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Contabilidade da gestão ambiental: uma investigação nos postos de combustíveis numa cidade do sertão paraibano

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Academic year: 2021

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Janaina Ferreira Marques de Melo (UFCG) - janainafmmelo@hotmail.com Josefa Ferreira de Lacerda (UFCG) - josy23_pb@yahoo.com.br

Resumo:

Ante os limites das informações ambientais da contabilidade tradicional para refletir os esforços das organizações em direção à sustentabilidade e a tomada de decisões empresariais sustentáveis, o estudo sobre a contabilidade da gestão ambiental associada ao conhecimento dessas práticas, podem ser capazes de fornecer variáveis econômicas e, sobretudo, informação sobre os custos ambientais. Um das atividades mais poluidoras são aquelas realizadas pelos postos de combustíveis, pois representa alto risco de contaminação e degradação ambiental. Dessa forma, surge o problema que foi centrado nesse estudo, que discorre sobre a verificação prática da gestão ambiental e como pode ser utilizada a contabilidade para esta finalidade nos postos de combustíveis situados numa cidade do sertão paraibano. O instrumento utilizado para coleta de dados foi um questionário semi-estruturado, sendo caracterizada por uma pesquisa qualitativa e descritiva. Com base nos resultados, os postos de combustíveis entrevistados têm cumprido o mínimo da normatização, sem a efetivação prática da legislação e da gestão ambiental, além disto, constatou-se a falta de controle financeiro das práticas da gestão ambiental, principalmente no gerenciamento de resíduos sólidos, necessitando assim uma maior e melhor fiscalização por parte dos órgãos competentes. Quanto à aplicação da contabilidade da gestão ambiental, sugeriu-se o levantamento dos custos ambientais, baseando-se na contabilidade de resíduos, constituídas de ações preventivas e corretivas, para também realizar as provisões e obrigações provenientes do passivo ambiental, no intuito de auxiliar no controle financeiro e no plano de gerenciamento de resíduos sólidos perigosos.

Palavras-chave: Meio Ambiente. Resíduos Sólidos. Controle Financeiro Ambiental. Área temática: Abordagens contemporâneas de custos

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Contabilidade da gestão ambiental: uma investigação nos postos de

combustíveis numa cidade do sertão paraibano

Resumo

Ante os limites das informações ambientais da contabilidade tradicional para refletir os esforços das organizações em direção à sustentabilidade e a tomada de decisões empresariais sustentáveis, o estudo sobre a contabilidade da gestão ambiental associada ao conhecimento dessas práticas, podem ser capazes de fornecer variáveis econômicas e, sobretudo, informação sobre os custos ambientais. Um das atividades mais poluidoras são aquelas realizadas pelos postos de combustíveis, pois representa alto risco de contaminação e degradação ambiental. Dessa forma, surge o problema que foi centrado nesse estudo, que discorre sobre a verificação prática da gestão ambiental e como pode ser utilizada a contabilidade para esta finalidade nos postos de combustíveis situados numa cidade do sertão paraibano. O instrumento utilizado para coleta de dados foi um questionário semi-estruturado, sendo caracterizada por uma pesquisa qualitativa e descritiva. Com base nos resultados, os postos de combustíveis entrevistados têm cumprido o mínimo da normatização, sem a efetivação prática da legislação e da gestão ambiental, além disto, constatou-se a falta de controle financeiro das práticas da gestão ambiental, principalmente no gerenciamento de resíduos sólidos, necessitando assim uma maior e melhor fiscalização por parte dos órgãos competentes. Quanto à aplicação da contabilidade da gestão ambiental, sugeriu-se o levantamento dos custos ambientais, baseando-se na contabilidade de resíduos, constituídas de ações preventivas e corretivas, para também realizar as provisões e obrigações provenientes do passivo ambiental, no intuito de auxiliar no controle financeiro e no plano de gerenciamento de resíduos sólidos perigosos. Palavras-chave: Meio Ambiente. Resíduos Sólidos. Controle Financeiro Ambiental. Área Temática: Abordagens contemporâneas de custos

1 Introdução

A gestão ambiental tem se tornado uma das mais importantes atividades relacionadas a qualquer empreendimento, visto que a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental estruturado e integrado à organização, possibilita que os procedimentos relacionados às questões ambientais ostentem a eficácia. Pois, como assevera Paiva (2009, p. 28): “Os gastos relativos ao meio ambiente podem ser efetuados de várias formas, dependendo da área de atuação da empresa, assim como sua natureza operacional.”

Ademais, dentre as atividades mais poluidoras tem-se a realizada pelos postos de combustíveis, com a revenda de combustíveis líquidos derivados de petróleo, álcool combustível e outros combustíveis automotivos. Conforme explana Paiva (2009, p.29): “As empresas dos setores petroquímicos possuem grande potencial gerador de resíduos poluentes, [...] dado o alto teor químico, são de difícil degradação e apresentam grandes possibilidades de causarem danos aos seres humanos e à natureza, se não tratados ou armazenados seguramente.”

Ademais, no que tange a atividade dos postos de combustíveis, noticia-se que os problemas no armazenamento de combustíveis derivados de petróleo conduzem a quatro impactos principais, segundo Oliveira (1999). Quais sejam:

O prejuízo à saúde humana por ingestão de líquidos e inalação dos compostos.

