Cientí a
Dissertação de Mestrado
A Função Hipergeométri a e o Pêndulo
Simples
Ester Cristina Fontes de Aquino Rosa
Orientador: Prof. Dr. Edmundo Capelas de Oliveira
Fevereiro de 2011
o Pêndulo Simples
Banca Examinadora:
Este exemplar corresponde
à
redação final
da dissertação
devida~te
corrigida e
defendida por Ester Cr stina Fontes de
Aquino Rosa e aprov da pela comissão
julgadora.
\
Campinas, 01
Prof. Dr.
Prof. Dr. Edmundo Capelas de Oliveira
Prof. Dr. Jayme Vaz Júnior
Prof. Dr. Denilson Gomes
Dissertação apresentada ao Instituto de
Matemática, Estatística e
Computa-ção Científica, Unicamp, como
requi-sito parcial para obtenção do Título de
Mestre em Matemática.
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Data
da
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e aprovada pela Banca Kx:anlinà.d,ot composta pelos Profs. Drs.
Prof. (a). Dr (a).
matemáti o perfeito do qual, no entanto, não se pre ise.
AgradeçoaDeus, quemefortale eunasadversidades, guiouminhases olhas
e aplainouos meus aminhos.
Agradeço a minha família que, mesmo resignada pela minha onstante
au-sên ia, en ontrou meios de manifestar arinhoe in entivo.
Agradeço,emespe ial,aomeumarido,Mar usVini ius,que,estando omigo
nosmomentosmaisdifí eis,a reditouemminha apa idadeemeapoiou,sem
hesitar.
Agradeço ao meu orientador Edmundo, que, no de orrer desse trabalho, foi
sempre presente eaten ioso.
Agradeçoaos professoresEdson, Joni,Plínio, Sandra,Veraeà oordenadora
Sueli Costa,entre outros, pelaini iativaeenvolvimentonesse projeto
inova-dor de Mestrado Prossional, que a tantos surgiu omo uma oportunidade
de realização de seus sonhos, salvando muitos professores da estagnação.
Agradeço tambémaos tutores Adriano,Aguinaldo eJoão Paulo.
Agradeço aos fun ionáriosdo IMECC, gentise prestativos.
Agradeço aos meus amigos, Beto, Cláudio e Már ia, om os quais tive a
oportunidade de ompartilhar boa parte dessa trajetória, onvivên ia essa
que suavizouas agrurasdesse aminho.
Este trabalho tem por objetivo modelar e resolver, matemati amente, um
problema físi o onhe ido omopêndulosimples. Dis utimos, omo aso
par-ti ular,as hamadas os ilaçõesde pequenaamplitude, istoé,uma
aproxima-ção que nos leva a mostrar que o período de os ilaçãoé propor ional à raiz
quadrada do quo iente entre o omprimento do pêndulo e a a eleração da
gravidade.
Como vários outros problemas oriundos da Físi a, o pêndulo simples é
re-presentado atravésde equações diferen iaispar iais. Assim,nabus a de sua
solução, apli amos a metodologia de separação de variáveis que nos leva a
um onjunto de equaçõesordináriaspassíveis de simples integração.
Es olhendo um sistema de oordenadas adequado, é onveniente usar o
mé-todode Hamilton-Ja obi,dis utindo,antes, o problemado os ilador
harm-ni o, apresentando, em seguida, o problema do pêndulo simples e impondo
ondições a m de mostrar que as equações diferen iais asso iadas a esses
dois sistemassão iguais, ouseja, suas soluçõessão equivalentes.
Paratanto,estudamosométododeseparaçãode variáveisasso iadoàs
equa-çõesdiferen iaispar iais,linearesedesegunda ordem, om oe ientes
ons-tantes e três variáveis independentes, bem omo a respe tiva lassi ação
quanto ao tipo. Posteriormente, estudamos as equações hipergeométri as,
ujassoluções,asfunçõeshipergeométri as,podemser en ontradaspelo
mé-todode Frobenius.
Apresentamos o método de Hamilton-Ja obi, já men ionado, para o
enfren-tamento do problema apresentado. Fizemos no apítulo nal um apêndi e
sobre a função gama por sua presente importân ia no trato de funções
hi-pergeométri as,emespe ial aintegralelípti a ompleta deprimeirotipoque
This work aims to present and solve, mathemati ally, the physi s problem
that is alledsimple pendulum. We reasoned, asan spe i ase, the so
al-ledlowamplitude os illation,that is,a onvenientapproximationthatmake
us show that the periodof os illationis proportionalto the quotient square
rootbetween the pendulum length and the gravity a eleration.
Likeseveral otherproblems arising fromthe physi s,weare going tobroa h
it through partial dierentialequations. Thus, in the sear h of its solution,
we madeuse of the variableseparation methodology thatleads ustoa body
of ordinary equations sus eptible of simpleintegration.
Choosinganappropriate oordinatesystem,itis onvenienttousethemethod
Hamilton-Ja obi,arguing,rst,the problemoftheharmoni os illator,with,
then the problem of sf simple pendulum and imposing onditions to show
that the dierentialequations asso iated with these two systems are equal,
that is, their solutionsare equivalent.
With the purpose of rea hing the obje tives, we studied the variable
sepa-ration method asso iated with partial dierential equations, linear and of
se ond order, with onstant oe ient and three independent variables, as
well as the respe tive lassi ation about the type. Afterwards, we studied
the hypergeometri al equations whose solutions,the hypergeometri al
fun -tions, are found by the Frobenius method.
