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PROGRAMA ESTADUAL DE MANEJO DE FAUNA SILVESTRE APREENDIDA

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PROGRAMA ESTADUAL DE

MANEJO DE FAUNA SILVESTRE

APREENDIDA

R REELLAATTÓÓRRIIOO P PRROOGGRRAAMMAADDEEFFAAUUNNAAAAPPRREEEENNDDIIDDAA C CUURRIITTIIBBAA,,JJUULLHHOODDEE 22000033

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1 CONTEÚDO

PROGRAMA ESTADUAL DE MANEJO DE FAUNA SILVESTRE NATIVA APREENDIDA________ 5 1. CONSIDERAÇÕES SOBRE APREENSÕES DE FAUNA SILVESTRE______________________ 7 INTRODUÇÃO ____________________________________________________________________ 7 RESULTADOS E DISCUSSÃO _______________________________________________________ 8

RÉPTEIS 8

AVES 11

MAMÍFEROS 14

TRÁFICO E COMÉRCIO DE ANIMAIS 18

DESTINAÇÃO DOS ANIMAIS APREENDIDOS 19

LOCAIS DO ESTADO COM MAIORES ÍNDICES DE APREENSÃO DE FAUNA 20 2. DIRETRIZES PARA DISPOSIÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES APREENDIDOS ____________ 24 OPÇÕES DE MANEJO ____________________________________________________________ 24

A) SOLTURA DE ANIMAIS SILVESTRES APREENDIDOS 25

B) MANUTENÇÃO DE ANIMAIS EM CATIVEIRO 26

B.1) DEPÓSITO EM ZOOLÓGICOS, CETAS, CRIADOUROS E OUTRAS INSTITUIÇÕES ASSEMELHADAS _______ 27

B.2) FIEL DEPOSITÁRIO_______________________________________________________________ 28 C) EUTANÁSIA E DESTINAÇÃO CIENTÍFICA COMO OPÇÕES DE MANEJO 29 D) APREENSÃO DE ANIMAIS ABATIDOS, COURO, PELE, PEÇAS TAXIDERMIZADAS E ESQUELETOS 31

E) ANIMAIS ATROPELADOS 31

3. PROCEDIMENTOS REFERENTES ÀS OPÇÕES DE MANEJO DE FAUNA APREENDIDA ___ 33 ANÁLISE DA ÁRVORE DE DECISÃO ELABORADA PELA IUCN ___________________________ 35 QUANDO DA DESTINAÇÃO AO CATIVEIRO __________________________________________ 42 ENCAMINHAMENTO DOS ANIMAIS APRENDIDOS A ZOOLÓGICOS, CETAS, CRIADOUROS OU INSTITUIÇÕES DE

PESQUISA 42

FIEL DEPOSITÁRIO OU GUARDA DOMÉSTICA 49

4. PROCEDIMENTOS QUANTO À RETIRADA OU MANUTENÇÃO DE ANIMAIS EM CATIVEIRO 51 EQUIPAMENTOS PARA CONTENÇÃO FÍSICA DE ANIMAIS SILVESTRES 51

GANCHO__________________________________________________________________________ 51 LUVAS DE RASPA DE COURO____________________________________________________________ 52 PUÇÁ ____________________________________________________________________________ 52 REDE ____________________________________________________________________________ 53

CAMBÃO E CORDA___________________________________________________________________ 53 JAULA E CAIXA DE CONTENÇÃO__________________________________________________________ 53 TUBOS ___________________________________________________________________________ 53

SUGESTÃO DE EQUIPAMENTOS PARA MANUFATURA 54

MODELOS DE PUÇÁ OU COADOR: ________________________________________________________ 54 CAMBÃO OU PAU DE COURO: ___________________________________________________________ 55 GANCHO PARA MANIPULAÇÃO DE SERPENTES: ______________________________________________ 55 REDE DE CONTENÇÃO:________________________________________________________________ 56

TRANSPORTE DE ANIMAIS SILVESTRES 56

INSTALAÇÕES E ACONDICIONAMENTO 58

CONDIÇÃO SANITÁRIA E AMBIENTAL 58

ESTADO APARENTE DE SAÚDE DOS ANIMAIS 59

QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO 59

CONVÍVIO ENTRE ESPÉCIES MANTIDAS EM CATIVEIRO 59

ASSOCIAÇÕES NÃO RECOMENDADAS:_____________________________________________________ 60

ASPECTOS DE NUTRIÇÃO DOS ANIMAIS 60

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE DESTINAÇÃO E REABILITAÇÃO DE FAUNA 64 SOLTURA _________________________________________________________________________ 64 DESTINAÇÃO AO CATIVEIRO____________________________________________________________ 64 APREENSÃO DE ANIMAIS ABATIDOS, COUROS, PELES, PEÇAS TAXIDERMIZADAS E ESQUELETOS___________ 65

REABILITAÇÃO______________________________________________________________________ 66 5. BREVE APANHADO SOBRE LEGISLAÇÃO DE FAUNA_______________________________ 67 6. DIRETRIZES PARA A CRIAÇÃO DO CONSELHO ESTADUAL DE PROTEÇÃO À FAUNA

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SILVESTRE _____________________________________________________________________ 69 QUAL A FUNÇÃO DO CONSELHO __________________________________________________ 69 QUANDO RECORRER AO CONSELHO ______________________________________________ 70 7. CENTRO DE MANEJO DE ANIMAIS SILVESTRES - CEMAS ___________________________ 72 ESTRUTURA OPERACIONAL ______________________________________________________ 72

SUBORDINAÇÃO E ORGANIZAÇÃO 72

COMPETÊNCIAS DO CEMAS E SEUS SETORES 74

ADMINISTRAÇÃO 75

SETOR DE RECEPÇÃO, IDENTIFICAÇÃO, ASSISTÊNCIA MÉDICO-VETERINÁRIA E TRIAGEM 76

SETOR DE REABILITAÇÃO E ESPERA 77

SETOR TÉCNICO DE BIOLOGIA E MANEJO DA FAUNA 78

COMO DEVERÁ FUNCIONAR A RECEPÇÃO DOS ANIMAIS NO CEMAS ___________________ 78 ESTRUTURA FÍSICA ______________________________________________________________ 81

ESTRUTURA GERAL 82

ESTRUTURA DE PESSOAL 93

8. ESPÉCIES PRIORITÁRIAS PARA MANEJO_________________________________________ 95 ESPÉCIES PRIORITÁRIAS E RECOMENDAÇÕES DE MANEJO___________________________ 95

ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO 95

ESPÉCIES CONSIDERADAS PROBLEMA 96

ESPÉCIES DE INTERESSE CINEGÉTICO 99

TÉCNICAS DE MONITORAMENTO E OS PROGRAMAS DE MANEJO DE FAUNA ___________ 102 9. ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA ESTADUAL DE FAUNA _________________ 104 AGRADECIMENTOS ESPECIAIS ___________________________________________________ 107 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______________________________________________ 108 11. ANEXOS ___________________________________________________________________ 111 LISTAS DE ESPÉCIES APREENDIDAS E TIPOS DE INFRAÇÕES PREDOMINANTES 111 NORMAS GERAIS E PROCEDIMENTOS PARA O RECEBIMENTO DE ANIMAIS NO CENTRO DE MANEJO 128 ESTIMATIVA DOS CUSTOS DE CONSTRUÇÃO E EQUIPAMENTOS DO CENTRO DE MANEJO DE FAUNA 131 MODELOS DE FICHAS PARA UTILIZAÇÃO NO CENTRO DE MANEJO DE FAUNA. 145 OPORTUNIDADES DE FINANCIAMENTO PARA PROGRAMAS DE PESQUISA A SEREM DESENVOLVIDOS PELO

CEMAS 152

ENDEREÇOS ELETRÔNICOS DE POSSÍVEIS FINANCIADORES 170

LOCAIS NA INTERNET ONDE PODEM SER OBTIDAS INFORMAÇÕES SOBRE MATERIAL DE CONTENÇÃO E

MARCAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES. 173

MODELOS DE ESTRUTURAS E DETALHES DE RECINTOS DE CENTROS DE TRIAGEM EXISTENTES 174

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.1: PERCENTUAL DE RÉPTEIS, AVES E MAMÍFEROS APREENDIDOS PELA FISCALIZAÇÃO DO IAP ENTRE O

PERÍODO DE JANEIRO DE 1980 E MAIO DE 2002. 8

FIGURA 1.2: NÚMERO DE EXEMPLARES DE RÉPTEIS APREENDIDOS REFERENTE ÀS QUATRO ORDENS. 9

FIGURA 1.3: PERCENTUAL DOS DIFERENTES TIPOS DE INFRAÇÕES RELACIONADAS AOS RÉPTEIS. 9 FIGURA 1.4: PERCENTUAL DE AVES APREENDIDAS CONFORME GRUPO TAXONÔMICO. 11 FIGURA 1.5: PERCENTUAL DOS DIFERENTES TIPOS DE INFRAÇÕES RELACIONADAS ÀS AVES 13

FIGURA 1.6: PERCENTUAL DE EXEMPLARES DE MAMÍFEROS APREENDIDOS CONFORME O GRUPO TAXONÔMICO. 15 FIGURA 1.7: PERCENTUAL DE OCORRÊNCIA DOS DIFERENTES TIPOS DE INFRAÇÕES REFERENTES AOS MAMÍFEROS

APREENDIDOS. 15

FIGURA 1.8: MAPA DA COBERTURA VEGETAL ORIGINALMENTE EXISTENTE NO ESTADO DO PARANÁ. 21

FIGURA 1.9: COBERTURA VEGETAL ATUALMENTE EXISTENTE NO ESTADO DO PARANÁ. 22 FIGURA 3.1 ORGANOGRAMA DE ORIENTAÇÃO PARA A DESTINAÇÃO IMEDIATA DOS ANIMAIS APREENDIDOS. 34 FIGURA 3.2: PERGUNTAS E RESPOSTAS REFERENTES ÀS OPÇÕES DE CATIVEIRO (IUCN, 2000 39 FIGURA 3.3: PERGUNTAS E RESPOSTAS REFERENTES AO RETORNO À NATUREZA (IUCN, 2000) 40 FIGURA 3.5: MODELO DE RECIBO OU TERMO DE DEPÓSITO DE ANIMAIS SILVESTRES APREENDIDOS E

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FIGURA 3.6: MODELO DE TERMO DE RESPONSABILIDADE DE DEPÓSITO VOLUNTÁRIO E GRATUITO. 48

FIGURA 4.1: GANCHO PARA CONTENÇÃO DE COBRAS 51

FIGURA 4.2: LUVAS DE RASPA DE COURO 52

FIGURA 4.3: MODELOS DE PUÇÁS 52

FIGURA 4.4: MODELOS E MEDIDAS SUGERIDAS PARA A CONFECÇÃO DE PUÇÁS. 54 FIGURA 4.5: MEDIDAS SUGERIDAS PARA A CONFECÇÃO DE CAMBÃO OU PAU DE COURO. 55 FIGURA 4.6: TAMANHOS SUGERIDOS PARA A CONFECÇÃO DE GANCHOS PARA MANIPULAÇÃO DE SERPENTES. 55 FIGURA 4.7: MODELO E MEDIDAS SUGERIDAS PARA A CONFECÇÃO DE CAIXA DE TRANSPORTE. 57

FIGURA 6.1: MODELO DE PORTARIA PARA CRIAÇÃO DO CONSELHO ESTADUAL DE PROTEÇÃO À FAUNA. 71

FIGURA 7.1: ORGANOGRAMA DA ESTRUTURA OPERACIONAL DO CEMAS. 74

FIGURA 7.2: FLUXOGRAMA DE MOVIMENTO DOS ANIMAIS NO CEMAS 81

FIGURA 7.3: DISTRIBUIÇÃO DO VOLUME DE OCORRÊNCIAS POR ESPÉCIE ENTRE O PERÍODO DE 1979 E 2002. 83

FIGURA 7.4: ANTEPROJETO DA ESTRUTURA BÁSICA PARA UM HOSPITAL DE TRIAGEM PARA ANIMAIS SILVESTRES DA

FAUNA NATIVA. 85

FIGURA 7.5: ANTEPROJETO DA ESTRUTURA BÁSICA PARA UMA SALA DE NECROPSIA. 85 FIGURA 7.6: ANTEPROJETO DA ESTRUTURA BÁSICA PARA UMA SALA DE NUTRIÇÃO PARA O CEMAS. 86 FIGURA 7.7: ANTEPROJETO DA ESTRUTURA BÁSICA PARA UMA SALA DE BIOTÉRIO PARA O CEMAS. 87 FIGURA 7.8: ANTEPROJETO DA ESTRUTURA BÁSICA DOS RECINTOS QUARENTENA PARA O CEMAS, VISTA

SUPERIOR. 88

FIGURA 7.9: ANTEPROJETO DA ESTRUTURA BÁSICA PARA RECINTOS DO CEMAS, DETALHES DO TANQUE E DAS

PORTAS. 89

FIGURA 7.10: ANTEPROJETO DO BLOCO DE RECINTOS QUARENTENA. 89

FIGURA 7.11: ANTEPROJETO DO BLOCO DE RECINTOS COBERTOS PARA REABILITAÇÃO E ESPERA. 90 FIGURA 7.12: ANTEPROJETO DO BLOCO DE RECINTOS ABERTOS PARA REABILITAÇÃO E ESPERA. 91

FIGURA 7.13: ANTEPROJETO DO BLOCO DE RECINTOS PARA VISITAÇÃO. 92

FIGURA 7.14: ANTEPROJETO DE IMPLANTAÇÃO DO CEMAS. 92

FIGURA 11.1: VISTA LATERAL E FRONTAL DO SETOR DE QUARENTENA / CETAS VIVAT FLORESTA

(PUCPR/IBAMA/IFSE) 174

FIGURA 11.2: VISTA DO CORREDOR DE MANEJO E DETALHE DAS PORTAS DE METAL / CETAS VIVAT FLORESTA 174 FIGURA 11.3: VISTA LATERAL RECINTO COM BARRAS METÁLICAS; RECINTO COM TELA DE UMA POLEGADA / CETAS

VIVAT FLORESTA 175

FIGURA 11.4: VISTA FRONTAL DO CORREDOR DE MANEJO; RECINTO ABERTO PARA MAMÍFEROS E RÉPTEIS. CETAS

VIVAT FLORESTA 175

FIGURA 11.5: AMBIENTAÇÃO DE RECINTOS, GALHOS E PROTEÇÃO FRONTAL PARA ANIMAIS ESTRESSADOS. CETAS

VIVAT FLORESTA 176

FIGURA 11.6: DETALHE CORREDOR DE MANEJO E CAMBIAMENTO PARA FELINOS / CRAS – MS 176

FIGURA 11.7: DETALHE INTERNO E EXTERNO DOS RECINTOS DE INTERNAÇÃO DO SETOR DE VETERINÁRIA / CRAS

– MS 177

FIGURA 11.8: DETALHE DE ANIMAIS INTERNADOS EM GAIOLAS / CETAS VIVAT FLORESTA 177

FIGURA 11.9: MODELOS DE GAIOLAS PARA INTERNAMENTO CETAS – SP 178

FIGURA 11.10: VISTA DE GAIOLAS PARA INTERNAÇÃO CETAS – SP 178

FIGURA 11.11: GAIOLÃO DE TRIAGEM CEMAS – SP / CAIXA DE TRANSPORTE CRAS – MS 178 FIGURA 11.12: COMUNICAÇÃO VISUAL CRAS– MS; RECINTO DE MAMÍFEROS, COZINHA E BIOTÉRIO 179 FIGURA 11.13: CENTRO DE VISITANTES E HOSPITAL VETERINÁRIO CEMAS – SP 179

LISTA DE TABELAS

TABELA 3.1: ZOOLÓGICOS, REGISTRADOS JUNTO AO IBAMA E EM ATIVIDADE NO ESTADO DO PARANÁ. 43

TABELA 3.2: CRIADOUROS CONSERVACIONISTAS, REGISTRADOS JUNTO AO IBAMA E EM ATIVIDADE NO ESTADO

DO PARANÁ. 43

TABELA 3.3: CRIADOUROS CIENTÍFICOS, REGISTRADOS JUNTO AO IBAMA E EM ATIVIDADE NO ESTADO DO

PARANÁ. 46

TABELA 3.4: CRIADOUROS CIENTÍFICOS NO ESTADO DO PARANÁ COM REGISTROS CANCELADOS JUNTO AO

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TABELA 4.1: DIETA ALIMENTAR INDICADA PARA RÉPTEIS. 61

TABELA 4.2: DIETA ALIMENTAR INDICADA PARA AVES. 61

TABELA 4.3: DIETA ALIMENTAR INDICADA PARA MAMÍFEROS. 63

TABELA 7.1: QUALIFICAÇÃO E QUANTIDADE DE PESSOAL POR SETOR E SEÇÃO DO CEMAS 94 TABELA 8.1: PRINCIPAIS ESPÉCIES DE RÉPTEIS, AVES E MAMÍFEROS QUE PODEM SER CONSIDERADAS PROBLEMA

NO ESTADO DO PARANÁ. 98

TABELA 8.2: PRINCIPAIS ESPÉCIES DA FAUNA NATIVA DO ESTADO DO PARANÁ COM IMPORTANTE VALOR

CINEGÉTICO, CONSIDERANDO SEU VALOR DIRETO OU SUBJETIVO. 100

TABELA 8.3: PRINCIPAIS ESPÉCIES DE AVES DO ESTADO DO PARANÁ COM IMPORTANTE VALOR CINEGÉTICO, CONSIDERANDO OS DADOS DA FISCALIZAÇÃO ENTRE OS ANOS DE 1988 E 2002. 101 TABELA 8.4: PRINCIPAIS ESPÉCIES DE RÉPTEIS E MAMÍFEROS DO ESTADO DO PARANÁ COM IMPORTANTE VALOR CINEGÉTICO, CONSIDERANDO OS DADOS DA FISCALIZAÇÃO ENTRE OS ANOS DE 1988 E 2002. 101

TABELA 9.1: EXEMPLO SIMPLIFICADO DO PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES IMEDIATAS E PROCEDIMENTOS NECESSÁRIOS PARA A OPERACIONALIZAÇÃO DO PROGRAMA DE MANEJO DE FAUNA SILVESTRE NATIVA

APREENDIDA. 107

TABELA 11.1:QUANTIDADE DE RÉPTEIS APREENDIDOS, PROVÁVEIS ESPÉCIES E TIPOS DE INFRAÇÕES

PREDOMINANTES (1980 - 2002). 111

TABELA 11.2: QUANTIDADE DE ESPÉCIES DE AVES APREENDIDAS, BEM COMO TIPOS DE INFRAÇÕES

PREDOMINANTES (1980 - 2002) 112

TABELA 11.3: CASOS DE ENVENENAMENTO DE AVES CONFORME AS REGIÕES DO ESTADO. 116

TABELA 11.4: QUANTIDADE DE ESPÉCIES DE MAMÍFEROS APREENDIDOS, BEM COMO TIPOS DE INFRAÇÕES

PREDOMINANTES (1980 - 2002). 117

TABELA 11.5: PRINCIPAIS ANIMAIS DA FAUNA PARANAENSE COMERCIALIZADOS, PREÇO LOCAL E PREÇO NO

EXTERIOR (EM US$). 119

TABELA 11.6: PORCENTAGEM DE INFRAÇÕES POR ESCRITÓRIO REGIONAL REFERENTE À QUANTIDADE DE ESPÉCIES

DE RÉPTEIS APREENDIDOS. 120

TABELA 11.7: PORCENTAGEM DE INFRAÇÕES POR ESCRITÓRIO REGIONAL REFERENTE A QUANTIDADE DE ESPÉCIES

DE AVES APREENDIDAS. 121

TABELA 11.8: PORCENTAGEM DE INFRAÇÕES POR ESCRITÓRIO REGIONAL REFERENTE À QUANTIDADE DE ESPÉCIES

DE MAMÍFEROS APREENDIDOS. 126

TABELA 11.9: NORMAS GERAIS E PROCEDIMENTOS DE RECEBIMENTO DE ANIMAIS NO CENTRO (RETIRADO DO II ENCONTRO NACIONAL DE CENTROS DE TRIAGEM DE ANIMAIS SILVESTRES, 1993, PROMOVIDO PELO IBAMA). 128

TABELA 11.10: DESCRIMINAÇÃO DE CUSTOS E SERVIÇOS. 133

TABELA 11.11:CUSTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO BIOTÉRIO 139

TABELA 11.12: CUSTOS PARA IMPLANTAÇÃO DA SALA DE NUTRIÇÃO 139

TABELA 11.13: CUSTOS PARA IMPLANTAÇÃO DA SALA DE NECROPSIA 140

TABELA 11.14: CUSTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO HOSPITAL DE TRIAGEM 141

TABELA 11.15: CUSTOS COM EQUIPAMENTO DE CONTENÇÃO E TRANSPORTE 143

TABELA 11.16: CUSTOS COM ADMINISTRAÇÃO E LOGÍSTICA 144

TABELA 11.17: MODELOS DE FICHAS DE RECEPÇÃO, CADASTRAMENTO DE ANIMAIS E PROPRIEDADES DESTINADAS

À SOLTURA DE FAUNA REABILITADA. 145

TABELA 11.18: MODELOS DE FICHAS DE RECEPÇÃO E CADASTRAMENTO DE AVES (FRENTE). 146 TABELA 11.19: MODELOS DE FICHAS DE RECEPÇÃO E CADASTRAMENTO DE AVES (VERSO). 147 TABELA 11.20: MODELOS DE FICHAS DE RECEPÇÃO E CADASTRAMENTO DE RÉPTEIS (FRENTE). 148 TABELA 11.21: MODELOS DE FICHAS DE RECEPÇÃO E CADASTRAMENTO DE RÉPTEIS (VERSO). 149

TABELA 11.22: MODELOS DE FICHAS DE RECEPÇÃO E CADASTRAMENTO DE MAMÍFEROS (FRENTE). 150 TABELA 11.23: MODELOS DE FICHAS DE RECEPÇÃO E CADASTRAMENTO DE RÉPTEIS (VERSO). 151 TABELA 11.24: OPORTUNIDADES DE FINANCIAMENTO DE PEQUENA MONTA (SMALL GRANTS); UTILIZÁVEIS PARA

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De maneira geral a fauna é considerada como uma verdadeira riqueza para a humanidade, por seu notável valor ecológico, científico, econômico e cultural. Lamentavelmente, uma parcela considerável da sociedade não reconhece, de forma condigna, a magnitude desses valores.

Até o final do século passado estes benefícios eram julgados como inesgotáveis e o homem podia dispor livremente dos mesmos. Hoje, depois de muitas décadas de ações predatórias, a realidade é que a fauna silvestre encontra-se seriamente ameaçada. Muitas de suas espécies mais representativas correm risco de desaparecer, se não forem tomadas medidas adequadas à sua proteção.

Entre as 428 espécies de mamíferos existentes no Brasil, aproximadamente 60 espécies estão ameaçadas de extinção, entre as quais 50% estão representadas em território paranaense (MARGARIDO, 1995). Ocorrem em território nacional 1.622 espécies de aves, destas 708 integram a avifauna paranaense e 117 estão citadas na Lista Vermelha de Animais Ameaçados de Extinção do Paraná (STRAUBE, 1995). Quanto aos répteis, o Brasil possui cerca de 467 espécies, das quais 140 estão distribuídas nos diferentes ambientes representados no Estado. Dessas 140 espécies 12 são consideradas como ameaçadas de extinção, e apenas as aquáticas têm recebido algum tratamento protecionista (MORATO et al., 1995).

De uma forma geral, grande parte da população e dos governantes não têm consciência do valor ecológico que as espécies desempenham na estruturação e manutenção dos ecossistemas, e que depende delas o equilíbrio biológico essencial para todas as formas de vida. Este quadro é ainda mais agravado pelo desconhecimento técnico sobre muitos aspectos bio-ecológicos da maioria dos animais da fauna nativa. São inúmeros os fatores que ocasionam prejuízos à fauna silvestre, sendo muitos deles de caráter irreversível. A busca de desenvolvimento econômico, por meio industrial, agrícola ou florestal está entre os principais fatores de pressão sobre as áreas naturais, e conseqüentemente sobre as espécies da fauna. Nos países mais desenvolvidos e industrializados, e mesmo naqueles em desenvolvimento, nenhum tipo de ambiente favorável à manutenção da fauna escapou à destruição parcial. Historicamente muitos países passaram a utilizar os recursos da fauna como fonte de renda, sendo a exportação e a venda de animais e subprodutos, uma importante atividade econômica. A forma como essa utilização é feita pode representar a preservação de algumas espécies, anteriormente ameaçadas. Contudo, com maior freqüência, o uso dos recursos de fauna levou ao quase desaparecimento ou extinção de muitas espécies, principalmente quando as instituições responsáveis não conseguiram impedir esse uso ou regulamentá-lo.

De acordo com o relatório divulgado pela WWF (1995), o tráfico de animais silvestres é o terceiro maior mercado ilícito do mundo, perdendo apenas para o comércio ilegal de drogas e armas. O Brasil é considerado como um dos principais fornecedores de flora e fauna para o mercado mundial. O relatório sugere que, para

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atender a esta atividade, ocorre a retirada de 12 milhões de animais silvestres anualmente da natureza. Deste total, cerca de 30% são exportados e o restante é comercializado internamente. O relatório ainda ressalta que a ausência de qualquer informação sistematizada e estatística por parte dos órgãos responsáveis pela fiscalização e defesa do meio ambiente, dificulta um prognóstico do real impacto dessas atividades sobre a fauna regional e nacional.

A inexistência de informações, bem como de estratégias e diretrizes de ação, deve-se em parte à falta de uma política de fauna bem estruturada, em cada Estado da federação, para estabelecer os princípios e objetivos em relação aos problemas regionais.

Nesse sentido, este documento foi elaborado com o objetivo de subsidiar o planejamento para o manejo e conservação da fauna silvestre objeto da apreensão pela fiscalização ambiental, considerando aspectos fundamentais referentes à identificação e quantidade de espécies apreendidas, opções de manejo e problemas associados, bem como procedimentos necessários para a adequada destinação das espécies.

Este documento está dividido em três etapas, sendo elas:

♦ Primeira etapa: considerações sobre apreensões de fauna silvestre no Estado, realizadas com base nas ocorrências registradas pelo IAP,

Segunda etapa: definição de diretrizes para a disposição de animais silvestres apreendidos, incluindo procedimentos para a criação de um conselho ou comitê técnico estadual de fauna,

♦ Terceira etapa: instalação e funcionamento do centro de manejo de fauna silvestre, incluindo uma relação das espécies prioritárias para o manejo, programas de manejo necessários, além de uma série de informações básicas para a confecção de um manual simplificado sobre técnicas de manejo e contenção de animais silvestres, destinado à fiscalização.

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INTRODUÇÃO

As informações disponíveis neste documento foram obtidas através do levantamento dos dados constantes nos autos de infração e apreensão relativos às atividades cinegéticas e apreensão de animais silvestres, provenientes das atividades de fiscalização de 20 escritórios regionais do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Os dados referem-se ao período de janeiro de 1980 a maio de 2002, onde as atividades de fiscalização ocorreram eventualmente em conjunto com o Batalhão de Polícia Florestal do Paraná.

As informações obtidas foram compilados e organizadas em planilhas eletrônicas, configuradas segundo a base de dados Microsoft Access. Os dados referentes às espécies apreendidas, quantidade de apreensões, infrações predominantes, além de local e ano em que ocorreram os delitos, foram tratados estatisticamente. Cabe salientar que os autos de infração foram elaborados de acordo com a Lei 5.197/67, e as categorias de delito constantes nesses referem-se ao descrito como crimes ambientais naquela ocasião. Outrossim, as informações foram transcritas exatamente como constavam nos autos de infração, em sua maioria apenas com os nomes populares dos animais apreendidos. Devido à necessidade de sistematizar os dados de uma forma mais precisa e técnica, os nomes populares mais comuns foram associados às denominações científicas mais prováveis. Dessa forma, também foram considerados possíveis erros de classificação na determinação das espécies prioritárias para manejo. A margem de erro pode ser distinta segundo a classe a que pertence o animal apreendido, havendo maior ou menor sobreposição de nomes conforme o animal é popularmente conhecido em cada local.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período entre janeiro de 1980 e maio de 2002 o Instituto Ambiental do Paraná, isoladamente ou em ações eventuais com o Batalhão de Polícia Florestal, apreendeu cerca de 20.275 animais silvestres em todo o Estado. Entre os animais apreendidos, 294 foram répteis, 668 mamíferos e 19.313 aves, o que representa respectivamente 1%, 3% e 96% das apreensões (Figura 1.1).

Figura 1.1: Percentual de répteis, aves e mamíferos apreendidos pela fiscalização do IAP entre o período de janeiro de 1980 e maio de 2002.

RÉPTEIS

Dentre os Répteis, foram apreendidos animais de quatro ordens distintas, sendo que a ordem Testudines, constituída pelas tartarugas e cágados, foi representada em 57% das apreensões (162 indivíduos apreendidos), seguida pela ordem Squamata, representada pelas cobras e serpentes, com 38% (109 indivíduos apreendidos), Crocodylia, representada pelos jacarés, com 3% (18 indivíduos apreendidos) e Lacertilia, representada pelos lagartos, com 2% (5 indivíduos apreendidos) (Figura 1.2).

96% 3% 1%

AVES MAMÍFEROS RÉPTEIS

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Figura 1.2: Número de exemplares de répteis apreendidos referente às quatro Ordens.

3% 2% 38% 57% CROCODYLIA (jacarés) LACERTILIA (lagartos) SQUAMATA (cobras e serpentes) TESTUDINES (tartarugas)

Em relação aos tipos de infrações predominantes para este grupo animal, destacou-se o comércio dos animais. Os quelônios foram os principais alvos das atividades ilegais de comércio, principalmente vendidos como animais de estimação, seguidos dos jacarés que são procurados pela carne e couro (Figura 1.3).

Figura 1.3: Percentual dos diferentes tipos de infrações relacionadas aos répteis.

4% 82% 12% 2% Couro/ casco Comércio Cativeiro Outros

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Entre as espécies de répteis apreendidos a ordem Testudines (tartarugas) foi a mais freqüente. Na sua maioria representada provavelmente por exemplares de Trachemys sp. que podem somar entre 43 a 141 animais apreendidos. Há uma possibilidade de 98 desses exemplares serem referentes ao gênero Podocnemis. Contudo, em acordo com observações mais recentes colocaríamos como segunda opção, se comparado com gênero Trachemys. Muito mais populares como animais de estimação, representando o gênero de réptil mais recebido em diferentes serviços veterinários na cidade de Curitiba (MANGINI et al., 1999; MANGINI et al., 1997). Sendo T. scripta cerca de 90% mais freqüente que T. dorbingii nesses consultórios (MANGINI, comunicação pessoal).

Cabe salientar que T. scripta é uma espécie exótica, originária da América do Norte. Por solturas indevidas e liberações espontâneas, por parte dos proprietários, a espécie tem se transformado em invasora, com potencial ímpar na capacidade de colonizar. Sendo possivelmente uma das espécies de répteis mais críticas no que diz respeito à necessidade de determinar políticas públicas para solução dos problemas que remetem a essa questão, e até mesmo sob questões referentes à saúde pública. Nos Estados Unidos da América é proibida a comercialização de tal espécie antes que os animais atinjam em média 10 cm de comprimento, devido aos altos riscos de transmissão de Salmonella sp. aos proprietários (JOHNSON-DELANEY, 1996). No Brasil, apesar do IBAMA proibir a importação dessa espécie, é freqüente observar animais com cerca de três a cinco centímetros serem adquiridos em lojas nos grandes centros urbanos. Em geral esses cágados são destinados a servir como animais de estimação, principalmente, às crianças. O que torna ainda maior o risco do surgimento de zoonoses, pois em geral as crianças apresentam pouca resistência a agentes bacterianos como a Salmonella spp.

Ainda dentro dessa ordem de répteis devemos salientar que Geochelone sp. (jaboti) representou cerca de 5% das infrações registradas. Os jabutis são freqüentemente mantidos como animais de estimação, passando pelo comércio ilegal, além de assumir também lugar no imaginário popular como fonte de cura para algumas doenças como a asma.

A ordem Squamata (cobras e serpentes) representou a segunda maior parcela de infrações, contudo os autos de infração não trouxeram identificação de todas as espécies apreendidas. De acordo com depoimentos de agentes fiscais do IAP, os infratores normalmente utilizam estes animais vivos para coleta de peçonha ou venda deste para laboratórios particulares. Destacando-se neste sentido, animais dos gêneros Bothrops (cobra-jararaca e cobra-urutu) e Crotalus (cobra-cascavel). Dessa forma, poderíamos caracterizar tal atividade como eminentemente exploratória do comércio ilícito, sendo difícil estimar o montante de recursos que pode estar envolvido. Notoriamente o veneno dessas cobras pode atingir altos preços no mercado oficial, entretanto fica difícil avaliar se o destino dos animais apreendidos é o comércio dos exemplares ou extração e venda do veneno. Entre as jararacas um grande número de espécies pode estar sendo utilizado para esses fins. Devemos ressaltar que entre as espécies de ocorrência no Paraná encontramos a jararaca-de-barriga-preta (Bothrops cotiara), espécie endêmica da Floresta Ombrófila Mista, listada como vulnerável à extinção no Estado do Paraná (PARANÁ, 1995).

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Quanto aos Crocodylia (jacarés), as apreensões referiram-se a couro e carne de Caiman sp. Muitas vezes esses animais são mantidos em cativeiro ilegal com intuito de serem abatidos posteriormente, para retirada do couro e aproveitamento da carne. No Estado do Paraná a única espécie de jacaré registrada é Caiman latirostris (jacaré-de-papo-amarelo), que está listada como em perigo de extinção no Estado do Paraná (PARANÁ, 1995).

