Feminismo
“Sejamos
todos
feministas”
Chimamanda
Ngozi Adichie
Escritora nigerianaNão é fácil conversar sobre as questões de gênero. As pessoas se sentem desconfortáveis, às vezes até irritadas. [...] Porque a ideia de mudar o status quo é sempre penosa. Algumas pessoas me perguntam: “Por que usar a palavra ‘feminista’? Por
que não dizer que você acredita em direitos humanos, ou algo parecido?” Porque seria desonesto. O feminismo faz, obviamente, parte dos direitos
humanos de uma forma geral – mas escolher uma expressão vaga como “direitos humanos” é negar a especificidade e particularidade do problema de gênero. Seria uma maneira de fingir que as mulheres não foram excluídas ao longo dos séculos. Seria negar que a questão de gênero tem como alvo as mulheres. Que o problema não é ser humano, mas especificamente um ser humano do sexo feminino. Tem gente que diz que a mulher é subordinada ao homem porque isso faz parte da nossa cultura. Mas a cultura está sempre em transformação. A cultura não faz as pessoas. As pessoas fazem cultura. Se uma humanidade inteira de mulheres não faz parte da nossa cultura, então temos que mudar nossa cultura
Na literatura brasileira...
No conto “Amor”, a escritora
Clarice Lispector
(1920-1977) apresenta como personagem uma mãe de família, de classe média, que vai às compras e volta perturbada com experiências aparentementeinsignificantes. A perturbação da personagem é indício de que seu “destino de mulher” (cuidar da casa e dos filhos em uma vida de subordinação ao marido) não é uma
condição natural, mas resultado de circunstâncias sociais. Esse conto não tem, ao menos superficialmente, uma
mensagem de militância feminina ou dENÚNCia explícita
de violência contra a mulher. Apesar disso, e talvez
justamente por isso, pode ser considerado expressão de uma crítica contundente ao modelo de família patriarcal, com o qual muitas mulheres no Brasil e no mundo
Muitas autoras se
opuseram à
mentalidade
patriarcal, misógina
e à legislação de seu
tempo
PATRIARCALISMO: sistema no qual os papéis de liderança política e econômica, assim como de autoridade moral, são reservados às pessoas do gênero masculino. No âmbito familiar, o
patriarcado implica o domínio do homem sobre a mulher e os filhos.
MISOGINIA: Nos dicionários, ela está relacionada ao ódio ou aversão às mulheres. Hoje, entende-se que a misoginia pode entende-se manifestar de
diversas formas, como através da objetificação, da depreciação, do descrédito e dos vários tipos de violência contra a mulher,
seja física, moral, sexual, patrimonial ou psicologicamente.
A mulher casada deve pedir autorização ao marido para
trabalhar, realizar transações financeiras ou fixar residência.
Código Civil Brasileiro
1916
O marido pode pedir a anulação do casamento alegando que a mulher
não era virgem ao se casar.
O pai pode deserdar a filha que tiver comportamento
considerado “desonesto”, ou seja, que tiver relações sexuais
fora do casamento.
A discriminação contra as mulheres tinha base legal.
O código de 1916 só foi plenamente revogado com a
Discriminação ainda existe (e muito), mas
sob formas diferentes
Ambiente profissional
Em uma entrevista de emprego, pode parecer natural que o entrevistador pergunte a uma candidata se ela abriria
mão da carreira no futuro para constituir uma família, mas dificilmente
essa pergunta é feita a um homem. E, quando uma mulher conquista mais espaço no mercado de trabalho, nem sempre seu parceiro se mostra disposto
a dividir os trabalhos domésticos
Ambiente acadêmico
O patriarcalismo tem sido a norma no Ocidente desde a Antiguidade. Basta constatarmos, por exemplo, a escassez
de mulheres na história da Filosofia. Por mais que as mulheres do passado
tivessem contribuições importantes para a história do pensamento, variados mecanismos de exclusão
contribuíram para silenciar suas vozes, com algumas poucas e
notáveis exceções
Ambiente familiar
Estão previstos cinco tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher
na Lei Maria da Penha: física, psicológica, moral, sexual e
patrimonial
Essas formas de agressão são complexas, perversas, não ocorrem isoladas umas das
outras e têm graves consequências para a mulher. Qualquer uma delas constitui ato de violação dos direitos humanos e deve
ser denunciada.
Lei 11340/2006 Capítulo II, art. 7º, incisos I, II, III, IV e V
O segundo sexo: experiência vivida
Simone de Beauvoir enfatizava os mecanismos culturais da opressão masculina, desenvolvendo uma análise profunda e abrangente das ideias e práticas que contribuem para a subordinação da mulher ao homem. Nesse sentido, a autora era enfática ao ressaltar que as diferenças no
modo como eram educados rapazes e moças resultavam em modos também diferentes que estes desenvolviam de se relacionar com o mundo e consigo mesmo