• Nenhum resultado encontrado

IDENTIFICAÇÃO DAS UNIDADES DE PAISAGEM NO PARQUE ECOLÓGICO DA BARREIRA, ITARARÉ - SP

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "IDENTIFICAÇÃO DAS UNIDADES DE PAISAGEM NO PARQUE ECOLÓGICO DA BARREIRA, ITARARÉ - SP"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

IDENTIFICAÇÃO DAS UNIDADES DE PAISAGEM NO PARQUE ECOLÓGICO DA BARREIRA, ITARARÉ - SP

Adriana Persiani1 Eliza Sevghenian Fernanda Righi Patrícia Oliveira4 Thereza Christina Medeiros5 1 Depto. Geografia, FFLCH/USP, dri.persiani@usp.br; 2 Depto. Geografia, FFLCH/USP, Eliza.bio@gmail.com; 3 Depto. Geografia, FFLCH/USP, ri ghi.fernanda@vahoo. com ; 4 Depto. Geografia, FFLCH/USP, patvpradooli@vahoo.com.br; 5 Depto. Geografia, FFLCH/USP, thareja@terra.com.br

INTRODUÇÃO

Ao longo de todo o processo histórico vivenciado até hoje, qualquer atividade humana gera reações ao ambiente, reações que trazem grandes alterações às paisagens, muitas vezes irreversíveis. Na tentativa de reverter essa degradação das paisagens, o homem deve buscar alternativas para amenizar esse processo, conciliando desenvolvimento com sustentabilidade, no intuito de preservar as paisagens para as gerações futuras. No entanto, para que isso aconteça é necessário, primeiramente, um levantamento das reais condições em que as paisagens se encontram para, posteriormente, propor medidas de ação planejadas. Nesse sentido, temos o Parque Ecológico da Barreira, situado no município de Itararé/SP, com características peculiares e que abriga espécies típicas do cerrado, de mata e de ambiente úmido e que se encontra em uma situação de total abandono pela administração pública, sujeito a vários tipos de intervenções antrópicas.

OBJETIVOS

O objetivo desse trabalho foi identificar e analisar as unidades de paisagem do Parque Ecológico da Barreira no município de Itararé/SP, através de mapeamento do uso da terra e das unidades de paisagem, a fim de propor medidas de desenvolvimento sustentável para este parque de acordo com as características locais.

(2)

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos envolveram viagem de campo ao Parque Ecológico da Barreira, realizada nos dias 12 e 13 de setembro de 2009, com o objetivo de reconhecimento da área de estudo e de coleta de informações. As observações in loco permitiram verificar a diversidade paisagística do Parque (setor visitado), delimitar as unidades de paisagem para o mapeamento, bem como o registro fotográfico e coletar informações da vegetação.

Na etapa de laboratório, a dinâmica atual do uso da terra foi elaborada a partir de uma imagem Geoeye de 2009, disponível no Google Earth Pró, no software Spring 5.1.2, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Através da classificação supervisionada, com o algoritmo MaxVer, foi criado o mapa do uso da terra, que apresenta as classes temáticas: Vegetação Arbórea, que inclui toda a vegetação de médio e grande porte; a Vegetação Rasteira, que inclui a vegetação herbáceo-arbustiva; e o Solo Exposto. Com base na mesma técnica, foi elaborado o mapa das Unidades de Paisagem, definidas de acordo com as diferenças fisionômicas da vegetação. Para esse mapa, as classes temáticas trabalhadas foram: Vegetação do Canyon, Cerrado Sentido Restrito, Cerrado Rupestre, Campo Sujo, Vegetação Antropizada, Espaços Construídos e Espaços Edificados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No mapa de Uso da Terra do Parque Ecológico da Barreira para o ano de 2009 (Figura 1), é possível perceber que há uma predominância de vegetação rasteira, distribuídos de forma bastante homogênea na área. Dos 38 hectares do Parque, 19 são cobertos por vegetação herbáceo-arbustiva, o que representa 50% da área total da unidade de conservação, como pode ser observado na Tabela 1.

Observou-se, também, o elevado grau de solo exposto encontrado nessa área que atinge 16% da área total, isto é, 6 hectares. Essa classe de uso da terra encontra-se associada às principais vias de circulação, principalmente a rodovia SP-258 e estrada que lhe dá acesso. A vegetação arbórea ocorre nas proximidades do curso do rio Itararé, mostrando a alta dependência do fator hídrico para a manutenção desse tipo de uso. Essa vegetação tem uma área de 13 hectares, ou 34% da área do Parque.