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O risco de incêndio e explosão causados pelo acúmulo de combustíveis e seus vapores em estruturas subterrâneas.

O risco de perfurações de tanques e tubulações durante obras e movimentações.

A contaminação do solo e da água subterrânea por compostos tóxicos.

Não se pode esquecer a imprescindibilidade de analisar tais impactos, de modo que se evidenciem as conseqüências naturais do empreendimento de revenda de combustíveis em face da degradação sofrida pelo meio ambiente. Este segmento é regulado por diversas normas, buscando-se sempre uma gestão estratégica e uma minoração dos impactos e gastos com recuperação do ambiente degradado. Não se pode olvidar que longos períodos de tempo e altos custos estão normalmente associados com a grande maioria dos processos utilizados na remediação de áreas contaminadas (OMENA, 2008).

Com base nessas afirmações, constata-se que o controle e a mensuração dos custos e das obrigações geradas por estes impactos podem ser feitas pela contabilidade. Segundo as Nações Unidas (2001) a relação entre a gestão ambiental e a contabilidade tem sido amplamente reconhecida, no que se refere aos limites dos métodos de contabilidade tradicional financeira e analítica, para refletir os esforços das organizações em direção à sustentabilidade e para fornecer aos gestores a informação necessária para a tomada de decisões empresariais sustentáveis. Neste sentido, a Contabilidade da Gestão ambiental objetiva apoiar os sistemas de gestão ambiental e as tomadas de decisões na procura de objetivos melhorados e de novas opções de investimento.

O objetivo geral desta pesquisa é verificar a aplicação prática da Gestão Ambiental, com as devidas normas e a utilização da contabilidade da gestão ambiental nos postos de combustíveis numa cidade do sertão paraibano. Tal estudo foi realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica e descritiva.

Segundo Beuren et al ( 2006):

A pesquisa descritiva tem como principal objetivo descrever características de determinada população ou fenômeno ou estabelecimento de relações entre as variáveis. Uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados.

O instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário semi-estruturado, no intuito de investigar as práticas da legislação e gestão ambiental e o uso da contabilidade para esta finalidade. Assim, quanto à abordagem do tema, a pesquisa é qualitativa. Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais (RICHARDSON, 1999, p.80).

Segundo a Coletoria da cidade em estudo, existem 17 postos de gasolina na cidade analisada, que correspondem ao universo desta pesquisa. Foi aplicado o questionário em 10 postos de combustíveis, ou seja, corresponde a 58,82% do total. É importante frisar que esta amostra foi realizada por conveniência e não probabilística. O levantamento dos dados utilizados se deu a partir da análise do questionário. A análise de resultados se deu por meio de gráficos feitos na Planilha Excel e investigação que trata da contabilidade da gestão ambiental, buscando também sugerir um modelo para mensuração dos custos e passivos ambientais.

2 Normas Ambientais nos postos de combustíveis

No que concernem as normais ambientais vinculadas a este estudo, é importante destacar o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, que é órgão deliberativo e tem por principal atribuição, estabelecer, mediante proposta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, normas e critérios para o

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licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA. O órgão regulador das atividades que integram a indústria do petróleo e gás natural e a dos bicombustíveis no Brasil é a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustível – ANP, instituída pela Lei nº. 9.478/97.

No Brasil, atualmente, existem mais de 35 mil postos de combustíveis. Devido à natureza do empreendimento, que embora seja de utilidade pública, representa alto risco de contaminação e degradação ambiental. A Agência Nacional e Petróleo, Gás Natural e Biocombustível – ANP tem investido na fiscalização das atividades. No ano de 2009, segundo relatório de Gestão da ANP, na região nordeste foi realizado 12.445 ações de fiscalização. No Estado da Paraíba, o número chegou a 595, num total de 35 municípios visitados.

As atividades em um posto de revenda de combustíveis são diversificadas e envolvem não só o abastecimento, mas também troca de óleo, lavagem de veículo, loja de conveniência, lanchonete e restaurante. O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, em sua resolução de n° 273/2000 denomina e classifica estes empreendimentos da seguinte forma:

Posto Revendedor – PR: Instalação onde se exerça a atividade de revenda varejista de combustíveis líquidos derivados de petróleo, álcool combustível e outros combustíveis automotivos, dispondo de equipamentos e sistemas para armazenamento de combustíveis automotivos e equipamentos medidores.

Posto de Abastecimento – PA: Instalação que possua equipamentos e sistemas para o armazenamento de combustível automotivo, com registrador de volume apropriado para o abastecimento de equipamentos móveis, veículos automotores terrestres, aeronaves, embarcações ou locomotivas; e cujos produtos sejam destinados exclusivamente ao uso do detentor das instalações ou de grupos fechados de pessoas físicas ou jurídicas, previamente identificadas e associadas em formas de empresas, cooperativas, condomínios, clubes ou assemelhados.

Instalação de Sistema Retalhista – ISR: Instalação com sistema de tanques para o armazenamento de óleo diesel, óleo combustível, querosene iluminante, destinada a exercício da atividade de Transportador Revendedor Retalhista.

Posto Flutuante – PF: Toda embarcação sem propulsão empregada para o armazenamento, distribuição e comércio de combustíveis que opera em local fixo e determinado.