Como complementação ao banco de dados do IAP foram obtidas informações semelhantes em outras fontes, como por exemplo no Zoológico Municipal de Curitiba, onde as espécies nativas doadas com maior freqüência são Hydromedusa tectifera, Trachemis dorbigni, Iguana iguana, Tropidurus torquatus, Podocnemis expansa, Geochelone carbonaria, Geochelone denticulata, Crotalus durissus e Bothrops sp. (NICOLA, 1999).

AVES

Das 32 famílias de aves apreendidas, as de maior destaque em relação ao número de espécimes apreendidos foram os Columbidae com 45% das apreensões (8.976 indivíduos apreendidos), Emberizidae com 37% (7.098 indivíduos apreendidos), Psittacidae (830 indivíduos apreendidos) e Fringillidae (811 indivíduos apreendidos) com 4%, Turdidae com 3% (525 indivíduos apreendidos) e Icteridae com 2% (341 indivíduos apreendidos), sendo o restante (4%) atribuído a outras famílias, cujo número de apreensões foi pouco expressivo se comparado com as citadas anteriormente (Figura 1.4).

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12 37% 4% 4% 3% 2% 4% 46% COLUMBIDAE (pombos) EMBERIZIDAE (canário-da-terra, azulão, etc.)

PSITTACIDAE (papagaios, araras e periquitos) FRINGILLIDAE (pintassilgo) TURDIDAE (sábias) ICTERIDAE (pássaro-preto, chopim, etc.) OUTRAS

Em relação aos tipos de infrações predominantes para este grupo animal, destacou-se a manutenção de animais em cativeiro, respondendo por 47% dos autos. Os passeriformes foram os principais alvos dessa prática, ultrapassando muito em número os psitacídeos. O interesse por aves canoras e ornamentais fomenta o comércio e captura ilegal de passeriformes das famílias Emberizidae, Fringillidae, Turdidae, Icteridae principalmente vendidos como animais para manutenção em viveiros e competições. Nesse sentido as espécies em destaque foram canário-da-terra (Sicalis flaveola), azulão (Passerina brissonii), trinca-ferro (Saltator similis), coleirinho (Sporophila caerulescens), sangue-de-boi (Ramphocelus bresilius), bigodinho (Sporophila lineola) e o curió (Oryzoborus angolensis).

Outro grupo importante refere-se ao comércio ilegal de Psittacidae - papagaios, araras e periquitos -, destinados principalmente a serem mantidos como animais de estimação. Em geral, as atividades descritas como comércio e transporte destinam-se a suprir a procura por aves para cativeiro.

Outros tipos de infração constantes nos autos foram os casos de envenenamento de espécies de aves consideradas “pragas” por invadirem e devastarem plantações. Nesse sentido, as aves da família Columbidae foram as mais freqüentes nos autos de infração, atingindo 45% das apreensões (8.309 indivíduos). A grande maioria dos casos refere-se principalmente à morte por envenenamento intencional, através da ingestão de grãos contaminados. A espécie mais atingida foi a pomba-amargosa (Zenaida auriculata), considerada como praga às culturas da soja e trigo. Estes casos de envenenamento foram registrados nas regiões de Campo Mourão, Maringá, Toledo, Londrina, Jacarezinho e Pitanga. Além da pomba-amargosa (Z. auriculata) foram atingidas também espécies como a pomba-asa-branca (Columba

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13

picazuro), e aves de rapina como carcará (Polyborus plancus), urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus), e algumas corujas da família Tytonidae, contaminadas secundariamente por consumirem as pombas contaminadas (Tabela do Anexo II). Tais ações, portanto, podem produzir efeitos em cascata ao longo das cadeias alimentares, onde o inseticida é absorvido por um organismo, podendo ser letal ou de poder cumulativo, passando em seguida para o corpo de um outro animal predador do primeiro, e assim sucessivamente (DORTS, 1973).

Outra ocorrência que influenciou moderadamente esse grupo de aves foi a caça, atividade que reflete, em geral, a busca de animais para consumo da carne, e que em sua maioria atingiu espécies de pombas e aves terrestres. Em algumas situações foram apreendidos animais, como passeriformes, capturados para suprir a demanda por aves para cativeiro.

As aves canoras representadas principalmente pela família Emberizidae (7.098 apreensões), Fringillidae (811 apreensões), Turdidae (525 apreensões) e Icteridae (341 apreensões) foram sem dúvidas as mais perseguidas para suprir a demanda ilegal de aves com destino ao cativeiro doméstico, ou para fins de competições e formação de acervos amadoristas. O canário-da-terra (Sicalis flaveola Emberizidae) foi à espécie mais perseguida pelos traficantes (4.425 apreensões), seguida do pintassilgo (Carduellis magellanicus Fringillidade; 811 apreensões) e do azulão (Passerina brissonii Emberizidae; 615 apreensões). A intensidade de busca pelo trinca-ferro (Saltator similis Emberizidae) e pelo coleirinho (Sporophila caerulescens Emberizidae), foi semelhante, sendo anotadas para ambas as espécies 418 apreensões. O percentual de infrações anotadas está demonstrado na Figura 1.5.

Figura 1.5: Percentual dos diferentes tipos de infrações relacionadas às aves

18% 2% 47% 8% 8% 17% Caça Captura Cativeiro Comércio Transporte Envenenamento

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As apreensões de aves da família Turdidae somam 525 casos, porém em 319 dessas apreensões nos autos constava apenas “sabiá” como nome vernáculo. O que dificulta determinar se a pressão maior incide sobre sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris), sábia-preto (Platycichla flavipes) ou sábia-coleira (Turdus albicolis). Essas três espécies são bastante procuradas também como objeto de caça para consumo da carne, e não apenas como aves canoras.

Em sexta colocação entre as aves mais perseguidas encontra-se o pássaro-preto (Gnorimopsar chopi) com 221 aves apreendidas, contudo tal ave recebe em determinadas regiões nomes como chopim e graúna o que pode representar mais 37 casos de posse ilegal dessa espécie. A sétima espécie mais freqüente nos autos de infração foi o sangue-de-boi (Ramphocelus bresilius Emberizidae; 212 apreensões), seguida pelo curió (Oryzoborus angolensis Emberizidae; 172 apreensões), bigodinho (Sporophila lineola Emberizidae; 165 apreensões) e a décima espécie de passeriforme mais apreendida foi o gaturamo (Euphonia violacea Emberizidae; 137 apreensões).

As aves da família Psittacidae (830 indivíduos apreendidos), apesar de representarem apenas 4% das espécies nos autos de infração, não deixam de despertar atenção pelo fato ser o terceiro grupo mais perseguido, depois dos Passeriformes e dos Columbiformes. Dentro dessa família os papagaios representam, certamente, as espécies mais perseguidas. As aves desse grupo somam 617 casos, porém em 503 dessas apreensões constava apenas a denominação “papagaio”, como nome comum. O que dificulta determinar se a pressão maior incide sobre papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), espécie mais freqüente como animal de estimação nos grandes centros urbanos, ou papagaio-curuca (A. amazonica), segunda espécie mais freqüente em cativeiro doméstico (MANGINI et al., 1999; DOMINGOS et al., 1997). Ainda deve-se destacar que constam na lista espécies como o papagaio-da-cara-roxa (Amazona brasiliensis), araras como arara-vermelha (Ara chloroptera) e arara-canindé (Ara ararauna), espécies listadas como ameaçadas de extinção no Estado do Paraná (PARANÁ, 1995).

Outros grupos que sofrem pressão, apesar de somarem baixo valor numérico se comparados aos Passeriformes e Columbiformes, foram os Tinamiformes e os Cracídeos, que somam respectivamente 735 e 119 indivíduos apreendidos. Na maioria dos casos foram animais caçados para consumo de carne ou envenenados nos mesmos episódios em que várias pombas foram mortas. A espécie mais freqüente foi a codorna (Nothura maculosa, Tinamidae; 667 apreensões) seguida pelo jacu (Penelope obscura, Cracidae; 111 apreensões), sendo a segunda mantida muitas vezes em viveiros como ave ornamental, ou para criação ilegal e consumo da carne.

MAMÍFEROS

Dentre as oito ordens de mamíferos apreendidos, Rodentia representou 34% das ocorrências (211 indivíduos apreendidos), seguido por Primates com 19% (144 indivíduos apreendidos), Artiodactyla com 18% (128 indivíduos apreendidos), Carnivora com 14% (96 indivíduos apreendidos), sendo os percentuais menores referentes a Edentata com 7% (52 indivíduos apreendidos), Lagomorpha com 4% (28 indivíduos apreendidos), Perissodactyla com 3% (5 indivíduos apreendidos) e Marsupialia com

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15 1% (4 indivíduos apreendidos) (Figura 1.6).

