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Situação do cooperativismo agropecuário no Chile

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Academic year: 2021

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ABSTRACT

Situação do cooperativismo agropecuário no Chile

No Chile existe uma única lei de cooperativas, chamada Lei Geral de Cooperativas, n° 20190, promulgada em 25 de setembro de 2003 e modificada pela última vez em 2007. Divide as cooperativas chilenas em: agrícolas, camponesas e pesqueiras; de trabalho; de serviços; de consumo; especiais agrícolas e especiais de abastecimento de energia elétrica.

Vale mencionar que os princípios do cooperativismo estiveram presentes em várias atividades ao longo da história do Chile. Isso principalmente porque, dadas as condições geográficas do país, em suas tradições e na vida de suas comunidades rurais, que se mantêm até hoje, se encontram termos como minga ou mingaco. A palavra minga vem do quéchua e se refere ao trabalho comunitário e coletivo com fins sociais.

A partir da Sociedade de Socorros Mútuos da União de Tipógrafos, com o objetivo de melhorar suas condições de vida, em 1887, em Valparaíso, nasce a cooperativa de consumo La Esmeralda, vinculada a um grupo de artesãos. Em 1904, surge a cooperativa de consumo dos trabalhadores de estradas de ferro, promovida pelo Estado e impulsionada por seus trabalhadores. Daí por diante, são registradas cooperativas em setores como serviços, seguros, agrícola, poupança, construção, setor elétrico, entre outros.

Entre 1904 e 1924, 40 sociedades cooperativas são registradas em diferentes setores. Como não existia um marco jurídico para regulá-las, eram sociedades anônimas com a denominação de cooperativas, baseadas nos princípios de ajuda mútua e livre adesão.

Com a Lei Geral de Cooperativas, o objetivo é alcançar a aspiração do setor corporativo de contar com uma regulamentação moderna e eficaz, e integrar o Chile na comunidade econômica internacional daqueles países onde o movimento cooperativo se desenvolveu em maior medida.

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Da mesma forma que na Europa, no Canadá, nos Estados Unidos e em outros países, no Chile também está sendo revalorizado o papel que o modelo cooperativo desempenha, como instrumento de articulação dos atores econômicos, como fator de desenvolvimento, como instrumento eficaz que permite gerar empregos e oferecer uma solução aos problemas sociais.

De acordo com o Departamento de Cooperativas do Ministério de Economia (Decoop), 2.404 delas estão vigentes e 667 se encontram na região metropolitana. Além do mais, e de acordo com esse cadastro, pode-se indicar que nacionalmente existem 58 cooperativas dedicadas à poupança. As mais numerosas são as camponesas (289), de habitação fechada (163) e de água potável (145).

Na última década, depois do reestabelecimento da institucionalidade democrática (1990) e com uma Lei Geral de Cooperativas (1978) muito rígida, em um contexto de economia de livre mercado, o cooperativismo no Chile teve um desenvolvimento desigual.

Por um lado, o número de cooperativas criadas superou o das desfeitas, o que indica que o cooperativismo continua a ser uma opção e um modelo válido para muitas pessoas. Mas, por outro lado, a taxa de atividade caiu, o que reflete que muitas dessas entidades tiveram problemas de funcionamento, organização e financiamento.

De 2010 até o fechamento deste texto, no último trimestre de 2012, surgiram 141 cooperativas, das quais 33 correspondem ao setor agrícola/camponês (26 agrícolas e 7 camponesas).

De acordo com os antecedentes com que trabalha o Decoop, hoje existem 70 cooperativas camponesas e 51 cooperativas agrícolas vigentes no Chile.

A participação associativa é consideravelmente baixa no Chile, onde 76% dos agricultores recenseados indicam não pertencer a nenhum tipo de organização e, no escopo de relevância deste estudo, apenas 3,27% mencionam estar associados a alguma cooperativa.

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Há regiões onde o registro de cooperativas mantido pelo Decoop é nulo, como a II Região de Antofagasta e a XI de Aysén. A maior quantidade de cooperativas agropecuárias se concentra na IX Região da Araucanía e em Los Lagos. Também na região metropolitana e em Bio Bio (ambas com 15 cooperativas).

