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Algodoeiro mocó: uma lavoura ameaçada de extinção.

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(1)

MINISTÉRIO

D A

AGRICULTUR

Empresa

Brasileira

de

Peç

.-

_

Centro Nacional de Pesqu

Campina Grande

-

PB. -

A -

MA

iquisa

Agro@cGaria'-

EMBRAPA

(2)

~inistério

da

Agricultura

.-

MA

Empresa

Brasi

1

eira

de

Pesquisa

Agropecuária

-

EMBRAPA

Centro

Nacional

de

Pesquisa

do

Algodão

-

CNPA

Campina Grande, Parayba

J O S ~ de

Alencar

Nunes

Mareira

~ l ê u a i o

~urvêla

Frei

re

~ o b ê r i o Ferreira dos Santos

Miguel

Barreiro

Neto

Centro Nacional de

Pesquisa

do

~ l ~ o d ã o

-

CWPA

C a p i n a Grande, PB

(3)

@ Copyright EMBRAPA

-

1989

EMSRbPA

-

CNPA,

DOCUMENTOS,

36

Exemplares desta

publicação podem ser solicitados

à

EMBRAPA

-

CNPA

Rua Osvaldo Cruz

na

1143

-

B a i r r o do centenário

Telefone: (083)

321-3608

Telex: (083) 2236

Caixa Postal 174

58.100

-

Campina Grande, Paralba

Tiragem: 2.000

Pres. ~ a p o l e ã o E s b e r a r d de ~ a c ê d o B e l t r ã o

Sec. Malaquias da S i l v a A m o r i m N e t o

Membros Eleusba

Curvêlo

f r e l r e

Emfdie F e r r e i r a Lima

F r a n c i s c o de Assis O l i v e i r a José d~ Alencar Nunes Morsira Lauderniro B a l d o i n o da ~ Ó b s e g a

Raimundo S r a g a S o b r i n h a

R o b é r i o F e r r e i r a dos Santos

N f v i a M a r t a Soares Gomes

Empresa B r a s i l e i r a d e P e s q u i s a Agrapecuãria. C e n t r o Nacional d e Pesquisa do ~ l ~ o d & , C a m p i n a Grande,

PB,

Algodoeiro rnoç6: uma l a v o u r a ameaçada de e x t i n - ção, por José d e Alencar Numes Moreira e o u t r o s .

Campina Grande, 1989.

20p.

(EMBWA-CNPA. Documentos,

36

)

1. ~ l g o d ã o MO&

-

H i s t o r i a . 2 . ~ l g o d á o ~ o c ó Sistema d e ~ r o d u ~ ã o .

I.

Moreira

J.

A. N . 11. Freire.

E . C. 111. S a n t o s , R, F. dos I V . B a r r e i r o N e t o ,

M.

V. ?:tu10

VI.

s é r i e

(4)

ALGODOEIRO M O C ~ :

UMA LAVOUW AMEAÇADA

DE EXTPNÇÃO

O

algodoeiro (Gossypium spp)

6

uma das plantas mais antigas em c u l t i v o

no

Brasil, e

tudo

leva a

crer

que já estivesse sendo cultivada em nosso territõrio pelos povos indlgenas, antes mesmo

da

chegada dos portugueses. Iniciada a colonização. passou a ser explorado, já no século X V I , nas roças de

subsistência,

ã

semelhan

ça

das que vinham sendo realizadas p e l o s indfgenas ao tempo

do d e z

-

cobrimerito.

Durante

a

~ e v o l u ~ ã o Industrial, en: meado do ç&culo X V I I I ,

a f i a ç ã o e tecelagem baseadas no algodáo passaram por

_

grandes transformações. A p a r t i r dai, o cultivo passou da condiçao de sub

-

sistência para a

de

lavoura comercial propriamente dita.

No passado, salvo o s casos de uso local. o algodão b r a s i l e i

ro gozou

d e grande reputação nos mercados internacionais. princi

palmente no d a Inglaterra, para onde' se d i r i g i a a producão

com

o

f i m

de suprir as necessidades da matéria-prima de sua indcs

tsia

t@xtil,

Neste perfado, a cotonicultura b r a s i l e i r a viveu de avanços

e recuos e , assim, a uma fase de inusitado crescimento seguia-se, sempre, o u t r a d e estagnação que chegava, 5 s v e z e s , a t i a ameaçar a sua própria existência. Quando o algodão p e r d i a a sua importância

no mercado internacional, ele v o l v i a , no

Brasil, novamente

condi

Cão d e subsistência na qual passava a alimentar uma importante ati

-

vidade baseada

na

fiação e tecelagem manuais.

A estabilidade desta lavoura

no

B r a s i l deu-se na decada de

3 0 , com a c r i s e do café em são Paulo e após consolidada a indÜs

-

tria têxtil. Nesta condição vem-se mantendo até h o j e , a ponto

de

se constituir num dos

grandes

e s t e i o s

da economia

nacional.

Atualmente, o p a h

6

o sexto produtor

mundial,

tendo colhi do, na safra

1985186,

segundo estimativas da ~undacão IBGE (FIBGE).

2.314.540t de algodão, que f o i superada pela produção

da

~ e p c

blica

Popular

da

China, dos Estados Unidos, da

união

soviética, da

(5)

O algodão

6

um dos p r i n c i p a i s produtos

da

agricultura brasi l e i r a , tendo ocupado, em termos de

área

c o l h i d a e segundo estimati vas da ~ u n d a ~ ã o

IBGE

para a safra

1985/86,

a sexta posição no

~ r a

-

s i l , colocando-se entre os sete maiores produtos, em termos de quantidade colhida.

As áreas

de produção

do

a l g o d o e i r o situam-se, no Brasil,

predominantemente nas regiões Centro-Sul e Nordeste.

