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TÍTULO: SÍNDROME DE BURNOUT EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE. SUBÁREA: Biomedicina

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Realização: Apoio: TÍTULO: SÍNDROME DE BURNOUT EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

CATEGORIA: EM ANDAMENTO

ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE

SUBÁREA: Biomedicina

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - SAO CAMILO

AUTOR(ES): LEONARDO CÉSAR MORAIS MODENA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO

Curso de Biomedicina

Leonardo César Morais Modena

SÍNDROME DE BURNOUT EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

SÃO PAULO

2019

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO

Curso de Biomedicina

Leonardo César Morais Modena

SÍNDROME DE BURNOUT EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de Biomedicina do Centro Universitário São Camilo, orientado pela Profª. Drª. Leide de Almeida Praxedes, como requisito parcial para a monitoria da disciplina de Genética.

São Paulo

2019

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Resumo

A síndrome de Burnout é caracterizada por sinais e sintomas de exaustão física, psíquica e emocional gerados a partir da execução de atividades que requerem contato direto e excessivo com outras pessoas, especialmente nos casos em que as tarefas intelectuais exigem grande qualificação e decisões importantes, o que gera um peso emocional muito intenso. Nos últimos anos, tem sido crescente o número de estudantes universitários que manifestam sinais indicativos da síndrome de

Burnout.O presente estudo teve como objetivo quantificar variáveis associadas ao

estresse acadêmico e desenvolvimento da síndrome de Burnout entre estudantes universitários. Para isso, foi realizada uma pesquisa transversal, analítica, com abordagem quantitativa. Ao todo, foram consultados 160 estudantes universitários do Estado de São Paulo, os quais foram convidados, por meio de abordagem em redes sociais, a acessar um link de um formulário com questões avaliativas do nível socioeconômico e da prevalência da síndrome de Burnout. As questões abordavam três dimensões importantes na caracterização da síndrome: exaustão emocional, descrença e realização pessoal. Observou-se que 56,25% dos respondentes estavam fora da zona de risco para Burnout, pois atendiam a critérios de, no máximo, uma dessas dimensões. No entanto, 21,25% dos participantes enquadraram-se na zona limite para Burnout, pois atendiam a critérios de duas dessas três dimensões, e 21,88% atendiam a critérios de todas essas dimensões e, portanto, já manifestantes ou em vias de manifestação da síndrome. A correlação de Pearson foi elevada e positiva entre a variável “exaustão emocional”e as variáveis “estudos esgotam”, “arrasta no fim do dia”, “cansado quando me levanto para ir à faculdade” e “estudar me deixa tenso”, e negativa entre essa mesma variável e as variáveis “estimulado quando alcanço objetivo”, “acompanho as matérias” e “sensação de ser bom aluno”. Um planejamento educacional que levasse em conta esses resultados poderia contribuir para a redução da prevalência da síndrome de Burnout entre estudantes universitários.

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1- Introdução

Em média, 90% da população mundial é afetada pelo estresse. No Brasil, 30% da população economicamente ativa já atingiu algum estado de estresse causado por pressão excessiva, ultrapassando a porcentagem nos Estados Unidos (20%) e ficando atrás somente do Japão, que apresenta uma porcentagem de 70% (SANTOS, 2017).

O estresse desencadeia principalmente a depressão, que é a principal causa de problemas de saúde e incapacidade em todo o mundo. De acordo com as últimas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) mais de 300 milhões de pessoas vivem com depressão, e houve um aumento de mais de 18% entre 2005 e 2015.

O estresse é uma reação do organismo decorrente de alterações psicofisiológicas, determinada por fatores intrínsecos e extrínsecos, ou seja, possui padrão de herança multifatorial, onde os fatores intrínsecos estão relacionados a alterações direta no DNA ou na sua expressão, fatores epigenéticos. A causa ambiental do estresse pode estar ligada a múltiplos fatores, que recebem o nome de estressores. A maneira como os agentes estressores atuarão em cada indivíduo vai ser determinada pelas características internas e/ou externas específicas de cada um (SILVA, 2017).

O estresse pode ser classificado em quatro fases: alarme, resistência, quase exaustão e exaustão. A primeira fase é uma resposta natural do organismo a momentos que exigem mais atenção e cuidado da pessoa. Há uma descarga de adrenalina e aumento da circulação sanguínea, que volta ao normal assim que a situação fica mais calma. Na fase de resistência, manifestam-se sintomas de desgaste e cansaço, além da redução do sistema imunológico, favorecendo a instalação de doenças oportunistas, como a gripe. A terceira fase, de quase exaustão, é caracterizada por oscilações de humor e predisposição a doenças crônicas, como a diabetes e a hipertensão. Por fim, a fase de exaustão é a fase patológica do estresse, onde há perda da homeostase no organismo, podendo desenvolver doenças psíquicas, como a depressão e a Síndrome de Burnout (CHAVES et al., 2016).