(3)

Figura 1 - Mapa do Uso da Terra do Pq. Ecológico da Barreira, 2009, Itararé/SP. Tabela 1 - Quantificação das classes de uso da terra mapeadas no Pq. Ecológico da Barreira.

Classe Temática Área (ha) %

Vegetação Arbórea

13

34,22

Vegetação Rasteira 19 50

Solo Exposto 6 15,78

Total 38 100

No mapa das Unidades de Paisagem do Parque Ecológico da Barreira (Figura 2), as formações vegetais tratadas anteriormente como arbórea e rasteira, são analisadas mais especificamente, subdividindo-se em unidades fitofisionômicas.

Figura 2 - Mapa das Unidades de Paisagem do Pq. Ecológico da Barreira, 2009, Itararé/SP.

Dessas unidades, há o predomínio dos Campos Sujos (Figura 3), que ocupa 10 hectares, o que representa, aproximadamente, 27% da área, como mostra a Tabela 2.

(4)

Segundo Ribeiro e Walter (2008), o Campo Sujo é um tipo fisionômico arbustivo-herbáceo, com arbustos e subarbustos esparsos, cujas plantas são menos desenvolvidas, com altura média de 2 m. Ocorre em solos rasos, eventualmente com pequenos afloramentos rochosos de pouca extensão. As espécies vegetais dessa unidade de paisagem encontradas no Parque foram Miconia albicans (Sw.) Triana e M. ferruginata DC, da família Melastomataceae (quaresmeira), e Paepalanthus sp, Eriocaulaceae (sempre-viva) e espécies da família Gramineae.

Classe Temática Area (ha) %

Vegetação do Canyon 5 13,16

Campo Sujo 10 26,5

Vegetação Antropizada 8 20,05

Cerrado Rupestre 4 10,6

Cerrado Sentido Restrito 8 20.05

Espaços Construídos 2,5 6,6

Espaços Edificados 0,5 1,31

Total 38 100

Tabela 2 - Classes de Unidades de Paisagem do Pq. Ecológico da Barreira, 2009, Itararé/SP.

Figura 3 - Campo Sujo do Pq. Ecológico da Barreira, Itararé/SP, à esquerda (Foto: Thereza C. C. Medeiros,

set/2009). Desenho esquemático desta fitofisionomia com diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2), representando uma faixa de 40 m de comprimento por 10 m de largura, à direita (Fonte: RIBEIRO; WALTER, 2008).

(5)

Em seguida, as classes com maior predominância são o Cerrado Sentido Restrito e a Vegetação Antropizada, cada uma ocupando 8 hectares, aproximadamente 20% da área do Parque. Quanto à localização dessas classes, pode-se afirmar que o Cerrado Sentido Restrito ocorre na área "core" do Parque, bastante associado à Vegetação do Canyon e ao Cerrado Rupestre, unidades de paisagem que serão posteriormente mencionadas. Porém, a Vegetação Antropizada, assim como o Solo Exposto do mapa de Uso da Terra, encontram-se associados às vias de circulação, rodovia e a ferrovia.

O Cerrado Sentido Restrito (Figura 4) caracteriza-se pela presença de árvores baixas, inclinadas, tortuosas e geralmente com evidências de queimadas. Na época das chuvas os estratos subarbustivo e herbáceo tornam-se exuberantes. O tronco das plantas lenhosas em geral possui casca com cortiça espessa, fendida ou sulcada; as folhas geralmente são rígidas e coriáceas. O tipo que mais se enquadra ao Cerrado do Parque da Barreira é o Cerrado Típico que é um subtipo de vegetação predominantemente arbóreo-arbustivo, com cobertura arbórea de 20 a 50% e altura média de 3 a 6 m (RIBEIRO; WALTER, 2008).

Figura 4 - Cerrado Sentido Restrito do Pq. Ecológico da Barreira, Itararé/SP à esquerda (Foto: Thereza C. C.

Medeiros, set/2009). Desenho esquemático desta fitofisionomia com diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2), representando uma faixa de 40 m de comprimento por 10 m de largura, à direita (Fonte: RIBEIRO; WALTER, 2008).

(6)

Vochysiaceae (pau-tucano), bem como espécies da família Gramineae.

A unidade de paisagem da Vegetação Antropizada é a que compreende as formas vegetais introduzidas pelo homem. No Parque Ecológico da Barreira foram encontradas espécies vegetais de Pinus sp (exótica), e as famílias Palmae e Agavaceae.

