PLENÁRIA CURSO DE ATUALIZAÇÃO PARA MAGISTRADOS – DIREITO CIVIL E DIREITO DO CONSUMIDOR
A) RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROFISSIONAL LIBERAL
1) EMENTA:
Aplica-se o artigo 14, caput, do CDC ao hospital e às clínicas médicas quanto aos defeitos na prestação dos serviços típicos, tais como fornecimento de recursos materiais e humanos auxiliares. (Aprovado por unanimidade).
Caso de médico com vínculo de emprego ou de preposição com hospital: solidariedade entre hospital e médico. Comprovada a culpa do médico, surge o dever de indenizar do hospital, nos termos do artigo 932, inciso III, do Código Civil. A obrigação de meio do médico não muda com o reconhecimento da solidariedade do hospital. (Aprovada por unanimidade). Votação Plenária: Aprovada por unanimidade.
2) EMENTA:
Responsabilidade civil do hospital. Objetiva. A inversão do ônus da prova prevista no artigo 6º, inciso VIII, do CDC é regra de instrução e poderá incidir sobre a prova do nexo causal. (Aprovada por unanimidade).
Votação Plenária: Aprovada por unanimidade. 3) EMENTA:
O consentimento informado, cujo ônus da prova compete ao profissional liberal, não exige forma escrita, admitindo qualquer meio de prova. Deverá atender aos princípios da transparência, da boa-fé objetiva, da confiança e ao dever de informação clara e eficiente. (Aprovada por unanimidade). Votação Plenária: Aprovada por unanimidade.
B) AÇÕES DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE NAS
DEMANDAS DE INVASÃO COLETIVA
ENUNCIADO 1
É
POSSÍVEL
O
RECEBIMENTO
DA
INICIAL,
INDEPENDENTEMENTE
DA
IDENTIFICAÇÃO
DOS
INVASORES, RECOMENDANDO-SE A SINALIZAÇÃO NO
LOCAL COMO ÁREA LITIGIOSA.
Votação Plenária: Aprovada por unanimidade.
ENUNCIADO 2
A
CITAÇÃO
POR
EDITAL,
NAS
DEMANDAS
REINTEGRATÓRIAS, POR INVASÃO COLETIVA, SERÁ
REALIZADA NA IMPOSSIBILIDADE DE IDENTIFICAÇÃO
DOS OCUPANTES.
Votação Plenária: Aprovada por maioria.
ENUNCIADO 3
A LIMINAR DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE POR INVASÃO
COLETIVA SERÁ EXECUTADA, COM AS CAUTELAS QUE
O CASO EXIGIR, TAIS COMO, REQUISIÇÃO DE FORÇA
PÚBLICA, SOLICITAÇÃO DE ACOMPANHAMENTO DOS
ÓRGÃOS COMPETENTES DO PODER PÚBLICO, BEM
COMO DO CONSELHO TUTELAR, DA DEFENSORIA
PÚBLICA E DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
Votação Plenária: Aprovada por unanimidade.
ENUNCIADO 4
OS EFEITOS DA SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO
ESTENDEM-SE A TODOS OS OCUPANTES DA ÁREA
INVADIDA,
INDEPENDENTEMENTE
DA
DATA
DO
INGRESSO.
Votação Plenária: Aprovada por unanimidade.
ENUNCIADO 5
É RECOMENDÁVEL, A QUALQUER TEMPO, A BUSCA DE
SOLUÇÃO EXTERNA AO ÂMBITO DO PROCESSO
POSSESSÓRIO, COM A PARTICIPAÇÃO, EM EVENTUAL
NEGOCIAÇÃO, DE AGENTES PÚBLICOS.
C) BANCO DE DADOS
QUESTIONAMENTO PARA ESTUDO DO CASO SOBRE CADASTRO POSITIVO
1. O julgado do STJ, ao reconhecer, em caráter genérico, a licitude de manutenção dos bancos e de registro de informações pessoais, independentemente de intimação ou comunicação prévia acerca da inclusão, contrariou o disposto no art. 4 º da Lei nº 12.414/11 ao dispor que “a abertura de cadastro requer autorização prévia do potencial cadastrado mediante consentimento informado por meio de assinatura em instrumento específico ou cláusula apartada”?
Concordamos com o posicionamento do STJ (Resp. 1.457.199/RS), pois não constitui um cadastro ou Banco de Dados, mas um método de avaliação do risco de crédito. O consumidor tem o direito de saber quais os dados foram considerados para a elaboração desses dados, ou seja, os critérios utilizados, a fonte de informação.
2. Em quais hipóteses ou em que circunstâncias a ilicitude no cadastramento do consumidor passa a existir?
Várias são as circunstâncias que podem ocorrer a ilicitude no cadastramento do consumidor, por exemplo quando houver registro indevido, embasado em informação inverídica, falta de comunicação prévia nos casos de cadastro positivo ou negativo, quando não atentar a limitação temporal, quando não atender qualquer um dos pressupostos previstos no art. 43 do CDC.
Quando houver violação da privacidade do consumidor consultado. No caso do credit scoring só haverá ilicitude se a nota atribuída ao risco de crédito decorrer da consideração de informações excessivas ou sensíveis, violando a honra e privacidade do consumidor.
3. O desrespeito ao regime legal do sistema “credit scoring” pode revelar um abuso no exercício desse direito nos casos em que o crédito foi concedido?
Não sendo utilizado os pressupostos previstos no art. 43 do CDC e o que está previsto na Lei 12.414/2011 na concessão, poderá revelar um abuso no exercício desse direito.
4. A ilicitude do ato de cadastramento realizado fica demonstrada, unicamente, pelo fato de haver pedido na inicial de fornecimento de informações sobre a metodologia do cadastro (critérios, variáveis, quantidade e qualidade das informações colhidas).
Não, trata-se de um direito do cadastrado de saber sobre a metodologia, não implicando necessariamente em ilicitude, em sendo atendidos os ditames legais para o cadastro.
5. Havendo pedido expresso de exibição ou demonstração de critérios e variáveis utilizadas para o método de análise de risco, tratando-se de demanda de consumo, a não demonstração dos mesmos sem justificativa plausível, impõe o reconhecimento de uma ilicitude em relação ao procedimento, decorrendo como consequência a procedência do pedido exibitório?
Sim. Por isso procede o pedido de exibição, respeitado o sigilo empresarial.
6. É necessária a comprovação, pelo consumidor, de prévio pedido administrativo? Não havendo prova suficiente de que tenha o fornecedor/consulente colocado à disposição da parte consumidora, ferramenta suficiente de controle da informação existente quanto a sua pessoa, resta inviabilizada a possibilidade de reconhecer-se ausência de interesse de agir?
Sim. Sim. É necessário o prévio pedido administrativo e o fornecedor deve comprovar de que disponibilizou a ferramenta apta.
7. O simples armazenamento de informações, sem publicização ampla e sem demonstração de geração de um dano específico ou de recusa de crédito é capaz de gerar o reconhecimento de uma violação de direito de personalidade com reconhecimento de um dever de indenização por dano moral?
Não, nos termos da decisão STJ, com repercussão geral.
Conclusões: