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CEFAC CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA MOTRICIDADE ORAL

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CEFAC

CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA

MOTRICIDADE ORAL

A IMPORTÂNCIA DA LÍNGUA

O papel da língua nas funções estomatognáticas contribuindo para a oclusão normal

Monografia de conclusão do curso de especialização em Motricidade Oral Orientadora: Mirian Goldenberg

ELMA SOBRAL DE GOES

SÃO PAULO

1998

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RESUMO

O presente estudo propõe verificar o papel da língua nas funções estomatognáticas, contribuindo na formação e estabelecimento dos arcos dentários, desde o período embrionário até seu processo maduro de formação e funcionamento.

Objetiva–se com este trabalho fornecer dados do desenvolvimento normal, para que possamos intervir o mais precocemente possível estimulando a musculatura da língua, através das funções estomatognáticas da respiração, sucção, mastigação e deglutição. Esta intervenção irá impedir e/ou romper o processo inadequado, sendo que este é o primeiro passo para previnir ou corrigir padrões anormais e deletérios que determinam as deformidades dento–faciais.

Percebe–se que a forma básica dos arcos dentários é determinada até o 4º mês de vida intra–uterina pelos germes dentários em desenvolvimento e pelo osso basal em crescimento, mas não se deve esquecer da ação modeladora dos músculos.

Conclui–se que nos estágios iniciais do desenvolvimento a língua parece importante na formação do arco dentário, pois a dentição decídua é moldada ao redor dela, mas sua função diminui com a idade, a formação dos reflexos oclusais, as atividades mais maduras dos lábios depois da erupção dos incisivos e do término da época pré–infantil.

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SUMMARY

The present application proposes to check the importance of the tongue in the stomathogmatics functions have a hand in a formation and establishment of the dental archs form the embryonic period to the mature process of formation and function.

This work tends to provide datas of normal development into we can intervene the most precociously, it’s stimulating the tongue’s musculature down the breathing’s stomathogmatics functions, suck, munch and deglutition. This intervention will impede and/or break the inadequate process is being this is the first step to prevent or to correct anormal standards and deleterious who determinate the dental–face deformities.

The basic form of the dental archs is determinated to fourth month intra uterine’s life to the dental–germis in development and to the basal bone in growth, but it shouldn’t forget of the model action of the muscles.

It follows that in the initial stages of the development the tongue seems important in the formation of the dental archs because the permanent teething is moulded around her, but her function reduces with the age, the formation of the occlusal reflex and the activities, matures of the lips, after the incisors rash and of the ending of the prechildish period.

“ A função do músculo é tracionar e não pressionar exceto no caso dos genitais e da língua”

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SUMÁRIO 1 – Introdução...06 2 – Discussão teórica...06 2.1 – Embriologia...06 2.2 – Anatomia...08 2.3 – Morfologia...09 2.4 – Posicionamento Lingual...11 3 – Funções...13 3.1 – Sucção...13 3.2 – Mastigação...14 3.3 – Deglutição...16 3.4 – Desenvolvimento da oclusão...19

3.5 – Fatores que influenciam a forma das arcardas dentárias...24

4 – Considerações Finais...29

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INTRODUÇÃO

Pretende-se com este estudo remontar o que se tem publicado à respeito da função da língua na formação, e no estabelecimento dos arcos dentários, bem como no processo fisiológico de obtenção da oclusão dentária.

Diversos elementos participam do desenvolvimento, manutenção e estabilidade da oclusão. O padrão esquelético é o principal fator na determinação da forma das arcadas dentárias, mas não podemos esquecer da ação modeladora dos músculos exercendo seu papel de grande relevância.

Sabemos que os dentes são mantidos em harmonia por duas forças musculares antagônicas: uma de contenção externa (bochechas e lábios), mecanismo do bucinador; e a outra de contenção interna (a língua).

Após uma revisão bibliográfica percebemos uma preocupação constante por parte dos Fonoaudiólogos e Ortodontistas, quanto às alterações causadas pelo posicionamento inadequado da língua em repouso ou em função. Todavia, observamos que pouco espaço é dado à discussão da função normal da língua, desde o período embrionário até seu processo maduro de formação e funcionamento.

Nós, Fonoaudiólogos, consideramos fundamental aprofundar nossos conhecimentos sobre essa função para não diagnosticarmos e tratarmos como patológico, mundanças, no posicionamento da língua que são transitórias e fisiológicas em determinadas fases do crescimento e desenvolvimento craniofacial.

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Acreditamos que somente a partir da compreensão do que é esperado para cada fase é que podemos intervir, o mais precocemente possível estimulando a musculatura da língua, através das funções estomatognáticas da respiração, sucção, mastigação e deglutição. Desta forma, podemos previnir, minimizar ou corrigir padrões anormais e deletérios que determinam as deformidades dento–faciais.

Neste trabalho pensamos que vale discutir sobre a função benéfica da língua e sua relevante contribuição, desde a fase embrionária, no desenvolvimento dos arcos dentários e estabelecimento de oclusão normal

2 - DISCUSSÃO TEÓRICA

2.1 – Embriologia

No período embrionário existe um relacionamento entre os desenvolvimento da língua e dos arcos dentários.

A língua inicia sua formação a partir da quarta semana de vida intra– uterina. Petrelli ( 1992), descreve que a musculatura da língua origina-se de miótonos occipitais. Moyers (1991), explica que o corpo da língua desenvolve– se pela união das protuberâncias linguais laterais e de um turbérculo ímpar do primeiro arco branquial. A face provém do segundo, terceiro e quarto arco. Complementando, Proença (1994), relata que estes primórdios começam a se manifestarem na quarta semana, e se fusionam na sexta semana de vida intra–uterina (figura 1). Neste momento, as lâminas palatinas dos processos maxilares se encontram separadas, e em posição vertical.

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A língua tem um crescimento rápido, de acordo com Altmann (1992), isto faz com que a língua pressione a cavidade nasal que está acima entre os dois processos palatinos, e esses dirigem-se para baixo lateralmente à ela. À medida que, ocorre o desenvolvimento dos maxilares e do pescoço, a língua passa a se deslocar para baixo e os processos palatinos, que estão verticais, desenvolvem-se superiormente a ela.

Na sétima semana de desenvolvimento os processos palatinos se alongam e dirigem-se para uma posição horizontal superior à língua. A língua completa o seu desenvolvimento na oitava semana (figura 2). De acordo com Proença (1990), neste período ela é maior que a mandíbula e ocupa todo espaço buco-nasal, interpondo-se entre as lâminas palatinas. Nesta fase, também tem início a ossificação da mandíbula e do osso maxilar (figura 3).

Entre a oitava e décima segunda semana de vida intra–uterina, a mandíbula tem um surto de crescimento. Proença (1994) lembra que este crescimento é para frente e para baixo aumentando o espaço interno da cavidade buconasal, tornando possível o abaixamento da língua e sua retirada de entre os processos palatinos . Moyers (1979), complementa dizendo que a língua passa então a comprimir os processos palatinos para cima, permitindo seu contato no plano sagital mediano (figura 4).

A formação da língua, o crescimento da mandíbula e a fusão dos processos palatinos ocorrem no final do período embrionário e início do período fetal. Gray (1998), acrescenta que já no período fetal, precisamente na décima sexta semana , a língua começa a ter movimento reflexo de sucção e de deglutição.

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2.2 - ANATOMIA

A influência da língua sobre as arcadas dentárias é determinada pela conformação anatômica. Ela dá um impulso para o osso crescer.

Anatomicamente, a língua se desenvolve no assoalho da faringe. Moore (1990), descreve que a língua é constituída por uma parte bucal; os dois terços anteriores, e outra parte faríngea posterior. Existe uma linha de fusão entre estas duas partes indicada no adulto em forma de “V”, o forame cego. A língua é composta por: dorso, ápice, superfície inferior e raiz. Gray (1988), explica que o ápice é a extremidade anterior da língua, e Gardner (1971), complementa que, geralmente, localiza-se próximo à face lingual dos dentes anteriores e a margem da língua, em relação às gengivas e dentes posteriores.

O dorso da língua é convexo é está dividido em partes simétricas e por um sulco mediano. Gray (1988), refere que nos dois terços anteriores a este sulco, a língua é áspera, coberta com numerosas papilas: fuliformes, fungiformes, valadas e folhadas. Devido à existência destas papilas, a superfície da mucosa lingual, “in vivo”, tem uma coloração rósea e aspecto aveludado. Já a mucosa da parte faríngea possui poucas papilas (figura 5).

A raiz da língua é a parte posterior dela. Liga a língua ao osso hióide, músculos hioglosso e genioglosso e pela membrana glossohióidea; à epiglote, por três pregas glossoepiglóticas da mucosa; ao palato mole, pelos arcos palatoglossos; e à faringe, pelos músculos constritores superiores da faringe e pela mucosa. A face inferior da língua une-se à mandíbula pela mucosa do assoalho da boca.

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Quanto à sensibilidade da língua, Sicher & Du Brul (1977), escrevem que no terço posterior é dada pelo ramo lingual do nervo glossofaríngeo e na região próxima à epiglote pelo ramo laríngeo interno do vago. Os autores explicam que a língua é vascularizada pela artéria lingual e suas ramificações. A drenagem é feita pelas veias linguais. Esta drenagem linfática é feita para os linfonodos submentais, submandibulares e cervicais profundos.

A inervação da língua se faz a partir dos arcos branquiais. Segundo Moyers (1979), os dois terços anteriores são inervados pelo ramo lingual do nervo trigêmio, exceto os botões gustativos, inervados pelo ramo corda do tímpano do nervo facial, e as papilas circunvaladas inervadas pelo glossofaríngico. O nervo glossofaríngico também inerva quase todo o terço posterior da língua, apenas uma área anterior à epiglote é inervada pelo ramo laríngico superior do nervo.

2.3 - MORFOLOGIA

A língua é um órgão essencialmente muscular que ocupa o espaço funcional da cavidade oral, segundo Aprile (1975), ela é formada por um tecido muscular estriado recoberto por uma mucosa. Esta é lisa, na parte inferior e irregular, na parte superior, devido ao grande número de papilas diferentes (figura 5).

A língua está dividida em metades pelo septo fibroso, medialmente. Gray (1988), cita que em cada metade há dois conjuntos de músculos. Gardner (1979), complementa que os músculos se inserem em ossos próximos, cuja função é mover a língua em todas as direções são chamados extrínsecos. Os

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músculos que são próprios da musculatura da língua, e que permitem mudanças de forma são denominados intrínsecos.

Gray (1988), ressalta que esta musculatura permite a língua encurtar -se, estreitar-se ou curvar-se em diferentes direções.

Aprile (1975), descreve os músculos extrínsecos. O mais volumoso é o genioglosso, e é considerado a parte principal da língua. Ele origina-se na face interna da sínfise mentoniana estendendo-se em forma de leque da raiz da língua para a frente. Benkert (1984), acrescenta que a função deste músculo é encolher e determinar a posição da língua. O músculo hioglosso nasce no osso hióideo, e está localizado externamente em relação ao músculo genioglosso. Entre estes dois músculos está o longitudinal inferior. O músculo condroglosso é pequeno, e origina-se do osso hióideo, dirigindo-se para o dorso lingual. O músculo estiloglosso se insere no processo estilóide até essa extremidade anterior.

Os músculos intrínsecos estão contidos dentro da língua. São citados por Gray (1988), longitudinal inferior, transverso e vertical. Gardner (1971), comenta que estes músculos localizam-se entrelaçados, na camada muscular da língua. Através da denominação podemos verificar a função de cada um atuando por si só , ou em combinação com os músculos extrínsecos.

Os músculos da língua dispõem suas fibras em três sentidos : ântero– posterior, vertical e transverso. Gray (1988), explica que todos os músculos da língua se inserem unilateralmente, isto permite que ela faça movimentos numerosos e complexos.

A musculatura da língua desempenha um papel importante na morfologia dos arcos dentários, principalmente , no superior. Lino (1977), relata

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que a língua desempenha este papel durante a postura de repouso e nas funções. Em condições de normalidade, a força liberada pela língua contra o arco dento–alveolar, em qualquer uma das suas atividades supra citadas é contrabalançada pela contenção muscular externa dos lábios e bochechas, chamada de mecanismo do bucinador. O equilíbrio destas duas musculaturas esculpe com harmonia a forma dos arcos dentários (figura 6).

2.4 - POSICIONAMENTO LINGUAL

Podemos observar que a postura lingual no recém-nascido é mais anteriorizada (figura 7). Em relação a esta afirmativa, o autor que mais destaca é Moyers (1979), quando nos diz que a língua é “parte de um sistema perceptivo sensorial e muito ativo” . Neste momento, este posicionamento é importante, pois muitas funções orais do recém-nascido são guiadas pelos estímulos táteis dos lábios e da língua. Mais tarde, com a propriocepção dos incisivos em erupção, a língua se posiciona atrás desses.

O crescimento mandibular para baixo e para frente junto com o crescimento vertical durante a erupção dos dentes, aumentam o volume intra-oral. Moyers (1991), refere que estes fatores contribuem para a mundança da postura lingual durante o primeiro ano de vida. Entretanto, na deglutição infantil, a língua permanece entre os roletes gengivais em justaposição com os lábios. Observa-se que sua contração com a dos músculos faciais ajudam a estabilizar a mandíbula.

A língua é um órgão importante no desenvolvimento das estruturas orais Lewis (1965), descreve que no desenvolvimento da primeira infância, a

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cavidade oral aumenta; o pescoço alonga, com o abaixamento do osso hióideo, e a língua move - se posteriormente, assumindo uma postura mais madura.

Pode-se perguntar sobre o que é considerado normal para a língua. Straub (1960), afirma que a língua deve respeitar o limite anatômico que é dado pela face lingual dos dentes inferiores e superiores, tanto em repouso quanto em função.

Em repouso, a língua deve posicionar-se no assoalho da boca, e sem pressão contactar com os processos alveolares dos arcos superiores e inferiores.

Na deglutição normal, a ponta da língua toca o palato, na sua porção mais anterior ao nível da papila palatina e as porções laterais da língua permanecem dentro dos limites dos arcos dentários, enquanto os músculos elevadores da mandíbula levam os dentes inferiores contra os superiores. O autor enfatiza dizendo que, os músculos peribucais não participam da deglutição normal.

Percebe-se que o mesmo comportamento lingual ocorre durante a fala. Padovan (1976), afirma que a boca desempenha um papel importante na articulação dos fonemas, porque a elaboração final dos sons da fala depende dos órgãos fonoarticulatórios: os dentes, a musculatura peribucal, o palato e a língua. A língua posiciona–se na produção dos fonemas linguodentais: /t/,/d/, /n/ e /l/, da mesma forma que faz na deglutição, ou seja, com a ponta da língua nas proximidades da papila palatina.

A musculatura da língua influencia a morfologia dos arcos dentários, tanto em repouso, quanto nas funções de sucção, mastigação, deglutição e fala.

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3 - FUNÇÕES

A função normal tem um papel importante no crescimento esquelético. A língua tem um efeito modelante sobre os arcos dentários durante a fase de crescimento.

O papel da função como fator principal no controle de crescimento craniofacial é a essência da hipótese da matriz funcional. Moss (1981), percebeu que a determinação do crescimento ósseo e cartilaginoso é em resposta ao crescimento intrínseco de estruturas associadas, observando que o código genético para o crescimento esquelético esta fora do esqueleto ósseo. O autor chamou as estruturas associadas de matrizes funcionais. Cada componente da matriz funcional desempenha uma função necessária como respiração, mastigação, fala, enquanto os tecidos esqueléticos apoiam e protegem as matrizes funcionais associadas. Desta forma, Moss (1969), argumenta que o tecido esquelético cresce somente em resposta ao crescimento dos tecidos moles.

Sabemos que o relacionamento da língua com as arcadas dentárias sofrem modificações com o desenvolvimento e maturação das funções.

3.1 - SUCÇÃO

A sucção inicia-se no quinto mês de vida intra–uterina, podendo ser claramente observada somente na vigésima nona semana, estando totalmente desenvolvida na trigésima segunda semana. De acordo com, Proença (1994), a sucção é um ato reflexo até o quarto mês de vida, quando passa a ser de controle volitivo.

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Devemos salientar que no recém–nascido, o reflexo da sucção é desencadeado pelo toque do mamilo nos lábios. Entretanto, este reflexo também pode ser eliciado através do contato dos lábios com a chupeta ou um dedo.

A sucção é um estímulo de crescimento da mandíbula. A autora que mais se destaca neste assunto é Proença (1994), relatando que a criança que é amamentada no seio materno faz o movimento de elevação, abaixamento, anteriorização e posteriorização contínuo da mandíbula. Esta movimentação que é feita através da função, exercita a mandíbula, a musculatura orofacial, bochechas, lábios e língua, propiciando o desenvolvimento da mandíbula e favorecendo a oclusão normal.

3.2 - MASTIGAÇÃO

A sucção é um reflexo da alimentação. Marchesan (1993), esclarece que à medida que a criança se desenvolve, manifesta-se uma atividade alimentar mais complexa, a mastigação.

A mastigação é considerada a função mais importante do sistema estomatognático. É a fase inicial da digestão. Douglas (1994), nos ensina que a mastigação é o conjunto de fenômenos estomatognáticos que tritura e moe os alimentos transformando–os em partículas pequenas. Logo após, com o auxílio da saliva, o alimento é transformado num bolo homogêneo.

Os músculos que se contraem durante a mastigação são: masseter, temporal, pterigóideo medial, pterigóideo lateral, digástrico, os dos lábios e os faciais, principalmente, o bucinador e orbicular dos lábios.

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A mastigação tem como função principal transformar os alimentos em partículas cada vez menores, apto para ser deglutido. Todavia, de acordo com Molina (1989), ela também é responsável por promover a ação bacteriana sobre os alimentos, estimular o desenvolvimento dos ossos maxilares, manter os arcos dentais, estabilizar a oclusão e pelo equilíbrio muscular e funcional.

Observa–se dos cinco aos seis meses movimentos verticais, onde a língua amassa os alimentos contra o palato. Molina (1989), descreve que os movimentos da mastigação surgem por volta do sétimo mês de vida. Nesta fase, a língua começa a lateralizar o alimento. Porém, a mastigação fica mais efetiva no início da erupção dentária (1 a 1 ano e meio) que oferece condições para introduzir novos alimentos.

Dividi–se a mastigação em três fases: incisão, trituração e pulverização. Douglas (1994), descreve com clareza estas fases. Na incisão, a mandíbula se eleva em protrusão e apreende o alimento entre as bordas incisais. Aumenta a intensidade da contração muscular elevadora da mandíbula, o que determina os movimentos oscilatórios até o alimento ser cortado. Há o posicionamento do alimento entre as superfícies oclusais de pré–molares e molares levados por movimentos coordenados da língua e bochechas.

Após o alimento ser cortado ele começa a ser triturado. É a fase em que os alimentos são transformados em partículas menores. Ocorre nos pré– molares, porque a pressão intercuspidiana é mais intensa nessa região do que nos molares.

Na pulverização, ocorre a moenda das partículas pequenas transformando-as em elementos reduzidos.

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O autor acrescenta que durante a incisão e trituração, ocorre reflexamente a ação da saliva que ajuda na mastigação e formação do bolo alimentar. Nesta fase, a atividade muscular também é intensa, especialmente a dos movimentos verticais da mandíbula; abertura e fechamento da boca. Na pulverização, além dos movimentos verticais serem importantes, os movimentos horizontais, laterais, de protrusão e retrusão também são. Enquanto a sucção é um reflexo inato, a mastigação é um ato adquirido, podendo ser considerado sob alguns aspectos “condicionado”.

3.3 - DEGLUTIÇÃO

Após o bebê sugar o leite ocorrerá a deglutição, que pode acontecer após uma, duas ou três sucções. Douglas (1994), explica que, na deglutição, a mandíbula é mantida em posição estabilizada por contração concomitante dos músculos supra–hióideos, linguais e faciais. A língua fica entre os rebordos gengivais e em estreita relação com os lábios. Quando se acumula leite, a língua, então, começa a deslocar–se, de frente para trás, em movimentos ondulatórios, conduzindo o alimento até o espaço oro–faríngeo, realizando a deglutição.

A deglutição é a primeira função a manifestar–se no feto, iniciando–se no segundo trimestre de vida intra–uterina. Segundo Proença (1994), o bebê começa a deglutir melhor a partir do primeiro mês de vida, regurgitando menos. Tanigute (1998), complementa dizendo que a deglutição inicia-se com um padrão infantil e amadurece com a mudança das consistências alimentares

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líquido, pastoso e sólido. Esta mudança propicia o desenvolvimento das estruturas estomatognáticas, favorecendo uma deglutição madura.

