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Vitimologia e sistema penal: a justiça restaurativa e a busca da superação da cultura punitiva

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Academic year: 2021

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GRANDE DO SUL

PAULA FERNANDA DA SILVA

VITIMOLOGIA E SISTEMA PENAL: A JUSTIÇA RESTAURATIVA E A BUSCA DA SUPERAÇÃO DA CULTURA PUNITIVA

Ijuí (RS) 2019

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PAULA FERNANDA DA SILVA

VITIMOLOGIA E SISTEMA PENAL: A JUSTIÇA RESTAURATIVA E A BUSCA DA SUPERAÇÃO DA CULTURA PUNITIVA

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS – Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientadora: MSc. Lurdes Aparecida Grossmann

Ijuí (RS) 2019

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Dedico este trabalho à minha mãe, que me incentivou e lutou ao meu lado para que esse sonho se tornasse real. Mãe, essa vitória também é sua!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por guiar meus passos e me permitir chegar até este momento da minha vida.

A minha mãe, Lurdes, por estar ao meu lado em todos os momentos da minha vida, sempre me dando apoio, acreditando em mim, inclusive quando eu mesma deixei de acreditar, me incentivando a seguir em busca dos meus objetivos.

A minha família e aos meus amigos, que me encorajaram e incentivaram ao longo da realização do presente trabalho.

A todos os professores do Curso de Direito da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ – por todo o conhecimento transmitido ao longo da minha jornada acadêmica.

A minha orientadora, Lurdes Aparecida Grossmann, por ter me aceito como orientanda, e por toda colaboração na construção deste trabalho.

Enfim, a todos que de alguma forma contribuíram para que esta jornada fosse cumprida.

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“A justiça, cega para um dos dois lados, já não é justiça. Cumpre que enxergue por igual à

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RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso faz uma análise acerca da Justiça Restaurativa, como uma alternativa ao sistema penal e processual punitivo brasileiro, trazendo uma nova visão de resolução do conflito, baseada em diálogos, inserção das partes envolvidas e responsabilidade social, com isso, buscando além da responsabilização penal, a satisfação da vítima, e a prevenção de novas infrações. Ainda, busca verificar a situação da vítima em relação ao sistema penal convencional, desde a sua exclusão do processo no sistema de justiça criminal punitivo, até o seu ressurgimento, por meio dos estudos vitimológicos, bem como o papel que assume na ação penal após o advento da Lei 9.099/95. Ademais, será analisado como a Justiça Restaurativa e as Práticas Restaurativas percebem o conflito, o papel da vítima perante esse modelo consensual de justiça e a possibilidade de sua aplicação no âmbito do sistema penal e processual brasileiro punitivo.

Palavras-Chave: Sistema penal e processual penal; Sistema Punitivo; Justiça

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This paper concludes the course on Restorative Justice, as an alternative to the Brazilian punitive criminal and procedural system, bringing a new view of conflict resolution, based on dialogues, stakeholder insertion and social responsibility. seeking beyond criminal liability, victim satisfaction, and prevention of further offenses. It also seeks to verify the situation of the victim in relation to the conventional penal system, from their exclusion from the process in the punitive criminal justice system, until their resurgence, through the victimological studies, as well as the role that they assume in the criminal action after the advent of Law 9,099 / 95. In addition, it will be analyzed how the Restorative Justice and Restorative Practices perceive the conflict, the role of the victim before this consensual model of justice and the possibility of its application within the punitive Brazilian criminal and procedural system.

Keywords: Penal system and criminal procedure; Punitive system; Restorative

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...8

1 A VITIMOLOGIA NO SISTEMA PENAL E PROCESSUAL PENAL BRASILEIRO PUNITIVO...10

1.1 Sistema penal e processual penal punitivo...12

1.2 Papel da vítima no sistema penal e processual penal punitivo...15

2 JUSTIÇA RESTAURATIVA E PRÁTICAS RESTAURATIVAS...18

2.1 O papel da vítima perante a justiça restaurativa...21

2.2 A implementação da justiça restaurativa como uma alternativa ao sistema penal e processual brasileiro punitivo...26

CONCLUSÃO...30

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho faz uma análise acerca da Justiça Restaurativa, como uma alternativa ao sistema penal e processual punitivo brasileiro, trazendo uma nova visão de resolução do conflito, baseada em diálogos, inserção das partes envolvidas e responsabilidade social, com isso, buscando além da responsabilização penal, a satisfação da vítima, e a prevenção de novas infrações. Essa análise da Justiça Restaurativa como uma alternativa ao sistema penal, torna-se necessária devida a crise que vem sendo enfrentada pelo atual sistema de justiça criminal convencional, que tem como objetivo central a penalização do agente, esquecendo-se, assim, da vítima e dos interesses desta, bem como, da função social da pena.

Para a realização deste trabalho foram efetuadas pesquisas bibliográficas e em meio eletrônico, analisando também algumas legislações que abordam o assunto do presente estudo para demonstrar a importância que o modelo consensual de justiça, proposto pela Justiça Restaurativa, tem diante do cenário atual da justiça criminal brasileira, e como este pode contribuir na busca por soluções efetivas dos conflitos apresentados ao sistema penal, sem que seja necessária ater-se somente ao viés punitivo, mas que se tenha, junto a responsabilização do ofensor, atenção aos interesses da vítima, reparação dos danos suportados por ela, e ainda, uma preocupação com o futuro das partes envolvidas no litígio.

Inicialmente, no primeiro capítulo, foi feita uma abordagem da vitimologia perante o sistema penal e processual penal brasileiro punitivo, através de um breve estudo das origens da vitimologia, desde o seu surgimento como uma resposta aos horrores da II Guerra Mundial, até a sua importância para o redescobrimento da vítima no processo penal e processual penal. Ainda, foi feita uma análise, sobre o

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9 sistema penal e processual penal punitivo, na qual foi abordada a monopolização dos conflitos por parte do Estado e a consequente alienação da vítima no âmbito da ação penal, bem como a discrepância entre a função da pena na teoria, e sua aplicação prática. Também, será abordado no primeiro capítulo, o papel da vítima no sistema penal e processual penal punitivo, desde a sua perda de protagonismo no cenário de resolução conflito com o fim da vingança privada e início da justiça publica, tendo seu lugar no processo penal ocupado pelo Estado.

