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O NORDESTE NA ROTA DAS MIGRAÇÕES TRANSNACIONAIS: PRIMEIRAS IMPRESSÕES

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O NORDESTE NA ROTA DAS MIGRAÇÕES TRANSNACIONAIS: PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Silvana Nunes de QueirozCarla Craice da SilvaRosana BaeningerNatália Belmonte Demétrio

Jóice Domeniconi RESUMO

Este trabalho analisa aspectos das migrações internacionais do Nordeste brasileiro com o objetivo de compreender a distribuição espacial dos imigrantes. A região Nordeste, que no século XX apresentou reduzido volume de imigrantes internacionais, em anos recentes teve uma crescente presença de imigrantes, mudança essa compreendida a partir do aporte teórico das migrações transnacionais, recurso analítico que articula as transformações advindas da divisão internacional do trabalho aos processos que ocorrem dentro das fronteiras nacionais. Em termos metodológicos, são utilizados registros administrativos do Sistema Nacional de Cadastros e Registros de Estrangeiro (SINCRE) para tal análise. No conjunto, estas fontes de informação revelam a diversidade dos fluxos migratórios em curso nas últimas décadas, bem como a importância do Nordeste como espaço da migração internacional brasileira, que se distribuiu não apenas nos grandes centros urbanos e capitais, mas também em vários municípios de pequeno e médio porte do interior nordestino.

Palavras-chave: Migrações internacionais; Nordeste; Interiorização. INTRODUÇÃO

As desigualdades estruturadas no âmbito da divisão internacional do trabalho ganham novos contornos a partir dos anos de 1980 (HARVEY, 1992; SASSEN, 1998). Por um lado, a organização de uma cadeia transnacional de valorização financeira reitera antigas centralidades, alçando os principais centros de acumulação do mundo à condição de cidades globais, especializadas na gestão e coordenação dos investimentos (SASSEN, 1998). Por outro, a constituição de um mercado global encurtou distâncias, adensou as

Professora do Departamento de Economia da Universidade Regional do Cariri (URCA) e do Programa de Pós-graduação em Demografia da UFRN. Coordenadora do Observatório das Migrações no Estado do Ceará (OMEC). E-mail: silvanaqueirozce@yahoo.com.br

Professora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Integrante do Grupo de NYEMBA e do Observatório das Migrações no Estado do Ceará. E-mail: carlacs@unilab.edu.br

Professora Colaboradora no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e no Núcleo de Estudos de População Elza Berquó da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/NEPO/UNICAMP). Coordenadora do Observatório das Migrações em São Paulo (NEPO/UNICAMP). E-mail: baeninger@nepo.unicamp.br  Pós-Doutoranda no Núcleo de Estudos de População ―Elza Berquó‖ (NEPO/UNICAMP) e

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redes de conexão entre lugares e países e fortaleceu novas frentes de crescimento econômico (HARVEY, 1992; SASSEN, 1998) que redesenharam o equilíbrio internacional de poder (MANRIQUE, 2012), de circulação de mercadorias e de pessoas.

O fechamento das fronteiras do Norte Global reforçou a constituição de novas rotas migratórias no mundo, intensificando os fluxos de circulação entre países periféricos. Baeninger (2016) analisa a consolidação do Brasil na rota das migrações transnacionais como país de trânsito, desde a vertente dos periféricos na periferia. Nessa nova fase da imigração internacional para o Brasil, quando os fluxos históricos são reconfigurados e há o protagonismo das relações Sul-Sul (MANRIQUE, 2012; VISENTINI, 2010), os processos migratórios se mostram completamente novos (BAENINGER, 2017a). De acordo com Baeninger (2014, p. 1), na relação entre migração e reestruturação da produção, o imprescindível é sublinhar a ―diversidade de situações migratórias locais, regionais e internacionais‖, o que implica na incorporação do espaço como dimensão que ajuda na identificação das múltiplas faces das migrações internas e internacionais contemporâneas.