Na primeira,

em especial no para& e são Paulo, que são os maiores .produtores desta região; na segunda, nos Estados do ceará,

~ a r a f b a ,

R i o

Gran

U

-

de da Norte,

Pernambuco,

Bahia, Sergipe* Alagoas, ~ i a u z e ~ a r a n h a o ,

No

Nordeste,

além

do a l g o d o e i r o herbáceo (Gossypium hirsu t u

L.

r. latifolium

Hutch)

,

explora-se ainda, na zona semi-árida,

-

o algodoeiro mocó (Gossypium hirsutum L. r . marie galante Hutch) de fibra longa onde, por s i n a l , tem predomfnio a lavoura mocoeita

que. associada pecuária, tem tornado p o s s i v e l a ocupação, s e m

grandes problemas,

de

uma das zonas mais secas do

Brasil.

Em termos regionais,

é

a lavoura mocoeira a p r i n c i p a l gera

-

dora

de

renda

para os pequenos produtores nerdestfnos, uma vez que

o milho e o f e i j ã o geralmente produzidos em consórcio com o algodo

eira,

destinam-se primordialmente subststência.

O

excedente, quando existente, passa a ser negociado no mercado, gerando, com isto, uma renda monetária a d i c i o n a l apropriada p e l o s pequenos p r g dutores,

Visto

que a maior parte d a produção do algodão mocÓ

é

produ z i d a nas propriedades dos pecuaristas, e l a desempenha p a p e l de su

m a importância na geração de empregos diretos nas caatingas nordei

tinas, além dos i n d i r e t o s , oriundos das atividades do beneficiam&

-

to e da indústria têxtil.

Um p r o d u t o que se c o n s t i t u i em p r i n c i p a l fonte de renda pa ra os pequenos produtores do semi-árido nordestino merece ser

este

dado em detalhe.

E

e s t e f o i o o b j e t i v o do trabalho; fazer un& ana lise h i s t ó r i c a do a l g o d o e i r o moc6, partindo das razões do seu nome, descrevendo a p l a n t a e sua provável origem, seu habitat natural, suas condições de cultivo e qualidade da f i b r a . a t e chegar s i t u a que passou a predominar com aparecimento do bicudo do

algodoei

-

ro

-

ameaça de extinção do mocó.

(6)

N ~ O

consenso entre os especialistas acerca das razões

11

que levaram

à

adoção do nome curioso d e mocÕ1* para este algodoei

-

ro.

*

Martinç

(1946)

&

de o p i n i ã o ser esta denominação alusiva a

Mako (pron6ncia figurada MakÕ), como eram chamadas as sementes de

um algodoeiro proveniente da ~ u f ç a e introduzido no Rio Grande do Norte, e n t r e os anos 1886 e

1896.

Para o autor, a diffculdade em pronunciar a

palavra

NakÕ, resultou, por força de uma corruptela,

1

no nome moco, como

é

conhecido até hoje este a l g o d o e i r o .

C o m e s t a o p i n i ã o concordam, também, Faria e Melo ( c i t a d o s em

Boulanger, 1971), que consideram a palavra mocÓ uma corruptela do nome h k Õ ,

dada a

uma variedade e g i p i c i a i n t r o d u z i d a no Seridó

do

R i o Grande do

Norte,

durante o século passado.

Outros autores defendem que e s t a denomibaGão advém da seme

Ihança das sementes deste a l g o d o e i r o - com o excrernento de um roedor de mesmo nome, comum na r e g i ã o ( ~ e r o d b n rupes tris

,

Wied)

.

ou, mes

-

mo, com a base da cauda com tufos ou p e l o s avemelhados, presentes

neste animal.

Qualquer que s e j a a origem do nome, o certo

é

que o uso con

t l

sagrou a palavra mocó", como

é

conhecido e s t e a l g o d o e i r o

no

NU^

-

deste.

Há,

além d e s t a denominaçáo, a i n d a ,

a

de algodoeiro

Seridó.

Neste c a s o , o nome se d e r i v a da região do R i o Grande do Norte, que

é o h a b i t a r n a t u r a l do moc6. Este nome pode

ser

usado para i d e n t i

ficar a planta ou mesmo a f i b r a longa que

é

obtida na

microrre

.I

-

giao, com o cultivo do rnscó.

3 , D E S C R I Ç ~ GERAL

DA PLANTA

O a l g o d o e i r o mocõ

6

classificado, botanicamente, como o

-

[;os sypium hirsutum L. r. marie ~ a l a n t e

Hutch.

É f i l i a d o ao grupo dos

a l g o d o e i r o s tetraplóides do Novo Mundo e , assim, encerra o genoma ( A D ) L e p o s s u i 2x =

4n

=

52

cromossomas.

(7)

A descrição botânica do mocÓ o r i g i n a l

é,

nos d i a s de hoje,

tarefa

das mais

d i f f c e i s ,

senão imposs$vel, em

razão

d&ua h i b r i

dação com outras raças e espécies d e a l g o d o e i r o s cultivados no NO;

-

deste,

Pearse (1921),

faz

menção a e s t e a l g o d o e i r o na v i s i t a que f e z ao seridó

do

R i o

Grande

do Norte, na década de

20.

porém

en controu-o com sinais evidentes de h%bridação

naquela época. A descrição que fez do mesmo, a d e s p e i t o

de incompleta,

deve, toda

v i a ,

ser

a que

mais se

aproxima dos verdadeiros esp&cimens de mocÓT Segundo esta fonte, ele apresenta folhas de lóbulos curtos ou, ou tras vezes, longos,

flores

de coloração amarelo-limão, capulhos

pe

-

quenos em número de 7 a

15

e dependurados nas extremidades dos ra

-

mos. sementes

não

revestidas de l i n t e r e de coloraçáo preta ou, ou

-

tras

vezes,

marron, com terminação em ponta com duas espécies de

forquilhas. Na verdade, entre as caracteristicas s a l i e n t e s deste

-

algodoeiro, que o

distinguem do

t i p o herbáceo e que são comuns a raça

à

qual pertence, a sua cd6dPGão - deYp3rrmtq p w e n e , porte grande, com domingncia da haste p r i n c i p a l e q u e ~ m á l g n a s w chega a formar verdadeiras árvores,

além

de apresentar sementes nuas e pretas. Estes, em essência, são os traços marcantes da planta, quer em cultivo ou mesmo quando asselvajado e compondo parte da ve

petaç& nativa

do

seridó

ou de outras regiões do semi-árido nordeg

-

tino.