Três setores se destacam: o de laticínios, o vitivinícola e o de pisco. Por um lado estão as cooperativas lácteas de importância econômica, que reúnem principalmente sócios camponeses, pequenos produtores e empresários. Entre elas, a Cooperativa Agrícola e Láctea de La Unión Limitada (Colun) representa mais de 80% da produção cooperativa de leite e seus derivados, nacionalmente, concentra 21% de participação no mercado nacional (segundo recepção de leite) e 15% de participação em valor de exportações.

Pisco. O pisco é uma bebida alcoólica feita com uvas oriundas de variedades regulamentadas por decreto. Entre as cooperativas de importância econômica se destacam a Cooperativa Agrícola Pisqueira de Elqui Ltda. (Capel) e a Cooperativa Agrícola Controle Pisqueiro de Elqui Ltda. (Control).

Apesar de haver produtores de uva pisqueira não cooperados (ou que deixam de sê-lo), hoje ambas cooperativas reúnem (como fornecedores) praticamente a totalidade deles.

Vinhos. O principal poder para aquisição de uva para vinho é detido por quatro empresas. Não são cooperativas, e são produtoras e exportadoras de vinho: Concha y Toro, San Pedro, Santa Rita e Santa Carolina. Essas quatro compram aproximadamente 70% da uva cultivada com esse fim no Chile, concentrando o negócio.

Desde a década de 1920 foram formadas cooperativas vitivinícolas. Chegaram a ser 20. Hoje, por questões de mercado e falta de políticas públicas de apoio, perderam força. Em 2012, sobrevivem quatro (todas do tipo agrícola).

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Sobre as cooperativas agrícolas vitivinícolas relevantes, elas são a Cauquenes e a Loncomilla, localizadas na VII Região. Concentram um total de 461 sócios. A Loncomilla realiza um engarrafamento mínimo (de não mais do que 20.000 garrafas por ano), destinado aos sócios e para presentear.

Durante estes últimos dez anos apenas 13 cooperativas camponesas puderam se integrar ao processo exportador e somente uma elas, a cooperativa camponesa apícola Valdivia Ltda., conseguiu manter sua continuidade nos mercados externos.

As cooperativas agrícolas apresentam maiores volumes de exportação, mas também possuem presença marginal na atividade exportadora. Entre 2002 e 2012, apenas participaram dez cooperativas agrícolas, e no ano de 2012 somente cinco, concentradas principalmente em laticínios, vinho e pisco. Nas últimas décadas não surgiram políticas públicas diferenciadas que apoiem e fortaleçam a agricultura familiar, para que possa se integrar de melhor forma aos mercados através das cooperativas (especialmente as existentes e que têm potencial de projeção favorável).

Essa situação de fragilidade apresentada pelo setor agropecuário cooperativo deve ser analisada a partir de diferentes pontos de vista. Em primeiro lugar, falta construir um consenso sobre o caminho a seguir quanto ao cooperativismo. Muito se fala sobre a sua importância, mas os fatos atestam que o Estado chileno carece de uma estratégia que integre o cooperativismo como uma ferramenta de apoio ao crescimento e ao desenvolvimento do país.

Um primeiro grande esforço é instalar no país um diálogo social que sensibilize e difunda a importância que possui o cooperativismo, a partir de um ponto de vista estratégico, para o desenvolvimento do setor rural. Desse diálogo social devem surgir políticas públicas diferenciadas. Devem ser criadas, além do mais, as condições para isso e deve ser aproveitada a oportunidade de construir políticas de modo participativo.

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Outro passo a ser seguido será gerar coordenação entre as instituições públicas (Indap, Decoop, Sercotec, entre outras) que intervêm com ações de fomento no setor agrícola e onde estão presentes os integrantes da agricultura familiar e suas cooperativas camponesas. Dessa forma, se visa à definição de um plano de ação que permita a difusão, a criação e o desenvolvimento de capacidades para os integrantes das cooperativas.

Um assunto relevante a ser tratado são os aspectos legais e a própria Lei Geral de Cooperativas. Isso requer a instalação de um grupo de especialistas (profissionais e produtores) e a redação de um projeto de lei que seja funcional para a estratégia de desenvolvimento do país. E também que essa lei se converta em política de Estado, que promova igualdade, bem-estar e uma maior distribuição da riqueza através do cooperativismo.

Patricio Nayan Daniela Encalada Francisco Serón

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