O último processo a adquirir a forma adulta é a deglutição. Proença (1994), explica que isto ocorre, pois enquanto as estruturas ósseas estiverem em crescimento e a dentição permanente não estiver instalada, a língua não poderá adquirir postura e movimentação amadurecida.

Podemos observar que, aos dois anos e meio, a deglutição ocorre com a língua nos limites das arcadas dentárias, com os tecidos moles mais ajustados e com os lábios vedados.

A deglutição tem como função principal: “transportar o alimento da boca para o estômago”. De acordo com, Marchesan (1993), a deglutição funciona também como mecanismo protetor das vias aéreas e digestiva. Através da deglutição pode–se aspirar partículas que tenham entrado na laringe ou vias aéreas superiores, e que pelo reflexo da tosse retornaram à faringe. Além disso, através da deglutição podemos remover partículas da nasofaringe ou retornar para o estômago material digestivo que voltou para o esôfago ou a faringe.

Pode–se definir a deglutição como o “ato de engolir”, ou seja, o transporte do bolo alimentar ou líquidos da cavidade oral até o estômago. A deglutição ocorre em três fases sucessivas: oral, faríngea e esofágica (figura 8). As fases da deglutição são descritas por Marchesan (1993). A fase oral inclui a mordida e a mastigação que transforma o alimentos num bolo homogêneo. Este bolo alimentar é deslocado para um canal transversal no dorso da língua, os lábios se aproximam e os músculos elevadores da mandíbula (masseter, temporal e pterigóideo medial) se contraem. A língua se

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eleva e encosta sua ponta na papila retroincisiva e a face palatina dos incisivos superiores. Ocorre neste momento, a contração do músculo milo–hióideo, e esta faz com que a parte anterior da língua pressione o palato duro e a base se deprima, deslocando o bolo alimentar para trás através dos movimentos ondulatórios da língua de frente para trás. A pressão exercida pelo bolo alimentar nos pilares anteriores da faringe, na base da língua e palato mole geram impulsos nervosos e disparam o reflexo da deglutição (figura 9).

A fase faringo–laríngea é um estágio involuntário. Douglas (1994), escreve que neste instante os músculos supra–hióideos, faríngeos e linguais se contraem. O caminho do ar é fechado, a glote, para prevenir a aspiração interrompendo a respiração. A válvula do esôfago abre–se para receber o bolo. Ocorre a elevação do palato mole e a úvula, fechando a nasofaringe para evitar o reflexo nasal. A musculatura de faringe se contrai e conduz o bolo alimentar até o esôfago.

A fase esofágica ocorre, quando o bolo alimentar passa para o esôfago. O músculo milohióideo relaxa–se e o osso hióideo desce. A laringe volta a sua posição original, abre–se a glote, o véu do palato desce, a língua retorna a sua posição de repouso e a mandíbula volta a sua posição postural. Neste momento, reinicia–se a respiração normal que foi interrompida durante um segundo ou menos, na fase faringo–laríngea. Através de movimentos peristálticos reflexos, o bolo alimentar é conduzido para o estômago.

Para que a deglutição ocorra de maneira normal é necessário um equilíbrio entre todos os elementos que participam desse processo . Interlandi (1996), cita: músculos periorais, músculos mastigadores e músculos da língua.

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O ato de deglutir já está presente desde a vida fetal, e se processa de diferentes maneiras antes e após o aparecimento dos dentes.

3.4 - DESENVOLVIMENTO DA OCLUSÃO

O desenvolvimento da oclusão e o crescimento das estruturas esqueléticas processam–se de forma complexa e independentes, porém sincronizadas, e em equilíbrio com as atividades desempenhadas pelo sistema neuromuscular. O padrão dentofacial parece ter uma determinação morfogenética, sofrendo interferências dos fatores ambientais. Assim, o padrão dentofacial adulto é uma combinação de determinação genética lapidada pelo ambiente. Dentre os fatores ambientais ganham importância aqueles relacionados com as funções desenvolvidas pelo sistema estomatognático, a saber: “postura, respiração, deglutição, sucção e fala”. Quando estas funções usam a musculatura de forma adequada, elas contribuem para preservar um equilíbrio morfológico.

A boa morfologia dos arcos dentários garante uma relação harmoniosa de intercuspidação com o arco dentário inferior totalmente incluído no superior.

Desde os primeiros períodos de crescimento do embrião existe íntima relação entre os ossos nos quais estão inseridos os músculos. Enlow (1982), refere à medida que crescem os ossos, os músculos devem mudar seu tamanho. Portanto, existe uma relação entre o crescimento total de qualquer osso e os músculos nele inserido, sendo que o ajuste entre o músculo e o osso são partes normais do crescimento e desenvolvimento.

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Durante o crescimento, os músculos devem migrar para ocupar posições diferentes. À medida que, o esqueleto cresce há um constante ajuste de relação entre o músculo e esqueleto.

Durante toda a fase embrionária, o desenvolvimento da língua é “desproporcionalmente maior que o desenvolvimento da mandíbula”. O maxilar inferior encontra–se retroposicionado em relação ao superior mesmo ao nascimento, fazendo com que a língua repouse entre os rebordos gengivais. Para Subtelny (1975), esta posição é um estímulo para a sucção, função na qual a língua participa ativamente.