Em síntese, seja considerado como posto revendedor de combustíveis ou posto de combustíveis, o empreendimento deve respeitar as normas da ABNT, do CONAMA, da ANP e das leis específicas. Os postos localizados em áreas mais urbanizadas ou com ecossistema mais sensível são tidas como de maior risco.

Em relação às normas referentes aos postos de combustíveis, faz-se necessário destacar que existem leis, decretos, resoluções e portarias que tratam especificadamente do tema. Ademais, não se pode olvidar das normas oriundas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, que regulam pontos que necessitam de amparo técnico e descrição específica.

Do texto da Constituição Federal, ressalta-se a importância da atividade dos postos de combustíveis, pois esta é vista como de utilidade pública, de modo que o Art. 177, §2, inciso I, normatiza que lei específica regulará sobre os derivados de petróleo, garantindo seu fornecimento em todo o território nacional. Dessarte, a lei nº 6.938/81, dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

A Avaliação de Impacto Ambiental - AIA é um instrumento de defesa do meio ambiente, constituído por um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos que visam

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à realização da análise sistemática dos impactos ambientais da instalação ou operação de uma atividade e suas diversas alternativas, com a finalidade de embasar as decisões quanto ao seu licenciamento.

Segundo Barbosa (2007) existe várias modalidades de AIA, dentre as quais, destacam-se: o Estudo de Impacto Ambiental - EIA; o Relatório de Controle Ambiental - RCA e o Estudo de Viabilidade Ambiental - EVA. Impende destacar ainda que a AIA mais importante é o Estudo de Impacto Ambiental.

A Lei nº. 12.305/2010 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, a qual se remete também aos chamados resíduos sólidos perigosos, dentre os quais se encontra os originários dos postos de combustíveis. Um dos instrumentos criados pela PNRS é o Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos, que de acordo com o prazo de implantação da própria lei, deve ser efetuado até 2014. De semelhante modo os geradores de resíduos perigosos estão obrigados por lei a elaborar um plano de gerenciamento de resíduos sólidos perigosos, de acordo com o artigo 20 da lei nº 12.305/2010.

Vê-se claramente no artigo 21, que o plano de gerenciamento exige uma mudança da postura inerte de algumas empresas, de modo que sendo obrigatória, forçará o empreendedor a admitir uma equipe técnica capacitada para especificar o que a norma requer inclusive, a presença de um profissional da contabilidade:

Art. 21. O plano de gerenciamento de resíduos sólidos tem o seguinte conteúdo mínimo:

I - descrição do empreendimento ou atividade;

II - diagnóstico dos resíduos sólidos gerados ou administrados, contendo a origem, o volume e a caracterização dos resíduos, incluindo os passivos

ambientais a eles relacionados;

III - observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa e, se houver o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos:

a) explicitação dos responsáveis por cada etapa do gerenciamento de resíduos sólidos;

b) definição dos procedimentos operacionais relativos às etapas do gerenciamento de resíduos sólidos sob responsabilidade do gerador;

IV - identificação das soluções consorciadas ou compartilhadas com outros geradores;

V - ações preventivas e corretivas a serem executadas em situações de gerenciamento incorreto ou acidentes;

VI - metas e procedimentos relacionados à minimização da geração de

resíduos sólidos e, observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do

Sisnama, do SNVS e do Suasa, à reutilização e reciclagem;

VII - Se couber ações relativas à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, na forma do art. 31;

VIII - medidas saneadoras dos passivos ambientais relacionados aos

resíduos sólidos;

IX - periodicidade de sua revisão, observado, se couber, o prazo de vigência da respectiva licença de operação a cargo dos órgãos do Sisnama. (LEI Nº. 12.305/2010, grifo nosso)

Percebe-se, assim, não apenas a necessidade da existência de uma gestão ambiental nos postos de combustíveis, mas uma verdadeira obrigação legal. O plano de gerenciamento de resíduos sólidos perigosos deve estar ainda de acordo com o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos. Essa lei trouxe ainda a questão da responsabilidade compartilhada e da logística reversa, que deve ser observada pelos postos de combustíveis, no que se referem às recipientes, embalagens e outros resíduos contaminados.

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Os principais resíduos sólidos gerados nas atividades dos postos de combustíveis são as flanelas e estopas contaminadas, os efluentes líquidos, como águas oleosas, os filtros usados, o óleo queimado, o lodo toxico das caixas separadoras de água e óleo e embalagens de lubrificantes. Salienta-se que mesmo encontrando-se em estado líquido ou pastoso tais resíduos são considerados resíduos sólidos, conforme a definição legal prescrita pela Lei nº 12.305 de agosto de 2010, em seu art. 3º, inciso XVI:

Art. 3º Para os efeitos desta Lei entende-se por: [...]

XVI – resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semisólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isto soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

Faz-se importante visualizar o impacto ambiental causado pela disposição final dos resíduos sólidos oriundos dos postos de combustíveis, pois embora tratar-se de uma atividade com alto risco de contaminação, devido aos incidentes de toda natureza, persiste ainda na contaminação comum da atividade, própria do empreendimento. Portanto, é necessário existir não apenas planos de contingência, no que se refere à gestão ambiental dos postos de combustíveis, mas, sobretudo métodos aplicáveis às atividades que geram resíduos.

