• Nenhum resultado encontrado

AVALIAÇÃO DO EMPREGO DE SOLO CONTAMINADO POR DERIVADOS DE PETRÓLEO EM CAMADAS GRANULARES DE PAVIMENTOS UTILIZANDO A CAL COMO AGENTE ESTABILIZANTE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "AVALIAÇÃO DO EMPREGO DE SOLO CONTAMINADO POR DERIVADOS DE PETRÓLEO EM CAMADAS GRANULARES DE PAVIMENTOS UTILIZANDO A CAL COMO AGENTE ESTABILIZANTE"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

AVALIAÇÃO DO EMPREGO DE SOLO CONTAMINADO POR DERIVADOS DE PETRÓLEO EM CAMADAS GRANULARES DE PAVIMENTOS

UTILIZANDO A CAL COMO AGENTE ESTABILIZANTE Kelvia Silva Barros

Francisco das Chagas Isael Teixeira Cavalcante Suelly Helena de Araújo Barroso

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Transportes – PETRAN Universidade Federal do Ceará – UFC

RESUMO

Este trabalho tem o objetivo de investigar o uso do SCDP (Solo Contaminado por Derivados de Petróleo) para verificar a viabilidade de sua aplicação em camadas granulares de pavimentos. Para tanto, foram idealizadas quatro misturas com o SCDP: duas utilizando 5% de cal hidratada e duas empregando-se um solo argiloso. Após a caracterização dos materiais, as misturas foram submetidas aos ensaios de CBR (Índice de Suporte Califórnia) e RCS (Resistência à Compressão Simples). Os resultados da estabilização química e granulométrica mostram que todas as misturas têm possibilidade de uso na área rodoviária. ABSTRACT

This work aims to investigate the use of SCDP (Soil Contaminated by Petroleum Derivatives) to verify the feasibility of its application in granular pavement layers. Thus, were prepared four mixtures with SCDP: two using 5% hydrated lime and two by using a clay soil. After characterization of materials, the mixtures were subjected to the tests of CBR (California Bearing Ratio) and RCS (Single Compression Strength). The results of particle size and chemical stabilization show that all blends have potential use in the road.

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Na construção das camadas granulares de pavimentos são utilizados materiais como areias naturais, areias artificiais, pedregulho, seixo britado, dentre outros. Porém esses materiais estão cada vez mais difíceis de serem encontrados na natureza, tornando necessário o desenvolvimento de estudos no sentido de encontrar soluções para essa escassez.

Em paralelo à falta de materiais convencionais para a construção de pavimentos, grandes volumes de resíduos são originados no processo produtivo industrial, ocasionando problemas com relação à sua disposição final, dado que há uma carência de áreas apropriadas para a destinação final adequada desses rejeitos (áreas para construção de aterros). O problema da falta de técnicas e alternativas para uma destinação correta, bem como o alto volume de resíduos gerados são preocupantes, em especial os de origem industrial, pois quando descartados sem tratamento, esses materiais podem trazer prejuízos ao meio ambiente e à saúde pública.

Conforme a classificação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), os resíduos do setor petroquímico são normalmente classificados como perigosos, em virtude de sua origem e dos seus constituintes químicos, como metais pesados. Assim os riscos potenciais de contaminação são altos, se comparados com resíduos gerados por indústrias de outros setores.

Atualmente, no setor petrolífero, as refinarias são responsáveis por grande parte da geração dos resíduos perigosos oriundos das atividades de processamento do petróleo. Dentre os quais se destacam os produtos acumulados no fundo dos tanques de óleo cru, lodos oleosos, lodos das torres de resfriamento, catalisadores gastos, resíduos das torres

(2)

de troca de calor, finos de coque e águas residuárias (CASAGRANDE et al., 2007). Podem-se citar ainda os solos que sofreram contaminação por derramamento de material oleoso ou derivados de petróleo, sendo esses denominados de Solos Contaminados por Derivados de Petróleo (SCDP).

Diante do cenário apresentado, destacando-se o solo contaminado, e com relação à gestão de resíduos sólidos, um dos problemas enfrentados pelas refinarias é encontrar uma alternativa viável técnica, econômica e ambiental para esses resíduos, já que os mesmos permanecem potencialmente perigosos no solo até que possam ser descartados corretamente. Uma possibilidade para diluição desse efeito perigoso pode ser dada a partir da técnica de estabilização de solos, por meio do encapsulamento de contaminantes.

