MINISTÉRIO
D A
AGRICULTUR
Empresa
Brasileira
dePeç
.-
_
Centro Nacional de PesquCampina Grande
-
PB. -A -
MA
iquisa
Agro@cGaria'-
EMBRAPA
~inistério
da
Agricultura
.-MA
Empresa
Brasi
1
eira
de
Pesquisa
Agropecuária
-
EMBRAPA
Centro
Nacional
de
Pesquisa
do
Algodão
-
CNPA
Campina Grande, Parayba
J O S ~ de
Alencar
NunesMareira
~ l ê u a i o
~urvêla
Freire
~ o b ê r i o Ferreira dos SantosMiguel
Barreiro
NetoCentro Nacional de
Pesquisado
~ l ~ o d ã o
-
CWPAC a p i n a Grande, PB
@ Copyright EMBRAPA
-
1989
EMSRbPA-
CNPA,DOCUMENTOS,
36
Exemplares desta
publicação podem ser solicitadosà
EMBRAPA
-
CNPARua Osvaldo Cruz
na
1143
-
B a i r r o do centenárioTelefone: (083)
321-3608Telex: (083) 2236
Caixa Postal 174
58.100
-
Campina Grande, ParalbaTiragem: 2.000
Pres. ~ a p o l e ã o E s b e r a r d de ~ a c ê d o B e l t r ã o
Sec. Malaquias da S i l v a A m o r i m N e t o
Membros Eleusba
Curvêlo
f r e l r eEmfdie F e r r e i r a Lima
F r a n c i s c o de Assis O l i v e i r a José d~ Alencar Nunes Morsira Lauderniro B a l d o i n o da ~ Ó b s e g a
Raimundo S r a g a S o b r i n h a
R o b é r i o F e r r e i r a dos Santos
N f v i a M a r t a Soares Gomes
Empresa B r a s i l e i r a d e P e s q u i s a Agrapecuãria. C e n t r o Nacional d e Pesquisa do ~ l ~ o d & , C a m p i n a Grande,
PB,
Algodoeiro rnoç6: uma l a v o u r a ameaçada de e x t i n - ção, por José d e Alencar Numes Moreira e o u t r o s .
Campina Grande, 1989.
20p.
(EMBWA-CNPA. Documentos,36
)1. ~ l g o d ã o MO&
-
H i s t o r i a . 2 . ~ l g o d á o ~ o c ó Sistema d e ~ r o d u ~ ã o .I.
MoreiraJ.
A. N . 11. Freire.E . C. 111. S a n t o s , R, F. dos I V . B a r r e i r o N e t o ,
M.
V. ?:tu10VI.
s é r i e
ALGODOEIRO M O C ~ :
UMA LAVOUW AMEAÇADADE EXTPNÇÃO
O
algodoeiro (Gossypium spp)6
uma das plantas mais antigas em c u l t i v ono
Brasil, etudo
leva acrer
que já estivesse sendo cultivada em nosso territõrio pelos povos indlgenas, antes mesmoda
chegada dos portugueses. Iniciada a colonização. passou a ser explorado, já no século X V I , nas roças desubsistência,
ã
semelhança
das que vinham sendo realizadas p e l o s indfgenas ao tempodo d e z
-
cobrimerito.Durante
a
~ e v o l u ~ ã o Industrial, en: meado do ç&culo X V I I I ,a f i a ç ã o e tecelagem baseadas no algodáo passaram por
_
grandes transformações. A p a r t i r dai, o cultivo passou da condiçao de sub-
sistência para a
de
lavoura comercial propriamente dita.No passado, salvo o s casos de uso local. o algodão b r a s i l e i
ro gozou
d e grande reputação nos mercados internacionais. principalmente no d a Inglaterra, para onde' se d i r i g i a a producão
com
of i m
de suprir as necessidades da matéria-prima de sua indcstsia
t@xtil,Neste perfado, a cotonicultura b r a s i l e i r a viveu de avanços
e recuos e , assim, a uma fase de inusitado crescimento seguia-se, sempre, o u t r a d e estagnação que chegava, 5 s v e z e s , a t i a ameaçar a sua própria existência. Quando o algodão p e r d i a a sua importância
no mercado internacional, ele v o l v i a , no
Brasil, novamente
condiCão d e subsistência na qual passava a alimentar uma importante ati
-
vidade baseadana
fiação e tecelagem manuais.A estabilidade desta lavoura
no
B r a s i l deu-se na decada de3 0 , com a c r i s e do café em são Paulo e após consolidada a indÜs
-
tria têxtil. Nesta condição vem-se mantendo até h o j e , a ponto
de
se constituir num dosgrandes
e s t e i o sda economia
nacional.Atualmente, o p a h
6
o sexto produtormundial,
tendo colhi do, na safra1985186,
segundo estimativas da ~undacão IBGE (FIBGE).2.314.540t de algodão, que só f o i superada pela produção
da
~ e p cblica
Popularda
China, dos Estados Unidos, daunião
soviética, da
O algodão
6
um dos p r i n c i p a i s produtosda
agricultura brasi l e i r a , tendo ocupado, em termos deárea
c o l h i d a e segundo estimati vas da ~ u n d a ~ ã oIBGE
para a safra1985/86,
a sexta posição no~ r a
-
s i l , colocando-se entre os sete maiores produtos, em termos de quantidade colhida.
As áreas
de produçãodo
a l g o d o e i r o situam-se, no Brasil,predominantemente nas regiões Centro-Sul e Nordeste.
