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Prof. Henrique Santillo

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Academic year: 2022

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Aula 03 – Lei nº 7.492/1986 (Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional).

Legislação Penal Extravagante p/ Escrivão e Investigador

da PC BA

(2)

Sumário

CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO (LEI Nº 7492/86). 3

INTRODUÇÃO 4

SUJEITO ATIVO 7

CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 9

Fabricação não autorizada de papel representativo de valor mobiliário (art. 2º) 9

Divulgação de informação falsa ou prejudicialmente incompleta (art. 3º) 9

Gestão fraudulenta (art. 4º, caput) 10

Gestão temerária (art. 4º, parágrafo único) 11

Falsidade ideológica em demonstrativos contábeis (art. 10) 13

Contabilidade paralela (art. 11) 13

Operação sem autorização (art. 16) 14

Empréstimo ou adiantamento vedados (art. 17) 14

Fraude na obtenção de financiamento (art. 19) 16

Evasão de divisas (art. 22) 17

Outros crimes 19

QUESTÕES RELATIVAS À PENA E AO PROCESSO CRIMINAL 21

Competência 21

Prisão Preventiva 24

Delação Premiada 25

Inafiançabilidade e recolhimento à prisão para apelar 26

Multa 27

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 28

LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS 40

GABARITO 43

RESUMO DIRECIONADO 44

LEI DO COLARINHO BRANCO (LEI Nº 7.492/86) 53

(3)

Lei nº 7.492/1986 (Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional).

Bom dia, boa tarde, boa noite!

Como vai?

O tema da nossa aula de hoje será:

Dentre os tópicos exigidos pelo último edital do seu concurso, a Lei nº 7.492/86 está dentro do pacote dos que possuem menor incidência nas provas da VUNESP!

No entanto, como o edital ainda não foi lançado, recomendo que você a estude!

Queremos tudo, menos perder uma questão na prova por “ter deixado para trás” alguma aula!

Para a sua felicidade, a banca do seu concurso elegeu alguns tópicos preferidos:

Vem comigo!

Lei nº 7.492/86, carinhosamente conhecida como Lei dos Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional ou Lei do Colarinho Branco

O que é mais cobrado pela VUNESP?

Crime de Gestão Fraudulenta

Crime de Gestão Temerária

Questões Processuais

(4)

Introdução

Antes de iniciarmos a nossa aula, quero que você leia o que diz a nossa Constituição Federal sobre o Sistema Financeiro Nacional:

Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.

Mas professor, do que é composto exatamente o sistema financeiro nacional?

O Sistema Financeiro Nacional é formado pelo conjunto de órgãos que regulamenta, fiscaliza e executa operações necessárias à circulação da moeda e do crédito na economia.

De modo simplificado, os órgãos do SFN realizam a ligação entre os sujeitos deficitários (que precisam de recursos financeiros emprestados) e os superavitários (que possuem recursos financeiros para emprestar),

Percebe a importância do SFN para a economia brasileira?

Imagine que Rodrigo queira empreender e abrir uma empresa inovadora na área da sustentabilidade. Como precisa de recursos, ele recorre a um banco, o qual possui recursos de outras pessoas lá depositados (como no caso da famosa poupança!). É exatamente dessa forma que a economia nacional se desenvolve

(pegando “emprestado” de uns para que outros possam realizar investimentos e fazer o dinheiro “circular”).

Contudo, em meados da década de 80, diversos escândalos envolvendo órgãos do sistema financeiro nacional foram revelados pela mídia. Um caso bastante emblemático ocorreu no âmbito da Caixa Econômica do Estado de São Paulo em 1983, ocasião em que recursos aplicados em cadernetas de poupança - que deveriam ser destinados ao ramo da construção civil - foram utilizados pelos governantes à época para cobrir rombos de outras instituições. Não bastasse isso, em uma outra oportunidade foi apurado que o presidente do banco à época

cobrava “comissões” para liberar financiamentos1

...

Nesse contexto, foi editada em 1986 a chamada Lei do Colarinho Branco (Lei nº 7.492/86) como uma resposta contra os escândalos que assolavam o mercado financeiro e econômico no início da década de 1980, tipificando condutas consideradas lesivas ao Sistema Financeiro Nacional

– bem jurídico protegido por ela

protegido.

Tendo essas noções introdutórias em mente, preste muita atenção:

1 Caso tenha tempo, leia a reportagem em:

(5)

De forma geral, os crimes previstos na Lei nº 7.492/86 descrevem condutas praticadas no âmbito do SFN, mais especificamente envolvendo as instituições financeiras!

Meu Deus! O que é uma instituição financeira?

Para fins de aplicação da Lei nº 7.492/86, devemos levar em conta a definição dada pelo seu art. 1º:

Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, OU a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários.

Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:

I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros;

II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de forma eventual.

Opa! Ao ler o dispositivo acima, você deve ter percebido que temos duas espécies de instituição de financeira:

Instituição Financeira em Sentido Estrito

É a pessoa jurídica de direito público ou privado que realiza:

→ a captação (depósitos bancários), intermediação (empréstimos) ou aplicação (compra de títulos no mercado de ações) de recursos financeiros de terceiros.

Exemplos: Banco do Brasil, Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), bancos privados, cooperativas de crédito etc.

OU

→ a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários.

De forma simplificada, valores mobiliários são os títulos emitidos e negociados no mercado de capitais (bolsa de valores ou mercado de balcão). Ex. ações, debêntures.

ATENÇÃO! Perceba que as corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários

também são consideradas instituições financeiras para fins de aplicação da Lei nº

7.492/86.

(6)

Instituição Financeira Por Equiparação

Temos duas figuras equiparadas à instituição financeira:

Pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros.

Perceba que a Lei nº 7.492/86 foi muito abrangente ao incluir qualquer pessoa jurídica que trabalhe com recursos financeiros de terceiros. Exemplo: é considerada instituição financeira até mesmo uma agência de turismo que realiza operação de câmbio, trocando determinada quantia cotada em reais pela moeda do país a ser visitado pelo cliente!

Pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas no art. 1º da Lei 7.492/86, ainda que de forma eventual.

São as pessoas físicas que realizam ilegalmente quaisquer das atividades que vimos nos itens anteriores.