A observância das Normas, Decretos e Leis relacionadas à proteção do Meio Ambiente relaciona também a identificação e mensuração principalmente dos passivos e custos ambientais. Nas Normas e Procedimentos de Auditoria - NPA 11 rege esta afirmação, portanto, assim seguem informações relacionadas à contabilidade da gestão ambiental. 3 Contabilidade da gestão ambiental

Segundo as Nações Unidas (2001) a contabilidade da gestão ambiental é aquela realizada em unidades monetárias e físicas.

A contabilidade monetária convencional é aquela que provém da contabilidade financeira (registros contabilísticos, elaboração de balanços, consolidação, auditoria do relato e da demonstração financeira), da contabilidade analítica (também denominada contabilidade de custos ou de gestão), das estatísticas da empresa e indicadores (orientadas pelo passado), da elaboração de orçamentos (orientada para o futuro); e, da avaliação de investimentos (orientada para o futuro).

Já a contabilidade física é aquela proveniente dos sistemas de informação ambiental, que residem nos balanços de massa, em unidades físicas, à matéria, água e energia dentro dos limites de um sistema definido. Isto pode ser considerado em nível da empresa, mas também aplicado aos centros de custos e processo de produção, ou mesmo aos equipamentos e produtos. Torna-se tarefa dos técnicos do processo, e não tanto dos contabilistas, tratar e identificar a informação necessária (NAÇÕES UNIDAS, 2001).

Na elaboração de um balanço de massa devem ser bem definidos: o volume de controle, que pode ser um processo completo, um equipamento ou um conjunto de equipamentos e as correntes envolvidas no balanço de massa que atravessam as fronteiras do volume de controle. Assim, o balanço de

massa é o inventário de um determinado material em relação a um sistema definido (AQUIM, 2004, grifo nosso).

Destarte, o balanço de massa é uma equação que se baseia no princípio de que “tudo o que entra terá de sair ou ficar armazenado”. Num balanço de massa está registrada toda a

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informação sobre materiais utilizados e a correspondente quantidade de produto, resíduos e emissões.

Por meio dessas afirmações, constata-se que a contabilidade da gestão ambiental é uma evolução da tão discutida pela literatura: a contabilidade ambiental. Esta última, por sua vez, segundo Lima (2001), seria o conjunto de procedimentos que visam evidenciar a situação e as modificações do patrimônio ambiental, cumprindo as funções de registro, orientação e controle dos atos e fatos relevantes, coletando, registrando, acumulando, resumindo e interpretando os fenômenos que afetam essas situações patrimoniais.

Tratando-se do patrimônio ambiental, é fundamental a descrição deste para relacionar com os postos de combustíveis, objeto de estudo de caso, assim como o ponto crucial de análise da contabilidade da gestão ambiental: os custos ambientais.

3.1 Ativo e Passivo Ambiental

Na seara contabilista, importa elucidar alguns termos imprescindíveis à gestão ambiental. Dentre estes se busca conceituar, primeiramente, os Ativos Ambientais que representam os estoques dos insumos, peças, acessórios, utilizados no processo de eliminação ou redução dos níveis de poluição (TINOCO E KRAEMER, 2008).

Os ativos ambientais são decorrentes também dos investimentos em máquinas, equipamentos, instalações adquiridos ou produzidos com intenção de amenizar os impactos causados ao meio ambiente; bem como os gastos com pesquisas, visando o desenvolvimento de tecnologias modernas, de médio e longo prazo, desde que constituam benefícios ou ações que irão refletir nos exercícios seguintes.

A ONU, através da ISAR define passivo ambiental como sendo uma possível obrigação derivada de acontecimentos anteriores existente na data de fechamento do balanço, sendo que o resultado só se confirmará no caso de ocorrência no futuro de tais eventos ou de outros que escapem do controle da empresa. É toda agressão que se pratica ou praticou contra o meio ambiente e consiste no valor dos investimentos necessários para reabilitá-lo, bem como multas e indenizações em potencial.

A NPA 11 evidencia que, para atender às exigências legais, as empresas potencialmente poluidoras devem elaborar projetos de proteção ambiental, além de obter licença prévia, de instalação e de operação junto aos órgãos fiscalizadores. A referida norma institui três passos para determinar a real interação da empresa com o meio ambiente, quais sejam:

1° passo: efetuar levantamento do Passivo Ambiental, trabalho feito por especialistas, que tem por objetivo detectar problemas ambientais que a empresa produz no ar, na terra e no solo.

2° passo: estabelecer um plano de ação que possa diminuir ou eliminar a poluição provocada, denominado Plano Diretor do Meio Ambiente, que deve demonstrar os impactos ambientais e o cronograma físico e financeiro do plano para controle. Este plano deve ser submetido aos órgãos fiscalizadores para aprovação, e, caso positivo, passa a ser instrumento de eliminação do Passivo Ambiental da empresa, desde que se execute também o Ativo Ambiental, ou seja, sua parte positiva. O plano deve ainda conciliar as soluções técnicas mais recomendadas ao menor custo e no menor prazo de execução.