Em escala nacional, com a retomada do crescimento econômico pelo Brasil entre os anos de 2003 a 2014, assistiu-se a inserção de novos espaços produtivos e novas hierarquias de poder, como é o caso da região Nordeste que desponta, em anos recentes, no cenário de dispersão da atividade industrial, comercial e serviços (BACELAR, 2014; PAIXÃO, 2014). No bojo dessa transformação destaca-se a consolidação da produção de

commodities exportáveis, em especial na área denominada Matopiba que abrange os estados

do Maranhão e Bahia, e a expansão do setor energético, com álcool e petróleo (CANO, 2011). A presença de investidores estrangeiros tornou-se relevante na região, como europeus na aquisição de terras no litoral aquecendo o turismo, bem como de chineses e coreanos tanto no comércio como na construção civil (BOMTEMPO, 2019).

Diante desse cenário, o presente artigo analisa aspectos das migrações internacionais da região Nordeste com foco no porte dos municípios de destino, com o objetivo de compreender a distribuição espacial dos migrantes. Tem como hipótese que a configuração da rede de municípios é um elemento fundamental na compreensão das particularidades das migrações internacionais na região, em especial no processo de interiorização das migrações. Para tal análise, será utilizado o Sistema Nacional de Cadastros e Registros de Estrangeiro (SINCRE).

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METODOLOGIA

Na análise quantitativa da imigração internacional para o Brasil, o envelhecimento das informações do Censo Demográfico de 20101 exige a exploração de fontes de

informação alternativas, tais como os registros administrativos de diferentes órgãos públicos (COSTA; GURGEL, 2017). Embora esses cadastros tenham sido idealizados para o controle pelas instituições, sua apropriação pela academia e gestão pública tem avançado na produção de indicadores atualizados (mensais e anuais), fundamentais no período intercensitário (JANNUZZI, 2017).

Nesse artigo, optou-se pelo uso do Sistema Nacional de Cadastros e Registros de Estrangeiro (SINCRE), um registro administrativo de cadastro de imigrantes internacionais no Brasil realizado pela Polícia Federal/Ministério da Justiça. Como se trata de um banco de dados de registro oficial contínuo, guarda potencialidades e limitações quanto ao seu uso. A grande potencialidade refere-se ao fato de apresentar informações anuais sobre a imigração internacional. A principal lacuna, no entanto, refere-se aos imigrantes internacionais indocumentados. Contudo, seja em função das garantias previstas a todos os solicitantes de refúgio, seja através da promoção de acordos de residência no âmbito de planos de cooperação econômica (como o MERCOSUL), da concessão de anistias, ou mediante promulgação de resoluções normativas que disciplinam concessões especiais de vistos (como o visto humanitário) e outros casos previstos na lei, o número de indocumentados têm diminuído substancialmente no Brasil (FERNANDES et al., 2014).

A fim de analisar a migração internacional sob a perspectiva espacial, foi realizada uma classificação dos municípios considerando quatro categorias:

a) Metrópole Nacional: abrangem as três Regiões Metropolitanas (RM) no Nordeste consideradas pelo IBGE como nacionais, sendo elas as RM de Fortaleza, Recife e Salvador;

b) Metrópole Regional: consideradas as RM das outras capitais do Nordeste; c) Cidades Médias: municípios com mais de 100 mil até 500.000 mil habitantes que não estão nas regiões metropolitanas;

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IMIGRANTES INTERNACIONAIS NO NORDESTE E A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL

As mudanças na inserção da região Nordeste na divisão interna e internacional do trabalho desencadeia uma nova fase da migração internacional para os estados nordestinos (SILVA; OJIMA, 2018; BOMTEMPO, 2019; FUSCO; QUEIROZ; BAENINGER, 2018). De região historicamente retratada na literatura como ‗terra de arribação‘ (TARGINO, 1978) ou de grande perda populacional devido ao expressivo contingente humano que migrou para diversas partes do país, em especial o Sudeste (BRITO, 1999), a partir dos anos 2000 o Nordeste passa a receber não somente investimentos nacionais e internacionais, como também a acolher, receber e conviver com refugiados, migrantes e investidores de distintas partes do globo.