Na primeira,
em especial no para& e são Paulo, que são os maiores .produtores desta região; na segunda, nos Estados do ceará,~ a r a f b a ,
R i oGran
U
-
de da Norte,
Pernambuco,
Bahia, Sergipe* Alagoas, ~ i a u z e ~ a r a n h a o ,No
Nordeste,além
do a l g o d o e i r o herbáceo (Gossypium hirsu t uL.
r. latifoliumHutch)
,
explora-se ainda, na zona semi-árida,-
o algodoeiro mocó (Gossypium hirsutum L. r . marie galante Hutch) de fibra longa onde, por s i n a l , tem predomfnio a lavoura mocoeita
que. associada pecuária, tem tornado p o s s i v e l a ocupação, s e m
grandes problemas,
de
uma das zonas mais secas doBrasil.
Em termos regionais,
é
a lavoura mocoeira a p r i n c i p a l gera-
dora
derenda
para os pequenos produtores nerdestfnos, uma vez queo milho e o f e i j ã o geralmente produzidos em consórcio com o algodo
eira,
destinam-se primordialmente subststência.O
excedente, quando existente, passa a ser negociado no mercado, gerando, com isto, uma renda monetária a d i c i o n a l apropriada p e l o s pequenos p r g dutores,Visto
que a maior parte d a produção do algodão mocÓé
produ z i d a nas propriedades dos pecuaristas, e l a desempenha p a p e l de sum a importância na geração de empregos diretos nas caatingas nordei
tinas, além dos i n d i r e t o s , oriundos das atividades do beneficiam&
-
to e da indústria têxtil.Um p r o d u t o que se c o n s t i t u i em p r i n c i p a l fonte de renda pa ra os pequenos produtores do semi-árido nordestino merece ser
este
dado em detalhe.
E
e s t e f o i o o b j e t i v o do trabalho; fazer un& ana lise h i s t ó r i c a do a l g o d o e i r o moc6, partindo das razões do seu nome, descrevendo a p l a n t a e sua provável origem, seu habitat natural, suas condições de cultivo e qualidade da f i b r a . a t e chegar s i t u a que passou a predominar com aparecimento do bicudo doalgodoei
-
ro-
ameaça de extinção do mocó.N ~ O
há
consenso entre os especialistas acerca das razões11
que levaram
à
adoção do nome curioso d e mocÕ1* para este algodoei-
ro.
*
Martinç
(1946)
&
de o p i n i ã o ser esta denominação alusiva aMako (pron6ncia figurada MakÕ), como eram chamadas as sementes de
um algodoeiro proveniente da ~ u f ç a e introduzido no Rio Grande do Norte, e n t r e os anos 1886 e
1896.
Para o autor, a diffculdade em pronunciar apalavra
NakÕ, resultou, por força de uma corruptela,1
no nome moco, como
é
conhecido até hoje este a l g o d o e i r o .C o m e s t a o p i n i ã o concordam, também, Faria e Melo ( c i t a d o s em
Boulanger, 1971), que consideram a palavra mocÓ uma corruptela do nome h k Õ ,
dada a
uma variedade e g i p i c i a i n t r o d u z i d a no Seridódo
R i o Grande do
Norte,
durante o século passado.Outros autores defendem que e s t a denomibaGão advém da seme
Ihança das sementes deste a l g o d o e i r o - com o excrernento de um roedor de mesmo nome, comum na r e g i ã o ( ~ e r o d b n rupes tris
,
Wied).
ou, mes-
mo, com a base da cauda com tufos ou p e l o s avemelhados, presentesneste animal.
Qualquer que s e j a a origem do nome, o certo
é
que o uso cont l
sagrou a palavra mocó", como
é
conhecido e s t e a l g o d o e i r ono
NU^
-
deste.Há,
além d e s t a denominaçáo, a i n d a ,a
de algodoeiroSeridó.
Neste c a s o , o nome se d e r i v a da região do R i o Grande do Norte, que
é o h a b i t a r n a t u r a l do moc6. Este nome pode
ser
usado para i d e n t ificar a planta ou mesmo a f i b r a longa que
é
obtida namicrorre
.I
-
giao, com o cultivo do rnscó.
3 , D E S C R I Ç ~ GERAL
DA PLANTA
O a l g o d o e i r o mocõ
6
classificado, botanicamente, como o-
[;os sypium hirsutum L. r. marie ~ a l a n t eHutch.
É f i l i a d o ao grupo dosa l g o d o e i r o s tetraplóides do Novo Mundo e , assim, encerra o genoma ( A D ) L e p o s s u i 2x =
4n
=52
cromossomas.A descrição botânica do mocÓ o r i g i n a l
é,
nos d i a s de hoje,tarefa
das mais
d i f f c e i s ,senão imposs$vel, em
razão
d&ua h i b r idação com outras raças e espécies d e a l g o d o e i r o s cultivados no NO;
-
deste,
Pearse (1921),
faz
menção a e s t e a l g o d o e i r o na v i s i t a que f e z ao seridódo
R i oGrande
do Norte, na década de20.