Introdu ingthe Hamilton-Ja obimethod,already mentioned, foraddressing
the problem presented. We made an appendix in the nal hapter on the
gamma fun tion by its present importan e in dealing with hypergeometri
fun tions, inparti ular the ellipti integral of rst kind onsists of the exa t
Introdução 1
1 Equações Diferen iais Par iais 4
1.1 Notação edenições . . . 5
1.1.1 Equação diferen ialpar ial de segunda ordem . . . 5
1.2 Classi ação . . . 8
1.2.1 Equação dotipohiperbóli o . . . 8
1.2.2 Equação dotipoparabóli o . . . 10
1.2.3 Equação dotipoelípti o . . . 10
1.2.4 Exemplo . . . 10
1.3 Métodode separação de variáveis . . . 11
1.3.1 Condições de ontorno . . . 11
1.3.2 Funçõesortogonais e série de Fourier . . . 12
1.3.3 A equação de Sturm-Liouville . . . 14 1.3.4 Prin ípioda superposição . . . 15 1.3.5 Separação de variáveis . . . 15 2 Funções Hipergeométri as 20 2.1 Métodode Frobenius . . . 21 2.2 Equação hipergeométri a . . . 27 2.3 Funçõesde Legendre . . . 30
2.4 Equação hipergeométri a onuente . . . 33
2.5 Funçõesde Bessel . . . 34
3 Os iladores Harmni os 36 3.1 Movimento harmni osimples . . . 36
3.2 Equação de Lagrange . . . 40
3.2.1 Prin ípiode Hamilton . . . 41
3.2.2 Função de Lagrange . . . 44
4 O Pêndulo Simples 57
4.1 Um pou o de história . . . 57
4.2 Christiaan Huygens e opênduloisó rono . . . 58
4.3 Apli açãodas equações de
Hamilton-Ja obi. . . 65
Durante osúltimos dois sé ulos, diversos métodos foram desenvolvidos para
a resolução das equações diferen iais par iais,sendo o métododa separação
de variáveis o mais antigo, usado na segunda metade do sé ulo XVIII na
investigação sobre ondas e vibrações; posteriormente ele passou por
rena-mentos e generalizações [22℄. O que ara teriza o método de separação de
variáveiséapossibilidadedetransformarumaequaçãodiferen ialpar ialem
um onjunto de equações diferen iais ordinárias, restringindo nosso estudo
original ao estudo de equações diferen iais ordinárias. Entre essas últimas
estão as equações om três pontos singulares regulares. O protótipo desse
tipo de equação é a hamada equação hipergeométri a, ou equação
diferen- ial de Gauss, uja solução re ebe o nome de função hipergeométri a, ou
ainda função de Gauss. Essas funções hipergeométri asperten em à lasse
de funções ditas espe iais [3℄. Dentre asfunções espe iais mais importantes,
temos a função de Legendre e a função de Bessel, ujas equações são
gera-das, algumasvezes,pelaseparaçãodaequaçãode Helmholtzem oordenadas
polares esféri as [12℄ e apare em em muitos problemas físi os. Nos
proble-mas tridimensionais,aseparação de variáveisapli adaà equaçãode Lapla e
u
xx
+ u
yy
+ u
zz
= 0
leva à equação de Bessel em oordenadas ilíndri ase à equação de Legendre em oordenadas esféri as, ir unstân ia talquepoten- ializaarelevân iadoestudodessasequaçõesedasfunçõesgeradasporelas.
As funções de Bessel formam uma área da Análise Matemáti a muito ri a,
om muitasrepresentações, propriedadeseinter-relaçõesmuito úteis. Existe
uma variedade de funções, até mesmo as elementares (ra ionais,
trigonomé-tri as, logarítmi as,exponen ias, et ...),que pode ser representada poruma
funçãohipergeométri a. Umexemplovistonessetrabalhoéaintegralelípti a
ompletade primeiraespé ie queapare e naresolução daequaçãonão-linear
do pêndulosimples.
Ini iamos o primeiro apítulo explorando on eitos e denições bási as de
equações diferen iais par iaisde segunda ordem e estudamos a lassi ação
e as ondições ini iais do problema, o qual envolve uma equação diferen ial
par ial om
m
variáveisindepedentes,poressemétodoessaequaçãoéondu-zidaaum onjuntode
m
equaçõesdiferen iaisordinárias, ujasresoluçõessãomais simples. Um modeloexemplarde equaçõesdiferen iaispar iaisbási as
asso iadas afenmenosfísi osé aequação da ondução do alor, uja
inves-tigaçãopropor ionamuitainformaçãosobre asequaçõesdiferen iaispar iais
linearesde segunda ordem. Porisso, ontemplamos, nesse apítulo,oestudo
doproblemadedifusãode alornumapla aretangularrepresentadoporuma
equação om três variáveis independentes, uma delas temporal.
No apítulo dois estudamos as funções hipergeométri as omo soluções das
equações hipergeométri as geradas pelo método de Frobenius apli ado na
equação diferen ial ordinária om três pontos singulares regulares a saber,
zero, um einnito. Estudamos, omo asoparti ular de função
hipergeomé-tri a,afunçãodeLegendre. Emseguida,usandoum onvenientepro essode
limite,oqualgeraa onuên iadeduassingularidadesdaequação
hipergeo-métri a, introduzimos a equação hipergeométri a onutente ujas soluções
são as funções hipergeométri as onuentes. Como exemplo, apresentamos
a função de Bessel.
Já no ter eiro apítulo, omeçamos om a revisão de on eitos e fórmulas
envolvidas nos os iladores harmni os; emseguida, estudamos as teorias
la-grangiana e hamiltoniana, reformulações permanentes e on omitantes om
a teorianewtoniana [10℄, asquaispropi iamuma representação simpli ada
de vários problemas dinâmi os. Exempli amos a representação do
movi-mento dopêndulosimples sob aóti a dessas teorias, obtendo, emambosos
asos, uma mesmaequação naqual,imposta uma ondiçãode aproximação,
onsolidamosasemelhança dopêndulo omoos iladorharmni o. Para
en- erraro apítulo,estudamos ateoriade Hamilton-Ja obiusandosua té ni a
para dis utir o movimento de um os ilador harmni o unidimensional e do
sistema massa-mola.
No apítulo quatro, fazemos uma abordagem históri a sobre a importân ia
do pêndulo na pre isão do tempo, sem deixar de desta ar, obviamente, o
matemáti o, Christiaan Huygens e sua bus a pelo pêndulo isó rono.
Con-siderando uma partí ula abandonada de uma erta altura numa superfí ie
i loidal, al ulamos seu período de os ilação e onstatamos, om isso, que
deHamilton-Ja obi omoobjetivodeobterarepresentaçãoexatadoperíodo
do pêndulosimples atravésde uma função hipergeométri a.
Na parte nal desse estudo, temos a on lusão de todo o trabalho e, em
Par iais
Resolver uma equação diferen ial par ial geralmente requer mais trabalho,
ouseja,émaisdifí ilquearesoluçãodasequaçõesdiferen iaisordináriase,a
não ser para ertos tipos espe iais de equações diferen iaislineares,nenhum
método geral de resolução é viável. Esse apítulo propõe a resolução de
ti-posparti ularesdeequa õeslineares,sendoessasre orrentesemumagrande
variedadede importantesapli açõesemmuitos ramosdaFísi a,daQuími a
e da Engenharia. É notório que a des rição matemáti a dos fenmenos da
natureza ou de eventos e pro essos físi os é realizada através de funções de
duas ou três variáveis espa iais
x
,y
ez
e uma variável tipo tempot
. Vemdaía importân iade nos on entrarmos emtaisequações.
Neste apítulo introduzimos o on eito de equação diferen ial par ial linear
e de segunda ordem, bem omo sua lassi ação quanto ao tipo [2℄.
Apre-sentamos o método de separação de variáveis através de uma equação om
duas variáveis independentes [5℄, de modo a reduzir, omo extensão da
me-todologia,uma equação diferen ial par ial, linear, de segunda ordem e om
três variáveis independentes, num onjunto de três equações diferen iais
or-dinárias 1
.