Figura 1.6: Percentual de exemplares de mamíferos apreendidos conforme o grupo taxonômico. 14% 7% 4% 1% 3% 19% 34% 18% CARNIVORA (felinos, canídeos, etc.) EDENTATA (tamanduá, tatus) LAGOMORPHA (lebre, tapiti) MARSUPIALIA (gambá, etc.) PERISSODACTYLA (anta) PRIMATES (macacos) RODENTIA (capivara, paca, cutia, etc.)

ARTIODACTYLA (veados e porcos-do-mato)

Entre os tipos de infrações predominantes para o grupo dos mamíferos, animais mantidos ilegalmente em cativeiro detiveram 50% das ocorrências, seguida pelas atividades de caça com 41% do total apreendido. Tal predominância deve-se em parte ao grande número de primatas em cativeiro doméstico, espécies de alto interesse cinegético, como a paca e a capivara, que muitas vezes são mantidas em cativeiro com finalidade de procriação para posterior consumo. Outro ponto que deve ser ressaltado é que as apreensões referidas como couro nos autos de infração são evidentemente conseqüências da atividade ilegal de caça (Figura 1.7).

Figura 1.7: Percentual de ocorrência dos diferentes tipos de infrações referentes aos mamíferos apreendidos.

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16 41% 50% 6% 3% Caça Cativeiro Couro Transporte

A ordem Rodentia sofreu maior pressão entre os mamíferos, sendo as espécies capturadas essencialmente de interesse cinegético. Contudo, nos autos das apreensões a atividade denominada como “cativeiro” representou maior volume de apreensões. Tal observação reflete a tendência das pessoas manterem esses animais com finalidade de reprodução em cativeiro, para posterior consumo da carne, ou mesmo em algumas ocasiões por tratarem-se de espécies carismáticas. Entre todas as espécies de mamíferos apreendidas a paca (Agouti paca) foi a mais perseguida, sendo responsável por 86 anotações nos autos de infração. Cabe ressaltar que 46 desses animais encontravam-se em cativeiro, demonstrando a tendência desses animais serem mantidos em criações ilegais.

Outro importante representante da ordem Rodentia intensamente perseguido foi a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), que representou 60 anotações nos autos de infração. Curiosamente, a maioria das apreensões (45 indivíduos) foi referente a animais mantidos em cativeiro ilegal. Apenas 15 indivíduos mortos foram apreendidos, o que reflete a mesma tendência de uso ilegal observado com as pacas. O mesmo ocorre com o terceiro roedor mais perseguido, a cutia (Dasyprocta azarae, 50 apreensões), sendo apreendidos 41 animais em cativeiro ilegal, e apenas cinco abatidos por caçadores. Seria inocência acreditar que essa seja a relação real de uso dessas espécies, pois certamente pela natureza das atividades de caça, realizadas principalmente à noite e em locais afastados, fica mais difícil que as ações da fiscalização sejam tão efetivas, quanto à busca por cativeiros ilegais.

A segunda ordem de mamíferos mais perseguida foi Primates, sendo representada principalmente pelo gênero Callithrix (micos) com 74 apreensões, seguida por Cebus apella (macaco-prego, entre 42 e 62 animais apreendidos) e Alouatta spp. (bugios, entre 8 e 28 animais apreendidos). O número exato de animais apreendidos não pode ser determinado, pois em muitos autos de infração aparece apenas “macaco”

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como referência. Na sua totalidade o destino desses animais é o cativeiro como animais de estimação, algumas vezes são mantidos em viveiros em chácaras e mesmo quintais urbanos. Todas as espécies de primatas citadas acima estão entre as espécies da fauna de maior interesse, dentre os mamíferos comercializados como animais de estimação (WWF, 1995). Cabe ressaltar que em comunidades tradicionais do norte e centro-oeste do país os primatas figuram entre os animais mais perseguidos para o consumo da carne (REDFORD, 1997), contudo na região sul do país tal uso é nulo ou pouco freqüente.

A exemplo dos roedores, as espécies da ordem Artiodactyla apreendidas tinham como principal procedência o cativeiro ilegal. As mesmas observações pertinentes a pacas e capivaras podem ser aplicadas principalmente aos veados (Mazama spp.) e ao cateto (Tayassu tajacu). Em muitas regiões do Estado o veado-catingueiro (M. gouazoupira) é a espécie de cervídeo mais freqüentemente observada em campo e proveniente também de apreensões. Porém, em muitos dos autos de infração especificam apenas “veado” como espécie apreendida. Dessa forma, fica imprecisa a informação sobre o percentual que cada espécie desse grupo representa nos autos de infração. Se somadas as possíveis ocorrências que se referem aos veados do gênero Mazama, tem-se um total de 52 indivíduos apreendidos, colocando os Mazama spp. como o segundo ungulado mais perseguido. Cabe ainda ressaltar que espécies extremamente ameaçadas como o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) e o veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus) sofrem grande pressão de caça, apesar de representarem menos indivíduos nos autos de apreensão. Estudos realizados no Parque Nacional de Ilha Grande com o cervo-do-pantanal , utilizando entrevistas com a comunidade local, apontou a caça como atividade mais citada e a principal causa da mortalidade de cervos no Parque. Os relatos indicaram que os ilhéus tomaram conhecimento de 48 animais mortos na região nos últimos três anos, sendo 27 machos, 17 fêmeas, 2 filhotes e 2 sem informação. Da mesma forma, pesquisadores que trabalham na região informaram a existência de caça esportiva nas várzeas do Rio Iguatemi (tributário do Paraná), sendo relatado que apenas um caçador abateu 30 animais em um ano. Segundo levantamento aéreo, a população estimada para a espécie no Parque é de 1.079 +- 207 indivíduos (TIEPOLLO, informação pessoal).

Com relação ao veado-campeiro, embora seja uma espécie com grande capacidade de recuperação de tamanho populacional, isso só acontece caso a pressão de caça seja extremamente baixa ou ausente. No Paraná as populações existentes são muito reduzidas em tamanho e encontram-se isoladas em propriedades particulares. Segundo informações de proprietários rurais dos municípios de Ventania e Piraí do Sul, a caça nesta região é uma atividade freqüente, tendo sido encontrados indivíduos machos sem a cabeça, provavelmente para a retirada da galhada, que é tida como troféu. De maneira oposta são encontrados abandonados crânios e membros de fêmeas e machos jovens agrupados sem utilização (BRAGA, informação pessoal). Estas informações evidenciam, portanto, a prática da caça esportiva na região.

Espantosamente, a ordem Carnivora encontra-se como o quarto grupo de mamíferos mais perseguidos no Estado. Isso se deve principalmente a duas espécies: quati (Nasua nasua) e jaguatirica (Leopardus pardalis). O quati é o carnívoro mais perseguido como animal para consumo, estando equiparado ao tatu em preferência pelos caçadores. A exemplo dos ungulados e roedores é mantido, também, como animal de estimação, sendo muitas vezes capturado ainda filhote, durante as caçadas

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18 onde animais adultos do grupo são abatidos.

A segunda espécie de carnívoro mais afetada foi a jaguatirica (Leopardus pardalis), sendo a grande maioria das apreensões apenas peças de couro, o que é um indicativo de que esses animais são abatidos para o comércio de peles. Outra possibilidade é de que os animais são perseguidos e mortos por atacarem criações domésticas, e então suas peles são mantidas como troféus de caça. O mesmo acontece com os grandes felinos como a onça-pintada (Panthera onca) e o puma (Puma concolor) que são perseguidos principalmente por representarem uma ameaça ao gado doméstico. Um estudo realizado pelo Projeto Grandes Predadores1 do IAP/ Departamento de Biodiversidade, durante o período de 1988 a 2001, sobre casos de predação de onças a animais domésticos, apontou que até o início da década de 90 a maioria das denúncias feitas a este órgão, referiam-se a ataques de onça-pintada. No entanto, atualmente o puma é a espécie que vem ocasionando maiores problemas de predação a animais domésticos. Tal situação pode indicar uma redução significativa na população de onças-pintadas durante a última década. Em várias vistorias relativas ao Projeto, os proprietários mencionaram a intenção do abate do animal como a solução mais viável para o problema da predação (VIDOLIN, informação pessoal).

Ainda entre os animais perseguidos por razões cinegéticas tem-se importante representação em duas espécies: o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus, Edentata) e a lebre (Lepus europaeus, Lagomorpha). Cabe salientar que na grande maioria das apreensões referentes ao gênero Dasypus constava nos autos apenas “tatu”. O tatu-galinha é a espécie mais freqüente em campo, muito adaptada às alterações antrópicas, sendo provavelmente o maior percentual dentro desse grupo referente a esta espécie.