Segundo as informações do SINCRE, entre 2000 e 2019 foram registrados 134.261 imigrantes internacionais em municípios nordestinos. Ao longo do período, aconteceu um aumento gradual, sendo que em 2015 houve o maior número de registros, 13.099. Assim, na Figura 1, destaca-se o crescimento mais intenso de imigrantes nas metrópoles nacionais, que saltou de 1.218 registros em 2000 para 7.629 em 2015, mas com redução para o patamar de 3.940 em 2019. Destacam-se também os municípios com menos de 100 mil habitantes, onde foram registrados apenas 144 imigrantes em 2000, com um salto a 1.854 em 2019, superando o número de imigrantes residentes nas cidades médias. FIGURA 1 – Imigrantes internacionais registrados (RNE/RNM), segundo ano do registro e

classificação dos municípios - Nordeste - 2000 a 2019

Fonte: Sistema Nacional de Cadastros e Registros (SINCRE)/Sistema de Registro Nacional Migratório (SISMIGRA); Departamento da Polícia Federal – Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil/OBMigra.

Um dos aspectos que ajuda a compreender a presença dos imigrantes nas cidades menores consiste na migração induzida pelo Programa Mais Médicos (PMM). Criado em 2013, o PMM tem como objetivo a ampliação da atenção médica em áreas mais

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vulnerabilizadas (NOGUEIRA et al., 2016), o que incluía territórios com baixa proporção desses profissionais da saúde no interior dos estados. Analisando o perfil dos médicos que aderiram ao PMM no Nordeste, Nogueira et al. (2016) destacou aspectos que corroboram para esta hipótese. Até o ano de 2014, 4.716 médicos se instalaram em municípios no Nordeste pelo PMM, sendo que 88% estavam distribuídos em municípios com até 50 mil habitantes e quase 80% era cubanos (3.735), além de nacionalidades como Argentina (19), Espanha (18), Venezuela (9), Portugal (7), Bolívia (6), Uruguai (5) entre outros países (NOGUEIRA et al., 2016). Apesar das recentes dificuldades impostas aos médicos de outros países no PMM, municípios com menos de 100 mil habitantes permanecem na rota da migração internacional, com um número de registros similar às cidades médias. Ressalta-se, ainda, que os latino-americanos compõe a maioria dos imigrantes nos municípios com até 100 mil habitantes conforme observado através da Tabela 1.

TABELA 1 – Imigrantes internacionais registrados (RNE/RNM), segundo Regiões do mundo de

Nascimento e classificação dos municípios de residência – Nordeste - 2000 a 2019

Regiões do Mundo de Nascimento

Menos de

100 mil hab Cidade média Metrópole regional Metrópole nacional Total

n. % n. % n. % n. %

África 1.883 9,6 427 3,9 1.652 5,1 4.899 6,9 8.861

América do Norte 692 3,5 537 4,9 2.982 9,2 8.921 12,5 13.132

Am. Lat. e Caribe 8.359 42,8 4.738 43,1 7.905 24,5 14.825 20,7 35.827

Ásia 984 5,0 946 8,6 4.935 15,3 13.019 18,2 19.884

Europa 7.536 38,6 4.304 39,2 14.639 45,4 29.636 41,4 56.115

Oceania 70 0,4 31 0,3 126 0,4 207 0,3 434

Total 19.524 100,0 10.983 100,0 32.239 100,0 71.507 100,0 134.253

Fonte: Sistema Nacional de Cadastros e Registros (SINCRE)/Sistema de Registro Nacional Migratório (SISMIGRA); Departamento da Polícia Federal – Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil/OBMigra.