1
1.1 Notação e denições
Amde simpli aranotação,nestetrabalhoutilizamos
t, x, y
ez ∈ IR
paradenotarasvariáveisindependentes, enquantoque
u
ev
denotam asvariáveisdependentes. Umaequação diferen ialédita par ial quandoapresentapelo
menos uma derivada par ial e sua ordem é determinada pela mais alta
ordem da diferen ial par ial que nela ontenha. Dizemos que uma equação
diferen ial par ial é linear se suas derivadas par iais o orrem somente no
primeiro grau e se não existirem produtos da variável dependente e suas
derivadas par iais, aso ontrário, dizemosque a equaçãoé não linear.
1.1.1 Equação diferen ial par ial de segunda ordem
A forma mais geral de uma equação diferen ial par ial linear de segunda
ordem om duas variáveisindependentes é:
A
∂
2
u
∂x
2
+ B
∂
2
u
∂x∂y
+ C
∂
2
u
∂y
2
+ D
∂u
∂x
+ E
∂u
∂y
+ F u = G
(1.1)onde os oe ientes
A, . . . , G
são funções das variáveisx
ey
eu = u(x, y)
.Consideremos os oe ientes da equação e
u(x, y)
funçõesC
2
, além disso,
A
,B
eC
não simultaneamente nulos. Essa equação é também dita linear porque todos os oe ientes dependem somente das variáveis independentesx
ey
e é hamada de segunda ordem porque esta é a mais alta ordem da diferen ial par ial[2℄.Enm, quando
G = 0
, dizemos que essa equação é homogênea, asoon-trário, não homogênea.
Vamosmostrar,ini ialmente,que,numaequaçãodiferen ialpar ial omduas
variáveisindependentes, existe apossibilidadede seen ontrar uma
transfor-mação de oordenadas que onserva sua forma, desde que o ja obiano da
transformação sejadiferentede zero. Considere a transformaçãodas
seguin-tes oordenadas:
ξ = ξ(x, y)
eη = η(x, y).
Utilizando aregra da adeia,podemoses rever para asprimeirasderivadas
∂u
∂x
=
∂u
∂ξ
∂ξ
∂x
+
∂u
∂η
∂η
∂x
(1.2)∂u
∂y
=
∂u
∂ξ
∂ξ
∂y
+
∂u
∂η
∂η
∂y
(1.3)bem omo para assegundas derivadas
∂
2
u
∂x
2
=
∂
∂x
∂u
∂x
=
∂u
∂ξ
∂
∂x
∂ξ
∂x
+
∂ξ
∂x
∂
∂x
∂u
∂ξ
+
∂u
∂η
∂
∂x
∂η
∂x
+
∂η
∂x
∂
∂x
∂u
∂η
ou aindana forma∂
2
u
∂x
2
=
∂
2
u
∂ξ
2
∂ξ
∂x
2
+ 2
∂
2
u
∂ξ∂η
∂ξ
∂x
∂η
∂x
+
∂
2
u
∂η
2
∂η
∂x
2
+
∂u
∂ξ
∂
2
ξ
∂x
2
+
∂u
∂η
∂
2
η
∂x
2
.
E, de maneira análoga,obtemos:
∂
2
u
∂y
2
=
∂
2
u
∂ξ
2
∂ξ
∂y
2
+ 2
∂
2
u
∂ξ∂η
∂ξ
∂y
∂η
∂y
+
∂
2
u
∂η
2
∂η
∂y
2
+
∂u
∂ξ
∂
2
ξ
∂y
2
+
∂u
∂η
∂
2
η
∂y
2
e∂
2
u
∂x∂y
=
∂
2
u
∂ξ
2
∂ξ
∂x
∂ξ
∂y
+
∂
2
u
∂ξ∂η
∂ξ
∂x
∂η
∂y
+
∂ξ
∂y
∂η
∂x
+
∂
2
u
∂η
2
∂η
∂x
∂η
∂y
+
∂u
∂ξ
∂
2
ξ
∂x∂y
+
∂u
∂η
∂η
∂x∂y
.
Substituindo asexpressões para asderivadas naEq.(1.1), temos:
A
"
∂
2
u
∂ξ
2
∂ξ
∂x
2
+ 2
∂
2
u
∂ξ∂η
∂ξ
∂x
∂η
∂x
+
∂
2
u
∂η
2
∂η
∂x
2
+
∂u
∂ξ
∂
2
ξ
∂x
2
+
∂u
∂η
∂
2
η
∂x
2
#
+B
∂
2
u
∂ξ
2
∂ξ
∂x
∂ξ
∂y
+
∂
2
u
∂ξ∂η
∂ξ
∂x
∂η
∂y
+
∂ξ
∂y
∂η
∂x
+
∂
2
u
∂η
2
∂η
∂x
∂η
∂y
+
∂u
∂ξ
∂
2
ξ
∂x∂y
+
∂u
∂η
∂η
∂x∂y
+C
"
∂
2
u
∂ξ
2
∂ξ
∂y
2
+ 2
∂
2
u
∂ξ∂η
∂ξ
∂y
∂η
∂y
+
∂
2
u
∂η
2
∂η
∂y
2
+
∂u
∂ξ
∂
2
ξ
∂y
2
+
∂u
∂η
∂
2
η
∂y
2
#
+D
∂u
∂ξ
∂ξ
∂x
+
∂u
∂η
∂η
∂x
+ E
∂u
∂ξ
∂ξ
∂y
+
∂u
∂η
∂η
∂y
+ F u = G.
Rearranjando os termos,podemos es rever:
"
A
∂ξ
∂x
2
+ B
∂ξ
∂x
∂ξ
∂y
+ C
∂ξ
∂y
2
#
∂
2
u
∂ξ
2
+
2A
∂ξ
∂x
∂η
∂x
+ B
∂ξ
∂x
∂η
∂y
+
∂ξ
∂y
∂η
∂x
+ 2C
∂ξ
∂y
∂η
∂y
∂
2
u
∂ξ∂η
+
"
A
∂η
∂x
2
+ B
∂η
∂x
∂η
∂y
+ C
∂η
∂y
2
#
∂
2
u
∂η
2
+
A
∂
2
ξ
∂x
2
+ B
∂
2
ξ
∂x∂y
+ C
∂
2
ξ
∂y
2
+ D
∂ξ
∂x
+ E
∂ξ
∂y
∂u
∂ξ
+
A
∂
2
η
∂x
2
+ B
∂
2
η
∂x∂y
+ C
∂
2
η
∂y
2
+ D
∂η
∂x
+ E
∂η
∂y
∂u
∂η
+ F u = G.