3° passo: é a execução propriamente dita do controle ambiental, conforme prevista no Plano Diretor. O descumprimento dessa etapa torna a empresa inadimplente em relação ao Meio Ambiente, sujeitando-a, às sanções legais e às ações da comunidade. Assim, as empresa que não reconhecerem, atualmente e no futuro, os encargos potenciais do Passivo Ambiental, na realidade estarão apurando custos e lucros irreais.

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Ademais, percebe-se que os passivos ambientais devem ser constituídos pela expectativa de diminuição de benefícios futuros, seja pela imposição da legislação, seja por multas e penalidades por infrações legais. Ressalte-se que o ressarcimento a terceiros por danos provocados também é passivo ambiental.

3.2 Custos e despesas ambientais

De acordo com Santos (2007), os custos ambientais são os gastos ou consumo de ativos referentes à proteção do meio ambiente e que são classificados em função da sua vida útil, ou seja, baseados em características referentes à amortização, exaustão e depreciação, aquisição de insumos que auxiliam no controle da emissão de efluentes, resíduos de produtos, tratamento e recuperação de áreas contaminadas.

Para a ONU compreendem-se por custos ambientais os gastos realizados para gerenciar os impactos das atividades das empresas no setor ambiental, além de outros gastos oriundos de uma postura ambientalmente responsável.

Segundo as Nações unidas (2001), a avaliação convencional dos custos ambientais não considera os fluxos de materiais, mas principalmente os custos de tratamento e deposição de resíduos, assim como os investimentos em tecnologias de fim-de-linha. Por outro lado, a contabilidade dos resíduos produzidos avalia os custos dos resíduos segundo a sua taxa de deposição, mas adiciona também os valores de compra dos materiais e os custos de produção

pro-rata, fazendo uma avaliação compreensiva dos custos ambientais anuais.

As despesas ambientais são os recursos consumidos na forma de bens ou serviços resultando em receitas em um dado período, independente da forma ou do momento do desembolso. Na visão de Tinoco e Kramer (2008), as despesas ambientais dividem-se em operacionais e não-operacionais, sendo que as não operacionais decorrem de acontecimentos ocorridos fora da atividade principal da entidade.

Segundo as Nações Unidas (2001), o principal problema com a contabilidade da gestão ambiental é a falta de definição normalizada de custos ambientais. Dependendo das várias abordagens, incluem uma variedade de custos, por exemplo, custos de deposição ou custos de investimentos, e, por vezes, também, custos externos (custos incorridos fora da empresa pelo público em geral).

Este problema também é verdade para os lucros das atividades ambientais da empresa (poupança em custos ambientais). Além disso, a maior parte destes custos não é sistematicamente identificada nem atribuída aos respectivos processos e produtos, mas simplesmente somada ao overhead geral.

Para o cálculo dos custos ambientais internos, conforme as Nações Unidas (2001), as despesas para salvaguarda ambiental são apenas uma das faces da mesma moeda. O custo da produção de emissões e resíduos inclui muito mais do que a respectiva prevenção ou das estações de tratamento.

O conceito de “resíduo” tem um duplo significado. O resíduo é constituído por materiais que foram comprados e pagos, mas que não se transformaram num produto comercializável. Portanto, é um indicador da ineficiência da produção. Assim, os custos dos materiais desperdiçados, do capital e do trabalho têm de ser somados para se obter o custo ambiental total da empresa e uma base segura para cálculos posteriores e tomada de decisões.

Neste contexto, o resíduo é utilizado como designação geral para resíduos sólidos, águas residuais e emissões gasosas, compreendendo assim todas as saídas da empresa que não são produto (output não-produto). Os materiais incluem também água e energia.

A contabilidade da gestão ambiental pode auxiliar os gestores na tomada de decisão, baseadas nestas práticas. No Manual da Contabilidade da Gestão Ambiental – Princípios e Normas, elaborado pelas Nações Unidas (2001), sugerem um demonstrativo, que possibilita uma análise mais detalhada dos custos e despesas ambientais. Descreve também aonde devem ser buscadas estas informações, conforme figura 1.

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Fonte: Nações Unidas (2001)

Figura 1 – Origem da informação sobre custos/despesas ambientais

Analisando a descrição que trata das despesas e dos custos ambientais na figura 1, observa-se que praticamente todos os itens podem ser encontrados no Balanço Patrimonial e nas Demonstrações Contábeis. Destarte, a identificação e análise do overhead (identificação dos custos indiretos) são fundamentais para a detecção destes, e, consequentemente, a análise dos passivos ambientais. Segue-se o estudo realizado nos postos de combustíveis a esse respeito.

4 Estudo de caso

4.1 Características dos postos e suas respectivas licenças conforme as normas

Conforme o que estabelece o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, em sua resolução de n° 273/2000, no tocante as características dos postos de gasolina, 60% dos postos se denominam como Postos Revendedores – PR’s, ou seja, possuindo registradores de volumes e sistemas de armazenamento apropriados, bem como existindo estruturalmente como empresas. Já 40% se denominam como PA’s, ou seja, possuindo registradores de volumes e sistemas de armazenamento apropriados, bem como existindo estruturalmente como empresas.