A origem

do

moc6

é,

ainda, controvérsa, havendo quem defen ?a ser

ele

oriundo

do

seridó ou descendente de a l g o d o e i r o s introdi

z i d o s em diversas

épocas

nesta região.

As

provas favorecem ora

ou outra

hipótese.

A hipoétese m a i s provável parece ser mesmo a que defende

ser este

algodoeiro nativo do seridó, onde foi registrado p e l a p r i

meira

vez mais ou

menos em 1860. Sua presença

foi

a 1 notificada

pe

lo capitão Francisco

Raimundo, que afirma t ê - l o v i s t o nas trinchei

-

ras de serrote do lugar denominado "Olho água da Siriema", em

Acari, Rio Grande do Norte.

condições

não falthram

3

região para o encontro d e uma f o r

(8)

origem a um novo t i p o como o mocó.

Este

é,

por

sinal,

o caminho sugerido por Neves & Junqueira

(19651,

quando consfderam que plantas do tipo ancestral, provavel

mente h i b r i d a d a s

,

poderiam, na fase

de ascensão comercial, ter de;

pertado a atenção dos agricultores do seridó. que passaram a culti

-

vã-las

na

~ e g i ã o .

Por outro l.ado, tela-se de considerar que e prõprio homem se

7

ridoense possa t e r s i d o um agente importante na formação

do

moco

na ~ e g i ã o . Pessoas com s e n s i b i l i d a d e para atuar no processo

não

de

7

vem ter faltado no seridá.

O exemplo

mais notável neste sentido e

o do próprio capitão Francisco Raimundo que, segundo Neves & Jun

queira

(1965),

se não f o i quem i n i c i o u o processo de transformaçã~

d o algodoeiro indígena em

moc6

cultivado, certamente desempenhou p a p e l importante nesta tarefa.

A p r o p ó s i t o , os autores, em expedição pelo seridó. interro

-

garam o Sr. Clideno d e Brito, neto do citado ~ a ~ i t ã o , d e quem co Iherarn a informação de que o avô f a z i a seleção, cruzando

mocozinhõ

com verdão para, em seguida, multiplicar isoladamente as plantas eleitas.

Face a e s t e testemunho, por que não atribuir também, ao

Ia

do d e outros f a t o r e s , a participação consciente do homem na forma

ção do mo&? Na afirmativa da r e s p o s t a é possivel que e s t e agente. aliado à seleção natural, possa também t e r d i r i g i d o o processo.

Neste caso, fazendo com que o material de base que originouomocÓ, atendesse não

s8

aos aspectos d e sua resistência à seca como, a i n

da, satisfizesse k s exigências comerciais que a demanda internaciõ

na1 do algodão estava a exigir. quando e l e passou a ser

cultivadõ

regularmente no seridó.

5 ,

HABITAT

NATURAL

O

h a b i t a t natural

do

algodoeiro

mc6

6

a região do ~ e r i d Ô do Rio Grande do Norte e ~araiba, principalmente do primeiro Esta

-

do. onde se supõa que e s t e j a localizado seu centro de dispersão.

E nesta região,

d e fato, onde o algodoeiro mocÓ encontra as condições favoráveis para externar as suas reais qualidades, produ.

-

(9)

produto

com a

região.

O

trecho

paraibano p r o d u t o r d e f i b r a longa abarca d i v e r s o s

munic%pios, destacando-se

são Mamede, Santa Luzia e Patos como

p r i n c i p a i s produtores,

A

região

na ~ a r a z b a

6

caracterizada por apresentar l o n g a es tação seca, com f o r t e

insolação,

temperaturas elevadas e

chuvas c o n

-

centradas nos meses de fevereiro a a b r i l .

Os solos são rasos. pedregosos, com elevado v a l o r de satura

-

de bases, horizonte

A

exposto e. v i a de regra,despr6vido de humus, v i s t o qua a matéria orgânica

é

calcinada pela i n s o l a ç ã o e varrida p e l o

vento.

AI,

a vegetação se acha constitufda, entre outras es&ciss

esparsas, de J u r e m a (Mimosa verrucosa, Benth)

,

pinhão bravo L ( ~ a p r o @a

pohliana,

Muell)

.

pereiro (Aspidosperma p i r i f olium. Mart), f ave

:eira (Cnidosculos

phyllacanthus

Rax &

L.

Hofim), malva rasteira

(Pavonia

c a n c e l l a t a ) e xique-xique (Cereus pounellel K. Schum )

,

além

dos c a p i n s panasco (Aristida adscensionis, Linn) e mimoso

(An

-

thephora hermaphorodita Kuntze)

(DUQUE, 1980).

No

R i o Grande do Norte, os munic~pios p r i n c i p a i s , d o seridó

na produção de algodão são Parelhas, Acari,

~ a i c ó ,

Ouro Branco o

Cruze

ta.

A regi& apresenta-se c m p l u v i o s i d a d e de

500mm,

escassez e

d i s t r i b u i ç ã o

de chuvas generalizadas

e p r e c i p i t a ç õ e s máximas

ocorrendo

nos meses d e fevereiro a

abril.

A temperatura do

ar

va

r i a

d e 20

a

2 6 O ~ , semelhantemente

ao

seridó

paraibano. sendo o

de

j u l h o

o mais f r l o r os de setembro a j a n e i r o , os mais quentes.

