Fátima F.R. Alves1, Silvio R. Pires2, Eny M. Ruberti Filha1, Simone Elias3, Regina B. Medeiros1
Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina Departamento de Diagnóstico por Imagem (1)
Departamento de Informática em Saúde(2)
Departamento de Ginecologia(3)
AVALIAÇÃO DA DOSE GLANDULAR MÉDIA
EM FUNÇÃO DA ESPESSURA DA MAMA
Este trabalho faz parte de um projeto de pesquisa que está sendo desenvolvido na EPM / UNIFESP:
“Estudo da Otimização da Dose Glandular Média e da Qualidade da Imagem Mamográfica e sua Influência na Incidência do Risco de Câncer de Mama”
Nesta apresentação será mostrado apenas os resultados da 1ª Etapa já concluída
Os equipamentos de mamografia digital:
⇒ vem sendo adquiridos nos principais centros de diagnósticos ⇒ custo elevado
O exame de mamografia digital possibilita:
⇒ manipular o contraste e diagnosticar com maior precisão uma
região suspeita e detectar a presença de pequenas lesões
⇒ minimizar as doses por meio do processo de otimização
Embora a mamografia tenha como finalidade detectar
precocemente lesões mamárias, ela expõe grande parte da população feminina a radiação “sem justificativa” aumentando assim, a probabilidade de indução ao câncer – fenômeno denominado efeito estocástico
Mulheres com mamas densas e com histórico familiar têm maior risco de câncer mamário induzido pela radiação Estudos relatam que o risco de câncer para mamas densas é de 4 a 6 vezes maior do que nas mamas adiposas [1]
Introdução
Para que seja possível estabelecer um processo de otimização das doses é necessário estudar as
características dos diferentes tecidos mamários e sua
influência na formação da imagem
Introdução
Alguns parâmetros devem ser considerados para que as imagens tenham qualidade para o diagnóstico:
densidade mamária
arquitetura da mama (tecido glandular)
tipo e tamanho da lesão
fatores relacionados ao processo de aquisição:
compressão, espectro da radiação, sistema de detecção
Introdução
Até a presente data, no Brasil, não existe nenhum tipo de
recomendação oficial específica para a verificação da qualidade
dos sistemas que usam tecnologia Computed Radiography (CR)
ou Digital Radiography (DR)
Existem alguns protocolos já desenvolvidos para mamografia digital:
European Reference Organisation for Quality Assured Breast Screening and Diagnostic Services (Euref)
1998 ⇒⇒⇒⇒ Portaria 453 da ANVISA/Ministério da Saúde:
⇒ implementação de um programa de garantia de qualidade
nos equipamentos mamográficos convencionais → DEP
⇒ não exige o cálculo da DGM, fator fundamental para a
estimativa do risco de indução ao câncer
2011 ⇒⇒⇒⇒ Portaria 531 do Ministério da Saúde/CBR: programa de garantia de qualidade das imagens
(digital/analógico)
periodicidade semestral dos testes de CQ em mamografia
Em 2012 → 52.680 novos casos de câncer de mama [2]
A incidência de câncer de mama tem aumentado nos últimos anos
“imagens com qualidade para o diagnóstico x doses baixas”
[2]www.inca.gov/estimativa / 2012
O objetivo é estimar a
Dose
Glandular Média
em
função
da espessura mamária
Neste estudo foi avaliado um sistema CR Kodak utilizado com equipamentos mamográficos convencionais instalados no serviço ambulatorial do Hospital Universitário da UNIFESP
GE modelo Performa
Lorad modelo MIV
Casuística: 100 pacientes
Incidências: CCD, MLOD, CCE, MLOE
Foram efetuados os testes de controle de qualidade dos equipamentos, conforme Portaria 453 e calculada a DGM, conforme EUREF
Os parâmetros avaliados nos testes de controle de
qualidade dos equipamentos mamográficos foram:
tensão do tubo
camada semirredutora
linearidade e reprodutibilidade de exposição
controle automático de exposição (AEC)
compressão
dose média glandular (DGM)
rendimento do tubo
colimação do feixe
Os profissionais foram devidamente treinados para coletar esses dados
Foi desenvolvida uma planilha de coleta de dados e uma
planilha eletrônica:
idade da paciente
histórico familiar de câncer de mama
início da menopausa
espessura da mama (para cálculo da DGM)
identificação do profissional que realizou o exame
técnica utilizada (kV, mAs e filtro)
tamanho do
image plate (IP)
Para calcular a DGM utilizamos placas de PMMA de 1 mm de
espessura, em forma de semicírculo de raio 100 mm, no intervalo de 20 a 70 mm
As CSR foram determinadas para cada valor de tensão nominal no intervalo de 24 a 35 kVp
As espessuras das mamas das pacientes foram obtidas pelo
registro da compressão da mama e agrupadas nos seguintes intervalos:
20-30mm; 31-40mm; 41-45mm; 46-50mm; 51-60mm;61-70mm; 71-80mm; maior que 81mm
A Dose Média Glandular (DGM) foi calculada pelo método de Dance conforme a equação:
onde:
k: é o kerma ar incidente sem espalhamento
g: é o fator de conversão do kerma ar incidente em dose glandular média (mGy/mGy) para espessuras de 2 a 11 cm (glandularidade de 50%) e CSR de 0,30 a 0,60 mm de Al, com incremento de 0,05 mm
s: é o fator que considera as energias distintas provenientes dos alvo/filtro: Mo/Mo, Mo/Rh, Rh/Al, Rh/Rh e W/Rh
c: é o fator que considera a glandularidade do tecido mamário.