Em se tratando da Vegetação do Canyon (Figura 5), esta ocupa 13% da área, 5 hectares do Parque, e compreende a vegetação que ocorre associada ao vale profundo do rio Itararé, entre penhascos de arenito escavados pelo rio. A erosão vertical no arenito Furnas possibilita o acúmulo de poucos sedimentos aluviais e solos incipientes. O canyon estabelece um ambiente com condições variadas de umidade e sombreamento, possibilitando uma diversidade biológica, representada por musgos, pteridófitas e ervas, além das espécies Sticherus bifidus (Wild.) Ching. - Gleicheniaceae (gleichenia), Cecropia sp - Ceropiaceae (embaúba), Jacarandá

mimosifolia D. Don – Bignoniaceae (jacarandá mimoso), Solanum grandiflorum Ruiz & Pav.

-Solanaceae (lobeira), Cuphea racemosa (L. F.) Spreng - Lythraceae (sete-sangrias), Impatiens

balsamina L. - Balsaminaceae (maria-sem-vergonha), Trifolium pratense L. - Fabaceae (trevo).

Essas condições ambientais favorecem a ocorrência de outras formas de vida associadas como fungos, insetos, aracnídeos e da avifauna com a presença chamativa das andorinhas.

O Cerrado Rupestre (Figura 6) ocupa 4 hectares, cerca de 11% da área total, e ocorre na área central do Parque, sobre um afloramento arenítico. Segundo Ribeiro e Walter (2008),

(7)

Cerrado Rupestre é um subtipo de vegetação arbustivo-arbórea que ocorre em ambientes rupestres. A cobertura arbórea é variável de 5 a 20%, altura média entre 2 e 4 m e estrato herbáceo-arbustivo destacado.

Figura 6 - Cerrado Rupestre no Pq. Ecológico da Barreira, Itararé/SP à direita (Foto: Thereza C. C. Medeiros,

set/2009). Desenho esquemático desta fitofisionomia com diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2), representando uma faixa de 40 m de comprimento por 10 m de largura,à esquerda (Fonte: RIBEIRO; WALTER, 2008).

Embora possua estrutura semelhante ao Cerrado Ralo e ao Cerrado Típico, o substrato é um critério de fácil diferenciação por comportar uma vegetação sobre pouco solo entre afloramentos de rocha. A flora encontrada nessa unidade de paisagem é composta por: Miconia

albicans (Sw.) Triana e M. ferruginata DC - Melastomataceae (quaresmeira), Anadenanthera sp

- Fabaceae (angico), Copaifera langsdorfii L. -Fabaceae - Caesalpinoideae (copaíba),

Piptocarpa runtondifolia (Less.) Baker -Compositeae (candeia) e espécies das famílias

Gramineae e Cactaceae.

As classes de Unidades de Paisagem Espaços Construídos e Espaços Edificados (Figura 7) englobam parte dos equipamentos urbanos existentes na área, desde as vias de acesso (estradas, caminhos, escadarias) até as infraestruturas do parque (banheiros, restaurante, churrasqueiras, piscina). Juntas elas somam 3 hectares, ou 8% da área, e representam a "materialização" da ação antrópica sobre o Parque.

(8)

Figura 7 - Espaços Construídos e Edificados no Pq. Ecológico da Barreira, Itararé/SP. Foto de Thereza

C. C. Medeiros, set/2009.

O Parque Ecológico da Barreira apresenta como características, um uso da terra formado, basicamente, por vegetação rasteira (herbáceo-arbustiva). Uma grande variedade de "paisagens", que variam desde unidades bem conservadas, como a Vegetação do Canyon, até unidades bem antrópicas como as áreas construídas e edificadas. Dentre as unidades de paisgem ocorrentes, há um destaque da vegetação de cerrado que caracteriza algumas destas unidades como o Cerrado Rupestre, Campo Sujo e Cerrado Sentido Restrito, evidenciando sua dominância no Parque. O município de Itararé possui parte de seu território incluso no Domínio do Cerrado, entretanto, o cerrado no Parque Ecológico da Barreira, limite com o Estado do Paraná, tem aspectos bem diferenciados do cerrado da área core do Domínio do Cerrado, por se encontrar em uma área limítrofe, transicional com outros Domínios Morfoclimáticos (Mares de Morros e Araucárias) e em médias latitudes. Percebe-se também, que a Unidade de Paisagem mais representativa é o Campo Sujo.

Uma análise sintética da paisagem do Parque Ecológico da Barreira, com base com base em Bertrand (2004), pode ser observada no Quadro 1.