No que regulamenta as etapas de licenciamento pelas quais o empresário deve passar, por exigência legal, para ter permissão de armazenar e revender combustíveis (Resolução CONAMA, 123), observa-se que 60% dos postos entrevistados possuem licença operacional, ou seja, estão na ultima etapa do complexo processo de licenciamento. Estes já apresentaram projeto com localização, atestado de viabilidade ambiental e requisitos básicos taxados em lei e receberam aprovação (licença prévia); posteriormente apresentaram planos com medidas de

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controle ambiental e demais condicionantes legais e receberam aprovação (licença de instalação); e por fim após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, in loco, receberam a licença operacional.

Deve-se ponderar que os 40% que não possuem licença operacional, independentemente da responsabilidade pela inexistência desta, configuram um risco maior ao meio ambiente, visto que não se comprovou ainda a eficácia dos meios de segurança. Vê-se ainda que 10% dos entrevistados sequer confeccionaram um plano ou programa com medidas de controle ambiental.

4.2 Práticas das Normas Ambientais e Gestão Ambiental

Tratando-se dos procedimentos operacionais para os resíduos sólidos, ar e água, a metade dos entrevistados respondeu que utilizam o mesmo, todavia, não informou que tipos de procedimentos utilizam, conforme gráfico 1.

Gráfico 1: Posicionamento das empresas quanto aos procedimentos operacionais para resíduos sólidos, ar e água

Fonte: Elaboração Própria (2011)

Destaca-se que, embora 50% dos entrevistados tenham afirmado possuir procedimentos operacionais para resíduos sólidos, ar e água, estes não sabiam informar como se desenvolvia o mesmo. Percebe-se que os postos cumprem o essencial da legislação, desconhecendo as medidas de proteção e a periculosidade do material manuseado para com o meio ambiente, e principalmente, para com a saúde humana.

No que concerne ao plano de gerenciamentos de resíduos sólidos perigosos, os entrevistados responderam conforme o gráfico 2.

Gráfico 2: Posicionamento das empresas sobre a existência de gerenciamento de resíduos sólidos perigosos

Fonte: Elaboração Própria (2011)

Relevante destacar que, em confronto com o questionamento anterior (gráfico 1), tem-se o resultado obtem-servado no gráfico 2. Os entrevistados não conhecem os procedimentos ou não os possuem, todavia 80% afirmaram que confeccionam planos de gerenciamento de resíduos sólidos. Não se pode presumir algo diverso do citado anteriormente, pois as empresas simplesmente têm cumprido o mínimo exigido da normatização, mas estão distante de uma boa gestão ambiental.

O mesmo posicionamento foi tratado no gráfico 3, com relação ao cronograma físico e financeiro (soluções técnicas) para planejar como combater o impacto sobre os resíduos sólidos.

50% 50%

Utilizam procedimentos operacionais para os resíduos sólidos, ar e água Não utilizam procedimentos operacionais para os resíduos sólidos, ar e água

80% 20%

Faz um plano de gerenciamentos de resíduos sólidos perigosos

Não Faz um plano de gerenciamentos de resíduos sólidos perigosos

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Gráfico 3: Posicionamento das empresas sobre a existência de cronograma físico e financeiro para controle dos resíduos sólidos perigosos.

Fonte: Elaboração Própria (2011)

Aplica-se ao gráfico 3, o mesmo mencionado no gráfico 2. Ademais, 80% dos postos afirmaram possuir cronograma físico e financeiro para a questão dos resíduos sólidos, mas repitam-se, estes desconhecem os procedimentos ou não os possuem, o que demonstra que os planos e cronogramas têm caráter estritamente teórico.

Os entrevistados que afirmaram existir soluções técnicas para planejar como combater o impacto oriundo dos resíduos, quando indagados acerca de um plano para eliminar as obrigações com o meio ambiente com menor custo e prazo de execução, responderam como segue no gráfico 4.

Gráfico 4: Detecção de existência nas empresas estudadas de um plano para eliminar as obrigações com o meio ambiente.

Fonte: Elaboração Própria (2011)

Verifica-se que mesmo os 80% dos entrevistados que afirmaram ter cronograma físico e financeiro para combate ao impacto dos resíduos sólidos, a maioria, precisamente 60%, não tem um plano para eliminar as obrigações com o meio ambiente. Já 10% dessa amostra, afirmaram ter um plano em parte, de acordo com as exigências dos órgãos fiscalizadores.

Observa-se a contradição dos itens expostos nos gráficos 2 e 3. Presume-se, que se existe um cronograma de combate aos impactos oriundos dos resíduos sólidos, que são altamente poluentes e configuram a principal obrigação, tanto de prevenção como de reparação em relação ao meio ambiente. Então, se pode afirmar que existe ao menos um plano de minimização, ou um plano de eliminação em execução. Ademais, os entrevistados que afirmaram ter um plano em parte, não souberam explicá-lo, de modo que o relacionam com a simples imposição da norma.

O gráfico 5 trata das ações preventivas e corretivas em situações de gerenciamento incorreto ou acidente, como rege a legislação.

Gráfico 5 – Identificação da existência de ações preventivas e corretivas em situação de gerenciamento incorreto ou acidente nos postos estudados.

Fonte: Elaboração Própria (2011)

80%

20% Possui cronograma físico e financeiro para combater os resíduos sólidos perigosos Não Possui cronograma físico e financeiro para combater os resíduos sólidos perigosos

30% 60%

10% Tem um plano para eliminar as obrigações com o meio ambiente Não tem um plano para eliminar as obrigações com o meio ambiente Existe em parte um plano

60%

40% Realizacorretivas açõesem preventivassituação dee gerenciamento incorreto ou acidente Não realizam essas ações.

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Percebe-se no gráfico 5, que 60% dos postos entrevistados possuem ações preventivas e corretivas (planos de contingência) para os casos de gerenciamento incorreto ou acidentes. Todavia, este percentual ampara-se na exigência legal, e os outros 40% sequer cumprem o que a norma determina.

Dentre estes 60%, que afirmam ter ações preventivas, foi perguntado sobre o controle financeiro de gastos, direitos e prevenções, conforme o gráfico 6.

Gráfico 6 – Verificação da existência de ações preventivas e controle financeiro nos gastos, direitos e prevenções dos postos estudados

Fonte: Elaboração Própria (2011)

As empresas que afirmaram ter ações preventivas e corretivas em situação de gerenciamento incorreto ou acidente, 60% destas não possuem controle financeiro. Assim, não existe mensuração dos gastos ambientais (custos e despesas), dos ativos e passivos ambientais (direitos e prevenções).

Ainda com relação à gestão ambiental, no que concerne a um plano de reutilização e reciclagem a recipientes, embalagens e outros resíduos contaminados, o gráfico 7 revela estes resultados.

Gráfico 7 – Empresas que realizam um plano de reutilização e reciclagem à recipientes, embalagens e outros resíduos contaminados

Fonte: Elaboração Própria (2011)

Em encontro aos valores ostentados no gráfico 3, onde 80% dos entrevistados afirmaram possuir cronograma físico e financeiro para a questão dos resíduos sólidos, vê-se no gráfico 7 que apenas 50% possuem um plano para reutilização e reciclagem de resíduos.

No gráfico 8, com relação ao reconhecimento do passivo ambiental, 70% afirmam que existe algum tipo de controle financeiro, todavia 30% reconhecem que as mesmas não têm esse controle.

Gráfico 8 – Empresas que possuem controle financeiro ou não com relação aos encargos provenientes das obrigações ambientais

Fonte: Elaboração Própria (2011)

Diante do que foi analisado no gráfico 8, acredita-se que este controle financeiro sobre os encargos provenientes das obrigações ambientais citados por 70% da amostra, representa

60%

40% Não possuem controle financeiro

Possui controle financeiro

50% 50%

Possuem um plano para reutilização e reciclagem Não Possuem um plano para reutilização e reciclagem

70% 30%

Possuem controle financeiro nos encargos provenientes das obrigações ambientais

Não Possuem controle financeiro nos encargos provenientes das obrigações ambientais

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os encargos enviados pelos contadores das referidas empresas, visto que, nos itens anteriores foi respondido que não há um controle financeiro. Após esta investigação, foi analisado sobre as questões relacionadas à contabilidade.

4.3 Investigação sobre a utilização da contabilidade para a gestão empresarial

Os entrevistados afirmaram não utilizar as informações da contabilidade para tomada de decisão e não expressa informações ambientais. Os mesmos utilizam exclusivamente o valor do faturamento como medida financeira para tomada de decisão. Pode-se observar que as empresas estão mais preocupadas com o lucro da empresa, deixando de lado medidas consideradas importantes.

Investigou-se também, que os relatórios e as demonstrações contábeis realizadas pelos seus contadores são utilizados somente para fins fiscais. Assim, constata-se que as informações contábeis existentes no momento não podem auxiliar na apuração de planos ambientais e controle financeiro. Destarte, segue sugestão para implantação da contabilidade da gestão ambiental.

4.4 Reflexões sobre a aplicação da Contabilidade da Gestão Ambiental nos postos de combustíveis estudados

Com base nos resultados encontrados, verifica-se a relevância de se controlar, mensurar e contabilizar principalmente os custos e os passivos ambientais. Em virtude da complexidade da Contabilidade da Gestão Ambiental, em face de associar-se a contabilidade financeira, a contabilidade física (por meio dos balanços de massa), a contabilidade analítica, estatísticas da empresa e indicadores, orçamentos; e, de investimentos, se faz necessário um norte de orientação para o mesmo.

O AIA considera como principal instrumento o Estudo de Impacto Ambiental – EIA. Por meio da contabilidade de resíduos produzidos pode auxiliar neste estudo, em virtude da mesma relacionar-se a avaliar os custos dos resíduos, adicionando também os valores de compra dos materiais e os custos ambientais, proporcionando assim uma avaliação compreensiva dos custos ambientais anuais.

Para elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Perigosos é fundamental a identificação dos passivos ambientais a ele relacionados, ações preventivas e corretivas a serem executadas em situações de gerenciamento incorreto ou acidentes e medidas saneadoras.

Deste modo, fazer o reconhecimento dos custos ambientais para posterior provisão destes indicadores ambientais pode ancorar um esquema de proteção de riscos da empresa no Balanço, que deve ser constituído para as responsabilidades de contingência e perdas potenciais de transações pendentes.