Sim, isso mesmo: as atividades como operações de câmbio e de capitalização, por exemplo, só podem ser desenvolvidas licitamente por pessoas jurídicas!

Ex: é o caso do doleiro, que realiza operações com moedas estrangeiras, (na maior parte das vezes

o dólar) evadindo-se da fiscalização e do controle do Banco Central.

Quero que você perceba algo: a Lei nº 7.492/86 não tutela as instituições financeiras que operam com recursos próprios.

Instituição Financeira em SENTIDO ESTRITO

PJ que realiza a captação, intermediação ou aplicação

de recursos financeiros de terceiros

PJ que realiza a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação

ou administração de valores mobiliários.

Instituição Financeira POR EQUIPARAÇÃO

PJ que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio,

capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros.

Pessoa NATURAL que

exerça quaisquer das atividades próprias de instituição financeira, ainda

que de forma eventual.

(7)

Sujeito Ativo

Alguns dos crimes cometidos contra o Sistema Financeiro Nacional são classificados pela doutrina como crimes societários ou de gabinetes, que são aqueles praticados por representantes (administradores, diretores, ou quaisquer outros membros integrantes de órgão diretivo, podendo ou não ser sócios) da instituição financeira. Daí

a nomenclatura “crimes de colarinho branco”.

Eu disse alguns por um simples motivo: nem todos os crimes da Lei nº 7.492/86 são próprios, pois temos também alguns crimes comuns, que não exigem uma qualidade especial do sujeito ativo (controladores, administradores, diretores, gerentes, interventores, liquidantes, síndicos).

Um exemplo é o crime do art. 3º, em que uma jornalista, visando causar danos ao Banco X, dolosamente divulga informação falsa sobre a instituição financeira X, dizendo que ela está à beira da falência e provocando pânico geral entre os correntistas e investidores:

Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Veja o que diz a referida lei sobre a responsabilização penal de alguns sujeitos específicos:

Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).

§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liqüidante ou o síndico2.

Professor, o simples fato de ostentarem a qualidade de administrador, controlador etc. é suficiente para caracterizar a responsabilização penal do agente por crime contra o Sistema Financeiro Nacional?

JAMAIS! É preciso a demonstração de dolo desses agentes para que sejam condenados pelos crimes da Lei nº 7.492/86!

Uma coisa precisa ficar clara: não existe, em nosso sistema, a responsabilização penal objetiva, que é aquela que independe da verificação de dolo ou culpa!

2 Interventor é o administrador da instituição financeira em caso de decretação de intervenção

Liquidante é o encarregado da liquidação extrajudicial (espécie de dissolução das instituições financeiras), que também exerce funções administrativas.

Síndico – atualmente é denominado administrador judicial – é o encarregado da massa falida em caso de falência.

(8)

Sendo assim, é necessário que o MPF descreva exatamente qual foi a participação da pessoa na prática do crime contra o sistema financeiro, não bastando a alegação de que ostentam a qualidade de um desses sujeitos que acabamos de ver!

PERSECUÇÃO PENAL DOS DELITOS CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO – PEÇA ACUSATÓRIA QUE NÃO DESCREVE, QUANTO AO ADMINISTRADOR DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, QUALQUER CONDUTA ESPECÍFICA QUE O VINCULE AO EVENTO DELITUOSO – INÉPCIA DA DENÚNCIA. - A mera invocação da condição de diretor em instituição financeira, sem a correspondente e objetiva descrição de determinado comportamento típico que o vincule ao resultado criminoso, não constitui fator suficiente apto a legitimar a formulação da acusação estatal ou a autorizar a prolação de decreto judicial condenatório. A circunstância objetiva de alguém meramente exercer cargo de direção em instituição financeira não se revela suficiente, só por si , para autorizar qualquer presunção de culpa (inexistente em nosso sistema jurídico-penal) e, menos ainda, para justificar, como efeito derivado dessa particular qualificação formal, a correspondente persecução criminal em juízo. (STF HC 83.947/AM, Ministro Celso de Melo, 07/08/2007)

Questão da VUNESP:

(VUNESP

– COREN/SP – 2013 - Adaptada) De acordo com a Lei n.º 7.492, de 16 de junho de 1986,

julgue o item abaixo.

Para fins de responsabilidade penal, equiparam-se aos administradores de instituição financeira o interventor, o liquidante, o síndico, os diretores e os sócios da pessoa jurídica.

RESOLUÇÃO:

São administradores equiparados da instituição financeira apenas o interventor, o liquidante e o

síndico:

Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).

§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liqüidante ou o síndico.

Item incorreto.

Vamos resolver uma questão?

(CESPE – CEF – 2006) Acerca dos crimes contra a administração pública, dos crimes contra o sistema financeiro nacional e dos crimes de lavagem de dinheiro, julgue o item a seguir.

Todos os crimes contra o sistema financeiro nacional são próprios, uma vez que somente podem ser

praticados pelo controlador e pelos administradores da instituição financeira, ou seja, diretores e

gerentes.

(9)

O que vimos há pouco?

Que nem todos os crimes da Lei nº 7492/86 são próprios, pois temos alguns que podem ser cometidos por qualquer pessoa

– como o crime de divulgação falsa ou incompleta prejudicial à

instituição financeira!

Item incorreto.

Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional

A banca VUNESP não tem o costume de cobrar todos os crimes em espécie da Lei do Colarinho Branco (o que é uma pena, pois é a parte mais interessante da lei em estudo).

Assim, vamos realizar uma rápida análise dos crimes mais importantes e que possuem alguma chance de serem cobrados na sua prova, ok?

Fabricação não autorizada de papel representativo de valor mobiliário (art. 2º)

É definida como crime a conduta consistente em criar e/ou circular de forma ilegal qualquer documento que representa um título ou valor mobiliário:

Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou valor mobiliário:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo.

O documento que comprova a propriedade da ação de uma Sociedade Anônima é chamado de ‘certificado’.

Assim, comete o crime do caput do art. 2º aquele que

imprime um certificado falso e o coloca em circulação; já o agente que faz propaganda do certificado falso comete o crime do parágrafo único!

Divulgação de informação falsa ou prejudicialmente incompleta (art. 3º)

Vamos dar uma conferida no crime que pune a conduta daquele que dá publicidade a uma informação falsa ou incompleta sobre uma instituição financeira?

Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

A conduta descrita no art. 3º pode abalar a confiança no sistema financeiro!

(10)

Imagina só se ocorrer a divulgação de uma informação mentirosa sobre a saúde da instituição financeira, mencionando que ela está iniciando um processo de falência... Isso pode fazer com que os correntistas corram à instituição para sacar os valores depositados, ocasionando prejuízo a ela e um verdadeiro colapso no sistema financeiro e econômico como um todo!

Por outro lado, se a informação for verdadeira e completa, não haverá configuração do crime - ainda que prejudique a instituição financeira!

Questãozinha antiga, mas muito interessante:

(CESPE

– Polícia Federal – 2004)

Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.

Situação hipotética: Sabrina recebeu, de fonte anônima, um e-mail indicando que um determinado banco privado estava prestes a falir e que as pessoas que não retirassem seu dinheiro imediatamente correriam o risco de sofrer sérios prejuízos. Temendo que fosse verdadeira a notícia, ela reenviou essa mensagem a todos os seus contatos. Porém, foi logo demonstrado que a informação era absolutamente falsa. Assertiva: Nessa situação, Sabrina cometeu o crime de divulgação de informação falsa sobre instituição financeira.

RESOLUÇÃO:

Lembre sempre disto: só haverá crime na modalidade culposa se houver expressa previsão legal.

Será que este é o caso do crime do art. 3º?

NÃO! Confere aí:

Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Assim, muito embora Sabrina tenha agido com imprudência ao reenviar e ajudar a divulgar a fake News sobre a instituição financeira (sem nem ao menos ter checado a sua veracidade), a conduta por ela praticada é atípica na seara criminal.

Portanto, o item está correto - Sabrina precisaria ter agido com dolo.

Gestão fraudulenta (art. 4º, caput)

O sujeito que administra a instituição financeira, cometendo atos fraudulentos com potencial para causar engano e prejuízos a sócios, empregados, clientes, investidores e aos órgãos de fiscalização, comete o crime do art.

4º:

Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:

Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.

(11)

Estamos diante de um crime próprio, pois exige uma condição especial do sujeito ativo – que ele ostente alguma das qualidades especiais do art. 25.

É o caso do administrador que simula operações para mascarar resultados financeiros; que “maquia” os balanços para enganar investidores e/ou autoridades encarregadas de fiscalizar o mercado.

Para o STJ, a prática de um ato fraudulento já configura o crime do art. 4º:

(...) 2. A conduta típica está caracterizada no fato de o autor do crime, que é quem detém a função de comando, controle ou de direção de instituição financeira, ter, supostamente, procedido a uma série de empréstimos irregulares, de forma reiterada e habitual, contando com a participação de diversas pessoas, dentre elas o paciente, para prestarem falsas garantias, ocasionando prejuízo à instituição financeira. Assim, a provável participação do paciente pode caracterizar conduta acessória, que se agrega à ação principal do autor, sendo perfeitamente admissível sua presença no pólo passivo da ação penal como co-réu. 3. O crime de gestão fraudulenta, consoante a doutrina, pode ser visto como crime habitual impróprio, em que uma só ação tem relevância para configurar o tipo, ainda que a sua reiteração não configure pluralidade de crimes.

STJ - HC: 39908 PR 2004/0168413-8, Relator: Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, Data de Julgamento: 06/12/2005.

Questão para você testar seus conhecimentos:

(CESPE – AGU – 2010 - Adaptada) Acerca dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e contra a organização do trabalho, julgue o seguinte item.

O crime de gestão fraudulenta possui como elemento subjetivo apenas o dolo, não havendo a forma culposa.

RESOLUÇÃO:

Mais uma vez: só haverá crime na modalidade culposa se houver expressa previsão legal, o que não é o caso do crime de gestão fraudulenta!

A fraude, por si só, já evidencia o dolo, a intenção do agente em gerir de forma fraudulenta uma instituição financeira.

Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:

Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.

Item correto.

Gestão temerária (art. 4º, parágrafo único)

Veja só que interessante a conduta tipificada pelo parágrafo único do art. 4º:

(12)

Art. 4º (...) Parágrafo único. Se a gestão é temerária:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Gestão temerária é aquela excessivamente arriscada, atrevida, impetuosa

– em suma, que

ultrapassa os limites do risco aceitável e próprio da atividade financeira!

Sim, o gestor praticamente se aventura com o dinheiro de terceiros. Um tremendo irresponsável!

Estamos diante de um crime próprio, pois exige uma condição especial do sujeito ativo – que ele ostente alguma das qualidades especiais do art. 25.

Essa aventura com os recursos dos investidores, extrapolando o risco aceitável, pode se dar nos seguintes casos:

Descumprimento de normas oriundas dos órgãos reguladores do SFN (STF, HC 87.440)

→ Empréstimos concedidos a empresas reconhecidamente inadimplentes (TRF4, AC 20020401006790-2)

→ Permissão para abertura de contas sem tomar as cautelas necessárias (TRF4, AC 29427)

Cuidado! Muito embora o significado de gestão temerária possa nos faça pensar que se trata de uma conduta culposa (por meio de uma administração imprudente), o crime de gestão temerária apenas se configura na modalidade dolosa!

Vamos a uma questão da VUNESP?

(VUNESP

– ISS São José do Rio Preto – 2014)

Gerir fraudulentamente e gerir temerariamente instituição financeira trata-se de

a) condutas criminosas, sendo que a primeira é punida mais gravemente do que a segunda.

b) condutas delituosas, sendo que a primeira é punida mais brandamente que a segunda.

c) infrações penais, punidas exclusivamente com multa.

d) ilícitos penais, punidos exatamente com a mesma pena.

e) ilícitos administrativos que não geram responsabilidade penal.

RESOLUÇÃO:

Pensa comigo: a presença de fraude na gestão é bem mais reprovável que a falta de cautela, não é

mesmo?

(13)

Sendo assim, gerir fraudulentamente e gerir temerariamente instituição financeira trata-se de condutas criminosas, sendo que a primeira (fraudulenta) é punida mais gravemente do que a segunda (temerária):

Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:

Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.