A estabilização de solos consiste em procedimentos de natureza física, físico-química, química ou mecânica, visando à melhoria e estabilidade das propriedades dos solos quanto à aplicação na engenharia. Em outras palavras, significa conferir ao solo a capacidade de resistir e suportar as cargas e os esforços induzidos pelo tráfego normalmente aplicados sobre o pavimento e às ações erosivas de agentes naturais sob as condições mais adversas de solicitação consideradas no projeto.

Cordeiro (2007) e Cavalcante e Barroso (2011) trabalharam com material contaminado por derivados de petróleo em suas pesquisas e aplicaram a técnica de estabilização de solos. O primeiro autor tratou um resíduo oleoso oriundo de atividades de exploração e produção de petróleo, encapsulando o rejeito com a cal. O segundo autor adicionou o SCDP, classificado como perigoso, a uma matriz arenosa e tentou encapsular o contaminante com o uso do cimento.

Os autores, citados no parágrafo anterior, obtiveram resultados técnicos satisfatórios com a técnica da estabilização. Os materiais estudados atenderam aos parâmetros normatizados quanto ao uso de resíduos na pavimentação no que diz respeito à sua possibilidade de incorporação em camadas granulares. Entretanto, Cavalcante e Barroso (2011) não verificaram a eficácia do encapsulamento nas misturas por meio de ensaios ambientais e sugeriram a realização dos mesmos para se observar se o encapsulamento pode mitigar o efeito perigoso do SCDP.

Para o caso da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), a técnica de encapsulamento só foi testada usando o cimento como agente encapsulante conforme se pode observar em Cavalcante e Barroso (2011). Na presente pesquisa, resolveu-se empregar a cal como estabilizante em função da necessidade de se estabilizar solos da RMF com características mais argilosas.

2. OBJETIVO

O objetivo geral da presente pesquisa foi avaliar a possibilidade do emprego do SCDP na estabilização de camadas granulares de pavimentos da RMF utilizando a técnica de encapsulamento com o emprego da cal como agente estabilizante/encapsulante.

(3)

3. BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. Resíduos oriundos da indústria do petróleo

É sabido que há um constante investimento no desenvolvimento de novas fontes de energia, menos poluentes e/ou renováveis. Porém a principal fonte energética será, ainda por muito tempo, a composta pela utilização dos combustíveis fósseis, destacando-se o petróleo e seus derivados, uma vez que uma mudança mais radical na matriz energética deverá levar anos para acontecer.

Segundo Araújo et al., (2007), a exploração do petróleo pode ocasionar impactos ambientais nas áreas onde estão concentradas as atividades petrolíferas em virtude da grande diversidade de resíduos sólidos e semissólidos gerados nos processos e operações da exploração e produção de petróleo, aliados à presença de substâncias potencialmente tóxicas.

Os constantes investimentos que visam à ampliação do parque industrial petroquímico e consequente aumento da extração e processamento do petróleo se deparam com alguns problemas, principalmente os de ordem ambiental, por possuir grande potencial contaminante. Logo, esse setor industrial (petroquímico) possui uma tendência a aumentar o volume de resíduos que são comumente gerados em suas atividades devido a tais incentivos (CRUZ, 2004).

A geração de resíduos líquidos e sólidos é decorrente dos problemas diários enfrentados pelo setor petroquímico nas diferentes etapas do processo, como: vazamentos, derrames e acidentes, nas etapas de exploração; refinamento; transportes e operações de armazenamento. Vários são os resíduos originados, dentre eles podem-se citar os resíduos oleosos. A Environmental Protection Agency (EPA, 2000) cita que pertencem ao grupo dos resíduos oleosos a areia oleosa produzida, as borras de separadores, a parafina, a areia/detritos de fundo, os solos contaminados e os lodos separadores.

Por possuírem constituintes perigosos, como metais pesados, a produção de tais rejeitos acarreta a necessidade da tomada de cuidados especiais com relação à sua disposição final, para que assim não sejam causados maiores danos ao meio ambiente. Bicalho et al., (2009) citam que o uso de solos estabilizados com areia oleosa na construção rodoviária ou para outras aplicações de engenharia pode ser uma opção atrativa, em termos técnico, econômico e ambiental. Entretanto, para a utilização desse material, existe a necessidade de uma ampla avaliação ambiental, incluindo a contaminação do solo e da água e os efeitos desse resíduo no homem e das propriedades geotécnicas dos solos estabilizados com óleo.

3.2. Encapsulamento (Estabilização/Solidificação)

Em virtude do potencial aumento da exploração e produção do petróleo, bem como de seu processamento, há a necessidade do desenvolvimento de técnicas e aprimoramento das já existentes que venham a possibilitar uma disposição final adequada para os resíduos gerados por tais atividades. Neste contexto, a técnica de encapsulamento ou solidificação/estabilização surge como uma alternativa que pode permitir a reincorporação dos rejeitos gerados na natureza, sem lhe causar danos.