Com o crescimento das estruturas adjacentes, a língua assume uma posição diferente em relação ao espaço intermaxilar e Proffit (1973), observou que há uma diminuição da pressão da língua contra o palato com o crescimento das arcadas.

Os dentes decíduos anteriores, especialmente, o incisivo lateral, freqüentemente aparecem apinhados e fora do alinhamento dentro da arcada dentária antes do nascimento, mas geralmente irrompem em bom alinhamento. Moyers (1991), escreve que a soma dos diâmetros mesiodistais de cinco germes dentais decíduos, em cada quadrante maxilar aumenta até mais ou menos (vinte e três semanas), quando ultrapassa a extensão do alinhamento do arco dental. O espaçamento interdental é relativamente constante durante este período. A maioria dos germes dentários mostra um aumento significativo no tamanho da coroa mesiodistal nas fases de crescimento linear de (11 a 14) e de (20 a 26) semanas.

Dentro do arco anterior existe só um pequeno aumento no espaçamento interdental, em ambas as maxilas, o espaço do arco posterior mostra

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decréscimo durante este período. Vemos que, enquanto as maxilas estão aumentando no total do tamanho, os tecidos dos arcos interdentais não acompanham os desenvolvimentos no tamanho do dente posterior. O autor acrescenta dizendo que o arco dental humano pós–natal é, geralmente, descrito por uma curva catenária. Scott (1960), registrou que o padrão catenário também vigora, tanto para a lâmina dental embrionária, como para a disposição dos germes dentários.

O arco dental pré–natal muda progressivamente de formato, de (6 a 8 semanas), ele é achatado, ântero-posteriormente, sem curva catenária. Segundo Scott (1960), no estágio capsular dos germes dentários, o segmento do arco dental alarga e se aproxima da curva catenária pelo ínicio do quarto mês. Uma fissura bilateral do lábio e do palato impede este desenvolvimento, mas com a correção cirúrgica da fissura e o contínuo crescimento facial, o arco dental superior pode prosseguir até a forma catenária desejada. O autor, acrescenta que o curso geral da mudança da forma do arco dos (3 aos 6 meses) de desenvolvimento pré–natal ocorre com a inclinação lingual dos incisivos laterais decíduos e o aumento do espaçamento dental na região molar.

Ao nascimento, os processos alveolares estão cobertos pelos abaulamentos gengivais, que logo se segmentam para indicar os locais de desenvolvimento dos dentes (figura 10). Moyers (1979), explica que nesta fase as gengivas são firmes, como em uma boca desdentada. O arco superior tem a forma de uma ferradura, e os abaulamentos gengivais tendem a ser estender , lingual e vestibularmente, mais que o arco inferior. Na região anterior, os abaulamentos gengivais, geralmente, estão separados, ao passo que na região

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posterior eles se tocam embora ainda não tenha sido estabelecida nenhuma relação maxilar. A forma básica dos arcos é determinada pelo menos até o quarto mês de vida intra–uterina, pelos germes dentários em desenvolvimento e pelo osso basal em crescimento, e a língua se adapta ao espaço reservado para ela.

O autor acrescenta que quando os dentes já irromperam e os músculos estão em atividades, o arco formado pelas coroas dos dentes é quase sempre alterado pelas atividades musculares, embora sua forma original não seja determinada pelos músculos.

A dentição decídua desenvolve–se totalmente à parte de outros processos morfológicos. Moyers (1979), refere-se que há pouca relação entre o desenvolvimento dos dentes decíduos e a maturação esquelética.

A articulação dentária inicia–se com a erupção dos incisivos na região anterior. À medida que surgem outros dentes novos, os músculos aprendem a efetuar os movimentos oclusais funcionais necessários.

Com relação ao desenvolvimento da oclusão decídua. Moyers (1979), descreve que a regulação neuromuscular da relação é importante para o desenvolvimento da oclusão decídua. A articulação dentária ocorre seqüencialmente, iniciando–se com a erupção dos incisivos na região anterior.

Na dentição decídua, há menos variabilidade nas relações oclusais do que na permanente. Moyers (1991), justifica que este fato ocorre devido à oclusão decídua está sendo estabelecida durante períodos mais lábeis de adaptação de desenvolvimento. Neste período, os dentes são guiados às posições oclusais pela matriz funcional dos músculos durante cada crescimento ativo do esqueleto facial.

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Quando os dentes decíduos são formados, o processo alveolar se desenvolve verticalmente e o espaço intermaxilar anterior está perdido na maioria das crianças.

A maioria dos arcos decíduos são ovóides e apresentam menos variabilidade em sua conformação que os permanentes. Moyers (1979), complementa que há uma separação interdentária generalizada na região anterior a qual não aumenta muito após a dentição decídua estar completa. Ocorre sim, uma diminuição do espaço interdentário total entre os dentes comuns a todas as dentições decíduas, alguns espaços mais amplos são encontrados mesiais aos caninos superiores e distais aos caninos inferiores chamados espaços primatas, uma vez que são articularmente proeminentes nas dentaduras de certos primatas inferiores.