No segundo capítulo foi realizada uma abordagem sobre a Justiça Restaurativa e as Práticas Restaurativas, analisando seus objetivos, a forma como esse modelo de justiça enxerga o conflito e as partes nele envolvidas, bem como, foi feita uma breve análise das formas pelas quais se aplicam as Práticas Restaurativas e como estas podem ser percebidas como uma alternativa ou complementação ao atual sistema punitivo. Outro aspecto abordado foi o papal da vítima perante a Justiça Restaurativa, que após um longo período sendo excluída da relação criminal, através da justiça restaurativa, e da edição de textos legais como a Lei 9.099/95, tem suas necessidades amparadas e seus direitos reconhecidos. Por fim, foi trabalhada a implementação da justiça restaurativa como uma alternativa ao sistema penal e processual brasileiro punitivo, visto a dificuldade encarada pelo sistema de justiça criminal em promover a administração dos conflitos de forma adequada e efetiva.

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1 A VITIMOLOGIA NO SISTEMA PENAL E PROCESSUAL PENAL BRASILEIRO PUNITIVO

Pode-se mencionar que a vitimologia surgiu como resposta “[...] macrovitimação da II Guerra Mundial [...]” (BERISTAIN, 2000, p. 83), em 1945.

No ano de 1973, em Jerusalém, realizou-se o Primeiro Simpósio Internacional sobre Vitimologia, o qual impulsiona o estudo e a atenção ao comportamento da vítima de crime, com a finalidade de se delinear perfis de vítimas em potencial, por meio de outras ciências como o Direito Penal, a Psicologia e a Psiquiatria.

Conforme leciona Antonio Beristain (2000, p. 83) a vitimologia surge oficialmente

[...] no âmbito científico e mundial, no ano de 1979, no Terceiro Simpósio Internacional de Vitimoiogia, celebrado em Münster (Alemanha), quando é fundada a Sociedade Mundial de Vitimoiogia, [...] que tem dado impulso a inúmeros livros, revistas, estudos, cursos, simpósios, congressos, etc.

A vitimologia é o ramo da criminologia que estuda a vítima de um crime, em seus diferentes aspectos. Este estudo vai além da influência da vítima no delito, buscando compreender o crime desde sua ocorrência até as consequências causadas por ele.

Conforme conceptualização de Airton Lemos e Reinaldo Andres Marques da Silva (2009, p. 186):

Vitimologia é o estudo da vítima sob todos os aspectos dentro da gênese do crime. [...] com caráter multidisciplinar e interdisciplinar, verifica a subjetividade da conduta da vítima dentro do contexto dos fatos transcorridos para o crime.

Ainda, V. Fernandes e N. Fernandes (2010, p.480) de forma sucinta, explica que a “[...] Vitimologia busca indicar o posicionamento biopsicossocial da vítima diante do drama criminal [...]”.

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11 A vitimologia tem como objetivos demonstrar a importância do papel da vítima, explicar a conduta desta, buscar medidas de assistência à vítima e a reparação do dano causado por determinado delito.

Lola Aniyar de Castro (1993, p. 83 apud LEMOS; SILVA, 2009, p. 187), criminóloga venezuelana, descreve os objetivos da vitimologia como:

1º – É o estudo da personalidade da vítima, tanto vítima de delinquente, quanto vítima de outros fatores, como consequência de suas inclinações subconscientes;

2º – O descobrimento dos elementos psíquicos do “complexo criminógeno” existente na “dupla penal”, que determina a aproximação da vítima e o criminoso, quer dizer: “o potencial de receptividade vitimal”;

3º – Análise da personalidade das vítimas sem intervenção de um terceiro. Estudo que tem maior alcance do que o feito pela criminologia, pois abrange assuntos tão diferentes, como o suicídio e os acidentes de trabalho;

4º – Estudo dos meios de identificação dos indivíduos com tendência a se tornarem vítimas; seria então possível a investigação estatística de tabelas de previsão como as que foram feitas com os delinquentes pelo casal Glueck, o que permitiria incluir os métodos psicoeducativos necessários para organizar a sua própria defesa;

5º – A importantíssima busca dos meios de tratamento curativo, a fim de prevenir a recidiva da vítima.

O Brasil, assim como diversos países da Europa e da América do Norte, seguiu a tendência mundial do estudo da vítima e dos fatores que a colocam como uma das partes em um conflito, fundando em 1984 a Sociedade Brasileira de Vitimologia, com o intuito de “estabelecer em solo pátrio um grupo de estudos voltado à consolidação dos conhecimentos multidisciplinares relacionados com a ciência da Vitimologia, bem como sua aplicação prática.” (SILVA, 2013, p. 230).

Ao tratar da vitimologia no sistema penal brasileiro, faz-se necessário evidenciar o uso da terminologia “vítima”, que diz respeito a aquele que foi lesado nas infrações penais.

O Código Penal Brasileiro não traz uma definição clara de vítima, no entanto, ela é mencionada tanto na Parte Geral quanto na Parte Especial do referido Código e, através das condições, atributos e qualidades da vítima tratadas nos dispositivos pode qualificar ou excluir o crime e ainda, alterar a pena de forma a diminui-la, aumentá-la ou agravá-la.

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Com o advento da Lei nº 9.099/95 tem-se um progresso em relação a preocupação com a vítima, visto que por meio da conciliação e transação, tratadas no dispositivo os interesses e necessidades da vítima ganham visibilidade e a chance de serem supridos, gerando assim, maiores possibilidades de reparação e redução dos efeitos que o crime causou na vítima.

Ao considerarmos o cenário jurídico brasileiro

A ciência da Vitimologia apresenta-se como instrumento indispensável ao Estado Democrático de Direito hoje em vigor, uma vez que auxilia sobremaneira a realização dos direitos fundamentais, bem como reafirma os preceitos de igualdade e dignidade insculpidos na Lei Maior de 05 de Outubro de 1.988. (SILVA, 2013, p. 247)

Segundo Eduardo Viana (2018, p. 160) “A recuperação da importância da vítima no fenômeno criminal determina não apenas repercussões no âmbito criminológico, mas também no processo penal e no direito penal material.”.