Unidades de Paisagem Exemplo na Paisagem do Parque Ecológico da Barreira

Zona Interpropical

Domínio Região de transição sob influência dos Domínios Mares de

Morros, Cerrado e Araucárias.

Região Natural Bacia do Paraná com estruturas geomorfológicas das Formações Furnas (Devoniano) e do Grupo Itararé (Permo-Carbonífero).

(9)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração dos mapas do Uso da Terra e das Unidades de Paisagem do Parque Ecológico da Barreira permitiu identificar e analisar o grau da influência antropogênica na região, que produziu modificações resultantes da exploração e das atividades humanas na região. A identificação das Unidades de Paisagem mostrou que o local guarda fragmentos do Cerrado Paulista e sua conservação demanda estudos mais aprofundados para que sejam estabelecidas estratégias adequadas para o manejo ecológico da área. Detectaram-se alguns fatores considerados como ameaças à integridade e conservação da paisagem natural, tais como: queimadas (marcas nos troncos das árvores); fogo praticado pelos visitantes (foi encontrado carvão no Parque); plantação de Pinus sp (planta exótica) no entorno do Parque, levando a ocorrência de Pinus invasor dentro da área do Parque; Plantas não nativas introduzidas pelo homem.

Algumas considerações são sugeridas, como a revisão do Plano de Manejo do Parque e sua implementação, tendo em vista a necessidade de seu ordenamento e de seu uso sustentável; o estabelecimento de uma zona de amortecimento para evitar a descaracterização da vegetação nativa ameaçada pela plantação de Pinus; assim como a exclusão das plantas exóticas e introduzidas pelo homem e recomposição do ambiente com plantas nativas.

A região na qual se encontra o município de Itararé guarda atributos estéticos e paisagísticos que necessitam ser conservados. A paisagem do Parque Ecológico da Barreira

Geossistema Depressão do Alto Paranapanema

Geofácies Parque Ecológico da Barreira

Geótopos Vegetação do Canyon

Campo Sujo

Vegetação Antropizada Cerrado Rupestre Cerrado Sentido Restrito Espaços Construídos Espaços Edificados

(10)

BIBLIOGRAFIA

BERNALDEZ, F. G. Ecologia y paisaje. Madrid: H. Blume, 1981.

BERTALANFFY, L. VON. Teoria general de los sistemas: Fundamentos, Desarrollo, aplicaciones. Mexico: Fondo de Cultura Econômica, 2003.

BERTRAND, G. Paisagem e Geografia Física Global. Esboço Metodológico. R. RA' E GA, Curitiba, n. 8, p. 141-152, 2004. Editora UFPR.

RIBEIRO, J. F.; WALTER, B. M. T. Fitofisionomias do bioma Cerrado. In: SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P.; RIBEIRO, J. F. (Eds.). Cerrado: Ecologia e Flora. Embrapa Cerrados. Brasília: DF: Embrapa Informações Tecnológicas, 2008.

SCARAMUZZA, Carlos Alberto de Mattos. Flora e ecologia dos campos de Itararé, São Paulo, Brasil. Tese (doutorado). Instituto de Biociências/USP, 2006.

Referências

Documentos relacionados

Como as organizações de todos os tipos utilizam novas tecnologias e processos de negócios para entregar serviços e produtos aos mercados globais, os gestores de segurança e

Neste trabalho, foi desenvolvido o ensaio microbiológico de difusão em ágar e aplicado em estudos de estabilidade, além de ser estudado o método turbidimétrico para

Nossa poesia é resumo, essência, substrato” (ibidem, 250). Dessa forma, a arte e a literatura comungam do mesmo traço estilístico, simplificação e estilização, pro- duzindo

em Portugal. Também se ambicionaria um aumento mais considerável da biodegradabilidade do efluente, para assim tornar viável a opção de produção de biogás. Nesse

2 Ver meu texto A (DES)ORDEM EPISTEMOLÓGICA DO DISCURSO FRONTEIRIÇO, p. IN: CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS: Ocidente/Oriente: migrações.. narrado em terceira pessoa assegura,

Capítulo 2 Contextualização: são abordados os temas referentes à revisão bibliográfica, sendo a Os impactos da energia no desenvolvimento sustentável produção de energia no

O objetivo deste artigo foi identificar se os processos de F&As de empresas brasileiras resultaram na valorização acionária (ganho anormal para os acionistas)

De acordo com os PCN’s de Educação Física (1998), o trabalho nas séries finais do ensino fundamental é de grande relevância na medida em que possibilita aos alunos