Usando essa transformação na Eq.(1.1), obtemos:
A
1
∂
2
u
∂ξ
2
+ B
1
∂
2
u
∂ξ∂η
+ C
1
∂
2
u
∂η
2
+ D
1
∂u
∂ξ
+ E
1
∂u
∂η
+ F
1
u = G
1
(1.4)onde introduzimosanotação:
A
1
= A
∂ξ
∂x
2
+ B
∂ξ
∂x
∂ξ
∂y
+ C
∂ξ
∂y
2
,
B
1
= 2A
∂ξ
∂x
∂η
∂x
+ B
∂ξ
∂x
∂η
∂y
+
∂ξ
∂y
∂η
∂x
+ 2C
∂ξ
∂y
∂η
∂y
,
C
1
= A
∂η
∂x
2
+ B
∂η
∂x
∂η
∂y
+ C
∂η
∂y
2
,
D
1
= A
∂
2
ξ
∂x
2
+ B
∂
2
ξ
∂x∂y
+ C
∂
2
ξ
∂y
2
+ D
∂ξ
∂x
+ E
∂ξ
∂y
,
E
1
= A
∂
2
η
∂x
2
+ B
∂
2
η
∂x∂y
+ C
∂
2
η
∂y
2
+ D
∂η
∂x
+ E
∂η
∂y
,
F
1
= F,
G
1
= G.
Enm, om um pou o de álgebra,podemos veri ar que
B
2
− 4AC = (B
1
2
− 4A
1
C
1
)
∂ξ
∂x
∂η
∂y
−
∂ξ
∂y
∂η
∂x
2
e, portanto,atransformação não singular não muda o tipoda equação.
Outraobservaçãoimportante,prin ipalmenteparaapróximaseção,éque
a lassi ação dessa equação depende somente dos seus oe ientes
A
,B
eC
ondeA
2
+ B
2
+ C
2
6= 0
. Logo, obtemos as seguintes formas para a Eq.
(1.1) e a Eq.(1.4),respe tivamente
A
∂
2
u
∂x
2
+ B
∂
2
u
∂x∂y
+ C
∂
2
u
∂y
2
= H
x, y, u,
∂u
∂x
,
∂u
∂y
A
1
∂
2
u
∂ξ
2
+ B
1
∂
2
u
∂ξ∂η
+ C
1
∂
2
u
∂η
2
= H
1
ξ, η, u,
∂u
∂ξ
,
∂u
∂η
onde as funções
H
eH
1
não ontêm as derivadasde ordem dois.1.2 Classi ação
Como os oe ientes
A
,B
eC
não são simultaneamente nulos, om umamudança onveniente das variáveis
ξ
eη
, podemos transformar a equaçãodiferen ial par ial linear de segunda ordem, em sua forma original, na
de-nominada forma anni a [5℄, podendo ser do tipo parabóli o, hiperbóli o
ou elípti o, omo pode ser visto a seguir. De maneira análoga às quádri as
da geometria analíti a,a lassi açãoda Eq.(1.1) depende dodis riminante
∆ = B
2
− 4AC
; essa equaçãoserá dotipoparabóli o,hiperbóli o ouelípti o
se
∆
for nulo, positivoou negativo,respe tivamente.1.2.1 Equação do tipo hiperbóli o
Se
B
2
− 4AC > 0
, a equação é do tipo hiperbóli o e pode ser es rita na
hamadaprimeira forma anni a da equaçãohiperbóli adada por
∂
2
u
∂ξ∂η
= Φ
1
ξ, η, u,
∂u
∂ξ
,
∂u
∂η
(1.5)Para tal transformação devemos ter
A
1
= C
1
= 0
. Se trabalharmos omA
1
= 0
, podemos obter:A
∂ξ
∂x
2
+ B
∂ξ
∂x
∂ξ
∂y
+ C
∂ξ
∂y
2
= 0.
(1.6)Considerando uma urva
ξ(x, y) =
te, temos:dξ = 0
de onde segue-se∂ ξ
∂ x
dx +
∂ ξ
∂ y
dy = 0
ou ainda,na forma∂ ξ/∂ x
∂ ξ/∂ y
= −
dy
dx
.
Dividindoa Eq.(1.6) por
(
∂ ξ
∂ y
)
2
e onsiderandoa igualdade a ima,temos
A
dy
dx
2
− B
dy
dx
+ C = 0
que é uma equaçãoalgébri a om raízesreais e distintasdadas por
dy
dx
=
B ±
√
∆
2A
.
Essas equações são hamadas equações ara terísti as. Obtemos, assim,
duas soluçõesque são as duas famíliasde urvas ara terísti as.
Com uma segunda mudançade variáveis independentes
α = ξ + η
eβ = ξ − η,
podemos es rever, neste aso, a hamadasegunda forma anni a dada por
∂
2
u
∂ α
2
−
∂
2
u
∂ β
2
= ¯
Φ
1
α, β,
∂u
∂β
,
∂u
∂β
.
(1.7)1.2.2 Equação do tipo parabóli o
Se
B
2
− 4AC = 0
, essa equação é do tipo parabóli o e pode ser es rita na
forma anni a
∂
2
u
∂ ξ
2
= Φ
2
ξ, η, u,
∂u
∂ξ
,
∂u
∂η
(1.8) omΦ
2
= H
1
/A
1
eA
1
6= 0
,bem omo∂
2
u
∂η
2
= Φ
3
ξ, η, u,
∂u
∂ξ
,
∂u
∂η
(1.9) omΦ
3
= H
1
/C
1
eC
1
6= 0
.Analogamenteà anterior, temosa respe tiva equação ara terísti a
dy
dx
=
B
2A
.
1.2.3 Equação do tipo elípti o
Se
B
2
− 4AC < 0
, a equação é do tipo elípti o e pode ser es rita na forma
anni a
∂
2
u
∂α
2
+
∂
2
u
∂β
2
= Φ
4
α, β,
∂u
∂β
,
∂u
∂β
(1.10)onde introduzimosas oordenadas reais
α
eβ
taisqueα = (ξ + η)/2
eβ = (ξ − η)/2i.
1.2.4 Exemplo
Tendoemvistaqueo orremtrêstiposna lassi ação,podemosexempli ar
om uma equação interessante, asaber,
y
∂
2
u
∂x
2
+ 2x
∂
2
u
∂x∂y
+ y
∂
2
u
∂ y
2
= 0,
u = u(x, y).
Como∆ = 4(x
2
− y
2
)
, essa equação é do tipo hiperbóli o, parabóli o ou
elípti o se
x
2
− y
2
for, respe tivamente, positivo, nulo ou negativo. Assim,
no segundo aso, temos omo solução as bissetrizes dos quadrantes pares e
Podemos estender a nomen latura hiperbóli o, parabóli o ou elípti o para
asequações om
n
variáveisindependentes [24℄. Enm,este tipode equaçãoquepode mudarde tipo,dependendododomínio,é onhe ido omoequação
do tipo misto [2℄.
1.3 Método de separação de variáveis
Antesde apresentarmosométodode separaçãode variáveis[1℄, vamos
intro-duzir as ondições de ontorno, as séries de Fourier 2
e o hamado problema
(ousistema)deSturm-Liouville 3
,tópi osessesque onstituempanodefundo
para o métodoqueserá desenvolvido.