A síndrome de Burnout foi inicialmente definida por Brandley, em 1969, como fenômeno psicológico que acomete trabalhadores assistenciais (MACHADO, 2011).

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Em 1974, o psicólogo Herbert Freudenberger redefiniu como a perda de motivação e comprometimento, acompanhados de sintomatologias psíquicas e físicas, como a perda de energia e a presença de fadiga (FREUDENBERGER, RICHELSON, 1980). A partir desta data, vários outros pesquisadores definiram a síndrome como um esgotamento e reação à tensão emocional crônica. Portanto, síndrome de Burnout é caracterizada por sinais e sintomas de exaustão física, psíquica e emocional, gerada a partir do contato direto e excessivo com outras pessoas, e ocorrem quando as tarefas intelectuais exigem grande qualificação e decisões importantes tendo um peso emocional muito intenso (BORGES et al., 2006).

A síndrome de Burnout em estudantes universitários, segundo Carlotto et al. (2006), é definida por três dimensões:

● Exaustão emocional, caracterizada pelo sentimento de estar constantemente esgotado em virtude das exigências do estudo;

● Descrença, entendida como o desenvolvimento de uma atitude de cinismo (também denominada por Maslach e Jackson em 1996 de “desumanização”), e distanciamento com relação ao estudo e aos colegas;

● Ineficácia profissional, caracterizada pela percepção de estarem sendo incompetentes nos estudos.

Benbow (1998) salienta que a Síndrome de Burnout costuma estar acompanhada, além destas três dimensões, de uma série de sintomas, entre eles: sentimentos de indefesa e desesperança, carência de entusiasmo nos estudos e na vida em geral, desilusão, autoconceito negativo, atitudes negativas frente ao estudo e aos companheiros, dentre outros. Maslach e Jackson (1981) definem a síndrome como multifatorial, portanto, não possui uma causa definida, existindo múltiplos fatores que facilitam o surgimento da patologia.

Diversos contextos são favoráveis ao surgimento da Síndrome de Burnout, como, por exemplo, o mundo acadêmico. Atualmente, é indiscutível que estudantes universitários convivem com uma constante pressão psicológica, parte pelas atuais exigências acadêmicas e parte pelas exigências que os universitários impõem a eles próprios, o que tem elevado a incidência da síndrome. Isso gera muita preocupação em profissionais de diversas áreas, já que afeta a vida pessoal, acadêmica e a futura vida profissional dos indivíduos (MOTA et al., 2017).

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O aumento no número de casos da síndrome em universitários resultou em um grande volume de pesquisas realizadas, com o intuito de investigar os fatores associados ao desencadeamento desta. Christofolettiet al. (2007) destaca as cargas horárias elevadas e estressantes, às quais os estudantes são submetidos em sua formação, que, associadas à trabalhos acadêmicos e preocupações com estágios curriculares, resultam em sinais de exaustão física e emocional (CARLOTTO, 2006). Em sua revisão, Mota et al. (2017) concluíram que a exposição prolongada ao estresse crônico provoca o surgimento de Burnout em estudantes universitários. Outros trabalhos associam o Burnout a variáveis como eficácia (BRESÓ et al., 2010; CAPRI et al., 2012; RIGG et al., 2013; YANG, FARN, 2005), traços de personalidade (MORGAN, BRUIN, 2010; GAN, CHAM, 2007) e suporte social (ALARCON et al., 2011).

Maroco et al. (2012), ao analisarem níveis de Burnout em estudantes de diversas áreas do ensino superior, concluíram que 15% dos estudantes apresentavam níveis moderados a elevados. Metade apresentou um nível baixo de eficácia profissional, o que poderia levá-los a desistir do curso. Além disso, Cushman e West (2006), após um estudo com 354 estudantes universitários, observaram que 67% declararam ter vivenciado esta síndrome na universidade, sendo que metade destes atribuiu o desenvolvimento da síndrome à sobrecarga de tarefas acadêmicas, seguido por influências externas, como questões familiares, financeiras e dificuldade de gerenciamento do tempo. A síndrome de Burnout pode ter como consequências a diminuição do desempenho acadêmico, prejuízos na memória, redução da autoestima e aumento da evasão de curso (MORGAN et al., 2014).