Ainda, conforme lecionam V. Fernandes e N. Fernandes (2010, p. 481-482):

[...] a relevância da Vitimologia também dimana da realidade da participação da vítima na gênese de muitos crimes. É imperativo que o liame entre delinquente e vítima seja objeto de análise. O grau de inocência da vítima em cotejo com o grau de culpa do criminoso compõe precisamente os aspectos que têm sido negligenciados e que podem contribuir para o entendimento de numerosas ocorrências delinquenciais.

Contudo, o estudo da vítima por meio da vitimologia, torna-se importante no âmbito do sistema penal e processual penal, haja vista que ao dar mais importância e visibilidade a pessoa da vítima, busca-se superar o binômio crime – criminoso, que acaba neutralizando uma das partes da relação criminal, ainda, age na busca do entendimento dos fatores que incidem na ocorrência de atos delitivos, visando a redução dos mesmos.

1.1 Sistema penal e processual penal punitivo

O poder punitivo do sistema penal, pode ser descrito como uma forma de controle social por parte do Estado. Para manter esse controle e balizar a conduta

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13 humana o Estado utiliza a lei como instrumento e sua transgressão configura um fato delituoso e como consequência disto surge a sanção penal.

O poder punitivo possui como principal característica a monopolização do conflito. Neste sistema o Estado assume o papel da vítima nas relações de Direito Penal, tornando as lesões causadas a um indivíduo em uma lesão contra a sociedade em geral. “O papel da vítima, quando não inexistente, é de pouquíssima importância no que concerne à organização e funcionamento da justiça criminal.” (FERREIRA, 2012, p. 8).

Diante dessa exclusão da vítima, pode-se dizer que “o poder punitivo não resolve os conflitos porque deixa uma parte (a vítima) fora de seu modelo. No máximo pode aspirar a suspendê-los [...]” (ZAFFARONI et al., 2011, p. 41).

Um dos grandes problemas do poder punitivo é que ele se realiza de acordo com determinados interesses, fator que configura o processo de criminalização seletivo “[...] e desigual de “pessoas” dentro da população total, enquanto a conduta criminal não é, por si só, condição suficiente desse processo.” (ANDRADE, 1997, p. 267).

[...] a clientela do sistema penal é composta regularmente em todos os lugares do mundo por pessoas pertencentes aos baixos extratos sociais, isto indica que há um processo de seleção de pessoas às quais se qualifica como delinqüentes [sic] e não, como se pretende, um mero processo de seleção de condutas qualificadas como tais. O sistema penal se dirige quase sempre contra certas pessoas, mais que contra certas ações legalmente definidas como crime. (ANDRADE, 1997, p. 267).

Ainda, sobre o processo de criminalização seletivo, Thyago Vargas Ferreira leciona que:

O processo de criminalização, que seleciona apenas alguns, é a marca real do poder punitivo, é a comprovação que afasta o poder punitivo de suas ideias tradicionais e legitimadoras ligadas às premissas de um estado de direito, igualitário e que funciona única e exclusivamente sob os limites estabelecidos em lei. (2012, p. 10).

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Destarte, esse processo de criminalização se coloca totalmente contra um dos princípios fundamentais de todo e qualquer Estado de direito, o princípio da isonomia. É essa a visão apresentada por Ferreira (2012, p. 13):

[...] não se pode pensar numa atuação com base em princípios igualitário [sic] por parte destas instituições; pelo contrário, muitas vezes estas apenas acentuam o viés desigual do poder punitivo, legitimando-o com as [sic] seus posicionamentos e suas decisões nada imparciais.

Outro aspecto que merece atenção é a verdadeira função das penas cominadas em nosso sistema punitivo. A função da pena privativa de liberdade teoricamente vai além de um meio utilizado para proteger a sociedade do sujeito que praticou um delito, seria também, uma forma de ressocialização do apenado, para que por intermédio de um viés educativo este indivíduo possa ser reintegrado no meio social, visando a não reincidência do mesmo.

No entanto, esta teoria da função da pena demonstra discrepância quando comparada com a realidade, visto que o índice de reincidência é consideravelmente alto em nosso sistema penal.

Conforme pesquisas realizadas pelo Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

[...] as taxas de reincidência calculadas pelos estudos brasileiros variam muito em função do conceito de reincidência trabalhado. Os números, contudo, são sempre altos (as menores estimativas ficam em torno dos 30%). (IPEA, 2015, p. 12).

Isto posto, observa-se que o sistema penal e processual punitivo é uma estrutura que vem enfrentando sérios problemas no que diz respeito a atual forma de aplicação da política de execução penal, o que faz surgir a necessidade de repensar os objetivos e a forma de execução do nosso sistema penal convencional, visto que esse não vem cumprindo com algumas de suas funções, como a redução dos delitos e a ressocialização do apenado.

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1.2 Papel da vítima no sistema penal e processual penal punitivo

Em tempos remotos, o modelo de justiça fundava-se na vingança privada. Nesse modelo ao ser estipulada a culpa de um indivíduo por um fato considerado criminoso a pena determinada ao ofensor era uma retribuição equivalente do mal por parte da vítima ou de seus familiares.

Ocorre que, segundo Javahé de Lima Júnior e Vilma de Fátima Machado (2019) tornou-se necessário um controle dessa vingança privada, essa necessidade de controle junto com ao interesse dos monarcas da época em defender suas aspirações, contribuíram para a emergência de um esboço que ulteriormente transformou-se na justiça pública:

Progressivamente, a vingança privada e a justiça privada foram dando lugar à justiça pública. Formava-se, assim, a noção de proibição da justiça pelas próprias mãos, até hoje tipificada como conduta ilícita, que teve como ponto de partida a expropriação do conflito pelo Estado. Portanto, a vítima foi sendo neutralizada: de parte integrante da persecução penal passou a ser mera informadora do delito, diante da expropriação do conflito, que passa a atingir precipuamente o Estado, detentor do monopólio da jurisdição. (MAGALHÃES, 2008, apud JÚNIOR; MACHADO, 2019).

Após o surgimento da justiça pública, aparecem também os Estados Nacionais. A partir disso, o Estado assume o controle da jurisdição, do poder de aplicar punição, enquanto a vítima é retirada do papel que antes ocupava e passa a ser vista como alguém que simplesmente comunica a ocorrência de um fato criminoso ao detentor do poder punitivo:

Com a formação dos Estados Nacionais, estes passam a assumir o controle monopolístico da jurisdição, chamando para si a tarefa de punir, que não mais contará com a atuação do particular. Da mesma forma, por meio de seus procuradores, os Estados assumem a condição de porta-voz da vítima, que passa a ser, então, mera noticiante do delito. (JÚNIOR; MACHADO, 2019).

O processo ao neutralizar a vítima afasta um dos protagonistas do cenário criminal, e segundo Marisa Helena D’Arbo Alves de Freitas (2019) “Converte, assim, a vítima real do conflito criminal em mero conceito ou em uma abstração.”.

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Atualmente o sistema penal brasileiro adota o modelo de justiça retributiva, e tal modelo enxerga o crime como uma violação da lei penal, que deve ter como resposta a penalização do agente.

Partindo da premissa que “No direito penal o crime é definido como uma ofensa contra o Estado. O Estado, e não o indivíduo, é definido como vítima. E o Estado e somente o Estado quem pode reagir.” (ZEHR, 2008, p. 78), o processo acaba tendo como partes de um lado o ofensor e de outro, ocupando o lugar da vítima, o Estado.

Em pouquíssimos crimes, de Ação Penal Privada Exclusiva, a condução do processo é dada à vítima, possibilitando que ela não processe o autor, o perdoe, ou torne a ação perempta.

Vale lembrar que o ordenamento jurídico brasileiro consagra no texto do Código Penal, algumas medidas que tem por objetivo motivar que o dano causado à vítima seja reparado pelo ofensor, em troca de benefícios legais, tais como a redução da pena (art. 16, CP), o sursis (art. 78, §2.°, CP), o livramento condicional (art. 83, IV, CP) e a reabilitação (art. 94, III, CP).

Todavia, no cenário do sistema penal e processual penal brasileiro punitivo, os interesses da verdadeira vítima, ou seja, da pessoa ofendida não encontram a devida proteção como sujeito processual. Contrariamente a vítima torna-se alheia ao processo, não sendo considerado o fato de que existe uma enorme diferenciação entre os interesses do Estado, detentor do poder punitivo, que tem como foco principal apurar o fato sob a ótica criminal e aplicar a pena cabível, e o interesse particular da vítima no que diz respeito à reparação efetiva do dano sofrido:

Ao invés de focalizarmos o dano efetivamente causado ou a experiência vivida por vítima e ofensor, nos concentramos no ato da violação da lei. [...] as questões éticas e sociais tornam-se secundárias e, em alguns casos, até irrelevantes. O contexto do ato é desconsiderado exceto na medida de suas implicações legais. (ZEHR, 2008, p. 77).

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O direito penal esqueceu da vítima ao tratar apenas da ‘proteção de bens jurídicos’ desde o viés do castigo àquele que cometeu um delito, e negligenciou o dano causado à vítima e a necessidade de reparação. Além do direito penal, também o processo penal esqueceu da vítima ao deixa-la à margem do processo e sem proteger seus direitos. [...]

Em decorrência dessa alienação que a vítima sofre por parte do sistema processual penal, em muitos casos ela acaba não recebendo qualquer informação sobre o andamento do processo ou de seu resultado, tornando-se apenas um instrumento de obtenção de provas no curso da ação penal:

[...] não obstante o encorajamento para que a vítima tome parte de um interesse que é, em verdade, seu, pode-se concluir que a vítima permanece alheia ao seu próprio conflito, na medida em que terá papel acessório para o desenrolar do processo. [...] a participação da vítima não abrange sequer o contraditório que se espera de um processo penal democrático. O momento processual e a previsão legal podem até existir, no entanto, o que se percebe é a sistemática exclusão da efetiva participação da vítima. (MONTOLLI, 2017, p. 38-39).

Diante disso, percebe-se que a vítima por muito tempo restou suprimida do processo penal, tendo sua participação limitada aos interesses do Estado. Essa exclusão da efetiva participação da vítima na ação penal apresenta como consequências uma despreocupação para com as vontades e necessidades reais da vítima de um crime, pois o principal objetivo do sistema de justiça está voltado para a penalização do infrator. Em contraponto a essa alienação que a vítima sofre no sistema retributivo, tem-se a Justiça Restaurativa, que diferentemente do sistema convencional, visa entre outros objetivos, devolver a vítima a sua participação efetiva no processo de solução do conflito da qual é parte.

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2 JUSTIÇA RESTAURATIVA E PRÁTICAS RESTAURATIVAS

A justiça restaurativa manifesta-se como uma alternativa ao atual modelo de justiça convencional, que possibilita um maior envolvimento da vítima no processo que visa a solução de um conflito, visto que no transcorrer do tempo, com a construção do nosso sistema de justiça penal, foi sendo alienada do processo e colocada em um papel secundário, não tendo os seus reais interesses atendidos.

A justiça restaurativa tem como fundamento a ideia de um procedimento consensual, onde vítima, autor do fato criminoso e, quando necessário e adequado, outras pessoas que foram afetadas pelo crime, participam de forma efetiva na busca da resolução de determinado conflito, tendo como foco o futuro dos envolvidos, a superação dos traumas e restauração das perdas resultantes do fato.

Neemias Moretti Prudente e Ana Lucia Sabadell (2008, p. 53) ao tratar sobre o objeto desse modelo de justiça, declaram que:

O objeto da justiça restaurativa não é o crime em si, considerado como fato bruto, nem a reação social, nem a pessoa do delinqüente [sic], que são os focos tradicionais da intervenção penal. A justiça restaurativa, enfoca as conseqüências [sic] do crime e as relações sociais afetadas pela conduta.