Parágrafo único. Se a gestão é temerária:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Resposta: a)

Falsidade ideológica em demonstrativos contábeis (art. 10)

As demonstrações contábeis são documentos de contabilidade que precisam ser obrigatoriamente emitidos sobretudo por empresas de capital aberto.

Trata-se de verdadeira prestação de contas para que sócios e acionistas possam analisar o crescimento da empresa decidir se continuam – ou não – efetuando investimentos.

Considerando essas informações, é punida a conduta do agente que insere elemento falso ou omite elemento obrigatório em demonstrativo contábil:

Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em demonstrativos contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de distribuição de títulos de valores mobiliários:

Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

Contabilidade paralela (art. 11)

Normalmente atrelada aos crimes de sonegação fiscal, a conduta de manter ou movimentar recursos paralelamente à contabilidade oficial da instituição financeira - prática conhecida como

caixa dois – é tipificada

como crime pelo art. 11:

Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação:

Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

O crime de sonegação fiscal é definido pelo art. 1º da Lei nº 8.137 (crimes contra a ordem

tributária) e consiste em reduzir ou suprimir tributo mediante a prática de algumas condutas

fraudulentas!

(14)

Questão quentinha para você:

(IADES

– BRB – 2019 - Adaptada)

Quanto aos crimes contra o sistema financeiro nacional (Lei nº 7.492/1986), julgue o item abaixo.

O denominado crime de “caixa dois” (art. 11 da Lei nº 7.492/1986) pode

ser praticado no âmbito de qualquer sociedade empresária, seja ela instituição financeira ou não.

RESOLUÇÃO:

Opa... O que vimos no primeiro tópico da nossa aula?

Que os crimes da Lei nº 7.492/86 (inclusive o do art. 11) são cometidos apenas no âmbito das instituições financeiras!

Item incorreto.

Operação sem autorização (art. 16)

Por mais que a exploração das atividades no sistema financeiro seja livre à iniciativa privada, a legislação exige que haja autorização do Banco Central do Brasil ou decreto do Poder Executivo para que uma instituição financeira estrangeira opere em território nacional.

Há toda essa burocracia pelo seguinte motivo: o setor financeiro é um prato cheio para a prática de diversos crimes como lavagem de dinheiro, sonegação fiscal etc.

Por esse motivo, o art. 16 é especialmente dedicado às instituições financeiras irregulares:

Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, OU com autorização obtida mediante declaração falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio:

Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

O sujeito comete o crime do art. 16 quando ele opera uma instituição financeira:

Sem possuir autorização legal

Com autorização concedida mediante apresentação de documento falso

Empréstimo ou adiantamento vedados (art. 17)

O crime do art. 17 é muito interessante, pois visa evitar prejuízos ao mercado financeiro e aos investidores e

através do favorecimento de empresas coligadas, sócios ou seus familiares:

(15)

Art. 17. Tomar ou receber crédito, na qualidade de qualquer das pessoas mencionadas no art. 25, ou deferir operações de crédito vedadas, observado o disposto no art. 34 da Lei no 4.595, de 31 de dezembro de 1964.

Pena: reclusão, de 2 a 6 anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:

I - em nome próprio, como controlador ou na condição de administrador da sociedade, conceder ou receber adiantamento de honorários, remuneração, salário ou qualquer outro pagamento, nas condições referidas neste artigo;

II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber lucros de instituição financeira.

Perceba que podemos dividir o tipo do caput e do inciso I da seguinte forma:

Tomar (contrair) ou receber (aceitar) empréstimo (quantia para posterior devolução) ou adiantamento (quantia paga antecipadamente)

OU

Deferir (autorizar) empréstimo ou adiantamento vedados.

Na qualidade de alguma das pessoas do art. 25: controladores, administradores, diretores, gerentes, interventores, o liquidantes ou síndicos de instituições financeiras (crime próprio!)

O art. 34 da Lei nº 4.595/64 estabelece alguns sujeitos que não poderão tomar crédito das instituições financeiras:

Art. 34. É vedado às instituições financeiras realizar operação de crédito com a parte relacionada. (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017)

(...) § 3o Considera-se parte relacionada à instituição financeira, para efeitos deste artigo: (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017)

I - seus controladores, pessoas físicas ou jurídicas, nos termos do art. 116 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976; (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017)

II - seus diretores e membros de órgãos estatutários ou contratuais; (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017)

III - o cônjuge, o companheiro e os parentes, consanguíneos ou afins, até o segundo grau, das pessoas mencionadas nos incisos I e II deste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017)

IV - as pessoas físicas com participação societária qualificada em seu capital; e (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017)

V - as pessoas jurídicas: (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017)

(16)

a) com participação qualificada em seu capital; (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017) b) em cujo capital, direta ou indiretamente, haja participação societária qualificada; (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017)

c) nas quais haja controle operacional efetivo ou preponderância nas deliberações, independentemente da participação societária; e (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017) d) que possuírem diretor ou membro de conselho de administração em comum. (Incluído pela Lei nº 13.506, de 2017)

Relaxa! O edital do seu concurso não exigiu a Lei nº 4595/64!

→ Para o STJ, o crime em questão é de mera conduta, se aperfeiçoando com a mera realização do empréstimo vedado!

RECURSO ESPECIAL. CRIME DO COLARINHO BRANCO (LEI 7.492/86). ART. 17. EMPRÉSTIMO VEDADO A COLIGADA. CRIME DE MERA CONDUTA. INEXISTÊNCIA DE RECURSO DE TERCEIROS. FUNDAMENTO INIDÔNEO PARA AFASTAR A HIPÓTESE TÍPICA. OUTRAS CIRCUNSTÂNCIAS DE EXCLUSAO DA CULPA QUE DEPENDEM DA PROVA.

Segundo reiterada jurisprudência desta Corte, o crime tipificado no art. 17 da Lei 7.492/86 se conforma com a mera conduta do agente, isto é, se aperfeiçoa com o simples empréstimo realizado por instituição financeira a empresa coligada do mesmo grupo econômico, razão por que a assertiva de utilização de recursos próprios não afasta a indicação delitiva, podendo servir, ao contrário, para a análise da culpabilidade em momento próprio.