porém
en controu-o com sinais evidentes de h%bridaçãojá
naquela época. A descrição que fez do mesmo, a d e s p e i t ode incompleta,
deve, todav i a ,
ser
a quemais se
aproxima dos verdadeiros esp&cimens de mocÓT Segundo esta fonte, ele apresenta folhas de lóbulos curtos ou, ou tras vezes, longos,flores
de coloração amarelo-limão, capulhospe
-
quenos em número de 7 a
15
e dependurados nas extremidades dos ra-
mos. sementes
não
revestidas de l i n t e r e de coloraçáo preta ou, ou-
trasvezes,
marron, com terminação em ponta com duas espécies deforquilhas. Na verdade, entre as caracteristicas s a l i e n t e s deste
-
algodoeiro, que o
distinguem do
t i p o herbáceo e que são comuns a raçaà
qual pertence, a sua cd6dPGão - deYp3rrmtq p w e n e , porte grande, com domingncia da haste p r i n c i p a l e q u e ~ m á l g n a s w chega a formar verdadeiras árvores,além
de apresentar sementes nuas e pretas. Estes, em essência, são os traços marcantes da planta, quer em cultivo ou mesmo quando asselvajado e compondo parte da vepetaç& nativa
doseridó
ou de outras regiões do semi-árido nordeg-
tino.A origem
do
moc6é,
ainda, controvérsa, havendo quem defen ?a serele
oriundodo
seridó ou descendente de a l g o d o e i r o s introdiz i d o s em diversas
épocas
nesta região.As
provas favorecem oraou outra
hipótese.A hipoétese m a i s provável parece ser mesmo a que defende
ser este
algodoeiro nativo do seridó, onde foi registrado p e l a p r imeira
vez mais ou
menos em 1860. Sua presençafoi
a 1 notificadape
lo capitão Francisco
Raimundo, que afirma t ê - l o v i s t o nas trinchei-
ras de serrote do lugar denominado "Olho água da Siriema", em
Acari, Rio Grande do Norte.
condições
não falthram
3
região para o encontro d e uma f o rorigem a um novo t i p o como o mocó.
Este
é,
porsinal,
o caminho sugerido por Neves & Junqueira(19651,
quando consfderam que plantas do tipo ancestral, provavelmente h i b r i d a d a s
,
poderiam, na fasede ascensão comercial, ter de;
pertado a atenção dos agricultores do seridó. que passaram a culti
-
vã-las
na
~ e g i ã o .Por outro l.ado, tela-se de considerar que e prõprio homem se
7
ridoense possa t e r s i d o um agente importante na formação
do
mocona ~ e g i ã o . Pessoas com s e n s i b i l i d a d e para atuar no processo
não
de7
vem ter faltado no seridá.
O exemplo
mais notável neste sentido eo do próprio capitão Francisco Raimundo que, segundo Neves & Jun
queira
(1965),
se não f o i quem i n i c i o u o processo de transformaçã~d o algodoeiro indígena em
moc6
cultivado, certamente desempenhou p a p e l importante nesta tarefa.A p r o p ó s i t o , os autores, em expedição pelo seridó. interro
-
garam o Sr. Clideno d e Brito, neto do citado ~ a ~ i t ã o , d e quem co Iherarn a informação de que o avô f a z i a seleção, cruzandomocozinhõ
com verdão para, em seguida, multiplicar isoladamente as plantas eleitas.
Face a e s t e testemunho, por que não atribuir também, ao
Ia
do d e outros f a t o r e s , a participação consciente do homem na forma
ção do mo&? Na afirmativa da r e s p o s t a é possivel que e s t e agente. aliado à seleção natural, possa também t e r d i r i g i d o o processo.
Neste caso, fazendo com que o material de base que originouomocÓ, atendesse não
s8
aos aspectos d e sua resistência à seca como, a i nda, satisfizesse k s exigências comerciais que a demanda internaciõ
na1 do algodão estava a exigir. quando e l e passou a ser
cultivadõ
regularmente no seridó.5 ,
HABITAT
NATURALO
h a b i t a t naturaldo
algodoeiromc6
6
a região do ~ e r i d Ô do Rio Grande do Norte e ~araiba, principalmente do primeiro Esta-
do. onde se supõa que e s t e j a localizado seu centro de dispersão.E nesta região,
d e fato, onde o algodoeiro mocÓ encontra as condições favoráveis para externar as suas reais qualidades, produ.-
produto
com aregião.
O
trecho
paraibano p r o d u t o r d e f i b r a longa abarca d i v e r s o smunic%pios, destacando-se
são Mamede, Santa Luzia e Patos comop r i n c i p a i s produtores,
A
região
na ~ a r a z b a6
caracterizada por apresentar l o n g a es tação seca, com f o r t einsolação,
temperaturas elevadas echuvas c o n
-
centradas nos meses de fevereiro a a b r i l .Os solos são rasos. pedregosos, com elevado v a l o r de satura
-
de bases, horizonte
A
exposto e. v i a de regra,despr6vido de humus, v i s t o qua a matéria orgânicaé
calcinada pela i n s o l a ç ã o e varrida p e l ovento.
AI,
a vegetação se acha constitufda, entre outras es&cissesparsas, de J u r e m a (Mimosa verrucosa, Benth)
,
pinhão bravo L ( ~ a p r o @apohliana,
Muell)
.
pereiro (Aspidosperma p i r i f olium. Mart), f ave:eira (Cnidosculos
phyllacanthus
Rax &L.
Hofim), malva rasteira(Pavonia
c a n c e l l a t a ) e xique-xique (Cereus pounellel K. Schum ),
além
dos c a p i n s panasco (Aristida adscensionis, Linn) e mimoso(An
-
thephora hermaphorodita Kuntze)
(DUQUE, 1980).
No
R i o Grande do Norte, os munic~pios p r i n c i p a i s , d o seridóna produção de algodão são Parelhas, Acari,
~ a i c ó ,
Ouro Branco oCruze
ta.A regi& apresenta-se c m p l u v i o s i d a d e de
500mm,
escassez emá
d i s t r i b u i ç ã ode chuvas generalizadas
e p r e c i p i t a ç õ e s máximasocorrendo
nos meses d e fevereiro aabril.
A temperatura doar
var i a
d e 20a
2 6 O ~ , semelhantementeao
seridó
paraibano. sendo ode
j u l h o
o mais f r l o r os de setembro a j a n e i r o , os mais quentes.Os
solos
são,tam6em.
r a s o s , s e r n h o r i z o n t e s determinados, commaterial
de origem p o r vezes no h o r i z o n t e s u p e r f i c i a l , emforma
d e pedregulhos, natações que, a s s o c i a d o s alguiaas vezes aos a f l o r a ~ e n tos rochosos,dificultam a absorção
d a água desses solos e o seu m a-
n e j o agrícola ( F e l i p e ,
1978).