Ao nascimento, os arcos decíduos, geralmente, são largos o suficientes para acomodar os insicivos decíduos. Moyers (1979), refere-se que a parte anterior dos arcos dentários aumenta ligeiramente até (12 meses) e muda muito pouco daí em diante, embora os aumentos sejam um pouco maiores na mandíbula do que na maxila. Os diâmetros posteriores aumentam mais nitidamente que os da parte da frente dos arcos. Nos primeiros seis meses, esse processo se acelera até mesmo excede, em algumas medidas, o superior. Os aumentos dimensionais nos arcos parecem estar associados à erupção dos dentes decíduos. A extensão palatal alveolar aumenta do nascimento até os (12 meses) e permanece relativamente constante ao longo dos primeiros (2 anos).

Nos estágios iniciais do desenvolvimento, a língua parece importante na formação do arco dentário, pois a dentição decídua é moldada ao redor dela,

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mas sua função diminui com a idade, com a formação dos reflexos oclusais, e com as atividades mais maduras dos lábios depois da erupção dos incisivos e do término da época pré–infantil.

3.5 - FATORES QUE INFLUENCIAM A FORMA DAS ARCADAS DENTÁRIAS

A estabilidade oclusal resulta de todas as forças que atuam sobre os dentes. Moyers (1979), explica que cada dente está posicionado entre os grupos de músculos contráteis, os da língua de um lado, e os dos lábios; e das bochechas do outro.

A oclusão dental é estabelecida pelo padrão genético, mas Salzaman (1974), afirma que essa pode ser modificada por fatores intrínsecos e extrínsecos do ambiente durante o período pré–natal. O arranjo dos dentes é afetado pela pressão dos músculos.

Esta teoria é contraposta por Scott (1960), escreve: “a forma do arco é determinada por si mesma precocemente na vida fetal, e a forma do arco basal não se altera muito durante a vida, portanto o suporte ósseo dá estabilidade ao dentes”. Corraborando esta idéia, o autor refere–se à forma dos arcos dentários em uma criança de três anos de idade, e em um adulto não tem muita variação. É claro que há uma diferença no tamanho. Conclui–se: “a forma do arco ocupado pelos germes dos dentes, antes da erupção deles é determinada pela postura ou atividade funcional da musculatura orafacial ou mastigatória”.

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Através da colocação de sensores interdentais na região de molares e incisivos, Winders (1956), mede a força exercida pela musculatura durante a deglutição espontânea e comandada durante a fala, em indivíduos de oclusão normal. No final do teste, percebe–se que a língua exerce mais pressão contra os dentes do que a musculatura perioral durante estas atividades. O resultado do experimento deixa claro que não existe um equilíbrio entre as forças da língua e da musculatura peribucal, pois a língua exerce maior força contra os dentes. Acredita–se, que outros fatores contribuem para a estabilidade dos dentes no arco.

Uma análise feita por Scott (1960), sobre o papel dos tecidos moles determinando a oclusão tem como resultado: a forma do arco dentário é “conseqüência de vários fatores”: o fator genético, que determina o tamanho dos ossos e o tamanho dos dentes; a posição, é o padrão de erupção de cada dente individualmente e as forças exercidas pelos músculos peribucais. Os resultados mostram que o osso ao suportar os dentes é capaz de não se alterar sob a ação de pressões normais de deglutição, mastigação e fala.

A forma do arco dental é geneticamente pré–determinada. Esta afirmativa é de Hixon (1971), ao relatar: desde que os dentes tenham erupcionado, sua posição no espaço é determinada pelo crescimento da maxila e da mandínbula pelo balanço das pressões musculares da língua de um lado e da musculatura peribucal do outro, e pelos planos de inclinação dos dentes opostos.

“O relacionamento entre a forma do arco dentário e a função dos músculos permanece como um enigma”, esta frase pertence à Lear (1969). O

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autor acha que a solução entre força e resposta óssea não é realmente conhecida.

Estudos feitos em macacos mostram que a língua estimula o crescimento da maxila, quando há contato da língua com o palato. Baseando– se neste fato Fried (1971), afirma que: ”a língua é um poderoso órgão muscular dentro da cavidade oral e que tem o poder de alterar a posição dos dentes”.

A mudança na morfologia óssea causada por um problema muscular nos mostra que a língua realmente influencia o tamanho dos arcos. O autor que mais se destaca neste assunto é Harvold (1968), enfatizando: “a língua e os músculos faciais são fatores que determinam o tamanho dos arcos dentários”.

A língua faz parte dos músculos intrínsecos e extrínsecos que determinam o volume e a forma das arcadas dentárias. Harvold (1968), complementa esta idéia dizendo que a língua age como fator primário no desenvolvimento e na forma dos maxilares, tendo uma atividade reguladora e determinante na forma final dos arcos dentários.

Argumentando a tese de que a língua tem uma atividade reguladora, Broekman (1965), aponta esse fator como um dos mais importantes na determinação da forma da mandíbula e da posição dos dentes, sendo este, um fator primário no desenvolvimento e no processo de remodelação do crescimento e função.

Logo que os incisivos centrais decíduos são esfoliados, a erupção posterior e a atividade da língua movimentam os incisivos permanentes para labial até sua posição equilibrada normal, entre a matriz funcional externa, o lábio e a musculatura facial, explica Moyers (1979).