Os

solos

são,

tam6em.

r a s o s , s e r n h o r i z o n t e s determinados, com

material

de origem p o r vezes no h o r i z o n t e s u p e r f i c i a l , em

forma

d e pedregulhos, natações que, a s s o c i a d o s alguiaas vezes aos a f l o r a ~ e n tos rochosos,

dificultam a absorção

d a água desses solos e o seu m a

-

n e j o agrícola ( F e l i p e ,

1978).

A vegeta&

6

caracterizada

pela caatinga

hiperxerófila

ar

bustiva, pobre

em espécies

por

conta

da

a ~ ã o devastadora do homem e com adaptações xeromorfas

ã

escassez da água.

O moc6,

para

sobreviver às condições

de rudeza do seu h a b i

t a t natural desenvolveu, ao longo do tempo, mecanismos de adaptã

ção que lhe tornaram p o s s i v e l vegetar e produzir satisfatoriamente no

~ e r i d õ ,

(10)

sistema radicular capaz d e . extrair a água das

camadas

mais profun das

do solo,

além

de

folhas caducas e gemas latentes nas épocas s e

-

tas. As custas destas e

outras

adaptaçóes, têm

garantido

a sua so

bravivéncia, mesmo nos anos

de seca

t o t a l , oferecendo o seu

culti

vo

uma

das

poucas

ocupações

para

a

mão-de-obra

local

nestes

periõ

dos.

são t a i s os seus mecanismos

de

adaptação,

que mesmo

em

lavou

-

ras

abandonadas as plantas, ainda assim, sobrevivem e passam a ia zer parte da paisdgem com o contraste de seus capulhos alvacentos em meio

à

galharia seca da vegetação nativa.

6. CONDIÇÓES

DO CULTIVO

A

lavoura do

algodoeiro

mocá reveste-se das características

de um

sistema agrgcola que se fundamenta na do algodão, exploração da

pecuária

e. ainda, no cultivo das lavouras de s u b ç i s

-

têncfa.

O

a l g o d o e i r o e a pecuária são as a t i v i d a d e s p r i n c i p a i s do

sistema,

porque

resultam em

renda

monetária

certa para os produto

-

res envolvfdos, O c u l t i v o do algodoeiro, dado ao r i s c o da sua ex

ploração devido 5 s secas que

assolam

a região.

é

v i a b i l i z a d o

pelã

e x p l o ~ a ~ ã o , através dos proprietários de terra, da pecuária bovi

na.

Esta, desenvolvida de f a m a e x t e n s i v a , é geradora de renda mo

-

netiria e poupadora de mao-de-obra.

E

a pecuária bovina

6 ,

ao mesmo tempo, v i a b i l i z a d a p e l o cul t i v o do algodoeiro que, sendo colhido no perioda mais seco do ano,

t l

t e m sua rama" utilizada como alimento para o gado. que é p o s t o a

pastar por dois ou três meses na área em que foi cultivado o algo

d o e i r o . Esta vantagem serve de incentivo aos grandes p r o p r i e t ã r i o ~ da região, criadores de gado, e estimula o p l a n t i o do algodoeiro em parceria, uma v e z que, com ele, aumentam seus lucros s e m abando nar; ao

c o n t r á r i o ,

melhorando ainda

mais

sua a t i v i d a d e econõmicã

(Andrade, 1980).

Assim, e s t a a t i v i d a d e atrela-se ao sistema porque e l a tem

garantidaasua sobrevivência à custa dos produtos que, d i r e t a ou

i n d i r e tdrpente

,

são fornecidos p e l a exploração algodoeira.

De outro

lado, constituf-se esta associação num meio relativamente barato

de d i s p o r de novas áreas

com

pastagem n a t i v a s

-

a s c a p o e i r a s , após

encerrado o c i c l o de exploração do algodoeiro.

(11)

p r i e t á r i o s . impõem o plantio do a l g o d o e i r o e seu consórcio com as

culturas alimentares de milho e f e i j á o .

~ l é m

d e s t a função, e s t a s

lavouras oferecem, na u t i l i z a ç ã o dos seus restolhos, uma fonte de alimento para os rebanhos. durante os periodos secos, quando

6

e s

-

cassa a disponibilidade d e forragens para 3 gado. Assim sendo, £ e

-

cham-se o c % r c u l o e a área explorada, além do algodão, agregado à

receita das culturas alimentares e a que resulta da exploração bo

-

vina.

*

O

processo p r o d u t i v o no sfstema

6

bastante rudimentar e no

aspecto da mão-de-obra

é

a unidade familiaf d e produc& a quem, predominantemente, compete o p a p e l maior na execução d o s diversos

tratos a g r i ç o l a s de que carecem s a l g o d o e i r o e as culturas alimen

t a r e s .

O

sistema Limita-se a usar, como inçumos quase exclusivos, a terra e a mão-de-obra. Assim sendo. diminuto o emprego de se

-

mentes selecionadas, sendo g e n e r a l i z a d o o uso das sementes d e "bo

CI

-

ca d e máquina", adquiridas nas usinas de beneficiamento da r e g i a o .

O

combate às pragas

6

deficiente. de modo e s p e c i a l no caso

do b i c u d o , porque os agricultores desconhecem os meios de seu com

-

bate ou são impossibilitados de f a z ê - l o , já que os baixos n i v e i s de rendimento podem inviabilizar economicamente o controle da p-

E

r e d u z i d o , ou quase nulo, o emprego da adubação até mesmo a baseada no esterco, que r e s u l t a da exploracão pecuária.

A l é m desses males, os ,rebanhos são muito mal manejados den tro do algodoal, pois o que interessa mesmo é salvar, a qualquer

p r e ç o , o s bovinos. a i n d a que i s t o possa comprometer a produção do

algodão.