Segundo Passos (2001), a técnica de encapsulamento é um estágio em que os constituintes perigosos de um resíduo/rejeito passam por uma transformação e são

(4)

mantidos em suas formas menos solúveis e tóxicas. Ou seja, essa técnica ocasiona a diminuição da mobilidade do contaminante, evitando que ele possa provocar danos à natureza, como por exemplo, contaminação dos lençóis freáticos por penetração no solo. Pode-se então concluir de forma simples que esse processo consiste em conferir aos contaminantes, através da adição de um agente cimentante (cal, cimento, cinza ou outro estabilizante), uma forma menos agressiva dos materiais retornarem ao meio ambiente, por meio de reações químicas e físicas, tornando-os menos solúveis e danosos à natureza.

Ruver et al., (2003) destacam que o encapsulamento é resultado de interações físicas e químicas. A interação física consiste na melhoria das propriedades do material por meio da solidificação, sendo estas a resistência e a permeabilidade, e é nessa parte que ocorre o encapsulamento do contaminante. Já a interação química é a alteração das propriedades químicas do contaminante, reduzindo ou até impossibilitando a sua lixiviação. Sendo assim, o uso do procedimento de encapsulamento possui uma grande vantagem técnica que, além de diluir o efeito nocivo do contaminante, torna o solo contaminado, ou a matriz na qual está inserido, em uma estrutura mais resistente e menos permeável, requisitos imprescindíveis para o emprego de um material em obras de pavimentação.

3.3. Estabilização Solo-Cal

Neste trabalho a técnica solo-cal será investigada como forma de estabilizar misturas de solos argilosos com SCDP para possibilitar condições técnicas e ambientais para o emprego desse resíduo na pavimentação. A mistura solo-cal pode ser definida como sendo uma mistura íntima de solo, cal e água em proporções determinadas através de ensaios laboratoriais. A aplicação dessa técnica é fundamentada em reações químicas e físico-químicas que ocorrem entre a cal e os constituintes do solo, principalmente com a fração argila conforme descrito em Azevedo et al., (1998).

O uso da cal para fins de melhoramento das propriedades do solo, ou seja a estabilização, pode ser classificado como: solo modificado pela cal e solo estabilizado pela cal (LITTLE, 1999). Embora pareça o mesmo método, os dois tipos possuem processos distintos. O primeiro precisa de um baixo teor do aditivo (cal), ou seja, apenas o suficiente para desenvolver as reações imediatas ou de fase rápida, sem desenvolver as reações lentas (cimentantes) ou pozolânicas. Já em relação ao segundo processo de estabilização, Dias (2004) relata que o teor da cal adicionado propicia a ocorrência das reações da fase rápida e da fase lenta.

O tratamento de solo modificado pela cal consiste em modificar o solo com um ganho de resistência imediata devido à troca de cátions de cálcio fornecidos pela cal por cátions presentes no solo. Já o segundo, solo estabilizado pela cal, tem-se um ganho significativo de resistência, obtida ao longo prazo, atribuído às reações pozolânicas (LITTLE, 1999).

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Materiais e Preparação das Misturas

Para elaboração do programa experimental utilizaram-se: SCDP, cal hidratada do tipo CH1 e um solo argiloso proveniente do município de Guaiúba, localizado na Região

(5)

PROGRAMA EXPERIMENTAL MATERIAIS Solo SCDP Cal CH1 Misturas Água ENSAIOS Caracterização (DNER - ME 051/94, 122/94 e 082/94) e ensaios ambientais (NBR 10005/2004 e NBR 10006/2004) Compactação (DNER-ME-162/94) Índice de Suporte Califórnia (CBR)

(DNER-ME-049/94) Resistência à Compressão Simples

(RCS) (DNER – ME 180/94)

Metropolitana de Fortaleza (RMF), identificado com a sigla GUA. O teor da cal foi fixado em 5% em razão de estudos anteriores terem mostrado um ganho considerável nas propriedades mecânicas dos materiais estabilizados para o referido teor conforme pode ser visto em Araújo (2009), bem como Loiola e Barroso (2007).

O SCDP foi retirado das áreas das dutovias da Lubnor (Lubrificantes Nordeste), refinaria situada na cidade de Fortaleza, no estado do Ceará, proveniente da raspagem feita no fundo de uma dutovia quando da manutenção da mesma. Esse material foi escolhido por uma demanda da empresa geradora de investigar alternativas para destinação adequada do SCDP originado nas atividades de manutenção de dutos e diques de tanques.