Segundo Oliveira et al. (2008), os estudantes da área da saúde são submetidos a uma série de estressores típicos de quem atua diretamente com pessoas. Ainda nesse âmbito, Nogueira-Martins (2002) observaram que os maiores receios dos estudantes das áreas da saúde são os que dizem respeito a cometer algum erro, prejudicar o paciente, e não serem reconhecidos por parte dos colegas e professores. A este processo soma-se ainda as possíveis dificuldades do estudante em trocar informações e conhecimentos com pares, professores e supervisores, levando-o a ocultar ansiedades e incertezas através de atitudes defensivas, podendo culminar numa permanente dificuldade de relacionar-se com os pacientes (TAHKA, 1988).

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Além desses fatores estressores citados, pode-se dissertar sobre a grande competitividade do mercado de trabalho. O grande contingente de profissionais formados semestralmente e a especificidade das profissões acaba saturando o mercado, sendo este mais um motivo de preocupação para os estudantes, forçando-os a procurarem uma maior quantidade de capacitações e atividades extracurriculares para enriquecer o currículo, e assim, se destacarem no ramo. Sabendo disso, Balogun et al. (1995) mencionam que o ambiente competitivo encontrado entre alunos, professores e outros profissionais, no âmbito da atividade educacional, é que são geradores de conflitos entre os mesmos, conflitos estes que podem levar ao estresse e à exaustão emocional. Essas são algumas das possíveis explicações para a prevalência da Síndrome de Burnout ser mais elevada em estudantes da área da saúde (MOTA et al., 2017).

2- Objetivos Gerais

O objetivo deste estudo foi avaliar o quanto o estresse acadêmico está influenciando na vida do aluno universitário, e se há a presença de indícios da Síndrome de Burnout.

3. Materiais e Métodos

Foi realizada uma pesquisa transversal, analítica, com abordagem quantitativa. Entrevistou-se 160 estudantes universitários do Estado de São Paulo, devidamente matriculados em cursos universitários e que demonstraram interesse em participar da pesquisa, concordando com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

As informações foram obtidas através do preenchimento voluntário de dois questionários adaptado, sendo disponibilizados em forma de link nas redes sociais, para mensurar:

a) o nível socioeconômico

b) a prevalência da Síndrome de Burnout, com a aplicação do questionário Maslach

Burnout Inventory – Students Survey (MBI-SS).

O questionário mais utilizado para avaliar a síndrome de Burnout é o MBI –

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Jackson em 1978, independentemente das características ocupacionais da amostra e de sua origem. Este questionário foi adaptado para a língua portuguesa e padronizado para este tipo de estudo. Sendo um instrumento de auto-avaliação e auto-explicativo. Em nenhum momento o nome dos alunos e o nome da instituição em que estudam foi requerido nos questionários, impedindo a identificação e inibindo, com isso, qualquer tipo de prejuízos a esses alunos e à instituição. A pontuação dos escores, obtidos de acordo com os questionários, foi analisada quanto às suas frequências absolutas e relativas com o auxílio do programa STATISTICA (Stat Soft Inc.). Através das informações dadas pelos entrevistados e comparadas com os escores, identificou-se quais os alunos tinham indícios ou se enquadravam no quadro de Burnout. Em nenhum momento foi feito diagnóstico dos entrevistados, logo foi dispensável a intervenção de um psicólogo e/ou psiquiatra na participação deste projeto. Os escores não foram entregues aos entrevistados para evitar qualquer possibilidade de influência negativa.

Quanto ao MBI-SS, utilizado para estudantes, o instrumento mediu três dimensões: Exaustão Emocional, Descrença e Eficácia Profissional. A escala MBI-SS é composta por 15 itens, com respostas de 0 (nunca) a 6 (todos os dias). A escala foi aplicada e validada para uma amostra de estudantes brasileiros (MAROCO et al., 2012). O MBI-SS foi especialmente desenvolvido para mensurar a Síndrome de Burnout em estudantes. Assim, as questões se referem a aspectos pessoais e acadêmicos que podem se constituir em sintomas de estresse crônico, decorrentes das vivências dos estudantes. Na sua versão original, a MBI-SS permite calcular, pela soma dos três itens, os scores de Exaustão, Descrença e Eficácia. Há a presença da síndrome de Burnout em um indivíduo, relativamente ao seu grupo, se simultaneamente se encontrar acima do percentil 66 os escores de Exaustão e Descrença, e abaixo do percentil 33 os escores de Realização ou Eficácia Profissional (MAROCO, TECEDEIRO, 2009; SCHAUFELI et al., 2002).