O emprego d e processos tão rudimentares conduz o rendimento

médio do mocó a um n h e l que l h e c o n f e r e a primazia d e ser um dos nais baixos no B r a s i l e, talvez, do mundo (150 a 200 k g / h a ) . No en

tanto, e s t a s i t u a ç ã o se inverte quando, no cÔmFuto g e r a l , é inclu:

da a receita das c u l t u r a s a l i m e n t . a r e s , da carne e do l e i t e , o b t i d ã

c o m a e x p l o r a ç ã o da pecuária. P o r e s t e l a d o , r e v e l a uma conbinação

harmoniosa dos recursos da terra e mão-de-obra à custa da q u a l t e m tornado p o s s í v e l a ocupação dos espaços na e x t e n s a r e g i ã o semi-ãri

-

da nordestina.

Do l a d o das relações d e p r o d u ç ã o , o sistema é bastante t i p i

-

(12)

como a classe numérica e socialmente mais importante. Nestas condi ~ Õ e s , o proprietãria entrega ao morador, que

é

o parceiro do algo

dão, a terra preparada.

Para

o desmatamento ou a broca. o trabalhõ

é

realizado por empreitada. O morador trabalhar tanto na

broca quanto no preparo do solo, se bem que na condição de diaris ta; a p a r t i r d á i , o parceiro passa a c u i d a r , ajudado pela farnilia;

d3 área plantada.

No momento da c o l h e i t a metade do algodão o b t i d o

é

a p r o p r i a

da pelo dono da terra e , no caso do milho e feijão, a participaçãõ

se faz, na maior parte dos c a s o s , na base da terça.

O p r o p r i e t á r i o tem sua apropriação ampliada pelo direito de

d i s p o r de capoeira de a l g o d o e i r o para o p a s t e j o do seu rebanho ao

fim do primeiro e até o quinto ano de exploração da área plantada

com o algodoeiro mocÓ na propriedade. Esta vantagem

é

exclusiva do

proprietário e, como t a l , nem direta ou indiretamente o parceiro d e l a p a r t i c i p a no a c o r d o de p a r c e r i a ,

7. QUALIDADE DA

FIBRA

DO MOCÓ

O a l g o d o e i r o mocó parece atender bem

5

máxima que o vulgo t I

já consagrou: quem não pode ser o maior tem que ser, p e l o menos,

o melhor". De fato,

é

d e s t e a l g o d o e i r o que se obtém, p o r suas q u ~ lidades intrínsecas, um t i p o de f i b r a capaz de rivalizar com as que são produzidas p e l o s mais famosos algodoeiros do mundo.

Pesquisa realizada pelo ~ s c r i t Ô r i o de Estudos ~ é c n i c o s do Nordeste (ETENE) do Banco do Nordeste do B r a s i l S . A , em

1962,

de

-

monstrou que o mocó, quando melhorado geneticamente, pode apresen

t a r caracteristicas d e uniformidade, finura e resistência de f ibray dentro dos mais nobres exigidos p e l a s tecelagens mundiais

.

Concluiu-se neste estudo que sua f i b r a nada deixava a desejar em relação aos algodões de fama ínternacional, como o Tanguis,

do

Pe

ru, o Ashmoundi do Egito, os G i z a s e outros semelhantes,

classifi

-

cados na f a i x a dos t i p o s de f i b r a l o n g a e extra longa.

Nos d i a s atuais vem tendo continuidade a

melhoria

do padrão de qualsdade da fibra neste algodoeiro, graças ao trabalho empre

-

endido p e l o Centro Nacional de Pesquisa do ~ l g o d ã o (CNPA)

,

da

Em

-

presa B r a s i l e i r a de Pesquisa ~ g r o p e e u á r i a (EMBRAPA)

.

(13)

e as que estâo p o r v i r , podem assumir v a l o r inestimável, f r e n t e

aos novos de fibra que e s t ã o sendo e x i g i d o s pelas inova

çÕeç no setor de fiação (open end, jato de ar e fricção). pode-se afirmar que dos algodões b r a s i l e i r o s , o mocÕ

melhorado

6

o que mais

de perto pode atender à s caracterfsticas de resistência e finura

e x i g i d o s p e l a modernizacão dos processos de f i a ç ã o a n í v e l das in

-

distrfas.

8.

AMEAÇA DE

EXTINÇAO

P o r mais paradoxal que possa parecer,

6

exatamente e s t e a1 g o d o e i r o , ú n i c o espécime perene, p r o d u t o r de f i b r a s lgngas, adaptã

do

5

região semi-árida nordestina, que

irá

pagar. com o seu prova vel desaparecimento, o t r i b u t o da desorganização secular em que s e

vem apoiando a e x p l o r a ç ã o a l g o d o e i r a no Nordeste.

C r e d i t a - s e h o j e ,

5

praga do b i c u d o , o f a t o r p r i n c i p a l que poderá conduzir

ã

e x t i n ç â o do algodoeiro mocó da r e g i ã o semi-árida nordestina. Aparentemente, e s t e

6

o grande problema que r e s s a l t a

logo p r i m e i r a v i s t a . T o d a v i a , a verdadeira questão não

6

bem e s

-

ta, conforme se demonstrará em s e g u i d a .

I? e v i d e n t e que não se deve o b s c u r e c e r a importância d e um fator d a magnitude do b i c u d o em uma lavoura tão pobre d e recursos

t é c n i c o s e d e arcaicas relações de produção como a do mocó.

No

en

-

tanto, uma análise mais atenta desta problemática mostra que, na verdade, sua decadência iniciou-se em época bem anterior ao p e r f o

*

-

do em que se g e n e r a l i z o u a disseminação do b i c u d o na extensa a r e a

ocupada p o r e s t e a l g o d o e i r o no Nordeste.