1.3.1 Condições de ontorno
Sendo uma equação denida numa região
ℜ
do espaço, sua solução seráuma função que possui todas as derivadas par iais da equação em questão,
num erto domínioI, onde I
⊃ ℜ
. Além disso, essa função, bem omo suasderivadas satisfazem aequação nodomínio
ℜ
.Modelando, por exemplo, um problema físi o om uma equação diferen ial
par ial,interessamo-nosporumasoluçãoparti ular,úni aeestávelnogrupo
das soluções gerais que satisfazem tal equação. Para tanto, nos utilizamos
das hamadas ondiçõesde ontorno, advindasda geometriada fronteira do
domínio,bem omo das ondições ini iaisoriundas dopróprio problema.
São três os tipos prin ipaisde ondições de ontorno, usuais em problemas
da físi a,a saber,
i) Condições de Diri hlet (1805-1859), em que determinada função u é
espe i ada em ada pontode uma fronteira daregião,
u(x, y)|
x=x
0
= a
dado
a
.2
Joseph Fourier(1768-1830) foi um estudioso da propagaçãodo alore es reveuum
dosgrandes lássi osdamatemáti a:aThéorie AnalytiquedelaChaleur(Teoriaanalíti a
doCalor).
3
Sturm-Liouville, nomedadoem homenagem aosmatemáti os Ja ques-Charles
ii) Condiçõesde Neumann(1903-1957),emqueédadoovalordaderivada
da função nafronteira, ouseja:
∂
∂ x
u(x, y)|
x=x
0
= b
om
b
dado.iii) Condições de Cau hy 4
, emque são forne idos os valores de u, em, por
exemplo,
x = x
0
, e daderivada par ial,nesse aso emrelaçãoax
.1.3.2 Funções ortogonais e série de Fourier
O matemáti o Fourier mostrou que uma função pode ser expressa por uma
série trigonométri a,a hamada série de Fourier. Apesar de não ser
abso-luta omo propunha, essa série representa uma extensa lasse de funções eé
muito utilizada no estudo de problemas advindos da a ústi a, óti a,
eletro-dinâmi a,termodinâmi a,dentre outras áreas.
Diz-se que um onjunto de funções
τ
n
(x)
,n
= 1, 2, 3,.... é ortogonal em relação auma função pesoω(x)
emum intervalo(a, b)
seZ
b
a
ω(x)τ
n
(x)τ
m
(x)dx = 0
param 6= n.
Se
ω(x) = 1
em(a, b)
,dizemosqueo onjuntoτ
n
(x)
,n
= 1,2,... éortogonalneste intervalo.
Suponha que uma função
f
, denida no intervalo(−l, l)
,l > 0
, possa serdesenvolvida nasérie trigonométri a:
f (x) =
a
0
2
+
∞
X
n=1
a
n
cos
nπ
l
x + b
n
sennπ
l
x
(1.11) 4Cau hy nas eu emParis, em 1789e morreuem 1857. São numerosos ostermos em
matemáti aquepossuemseunome. Eleinventouométododas ara terísti as,importante
na análise das equações diferen iais par iais. Entre suas obras, estão Cours d'analyse
de 1821 e os 4 volumes Exer ises d'analyse et de physique mathematique (Exer í ios de
AnáliseedeFísi aMatemáti a,1840-47). Foioprimeiroafazerumestudo uidadosodas
ondiçõespara onvergên iadesérieinnita;tambémdeu umadeniçãorigorosadeuma
integralindependentedopro essodediferen iaçãoedesenvolveuateoriamatemáti ada
onde o onjunto
Λ =
1, cos
nπ
l
x,
sennπ
l
x
,
n
= 1,2,... é ortogonal.Integrando formalmenteambosos membros da equação a ima,temos:
Z
l
−
l
f (x)dx =
a
0
2
Z
l
−
l
dx +
∞
X
n=1
a
n
Z
l
−
l
cos
nπ
l
x dx + b
n
Z
l
−
l
sennπ
l
x dx
.
Pelaortogonalidadedo onjunto
Λ
, obtemos:Z
l
−
l
f (x)dx =
a
0
2
Z
l
−
l
dx = la
0
de onde segue-sea
0
=
1
l
Z
l
−
l
f (x)dx.
Multipli ando a Eq.(1.11) por
cos
mπ
l
x
e senmπ
l
x
, respe tivamente, e inte-grando, obtemos:a
n
=
1
l
Z
l
−
l
f (x) cos
nπ
l
xdx
eb
n
=
1
l
Z
l
−
l
f (x)
sennπ
l
xdx.
Aparidadedafunçãopermitesimpli ação. Seafunção
f
forparnointervalo(−l, l)
, eladeverá ser expandida em uma série de ossenos:f (x) =
a
0
2
+
∞
X
n=1
a
n
cos
nπ
l
x
ondea
0
=
2
l
Z
l
0
f (x)dx
ea
n
=
2
l
Z
l
0
f (x) cos
nπ
l
x dx.
Por outro lado, se a função f for ímpar no intervalo
(−l, l)
, ela deverá serexpandida emuma série de senos:
f (x) =
∞
X
n=1
b
n
sennπ
l
x
omb
n
=
2
l
Z
l
0
f (x)
sennπ
l
xdx
.1.3.3 A equação de Sturm-Liouville
Aoresolveruma equaçãodiferen ialpar ialde segunda ordempelométodo
de separaçãode variáveis, omoserávistomaisadiante,éfrequente
emer-gir equações diferen iaisordináriasdotipo:
d
dx
p
dϕ(x)
dx
+ (q + λr)ϕ(x) = 0
onde
p
,q
er
são funções da variável independentex
,λ
é um parâmetro eϕ(x)
é a variável dependente. Essa equação re ebe o nome de equação de Sturm-Liouville.Impondoas ondições de ontorno
α
1
ϕ(a) + α
2
ϕ
′
(a) = 0
β
1
ϕ(b) + β
2
ϕ
′
(b) = 0
om
α
1
,α
2
,β
1
,β
2
∈ R
,não simultaneamentenulas, temososistema(ou pro-blema)de Sturm-Liouville,queé ditoregular nointervalo[a, b]
seasfunçõesp e r são estritamentepositivas nesse intervalo.
Consideremos ooperador diferen iallinear:
L ≡
dx
d
p
d
dx
+ q(x).
A equação de Sturm-Liouvillepode ser es rita omo:
Lϕ(x) + λr(x)ϕ(x) ≡ 0 .
Esse sistema trará soluções da equação diferen ial ordinária de segunda
or-dem original,queserão asautofunçõesortogonais orrespondentes aos
auto-valores
λ
. É importante men ionar, então, algumas propriedades dosmes-mos, dadas emforma de teoremas[2℄.
Teorema 1.3.1. Todos os autovalores de um sistema de Sturm-Liouville
regular são reais.
Teorema1.3.2. TodosistemadeSturm-Liouvilleregulargeraráuma
sequên- ia innita de autovalores reais
λ
1
< λ
2
< λ
3
< ....
os quais orrespondem univo amente às autofunções,a menosdeuma onstante. Essas funçõesfor-mam um sistema ortogonal ompleto em relação à função peso r(x). Ainda
Teorema1.3.3. Qualquerfunçãofsuavepor pedaçosem[a,b℄, quesatisfaça
as ondições de ontorno do sistema regular de Sturm-Liouville, pode ser
expandida numa série absoluta e uniformemente onvergente [13℄
f (x) =
∞
X
n=1
c
n
u
n
(x)
onde os oe ientes são dados por
c
n
=
Z
b
a
r(x)f (x)u
n
(x)dx
Z
b
a
r(x)u
2
n
(x)dx
omn = 1, 2, 3, ...