A vegeta&
6
caracterizada
pela caatingahiperxerófila
arbustiva, pobre
em espécies
por
contada
a ~ ã o devastadora do homem e com adaptações xeromorfasã
escassez da água.O moc6,
parasobreviver às condições
de rudeza do seu h a b it a t natural desenvolveu, ao longo do tempo, mecanismos de adaptã
ção que lhe tornaram p o s s i v e l vegetar e produzir satisfatoriamente no
~ e r i d õ ,
sistema radicular capaz d e . extrair a água das
camadas
mais profun dasdo solo,
além
de
folhas caducas e gemas latentes nas épocas s e-
tas. As custas destas e
outras
adaptaçóes, têmgarantido
a sua sobravivéncia, mesmo nos anos
de seca
t o t a l , oferecendo o seuculti
vo
uma
daspoucas
ocupações
para
amão-de-obra
local
nestesperiõ
dos.
são t a i s os seus mecanismosde
adaptação,que mesmo
emlavou
-
ras
abandonadas as plantas, ainda assim, sobrevivem e passam a ia zer parte da paisdgem com o contraste de seus capulhos alvacentos em meioà
galharia seca da vegetação nativa.6. CONDIÇÓES
DO CULTIVO
A
lavoura doalgodoeiro
mocá reveste-se das característicasde um
sistema agrgcola que se fundamenta na do algodão, exploração dapecuária
e. ainda, no cultivo das lavouras de s u b ç i s-
têncfa.
O
a l g o d o e i r o e a pecuária são as a t i v i d a d e s p r i n c i p a i s dosistema,
porqueresultam em
rendamonetária
certa para os produto-
res envolvfdos, O c u l t i v o do algodoeiro, dado ao r i s c o da sua ex
ploração devido 5 s secas que
assolam
a região.é
v i a b i l i z a d opelã
e x p l o ~ a ~ ã o , através dos proprietários de terra, da pecuária bovi
na.
Esta, desenvolvida de f a m a e x t e n s i v a , é geradora de renda mo-
netiria e poupadora de mao-de-obra.E
a pecuária bovina6 ,
ao mesmo tempo, v i a b i l i z a d a p e l o cul t i v o do algodoeiro que, sendo colhido no perioda mais seco do ano,t l
t e m sua rama" utilizada como alimento para o gado. que é p o s t o a
pastar por dois ou três meses na área em que foi cultivado o algo
d o e i r o . Esta vantagem serve de incentivo aos grandes p r o p r i e t ã r i o ~ da região, criadores de gado, e estimula o p l a n t i o do algodoeiro em parceria, uma v e z que, com ele, aumentam seus lucros s e m abando nar; ao
c o n t r á r i o ,
melhorando aindamais
sua a t i v i d a d e econõmicã(Andrade, 1980).
Assim, e s t a a t i v i d a d e atrela-se ao sistema porque e l a tem
garantidaasua sobrevivência à custa dos produtos que, d i r e t a ou
i n d i r e tdrpente
,
são fornecidos p e l a exploração algodoeira.De outro
lado, constituf-se esta associação num meio relativamente baratode d i s p o r de novas áreas
com
pastagem n a t i v a s-
a s c a p o e i r a s , apósencerrado o c i c l o de exploração do algodoeiro.
p r i e t á r i o s . impõem o plantio do a l g o d o e i r o e seu consórcio com as
culturas alimentares de milho e f e i j á o .
~ l é m
d e s t a função, e s t a slavouras oferecem, na u t i l i z a ç ã o dos seus restolhos, uma fonte de alimento para os rebanhos. durante os periodos secos, quando
6
e s-
cassa a disponibilidade d e forragens para 3 gado. Assim sendo, £ e-
cham-se o c % r c u l o e a área explorada, além do algodão, agregado àreceita das culturas alimentares e a que resulta da exploração bo
-
vina.*
O
processo p r o d u t i v o no sfstema6
bastante rudimentar e noaspecto da mão-de-obra
é
a unidade familiaf d e produc& a quem, predominantemente, compete o p a p e l maior na execução d o s diversostratos a g r i ç o l a s de que carecem s a l g o d o e i r o e as culturas alimen
t a r e s .
O
sistema Limita-se a usar, como inçumos quase exclusivos, a terra e a mão-de-obra. Assim sendo. diminuto o emprego de se-
mentes selecionadas, sendo g e n e r a l i z a d o o uso das sementes d e "bo
CI
-
ca d e máquina", adquiridas nas usinas de beneficiamento da r e g i a o .
O
combate às pragas6
deficiente. de modo e s p e c i a l no casodo b i c u d o , porque os agricultores desconhecem os meios de seu com
-
bate ou são impossibilitados de f a z ê - l o , já que os baixos n i v e i s de rendimento podem inviabilizar economicamente o controle da p-
E
r e d u z i d o , ou quase nulo, o emprego da adubação até mesmo a baseada no esterco, que r e s u l t a da exploracão pecuária.A l é m desses males, os ,rebanhos são muito mal manejados den tro do algodoal, pois o que interessa mesmo é salvar, a qualquer
p r e ç o , o s bovinos. a i n d a que i s t o possa comprometer a produção do
algodão.