0 s dados da Tabela

L mostram

que, a partir d a s a f r a d e

-

1 9 7 3 / 7 4 e até a de 1979/80, a área cultivada com o mocÓ na r e g i a o

Nordeste manteve-se mais ou menos estãvel e em t o r n o dos 2 , 3 m i 1hÕes d e hectares. Da safra de 1980/8l em d i a n t e . n o t a - s e , contudo,

que a área c u l t i v a d a começou a declinar a t é atingir, em 1 9 8 5 / 8 6 ,

pouco mais de uni milhão de h e c t a r e s e , segundo estimativas d e outu

-

b r o d e 1987,

da

F I B G E , d e v e r i a a t i n g i r 680.000 ha em 1986/87.

O d e c l i n i o tem-se evidenciado não na área, como também

na produção e no rendimento médio, que vêm c a i n d o a o l h o visto em r e l a ç ã o a 1 9 7 3 / 7 4 . Verifica-se, na Tabela 1, que a produção e O

(14)

d e 1 9 7 9 J 8 3 , obtendo uma pequena m e l h o r a nos d o i s anos seguintes e

voltando a cair a p a r t i r d e 1985/86, agora jã sob o impacto d a p r o

-

pagação d o b i c u d o do algodoeiro.

Portanto, d e s s e s dados uma conclusão salta

à

v i s t a , qual se ja, a d e que a d e c a d ê n c i a d a lavoura

é,

de fato, bem anterior

à

d i i

seminação do b i c u d o nas áreas ,dos p r i n c i p a i s Estados

d e s t a f i b r a , ocorrida por volta do ano de 1985. Outros f a t o r e s as

sociados a o bicudo são que, e m essência, estão conspirando contra o algodoeiro rnocÔ, a ponto d e tornar o seu desaparecimentoumaamea

-

ça

Dentre tais fatores, a estrutura d e produção desempenha, se

guramente, um d o s p a p é i s p r i n c i p a i s . Para os pecuaristas, o algodõ eiro mocó

6

uma l a v o u r a viável, em termos econ6rnicos, na medida em que i m p l i c a em b a i x o s custos d e ~ r o d u ç ã o , proporcionando, assim,

uma receita l i q u i d a a d i c i o n a l naquela área onde, na estação seca. o gado irá d i s p o r das pastagens nativas

-

as capoeiras d e algodão,

além

dos restolhos d o algodão, milho e f e i j ã o . Para i s t o , a tecno logia utilizada

é

aquela que

é

intensiva em terra e mão-de-obra,

Isto e x p l i c a os b a i x o s rendimentos médios, que inviabilizam tecno

L

-

logias baseadas em aumentos de custos de produção, como e o caso na necessidade d e combate ao bicudo. Os parceiros, que

-

são os res

-

ponsáveis d i r e t o s p e l a produção do a l g o d ã o mo&, p o r nao serem os donos d a s terras não têm condições, muitas vezes nem culturais, d e utilizarem qualquer t i p o de inovação t é c n i c a que i m p l i q u e em aumen

to d e c u s t o s . Com o aparecimento do bicudo, devido ao t i p o de e;

trutura d e produção vigorante, nota-se que o s proprietários estãÕ

o p t a n d o p e l a pecuária como a t i v i d a d e d e s u b s t i t u i ç á o do a l g o d o e i r o

mocó, e o s pequenos produtores e rneeiros estão abandonando este c u l

-

tive tradicional, sem terem a i n d a uma c u l t u r a alternativa que p o porcione p e l o menos i g u a l rentabilidade.

Portanto, à l u z d e s t a s informações, pode-se irmar que o

b i c u d o f o i um fator que acelerou a ameaça d e extinção

da

lavoura do mocó. Em essência, o bicudo agravou uma situação extremamente d i f

i

cil nesta lavoura e o seu aparecimento tem servido para desnudar a extrema f r a g i l i d a d e em que se vem apoiando esta importante a t i v i dade no Nordeste. A grande ameaça

é,

de fato, a situação de quase abandono a que se tem relegado, em anos recentes, a lavoura regio

-

n a 1

.

De fato, durante a seca de

1979183,

a

lavoura do

moc8 f o i a

(15)

10.

I? paradoxal que exatamente um t i p o d e a l g o d o e i r o r e s i s t e n t e

à

seca como

é

o

mocó,

possa

t e r

s i d o t ã o p r e j u d i c a d o por e s t e f enõme

-

no; o que acontecp. todavia.

é

que durante e s t e periodo t o d a a

preocupaçáo dos donos de terras f o i em salvaguardar a pecuária ãs expenças da exploração algodoeira. Deste modo, o p r o p r i e t á r i o ex

plorou

o quanto pode as capoeiras d e a l g o d ã o , provocando, com e s t e abuso, a destruição de muitas p l a n t a s e , assim, causando redução

d r á s t i c a na população, a um n i v e l t a l d e se ter d e até abandonar as k e a s plantadas.

Por outra

parte, durante o período da. grande

seca não houve a renovaçáo adequada da área p l a n t a d a como o rnocó,

em termos de novos plantios.

O

resultado disto f o i o decréscimo sensível da área plantada a p a r t i r de 1980/81, conforme pode ser

o b s e r v ~ d o na T a b e l a

1.

Se não bastasse este abandono

ã

lavoura d o rnoc.6, as r e l a

ções de p r o d u ~ ã o nela predominantes, como salientado, são de modÕ a perpetuar o baixo n i v e l técnico do c u l t i v o e a exploração p e r n a nente a que se acha submetido o m e e i r o , em Gltima análise o p r o d i tor direto do algodão. Esta e x p l o r a ~ ã o

é

r e a l ç a d a ,

nos mecanismos igualmente tradicionais d e comercialização d o a l g o

-

dão na

relacão proprietârio/parceiro. Por exemplo, se o p r o p r i e t á

rio o p t a p o r comercializar sua produçáo com as indústrias de b e n e

ficiamento particulares, a negociação

é

efetuada a n t e s da entradã

d a s a f r a , g e r a l m e n t e e m junho, p e r l o d o coincidente c o m o f i n a l d a

safra no Centro-Sul e , assim, caracterizada p o r p r e ç o s e m b a i x a .

