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Intervenção no Rio Lis

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Academic year: 2021

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Intervenção no Rio Lis

Intervenção no Rio Lis

Intervenção no Rio Lis

Intervenção no Rio Lis

Considerações gerais Considerações geraisConsiderações gerais Considerações gerais

As zonas ribeirinhas são sistemas naturais caracterizados por propriedades biológicas, ecológicas, hidrológicas e científicas únicas, que proporcionam à população em geral uma gama de valores incalculáveis.

A importância que estas zonas adquirem, resulta imediatamente da abrangência da sua definição e da sua utilização para as diferentes actividades.

Todas as intervenções incorrectas, ou não devidamente ponderadas, podem ter graves inconvenientes em vários domínios e acabam por se reflectir directa ou indirectamente , a curto ou a longo praz, contra o próprio Homem.

Durante muitos anos existiu uma tendência para rectificar o leito dos rios, para que as suas vazões fossem dirigidas para jusante pelo caminho mais curto e com a maior velocidade de escoamento possível. A realização de obras com base nesta teoria teve consequências que não foram devidamente avaliadas, e que ainda hoje continuam a ser sentidas.

A regularização e limpeza do Rio, não pode ser vista numa perspectiva de obra de construção civil, com a finalidade de assegurar o escoamento das águas, mas antes numa óptica de intervenção mais integrada, de maior sensibilidade e respeito pelos padrões de escoamento naturais, em que a presença de vegetação marginal (arbórea, arbustiva e herbácea), contribua, entre outros objectivos, para uma efectiva estabilização das margens.

De uma maneira geral, os principais trabalhos efectuados sobre os cursos de água têm como objectivos (Saraiva, 1997):

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- adaptar a capacidade de vazão dos caudais de cheia, sobretudo em áreas habitadas, criando medidas de segurança;

- Lutar contra a erosão das margens, sobretudo nos locais onde os taludes se encontram ameaçados, prevenindo, reparando e consolidando as margens, a fim de garantir a estabilidade das obras que se encontram adjacentes

Assim, as intervenções para limpar e desobstruir as linhas de água devem garantir um escoamento adequado. Como tal devem ser tomadas medidas durante o processo de intervenção que passam por:

- não diminuir a rugosidade do leito para não aumentar excessivamente a velocidade de escoamento, que pode acelerar os riscos de erosão;

- não uniformizar nem destruir o leito e as margens: - não reduzir a diversidade dos biótopos existentes; - actuar em troços limitados;

- efectuar os trabalhos fora da época de reprodução da fauna piscícola;

- limitar as intervenções no fundo do leito de forma a manter uma diversidade máxima de habitats;

- Executar os trabalhos alternadamente numa margem e noutra; - preservar a integração paisagística do curso de água;

- evitar retirar vegetação das margens (excepto as exóticas infestantes – canas) dadas as suas importantes funções como fonte de alimento, fixação das margens, redução da energia cinética do caudal, diminuição da temperatura da água e na diminuição da vegetação aquática infestante;

Limpeza e desa Limpeza e desa Limpeza e desa

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Segundo os responsáveis da Associação de Regantes do Vale do Lis, ocorrerá um desassoreamento do Rio entre o açude do parque e o açude junto ao estádio. Prevê-se que este desassoreamento retire uma camada de areia e lixos com cerca de 20 cm de altura em toda a extensão transversal do leito do rio e em cerca de 1,4 km de comprimento. Este desassoreamento será feito com recurso a maquinaria pesada no leito do rio, pelo que, desde já, levantamos as nossas reservas quanto à capacidade de se retirar apenas a primeira camada de 20cm.

Para além da limpeza com máquinas no troço entre estes dois açudes, deverá ser garantida a limpeza manual de todos os lixos e entulhos a montante do açude do Parque. Caso seja necessário, poderão trabalhar, pontualmente, máquinas fora do leito do rio desde que seja garantida a estabilidade das margens.

Com o recurso à máquina é necessário ter especial atenção aos perfis do leito do rio. Perfil Longitudinal:

Embora a maquinaria pesada pareça ser a única alternativa encontrada, todo o trabalho deverá ser feito com as maiores reservas, a fim de garantir que as inclinações longitudinais do fundo do leito não se tornem demasia acentuadas.