(STJ - REsp: 466168 SP, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 17/12/2009, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 22/02/2010)

Fraude na obtenção de financiamento (art. 19)

Agora veremos o “crime de estelionato financeiro”, em que o agente obtém financiamento em instituição

financeira mediante fraude, como, a título de exemplo:

→ Com uso de documentos falsos;

→ Com uso de documentos em nome de terceiros,

→ Por meio da criação de empresa fictícia em que serão aplicados os recursos oriundos de linha de crédito para sua expansão

Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em detrimento de instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento.

(17)

Opa! É bom você ligar o alerta sempre que se deparar com alguma causa de aumento de pena:

Professor, e o gerente da instituição financeira que conceder o financiamento sem observar as cautelas devidas

– não checando, por exemplo, a autenticidade de um documento apresentado?

Nesse caso, ele responderá pelo crime de gestão temerária!

Evasão de divisas (art. 22)

Vamos estudar, neste momento, o crime da Lei nº 7.492 mais cometido na atualidade...

Salvo algumas exceções, para enviar dinheiro (em moeda nacional ou estrangeira) para fora do país, o sujeito deverá procurar uma instituição financeira autorizada a operar no mercado de câmbio:

Art. 65. O ingresso no País e a saída do País de moeda nacional e estrangeira devem ser realizados EXCLUSIVAMENTE por meio de instituição autorizada a operar no mercado de câmbio, à qual cabe a perfeita identificação do cliente ou do beneficiário.

§ 1º Excetua-se do disposto no caput deste artigo o porte, em espécie, dos valores:

I - quando em moeda nacional, até R$ 10.000,00 (dez mil reais);

II - quando em moeda estrangeira, o equivalente a R$ 10.000,00 (dez mil reais);

III - quando comprovada a sua entrada no País ou sua saída do País, na forma prevista na regulamentação pertinente.

Essa proibição existe para garantir que os valores enviados ao exterior sejam feitos de forma legal, por meio das instituições oficiais – sobretudo para fiscalização tributária.

Sim, caro/a aluno/a... muitas pessoas querem

“aplicar” o dinheiro no exterior sem passar pela

fiscalização tributária por uma série de motivos: para investir em instituições financeiras que proporcionem uma melhor remuneração, para sonegar a sua existência com a finalidade de não pagar imposto de renda, dentre outros...

A pena é aumentada de 1/3 se o

crime do art. 19 for cometido contra...

Instituição financeira oficial (CEF, BB etc.)

Instituição financeira credenciada por IF

oficial

(18)

Visando proibir a evasão de divisas do país, a Lei nº 7.492/86 tipificou algumas condutas:

Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do País:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, (a) a qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou (b) nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal competente.

→ Efetuar operação de câmbio não autorizada com o fim de promover evasão de divisas do país (caput)

Quero que perceba algo: nesse caso, não precisa haver efetivamente a evasão de divisas - basta a operação de câmbio com essa finalidade!

→ Promover, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior

A evasão de divisas propriamente dita pode ser efetivada por meios “toscos”, como sair do país com uma mala contendo mais de R$ 10.000,00, bem como através de esquemas sofisticados de remessa clandestina, como a

prática do “dólar-cabo”, operação de câmbio ilegal realizada no mercado

paralelo.

Veja o mecanismo de funcionamento:

Jonas, residente no Brasil, deseja depositar a quantia de US$ 500 mil em sua conta em um banco de Chicago (EUA) sem passar pela fiscalização do Banco Central.

Para isso, Jonas entra em contato com Messias, um doleiro brasileiro que, por sua vez, aciona um Mark, um intermediador que mora nos Estados Unidos. O americano Mark deposita, lá mesmo, a quantia de US$ 500 mil na conta de Jonas.

Mark, esperto como é, conhece um americano que deseja depositar a mesma quantia – convertida em reais - em um banco brasileiro. Jonas – o nosso doleiro brasileiro – deposita a referida quantia na conta indicada pelo intermediador Mark.

Note que não houve transferência do dinheiro dos EUA para o Brasil (nem o contrário), de modo que esse

sofisticado esquema de compensações “burlou” a fiscalização do Banco Central e da Receita

Federal – o que é expressamente proibido.

ATENÇÂO! Podemos concluir, então, que a conduta de promover evasão de divisas abrange tanto

a transferência, transporte ou remessa física dos valores, quanto a transferência ou remessa

eletrônica, incluindo a transferência pelo sistema informal, como o chamado dólar-cabo.

(19)

→ Manter depósitos não declarados no exterior

Assim, é obrigatório informar à autoridade competente acerca dos valores depositados em contas bancárias no exterior.

Para o STF, para a configuração do crime de evasão de divisas não é exigida a efetiva saída da moeda do território nacional!

EVASÃO DE DIVISAS (ART. 22, PARÁGRAFO ÚNICO, PRIMEIRA PARTE, DA LEI 7.492/1986).

PROMOÇÃO DE OPERAÇÕES ILEGAIS DE SAÍDA DE MOEDA OU DIVISAS PARA O EXTERIOR.

PROCEDÊNCIA PARCIAL DO PEDIDO. No período de 21.02.2003 a 02.01.2004, membros do denominado “núcleo publicitário” ou “operacional” realizaram, sem autorização legal, por meio do grupo Rural e de doleiros, cinquenta e três depósitos em conta mantida no exterior. Desses depósitos, vinte e quatro se deram através do conglomerado Rural, cujos principais dirigentes à época se valeram, inclusive, de offshore sediada nas Ilhas Cayman (Trade Link Bank), que também integra, clandestinamente, o grupo Rural, conforme apontado pelo Banco Central do Brasil. A materialização do delito de evasão de divisas prescinde da saída física de moeda do território nacional. Por conseguinte, mesmo aceitando-se a alegação de que os depósitos em conta no exterior teriam sido feitos mediante as chamadas operações “dólar-cabo”, aquele que efetua pagamento em reais no Brasil, com o objetivo de disponibilizar, através do outro que recebeu tal pagamento, o respectivo montante em moeda estrangeira no exterior, também incorre no ilícito de evasão de divisas. Caracterização do crime previsto no art. 22, parágrafo único, primeira parte, da Lei 7.492/1986, que tipifica a conduta daquele que, “a qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior”.