O emprego d e processos tão rudimentares conduz o rendimento
médio do mocó a um n h e l que l h e c o n f e r e a primazia d e ser um dos nais baixos no B r a s i l e, talvez, do mundo (150 a 200 k g / h a ) . No en
tanto, e s t a s i t u a ç ã o se inverte quando, no cÔmFuto g e r a l , é inclu:
da a receita das c u l t u r a s a l i m e n t . a r e s , da carne e do l e i t e , o b t i d ã
c o m a e x p l o r a ç ã o da pecuária. P o r e s t e l a d o , r e v e l a uma conbinação
harmoniosa dos recursos da terra e mão-de-obra à custa da q u a l t e m tornado p o s s í v e l a ocupação dos espaços na e x t e n s a r e g i ã o semi-ãri
-
da nordestina.Do l a d o das relações d e p r o d u ç ã o , o sistema é bastante t i p i
-
como a classe numérica e socialmente mais importante. Nestas condi ~ Õ e s , o proprietãria entrega ao morador, que
é
o parceiro do algodão, a terra preparada.
Para
o desmatamento ou a broca. o trabalhõé
realizado por empreitada. O morador trabalhar tanto nabroca quanto no preparo do solo, se bem que na condição de diaris ta; a p a r t i r d á i , o parceiro passa a c u i d a r , ajudado pela farnilia;
d3 área plantada.
No momento da c o l h e i t a metade do algodão o b t i d o
é
a p r o p r i ada pelo dono da terra e , no caso do milho e feijão, a participaçãõ
se faz, na maior parte dos c a s o s , na base da terça.
O p r o p r i e t á r i o tem sua apropriação ampliada pelo direito de
d i s p o r de capoeira de a l g o d o e i r o para o p a s t e j o do seu rebanho ao
fim do primeiro e até o quinto ano de exploração da área plantada
com o algodoeiro mocÓ na propriedade. Esta vantagem
é
exclusiva doproprietário e, como t a l , nem direta ou indiretamente o parceiro d e l a p a r t i c i p a no a c o r d o de p a r c e r i a ,
7. QUALIDADE DA
FIBRA
DO MOCÓO a l g o d o e i r o mocó parece atender bem
5
máxima que o vulgo t Ijá consagrou: quem não pode ser o maior tem que ser, p e l o menos,
o melhor". De fato,
é
d e s t e a l g o d o e i r o que se obtém, p o r suas q u ~ lidades intrínsecas, um t i p o de f i b r a capaz de rivalizar com as que são produzidas p e l o s mais famosos algodoeiros do mundo.Pesquisa realizada pelo ~ s c r i t Ô r i o de Estudos ~ é c n i c o s do Nordeste (ETENE) do Banco do Nordeste do B r a s i l S . A , em
1962,
de-
monstrou que o mocó, quando melhorado geneticamente, pode apresen
t a r caracteristicas d e uniformidade, finura e resistência de f ibray dentro dos mais nobres exigidos p e l a s tecelagens mundiais
.
Concluiu-se neste estudo que sua f i b r a nada deixava a desejar em relação aos algodões de fama ínternacional, como o Tanguis,
do
Pe
ru, o Ashmoundi do Egito, os G i z a s e outros semelhantes,classifi
-
cados na f a i x a dos t i p o s de f i b r a l o n g a e extra longa.Nos d i a s atuais vem tendo continuidade a
melhoria
do padrão de qualsdade da fibra neste algodoeiro, graças ao trabalho empre-
endido p e l o Centro Nacional de Pesquisa do ~ l g o d ã o (CNPA),
daEm
-
presa B r a s i l e i r a de Pesquisa ~ g r o p e e u á r i a (EMBRAPA).
e as que estâo p o r v i r , podem assumir v a l o r inestimável, f r e n t e
aos novos de fibra que e s t ã o sendo e x i g i d o s pelas inova
çÕeç no setor de fiação (open end, jato de ar e fricção). pode-se afirmar que dos algodões b r a s i l e i r o s , o mocÕ
melhorado
6
o que maisde perto pode atender à s caracterfsticas de resistência e finura
e x i g i d o s p e l a modernizacão dos processos de f i a ç ã o a n í v e l das in
-
distrfas.8.
AMEAÇA DE
EXTINÇAO
P o r mais paradoxal que possa parecer,
6
exatamente e s t e a1 g o d o e i r o , ú n i c o espécime perene, p r o d u t o r de f i b r a s lgngas, adaptãdo
5
região semi-árida nordestina, queirá
pagar. com o seu prova vel desaparecimento, o t r i b u t o da desorganização secular em que s evem apoiando a e x p l o r a ç ã o a l g o d o e i r a no Nordeste.
C r e d i t a - s e h o j e ,
5
praga do b i c u d o , o f a t o r p r i n c i p a l que poderá conduzirã
e x t i n ç â o do algodoeiro mocó da r e g i ã o semi-árida nordestina. Aparentemente, e s t e6
o grande problema que r e s s a l t alogo p r i m e i r a v i s t a . T o d a v i a , a verdadeira questão não
6
bem e s-
ta, conforme se demonstrará em s e g u i d a .
I? e v i d e n t e que não se deve o b s c u r e c e r a importância d e um fator d a magnitude do b i c u d o em uma lavoura tão pobre d e recursos
t é c n i c o s e d e arcaicas relações de produção como a do mocó.
No
en-
tanto, uma análise mais atenta desta problemática mostra que, na verdade, sua decadência iniciou-se em época bem anterior ao p e r f o*
-
do em que se g e n e r a l i z o u a disseminação do b i c u d o na extensa a r e a
ocupada p o r e s t e a l g o d o e i r o no Nordeste.