Ainda, a justiça restaurativa objetiva o acolhimento das vontades da vítima e do ofensor, e conforme destaca a autora Adriana Barbosa Sócrates (2019)

[...] possibilita exatamente este espaço para fala, para expressão dos sentimentos e emoções vivenciados que serão utilizados na construção de um acordo restaurativo que contemple a restauração das relações sociais e dos danos causados.

O modelo da justiça restaurativa é antagônico ao da justiça criminal. Enquanto no sistema retributivo “[...] o que se espera do infrator é que ele suporte sua punição [...]” (ROLIM, 2006, p. 244), não sendo considerado fatores como a ressocialização do apenado e sua consequente reinserção no meio social, para a justiça restaurativa o foco principal é a reestruturação da relação futura entre vítima-ofensor, sem eximir este da responsabilização por seus atos.

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19 Ademais, a justiça restaurativa, diferente da justiça criminal, busca que o ofensor tenha conhecimento e compreenda a dimensão dos danos causados por sua conduta.

Nesse sentido, discorre Marcos Rolim (2006, p. 244):

Para a justiça restaurativa, o procedimento-padrão das sentenças criminais contemporâneas impede que esse infrator seja colocado em face das circunstâncias de dor e prejuízo produzidas por seu ato. No processo criminal moderno, ele jamais será obrigado a conhecer essa realidade. Tampouco será confrontado pelo desafio de fazer algo que diminua a dor da vítima ou repare o prejuízo que ele próprio causou.

Isto posto, a justiça restaurativa não tem como objetivo extinguir o Direito Penal, ela surge como uma proposta de complementação ao sistema punitivo, na tentativa de superar a crise no qual sistema punitivo convencional se encontra. A justiça restaurativa defende o desenvolvimento de um Direito Penal humanitário, que tenha como norte o princípio da dignidade humana, que não se limite apenas em penalizar o infrator, mas sim, que busque a efetiva solução do conflito, atendendo as vontades da vítima e proporcionando ao ofensor a possibilidade de se retratar frente a sociedade.

Conforme argumenta Mateus de Moraes Basilio (2019, p.4)

A Justiça Restaurativa tem sua origem na insatisfação social oriunda da ineficiência demonstrada pelo modelo tradicional de justiça criminal, modelo esse, que vem apresentando falhas no processo de construção da paz e da ordem social [...]

Diante disso, percebe-se que o modelo da justiça restaurativa busca proporcionar novas linhas de solução de um conflito no âmbito da justiça criminal

Sendo assim, a Justiça Restaurativa surge como uma alternativa para os problemas enfrentados e não solucionados pelo modelo de justiça tradicional, podendo determinar novas diretrizes a serem seguidas no campo da Justiça Criminal, com vistas a dar uma maior efetividade, além de apresentar novas soluções, para um sistema que já se encontra tão desgastado perante a sociedade, e aos problemas que esta vem apresentando. (BASILIO, 2019, p. 4).

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Com isso, percebe-se que esse modelo de justiça traz uma nova acepção sobre o modo de ver o conflito e de resolvê-lo. É uma nova forma justiça que busca superar a relação crime-criminoso, através da interação de todas as partes envolvidas e que busca, através do diálogo e da responsabilidade social com os envolvidos, a superação e ruptura dos valores do sistema penal punitivo, para que ao mesmo tempo em que o infrator seja responsabilizado, também seja alcançada a cura das relações que se perderam em decorrência do crime.

O procedimento realizado através da justiça restaurativa é exclusivamente voluntário, podendo ser utilizado somente quando ocorrer a aceitação expressa das partes interessadas. Este modelo de justiça ocorre de diversas formas, contudo, serão analisadas no presente trabalho as mais utilizadas, quais são a mediação entre vítima e ofensor, as conferências de família e os círculos restaurativos.

A mediação consiste no encontro entre vítima e infrator e tem como objetivo a construção de um acordo capaz de reparar os danos provenientes da conduta criminosa. Através dessa prática “[...] a justiça restaurativa pretende superar a dicotomia vítima-ofensor e desfazer os mitos (estereótipos) relacionados a ambos [...]” (PALLAMOLLA, 2009, p. 109).

Nas conferências de família por sua vez, além da vítima e do infrator, participam do encontro familiares ou pessoas que lhes possam dar o apoio necessário. É um momento no qual as partas externalizam os seus sentimentos em relação ao ocorrido, aos impactos causados e discutem sobre o que poderá ser feito para suprir as necessidades dos envolvidos.

O objetivo da conferência de família consiste em “[...] fazer com que o infrator reconheça o dano causado à vítima e aos demais e assuma a responsabilidade por seu comportamento.” (PALLAMOLLA, 2009, p. 118).

Os círculos restaurativos contam, assim como na conferência de família, com a presença da vítima e do ofensor, como de familiares e outras pessoas que possam auxiliar ao e queiram apoiá-los. Ainda é permitida a presença de integrantes da comunidade, assim como pessoas ligadas ao sistema da justiça criminal.

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21 Esse modelo de prática é utilizado de uma forma ampla em comparação aos métodos citados anteriormente, além de ser usado como um instrumento restaurador, tem como objetivos promover apoio e cuidado tanto para as vítimas de um crime, quanto para os seus familiares e, ainda, busca auxiliar na reintegração de ex-detentos na sociedade.

Por meio destas formas de aplicação da justiça restaurativa é concedido tanto à vítima quanto ao infrator, a apropriação de um conflito que lhes pertence, e consequentemente, a inserção dos mesmos na busca de soluções que possam ser aplicadas ao caso em questão, de forma a atender as vontades de ambas as partes.

Neste sentido, afirma R. S. Pinto (2011, p. 16) que

Tais procedimentos propiciam às partes a apropriação do conflito que originalmente lhes pertence, legitimando-os a construir um acordo e um plano restaurativo, alcançando o resultado restaurativo, ou seja, um acordo objetivando suprir as necessidades individuais e coletivas das partes e se lograr a reintegração social da vítima e do infrator.