Entre outros factores, a velocidade da corrente depende, do declive longitudinal, da secção transversal, da rugosidade do leito e do caudal transportado. Assim, o fenómeno da erosão será tanto mais intenso quanto maior quanto maior for a velocidade e o caudal transportado, menor a resistência do substrato geológico e maior o declive longitudinal (Saraiva, 1997).

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Para além das questões relativas ao perfil longitudinal, é necessário prestar especial atenção ao modo como a máquina opera em relação ao perfil transversal.

Aqui é importante salientar a fragilidade das margem, zona de transição entre a área permanentemente submersa (leito de estiagem) e aquela que maior parte do ano permanece fora de água, sobretudo a base do talude Esta área apresenta múltiplas funções pelo que merece especial atenção sempre que se recorrem a limpezas.

Ao longo do Rio é possível observar diferentes perfis transversais, com características mais naturais e outros urbanos.

No caso das situações urbanas, onde o rio se encontra entre muros é essencial que junto ao muro a extracção não seja cuidada, não muito profunda a fim de evitar que as sapatas dos muros fiquem “descalças” e sujeitas a erosão.

Esta mesma situação aplica-se para as zonas onde os taludes são naturais. Ou seja é necessário que a escavação mantenha a estabilidade dos mesmos, sobretudo nas margens mais sujeitas a erosão.

Vegetação Ribeirinha Vegetação Ribeirinha Vegetação Ribeirinha Vegetação Ribeirinha

A vegetação ribeirinha não pode ser vista e entendida como um impedimento à passagem da água. As suas funções ambientais e paisagísticas passam por:

- reter a água e diminuir a velocidade de escoamento aumentando a infiltração da água;

- proteger e estabilizar os taludes e margens em situações de cheia;

- interceptar as partículas do solo provenientes das encostas adjacentes, resultantes dos processos de erosão;

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- melhoria da qualidade da paisagem;

- regulação da temperatura da água, através do ensombramento; - mantém a biodiversidade vegetal;

- conservação de habitats de espécies animais;

Canas (Arundo donax):

Embora as canas constituam a maior parte das flora que se pode encontrar junto ao rio, a sua eliminação é um processo moroso que dificilmente se consegue efectuar de um ano para o outro, podendo mesmo demorara vários anos. Nem sempre se pode olhar para as canas como um mal maior, uma vez que apesar de tudo elas conferem elasticidade e protecção às margens. Como tal, devem-se desenvolver técnicas que passem pela sua eliminação sucessiva. Preferencialmente ,a sua limpeza deverá ser manual, a fim de garantir a estabilidade dos taludes.

Plantações:

Em primeiro lugar é necessário devolver ao rio as suas espécies características que sempre fizeram parte da paisagem.

Segue-se uma tabela com a lista de espécies aconselháveis para as zonas ribeirinhas:

Árvores Alnus glutinosa (Amieiro); Fraxinus angustifolia (Freixo); Populus alba (Choupa branco); Populus nigra (Choupo negro); Ulmus minor (Ullmeiro) Salix sp.

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Existem diversos modos de tratar as margens com a vegetação acima descrita, que passam por protecções naturais ou seminaturais.

Protecções naturais:

Arbustos Crataegus monogyna (Pilriteiro);

Frangula alnus (sanguinho da água – amieiro negro);

Rosa canina;

Nerium oleander (loendro, sevadilha); Lonicera sp.

Plantas emergentes (herbáceas) Alisma plantago aquatica; Carex sp.;

Cyperus sp.;

Iris pseudacorus (lírio de água); Juncus sp.;

Plantas emergentes que suportam períodos de submersão

Cynodon dactylon; Panicum pepens; Paspalum paspalodes;

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São protecções realizadas por plantações e/ou sementeiras de espécies adaptadas às condições ribeirinhas. Segundo Saraiva podem-se considerar dois tipos de revestimentos para a fixação das margens (Saraiva, 1997):

- revestimento arbóreo/arbustivo;

- revestimento com herbáceas e gramíneas de pequeno porte;

Numa primeira fase deverá ser feita uma plantação que constitua um alinhamento de árvores no topo das margens. Uma vez que se tratam de árvores com um porte elevado, estas espécies arbóreas poderão ter um espaçamento de:

- 20m para os amieiros, freixos, ulmeiros; - 25 m para os salgueiros;

- 15m para os choupos;

Este compasso de plantação é calculado tendo como base o porte que as espécies poderão apresentar no estado maduro, e de modo a garantir a sobreposição da copa de para que se possa formar sombra sobre o leito do rio, diminuindo assim, a possibilidade de crescimento de infestantes. A plantação de diversas espécies arbóreas é essencial. Não se deve optar pela repetição da mesma espécie durante troços longos, dado que causam monotonia na paisagem e podem ser mais facialmente destruídas quando no caso de pragas e doenças fitossanitárias. É aconselhável ainda a plantação de pequenas áreas mais densas de árvores e arbustos, em locais onde não esteja prevista a entrada de máquinas.