Nesta condição, a remuneração do p a r c e i r o é f e i t a com b a s e n e s t e

preço calculado s o b r e 2 m e t a d e d o montante que p r o d u z i u . No entan

d

-

to. o p r o p r i e t á r i o s ó fecha o preço contratado com a usina na e p o

-

c a mais p r o p i c i a no mercado, que é entre setembro e dezembro.

Do l a d o d o s p r o p r i e t á r i o s , as inforrnaçóes da CEPA-CE, c i t a

-

a s em

LIMA

(1981), mostram que no c o n j u n t o d a s relações p r o p r i e

tários/meeíro ( p o r exemplo, a l u g u e l d a t e r r a , f o r n e c i m e n t o d e seme;

-

t e s e alimentos e venda da produção que cabe ao meeiro). aç.trans fetências em favor do p r i m e i r o equivalem a j u r o s sobre o valor d ã

terra que variam entre

100 e

400% ao ano. Segundo e s t a fonte, so

mente

o aluguel da terra corresponde a j u r o s de 16% sobre o v a l o r da terra nua cercada,

A s i t u a ç s o do pequeno proprietário também não

é

favorável comparativamente com a do meeiro. Com efeito, o baixo í n d i c e d e ca

5

p i t a l i z a ç ã o d e s t e grupo leva-o, nao raro, a depender do f i n a n c i ã

-

(16)

ser autónomo mas, em um caso

ou

noutro, recebe do agricultor

-

a g;

rantia de entrega da produção. Neste caso, o s preços sao geralmen t e contratados "na folha". i s t o é, antes mesmo que o algodão este

-

ja pronto para

ser colhido.

Deste

modo.

o pequeno produtor

6 ,

mui

a

-

tas vezes, impedido de receber o preço vigente no mercado, na epo ca da colheita.

Na realidade, são todos estes males que estão interagindo

com a

praga do bicudo a

ponto

de

ameaçar de

extinção a lavoura

do

I

moco. Tentar a t r i b u i r ao i n s e t o a Única responsabilidade por e s t e desastre.

6

como que escamotear o quadro real

de dificuldades

p e

l a s quaia vem p a s s a n d o e s t a importante atividade.

Face a e s t a s

dificuldades

urge,

da parte

dos

poderes

p ú b l i

-

tos,

uma

tomada de c o n s c i ~ n c i a frente a t ã o graves problemas, que a

continuar

sem solução, com certeza determinarão o banimento com p l e t o

de

uma das mais antigas e

tradicionais

lavouras do ~ordeste;

E

uma pena que i s t o possa acontecer exatamente agora, quando o

1 Ii

pais se defronta com a batalha da qualidade e esta, no moco, nao

tem r i v a l dentre o s algodões presentemente produzidos no

Brasil,

aliado

a t o d o um elenco

de

acÕes para a convivência com o bicudo,

destacando-se o lançamento

de

novas cultivares e a dei

i n i ç á o

de me

-

d i d a s de convivência com

o

bicudo,

definidas,

no caso

do

nioc6,

na Circular ~ é c n i c a no

11

do CNPA.

Diga-se de passagem que não

é

por f a l t a

de

atenção ou cuida

d

dos por parte do CNPA, que e s t a lavoura vem sendo ameaçada de ex

tinção. P e l o contrário. desde sua

criação.

em

1975, vem e s t a

insti

ruiç% manifestando preocupação constante com os destinos destã importante lavoura regional. Neste sentido, uma das primeiras preo

cupaç6es f o i a de como desenvolver as p e s q u i s a s com e s t e

algodoei

ro nas condições do seu próprio habitat nativo, que

é

o s e r i d ó d õ

R i o

Grande

do Norte e da ~ a r a i b a . Com t a l objetivo, f o i adquirido o Campo Experimental de Patos, em plena região

seridó

da ~ a r a f b a ,

onde

tiveram começo e têm andamento, presentemente, as pesquisas voltadas'para o algodoeiro moc6, a cargo do CNPA. A base f isltca

d i s p ó e de s o l o s a p r o p r i a d o s

e

representativos dos

a.tilizados

para

o c u l t i v o deste a l g o d o e i r o e abriga instalaçÕes modernas que nada

ficam-a desejar

5 s

congêneres no Brasil, voltadas para a pesquisa

com o algodoeiro.

Depois de i n s t a l a d o , o CYYA

deu continuidade, naquele

ano,

aos trabalhos de pesquisa que vinham sendo empreendidos p e l o con vénio da SUDENE e que já estavam em

funcionamento

desde

1963.

~ e g

-

(17)

ta forma, prosseguiu sem qualquer interrupção o trabalho de rnelho =

ramento

genético em andamento, atrav8s da conservação das Progc n i e s e linhagens existentes no programa deste convênio. Do materi a1 preservado

tomou-se

posçivel lançar,

no Nordeste.

em breve tem

-

po, novas cultivares como as

CNPA 2X e

CNPA 3M. a

primeira já em

cultivo

e a

Gltima

em processo de multiplicayão e d i s t r i b u i ç ã o em diversos Estados Nordestinos. Ressalte-se que nos 6 l t i m o s quatro

-

anos não menos que 30t de sementes básicas têm sido ofertadas as

Secretarias d e Agricultura dos Estados

do Nordeste,

para a 'multi

-

plicação e m l a r g a escala da

CNPA

3M. De outra parte, concentra ram-çe esforços

no

s e n t i d o d e produzir e d i s t r i b u i r a s sementes

b z

r

s i c a s d a Veludo

C-71,

que foi criada no t r a b a l h o do citado conve

-

nio. Graças a t a i s esforços, a ~ a r a i b a tornou-se, no passado, au

to-suficiente em sementes d e s t e material, o que possibilitou o seu c u l t i v o não

s6

neste Estado, mas, ainda, nos demais E s t a d o s do Nor

-

deste.

