RECICLAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM ESCOLA DE ENSINO BÁSICO
FERREIRA, A. A. R.1 , NASCIMENTO, J. P. L1, FALONE, S. Z.2.
1IFGoiano - Câmpus Rio Verde (Alunos do Projeto de Extensão do IF Goiano, Câmpus Rio Verde). 2Profª. Drª. do IF Goiano – Câmpus Trindade (Orientadora). e-mail: szfalone@gmail.com
Resumo
Atualmente os problemas ambientais causados pelo lixo depositado no meio ambiente têm afetado nosso planeta de forma intensa e frequente e muitos desses problemas são causados por diversas ações humanas. Estes problemas afetam a fauna, a flora, o solo, as águas, o ar, dentre outros e trazem graves consequências para nosso planeta. O documento Outro futuro é possível, gerado no Fórum de Educação no Rio+20, apresenta a importância de uma educação sistêmica, compartilhando com a ideia de que a mudança de paradigmas em educação é uma condição para que avancemos rumo a uma sociedade sustentável, com justiça social e ambiental, onde a economia deve ser um meio e não um fim. Dessa forma, a conscientização das pessoas a partir da infância, tem recebido especial atenção como forma de mudar essa realidade e garantir o futuro da humanidade. Assim, este projeto de extensão teve como objetivo realizar a conscientização das crianças em uma escola de ensino básico, enfatizando a importância da reciclagem para diminuir a poluição ambiental causada por resíduos sólidos. Foram realizadas palestras, com cartazes expositivos orientando as crianças de como reconhecer e separar o lixo corretamente, informando a cor da lixeira de cada material reciclável. Salientou-se a importância dos três R’s: Reduzir, Reutilizar e Reciclar de forma interativa com uma apresentação de fantoches feitos com matérias recicláveis. Foram realizadas oficinas demonstrando para as crianças como aproveitar alguns matérias recicláveis e reutilizáveis que são adquiridos pelo consumo diário, confeccionando objetos úteis e brinquedos. Desta forma o projeto mostrou-se eficiente para conscientização da comunidade escolar, com novas posturas e mentalidades voltadas para a preservação do meio ambiente.
Palavras-chaves: Extensão, Meio Ambiente, Educação.
1. Introdução e Revisão Bibliográfica
1.1. A problemática da conservação ambiental e o descarte de resíduos sólidos
Na atualidade é fácil perceber que a preservação ambiental tornou-se uma preocupação mundial, pois a humanidade vem exigindo cada vez mais do planeta ao longo dos séculos em prol do seu desenvolvimento, o que gera um aumento contínuo da pressão sobre os recursos naturais que o mesmo nos oferece. Essa preocupação mundial com a conservação do meio ambiente surgiu devido ao grande crescimento demográfico
e a concentração urbana, fatores esses que despontaram após a revolução industrial, a qual desencadeou um processo irreversível de desenvolvimento de novas tecnologias, as quais levaram a criação de inúmeros materiais artificiais (muitos destes com grande poder contaminante), e associados ao desenfreado consumo de bens, acarretou uma maior geração de resíduos, situação esta impulsionada pelo sistema produtivo, e esses fatores acabaram colaborando para o esgotamento da capacidade ambiental de absorção dos impactos relacionados ao descarte de resíduos (SOUZA, 2014).
Reciclagem e conservação ambiental tem sido preocupação social constante nas últimas décadas, mas foi a partir da década de 70 que a contaminação do meio ambiente por materiais de difícil degradação passou a ser um assunto discutido (MANO, 2010).
Segundo o documento Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, publicação anual da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a geração total de resíduos sólidos urbanos (RSU) no Brasil em 2013 foi de 76.387.200 toneladas, o que representa um aumento de 4,1%, índice que é superior à taxa de crescimento populacional no país no período, que foi de 3,7%. O dado de geração diária em 2013, comparado com 2012, é apresentado na Figura 1.
No município de Santa Helena de Goiás, município situado no sudoeste do Estado de Goiás, não existe coleta seletiva, assim como em grande parte dos municípios brasileiros, sendo que a coleta de materiais recicláveis ainda é atribuição dos catadores que vendem para as empresas de reciclagem, e como a maioria das pessoas não separam seu lixo corretamente grande parte do material reciclável acaba nos lixões a céu aberto, conforme é mostrado na Figura 2.