0 s dados da Tabela
L mostram
que, a partir d a s a f r a d e-
1 9 7 3 / 7 4 e até a de 1979/80, a área cultivada com o mocÓ na r e g i a o
Nordeste manteve-se mais ou menos estãvel e em t o r n o dos 2 , 3 m i 1hÕes d e hectares. Da safra de 1980/8l em d i a n t e . n o t a - s e , contudo,
que a área c u l t i v a d a começou a declinar a t é atingir, em 1 9 8 5 / 8 6 ,
pouco mais de uni milhão de h e c t a r e s e , segundo estimativas d e outu
-
b r o d e 1987,
da
F I B G E , d e v e r i a a t i n g i r 680.000 ha em 1986/87.O d e c l i n i o tem-se evidenciado não só na área, como também
na produção e no rendimento médio, que vêm c a i n d o a o l h o visto em r e l a ç ã o a 1 9 7 3 / 7 4 . Verifica-se, na Tabela 1, que a produção e O
d e 1 9 7 9 J 8 3 , obtendo uma pequena m e l h o r a nos d o i s anos seguintes e
voltando a cair a p a r t i r d e 1985/86, agora jã sob o impacto d a p r o
-
pagação d o b i c u d o do algodoeiro.
Portanto, d e s s e s dados uma conclusão salta
à
v i s t a , qual se ja, a d e que a d e c a d ê n c i a d a lavouraé,
de fato, bem anteriorà
d i iseminação do b i c u d o nas áreas ,dos p r i n c i p a i s Estados
d e s t a f i b r a , ocorrida por volta do ano de 1985. Outros f a t o r e s as
sociados a o bicudo são que, e m essência, estão conspirando contra o algodoeiro rnocÔ, a ponto d e tornar o seu desaparecimentoumaamea
-
çaDentre tais fatores, a estrutura d e produção desempenha, se
guramente, um d o s p a p é i s p r i n c i p a i s . Para os pecuaristas, o algodõ eiro mocó
6
uma l a v o u r a viável, em termos econ6rnicos, na medida em que i m p l i c a em b a i x o s custos d e ~ r o d u ç ã o , proporcionando, assim,uma receita l i q u i d a a d i c i o n a l naquela área onde, na estação seca. o gado irá d i s p o r das pastagens nativas
-
as capoeiras d e algodão,além
dos restolhos d o algodão, milho e f e i j ã o . Para i s t o , a tecno logia utilizadaé
aquela queé
intensiva em terra e mão-de-obra,Isto e x p l i c a os b a i x o s rendimentos médios, que inviabilizam tecno
L
-
logias baseadas em aumentos de custos de produção, como e o caso na necessidade d e combate ao bicudo. Os parceiros, que
-
são os res-
ponsáveis d i r e t o s p e l a produção do a l g o d ã o mo&, p o r nao serem os donos d a s terras não têm condições, muitas vezes nem culturais, d e utilizarem qualquer t i p o de inovação t é c n i c a que i m p l i q u e em aumen
to d e c u s t o s . Com o aparecimento do bicudo, devido ao t i p o de e;
trutura d e produção vigorante, nota-se que o s proprietários estãÕ
o p t a n d o p e l a pecuária como a t i v i d a d e d e s u b s t i t u i ç á o do a l g o d o e i r o
mocó, e o s pequenos produtores e rneeiros estão abandonando este c u l
-
tive tradicional, sem terem a i n d a uma c u l t u r a alternativa que p o porcione p e l o menos i g u a l rentabilidade.
Portanto, à l u z d e s t a s informações, pode-se a£ irmar que o
b i c u d o f o i um fator que acelerou a ameaça d e extinção
da
lavoura do mocó. Em essência, o bicudo agravou uma situação extremamente d i fi
cil nesta lavoura e o seu aparecimento tem servido para desnudar a extrema f r a g i l i d a d e em que se vem apoiando esta importante a t i v i dade no Nordeste. A grande ameaça
é,
de fato, a situação de quase abandono a que se tem relegado, em anos recentes, a lavoura regio-
n a 1
.
De fato, durante a seca de
1979183,
alavoura do
moc8 f o i a10.
I? paradoxal que exatamente um t i p o d e a l g o d o e i r o r e s i s t e n t eà
seca como
é
omocó,
possat e r
s i d o t ã o p r e j u d i c a d o por e s t e f enõme-
no; o que acontecp. todavia.é
que durante e s t e periodo t o d a apreocupaçáo dos donos de terras f o i em salvaguardar a pecuária ãs expenças da exploração algodoeira. Deste modo, o p r o p r i e t á r i o ex
plorou
o quanto pode as capoeiras d e a l g o d ã o , provocando, com e s t e abuso, a destruição de muitas p l a n t a s e , assim, causando reduçãod r á s t i c a na população, a um n i v e l t a l d e se ter d e até abandonar as k e a s plantadas.
Por outra
parte, durante o período da. grandeseca não houve a renovaçáo adequada da área p l a n t a d a como o rnocó,
em termos de novos plantios.
O
resultado disto f o i o decréscimo sensível da área plantada a p a r t i r de 1980/81, conforme pode sero b s e r v ~ d o na T a b e l a
1.
Se não bastasse este abandono
ã
lavoura d o rnoc.6, as r e l ações de p r o d u ~ ã o nela predominantes, como salientado, são de modÕ a perpetuar o baixo n i v e l técnico do c u l t i v o e a exploração p e r n a nente a que se acha submetido o m e e i r o , em Gltima análise o p r o d i tor direto do algodão. Esta e x p l o r a ~ ã o
é
r e a l ç a d a ,nos mecanismos igualmente tradicionais d e comercialização d o a l g o
-
dão na
relacão proprietârio/parceiro. Por exemplo, se o p r o p r i e t ário o p t a p o r comercializar sua produçáo com as indústrias de b e n e
ficiamento particulares, a negociação
é
efetuada a n t e s da entradãd a s a f r a , g e r a l m e n t e e m junho, p e r l o d o coincidente c o m o f i n a l d a
safra no Centro-Sul e , assim, caracterizada p o r p r e ç o s e m b a i x a .
