o r e s ; a segunda, retrospectiva, de memória de s u p o r t e ; a terceira, supressiva de

influência e x t e r n a s e i n t e r n a s que possam vir a interferir na formação das estruturas

dinâmicas comportamentais.

E x t e n s a l i t e r a t u r a (712 t r a b a l h o s ) é analisada, sendo separados os fatos do que podem ser considerados como especulação, e estabelecendo princípios em que baseia

s u a s teorias s o b r e a função do cortex pré-frontal. O compêndio é importante para

anatomistas, neurofisiologistas, neurologistas e psiquiatras. índice remissivo final facilita

as consultas.

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THE ENDOCRINE FUNCTION OF THE BRAN. Μ ARCELLA MOTTA, editora. U m volume (24 χ 16 cm) com 478 páginas. 76 figuras e 13 tabelas. Raven P r e s s , New

York, 1981. P r e ç o : US$ 58.00.

Este volume, p a r t e de uma série sob o nome de Comprehensive Endocrinology,

explora com detalhes a função endócrina do sistema nervoso central enfatizando meca-nismos reguladores, fornecendo informações com respeito a seus aspectos anatômicos

e eletrofisiológicos. Em t r ê s dos capítulos são feitas considerações sobre hormônios

esteróides, sua distribuição, localização, bioquímica, degradação, t r a n s p o r t e , liberação

e respectivos mecanismos de ação, bem como referências a seus alvos de ação. Um

interessante capítulo dedica-se exclusivamente ao papel dos hormônios no

desenvolvi-mento cerebral e, outro, à distribuição dos hormônios hipotalâmicos, controle d a n e u r o ¬ hipófise e o papel das neurofisinas no mesmo, com descrição d e t a l h a d a de diversos

experimentos. A localização dos peptídeos ativos no cérebro, incluindo aqeles com

atividade semelhante aos opiáceos (leucina e endorfinas) é revisto com detalhe, incluindo

as propriedades de seus receptores, su a distribuição regional e seu papel n a regulação

neuroendócrina. Vários relatos são feitos quanto à ação do sistema dopaminérgico

túbero-infun dibular e sua especificidade no controle da secreção de prolatcina e t a m b é m das interações do sistema com os hormônios esteróides sexuais.

Outros tópicos são dedicados à demonstração d a participação de centros e x t r a h i p o ¬ talâmicos nos processos endócrinos, como a participação amigdaliana no controle de

gonodotropina e também a interação dos neurotransmissores centrais com células

sensí-veis à ação hormonal ou células secretoras. Referências são feitas ao sistema tonina¬ _angiotensina I I que provavelmente ocupa u m g r a n d e l u g a r no controle do balanço

hídrico e pressão, sumariando os conhecimentos a t u a i s concernentes à formação de angiotensina I I no cérebro e evidenciando s u a importância n a regulação fisiológica.

Um capítulo dedica-se exclusivamente à glândula pineal e melatonina, sendo discuti-dos aspectos clínicos, bioquímicos, de secreção, relacionadiscuti-dos ao ritmo circadiano e sua

regulação, papel na reprodução e receptores, sendo enfatizada a imnortância de serem alcançados maiores conhecimentos sobre a pineal humana.

Assim, este livro atualiza conhecimentos sobre o "cérebro endócrino" e enfatiza os "locus ainda obscuros". Ele é útil não somente a neurologistas, endocrinologistas e

fisiologistas mas, também, a interessados em pesquisas em neuroendocrinologia. O livro

possui um index remissivo minucioso facilitando o t r a b a l h o dos leitores e t a m b é m uma

rica referência bibliográfica, que acompanha cada capítulo.

MARIA DE FÁTIMA F. CALDAS

NEUROBIOLOGY OF CEREBROSPINAL FLUID-1. J. Η . WOOD, editor. Um volume (18,5 χ 26) encadernado com 768 páginas, 348 figuras e 124 tabelas. P l e n u m P r e s s , New York. 1980.

Decididamente 1980 foi ι m dos anos mais promissores ao estudo do líquido cefalor¬

raqueano (LCR). Este livro, o primeiro de u m a série de três, p r o g r a m a d o s , r e u n e j u n

-tamente com o editor, 90 especialistas escrevendo sobre diversos aspectos a t u a i s do NEUROBIOLOGY OF CEREBROSPINAL FLUID-1. J. H. WOOD, editor. Urn volume

(18,5 x 26) encadernado com 768 páginas, 348 figuras e 124 tabelas. P l e n u m P r e s s , New York. 19SU.

Decididamente 1980 foi ι m dos anos mais promissores ao estudo do líquido cefalor¬

raqueano (LCR). Este livro, o primeiro de u m a série de três, p r o g r a m a d o s , r e u n e j u n

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358 ARQ- NEURO-PSIQUIATRIA (SÃO PAULO) VOL. 39, Nº 3, SETEMBRO, 1981

LCR, sendo 83 americanos, dois alemães, dois japoneses, um sueco e um escocês. Apesar

do g r a n d e n ú m er o de participantes a b r a n g e n d o diferentes linhas de pesquisa, o livro é

um b a n q u e t e p a r a aqueles que se dedicam ao estudo do LCR.

São 48 capítulos com extensa revisão bibliográfica ao fim de cada um deles. Todos

são de e x t r e m a utilidade p a r a os estudiosos das neurociências. Salientam-se o capítulo

u m sobre fisiologia, farmacologia e dinâmica do LCR escrito pelo próprio editor;

capí-tulo 4, sobre aspectos neuroquímicos de b a r r e i r a hemato-LCR; capícapí-tulo 30, sobre

dinâ-mica do sistema LCR definido pela tomografia axial computorizada; capítulo 33, sobre

penetração de agentes antimicrobianos no LCR-farmacocinética e aspectos clínicos;

capí-tulo 39, sobre farmacologia de agentes anti-neoplásicos no LCR. Outros são relacionados

com neuroimunologia, como o capítulo 33 sobre fisipatologia das imunoglobulinas do

LCR, o capítulo 36 sobre subpopulações de linfócitos no LCR e capítulo 34 sobre

pro-t e í n a básica mielina do LCR, um index de desmielinização. Oupro-tros espro-tudos igualmenpro-te

i m p o r t a n t e s sobre LCR t a m b é m são abordados, como os capítulos: 42 sobre hormônios

esteróides; 44, sobre o significado e função dos neuropeptídios; 45, sobre endorfinas;

47, sobre o estudo dos neurotransmissores. E x i s t e também uma p a r t e específica

dedi-cada aos avanços do LCR em certas afecções neurológicas, como a esclerose múltipla,

moléstia de P a r k i n s o n , coréia de H u n t i n g t o n e doenças cerebrovasculares.

P o r t o d a essa enumeração e o g r a n d e número de referências, este livro é de

g r a n d e utilidade não só p a r a os estudiosos do LCR, como também p a r a todos aqueles

q u e se dedicam ao estudo das neurociências, devendo ser componente obrigatório de

u m a biblioteca de q u a l q u e r serviço de Neurologia.

Referências

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