O coeficiente de correlação de Pearson também foi calculado para verificar a existência de possíveis correlações entre alguns dos parâmetros analisados.

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4. Resultados

Foram entrevistadas 160 pessoas de diferentes universidades sendo 77,6% do sexo feminino e 22,4% do sexo masculino. Quanto aos fatores socioeconômicos obteve-se que: 16,1% estudam em universidades públicas e 83,9% estudam em universidades particulares, e 21,7% destes recebem ou receberam algum tipo de bolsa de estudos ou financiamento para custear as mensalidades do curso. Todos os participantes afirmaram que os fatores e/ou épocas que se sentem mais estressados são períodos de provas, entregas de trabalhos principalmente no final do semestre.

A escala aplicada para a mensuração das respostas fornecidas pelos alunos e as frequências destas de acordo com os parâmetros analisados estão demonstrados nos quadros 1 e 2 respectivamente.

Quadro 1. Escala aplicada na mensuração das respostas emitidas pelos participantes. Nunca Quase Nunca Algumas vezes Regularmente Bastantes vezes Quase sempre Sempre Nenhuma vez Poucas vezes por ano

Uma vez por mês

Poucas vezes por mês

Uma vez por mês

Uma vez por semana

Todos os dias

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Quadro 2. Porcentagens de respostas obtidas na mensuração dos parâmetros analisados de acordo com a escala adotada.

Escala 0 1 2 3 4 5 6 Emocionalmente exausto 0,6% 5 % 12,4% 16,1% 19,3% 34,8 11,8% Arrasta no final da faculdade 1,8% 8,7% 16,8% 16,1% 14,3% 31,1% 11,2% Cansado quando me levanto para a faculdade

6,8% 11,8% 11,8% 11,2% 14,3% 21,7% 22,4%

Estudar me deixa tenso 15,5% 23,6% 15,5% 14,3% 10,6% 16,8% 3,7%

Esgotado com os estudos

3,1% 14,9% 18,6% 14,9% 13,7% 21,7% 13%

Desinteresse pelo curso 27,3% 27,3% 17,4% 9,9% 8,1% 5,6% 4,3%

Sem entusiasmo 14,3% 19,9% 20,5% 14,3% 10,6% 13% 7,5%

Cínico quanto aos estudos

18% 22,4% 18% 16,8% 8,1% 10,6% 6,2

Dúvida sobre o

significado dos estudos

24,8% 28% 13,7% 18% 4,3% 5,6% 5,6% Consigo resolver os problemas 1,9% 9,9% 21,7% 22,4% 20,5% 19,9% 3,7% Participação na aula 4,3% 12,4% 15,5% 15,5% 9,3% 21,7% 20,5% Bom aluno 3,1% 10,6% 10,6% 19,3% 16,8% 21,7% 17,4% Estimulado quando alcanço objetivos 0,6% 1,2% 5% 9,3% 19,3% 24,2% 40,4% Aprender matérias interessantes 1,2% 3,1% 8,1% 8,1% 10,6% 32,9% 36% Acompanhar as matérias 1,8% 8,7% 11,8% 15,5% 23% 29,8% 9,3%

Mais de 50% dos respondentes realizam acompanhamento com psicólogo e/ou psiquiatra, sendo os que não realizam acompanhamento alegaram não fazê-lo por conta de questões financeiras. Além disso, constatou-se que 87,6% dos respondentes possuem algum parente com comprometimento causado direta ou indiretamente pelo estresse e 12,4% não possuem ou não souberam responder.

Obteve-se, com a pesquisa, que 65,9% dos estudantes sentem-se frequentemente exaustos com os estudos, ressaltando-se que, no grupo estudado, 11,2% dos respondentes afirmaram que se sentem arrastando no final de um dia de faculdade todos os dias, 31,1% afirmam ter essa sensação frequentemente (uma vez por semana ou mais) e 14,3% afirmaram ter essa sensação três vezes por mês. Outro resultado obtido, e talvez esse seja um dos mais alarmantes indica que 44% dos alunos já se sentiram cansados ao acordar e pensar em ir para faculdade. Apesar destes números alarmantes, grande parte dos alunos não perderam interesse em seus cursos.