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O dente se posiciona entre dois grupos musculares ativos: a língua por um lado, e os músculos, das bochechas por outro. Ferraz (1982), enfatiza dizendo que a força da língua é: ”maior que a pressão oposta dos lábios e bochechas”. Concordando com a afirmativa de Ferraz, Jacobs (1969), diz que a teoria: “a ação da língua é mais importante do que os lábios e bochechas, e estas forças podem não ser iguais”, foi confirmada na observação clínica em pacientes com paralisia facial congênita completa ou parcial, aglossia ou macroglossia. Estes casos são indicativos de que a falta da atividade do lábio associada com a paralisia facial não afeta a configuração das estruturas dentoalveolares, enquanto que a língua é um fator que influencia extremamente a posição dos dentes. Salzmann (1974), complementa dizendo que o tamanho e a posição habitual da língua são especialmente importantes na determinação da oclusão normal, porque os músculos pressionam o arranjo dos arcos dentários.

As modificações que ocorrem nas arcadas dentárias após a adolescência foram analisadas por Bouvet (1984). Ele observou, que nessa fase, ocorrem modificações nas funções de deglutição e fala, devido a mudança do tônus muscular. O aumento da pressão dos lábios e a diminuição (= subtração) do apoio da língua contra os dentes, diminuem o comprimento das arcadas.

A língua é uma das estruturas mais desenvolvidas do esplâneo – crânio na época do nascimento, e Padovan (1996), acrescenta que o ser humano usa a boca para diferentes funções, dentre elas: a função morfogenética que diz respeito a forma das arcadas dentárias.

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Concordando com o enfoque acima, Douglas (1994), diz que a forma do arco dentário é devida ao suporte estabilizador ósseo dependente do equilíbrio das forças musculares que agem sobre o dente.

A língua exerce um papel preponderante no estabelecimento da oclusão dentária Ferraz (1984), explica que o equilíbrio é feito à custa dos próprios dentes que se amparam mutualmente, das bochechas e dos lábios; pelo lado vestibular e da língua, pelo lado palatino ou lingual. Padovan (1996), corrobora com a idéia e acrescenta para que a oclusão normal ocorra é necessário que haja uma perfeita harmonia e equilíbrio dessas duas forças musculares antagônicas.

A força muscular perioral e lingual contrabalanceada mantêm o normal posicionamento dos dentes sobre o osso basal e Padovan (1996), considera que a ação modeladora desses músculos é exercida tanto em repouso, quanto em função. A autora preconiza a educação mioterápica nas pressões atípicas da língua, acredita que as funções exercidas pela língua, quando adequadamente desenvolvidas, vão influenciar beneficamente na definição, da forma e do contorno das arcadas dentárias. Nesta linha de pensamento, Ferraz (1984), afirma que a língua é um “órgão sensorial”, por excelência, sendo elemento essencial nas funções de mastigação, deglutição e fonação. Proença (1994), complementa relatando que no primeiro ano de vida, já se observa um padrão amadurecido de postura da língua, que influencia nos sons da fala.

A língua é composta por fibras musculares orientadas em três diferentes direções. De acordo com, Ferraz (1984), isto a torna uma estrutura móvel capaz de realizar diversos movimentos, os quais incluem mudança de forma e posição. Ferreira (1996), acrescenta dizendo que através do arranjo de seus

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músculos, a língua pode adotar uma infinidade de posições alterando a capacidade do cavo bucal, modificando–lhe a forma e variando a quantidade de ar emitido durante a produção do som laríngico.

A complexidade de organização das fibras musculares da língua e as várias direções que elas correm, segundo Gray (1988), permitem a este órgão assumir as posições necessárias para a emissão de diferentes consoantes.

O padrão respiratório, a postura da língua e a posição dos dentes foram comparados por, Lieberman (1985). Através dos resultados, ele escreveu que os respiradores bucais, por terem a língua sempre abaixada, para manter a via área, perdem o efeito modelante que esse órgão tem sobre o maxilar superior (figura 11)

Dado o exposto, considera-se a língua é um poderoso órgão dentro da cavidade bucal, com uma função benéfica no desenvolvimento dos arcos dentários.

4 -

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se a língua como órgão importante no mecanismo da fala assim também, a estrutura fisiológica é de grande relevância.

Para o perfeito funcionamento da língua, há diversas funções que contribuem para o benefício da língua como: respiração, sucção, mastigação e deglutição.

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Através dos conhecimentos de diversos autores, colocando suas práticas e apresentadas neste trabalho, identificamos a preocupação por parte dos mesmos quanto à funcionalidade, os variados processos estruturais que compõem a língua.

Quanto ao desenvolvimento da oclusão, este processa-se de forma complexa e independente desempenhado pelo sistema neuro-muscular.

É importante considerar, que no nascimento da criança os arcos decíduos são largos e comportam de forma satisfatória os incisivos decíduos. Dessa forma, resultam na estabilidade de todas as forças que atuam sobre os dentes. Também sabe-se que vários fatores contribuem para a forma do arco dentário, sejam eles genéticos, posição e forças externas.

Portanto, estudos realizados mostram que a língua estimula o crescimento dos arcos dentários. Pois, a língua faz parte dos músculos intrínsecos e extrínsecos. Assim, a língua age como fator primário no desenvolvimento e forma dos maxilares.

A língua é um órgão sensorial associado às funções de: mastigação, deglutição e fonação. Dessa forma, a postura da língua influencia diretamente nos sons da fala.

Enfim, as funções exercidas pela língua, quando adequadamente desenvolvidas, vão influenciar beneficamente na definição da forma e do contorno das arcadas dentárias nos estágios iniciais do desenvolvimento.

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