(STF, AP 470 / MG - MINAS GERAIS)

Outros crimes

A Lei nº 7.492/86 descreve outras condutas de menor importância para a sua prova.

Assim, sugiro apenas uma rápida leitura (sobretudo para você não ser pego/a de surpresa!):

Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, de dinheiro, título, valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, que negociar direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que tem a posse, sem autorização de quem de direito.

Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente, relativamente a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários:

(20)

I - falsos ou falsificados;

II - sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente, em condições divergentes das constantes do registro ou irregularmente registrados;

III - sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legislação;

IV - sem autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Art. 8º Exigir, em desacordo com a legislação (Vetado), juro, comissão ou qualquer tipo de remuneração sobre operação de crédito ou de seguro, administração de fundo mútuo ou fiscal ou de consórcio, serviço de corretagem ou distribuição de títulos ou valores mobiliários:

Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 9º Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo ou fazendo inserir, em documento comprobatório de investimento em títulos ou valores mobiliários, declaração falsa ou diversa da que dele deveria constar:

Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

Art. 12. Deixar, o ex-administrador de instituição financeira, de apresentar, ao interventor, liqüidante, ou síndico, nos prazos e condições estabelecidas em lei as informações, declarações ou documentos de sua responsabilidade:

Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 13. Desviar (Vetado) bem alcançado pela indisponibilidade legal resultante de intervenção, liqüidação extrajudicial ou falência de instituição financeira.

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorra o interventor, o liqüidante ou o síndico que se apropriar de bem abrangido pelo caput deste artigo, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio.

Art. 14. Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou em falência de instituição financeira, declaração de crédito ou reclamação falsa, ou juntar a elas título falso ou simulado:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-administrador ou falido que reconhecer, como verdadeiro, crédito que não o seja.

Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor, o liqüidante ou o síndico, (Vetado) à respeito de assunto relativo a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de instituição financeira:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Art. 18. Violar sigilo de operação ou de serviço prestado por instituição financeira ou integrante do sistema de distribuição de títulos mobiliários de que tenha conhecimento, em razão de ofício:

Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, recursos provenientes de financiamento concedido por instituição financeira oficial ou por instituição credenciada para repassá-lo:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

(21)

Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade, para realização de operação de câmbio:

Pena - Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para o mesmo fim, sonega informação que devia prestar ou presta informação falsa.

Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário público, contra disposição expressa de lei, ato de ofício necessário ao regular funcionamento do sistema financeiro nacional, bem como a preservação dos interesses e valores da ordem econômico-financeira:

Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Questões Relativas à Pena e ao Processo Criminal

Chegamos na parte mais importante do nosso encontro: as disposições relativas à pena, à investigação e ao processo-crime relativos aos delitos cometidos contra o Sistema Financeiro Nacional!

Competência

→ A competência para julgamento de crimes da Lei nº 7.492/86 é da Justiça Federal , por meio de ação penal pública incondicionada promovida por denúncia apresentada pelo

Ministério Público Federal!

Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal.

Art. 27. Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido poderá representar ao Procurador-Geral da República, para que este a ofereça, designe outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou determine o arquivamento das peças de informação recebidas.

→ Já o art. 27 confere ao ofendido o direito de representar ao Procurador-Geral da República quando a denúncia não for oferecida no prazo legal.

Contudo, os doutrinadores entendem que isso não exclui a possibilidade de ajuizamento da ação penal privada subsidiária da pública, assegurada constitucionalmente:

Henrique, se o crime for cometido, por exemplo, contra o Banrisul - um banco gaúcho de natureza estadual – a competência será da Justiça Estadual?

NÂO! A competência será SEMPRE da Justiça Federal, ainda que o crime seja praticado contra instituições financeiras estaduais ou privadas!

Isso ocorre porque o bem jurídico tutelado pela Lei nº 7.492/86 não são as instituições financeiras,

mas sim a segurança e a confiabilidade no Sistema Financeiro Nacional!

(22)

Veja como já decidiu o STF:

HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO.

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. INCISO VI DO ART. 109 DA CF. ORDEM DENEGADA. (...) A competência da Justiça Federal para julgar crimes contra o sistema financeiro nacional tem assento constitucional. A alegação de que o prejuízo decorrente do delito foi suportado exclusivamente por instituição financeira privada não afasta tal regra constitucional. Interesse da União na segurança e na confiabilidade do sistema financeiro nacional. (...)

STF, HC 93733, Rel. Min. CARLOS BRITTO, 1a Turma, j. 17.06.2008, DJe 02.04.2009.

A nossa Lei nº 7.492/86 está de acordo, portanto, com o que estabelece a Constituição. Veja só:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

VI – os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira.

Aproveitando que estamos falando do MPF, temos uma outra regrinha.

Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar necessário, poderá requisitar, a qualquer autoridade, informação, documento ou diligência, relativa à prova dos crimes previstos nesta lei.

Parágrafo único O sigilo dos serviços e operações financeiras não pode ser invocado como óbice ao atendimento da requisição prevista no caput deste artigo.

→ O Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários têm o DEVER de

comunicar ao MPF a ocorrência de ilícitos penas contra o Sistema Financeiro Nacional, caso tenham conhecimento de sua prática.

Para comprovar as suas alegações, os dois órgãos de fiscalização deverão enviar documentos com a

Crimes Contra o Sistema Financeiro

Nacional

São de Ação Penal Pública

Incondicionada

São de competência

da Justiça Federal

(23)

A mesma obrigação recai sobre o interventor, liquidante e o síndico que verificar a ocorrência de crimes de tal natureza no curso de intervenção, liqüidação extrajudicial ou falência.

Art. 28. Quando, no exercício de suas atribuições legais, o Banco Central do Brasil ou a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, verificar a ocorrência de crime previsto nesta lei, disso deverá informar ao Ministério Público Federal, enviando-lhe os documentos necessários à comprovação do fato.

Parágrafo único. A conduta de que trata este artigo será observada pelo interventor, liqüidante ou síndico que, no curso de intervenção, liqüidação extrajudicial ou falência, verificar a ocorrência de crime de que trata esta lei.

O Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários têm, efetivamente, um papel importante na persecução penal relativa aos crimes contra o SFN...

→ Por esse motivo, a Lei 7492/86 expressamente permite que o BACEN e a CVM atuem como assistentes de acusação!