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Foi possível notar que os estudantes entrevistados se sentem pouco entusiasmados com os estudos com frequências muito baixas, mas a maioria apresenta sentimentos cínicos em relação à utilidade potencial dos estudos, sendo que mais de 50% dos alunos não possuem dúvidas sobre o significado de seus estudos.

No escore de eficácia profissional, foram obtidos resultados muito positivos, também. Pode-se notar que a grande maioria dos entrevistados sente que consegue resolver os problemas que resultam dos estudos: 21,7% algumas vezes; 22,4% regularmente; 20,5% bastantes vezes e 19,9% frequentemente.

A maioria dos alunos sente que consegue participar de forma ativa nas aulas; 21,7% acreditam que o conseguem frequentemente e 20,5% acreditam que conseguem participar sempre. Observou-se que 75,2% dos estudantes se sentem bons alunos.

Além disso, 40,4% dos estudantes sempre se sentem estimulados ao alcançarem seus objetivos escolares, 19,3% sentem-se bastantes vezes e 24,2% sentem-se assim frequentemente. Relacionando-se a isso, 36% dos respondentes assinalaram que sempre aprendem matérias interessantes durante seu curso e 32,9% assinalaram que aprendem frequentemente.

Ademais, 77,6% dos entrevistados sentem que conseguem acompanhar as matérias de forma eficaz. Destes, 9,3% têm sempre essa sensação, 29,8% frequentemente, 23% bastante vezes e 15,5% regularmente.

Para a análise estatística das três dimensões de Burnout, convencionou-se que as pessoas com chances aumentadas de desenvolverem a síndrome apresentam em seus resultados uma média individual das dimensões de Exaustão Emocional e Descrença maiores do que a média geral da amostra para as mesmas dimensões, mas devem apresentar a média individual da dimensão de Realização Pessoal menor do que a média geral da amostra. Além disso, também foi convencionado que os respondentes que se enquadravam em somente dois desses três padrões encontravam-se em uma zona limite para Burnout, e aqueles que se enquadravam em somente um desses padrões não estão em nenhuma zona de risco para Burnout, sendo, então, considerados saudáveis.

Neste estudo, 21,25% dos participantes estão no padrão de limite, ou seja, eram respondentes que possuíam duas médias individuais enquadradas nos padrões de Burnout, e 21,88% dos respondentes apresentam médias que se

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enquadraram em todos os padrões. Entretanto, 56,25% dos respondentes estão enquadrados no padrão de nenhum ou em somente um dos parâmetros da síndrome. Uma das possíveis explicações é o fato de grande parte dos respondentes cursarem o primeiro semestre de seus respectivos cursos, e também o fato de a pesquisa ter sido aplicada nos primeiros meses de aula, considerando que estes alunos ainda não haviam sido expostos a muitos fatores estressores resultantes dos estudos. Mas mesmo assim, levando-se em consideração que quase 100% dos respondentes não realizam nenhum tipo de atividade profissional, ou seja, apenas estão na faculdade, os resultados obtidos podem ser considerados preocupantes.

Ao se calcular o coeficiente de correlação de Pearson, registrou-se que a variável “Arrasta no final do dia” e “Cansado quando me levanto” possuem uma correlação de 0,641, e isso demonstra que o fato de os alunos se sentirem muito cansados no final de um dia de aula influencia no fato de se sentirem cansados ao levantarem pela manhã e pensarem que terão que enfrentar outro dia de faculdade, e isso, a longo prazo, pode ser um fator que pode influenciar na exaustão emocional desses estudantes.

Outra variável que se relaciona com “Arrasta no final do dia” é “Estudos esgotam”, representando que o excesso de estudo deixa os alunos excessivamente cansados no final de um dia de aula. Ademais, a variável de “Estudar me deixa tenso” apresenta uma correlação de 0,596 com “Cansado quando me levanto”. Uma possível interpretação para isso seria que os alunos, ao se sentirem tensos durante as aulas, também se sentem cansados ao acordar e pensar que devem enfrentar outro dia de aula. Em contrapartida, a variável de “Bom aluno” e “Participação na aula” possui uma correlação positiva alta de 0,654, ou seja, a participação nas aulas faz com que os universitários se sintam bons alunos e vice-versa.

5- Discussão

O estudo demonstrou que 50% dos respondentes realizam acompanhamento com psicólogo e/ou psiquiatra por conta de estresse. Além disso, 87,6% dos respondentes possuem algum parente com comprometimentos causados direta ou indiretamente pelo estresse, o que pode sugerir, mas não confirmar, a influência de fatores hereditários.