Ainda, no entendimento de Pallamolla (2009, p. 106), o procedimento realizado pela justiça restaurativa por meio das práticas restaurativas

[...] pode ser um meio muito mais respeitoso e digno para assumir responsabilidades, compreender as diferenças e dificuldades de todos envolvidos no evento e, então, alcançar um acordo restaurador que não exclua o infrator da sociedade e reconheça o sofrimento e necessidades da vítima e da comunidade.

Logo, pode-se perceber que a justiça restaurativa se apresenta como uma alternativa ao atual sistema punitivo, que busca responsabilizar o infrator, ao mesmo tempo em que se preocupa em aplicar uma punição que o faça entender a proporção dos seus atos e o dano causado ao ofendido. Ainda, procura agir perante um conflito exteriorizado por um ato criminoso de forma efetiva, para que seja possível a reconstrução das relações rompidas pelo crime, buscando o desenvolvimento pessoal do infrator, bem como a diminuição ou reparação do dano percebido pela vítima.

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Inicialmente, vale-se ressaltar que ao longo do tempo o papel da vítima no modelo de justiça criminal punitivo passou por grandes mudanças, desde a época da vingança privada, até a monopolização do conflito por parte do Estado.

Conforme discutido anteriormente, a vítima que em tempos onde a vingança privada prevalecia, era tida como um dos protagonistas no crime, através da apropriação do crime pelo estado, passa a ocupar um papel secundário, sendo neutralizada na relação criminal.

Com o progresso dos estudos criminológicos voltados para a vitimologia, voltam a emergir assuntos sobre a importância da vítima, sua relação com o ofensor e seu protagonismo diante do crime, na busca de soluções para o conflito gerado.

Neste sentido leciona Cláudio do Prado Amaral (2017, p. 28):

A criminalidade passa a ser analisada como um organismo complexo e resultante de um fenômeno estrutural. Assim, um dos aspectos mais relevantes dessa nova etapa criminológica voltada para a vítima consistiu na revisão do sistema de penas e do sistema processual, a fim de que o ofendido não fosse despojado de seus problemas decorrentes do delito. Objetivou-se recolocar a vítima em seu devido lugar no conflito com o autor do crime, de tal modo que este e a vítima, dentro do possível, sejam – eles próprios - os responsáveis pela solução da crise gerada.

No Brasil, os direitos das vítimas foram reconhecidos por força do artigo 1º, inciso III da Constituição Federal de 1988

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...]

III - a dignidade da pessoa humana. (BRASIL, 2019)

Ao tratar da dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, a Constituição Federal vincula a proteção da vítima, a justiça restaurativa e o princípio da Dignidade da Pessoa Humana, corroborando o processo democrático do Estado de Direito, onde a vítima de um crime, seja vista como o principal lesado pela conduta criminosa, e assuma um papel de destaque e com efetiva participação na busca por soluções, para que esta possa resgatar a sua

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23 dignidade como pessoa e a autonomia sobre seus atos, após sentimento de perda destes, deixados pelo ato criminoso. Sobre a importância da recuperação da autonomia pessoal da vítima, assinala Howard Zehr (2008, p. 24-25):

Mas para sermos inteiros também é preciso possuir um sentido de autonomia pessoal, de poder sobre nossas vidas. É intensamente degradante e desumanizador perder o poder pessoal contra a própria vontade e ficar sob o poder dos outros contra a própria vontade. O crime destrói o sentido de autonomia. Alguém de fora assume o controle de nossa vida, nossa propriedade, nosso espaço. Isto deixa a vítima vulnerável, indefesa, sem controle, desumanizada. [...] Se conseguirmos localizar em algo que fizemos a causa do crime, podemos tomar a decisão de evitar tal comportamento, reconquistando assim um sentido de controle.

Por muito tempo o direito penal se esqueceu das vítimas, preocupando-se apenas com a imposição da pena ao ofensor, deixando de lado os interesses da vítima e a reparação do dano por esta suportado. Esse esquecimento, durou por muito tempo em no sistema penal e processual brasileiro punitivo, situação está que vem sendo revertida nas últimas décadas, através de leis editadas com o propósito de criar e inserir em nosso sistema jurídico, instrumento capazes de responsabilizar o agente, ao mesmo tempo em que há a reparação do dano para com a vítima.

O surgimento da Lei nº 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais Criminais) no sistema jurídico brasileiro, segundo Alline Pedra Jorge (2002, p. 99) “[...] é o marco divisório do nosso sistema político criminal.”, pois enquanto de um lado se tem a privação de liberdade como medida repressiva ao delito, de outro lado, legitimado pela referida lei tem-se um modelo de justiça criminal consensual.

Por meio da Lei nº 9.099/95, o legislador exprime uma maior preocupação com a vítima, que passa a ser vista e reconhecida no procedimento da justiça criminal por meio de previsão legal da sua presença e participação efetiva no âmbito da relação processual.

A Lei nº 9.099/95, representa uma mudança na justiça penal que perde parte do seu caráter repressor, para de fato solucionar o conflito. A esse respeito, Aury Lopes Junior (2012, p. 946), afirma que:

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Sem dúvida, a Lei n. 9.099/95 representou um marco no processo penal brasileiro, na medida em que, rompendo com a estrutura tradicional de solução dos conflitos, estabeleceu uma substancial mudança na ideologia até então vigente. A adoção de medidas despenalizadoras e descarcerizadoras marcou um novo paradigma no tratamento da violência.

Assim, com a edição da Lei dos Juizados Especiais Criminais, visa-se a instauração da ideia de que não é porque existe um conflito a ser solucionado, que a forma de solução deste deva ser de caráter penal, mas sim que se tenha em vista, antes de qualquer coisa, a composição do dano e consequente reparação à vítima.

Essa maior importância dada a reparação do dano, é notória ao analisar os art. 72 a 74 da Lei nº 9.099/55, que fazem referência a composição civil. Conforme estabelece o legislador, havendo dano pode-se tentar alcançar a composição civil, e consequentemente a reparação do dano, fato que acarreta na desistência do direito de queixa ou representação, conforme estabelece o texto do artigo 72 (BRASIL, 2019):

Art. 72: Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade.