Nesta condição, a remuneração do p a r c e i r o é f e i t a com b a s e n e s t e
preço calculado s o b r e 2 m e t a d e d o montante que p r o d u z i u . No entan
d
-
to. o p r o p r i e t á r i o s ó fecha o preço contratado com a usina na e p o
-
c a mais p r o p i c i a no mercado, que é entre setembro e dezembro.Do l a d o d o s p r o p r i e t á r i o s , as inforrnaçóes da CEPA-CE, c i t a
-
a s em
LIMA
(1981), mostram que no c o n j u n t o d a s relações p r o p r i etários/meeíro ( p o r exemplo, a l u g u e l d a t e r r a , f o r n e c i m e n t o d e seme;
-
t e s e alimentos e venda da produção que cabe ao meeiro). aç.trans fetências em favor do p r i m e i r o equivalem a j u r o s sobre o valor d ã
terra que variam entre
100 e
400% ao ano. Segundo e s t a fonte, somente
o aluguel da terra corresponde a j u r o s de 16% sobre o v a l o r da terra nua cercada,A s i t u a ç s o do pequeno proprietário também não
é
favorável comparativamente com a do meeiro. Com efeito, o baixo í n d i c e d e ca5
p i t a l i z a ç ã o d e s t e grupo leva-o, nao raro, a depender do f i n a n c i ã
-
ser autónomo mas, em um caso
ou
noutro, recebe do agricultor-
a g;rantia de entrega da produção. Neste caso, o s preços sao geralmen t e contratados "na folha". i s t o é, antes mesmo que o algodão este
-
ja pronto paraser colhido.
Destemodo.
o pequeno produtor6 ,
muia
-
tas vezes, impedido de receber o preço vigente no mercado, na epo ca da colheita.
Na realidade, são todos estes males que estão interagindo
com a
praga do bicudo aponto
deameaçar de
extinção a lavourado
I
moco. Tentar a t r i b u i r ao i n s e t o a Única responsabilidade por e s t e desastre.
6
como que escamotear o quadro realde dificuldades
p el a s quaia vem p a s s a n d o e s t a importante atividade.
Face a e s t a s
dificuldades
urge,da parte
dospoderes
p ú b l i-
tos,
uma
tomada de c o n s c i ~ n c i a frente a t ã o graves problemas, que acontinuar
sem solução, com certeza determinarão o banimento com p l e t ode
uma das mais antigas etradicionais
lavouras do ~ordeste;E
uma pena que i s t o possa acontecer exatamente agora, quando o1 Ii
pais se defronta com a batalha da qualidade e esta, no moco, nao
tem r i v a l dentre o s algodões presentemente produzidos no
Brasil,
aliado
a t o d o um elencode
acÕes para a convivência com o bicudo,destacando-se o lançamento
de
novas cultivares e a deii n i ç á o
de me
-
d i d a s de convivência com
o
bicudo,
definidas,
no casodo
nioc6,
na Circular ~ é c n i c a no11
do CNPA.Diga-se de passagem que não
é
por f a l t ade
atenção ou cuidad
dos por parte do CNPA, que e s t a lavoura vem sendo ameaçada de ex
tinção. P e l o contrário. desde sua
criação.
em1975, vem e s t a
insti
ruiç% manifestando preocupação constante com os destinos destã importante lavoura regional. Neste sentido, uma das primeiras preocupaç6es f o i a de como desenvolver as p e s q u i s a s com e s t e
algodoei
ro nas condições do seu próprio habitat nativo, queé
o s e r i d ó d õR i o
Grande
do Norte e da ~ a r a i b a . Com t a l objetivo, f o i adquirido o Campo Experimental de Patos, em plena regiãoseridó
da ~ a r a f b a ,onde
tiveram começo e têm andamento, presentemente, as pesquisas voltadas'para o algodoeiro moc6, a cargo do CNPA. A base f isltcad i s p ó e de s o l o s a p r o p r i a d o s
e
representativos dos
a.tilizados
para
o c u l t i v o deste a l g o d o e i r o e abriga instalaçÕes modernas que nadaficam-a desejar
5 s
congêneres no Brasil, voltadas para a pesquisacom o algodoeiro.
Depois de i n s t a l a d o , o CYYA
deu continuidade, naquele
ano,
aos trabalhos de pesquisa que vinham sendo empreendidos p e l o con vénio da SUDENE e que já estavam emfuncionamento
desde1963.
~ e g
-
ta forma, prosseguiu sem qualquer interrupção o trabalho de rnelho =
ramento
genético em andamento, atrav8s da conservação das Progc n i e s e linhagens existentes no programa deste convênio. Do materi a1 preservadotomou-se
posçivel lançar,no Nordeste.
em breve tem-
po, novas cultivares como asCNPA 2X e
CNPA 3M. a
primeira já emcultivo
e aGltima
em processo de multiplicayão e d i s t r i b u i ç ã o em diversos Estados Nordestinos. Ressalte-se que nos 6 l t i m o s quatro-
anos não menos que 30t de sementes básicas têm sido ofertadas asSecretarias d e Agricultura dos Estados
do Nordeste,
para a 'multi-
plicação e m l a r g a escala daCNPA
3M. De outra parte, concentra ram-çe esforçosno
s e n t i d o d e produzir e d i s t r i b u i r a s sementesb z
r
s i c a s d a Veludo
C-71,
que foi criada no t r a b a l h o do citado conve-
nio. Graças a t a i s esforços, a ~ a r a i b a tornou-se, no passado, au
to-suficiente em sementes d e s t e material, o que possibilitou o seu c u l t i v o não
s6
neste Estado, mas, ainda, nos demais E s t a d o s do Nor-
deste.