Após a coleta dos materiais foram preparadas quatro misturas com o SCDP: duas estabilizadas empregando-se o solo argiloso identificado como GUA e as outras duas estabilizadas utilizando 5% de cal hidratada. As misturas idealizadas foram denominadas de M1 (5%SCDP + 95%GUA), M2 (10%SCDP + 90%GUA), M3 (5%Cal + 5%SCDP + 90%GUA) e M4 (5%Cal + 10%SCDP + 85%GUA) para serem submetidas ao programa experimental detalhado no próximo item.

Os baixos teores de SCDP foram escolhidos visando tornar possível, do ponto de vista ambiental, seu uso em camadas granulares do pavimento. Os ensaios ambientais de lixiviação e solubilização realizados no SCDP puro desaconselharam o uso deste material, em seu estado natural, em qualquer camada do pavimento, dado que foram detectados materiais contaminantes em quantidades superiores às estabelecidas pelas normas ambientais.

3.2 Programa Experimental

Primeiramente os materiais (SCDP, solo de GUA e cal) foram caracterizados e as misturas foram confeccionadas em laboratório. Após terem sido preparadas, as misturas foram, inicialmente, submetidas ao ensaio de compactação Proctor, na energia intermediária, para se determinar as umidades ótimas e as massas específicas secas máximas. Com os resultados da compactação, procedeu-se com a realização dos ensaios de CBR (Índice de Suporte Califórnia) e RCS (Resistência à Compressão Simples). A Figura 1 mostra os materiais utilizados e os ensaios realizados de forma mais esquematizada com as suas respectivas normas.

(6)

Os ensaios de RCS foram realizados nos tempos de cura de 0, 7, 14, 28 e 56 dias. Resolveu-se, também, avaliar o ensaio CBR nos tempos de 0, 7, 14 e 28 dias de cura. Foram moldados 3 CPs para cada mistura, referente a cada tempo de cura, sendo os mesmos ensacados para evitar a perda de umidade. No tocante ao ensaio de RCS, como forma de evitar essa perda de umidade, os CPs foram envolvidos em papel filme até o dia de serem imersos em água durante as 24 horas antes do rompimento.

Apesar de não existirem indicações em normas técnicas de que são necessários tempos de cura para o ensaio de CBR, optou-se por fazer essa análise nas misturas desta pesquisa pelo fato de se trabalhar com o processo de estabilização onde um dos componentes da mistura possui óleo (SCDP), podendo assim verificar o seu efeito em diferentes tempos de cura. Contudo, sabe-se que esse ensaio, no caso de misturas estabilizadas quimicamente, serve apenas para se ter um indicativo do aumento ou decréscimo de resistência com uso de um dado estabilizante. Ressalte-se, aqui, que o CBR não deve ser considerado como parâmetro para se analisar misturas estabilizadas quimicamente.

O solo natural utilizado nesta pesquisa (GUA) foi estudado anteriormente por Silva (2009) e assim, caracterizado por este autor. Sendo os ensaios realizados: Limite de Liquidez (LL), Limite de Plasticidade (LP), determinação do Índice de Plasticidade (IP), Granulometria, Compactação e CBR. Os resultados que serão expostos são os obtidos pelo referido autor.

Os ensaios realizados no solo contaminado foram granulometria, LL, LP e os ensaios de lixiviação e solubilização. Antes da realização dos ensaios propostos, foi realizada a extração do contaminante com o uso do equipamento ROTAREX, ao fim da extração o teor de contaminante presente no solo foi 4,5% (média de 6 amostras). Após a limpeza do solo, as amostras foram secas em estufa e em seguida, os ensaios de caracterização foram realizados. Já os ensaios de lixiviação e solubilização foram realizados pelo laboratório Puriquima, por se tratar do mesmo resíduo estudado por Cavalcante (2010). 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 Resultados dos ensaios realizados no solo de Guaiúba (GUA) e SCDP

A Tabela 1 mostra os resultados encontrados para os limites de liquidez e plasticidade, bem como da classificação HRB (Highway Research Board) para o solo GUA e o SCDP.

Em virtude do alto valor do IP obtido e sua classificação como A-6, o solo GUA foi considerado inadequado para ser utilizado em camadas mais nobres da pavimentação conforme a previsão da classificação do HRB. Já o SCDP foi identificado como não plástico (NP) e não líquido (NL), sendo ainda classificado como um solo A-3 no sistema de classificação do HRB.