Em linhas gerais, os imigrantes europeus estão mais presentes nas metrópoles nacionais, nesse caso RMF, RMR e RMS. Por sua vez, em municípios com menos de 100 mil habitantes e cidades médias, a maioria dos registros foram de latino-americanos. Ademais, a forte presença de imigrantes vindos da Europa, entre 38% e 45%, em todas as faixas de municípios, guarda relação com o aumento nos investimentos externos/aplicações financeiras individuais no país. Entre 2005-2009, a região Nordeste recebeu os maiores volumes de aplicações realizadas no Brasil, concentrados nos estados de São Paulo, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte, oriundos majoritariamente da Itália, Espanha, Portugal, EUA e China. Os investidores estrangeiros (pessoa física) que aplicam recursos no Nordeste estão no setor de turismo residencial para veraneio (segunda

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apresentado na Tabela 2, compõe o quarto maior grupo quando se analisa a ocupação dos imigrantes.

TABELA 2 – Imigrantes internacionais registrados (RNE/RNM), segundo as 10 ocupações mais

expressivas e classificação de municípios de residência – Nordeste – 2000 a 2019

Ocupações

Menos de

100 mil hab Cidade média Metrópole regional Metrópole nacional Total

n. % n. % n. % n. %

Estudante 3.106 15,9 1.823 16,6 5.501 17,1 15.444 21,6 25.874

Oficial, piloto, maquinista, marinheiro ou outro trabalhador na

navegação marítima/fluvial 154 0,8 29 0,3 4.246 13,2 8.544 11,9 12.973

Diretor, gerente ou proprietário 1.962 10,0 1.181 10,8 3.006 9,3 5.515 7,7 11.664

Engenheiro 746 3,8 549 5,0 1.500 4,7 4.874 6,8 7.669

Aposentado, pensionista ou

assemelhado 1.026 5,3 586 5,3 1.772 5,5 2.835 4,0 6.219

Sacerdote ou membro assemelhado

de ordens/seitas religiosas 426 2,2 164 1,5 1.954 6,1 3.627 5,1 6.171

Vendedor, empregado de casa comercial, comerciário, vendedor ambulante, vendedor a domicílio, jornaleiro, ou assemelhado

518 2,7 865 7,9 1.336 4,1 1.108 1,5 3.827

Professor, ou assemelhado 472 2,4 415 3,8 868 2,7 2.018 2,8 3.773

Médico, cirurgião, dentista ou

assemelhado 1.682 8,6 309 2,8 314 1,0 692 1,0 2.997

Profissional liberal, técnico ou assemelhado não classificado sob

outra denominação 412 2,1 293 2,7 519 1,6 1.594 2,2 2.818

Outras ocupações 6.518 33,4 3.485 31,7 8.896 27,6 19.163 26,8 38.062

Sem informação 1.834 9,4 929 8,5 1.721 5,3 4.668 6,5 9.152

Sem ocupação 672 3,4 355 3,2 606 1,9 1.429 2,0 3.062

Total 19.528 100,0 10.983 100,0 32.239 100,0 71.511 100,0 134.261

Fonte: Sistema Nacional de Cadastros e Registros (SINCRE)/Sistema de Registro Nacional Migratório (SISMIGRA); Departamento da Polícia Federal – Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil/OBMigra.

Outro destaque é o intenso fluxo de europeus vindos para o Nordeste a passeio, nos anos 1990, o que chamou atenção de grandes empresas (empreiteiras e grupos hoteleiros) europeias e, desde o início dos anos 2000, realizam grandes investimentos no Ceará, no Rio Grande do Norte e na Bahia em hotéis, resorts e condomínios de luxo, procurando atender a demanda dos conterrâneos no Brasil (FERREIRA; SILVA, 2007). A circulação de imigrantes fomentada pelo turismo, principalmente para o litoral, tem conduzido a migração definitiva de europeus que almejam vivenciar um novo modo de vida (GONÇALVES, 2018). Esse tipo de migração, inclusive, tem forte relevância na dinâmica de municípios com menos de 100 mil habitantes, com destaque para Tibau do Sul (RN), onde se localiza a praia Pipa, Cairu (BA), Itacaré (BA) e Jijoca de Jericoacoara (CE), que tiveram mais de 500 imigrantes registrados em 2019.