1.2. Educação Ambiental e Sociedade
O documento Outro futuro é possível, gerado no Fórum de Educação no Rio+20, apresenta a importância de uma educação sistêmica, compartilhando com a ideia de que a mudança de paradigmas em educação é uma condição para que avancemos rumo a uma sociedade sustentável, com justiça social e ambiental, onde a economia deve ser um meio e não um fim.
Segundo Loureiro (2004), “A educação não é o único, mas certamente é um dos meios de atuação pelos quais nos realizamos como seres em sociedade” e segundo Jacobi (2003), a Educação Ambiental na escola trata-se de um aprendizado social, baseado no diálogo e na interação em constante processo de recriação e reinterpretação
de informações, conceitos e significados, que podem se originar do aprendizado em sala de aula ou da experiência pessoal do aluno. Assim, a escola pode transformar-se no espaço em que o aluno terá condições de analisar a natureza em um contexto entrelaçado de práticas sociais, parte componente de uma realidade mais complexa e multifacetada. A Educação Ambiental no ensino fundamental, como em qualquer outra fase da vida vem para instigar o exercício da cidadania participativa e modificadora e deve ser trabalhada em toda a vida escolar. Segundo a Lei no 9.795/99 Art. 4º, um dos princípios básicos da educação ambiental é o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo, (DIAS, 2004), onde:
“Art. 1º. Os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (BRASIL, 1999).
2. Objetivos
O projeto executado teve como objetivos promover ações de educação ambiental, inserindo o cuidado com o meio ambiente no dia-a-dia da comunidade escolar para: o despertar da consciência ambiental na infância, demonstrando o papel de cada indivíduo na preservação dos recursos naturais.
Sabendo-se da importância da educação ambiental na infância, como formadora de cidadãos conscientes, este trabalho teve por objetivo a conscientização sobre reciclagem, e a demonstração de opções de reutilização de materiais antes descartáveis, para a confecção de objetos úteis e brinquedos.
3. Metodologia Utilizada
O projeto foi desenvolvido na Escola Municipal Wilmar Vieira Arantes, situada em um Bairro periférico do Município de Santa Helena de Goiás. Participaram do projeto todas as crianças da escola, com idade entre 6 e 11 anos.
Em um primeiro momento foram abordados de forma lúdica em palestras temas que tratam da relação homem/meio ambiente e o uso dos três R's (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), durante esta abordagem foi feita a apresentação de um teatro de fantoches conforme Figura 3, e durante a apresentação foi feito o convite para a
participação de uma gincana educativa com o envolvimento de toda a comunidade escolar para a coleta de materiais recicláveis.
Na segunda etapa, ocorreu um debate entre as turmas do 4º e 5º anos a respeito do tema Meio ambiente e Sustentabilidade e oficina de produção de objetos com materiais reutilizáveis.
Ao fim da gincana os melhores alunos de cada sala foram premiados, e todos os alunos da escola tiveram um dia interativo, com jogos e brincadeiras.Como pode ser visto na Figura 4.
4. Resultados e Discussão
Com a execução do projeto pôde ser trabalhado com as crianças questões importantes e fundamentais sobre preservação ambiental e reciclagem de forma simples e didática, a escolha pela peça teatral como uma das formas de abordagem dos temas propostos mostrou-se eficiente estratégia lúdico-didática, a receptividade dos alunos e a resposta foram melhores que o esperado, como pode ser notado na Figura 5, concordando com Galvão (1996), “As crianças parecem receber bem melhor e armazenar com mais facilidade as imagens, quando são apresentadas através de algo que as encante emocionalmente como é o caso do Teatro de Bonecos”.
Foram abordados temas como a redução do volume dos materiais recicláveis ao redor da escola, enfatizado com as oficinas de confecção de brinquedos e acessórios, como é observado na Figura 6.
Foi notória a participação dos pais das crianças na coleta de material reciclável, incentivando seus filhos a se conscientizarem sobre a necessidade da redução de materiais não recicláveis que muitas vezes são consumidos sem necessidade.