Tabela 1: Limites de consistência e classificação TRB para o solo GUA e SCDP. GUA SCDP

Limite de Liquidez 36% NL

Limite de Plasticidade 15% - Índice de Plasticidade 21% NP

(7)

As curvas granulométricas do solo GUA e do SCDP são apresentadas na Figura 2. Pode-se verificar que o solo de Guaiúba apresenta uma granulometria contínua, possuindo grãos com várias dimensões. Sendo que a quantidade de finos do material é de 50%, o que possibilita uma maior interação com a cal.

Figura 2: Curva Granulométrica do solo de Guaiúba e do SCDP.

No tocante à granulometria do SCDP, observa-se que o material é fino, com grande parte dos seus grãos, mais de 90%, com dimensões em torno de 2 mm. Este resíduo praticamente não apresenta teor de silte+argila, pois a quantidade passada na peneira de nº 200 é de aproximadamente 3%.

Os resultados do ensaio de compactação do solo argiloso de GUA foram: 14,5% de umidade ótima e 1,81g/cm³ para a massa específica seca máxima. Quanto ao CBR, o mesmo apresentou um valor de 3%. Portanto, a estabilização seria uma alternativa para melhorar as suas propriedades tecnológicas para uso na área de pavimentação. Ressalte-se que não foi realizada a compactação para o SCDP.

Quanto aos resultados do ensaio de RCS, realizados somente para o solo GUA, verificou-se que o mesmo não resistiu à imersão, como pode ser visualizado na Figura 3. Logo, o mesmo em seu estado natural não possui resistência.

Figura 3: Aspecto do solo GUA antes e depois (desfeito) após imersão

Com relação aos resultados dos ensaios ambientais realizados para o SCDP, o uso do SCDP, sem nenhum tipo de tratamento, para qualquer finalidade na área rodoviária, não é viável, pois o resíduo foi classificado como resíduo de Classe I, ou seja, perigoso e não inerte. Os ensaios de lixiviação mostraram que o Chumbo (Pb) apresentou

0 20 40 60 80 100 0,01 0,1 1 10 100 P er ce nt ag em p as sa nt e (% )

Diâmetro dos grãos (mm)

SCDP GUA

(8)

resultados acima do recomendado. Já o ensaio de solubilização mostra que o Alumínio (Al) e o Manganês (Mn) possuem níveis de solubilização maiores do que o nível máximo estabelecido (CAVALCANTE, 2010).

4.3 Resultados dos ensaios realizados nas misturas propostas

Os resultados dos ensaios de compactação obtidos para as misturas estão apresentadas na Figura 4. A partir dos resultados de compactação, moldaram-se os corpos de provas para serem submetidos aos ensaios de resistência CBR e RCS.

Figura 4: Curvas de Compactação das misturas propostas

Analisando-se as curvas de compactação, observa-se que a simples adição do SCDP promoveu um aumento da massa específica seca máxima e uma redução da umidade ótima nas duas misturas que não possuem cal (misturas M1 e M2). Esses resultados estão de acordo com o esperado, pois a introdução de solo arenoso (SCDP) a um solo natural argiloso (GUA) apresenta a tendência de diminuir a umidade ótima e aumentar a massa específica das misturas. Já com a adição da cal ocorreu uma redução da massa específica seca máxima e um acréscimo da umidade ótima nas duas misturas que apresentam cal na sua composição (M3 e M4). Isso ocorreu pelo fato da cal possuir uma densidade mais baixa do que a do solo natural e ser um material hidrófilo.

O ensaio de CBR foi realizado com a intenção de verificar os acréscimos nos valores da capacidade de suporte ocorridos após a realização da estabilização granulométrica (adição ao solo natural de SCDP) e/ou química (adição da cal as misturas de solo + SCDP). No caso das misturas estabilizadas quimicamente, o CBR é apenas um indicativo de ganho de resistência, não servindo como parâmetro para dimensionamento de camadas granulares de pavimentos à luz do método empírico do DNIT. A Figura 5 apresenta os resultados obtidos.

1,40 1,50 1,60 1,70 1,80 1,90 2,00 7 9 11 13 15 17 19 21 M . e sp ec íf ic a se ca ( g/ cm 3) U m i d a d e ( % ) Solo GUA Mistura 1 Mistura 2 Mistura 3 Mistura 4

(9)

Figura 5: Comparativo dos CBRs para todas as misturas confeccionadas em laboratório Analisando-se a Figura 5, pode-se perceber que para as misturas 1 e 2, apenas a simples adição do SCDP aumentou o índice de suporte do solo natural, mostrando que a estabilização granulométrica foi suficiente para que as misturas pudessem ser aplicadas em camadas de sub-base de pavimentos, segundo os limites mínimos exigidos pelo DNIT para essa aplicação (CBR mínimo de 20%), considerando-se o efeito imediato da estabilização granulométrica (sem cura). Um fato interessante observado foi o aumento de resistência à penetração de acordo com os tempos de cura. Acredita-se que esse fenômeno pode ter ocorrido devido a possíveis reações químicas entre a argila e o contaminante.