Ainda no tocante a renúncia ao direito de queixa ou representação o artigo 74 em seu parágrafo único discorre:

Art. 74: [...]

Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação. (BRASIL, 2019).

Além da composição civil, a Lei nº 9.099/95 instituiu o artigo 81 que ampliou o número de crimes que dependem de representação, o que torna ainda maior a participação da vítima, pois a atuação do Estado na persecução penal será delimitada pelo querer da pessoa ofendida. Esse dispositivo “[...] foi extremamente benéfico para a justiça criminal [...]” (JORGE, 2002, p. 103) e, ainda, demostra valorização da vítima, visto que “inúmeros casos chegavam, antes, aos tribunais e tinham andamento independentemente da vontade da vítima que, com freqüência

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25 [sic], não possuía interesse algum no prosseguimento do feito” (OLIVEIRA, 1999, apud, JORGE, 2002, p. 103).

Ainda, por intermédio da Lei dos Juizados Especiais criminais, foi acolhido no Brasil, a suspensão condicional do processo, por meio do qual restará o processo suspenso pelo prazo de 02 (dois) a 04 (quatro) anos, sob condições estabelecidas no art. 89, §1, I

Art. 89: Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal)

§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:

I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;

Mais uma vez, fica visível a preocupação do legislador para com a vítima quando estabelece a reparação do dano suportado pelo ofendido como condição para que o ofensor obtenha o benefício da suspensão condicional do processo.

O modelo de justiça consensual é de grande importância para a vítima, pois o seu foco não está na pretensão punitiva, tal qual o sistema de justiça retributivo, mas sim, em possibilitar ao ofendido a oportunidade de expor e adquirir o direito de ter os danos que suportou em decorrência do delito ressarcidos. Através desse modelo a vítima deixa de ser uma figura secundária, um meio de obtenção de provas e retoma o seu protagonismo como parte do procedimento, sendo vista como o cerne para a busca da resolução do conflito.

Através do modelo consensual de justiça, tão demandado pelos movimentos vitimológicos, a vítima passa a ser novamente valorizada, as preocupações para com esta são colocadas em primeiro plano. Ainda, pelo referido modelo, surge a oportunidade da composição civil dentro do processo criminal, que é uma das propostas da vitimologia para a solução dos conflitos gerados por ato delitivo. A Lei nº 9.099/95 é uma forma de evolução do processo penal punitivo no tocante aos ensejos da vitimologia.

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2.2 A implementação da justiça restaurativa como uma alternativa ao sistema penal e processual brasileiro punitivo

O Brasil conta com altos índices de violência, fato que o coloca entre as sociedades mais violentas. Segundo Azevedo e Pallamolla (2014, p.180) “O aumento da violência é fruto de diversos fatores, parte deles resultante do processo de democratização inacabada da sociedade brasileira.”.

Diante deste cenário de violência crescente e da já abordada incapacidade do sistema de justiça criminal em promover uma adequada administração dos conflitos sociais, emerge a necessidade de repensar os mecanismos institucionais utilizados, e buscar opções que possibilitem a redução da violência e dos prejuízos causados pela ineficiente forma de administração e resolução dos conflitos que chegam ao conhecimento do sistema de justiça.

A justiça restaurativa, se apresenta como uma forma de incorporar e qualificar a administração da justiça criminal, contribuindo para preservação da democracia dento do âmbito do processo penal, tornando, consequentemente, a justiça criminal mais democrática.

Nesse sentido, pode-se afirmar que o projeto da justiça restaurativa encontra-se vinculado ao processo de reformulação judicial que vem sendo desenvolvido no Brasil e que busca a adequação tanto da legislação quanto das estruturas judiciais ao contexto democrático e de pacificação social. (AZVEDO; PALLAMOLLA, 2014, p. 180).

Ademais, a instauração da Justiça Restaurativa e a primazia dos valores deste modelo de justiça, tornam mais fácil a resolução de um conflito, permitindo as partes envolvidas um entendimento sobre o fato que os levou a necessidade de buscar soluções e ainda, promovendo a conciliação entre todos os envolvidos, preocupação esta, que não se tem no sistema tradicional de justiça. A Justiça restaurativa, conforme discorre Zehr (2008, p. 191 – 192)

A justiça precisa ser vivida, e não simplesmente realizada por outros e notificada a nós. Quando alguém simplesmente nos informa que foi feita justiça e que agora a vítima irá para casa e o ofensor para a cadeia, isto não dá a sensação de justiça. [...] Não é suficiente que haja justiça, é preciso vivenciar a justiça.

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As primeiras práticas de justiça restaurativa se deram em países cujo sistema de justiça adotado é o common law, isto é, onde o sistema jurídico tem como base o costume. Além disso, os princípios relativos dos países que adotam o referido sistema de justiça, são compatíveis com as ideias e objetivos apresentados pelas práticas restaurativas.

Todavia, no Brasil, o sistema de justiça adotado é o civil law, no qual a aplicação do direito parte da interpretação da lei, ou seja, a lei será usada como justificativa para as decisões judiciais em cada caso concreto.

Entre os princípios que regem o direito processual penal brasileiro, encontram-se os princípios da indisponibilidade e da obrigatoriedade da ação penal pública, ou seja, pelo primeiro fica estabelecido que o Ministério Público tem a obrigação de promover ação penal quando se deparar com fato típico, ilícito e culpável, pelo segundo, o Ministério Público, uma vez que for oferecida a denúncia não poderá desistir da ação penal.

No âmbito do direito penal, a aplicação das práticas restaurativas não encontra previsão específica em dispositivos legais, contudo, com o advento da Constituição Federal de 1988 e da Lei nº 9.099/95, tais princípios obtiveram certa flexibilização, criando em nosso ordenamento jurídico algumas “brechas” que possibilitam a utilização do modelo restaurativo no sistema jurídico brasileiro e consequentemente o desenvolvimento da justiça restaurativa no Brasil.

A Constituição Federal em seu artigo 98, I estabelece que

Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I – juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau.

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Tal dispositivo traz a possibilidade da aplicação da conciliação, que é um dos principais métodos utilizados como prática restaurativa, ainda, oportuniza a transação penal em casos de infração penal de menor potencial ofensivo.