1.3.4 Prin ípio da superposiçãoSejam
u
1
, ..., u
n
,funçõesque onstituemsoluçõesdeuma equaçãodiferen ial linear ordináriahomogênea, então a ombinação lineardessas funçõesu = c
1
u
1
+ ... + c
n
u
n
omc
i
=
onstantetambém satisfaz a equação. Issode orre do fatode serem linearesos
opera-dores diferen iaissobre o onjuntodas funções [2℄.
1.3.5 Separação de variáveis
Ressaltamos que, ombinandoo métodode separação de variáveis om a
su-perposiçãode soluçõesbem omoutilizandoas ondiçõesde ontorno
impos-tas, onstruímoso hamadométodo de Fourier pararesolução daequação
a derivadaspar iais linear ehomogênea.
A m de introduzirmos expli itamente o método de separação de variáveis
[1℄, vamos dis utir o problema asso iado à propagação de alor
(distribui-ção de temperaturas) numa pla a retangular. Este problema é des ritopela
hamadaequação de difusão (ou do alor) bidimensional(duas variáveis
as-so iadasàs duas oordenadas artesianas
x
ey
):k
∂
2
u
∂ x
2
+
∂
2
u
∂ y
2
=
∂ u
∂ t
parau = u(x, y, t)
et > 0, 0 < x < b
e0 < y < c.
Pararesolveraequação diferen ialpar ialde segundaordem om três
variá-veisindependentes, propomosasoluçãonaforma
u(x, y, t) = X(x)Y (y)T (t).
Introduzimos
u = u(x, y, t) = X(x)Y (y)T (t) ≡ XY T
naequação do alore,utilizandoa notação om linha, temos:
k(X
′′
Y T + XY
′′
T ) = XY T
′
.
Dividindoa equação anterior peloproduto
kXY T
,obtemos:X
′′
X
+
Y
′′
Y
=
T
′
kT
ou aindana formaX
′′
X
= −
Y
′′
Y
+
T
′
kT
.
Comoomembrodaesquerdaéindependentede
y
et
eomembrodadireitaéindependentede
x
,então adamembrodeve serigual auma onstantequeéa hamada onstante de separação. Portanto, igualamosambos osmembros
à onstante 5
−λ
2
:X
′′
X
= −
Y
′′
Y
+
T
′
kT
= −λ
2
de onde seguem-se asequações:
X
′′
+ λ
2
X = 0,
(1.12)Y
′′
Y
=
T
′
kT
+ λ
2
.
Comra io ínioanálogo,introduzimosumaoutra onstantedeseparação
−µ
2
na equaçãoanterior de modoa obter:
Y
′′
Y
= −µ
2
eT
′
kT
+ λ
2
= −µ
2
ou ainda:Y
′′
+ µ
2
Y = 0
eT
′
+ k(λ
2
+ µ
2
)T = 0.
(1.13)Isto é,reduzimosaequaçãodiferen ialpar ialemum onjuntode três
equa-ções diferen iaisordinárias, uma para ada variávelindependente.
5
A onstante, neste aso, foi es rita om um sinal de menos e um quadrado
uni a-mentepor onveniên iadenão arregarmosumaraizquadradabem omonãotermosque
Passemosagora aresolverasequaçõesdiferen iaisordináriasam de
deter-minar,atravésdas ondiçõesde ontornoaserem impostas,as onstantes de
separação.
As soluçõesgerais das equações diferen iaisordináriassão:
X(x) = c
1
cos λx + c
2
senλx
(1.14)Y (y) = c
3
cos µy + c
4
senµy
(1.15)T (t) = c
5
e−
k(λ
2
+µ
2
)t
(1.16)
onde
c
1
,c
2
,c
3
,c
4
ec
5
são onstantes de integração.Amdeefetuarmosos ál ulos,impomosasseguintes ondiçõesde ontorno:
u(0, y, t) = 0 = u(b, y, t)
u(x, 0, t) = 0 = u(x, c, t)
de onde segue-seX(0) = X(b) = 0
Y (0) = Y (c) = 0;
bem omo a ondição ini ial
u(x, y, 0) = f (x, y).
Apli ando as ondições de ontorno naEq.(1.14), temos:
c
1
= 0
bem omo, para
c
2
6= 0
,c
2
senλb = 0 ⇒ λb = mπ ⇒ λ =
mπ
b
omm = 1, 2, ....
Neste aso, senmπ
b
x
é o onjunto ortogonal ompleto de autofunções om
autovalores
λ
m
=
mπ
b
,
m =1, 2,...Analogamente, apli ando as ondiçõesde ontornona Eq.(1.15),obtemos:
bem omo, para
c
4
6= 0
,c
4
senµx = 0 ⇒ µ =
nπ
c
omn = 1, 2, ...
Voltandono produto
u(x, y, t) = X(x)Y (y)T (t)
,obtemos:u
mn
(x, y, t) = A
mn
e−
k[(
mπ
b
)
2
+(
nπ
c
)
2
]t
senmπ
b
x
sennπ
c
y
onde
A
mn
é uma onstante a ser determinada.Utilizando oprin ípioda superposição, temos:
u(x, y, t) =
∞
X
m=1
∞
X
n=1
A
mn
e−
k[(
mπ
b
)
2
+(
nπ
c
)
2
]t
senmπ
b
x
sennπ
c
y.
(1.17) Impondoa ondição ini ialu(x, y, 0) = f (x, y)
, podemoses reverf (x, y) =
∞
X
m=1
∞
X
n=1
A
mn
senmπ
b
x
sennπ
c
y.
A expressão anterior é uma série de Fourier dupla. Para determinarmos
os oe ientes
A
mn
, em analogia à série de Fourier, multipli amos o duplo somatório pelo produto sen(mπx/b)
sen(nπy/c)
e integramos no retângulo0 ≤ x ≤ b
,0 ≤ y ≤ c
. Temos 6 :Z
c
0
Z
b
0
f (x, y)
senmπ
b
x
sennπ
c
y dx dy = A
mn
Z
c
0
Z
b
0
sen2
mπ
b
x
sen2
nπ
c
y dxdy.
Cal ulando as integrais,obtemos:
Z
c
0
Z
b
0
f (x, y)
senmπ
b
x
sennπ
c
y dx dy =
bc
4
A
mn
,
6Naverdade,devemosmultipli arporsen
(pπx/b)
sen(qπy/c)
eusaraortogonalidadede,ondesegue-sequesomente
p = m
eq = n
éque ontribuemnaintegraçãodeondepodemos,de onde segue-se para os oe ientes
A
mn
=
4
bc
Z
c
0
Z
b
0
f (x, y)
senmπ
b
x
sennπ
c
y dxdy.