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Nesta pesquisa, foram obtidos alguns resultados preocupantes e que devem ser avaliados com mais atenção, como o número elevado de estudantes que afirmaram se sentir completamente esgotados com os estudos (60%), se arrastando no final de um dia de faculdade, e também o fato de aproximadamente 70% dos entrevistados se sentirem cansados ao pensarem nos estudos pela manhã. Estes dados são alarmantes e indicam ser fundamental a realização de estudos mais meticulosos com o intuito de inferir as causas dessa exaustão, já que pode ser um indício de desenvolvimento da Síndrome de Burnout. Esse dado também foi demonstrado por Cushman e West (2006), que, após um estudo com 354 estudantes universitários, concluíram que, aproximadamente, 67% afirmaram ter vivenciado esta síndrome na universidade, sendo que metade destes atribuiu o desenvolvimento da síndrome à sobrecarga de tarefas acadêmicas.

Entretanto, por mais que estejam estressados e esgotados, uma grande parcela dos alunos não demonstrou desinteresse pelo curso ou perda de entusiasmado, além de afirmarem ser capazes de resolver, de forma eficaz, problemas resultantes dos estudos. Também foi elevada a frequência daqueles que afirmaram sentir-se bons alunos.

Após esses resultados, verificou-se a necessidade de estabelecer uma correlação entre a exaustão emocional e as demais variáveis. O resultado encontra-se no quadro 3.

Nota-se uma elevada correlação (0,724) entre “exaustão emocional” e “estudos esgotam”, sugerindo que o esgotamento provocado pelos estudos tem papel preponderante no quadro de exaustão emocional. Como citado por Christofoletti et al. (2007), são importantes causas da síndrome de Burnout estudantil a carga horária elevada e estressante a que os estudantes são submetidos em sua formação e a execução de trabalhos acadêmicos (CARLOTTO, 2006). Essas informações são condizentes com os dados revelados pelo estudo de Tomaschewski-Barlem et al. (2013), que demonstraram a existência de três dimensões principais da síndrome de Burnout associadas às especificidades das situações vivenciadas pelos estudantes universitários: elevada carga horária das disciplinas, atividades extraclasse e atividades extracurriculares. Portanto, tais fatores muito possivelmente contam de modo direto para a sensação de que “estudos esgotam” e esta, por sua vez, correlaciona-se com o aumento da “exaustão emocional” nos estudantes.

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Outras variáveis que também se correlacionaram positivamente, embora menos intensamente, com a “exaustão emocional” dos estudantes foram: “arrasta no final do dia” (correlação de 0,580), “cansado quando me levanto para ir à faculdade” (correlação de 0,567) e “estudar me deixa tenso” (correlação de 0,554), cujas causas podem também ser explicadas pelos mesmos fatores acadêmicos citados anteriormente.

Quadro3. Valores da correlação de Pearson entre a variável “exaustão emocional” e outras variáveis analisadas no presente estudo.

Em contrapartida, foi registrada a existência de uma correlação negativa entre “exaustão emocional” e as variáveis “estimulado quando alcanço o objetivo” (correlação de -0,203), “acompanhar as matérias” (correlação de -0,186) e “bom aluno” (correlação de -0,159). Isso permite sugerir que quanto mais os universitários são estimulados a alcançarem seus objetivos, ou sentem que conseguem acompanhar de forma eficaz as matérias e se percebem como bons alunos, menor é a exaustão emocional deles. Portanto, um redirecionamento do foco do sistema educacional universitário de modo a priorizar essas variáveis contribuiria para reduzir a prevalência da síndrome de Burnout entre os estudantes.

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6- Conclusão

É possível concluir que, na universidade, existem diversos fatores estressantes para os alunos, tanto no contexto acadêmico, como excesso de tarefas acadêmicase elevadas cargas horárias, quanto no contexto social, como pressão da sociedade e/ou da família e concorrência do mercado de trabalho.Tais fatores, atuando em conjunto, de forma multifatorial, com uma eventual predisposição genética, pode levar ao desenvolvimento de psicopatologias como a síndrome de

Burnout. Isto, por sua vez, gera influência negativa no desempenho estudantil,

fazendo com que os alunos se sintam esgotados, cansados e, em casos mais avançados, desistam da vida acadêmica. A criação de mais fórmulas educacionais que promovam o estímulo ao aprendizado, o acompanhamento das matérias por parte dos estudantes e que os façam se sentir bons alunos seriam medidas mitigadoras do avanço desse quadro de exaustão entre os universitários.

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8- Referências

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Referências

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