A incerteza da DGM foi obtida a partir do modelo teórico descrito na equação:
onde: σki é a incerteza da kerma ar σ
s é a incerteza estimada do fator s
σ
g é a incerteza estimada do fator g
σ
c é a incerteza estimada do fator c
Resultados e Discussão
Resultados dos testes de desempenho do equipamento: satisfatórios
Tensão nominal (kVp) Tensão (kVp) CSR (mm) Rendimento a 1 m (uGy/mAs) 24 24,6 ± 0,1 0,34 ± 0,02 22 ± 4 25 25,1 ± 0,1 0,35 ± 0,03 26 ± 4 26 26,3 ± 0,1 0,36 ± 0,02 30 ± 5 27 27,5 ± 0,1 0,38 ± 0,02 34 ± 6 28 28,8 ± 0,1 0,38 ± 0,02 38 ± 6 29 29,8 ± 0,1 0,39 ± 0,02 43 ± 7 30 30,7 ± 0,1 0,40 ± 0,03 47 ± 8 31 31,7 ± 0,1 0,41 ± 0,03 52 ± 9 32 32,8 ± 0,1 0,42 ± 0,03 57 ± 10 33 34,0 ± 0,1 0,43 ± 0,03 62 ± 11 34 34,5 ± 0,1 0,43 ± 0,03 68 ± 12 35 35,5 ± 0,1 0,44 ± 0,03 73 ± 12
Resultados e Discussão
Foi estabelecido o valor médio das espessuras da mama para as projeções crânio caudal e médio lateral oblíqua e respectivas
tensões e mAs
Espessura (mm) F Média (mm) Tensão (kVp) mAs
20 a 30 5% 26,0 ± 3,0 26,4 ± 1,1 63 ± 17 31 a 40 15% 37,1 ± 2,9 27,5 ± 0,8 70 ± 21 41 a 45 10% 44,1 ± 1,4 28,7 ± 1,0 80 ± 18 46 a 50 16% 49,0 ± 1,5 29,0 ± 1,2 99 ± 32 51 a 60 28% 56,3 ± 2,8 30,1 ± 2,1 105 ± 42 61 a 70 21% 65,7 ± 2,8 31,1 ± 2,2 116 ± 46 71 a 80 6% 74,8 ± 3,0 32,4 ± 2,0 121 ± 52 >81 1% 83,0 ± 2,8 33,0 ± 1,4 169 ± 57
Resultados e Discussão
16% das mulheres avaliadas → espessuras entre 46 a 50 mm 49% das mulheres avaliadas → espessuras entre 51 a 70 mm
5% 15% 10% 16% 28% 21% 6% 1% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 20 a 30 31 a 40 41 a 45 46 a 50 51 a 60 61 a 70 71 a 80 >81 F re q u ê n c ia R e la ti v a ( % ) Intervalo de espessura (mm)
Distribuição das mamografias por espessura
Legislação brasileira exige o cálculo da dose na entrada da pele para a espessura de 45mm
Resultados e Discussão
A dose glandular média em função dos intervalos de espessura média nas projeções: CC e MLO em comparação aos limites aceitáveis e satisfatórios (PMMA)
DGM (método Dance) para as espessuras médias de 27, 37, 44, 49, 56, 66 e 75 mm, considerando as quatro incidências da rotina do exame mamográfico
Resultados e Discussão
Resultados da DGM equivalente em PMMA, utilizando o modo de operação semiautomático
Espessura Tensão mAs DGM DGM
(mm) Nominal (kVp) Nominal Medido (mGy) Aceitável (mGy)
20 25 38,0 1,1 ± 0,2 1 30 27 54,0 1,5 ± 0,4 1,5 40 29 68,0 2,1 ± 0,6 2 45 30 79,0 2,5 ± 0,2 2,5 50 31 94,0 3,2 ± 0,5 3 60 32 103,0 3,3 ± 0,2 4,5 70 33 130,0 3,8 ± 0,3 6,5
Conclusão
Apesar do desempenho dos mamógrafos serem
considerados satisfatórios para os parâmetros avaliados, os valores obtidos da DGM para as espessuras inferiores a 50mm estão acima dos limites aceitáveis sugerindo a importância de se considerar as espessuras das mamas no processo de otimização de doses
Devido ao maior número de pacientes possuírem mamas superiores a 45 mm de espessura, faz-se necessário a exigência do cálculo da DGM para todas os intervalos de espessuras, considerando também, o padrão mamográfico, e não somente o cálculo da DEP para mamas com 45 mm de espessura