Já as misturas 3 e 4, submetidas à estabilização química, apresentaram ganhos de CBR consideráveis. Esse fato mostra que houve reação benéfica entre os componentes da mistura, havendo necessidade de se investir na realização de outros ensaios mais apropriados para misturas estabilizadas quimicamente, como o ensaio de RCS e posteriormente o ensaio de MR (módulo de resiliência), para avaliação do dimensionamento empírico ou mecanístico empírico de pavimentos.

Quanto aos resultados dos ensaios de RCS, os resultados obtidos para todos os tempos de cura (0, 7, 14, 28 e 56 dias) das misturas 1 e 2 foram iguais aos encontrados para o solo natural, ou seja, sem resistência, todos os CPs se desfizeram após imersão. Apenas as misturas 3 e 4 resistiram ao ensaio de RCS. Os resultados estão dispostos no gráfico da Figura 6.

Através da análise da Figura 6, pode-se verificar que a cura proporcionou ganho de resistência às duas misturas (M3 e M4) estabilizadas com a cal. Esse ganho de resistência pôde conferir aos CPs a capacidade de resistirem à imersão de 24 horas podendo ser rompidos logo em seguida. Além disso, pode-se verificar que as misturas atendem bem aos parâmetros exigidos pelo Illinois Highway Departament, citado em Little (1995), sendo 0,689 MPa para sub-bases e 1,034 MPa para bases. As resistências dos CPs das misturas 3 e 4, aumentaram com o tempo de cura.

20,0 3,3 64,1 59 26,9 8,3 139,3 82,6 32,8 10,3 156,5 140,7 44,8 29,8 212,7 180,2 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225

Mistura 1 Mistura 2 Mistura 3 Mistura 4

C B R ( % ) 0 dias 7 dias 14 dias 28 dias

(10)

Figura 6: Curvas de RCS ao longo dos tempos de cura para as misturas 3 e 4 (M3 e M4)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O solo natural proveniente de Guaiúba/Ce apresentou

constatando que o mesmo não possui capacidade de suporte suficiente para ser aplicado em camadas nobres de pavimentos, se utilizado isoladamente. O solo não possui coesão suficiente para suportar a imersão imposta no ensaio de RCS,

nesta etapa.

Quanto aos resultados dos

valores máximos permitidos pela legislação no lixiviado e solubilizado ultrapassados, sendo assim,

I), impossibilitando a aplicação deste, sem tratamento, na resultado mostra a necessidade de cuidados

SDCP em camadas granulares de pavimentos, além disso,

de tratamentos adequados quanto à disposição final do resíduo, já que o mesmo pode causar danos ao meio ambiente.

Com relação às misturas estabilizadas granulometricamente obtidos para o ensaio de CBR permite concluir que

solo argiloso, provocou um aumento no valor do índice de suporte das misturas M1 e M2, podendo estas serem aplicadas em ca

de vista técnico, à luz do método de dimensionamento Com relação aos valores de

M4) puderam ser ensaiadas

semelhante para ambas as misturas, bases e sub-bases segundo

partir dos 28 dias de cura, as misturas atendem ao parâmetro exigido para base (1,034 MPa) e têm valores praticam

Do ponto de vista técnico, acredita

de solo-cal podem ser testados para emprego em pavimentos da RMF. H bom desempenho para mistura

volume de tráfego, no estado do Ceará (ver LOIOLA e BARROSO, 2007

ambientais nas misturas para verificar a eficácia da técnica de encapsulamento e

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 0 7 R C S ( M P a)

Curvas de RCS ao longo dos tempos de cura para as misturas 3 e 4 (M3 e M4)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O solo natural proveniente de Guaiúba/Ce apresentou um valor de CBR de 3%, constatando que o mesmo não possui capacidade de suporte suficiente para ser aplicado de pavimentos, se utilizado isoladamente. O solo não possui coesão suficiente para suportar a imersão imposta no ensaio de RCS, pois os CPs desfi

resultados dos ensaios de lixiviação e solubilização, realizado n valores máximos permitidos pela legislação no lixiviado e solubilizado