Todas a apreensões referentes à lebre (Lepus europaeus) foram relativas às atividades de caça. A lebre é uma espécie invasora, sendo originalmente distribuída ao Sul da África, na região do Cabo. Foi trazida ao continente americano pelos uruguaios que a introduziram para prática da caça desportiva. Há pouco mais de uma década encontra-se em condições naturais no Estado do Paraná e vem ampliando seus limites geográficos, facilitados pela expansão agrícola, que substitui áreas de floresta por campos cultivados ou pastagens, ambientes propícios à espécie. Acredita-se que a mesma possa competir de forma significativa por espaço e alimento, abrigo e área de reprodução com o tapiti (Sylvilagus brasiliensis), possuindo inúmeras vantagens em relação a esta espécie nativa (PARANÁ, 1995). Atualmente a lebre já atingiu a região Central e Sudoeste de São Paulo, já estando presente também na região metropolitana de Curitiba.

TRÁFICO E COMÉRCIO DE ANIMAIS

Com relação ao tráfico de animais silvestres, foram apreendidas espécies de aves canoras da família Emberizidae como o bicudo (Oryzoborus maximiliani) e da família Icteridae como o currupião (Icterus jamacaii), porém em quantidade

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A principal atividade do Projeto Grandes Predadores é o atendimento a denúncias de ataques de felinos (onça-pintada e puma) a animais domésticos, orientando proprietários rurais sobre as formas de manejo adequadas para evitar os ataques.

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19 insignificante.

Entre os mamíferos houve a apreensão de espécies não comuns em certas regiões do Estado, como o caso de Francisco Beltrão (ERBEL) e Londrina (ERLON), com apreensão de veado-campeiro e lobo-guará, respectivamente, Jacarezinho (ERJAC) e Paranavaí (ERPVI), com apreensão de bicho-preguiça, demonstrando que existe trânsito de animais por tráfico, seja ele interno ou externo no Estado.

De acordo com informações obtidas junto ao DNER-PR, a BR 116, no ponto Capivari-Cachoeira, é a mais utilizada para o tráfico de animais silvestres no sentido Paraná eixo São Paulo (VIDOLIN, 1996).

DESTINAÇÃO DOS ANIMAIS APREENDIDOS

Com relação à destinação dos animais apreendidos pelo IAP e IAP/BPFLO, os processos nem sempre trouxeram o termo de apreensão e depósito, não explicitando se os animais foram soltos, doados e principalmente em que local ocorreu a soltura ou o depósito.

Das espécies de aves apreendidas os autos apontaram para destinação de somente 1.285 que foram soltas em diferentes locais, em Unidades de Conservação como o Parque Estadual do Palmito, Parque Estadual Mata de São Francisco, Parque Estadual do Lago Azul, Parque Nacional de Ilha Grande, Reserva Biológica Cabeça de Cachorro e Parque Estadual do Marumbi. Cerca de 1.506 aves de diferentes espécies foram mantidas sob a figura do fiel depositário, totalizando 138 depósitos desta natureza.

Quanto aos mamíferos, do total de espécies apreendidas 144 tiveram a destinação identificada nos autos. A maior parte deles foram depositados no Passeio Público, Criadouro da Klabin, Criadouro da Itaipu Binacional, Zoológico de Cascavel e no CETAS da PUC/PR. Com relação às solturas realizadas, algumas delas também ocorreram em Unidades de Conservação como o Parque Estadual das Araucárias e Parque Estadual de Campinhos.

Em alguns casos de solturas realizadas, foi notória a falta de critérios para a destinação dos animais, sendo que em alguns casos a mesma foi realizada em local impróprio, como por exemplo, um bugio (Alouatta fusca) no Parque Estadual de Campinhos. De acordo com relatos recentes dos funcionários do Parque, este indivíduo após ser solto passou a se aproximar dos visitantes em busca de alimento, tendo um comportamento bastante agressivo. O animal acabou desaparecendo do Parque (VIDOLIN, observação pessoal, 2002).

Da mesma forma, houve a soltura de sagüis (não especificado o local), espécie exótica ao estado do Paraná, que vem causando inúmeros problemas a espécies silvestres, principalmente aves, pela predação de ninhos. Também houve o registro da soltura de um tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), espécie ameaçada de extinção, em uma RPPN do município de Lunardelli. Esta região é caracterizada por capões de Floresta Estacional Semidecidual circundados por áreas com lavoura, que não é o ambiente apropriado para a sobrevivência desta espécie, não sendo também sua área de ocorrência natural.

Estes exemplos citados deixam claro que o processo de destinação dos animais apreendidos não é realizado de forma criteriosa, uma vez que na grande

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maioria dos casos de soltura não há dados referentes à idade, procedência, tempo de cativeiro e laudo veterinário que contenha informações sobre o quadro de saúde do animal. Na maioria dos processos analisados que continham laudo, este não possuía informações necessárias, como por exemplo, idade, sexo, estado nutricional do animal. Em outros casos nem mesmo o carimbo e assinatura do veterinário constavam. Cabe salientar que o processo de reabilitação de um animal deve ser regido por métodos de treinamento e avaliação criteriosos, de vários aspectos referentes às condições específicas de cada indivíduo apreendido. Em geral, a capacidade de sobrevivência e saúde dos animais em questão tende a ser subestimada. Sendo assim, é extremamente necessária uma política de reabilitação de fauna, a fim de estabelecer critérios de atuação também para áreas de soltura e reabilitação de animais.

Cabe salientar que a totalidade das solturas relatadas nos autos foi feita em unidades de conservação, o que é contra-senso das ações institucionais, pois as unidades de conservação deveriam ser destinadas a preservar o máximo possível das condições naturais do local. A soltura de novos indivíduos nessas unidades representa um risco às condições originais do local. Como agravante a capacidade de suporte do ambiente nunca é quantificada, sendo claro que um número excessivo de animais pode ser prejudicial ao equilíbrio local, podendo agravar processos de competição intra e interespecífica. Adicionalmente, as possíveis doenças que podem ser introduzidas na fauna local não são consideradas. Quando a unidade fiscalizadora decide pela soltura dos animais apreendidos, carece na totalidade dos casos de suporte técnico sobre a capacidade de reabilitação dos animais. Muitas vezes a carência de informações remete a casos mais graves como os citados sobre a introdução de sagüis e a soltura de um tamanduá em local impróprio. Outro fator importante que deve ser considerado é que muitas vezes um ato de soltura pode resultar em um problema social local, como o caso do bugio relatado acima.

Com certa freqüência animais apreendidos eram depositados sob a guarda de um “fiel depositário”, figura bastante questionável. Além da falta de uma política clara por parte do IBAMA sobre as atribuições e possibilidade de caracterizar tal figura, raramente constam nos processos de apreensão e depósito informações sobre os recintos em que são mantidos os animais. As pessoas determinadas como fiéis depositários devem ser capazes de manter recintos adequados, que atendam às exigências mínimas de espaço, alimentação e higiene. Também não há o controle sobre nascimento, morte ou fuga dos animais depositados. Ou seja, não há um cadastro ou banco de dados específico com informações sobre as espécies mantidas na figura do fiel depositário, nem mesmo com a identificação dos mesmos.

A soltura de animais silvestres, bem como guarda sob figura do fiel depositário são atividades realizadas com muita freqüência no Estado e, na maioria dos casos, pode ser mais efetiva tanto na maneira como é realizada quanto na real contribuição para as espécies e os ambientes afetados.

LOCAIS DO ESTADO COM MAIORES ÍNDICES DE APREENSÃO DE FAUNA

De acordo com MAACK (1968), cerca de 83% da superfície vegetal do Estado foi ocupada por florestas, cabendo às formações campestres, restingas litorâneas, manguezais e várzeas os demais 17% (Figura 1.8).

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Figura 1.8: Mapa da cobertura vegetal originalmente existente no Estado do Paraná.

Fonte: MAACK, 1950, modificado por RODERJAN & GALVÃO, 1999 apud CERVI, 2002.

A transformação da fisionomia vegetacional nos últimos trinta anos, a favor de uma agricultura intensiva, provocou a expansão de áreas de campos artificiais. A Floresta Ombrófila Densa, por exemplo, tem sido um dos ecossistemas mais devastados, restando atualmente uma substancial extensão deste bioma no litoral e Serra do Mar Paranaense. Da mesma forma, pesquisas recentemente realizadas apontaram que no início da década de 50 existia no Estado cerca de 7,3 milhões de hectares de Floresta Ombrófila Mista, e atualmente resta um remanescente de 0,8% de área em estágio de sucessão avançada, o que eqüivale a apenas 60 mil hectares (CASTELLA, comentário pessoal, 2001). Os agrupamentos mais significativos desta formação encontram-se nas regiões de União da Vitória, Palmas, Guarapuava e Irati. A Floresta Estacional Semidecidual praticamente está representada apenas pelo Parque Nacional do Iguaçu. Nas demais regiões ao norte e centro-oeste do Estado a maior extensão de área é ocupada pela agricultura e pecuária. Com relação à estepe ou campos, originalmente ocupavam grandes extensões do Paraná, principalmente nos municípios de Ponta Grossa, Castro, Palmas e Guarapuava, mas hoje, esta formação está bastante comprometida em razão do seu uso para pastagens, além de reflorestamentos com Pinus sp. Quanto ao cerrado, o Parque Estadual do Cerrado, com cerca de 420,00 ha, é uma das últimas reservas de vegetação savânica do Estado (UHLMANN, 1995) (Figura 1.9).