De outro lado, a criação da Lei dos Juizados Especiais, regula o procedimento de aplicação da conciliação, possibilitando a efetiva aplicação da Justiça restaurativa, por meio da composição civil, transação penal e suspensão condicional do processo.

Sobre o assunto, Pinto (2011, p.21) assinala que:

[...] com as inovações da Constituição de 1988 e o advento, principalmente, da Lei 9.099/95, abre-se uma pequena janela, no sistema jurídico brasileiro, ao princípio da oportunidade, permitindo certa acomodação sistêmica do modelo restaurativo em nosso país, mesmo sem mudança legislativa, nos casos de crime de ação penal de iniciativa privada e de ação penal pública tanto condicionada como incondicionada.

No Brasil houve a criação de alguns projetos piloto com forma de explorar a Justiça Restaurativa. Em março 2005, através do incentivo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD – e do Ministério da Justiça, foi instaurado o projeto “Promovendo Práticas Restaurativas no Sistema de Justiça Brasileiro”, este passou a incentivar a implementação e o desenvolvimento da justiça restaurativa nas cidades de Brasília (DF), São Caetano do Sul (SP) e Porto Alegre (RS).

Cada um dos projetos inseridos em Brasília (DF), São Caetano do Sul (SP) e Porto Alegre (RS) apresentam um perfil particularizado. Vale ressaltar, que o único desses projetos piloto que trabalha com adultos é o desenvolvido em Brasília (DF), os projetos realizados em Porto Alegre (RS) e São Caetano do Sul (SP), envolvem tão somente crianças e adolescentes infratores, tendo como base áreas da Infância e Juventude.

O programa inserido em Porto Alegre, alcançou caráter definitivo no ano de 2010. Hoje, ele é desenvolvido na 3ª Vara Regional do Juizado da Infância e da Juventude, este é encarregado de executar medidas socioeducativas, em casos de atos infracionais.

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29

O programa de São Caetano do Sul (SP), por sua vez, é desenvolvido na Vara da Infância e da Juventude e no ambiente escolar. A prática restaurativa adotada para que as ideias do projeto sejam aplicadas, são realizadas através de círculos restaurativos, nos casos que compreendam interesses de menores de 12 anos.

Por fim, o programa de Brasília (DF), é realizado nos 1º e 2º Juizados Especiais de Competência Geral do Núcleo de Bandeirantes, tendo sua atuação voltada para infrações de menor potencial ofensivo.

Diante do êxito obtido através da aplicação dos referidos projetos de Praticas Restaurativas, o Governo Federal, reconhecendo a importância desse modelo de justiça, aprova o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, através do Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009, que estabeleceu como um de seus objetivos estratégicos “incentivar projetos-pilotos de Justiça Restaurativa, como forma de analisar seu impacto e sua aplicabilidade no sistema jurídico brasileiro.”. (BRASIL, 2019).

Não se pode deixar de mencionar que em decorrência das experiências realizadas em algumas cidades brasileiras relativas à implementação de projetos voltados à Justiça Restaurativa, o Conselho Nacional de Justiça aprovou em 31 de maio de 2016, a Resolução nº 225 que trata da política nacional de Justiça Restaurativa no âmbito do poder judiciário.

Constata-se ante o exposto, que é muito relevante o avanço na implantação da Justiça Restaurativa no país, sendo uma prática fundamental para a ressignificação do papel da vítima no processo penal e o respeito a sua dignidade.

Ademais, o novo paradigma surge para através do diálogo, da escuta ativa, buscar a compreensão do conflito, a conscientização do ofensor ou infrator pelo mal provocado e, principalmente, dar voz a vítima para que expresse suas necessidades e, assim ter sua dignidade reestabelecida.

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CONCLUSÃO

Atualmente no direito processual penal brasileiro, existe uma diferenciação entre os interesses particulares das vítimas de um crime no que tange a compensação do dano sofrido e o interesse do Estado que detém o poder punitivo. Embora essa diferença não seja absoluta, no cenário do sistema penal convencional a vítima torna-se alheia ao processo, interessando ao Estado principalmente a apuração do fato sob a ótica criminal e a punição cabível a determinado fato, visando apenas o passado, sem um olhar necessário do futuro das partes envolvidas.

Enquanto o sistema penal processual baseia-se apenas em seu caráter punitivo, afastando a vítima do processo, as práticas restaurativas buscam inseri-la no curso da ação penal, para que ela possa ser ouvida, ouvir o próprio infrator, e a partir disso, restabelecer elementos para o futuro, visto que uma das principais características das práticas restaurativas é não voltar-se para o passado, mas sim, procurar reconstituir a partir do fato ocorrido, novas percepções para o futuro da vítima, do ofensor e em alguns casos, da comunidade.

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31

Ainda, vale ressaltar que o sistema de justiça brasileiro tem como forma de aplicação de pena ao infrator, a pena privativa de liberdade, porém, através da tentativa de instauração do modelo de consensual, tem-se a possibilidade da punição e responsabilização do ofensor, mas, principalmente, a preocupação e proteção dos indivíduos que compõem a relação jurídica, em face de possíveis abusos por parte do Estado, tanto para com o ofensor, quanto para com a vítima.

Destarte, a justiça restaurativa não se coloca como uma solução de todas as situações. Não pretende substituir o sistema de justiça criminal vigente, mas busca complementar e dar efetividade à aplicação da justiça, com isso, colaborando com a criação de um processo mais humanitário e com a construção de uma cultura de responsabilização e conciliação das partes, baseada no diálogo e na compreensão do fato ocorrido, sem se ater tão somente ao caráter retributivo da pena, mas sim, à sua função social.

Por fim, pode-se vislumbrar que em nosso ordenamento jurídico a implementação da justiça restaurativa, através das práticas restaurativas vem se tornando possível e que a aplicação desse modelo restaurador, visa superar o caráter punitivo do sistema penal convencional, para que com isso, a justiça criminal

torne-se um sistema mais humano, que aproxima

as parte envolvidas e afetadas pelo delito e devolve a estas a competência de resolução dos conflitos de forma efetiva.

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