Foi significativa a valorização da escola perante a sociedade, servindo-se de modelo às outras escolas, como ferramenta em prol do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável demostrando a linha tênue que liga educação, meio ambiente e sociedade, afirmando que “a educação ambiental propicia o aumento de conhecimentos, mudança de valores e aperfeiçoamento de habilidades, condições básicas para estimular maior integração e harmonia dos indivíduos com o meio ambiente (JACOBI, 2003), ” uma vez que quando nos referimos à educação ambiental, a definimos com o contexto
“... da educação para a cidadania, configurando-a como elemento determinante para a consolidação de sujeitos cidadãos. O desafio do
fortalecimento da cidadania para a população como um todo, e não para um grupo restrito, concretiza-se pela possibilidade de cada pessoa ser portadora de direitos e deveres, e de se converter, portanto, em ator co-responsável na defesa da qualidade de vida” (JACOBI, 2003) Outro ponto positivo da realização do projeto foi a exposição da possibilidade do aumento da vida útil do aterro controlado da cidade de Santa Helena de Goiás, uma vez que 200 alunos coletaram de forma seletiva 351 Kg de material reciclável, conforme o Gráfico 1 apresentado.
5. Conclusão
Através dos resultados positivos alcançados, conclui-se que a implantação desse projeto foi eficiente na conscientização da comunidade escolar, na obtenção de novas posturas e mentalidades voltadas para a preservação do meio ambiente abordando de forma bem interativa, simples e objetiva questões ambientais de grande importância, demonstrando para as crianças de forma dinâmica e prazerosa como se posicionar diante desse conflito hoje existente na relação homem/meio ambiente. Sendo um trabalho que teve grande êxito diante de seus resultados, assim torna-se necessário sua ampliação e permanência, para que este trabalho de conscientização sobre a importância e o cuidado com o meio ambiente, e de forma geral com o planeta, aconteça ainda na infância para que no futuro se tenha uma qualidade de vida melhor.
6. Referências
ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2013, 2013
<http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2013.pdf> Acesso em 30 de Outubro de 2014.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9.795 de 27/04/1999. Política Nacional de Educação Ambiental. Brasília, 1999. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9795.htm> Acesso em: 20 de Outubro de 2014.
DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. 9.ed. São Paulo: Gaia,2004. GALVÃO, M. N. C. Possibilidades Educativas do Teatro de Bonecos nas escolas públicas de João Pessoa. Dissertação do Curso de Mestrado em Educação, Centro de Educação, UFPb, João Pessoa, 1996.
JACOBI, P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Caderno de Pesquisa [online], n.118, pp. 189-206. 2003.
LOUREIRO.,C. F. B. Educar, participar e transformar em educação ambiental, Revista
Brasileira de Educação Ambiental. n.0, p.13-20, 2004.
MANO, E. B.; PACHECO,E.B.A.V.; BONELLI,C.M.C. Meio Ambiente, Poluição e
Reciclagem. São Paulo: Edgard Blucher.2010.
SOUZA, B. A.; FARIAS, E. S.; CANTO, R. V. Gestão Integrada de Resíduos Sólidos no Município de Santana do Livramento: Uma análise à Luz da Lei 12.305/2010.
Artigos científicos do 3º Fórum Internacional Ecoinovar: “Inovação sem fronteiras: conectando ideias e soluções sustentáveis”, Santa Maria –RS, 2014.
Disponível em: <http://ecoinovar.com.br/cd2014/arquivos/artigos/ECO469.pdf> Acesso em 28 de Outubro de 2014.
7. ANEXOS
Figura 1: Geração de RSU
Extraído de: ABRELPE, 2013.
Figura 2: Iniciativas de Coleta Seletiva nos Municípios em 2013 Extraído de: ABRELPE, 2013.
Figura 3: Teatro de fantoches confeccionados com materiais recicláveis
Figura 4: Divulgação dos resultados e premiação
Figura 5: Crianças da Escola Municipal Wilmar Vieira Arantes assistindo à
d
Figura 6: Oficinas de confecção de objetos com materiais reutilizáveis
Gráfico 1: Materiais reciclados coletados.
PET: 203 Kg, Alumínio: 78 Kg e Tetra Pak: 70 Kg. 58% 22%
20%