O número de imigrantes asiáticos tornou-se mais intenso a partir de 2012, quando se soma ao fluxo mais antigo de japoneses e mais recentemente à vinda de chineses e

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sul-coreanos (FUSCO; QUEIROZ; BAENINGER, 2018). A maior concentração de asiáticos estava nas metrópoles regional (15,31%) e nacional (18,21%). Bomtempo (2019) identifica que a política de atração do investimento do governo do Ceará despertou a vinda de empresas coreanas, como a Dongkuk, Steel e Posco, acionistas da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), e tem conduzido uma importante migração para a região desde 2012.

Dentre as ocupações mais citadas nos registros, além do caso dos médicos e aposentados já discutidos, destacam-se os fluxos de estudantes e de trabalhadores qualificados. Os estudantes representam o grupo majoritário de imigrantes em todas as faixas de município. Ojima e Fusco (2017) demonstraram a relevância desta modalidade migratória para a região Nordeste, principalmente de estudantes que chegam através do Programa de Estudante Convênio de Graduação (PEC-G), fomentando especialmente a relação sul-sul das migrações internacionais no Nordeste (SILVA; DEMÉTRIO; DOMENICONI, 2019). Isso inclui municípios fora das metrópoles, tendo em vista a política de interiorização das universidades, com destaque para o município de Redenção (CE) que registrou 1.002 imigrantes em 2019.

Já em relação àqueles que declararam exercer ocupações voltadas ao trabalho altamente qualificado - especialmente relacionadas ao desenvolvimento tecnológico, inovação e criação (FLORIDA, 2014) – destacam-se na região Nordeste dois grupos principais: os engenheiros e os diretores/gerentes e proprietários. Como apontado por Sassen (1998), a circulação internacional de capital em diferentes regiões do mundo é acompanhada, também, pela migração de uma mão de obra altamente especializada. Essa análise condiz com a expressiva presença de imigrantes internacionais qualificados nas metrópoles nacionais relacionadas à instalação do capital internacional na região já discutida anteriormente. No entanto, cabe ressaltar a existência de uma diversificação dos espaços da migração qualificada na região Nordeste, com uma participação importante desse grupo nas metrópoles regionais - para os engenheiros - e em municípios com menos de 100 mil habitantes - para diretores, gerentes e proprietários.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre os principais temas da agenda de pesquisa que esse estudo abre, destaca-se: a participação importante de europeus (SILVA; OJIMA, 2018), em especial de

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fenômeno (BAENINGER et al., 2018) com a crescente relevância de municípios com menos de 100 mil habitantes; o refúgio (BAENINGER, 2017b); e a importância dos estudantes na dinâmica das migrações internacionais (WENDEN, 2016).

Por meio da análise crítica dos resultados é possível iluminar a extrema diversidade dos fluxos migratórios contemporâneos para o Nordeste, suas novas tendências de redistribuição espacial (origem e destino) e suas variadas formas de inserção laboral. Se comparado ao resto do Brasil, essa região destaca-se pela maior proporção de europeus, o que exige novos olhares para as migrações Sul-Sul (PHELPS, 2014) e para as particularidades quanto à inserção da região na divisão internacional do trabalho. Levanta-se, assim, os desafios quanto à construção de políticas sociais para imigrantes internacionais nos mais diferentes municípios nordestinos, da capital ao interior, do litoral ao sertão (SILVA; OJIMA, 2018).

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