As espécies a aplicar devem permitir a manutenção das condições ambientais

existentes, considerando-se predominantemente espécies adaptadas bem adaptadas às características edafo-climáticas da região.

As árvores e arbustos devem ser fito-patológicamente sãs, não envelhecidas, com bom desenvolvimento e conformação (tanto do sistema radicular como da parte aérea) e ramificados desde o colo.

A plantação de arbusto deverá ser feita por estaca e disposta em pé de galo, ou através de incorporação de sementes no caso de se escolher a hidrossementeira.As

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hidrossementeiras deverão ser constituídas por um elenco florístico para pardos alagáveis

.

Protecções seminaturais:

Neste tipo de protecção são combinados elementos vegetais e elementos inertes. Como exemplo pode-se optar por enrocamento de parte do talude com sementeira de herbáceas entre as pedras; feixes de vime e enrocamento na base do talude; e taludes com estacas de madeira e faixas de arbustos e herbáceas.

Em locais onde as margens estão altamente erosionadas e degradadas pode-se recorrer à utilização de gabiões e optar por plantações como por exemplo a Rosa canina.

Podas fitossanitárias

Uma vez que se procede à limpeza das margens será também uma oportunidade para se fazerem podas fitossanitárias sobre a vegetação existente. Esta poda deverá ser realizada sob a coordenação de especialistas, a fim de permitir que as espécies existentes sobrevivam mais tempo no local sendo-lhes retiradas as partes que se encontrem secas, podres, ou contaminadas. Em alguns casos poderão ser feitas ainda algumas podas de correcção, isto é, corrigem-se as más formações que possam enfraquecer ou deformar as características específicas de cada árvore.

Fauna: Fauna: Fauna: Fauna:

A utilização de meios mecânicos provoca o revolvimento do fundo e destrói grande parte dos locais de desova. Para minimizar o eventual impacto será necessário que a limpeza do rio seja feita mesmo antes de Março, dado que entre Março e Outubro, as

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populações de anfíbios que possam existir vão estar em época de reprodução e, claro, os adultos vão estar principalmente nas margens do rio e as posturas nas zonas de remanso e das margens e o impacto para as populações seria maior.

Conclusão: Conclusão: Conclusão: Conclusão:

As linhas aqui descritas constituem apenas observações gerais sobre o modo de recuperação de sistemas ribeirinhos, não constituindo nenhum documento académico ou científico.

Expressamos que esta limpeza e desassoreamento devem ser consideradas com o maior respeito pelo sistema ecológico ribeirinho, uma vez que poderão trazer repercussões negativas caso não sejam tomadas medidas preventivas.

O corte de vegetação (árvores e arbustos) deverá cingir-se apenas à árvore que foi referida no último encontro com todos os intervenientes do processo, ou eventualmente, a alguma elemento que esteja em mau estado fitossanitário. No entanto, tal deverá ser previamente avaliado.

Todas e quaisquer medidas deverão ser acompanhadas no terreno pelas diversas equipas envolvidas na limpeza, de modo a garantir que o processo decorre tendo em conta a estabilidade ambiental do ecossistema ribeirinho, para além de diversas reuniões prévias afim de definir uma calendarização e ordem dos trabalhos necessários.

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Bibliografia: Bibliografia: Bibliografia: Bibliografia:

CABRAL, Francisco Caldeira; Telles, Gonçalo Ribeiro; “ A Árvore em Portugal”; Assírio e Alvim, Lisboa, 1999

CATARINO, Luís e tal; “Plantas aquáticas – infestantes de valas e canais”; ISA Press, Lisboa 2001

ISA –“Apontamento da cadeira de material vegetal”, Lisboa, 2000

SARAIVA, Graça e tal ; “Recomendações para a protecção e estabilização dos cursos de água – 3ª edição”; Grupo de trabalho das cheias, Litografia Tejo, 1997;

Referências

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