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REGULAMENTO DA MADEIRA – REG. UE Nº 995/2010, de 20 de outubro (RUEM) em vigor desde março 2013
O regime sancionatório aplicável às infrações a este regulamento está estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 76/2013, de 5 de junho, o qual cria ainda o registo de operador e define as medidas de controlo e fiscalização da sua aplicação no território nacional.
Este regulamento da União Europeia tem por objetivo combater o comércio de madeira e produtos de madeira extraídos ilegalmente:
1) proíbe a colocação no mercado da União Europeia de madeira extraída ilegalmente e de produtos derivados da mesma;
2) exige a aplicação de «devidas diligências» por todos os operadores que colocam pela primeira vez madeira ou produtos de madeira no mercado interno da União Europeia
Que produtos são abrangidos: Os produtos em causa constam do anexo do regulamento. Entrados no mercado, a madeira e os produtos de madeira podem ser vendidos e/ou transformados antes de chegarem ao consumidor final.
Quem tem obrigações: o regulamento define 2 tipos de agentes, com obrigações distintas, os operadores e os comerciantes.
Relembramos:
Operador, qualquer pessoa singular ou coletiva que coloque no mercado madeira ou produtos da madeira.
Comerciante: qualquer pessoa singular ou coletiva que, no exercício de uma atividade comercial, venda ou compre no mercado interno madeira ou produtos da madeira já previamente aí colocados
SÃO OBRIGAÇÕES DOS OPERADORES
Não colocar no mercado da União Europeia madeira extraída ilegalmente e produtos derivados da mesma;
Aplicar as «devidas diligências» sempre que colocar madeira ou produtos de madeira no mercado interno da União Europeia pela primeira vez, seguindo os
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devida;
Registar-se junto do ICNF, conforme determina a legislação nacional (e manter registo atualizado).
SÂO OBRIGAÇÕES DOS COMERCIANTES
Manter registos dos seus fornecedores e clientes, pelo menos durante 5 anos, para permitir o rastreio da madeira e/ou dos produtos de madeira.
SÂO OBRIGAÇÕES DOS OPERADORES E COMERCIANTES
Prestar a informação às autoridades competentes sempre que lhes for solicitada.
QUE SE ENTENDE POR «DEVIDAS DILIGÊNCIAS»?
O conceito de «devidas diligências» assenta na obrigação, por parte dos operadores, de tomarem medidas adequadas para assegurar que a madeira ilegalmente extraída e/ou os produtos da madeira dela derivados não sejam colocados no mercado. Para este efeito, os operadores devem desenvolver e aplicar um sistema de procedimentos e medidas (designado por sistema de diligência devida) a fim de minimizar o referido risco de colocar madeira extraída ilegalmente, ou produtos dela derivados, no mercado da União Europeia.
Elementos do sistema de diligência devida (SDD)
De acordo com o regulamento UE Nº 995/2010, de 20 de outubro (RUEM), o SDD compreende três elementos inerentes à gestão do risco:
1) Informação: o sistema deve possibilitar o acesso à informação sobre a madeira e os produtos de madeira, o país de extração, a quantidade, os dados respeitantes ao fornecedor e a conformidade com a legislação nacional no país de extração e/ou região do mesmo. Nomeadamente:
Descrição (designação comercial, tipo produto, espécie) Origem (país /região/concessão de extração)
Quantidade (volume, peso ou número de unidades) Dados do fornecedor (nome e endereço)
Dados do comprador (nome e endereço)
Documento(s) ou outra informação que indique que cumpre a legislação aplicável
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2) Avaliação do risco: o sistema deve compreender os procedimentos que o operador utiliza para avaliar o risco (para cada origem) da entrada na sua cadeia de abastecimento de madeira extraída ilegalmente, com base nas informações atrás mencionadas, seguindo os critérios fixados no regulamento:
Descrição (designação comercial, tipo produto, espécie) Origem (país /região/concessão de extração)
Quantidade (volume, peso ou número de unidades) Dados do fornecedor (nome e endereço)
Dados do comprador (nome e endereço)
Documento(s) ou outra informação que indique que cumpre a legislação aplicável
3) Limitação dos riscos: quando a avaliação do risco revele que existe risco1 de introdução de madeira ilegal na cadeia de abastecimento, esse risco deve ser atenuado, através de medidas e procedimentos adicionais previstos no SDD nomeadamente, o que pode ser feito, por ex, por meio do pedido de outra informação e por verificações adicionais ao fornecedor.
Estes procedimentos poderão consistir em:
Exigência de informação ou documentos suplementares Verificação por terceiros
O operador deverá procurar evidências da credibilidade das empresas fornecedoras de matéria-prima para poderem fornecer as garantias suficientes sobre a legalidade da origem da matéria-prima.
A complexidade na cadeia de abastecimento deve ser considerada no âmbito da avaliação do risco, não só pelo facto de que, quanto mais longe da origem está o produto a colocar no mercado, maiores riscos existem na avaliação da legalidade da madeira, mas também pela verificação do número de intervenientes ao longo da cadeia de abastecimento da madeira.