As atençoes da instituição tem-se v o l t a d o , todos e s t e anos, para a

área

das p r á t i c a s culturais neste algodoeiro, visando a o f e r t a de tecnologias capazes de substituir métodos de cultivos tradicionais imperantes nesta lavoura. Deste modo, cqueçtões como

métodos de plantio, conservação do solo, adubação. poda. controle

de ervas e pragas, estiveram

na

c r i s t a dos p r o j e t o s d e p e s q u i s a ,

na d6cada de 80, c u j o s resultadas podem d i s p o r , h o j e , o s

-

a g r i c u l t o

-

reç d e d i c a d o s ao c u l t i v o do a l g o d o e i r o mocÓ. P o r t a n t o , sao que s tÕes já perfeitamente esclarecidas arrav6s de concentrado esforço de p e s q u i s a que e s t ã o , apenas,

2

espera de r m ~ l a divulgação por par

-

t e dos servíços de extensão dos Estados nordestinos.

Como fruto desças pesquisas, descortina-se, h o j e , um q u a d r o completamente novo para a exploração do a l g o d o e i r o moc6 no Nordes

-

te, i n c l u s i v e com p o s s i b i l i d a d e s de d e tecnologias de p a i ç e s avançados. como é o caso do "rnocó h i b r i d o t ' . programa em an

-

damento presentemente no

CNPA,

O

primeiro passo a ser dado para salvar a lavoura do moc6 da extinção é, o quanto antes, proceder a um novo rezoneamento des t e c u l t i v o , d e modo a incentivá-lo naquelas zonas com p o s s i b i l i d ã

-

des para mais a l t o s rendiiiientoç e excelência de suas qualidades de

f i b r a .

(18)

Os

primeiras resultados das pesquisas em andamento no

CNPA

e s t ã o mostrando que na região do Seridõ o algodoeiro ~ o c 6 poderá

v i r a ser um c u l t i v o rentável, m e s m o diante

da

praga do bicudo. A

temperatura elevada dos solos nesta r e g i ã o tem

sido

f a t o r a b i ó t i c o

importante no controle das populaçÕes d e s t e inseto.

~ l é m

d i s s o ,

c o n t a com a vantagem de ai ser produzida uma das

melhores

fibras

do mundo, capaz de atender plenamente aos padrões d e qualidade que está0 sendo exigidos pelos novos processos de fiaçáo.

Nos locais identificados, o Serfd8 e outros a serem revela

-

dos, deve-se cuidar de elevar, a todo custo, a produtividade por meio d e mudanças no processo produtivo desta lavoura, Com t a l fina

-

lidade, mister se f a z que s e estabeleça. a

nlvel

regional, um agressivo programa de multiplicação e distribuição de sementes aos agricultores, a partir das c u l t i v a r e s criadas e recomendadas pela CNPA.

Além desta medida,

i n a d i á v e l sob todos os aspectos, deve-se

p o r

em

prática a s medidas d e conviv&cia com a praga do bicudo re comendadas para e s t e a l g o d o e i r o na Circular ~ é c n i c a

no

11.

do

CNPAT

Basicamente, deve-se estabelecer,

através de

legislação especff i

ca. a obrigatoriedade na destruição das capoeiras velhas e irnprodi

tivas e poda nas novas, com a queima r e s p e c t i v a d o s r e s t o s p o d a d o z A concentração da

lavoura

no rezoneamento sugerido

facilitar. em muito, a adoçáo das medidas d i f i c e i s de serem

imple

-

mentadas nas condições a t u a i s de atomização e dispersão em que se encontra o p l a n t i o deste a l g o d o e i r o , por toda a região semi-árida norde çt i n a .

A par destas m e d i d a s , as únicas capazes de evitar a e x t i n

-

do rnocó, deve-se estabelecer, também, uma politica de preços

minimos e VBC para o t i p o de fibra " ~ e r i d õ " , que s e j a mais compatl

-

v e l com os c u s t o s com que irão arcar os agricultores na presença do b i c u d a ,

~ e c e s s á r i o se

torna,

também, rever os dispositivos que regu

d

Iam a o f e r t a de crédito de modo a

incentivar

o

p l a n t i o ,

mesmo

na

presença do b i c u d o , desde que nas áreas aconselhadas se adotem

in

-

tegralrnente as medidas de

convivência,

P o r fim, considerando que a

extincão

do moc6

t r a r á

prejuf

zos sociais e

econÕmi~os

aos produtores,

descaroçadores.

indÜstri

as têxteis e aos Estados, cabe formular

duas sugestões

que

levar

2

preservação d e s t a cultura.

A

primeira seria a concessão de

(19)

C

ção

de

culturas

perenes produtoras de algodão

de

fibras

longas, a

semelhança do que

é

atualmente

concedido

para a implantação de f

10

restas (energéticos ou

pecuários),

como a

algaroba

ou

frutíferas

(coqueiro,

cajueiro,

mangueira

etc.)

.

E

claro que a concessão

des ta polxtica

de

crédito

será

conseguida através de pressões p o l i

ticas

e econÔmicas

efetuadas pelos

empres8rios,

p o l i t i c o s e gover

-

nantes dos Estados nordestinos. A segunda, seria a liberação. p e

10s governos

estaduais, da

receita,

de

50%

do ICM

arreqadado pelas usinas de descaroçamento

do

algodoeiro mocó, a

qual

seria u t i l i z a

da

na

criação de

um Órgão

t i p o

ex-INFAOL,

d i r i g i d o pelos

usineiroi

r produtores,

com o

o b j e t i v o exclusivo

de incentivar

a produ~ão de sementes, o

fomento e

a divulgação

da

cultura do algodoeiro mocÕ

(20)
(21)

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