, sendo assim, o SCDP foi classificado como um material perigoso (Classe I), impossibilitando a aplicação deste, sem tratamento, na área da pavimentação. Esse necessidade de cuidados que possam tornar possível o emprego do

ares de pavimentos, além disso, também reforça a

de tratamentos adequados quanto à disposição final do resíduo, já que o mesmo pode causar danos ao meio ambiente.

estabilizadas granulometricamente, a análise obtidos para o ensaio de CBR permite concluir que a estabilização do

provocou um aumento no valor do índice de suporte das misturas M1 e aplicadas em camadas de sub-base de pavimentos, do pon , à luz do método de dimensionamento empírico do DNIT

Com relação aos valores de RCS, apenas as misturas estabilizadas quimicamente ( puderam ser ensaiadas. O ganho de resistência com o passar do tempo foi

as misturas, podendo estas serem aplicadas em camadas de bases segundo os critérios exigidos pelo Illinois Highway Departament partir dos 28 dias de cura, as misturas atendem ao parâmetro exigido para base (1,034

praticamente dobrados para o exigido em sub-base (0,689 MPa). Do ponto de vista técnico, acredita-se que os resultados de RCS obtidos para as misturas

cal podem ser testados para emprego em pavimentos da RMF. H

bom desempenho para misturas de solo-cal aplicadas em bases de rodovias de baixo no estado do Ceará, que apresentaram uma RCS mínim

LOIOLA e BARROSO, 2007). No entanto, é necessária a realização de ensaios ambientais nas misturas para verificar a eficácia da técnica de encapsulamento e

7 14 21 28 35 42 49 56 Cura (dias) M3 M4 Limite sub-base

Curvas de RCS ao longo dos tempos de cura para as misturas 3 e 4 (M3 e M4)

valor de CBR de 3%, constatando que o mesmo não possui capacidade de suporte suficiente para ser aplicado de pavimentos, se utilizado isoladamente. O solo não possui coesão os CPs desfizeram-se realizado no SCDP, os valores máximos permitidos pela legislação no lixiviado e solubilizado foram um material perigoso (Classe pavimentação. Esse que possam tornar possível o emprego do bém reforça a importância de tratamentos adequados quanto à disposição final do resíduo, já que o mesmo pode análise dos resultados SCDP, com um provocou um aumento no valor do índice de suporte das misturas M1 e base de pavimentos, do ponto empírico do DNIT.

estabilizadas quimicamente (M3 e O ganho de resistência com o passar do tempo foi aplicadas em camadas de Illinois Highway Departament. A partir dos 28 dias de cura, as misturas atendem ao parâmetro exigido para base (1,034

base (0,689 MPa). se que os resultados de RCS obtidos para as misturas cal podem ser testados para emprego em pavimentos da RMF. Há relatos de em bases de rodovias de baixo mínima de 0,7 MPa No entanto, é necessária a realização de ensaios ambientais nas misturas para verificar a eficácia da técnica de encapsulamento e

Limite base

(11)

investigar melhor se o uso do resíduo, encapsulado, em pavimentação é ambientalmente correto. Essa técnica pode ser vantajosa quando não se dispuser de materiais com boa qualidade para uso na construção de pavimentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Araújo, A.F. (2009) Avaliação de Misturas de Solos Estabilizados com Cal, em Pó e em Pasta, para Aplicação em Rodovias do Estado do Ceará. Dissertação de Mestrado. Programa de Mestrado em Engenharia de Transportes. Universidade Federal do Ceará. Fortaleza/CE.

Araújo, R. C. P.; Sousa, H. F.; Pinheiro, J. C. (2007) O Co-processamento como destinação final dos resíduos classe I perigosos: Estudo de caso da fazenda Belém, Icapuí, Ceará. Anais do XLV Congresso da SOBER (Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural). Londrina,PR.

Azevedo, A.L.C.; Oliveira Júnior, A.; Pedrosa, R.A.A.; Ramalho, R.W. (1998) Estabilização de Solos com Adição de Cal. Revista Vias Gerais, Publicação do Centro de Tranferência de Tecnologia do PIH/IPC – DER/MG, Minas Gerais, n. 2, p. 47-56.

Bicalho, V. K.; Raposo, C. O. L.; Silva, R. A. (2009) Avaliação Técnica da Aplicação da areia Oleosa em Estradas Vicinais. Anais do XXIII Congresso de Pesquisa e Ensino em Transportes, ANPET, Vitória/ES.