As atençoes da instituição tem-se v o l t a d o , todos e s t e anos, para a
área
das p r á t i c a s culturais neste algodoeiro, visando a o f e r t a de tecnologias capazes de substituir métodos de cultivos tradicionais imperantes nesta lavoura. Deste modo, cqueçtões comométodos de plantio, conservação do solo, adubação. poda. controle
de ervas e pragas, estiveram
na
c r i s t a dos p r o j e t o s d e p e s q u i s a ,na d6cada de 80, c u j o s resultadas podem d i s p o r , h o j e , o s
-
a g r i c u l t o-
reç d e d i c a d o s ao c u l t i v o do a l g o d o e i r o mocÓ. P o r t a n t o , sao que s tÕes já perfeitamente esclarecidas arrav6s de concentrado esforço de p e s q u i s a que e s t ã o , apenas,
2
espera de r m ~ l a divulgação por par-
t e dos servíços de extensão dos Estados nordestinos.
Como fruto desças pesquisas, descortina-se, h o j e , um q u a d r o completamente novo para a exploração do a l g o d o e i r o moc6 no Nordes
-
te, i n c l u s i v e com p o s s i b i l i d a d e s de d e tecnologias de p a i ç e s avançados. como é o caso do "rnocó h i b r i d o t ' . programa em an
-
damento presentemente noCNPA,
O
primeiro passo a ser dado para salvar a lavoura do moc6 da extinção é, o quanto antes, proceder a um novo rezoneamento des t e c u l t i v o , d e modo a incentivá-lo naquelas zonas com p o s s i b i l i d ã-
des para mais a l t o s rendiiiientoç e excelência de suas qualidades def i b r a .
Os
primeiras resultados das pesquisas em andamento noCNPA
e s t ã o mostrando que na região do Seridõ o algodoeiro ~ o c 6 poderá
v i r a ser um c u l t i v o rentável, m e s m o diante
da
praga do bicudo. Atemperatura elevada dos solos nesta r e g i ã o tem
sido
f a t o r a b i ó t i c oimportante no controle das populaçÕes d e s t e inseto.
~ l é m
d i s s o ,c o n t a com a vantagem de ai ser produzida uma das
melhores
fibrasdo mundo, capaz de atender plenamente aos padrões d e qualidade que está0 sendo exigidos pelos novos processos de fiaçáo.
Nos locais identificados, o Serfd8 e outros a serem revela
-
dos, deve-se cuidar de elevar, a todo custo, a produtividade por meio d e mudanças no processo produtivo desta lavoura, Com t a l fina
-
lidade, mister se f a z que s e estabeleça. a
nlvel
regional, um agressivo programa de multiplicação e distribuição de sementes aos agricultores, a partir das c u l t i v a r e s criadas e recomendadas pela CNPA.Além desta medida,
i n a d i á v e l sob todos os aspectos, deve-sep o r
em
prática a s medidas d e conviv&cia com a praga do bicudo re comendadas para e s t e a l g o d o e i r o na Circular ~ é c n i c ano
11.
doCNPAT
Basicamente, deve-se estabelecer,através de
legislação especff ica. a obrigatoriedade na destruição das capoeiras velhas e irnprodi
tivas e poda nas novas, com a queima r e s p e c t i v a d o s r e s t o s p o d a d o z A concentração da
lavoura
no rezoneamento sugeridofacilitar. em muito, a adoçáo das medidas d i f i c e i s de serem
imple
-
mentadas nas condições a t u a i s de atomização e dispersão em que se encontra o p l a n t i o deste a l g o d o e i r o , por toda a região semi-árida norde çt i n a .A par destas m e d i d a s , as únicas capazes de evitar a e x t i n
-
do rnocó, deve-se estabelecer, também, uma politica de preços
minimos e VBC para o t i p o de fibra " ~ e r i d õ " , que s e j a mais compatl
-
v e l com os c u s t o s com que irão arcar os agricultores na presença do b i c u d a ,~ e c e s s á r i o se
torna,
também, rever os dispositivos que regud
Iam a o f e r t a de crédito de modo a
incentivar
op l a n t i o ,
mesmona
presença do b i c u d o , desde que nas áreas aconselhadas se adotemin
-
tegralrnente as medidas deconvivência,
P o r fim, considerando que a
extincão
do moc6
t r a r á
prejuf
zos sociais eeconÕmi~os
aos produtores,descaroçadores.
indÜstri
as têxteis e aos Estados, cabe formularduas sugestões
quelevar
2
preservação d e s t a cultura.A
primeira seria a concessão deC
ção
de
culturas
perenes produtoras de algodãode
fibras
longas, asemelhança do que
é
atualmenteconcedido
para a implantação de f10
restas (energéticos ou
pecuários),como a
algarobaou
frutíferas
(coqueiro,
cajueiro,
mangueira
etc.).
E
claro que a concessão
des ta polxticade
crédito
só
será
conseguida através de pressões p o l iticas
e econÔmicasefetuadas pelos
empres8rios,
p o l i t i c o s e gover-
nantes dos Estados nordestinos. A segunda, seria a liberação. p e
10s governos
estaduais, da
receita,de
50%do ICM
arreqadado pelas usinas de descaroçamentodo
algodoeiro mocó, aqual
seria u t i l i z ada
na
criação deum Órgão
t i p oex-INFAOL,
d i r i g i d o pelosusineiroi
r produtores,
com o
o b j e t i v o exclusivode incentivar
a produ~ão de sementes, ofomento e
a divulgaçãoda
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