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1 CUSTOS AMBIENTAIS

1.1 Custos para Salvaguarda ambiental

1.1.1Tratamento de emissão de resíduos sólidos 1.1.2 Prevenção e gestão ambiental de resíduos sólidos 1.2 Valor de compra de materiais desperdiçados

1.2.1 Valor de compra dos materiais do output não-produtivo 1.2.2 Custos de processamento do out put não produtivo

Flanelas e estopas contaminadas Efluentes líquidos (como águas oleosas) Filtros usados

Óleo queimado

Lodo tóxico das caixas separadoras de água Óleo e embalagens de lubrificantes

1.3 Outros custos e despesas ambientais não especificados

2 RECEITAS AMBIENTAIS

2.1Subsídios e prêmios 2.2 Outros ganhos

Fonte: Elaboração Própria (2011)

Quadro 1 – Proposta de identificação dos custos e receitas ambientais dos postos de combustíveis

Conforme quadro 1, os custos ambientais sugeridos para salvaguarda ambiental são

subdivididos em: tratamento de emissão, prevenção e gestão ambiental de resíduos sólidos. Referindo-se aos de tratamento de emissão desses resíduos, estão associados aos materiais com o trabalho e manutenção, os seguros e as provisões para responsabilidade ambiental, custos de tratamento, deposição e remediação associados às emissões e resíduos.

No que trata da prevenção e gestão ambiental estão voltados aos custos de trabalho e serviços externos, investigação e desenvolvimento de projetos ambientais, custos anuais em prevenção de emissões e resíduos e o desenvolvimento de produtos ambientalmente adequados.

No que concernem os custos da compra de materiais desperdiçados, seguem-se a compra dos materiais do output não-produtivos (que incluem matérias-primas, embalagens, energia e água) e os custos de processamento do output não produtivo, que relacionam os resíduos sólidos dos produtos.

Após o Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos (que deve ser efetuado até 2014), os custos apresentados com suas respectivas provisões (obrigações – passivos ambientais) podem auxiliar na elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Perigosos.

A proposta da verificação das receitas ambientais provém de futuros ganhos com os materiais reciclados ou subsídios. Estes representam a isenção de impostos e vantagens não fiscais e, os prêmios, correspondem a dinheiro real e não apenas simbólicos pelas suas atividades. Os outros ganhos representam as receitas com a venda de resíduos recicláveis e receitas provenientes da partilha do sistema de tratamento das águas residuais.

5 Considerações finais

No que se refere à problemática relacionada à gestão ambiental nos postos de combustíveis, primeiro deve-se relembrar que estes realizam atividade de utilidade pública, com um alto risco para o meio ambiente. Os principais impactos oriundos desse setor são: o risco de incêndio e explosão causados pelo acúmulo de combustíveis e seus vapores em estruturas subterrâneas; o risco de perfurações de tanques e tubulações durante obras e movimentações; além da contaminação do solo e da água subterrânea por compostos tóxicos e os efeitos a curto e longo prazo sobre a saúde humana. Para regular esta atividade, verifica-se que existe uma gama de normas que devem ser observadas pelos empresários, com o intuito de proteger o meio ambiente.

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Não obstante, através da revisão bibliográfica, verificou-se que existem diversas normas que regulam a atividade, sejam estas leis, instruções normativas, portarias ou resoluções. De semelhante modo, pode-se inferir que a contabilidade ambiental caminha lado a lado, em grau de importância, com o direito ambiental, e que muitas das normas mais recentes vêm destacando a importância da gestão, da mensuração de valores e da existência de equipes multidisciplinares no desenvolvimento das entidades.

Com base na pesquisa realizada, impende destacar que 50% dos entrevistados possuem procedimentos operacionais para resíduos sólidos, ar e água, mas não sabem informar como estes se desenvolvem; em contrapartida 80% confeccionam planos de gerenciamento de resíduos sólidos e possuem um cronograma físico e financeiro para a questão dos resíduos sólidos; ademais, 10% afirmaram possuir um plano em parte, mas não souberam explicá-lo, de modo que não há como verificar a existência deste, como a do cronograma e dos procedimentos operacionais.

Verificou-se também que 60% dos postos entrevistados possuem ações preventivas e corretivas por exigência legal, e os outros 40% sequer cumprem o que a norma determina; ainda percebeu-se que apenas 50% possuem um plano para reutilização e reciclagem de resíduos, embora sem mensuração e controle financeiro.

Comprovou-se que os postos de combustíveis simplesmente têm cumprido o mínimo da normatização, devido às penalizações de sua não observância, além disto, constatou-se que as empresas entrevistadas desconhecem a importância de uma boa gestão ambiental, bem como estão muito aquém dos conceitos básicos sobre poluição, degradação, medidas de segurança e gerenciamento de resíduos sólidos.

Um meio para dirimir os problemas apresentados é relevante a implantação da contabilidade da gestão ambiental. Todavia, nesta pesquisa não se obteve informações da contabilidade, indicadores, orçamentos e avaliação de investimentos, custos ambientais, bem como o balanço de massa.

Para dirimir os problemas relacionados à falta de controle ambiental e o auxílio na elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Perigosos, sugere-se o levantamento dos custos ambientais, baseando-se na contabilidade de resíduos, constituídas de ações preventivas e corretivas, para também realizar as provisões e obrigações provenientes do passivo ambiental.

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(16)

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