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Figura 1.9: Cobertura vegetal atualmente existente no Estado do Paraná.

Fonte: FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA, 1998.

Nesse processo de desmatamento acelerado, diversas espécies da fauna, associadas aos biomas, também foram influenciadas negativamente. A ocorrência de muitas delas tornou-se mais restrita, pois a grande maioria depende diretamente da integridade do habitat para sobreviver. Nesse sentido, é esperado que as regiões do Estado com maiores índices de apreensão sejam justamente as áreas que ainda possuam condições de manter a fauna silvestre.

Foram analisados 1.144 autos de infração e apreensão, dos quais a SEDE/ERCBA apresentou o maior número de autos emitidos, totalizando 14%, seguido do ERLIT e ERTOL com 10%, ERUMU com 7%, ERJAC e ERLON com 3%. O Batalhão de Polícia Florestal foi representado por 17% dos autos emitidos. Em todos os escritórios regionais, com exceção do ERFOZ, aves foi o grupo taxonômico com maior representatividade de apreensões. Este resultado já era esperado, pois aves é o grupo que desperta maior interesse para o comércio e cativeiro, principalmente as espécies canoras. Também são animais de fácil captura e manutenção em cativeiro, se comparados com os mamíferos.

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Porém, esta distribuição regional de apreensões não serviu como base comparativa entre eficiência da atuação dos escritórios, devido à diferença no número de funcionários existentes entre eles, disponibilidade de veículos, além da freqüência e demanda de denúncias, diferentes para cada região do Estado e muitas vezes de um escritório para outro, devido à localização, verba disponível, existência de vias de conexão com outros centros, cobertura de vegetação, etc. (VIDOLIN & MOURA-BRITTO, 1998).

Sendo assim, pode-se observar um maior e mais variado número de espécies apreendidas pelos escritórios regionais situados onde ainda existe uma área de vegetação considerável, como é o caso da região Litorânea e a de Curitiba. Quanto às regiões situadas à oeste (Cascavel e Toledo) e a norte e noroeste do Estado (Jacarezinho e Umuarama), o número de apreensões de fauna pode estar correlacionado com a facilidade em termos de estradas e acessos existentes, o que facilitaria o transporte ou tráfico destas espécies aos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul e Países vizinhos como Paraguai e Argentina, onde pode haver deficiência na fiscalização, ou desconhecimento da legislação. Em termos de vegetação, estas regiões em sua maior extensão são ocupadas por áreas de agricultura e pecuária (VIDOLIN & MOURA-BRITTO, 1998).

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OPÇÕES DE MANEJO

No Estado do Paraná as autoridades responsáveis pela apreensão e disposição de animais silvestres são o IBAMA local, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), o Batalhão de Polícia Florestal (BPFlo) e as Delegacias de Proteção do Meio Ambiente (DPMA).

A disposição dos animais apreendidos por estes órgãos, em conformidade com a Lei n.º 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, dá-se basicamente das seguintes formas:

♦ Devolução dos animais à natureza. Onde a legislação permite que as espécies apreendidas sejam soltas em habitat natural, podendo este se tratar de Unidades de Conservação ou remanescentes florestais da própria região onde foi realizada a autuação; desde que sejam avaliadas as características individuais dos espécimes e as condições do ambiente que possibilitem tal ato.

♦ Manutenção dos animais em cativeiro por tempo indeterminado. Onde a legislação prevê que:

a) As espécies podem ser depositadas em jardins zoológicos, centros de triagem, criadouros conservacionistas ou entidades assemelhadas existentes no Estado ou;

b) As espécies são confiadas ao “fiel depositário”, comumente o próprio cidadão que as mantinha em cativeiro.

Tais ações quando praticadas, no entanto, podem constituir-se em riscos e problemas reais para a fauna e para os ecossistemas, caso não sejam consideradas as conseqüências relacionadas a cada uma delas. A própria legislação alerta que devem ser observadas as características individuais dos exemplares apreendidos, antes de se decidir pela “devolução à natureza” ou “soltura”. Situação que evidencia, principalmente, o cuidado com os espécimes apreendidos, todavia questões relativas à sanidade e integridade dos ecossistemas também devem ser consideradas.

O ponto mais crítico sobre a destinação dos animais silvestres apreendidos está relacionado à decisão de manter o animal em cativeiro ou soltá-lo. Tal decisão não deve estar baseada apenas em questões sociais, ou ao apelo popular que determinada espécie ou grupo de espécies pode suscitar. Devem-se considerar prioritariamente, as características dos animais em questão, o status de ameaça ao qual as espécies envolvidas estão sujeitas, bem como as condições ambientais dos locais de soltura.

Entretanto, essas decisões não podem ser facilmente enquadradas em uma fórmula universal que possa ser aplicada como o manejo definitivo da fauna silvestre apreendida em todo o Brasil. Outrossim, tal assunto é constantemente discutido em diversos foros, científicos e populares, sem obter-se consenso sobre alguns aspectos. O fato é que as decisões referentes ao manejo da fauna nativa devem congregar as

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necessidades das espécies e as características sócio-ambientais do local.

Finalmente deve-se salientar que, apesar de tratar-se de assunto controverso, o atual estado do conhecimento sobre esses temas já permite que sejam elaborados planos e protocolos de manejo que orientem e facilitem a tomada de decisões. A seguir serão discutidos, detalhadamente, os principais destinos possíveis para a fauna silvestre apreendida no estado do Paraná, levando em consideração as informações locais e as informações disponíveis na literatura técnica pertinente.

Considerando os potenciais riscos e benefícios advindos do manejo de fauna serão considerados os seguintes destinos:

a) soltura de animais silvestres apreendidos; b) manutenção de animais em cativeiro;

c) eutanásia e destinação científica como opções de manejo;

d) destinação de animais abatidos, couro, pele, peças taxidermizadas e esqueleto; e) destinação de animais atropelados.

A) SOLTURA DE ANIMAIS SILVESTRES APREENDIDOS

A devolução de animais apreendidos à natureza freqüentemente possui grande apelo popular e significativa atenção dada pelos meios de comunicação. Entretanto, tal ação geralmente traz pouco ou nenhum benefício para a espécie em questão, uma vez que raramente vem acompanhada de critérios ou avaliação posterior.

Existem algumas questões básicas, relativas à espécie e ao ambiente, que devem ser sempre levadas em consideração e respondidas por quem estará fazendo a operação de soltura. Primeiramente é necessário saber se a espécie é de ocorrência natural na área ou região geográfica que se pretende realizar a soltura. Secundariamente, é necessário saber se o ambiente local está em equilíbrio ou não, em caso negativo devem-se avaliar quais os motivos que o levaram ao desequilíbrio. Também deve ser considerado se existem recursos suficientes, condições de sustentabilidade e se há conhecimento prévio sobre os processos de dinâmica das populações da área. Outro aspecto extremamente relevante consiste em saber se os indivíduos, que serão soltos, encontram-se em condições clínico-sanitárias de soltura (BARBANTI, 1999). Todas essas questões são de extrema importância, pois a inobservância de qualquer uma delas pode desencadear problemas gravíssimos e irreversíveis à fauna e ao ambiente local.

A mortalidade de animais reintroduzidos é normalmente alta. Animais nascidos em cativeiro, ou cativos há muito tempo, podem ter habilidades para caçar ou forragear, entretanto, invariavelmente não conhecem o ambiente no local de soltura, o que dificulta ou impossibilita a busca satisfatória por alimentos. Da mesma forma, animais que não receberam aprendizados por meio parental não reconhecem seus predadores naturais. Normalmente, os animais antes de apreendidos estão alojados em locais inadequados, o que não permite exercício, desenvolvimento muscular e aprimoramento das habilidades físicas. Adicionalmente, a alimentação oferecida quase sempre é incorreta, causando sérios danos ao desenvolvimento físico e saúde dos animais (VIDOLIN, 1996).

Animais introduzidos fora de sua área natural, se conseguirem sobreviver, poderão se tornar pragas em potencial. A introdução de espécies em áreas diferentes da sua distribuição natural é a segunda principal causa de perda da biodiversidade e

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