Emresumo,forne idaa ondiçãoini ial
f (x, y)
,determinamosos oe ientesA
mn
e a solução do problema é dada por Eq.(1.17). Estudos mostram que esta soluçãoexiste e é úni a.Dentre as várias lasses de funções ditas espe iais, estão as funções
hiperge-ométri as, onhe idas também omo funções de Gauss 1
. Essas funções
apa-re em em nosso estudo omo solução das equações hipergeométri as, ujo
modelo é usado para representar asequações diferen iaisordináriaslineares
de segunda ordem om três pontos singulares regulares.
No presente apítulo, vamos estudar a equação hipergeométri a e suas
so-luções, a m de, posteriormente, nos on entrarmos no aso parti ular da
equação de movimento dopêndulo simples dada por
d
2
dt
2
θ +
g
l
senθ = 0,
ujasoluçãoexata noslevaaoperíodode os ilaçãodopêndulosimples,dado
em termosde uma função hipergeométri a.
Essa última equação, apesar de se onstituir numa equação diferen ial
or-dinária de segunda ordem não-linear, des reve, de forma pre isa, o
movi-mentopendular. A aproximação sen
θ ≈ θ
,validadaparaθ
pequeno, onduza uma equação diferen ial de segunda ordem linear, fa ilmente integrável e
que forne e, porexemplo, omosolução
θ(t) = θ
0
cos ωt + (α/ω)
senωt
,onde dene-seω =
pg/l
e seimpõemas ondições ini iaisθ(0) = θ
0
eθ
′
(0) = α
(ver[3℄).
Neste estudo, partindo de uma equação diferen ial ordinária, linear, de
se-1
gunda ordem e homogênea, introduzimos a hamada equação de
Riemann-Papperitz 2
ontendotrês pontos singulares regulares: zero,um einnito[18℄.
Assim,obtemosaequaçãohipergeométri ae, omisso,apartirdométodode
Frobenius 3
,obtemosas hamadasfunções hipergeométri as. Como asos
parti ulares dessas funções, onsideramos as funções de Legendre 4
. Em
se-guida, estudamosasfunções hipergeométri as onuentes,oufunções
deKummer(1810-1893), omosoluçõesdasequaçõeshipergeométri as
on-uentesnasquaisseestabele eaexigên iade umadequadolimiteeobtém-se
a onuên iade doispontos singularesdaequação[3℄. Como asoparti ular,
estudamos as funçõesde Bessel 5
.
2.1 Método de Frobenius
Nesta seção, apli ando ométodode Frobenius, vamos analisartodos os
pos-síveis asos, envolvendo três parâmetros,que apare em naequação
hiperge-ométri a.
Começamos esse assunto apresentando e dis utindo pontos importantes de
uma equação diferen ialordinária, homogênea,linear ede segunda ordem,
P
d
2
dx
2
u(x) + Q
d
dx
u(x) + R u(x) = 0
(2.1)onde onsideramos
P = P (x)
,Q = Q(x)
eR = R(x)
, polinmios que nãotêm fatores omuns. Assim, para os pontos
x 6= x
0
, em queP (x
0
) = 0
, podemos dividiraequação a ima porP (x)
, obtendo:2
JohannesErwinPapperitz(1857-1938).
3
Fernand Georg Frobenius (1848-1917) foi estudante e, depois, professor na
Univer-sidade de Berlim. Mostrou omo onstruir as soluções em série no entorno de pontos
singulares regulares, em 1874. O seu trabalho mais importante, porém, foi na álgebra,
ondeapare eu omoumdospre ursoresdodesenvolvimentodateoriadosgrupos.
4
Adrien-MarieLegendre(1752-1833),autordeÉlémentsdeGéométrie,obradesu esso,
om propostapedagógi a onde reordenou e simpli ou as proposições de Eu lides (360
a.C.- 295 a.C.). No entanto, seu maior trabalho está nos ampos das funções elípti as
e teoriados números. As funções de Legendre apare empela primeira vez em 1784, na
investigaçãosobreaatraçãodeesferóides.
5
Friedri h Wilhelm Bessel (1784-1846), matemáti o e astrnomo alemão; entre seus
feitos, sistematizou as funções de Bessel (des obertas por Bernoulli) em sua
investiga-ção sobre as perturbações planetárias, em 1824. Fi ou famosopor ter feito a primeira
d
2
dx
2
u(x) + p(x)
d
dx
u(x) + q(x)u(x) = 0
(2.2) ondep(x) =
Q(x)
P (x)
eq(x) =
R(x)
P (x)
.Os pontosonde
P (x)
não seanulasão hamadospontos ordinários daequa-ção e, omo
P (x)
é uma função ontínua, então tambémesta função não seanula na vizinhança desses pontos. Assim,
p(x)
eq(x)
são analíti as nessavizinhança epodem ser expandidas emsérie de Taylor 6
[3℄. Já oponto
x
0
é hamadopontosingularseasfunçõesp(x
0
)
eq(x
0
)
deixaremde seranalíti as e, ainda mais, sex
0
é pólosimples dep(x)
e pólode ordem menor ou igual a dois deq(x)
, entãox
0
édito ponto singular regular. Caso ontrário, é ha-madode pontosingular irregular [4℄. Notequeestamosdis utindoaequaçãodenida emvariávelreal,masvaleressaltarqueosresultadosposteriormente
obtidos no trato dessa equação tambémsão válidos se a mesma for denida
em
C
[12℄. Emse tratando dasolução geral da Eq.(2.2), é provado que, emseus pontos singulares, os quais estão ontidos no plano omplexo,
p(x)
eq(x)
possuem seus pólos, eviden iandoaí uma relação entre aspropriedades dessas funções edas soluções daequação.Assim,tomemosumaequaçãodiferen ialordináriahomogênea omtrês
pon-tos singulares regulares,
x = x
1
,x = x
2
ex = x
3
, isso será possível se, e somente se,p(x)
tem pólo simples eq(x)
tem pólo menor ou igual a doisnesses pontos. Ainda ondi ionamos que o ponto no innito seja um ponto
ordinário dessa equação [2℄. Para tanto, realizamos a mudança de variável
x = 1/ξ
ondedu
dx
= −ξ
2
du
dξ
,
ed
2
u
dx
2
= ξ
4
d
2
u
dξ
2
+ 2ξ
3
du
dξ
.
Substituindo essas últimasexpressões naEq.(2.2), temos:
ξ
4
d
2
u
dξ
2
+ 2ξ
3
− ξ
2
p (1/ξ)
du
dξ
+ q (1/ξ) u = 0.
6 BrookTaylor(16851731).Logo, a equação diferen ialtoma a forma
d
2
dξ
2
u(ξ) + ¯
p
d
dξ
u(ξ) + ¯
q u(ξ) = 0,
(2.3) onde denimos¯
p(ξ) =
2
ξ
−
1
ξ
2
p (1/ξ)
(2.4) e¯
q(ξ) =
1
ξ
4
q (1/ξ) .