Essa regrinha representa clara EXCEÇÃO ao art. 268 do Código de Processo Penal, que admite o ingresso do ofendido ou de seu representante legal como assistente de acusação!

Art. 26 (...) Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores Mobiliários - CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela hipótese, houver sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.

CODIGO DE PROCESSO PENAL. Art. 268 - Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31.

Questão da VUNESP para ti

(VUNESP

– DESENVOLVESP – 2014)

Nos termos do art. 26, da Lei n.º 7.492/86, os crimes lá definidos serão de competência da

a) Justiça Federal, sempre.

b) Justiça Estadual, sempre.

c) Justiça Federal ou da Justiça Estadual, definindo-se a questão pela regra da prevenção.

d) Justiça Federal ou da Justiça Estadual, definindo-se a questão pela regra intuito personae.

e) Justiça Estadual, como regra, mas da Justiça Federal caso se trate de delito transnacional.

RESOLUÇÃO:

Não tenha medo em ser categórico: os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional serão sempre de

competência da Justiça Federal!

(24)

Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Federal,

perante a Justiça Federal.

Resposta: a)

Estamos indo muito bem... Vai mais uma aí:

(CESGRANRIO

– TRANSPETRO – 2018) De acordo com a Lei nº 7.492/1986, quando o crime tiver

sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e à fiscalização da CVM, essa autarquia poderá requerer, no processo, o seu ingresso como

a) assistente b) chamado c) interveniente d) litisconsorte e) nomeado RESOLUÇÃO:

A CVM poderá ingressar como assistente de acusação em processo cujo crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização:

Art. 26 (...) Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores Mobiliários - CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela hipótese, houver sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.

Resposta: a)

Prisão Preventiva

Vamos relembrar os requisitos exigidos pelo CPP para a decretação da prisão preventiva e as respectivas hipóteses que a autorizam?

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

(25)

Agora, quero que veja o que dispõe a Lei nº 7.492/86 acerca da prisão preventiva do acusado da prática de crime contra o SFN:

Art. 30. Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Código de Processo Penal, aprovado pelo Decreto- lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, a prisão preventiva do acusado da prática de crime previsto nesta lei poderá ser decretada em razão da magnitude da lesão causada (Vetado).

Professor, não entendi...

Temos que ler os dispositivos de forma harmônica: a magnitude da lesão causada não é hipótese que autoriza, por si só, a decretação da prisão preventiva!

→ Assim, a jurisprudência entende que a magnitude da lesão tem o papel de complementar os pressupostos da garantia da ordem pública ou da ordem econômica!

Oras, se a magnitude da lesão fosse considerada justificativa suficiente para prender o sujeito antes de sua prisão, estaremos diante de uma medida punitiva e não cautelar...

Delação Premiada

O coautor ou partícipe que tiver concorrido para os crimes da Lei nº 7.492/86 poderá ter a sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 , mas com duas condições:

→ Ele deve confessar, espontaneamente, a autoria ou a participação no referido crime

→ Ele deve revelar toda a trama criminosa à autoridade policial ou judicial

Confere aí:

Art. 25 (...) § 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha3 ou co-autoria, o co- autor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua PENA REDUZIDA DE UM A DOIS TERÇOS.

Perceba, prezado/a, que não basta o delator indicar apenas os coautores ou membros da quadrilha: é necessário que ele revele, com riqueza de detalhes, as informações completas sobre o crime no qual está envolvido!

3 Atualmente utilizamos o termo organização criminosa!

(26)

Uma questão, pode ser?

(CESPE – PC/GO – 2016) Com base na Lei n.º 7.492/1986, a tipificação dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional

a) inadmite confissão espontânea perante autoridade policial.

b) inadmite coautoria.

c) inadmite partícipe.

d) admite coautoria ou participação, e, se ocorrer confissão espontânea que revele toda a trama delituosa, a pena serár eduzida de um a dois terços.

e) admite coautoria ou participação, e, se ocorrer confissão espontânea que revele toda a trama delituosa, será concedido o perdão judicial da pena.

RESOLUÇÃO:

O coautor ou partícipe que tiver concorrido para os crimes da Lei nº 7.492/86 poderá ter a sua pena reduzida de 1/3 a 2/3, mas com duas condições:

→ Ele deve confessar, espontaneamente, a autoria ou a participação no referido crime

→ Ele deve revelar toda a trama criminosa à autoridade policial ou judicial Sendo assim, a resposta da nossa questão é a alternativa d)

Inafiançabilidade e recolhimento à prisão para apelar Veja só o que dispõe o art. 31:

Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de reclusão, o réu não poderá prestar fiança, nem apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e de bons antecedentes, se estiver configurada situação que autoriza a prisão preventiva.

O que dispositivo nos afirma é o seguinte:

Os crimes da Lei nº 7.492/86 punidos com pena de reclusão são inafiançáveis!

Contudo, cá entre nós: ainda é possível a concessão de liberdade provisória sem fiança, situação que não é vedada pelo dispositivo e expressamente admitida pelo CPP!

Veja:

Código de Processo Penal. Art. 310: Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentalmente:

III – conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

(27)

Se estiver presente algum requisito que autorize a prisão preventiva, o réu não poderá apelar em liberdade (em crimes punidos com reclusão).

No entanto, vem o CPP e diz que a prisão por ocasião da sentença somente deve ser decretada quando presentes os requisitos da prisão preventiva, mas o recolhimento à prisão não é condição para que o juiz receba o recurso de apelação!

Art. 387 (...) § 1º O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação que vier a ser interposta. (Incluído pela Lei nº 12.736, de 2012)

Multa

O Código Penal estabelece que o valor do dia-multa poderá ser fixado, no máximo, até o valor de 5 salários mínimos:

Código Penal Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.

§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.

(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Esse valor do dia multa, em alguns casos, pode nem fazer cócegas no bolso dos criminosos de colarinho branco...

Nesses casos, o valor de 5 vezes o salário mínimo pode ser majorado até o décuplo (10x) se, em razão da condição econômica do acusado, esse limite máximo estipulado no Código Penal se mostrar ineficaz.