Casagrande, M.D.T.; Vale, D.C.; Adonias Neto, S.; Soares, J.B. (2007) Estudo da Aplicabilidade de Borra Asfáltica como Material para Pavimentos de Baixo Volume de Tráfego. Prêmio Petrobras de Tecnologia.

Cavalcante, F.C.I.T. (2010) Investigação do Emprego de Solo Contaminado por Derivados de Petróleo em Camadas Granulares de Pavimento. Projeto de Graduação em Engenharia Civil. Universidade Federal do Ceará. Fortaleza/CE.

Cavalcante, F.C.I.T.; Barroso, S.H.A. (2011) Avaliação do Emprego do Solo Contaminado por Derivados de Petróleo para Aplicação em Bases e Sub-Bases de Pavimentos. Anais do XXV Congresso de Pesquisa e Ensino em Transportes, ANPET, Belo Horizonte/BH.

Cordeiro, J.F.S. (2007) Estabilização Química e Solidificação do Resíduo Oleoso Gerado nas Atividades de E&P de Petróleo, com Solo para o uso em Camadas de Bases e/ou Sub-Bases de Pavimentos Rodoviários. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Campina Grande. Campina Grande/ PB.

Cruz, R. C. (2004) Condutividade Hidráulica em Solos Contaminados Encapsulados. Mestrado em Engenharia Civil. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS. Rio Grande do Sul, RS. Dias, C.R.C. (2004) Estudo de Misturas de Areia-Asfalto e Cinza Cal Para Emprego em Pavimentos

Urbanos. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 127 p. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS.

EPA - ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. (2000) Profile of the oil and gas extraction industry. Notebook project oil and gas extraction, Sector Notebook Project, EPA/310-R-99-006. Outubro.

Passos, J. A. L. (2001) Cetrel Encapsula Resíduos com Argila Modificada. Revista Química e Derivados. São Paulo. Ed. 391. Março de 2001.

Little, D.N. (1995) Stabilization of Pavement Subgrades and Base Courses with Lime, Published by Kendall/Hunt Publishing Company.

Little, D.N. (1999) Evaluation of Stuctrural Properties of Lime Stabilized Soils and Aggregates. Volume 1: Summary of Findings. Prepared for the National Lime Associoation.

Loiola, P.R.R.; Barroso, S.H.A. (2007) Aplicação da Técnica de Solo Cal na Construção da Rodovia do Melão no Estado do Ceará. Anais da 37° Reunião Anual de Pavimetação. Goiânia/GO.

Ruver, C. A.; Cruz, R. C.; Knop, A.; Consoli, N. C.; Heineck, K. S. (2003) Uso do Equipamento de Lixiviação em Coluna para Análise da Eficiência do Método de Solidificação e Estabilização de Solos Contaminados. In: XVIII Congresso Regional de Iniciação Científica e Tecnológica em Engenharia (CRICTE2003). Anais do XVIII Congresso Regional de Iniciação Científica e Tecnológica em Engenharia. Itajaí/SC.

Silva, B.T.A. (2009) Utilização de Materiais Alternativos para a Construção de Pavimentos Urbanos na Região Metropolitana de Fortaleza. Dissertação de Mestrado, Programa de Mestrado em Engenharia do Transportes, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza/CE.

Kelvia Silva Barros (kelviasb@hotmail.com); Francisco das Chagas Isael T. Cavalcante (isaelsjj@gmail.com); Suelly Helena de Araújo Barroso (suelly@det.ufc.br)

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Transportes (PETRAN), Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil.

Referências

Documentos relacionados

Para Souza (2004, p 65), os micros e pequenos empresários negligenciam as atividades de planejamento e controle dos seus negócios, considerando-as como uma

Ainda considerando a procedência dessas crianças, notou-se também que aquelas oriundas de instituição pública e com diagnóstico nutricional de obesidade ou sobrepeso

Adotam-se como compreensão da experiência estética as emoções e sentimentos nos processos de ensinar e aprender Matemática como um saber epistêmico. Nesse viés, Freire assinala

Os principais objectivos definidos foram a observação e realização dos procedimentos nas diferentes vertentes de atividade do cirurgião, aplicação correta da terminologia cirúrgica,

psicológicos, sociais e ambientais. Assim podemos observar que é de extrema importância a QV e a PS andarem juntas, pois não adianta ter uma meta de promoção de saúde se

Os principais resultados obtidos pelo modelo numérico foram que a implementação da metodologia baseada no risco (Cenário C) resultou numa descida média por disjuntor, de 38% no

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Por um lado, dizer que o processo de criação de personagens em Mário de Andrade se resume à busca da identidade cultural do brasileiro seria um despropósito, tendo em