(2.5)Con luímos, om essa operação,que o innitoserá um pontoordináriose, e
somentese,
p
¯
eq
¯
forem analíti asemξ = 0
. Comop(x)
possui pólosimplese
q(x)
pólomenor ouigual a dois nesses pontos, temos:p(x) =
A
x − x
1
+
B
x − x
2
+
C
x − x
3
+ D
(2.6) eq(x) =
1
(x − x
1
) (x − x
2
) (x − x
3
)
E
x − x
1
+
F
x − x
2
+
G
x − x
3
.
(2.7)Substituindo aEq.(2.6) na Eq.(2.4), obtemos:
¯
p =
2
ξ
−
1
ξ
2
Aξ
1 − ξx
1
+
Bξ
1 − ξx
2
+
Cξ
1 − ξx
3
+ D
que resulta em¯
p =
2
ξ
−
1
ξ
A
1 − ξx
1
+
B
1 − ξx
2
+
C
1 − ξx
3
+
D
ξ
.
Substituindo aEq.(2.7) na Eq.(2.5), temos:
¯
q =
1
ξ
4
ξ
3
(1 − ξx
1
) (1 − ξx
2
) (1 − ξx
3
)
Eξ
1 − ξx
1
+
F ξ
1 − ξx
2
+
Gξ
1 − ξx
3
,
ou ainda,na forma
¯
q =
1
(1 − ξx
1
) (1 − ξx
2
) (1 − ξx
3
)
E
1 − ξx
1
+
F
1 − ξx
2
+
G
1 − ξx
3
.
Analisando as duas últimas equações, on luímos que,diferente de
q
¯
,pre i-samosimporas ondições
D = 0
eA + B + C = 2
para termosp
¯
analíti aemξ = 0
. Essas on lusões denemp
eq
. Vamos,ainda, formatar as funçõesp
e
q
do seguinte modo:p(x) =
F
i
(x − x
i
)
eq(x) =
G
i
(x − x
i
)
2
.
Assim, podemos es rever:
F
i
(x) = p(x) (x − x
i
)
e, om isso, resulta
F
1
(x
1
) = A
F
2
(x
2
) = B
F
3
(x
3
) = C
Ou seja, essas funçõessão analíti asem
x
1
,x
2
ex
3
,respe tivamente. E om a segunda função temos:G
i
(x) = q(x) (x − x
i
)
2
,
onde obtemos:G
1
(x
1
) =
E
(x
1
− x
2
)(x
1
− x
3
)
G
2
(x
2
) =
F
(x
2
− x
1
)(x
2
− x
3
)
G
3
(x
3
) =
G
(x
3
− x
1
)(x
3
− x
2
)
.
Temos, assim, mais uma vez, funções analíti as em
x
1
,x
2
ex
3
, respe tiv a-mente. Pela analiti idade de ambas as funçõesF
i
eG
i
em seus pontosx
i
, podemosexpandi-lasemsériesdeTayloremtornodessespontos, omosegue:F
i
(x) = F
i
(x
i
) + F
′
i
(x
i
)(x − x
i
) +
F
′′
i
(x
i
)
2!
(x − x
i
)
2
+ · · ·
(2.8)e
G
i
(x) = G
i
(x
i
) + G
′
i
(x
i
)(x − x
i
) +
G
′′
i
(x
i
)
2!
(x − x
i
)
2
+ · · ·
(2.9)Aseguir,vamosapli arométododeFrobeniusamdeen ontrarassoluções
da equação diferen ial na forma de séries de Taylor em torno das
singulari-dades
x
1
,x
2
ex
3
. Para tanto,supõem-se três soluções daformau
i
(x) =
∞
X
n=0
a
n
(x − x
i
)
n+s
,
(2.10) parai = 1, 2, 3.
Assim, al ulandoas derivadas
u
′
i
eu
′′
i
, obtemos:u
′
i
=
∞
X
n=0
a
n
(n + s) (x − x
i
)
n+s−1
,
(2.11) eu
′′
i
=
∞
X
n=0
a
n
(n + s)(n + s − 1) (x − x
i
)
n+s−2
.
(2.12)Substituindo asEqs.(2.11), (2.12),(2.8) e (2.9) naEq.(2.2) temos:
∞
X
n=0
a
n
(n + s)(n + s − 1) (x − x
i
)
n+s−2
+
F
i
(x
i
) + F
′
i
(x
i
)(x − x
i
) +
F
′′
i
(x
i
)
2!
(x − x
i
)
2
+ · · ·
(x − x
i
)
∞
X
n=0
a
n
(n + s) (x − x
i
)
n+s−1
+
G
i
(x
i
) + G
′
i
(x
i
)(x − x
i
) +
G
′′
i
(x
i
)
2!
(x − x
i
)
2
+ · · ·
(x − x
i
)
2
∞
X
n=0
a
n
(x − x
i
)
n+s
= 0.
Para
i = 1
, temos a somatóriaa imaestendida da seguinte forma:a
0
[s (s − 1) + F
1
(x
1
) s + G
1
(x
1
)] (x − x
1
)
s−2
+
a
1
[(1 + s) s + F
1
(x
1
) (1 + s) + G
1
(x
1
)] (x − x
1
)
s−1
+
a
0
h
F
1
′
(x
1
) s + G
′
1
(x
1
)
i
(x − x
1
)
s−1
+ · · · = 0
Comoa
0
6= 0
eo oe ientede(x−x
1
)
s−2
algébri a, hamadaequação indi ial:
s(s − 1) + sF
1
(x
1
) + G
1
(x
1
) = 0,
ou ainda,na formas
2
+ (F
1
(x
1
) − 1)s + G
1
(x
1
) = 0.
Considerandoα
eα
′
raízes dessa equação temos
α + α
′
= − (F
1
(x
1
) − 1) = 1 − A ⇒ A = 1 − α − α
′
(2.13) eαα
′
= G
1
(x
1
) =
E
(x
1
− x
2
) (x
1
− x
3
)
⇒
E = (x
1
− x
2
) (x
1
− x
3
) αα
′
.
(2.14)Pro edendo domesmo modopara
x = x
2
ex = x
3
,temos:s
2
+ (F
2
(x
2
) − 1)s + G
2
(x
2
) = 0
e
s
2
+ (F
3
(x
3
) − 1)s + G
3
(x
3
) = 0.
Considerando
β
eβ
′
raízesda equação indi ialemtorno de
x
2
tem-seβ + β
′
= 1 − B ⇒ B = 1 − β − β
′
(2.15) eββ
′
= G
2
(x
2
) =
F
(x
2
− x
1
) (x
2
− x
3
)
⇒ F = (x
2
− x
1
) (x
2
− x
3
) ββ
′
.
(2.16)Finalmente, pro edendo de maneira análoga om
γ
eγ
′
, raízes da equação
indi ial para