LEMBRAMOS: nas ações de fiscalização os operadores serão chamados a mostrar às autoridades os 3 elementos do sistema de diligência, nomeadamente: a informação que recolhem, que procedimentos utilizam para a avaliação de risco e que medidas tomaram para atenuar o risco, quando este não é desprezível.
1
Se, após ter terminado o procedimento de avaliação do risco para a colocação no mercado da madeira ou do produto desta derivada, concluiu que o mesmo é não desprezível, o operador deve efetuar procedimentos de atenuação do risco.
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Informação
Sem prejuízo duma avaliação caso a caso que tem sempre de ser feita no âmbito do SDD, seguem alguns exemplos de documentos que podem ser utilizados para integrarem o SDD, como resposta à componente da informação:
Quadro 1 - Alguns exemplos de documentos que podem ser utilizados para integrarem o SDD.
Tipo de documentos que podem ser utilizados para integrar no SDD
Informação necessária Faturas Documentos de transporte Contratos de abastecimento Documento da autoridade alfandegária
Documento que ilustre a composição do produto
Documentos que ilustrem a política empresarial/ Procedimentos face à compra de etiquetas de cartão fora da EU Licença de corte de arvoredo, se
aplicável,2
Códigos de conduta
Certificado do Sistemas de certificação (p. ex. FSC/PEFC) Certificado da cadeia de
custódia/responsabilidade
Certificados de origem, ou uma descrição comercial de origem, nomeadamente a descrição das matérias-primas.
Certificado/Passaporte fitossanitário - coníferas
Manifesto de exploração das coníferas
Manifesto de corte e/ou arranque de árvores
Documento relativo à concessão florestal Descrição do produto Descrição da matéria-prima (identificação da espécie produtora da matéria-prima)Quantidade (expressa em volume, peso ou número de unidades)
Designação comercial e na NC3 País de extração (região do país) Nome e o endereço do fornecedor
do operador
Nome e o endereço do comerciante a que a madeira e os produtos derivados da madeira foram fornecidos
2
Para o caso particular da Região Autónoma dos Açores e da Região Autónoma da Madeira 3
Classificação na Nomenclatura Combinada, estabelecida no Regulamento (CEE) n.º 2658/87 do Conselho.
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Avaliação de risco
A. Garantia de cumprimento da legislação aplicável
Acresce ao acima referido, que o operador deve efetuar uma análise crítica à documentação recebida, nomeadamente para verificação da consistência da informação de suporte referida.
B. Prevalência de extração madeireira ilegal de espécies de árvores específicas
Para avaliação deste item podem ser colocadas junto do seu fornecedor, as seguintes questões:
a. Onde foi extraída a madeira?
b. No país, região ou concessão de que é oriunda a madeira que dá origem ao produto predomina a exploração madeireira ilegal? A(s) espécie(s) de árvore(s) em causa é particularmente afetada pela exploração ilegal? c. A importação e exportação de madeira é objeto de sanções impostas pelo
Conselho de Segurança da ONU ou pelo Conselho da União Europeia? Pode ainda ser aconselhável obter a seguinte informação, confrontando a informação do fornecedor com outras fontes:
i. Informações publicadas e/ou comunicadas pelas autoridades
ii. Denúncias na comunicação social sobre exploração madeireira na origem em causa
iii. Índice de perceção de corrupção (Corruption Perception Index (CPI)) do país de origem da matéria-prima (www.transparency.org)
iv. Indicadores de governança
(ex http://info.worldbank.org/governance/wgi/index.aspx#home )
C. Complexidade da cadeia de abastecimento
Neste item as questões relevantes a colocar ao fornecedor, podem ser:
i. Intervêm na cadeia de abastecimento várias empresas transformadoras e/ou várias etapas, previamente à colocação do produto no mercado da UE?
ii. A madeira e/ou os produtos da madeira foram transacionados em mais de um país previamente à sua colocação no mercado da UE?
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INFORME-SE
O ICNF é a autoridade competente para efeitos da aplicação do RUEM em Portugal. Leia atentamente a legislação sobre este regulamento e siga os desenvolvimentos no portal do ICNF em http://www.icnf.pt/portal/florestas/fileiras/reg-op
Poderá consultar igualmente uma organização de vigilância:
As organizações de vigilância consistem em entidades externas reconhecidas pela Comissão Europeia que lhe fornecem serviços no âmbito do desenvolvimento do sistema de diligência devida.
A lista de organizações de vigilância reconhecidas está disponível em:
http://www.icnf.pt/portal/florestas/fileiras/resource/docs/Organizacoes-vigilancia-reconhecidas.pdf .
Consulte as organizações de produtores florestais e a organizações representantes das empresas prestadoras de serviços florestais:
No caso dos operadores que colocam madeira de origem nacional pela primeira vez no mercado e que também estão obrigados a terem um sistema de diligência devida, estas organizações podem também apoiar e esclarecer sobre a aplicação do regulamento.