Art. 33. Na fixação da pena de multa relativa aos crimes, o limite a que se refere o § 1º do art. 49 do Código Penal (5 vezes o SM) pode ser ESTENDIDO ATÉ O DÉCUPLO, se verificada a situação nele cogitada.

Veja bem: o valor do dia-multa poderá ser definido em até 50 salários mínimos!!!

(28)

Questões comentadas pelo professor

1. (VUNESP – PC/BA – 2018)

Considerando a legislação acerca dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (SFN), assinale a alternativa correta.

a) Os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional são de competência da Justiça Estadual.

b) O interventor, o síndico e o liquidante não podem ser penalmente equiparados a administradores de instituição financeira, ou seja, não podem responder penalmente.

c) Nos crimes contra o sistema financeiro, não é admitida a delação premiada como forma de redução de pena.

d) Considera-se crime imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, ainda que com autorização escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou valor mobiliário.

e) Constitui crime manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. a competência para a ação penal dos crimes previstos na Lei nº 7.492/86 é da Justiça Federal.

Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal.

b) INCORRETA. Para fins de responsabilização penal pela prática dos crimes da Lei nº 7.492/86, o interventor, o síndico e o liquidante podem ser penalmente equiparados a administradores de instituição financeira:

Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado).

§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liqüidante ou o síndico.

c) INCORRETA. A delação premiada possui previsão na Lei 7.492/86 e consiste em uma redução de pena de um a dois terços da pena para a confissão espontânea do coautor ou partícipe que desvendar a trama criminosa:

Art. 25 (...) § 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 9.080, de 19.7.1995)

d) INCORRETA. Somente haverá crime se não houver autorização escrita da sociedade emissora:

(29)

Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou valor mobiliário:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

e) CORRETA. Trata-se do crime de “caixa-dois” da Lei nº 7.492/86:

Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação:

Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

Resposta: E

2. (VUNESP – PC/CE – 2015)

O crime de “obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira” (art. 19 da Lei no 7.492/86) tem pena

aumentada de 1/3 se cometido

a) por intermédio de pessoa jurídica.

b) com intuito de causar risco sistêmico.

c) por agente público.

d) em detrimento de instituição financeira oficial.

e) em momento de grave recessão.

RESOLUÇÃO:

O crime de “obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira” tem pena aumentada de 1/3 se cometido em detrimento de instituição financeira oficial!

Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em detrimento de instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento.

Resposta: D

3. (FCC – AFAP – 2019)

Quanto à aplicação e ao procedimento criminal da lei que estabelece os crimes contra o Sistema Financeiro

Nacional, é correto afirmar:

(30)

a) Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o prejudicado poderá representar perante o Corregedor Geral da Justiça Federal para que determine ao órgão ministerial as providências cabíveis.

b) A ação penal, nesses crimes, será promovida pelo Ministério Público Federal ou Estadual, perante a Justiça Federal ou Estadual, de acordo com o tipo penal no caso concreto.

c) Quando tais crimes forem cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe que, através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa, terá sua pena reduzida de um a dois terços.

d) Nos crimes apenados com reclusão, contra o Sistema Financeiro Nacional, o réu poderá prestar fiança e apelar em liberdade, desde que primário e de bons antecedentes, estando ou não configurada situação justificadora de prisão preventiva.

e) O órgão do Ministério Público poderá requerer ao juiz da causa que requisite quaisquer informações, documentos ou diligências para subsidiar as provas dos crimes investigados, sendo defeso fazê-lo diretamente.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. Nesse caso, o ofendido poderá representar perante o Procurador-Geral da República para que determine ao órgão ministerial as providências cabíveis.

Art. 27. Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido poderá representar ao Procurador-Geral da República, para que este a ofereça, designe outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou determine o arquivamento das peças de informação recebidas.

b) INCORRETA. Os crimes da Lei nº 7.492/86 são de ação penal promovida exclusivamente pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal:

Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal.

c) CORRETA. Por meio da delação premiada, o agente poderá ver a sua pena reduzida de um a dois terços:

Art. 25, § 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços.

d) INCORRETA. A assertiva “peca” ao dizer que, nos crimes punidos com reclusão, o réu poderá prestar fiança e apelar em liberdade se estiver presente situação justificadora de prisão preventiva, o que não é verdade.

Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de reclusão, o réu não poderá prestar fiança, nem apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e de bons antecedentes, se estiver configurada situação que autoriza a prisão preventiva.

(31)

e) INCORRETA. O órgão do Ministério Público poderá requisitar DIRETAMENTE as informações, documentos ou diligências, não sendo necessário requerimento ao juiz da causa.

Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar necessário, poderá requisitar, a qualquer autoridade, informação, documento ou diligência, relativa à prova dos crimes previstos nesta lei.

Resposta: C

4. (FCC – TCE/RR – 2008)

Sobre os crimes contra o sistema financeiro é correto afirmar:

a) divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira em mídia impressa, sujeita o órgão divulgador à apreensão dos exemplares, sem prejuízo da sanção penal.

b) nos crimes praticados em quadrilha ou em co-autoria, o co-autor que revelar toda a trama criminosa, em confissão espontânea, será beneficiado com perdão da pena.

c) o Banco Central, mesmo não sendo vítima, pode se habilitar na ação penal como assistente do Ministério Público, quando for o órgão fiscalizador da instituição financeira envolvida na prática criminosa.

d) é vedada a ação penal privada subsidiária, cabendo ao ofendido representar ao Procurador-Geral da República se a denúncia não for oferecida no prazo legal.

e) quando, no exercício de suas atribuições legais, o Banco Central do Brasil verificar a ocorrência de crime previsto na Lei que define os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, poderá informar ao Ministério Público Federal, enviando-lhe os documentos necessários para a comprovação dos fatos.

RESOLUÇÃO:

a) INCORRETA. Na realidade, aquele que divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira em mídia impressa fica sujeito à pena de 2 a 8 anos de reclusão e multa!

Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou valor mobiliário

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo.

b) INCORRETA. Por meio da delação premiada, o agente não será agraciado com o perdão judicial, mas poderá

ver a sua pena reduzida de um a dois terços:

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A nenhuma pessoa física, bem como a nenhuma pessoa jurídica, de direito público ou de direito privado, é lícito reter qualquer documento de identificação pessoal, ainda