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Conjectura FPm para grupos metabelianos em dimensões pequenas

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Academic year: 2021

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(1)

Conjectura F P

m

para Grupos Metabelianos

em dimens˜

oes pequenas.

Daniel Cariello

ra015757@ime.unicamp.br

Prof. Dra. Dessislava Hristova Kohloukova

desi@ime.unicamp.br

Universidade Estadual de Campinas

Instituto de Matem´

atica, Estat´ıstica e Computa¸c˜

ao Cient´ıfica

Departamento de Matem´

atica

Caixa Postal 6065

CEP: 13081-970; Campinas, S˜

ao Paulo

Matem´

atica

Agosto 2006 - Agosto 2008

(2)

dimens˜

oes pequenas.

Este exemplar corresponde `a

reda¸c˜ao final da disserta¸c˜ao devi-damente corrigida e defendida por Daniel Cariello e aprovada pela comiss˜ao julgadora.

Campinas, 17 de setembro de 2008.

Banca Examinadora:

1. Prof.(a). Dr(a). Dessislva Hristova Kochloukova; 2. Prof. Dr. Adriano Adrega de Moura;

3. Prof. Dr. Vitor de Oliveira Ferreira.

Disserta¸c˜ao apresentada ao Insti-tuto de Matem´atica, Estat´ıstica e Computa¸c˜ao Cient´ıfica, UNI-CAMP, como requisito parcial

para obten¸c˜ao do T´ıtulo de

MESTRE em Matem´atica.

(3)
(4)

aprovada pela Banca Examinadora composta pelos Professores

Doutores

(5)

E faz a febre em mim de navegar S´o encontrar´a de Deus na eterna calma O porto sempre por achar. ”

(Fernando Pessoa - Padr˜ao )

(6)

Agradecimentos!

Agrade¸co sinceramente ao seu Sergio, a dona Angela e a Raquel. Reconhe¸co em mim um pouco de cada um de vocˆes. Se n˜ao fosse pela paciˆencia que aprendi com vocˆe, pai, eu n˜ao conseguiria insistir tanto em resolver os problemas aos quais me dedico. M˜ae, muito obrigado pela sua generosidade, o que vocˆe ensinou me permitiu fazer bons amigos. Aprecio muito o seu senso de humor, minha irm˜a. Ele sempre me faz rir da maioria das coisas que me incomodam.

Outra pessoa a quem devo muito ´e a Fernandinha. Apesar de serem pequenos, nunca

encontrei tamanha ternura em outros olhos. Vocˆe que aguenta minhas piadas sem gra¸ca, minhas reclama¸c˜oes e at´e minha presen¸ca meio alterada, se tornou uma pessoa muito

importante na minha vida. Eu n˜ao consigo lembrar de nenhum momento espec´ıfico

en-gra¸cado com vocˆe, porque todos os dias a gente se mata de rir.

Muito obrigado Angela, Aya, 19, Wanderson, Derivaldo, Celso, Yu, Chris, Lonardo, Nataly, Janusz. Agrade¸co as suas amizades. Voem ´Aguias, Voem!

Agrade¸co `a Unicamp e ao Imecc por me acolherem. Apesar ter aprendido matem´atica resolvendo problemas e ter convic¸c˜ao de que as aulas s´o me atrapalham, agrade¸co aqueles

professores que se dedicaram ao ensino. O ´unico motivo que me prende ao estudo da

matem´atica n˜ao ´e a sua beleza, a sua certeza ou a sua l´ogica, mas a possibilidade de participar disso tudo. Nunca tive ambi¸c˜ao de ser mestre, nem doutor, mas nunca consegui substituir a satisfa¸c˜ao de encontrar a solu¸c˜ao de um problema ap´os ficar meses pensando no mesmo e por isso continuo estudando matem´atica.

Agrade¸co a professora Dessislava pela orienta¸c˜ao, pelo projeto e a Fapesp por ter concedido a bolsa.

(7)

Resumo

Esse trabalho ´e sobre a conjectura F Pm para grupos metabelianos, para m = 2, 3.

Es-tudamos a conjectura e o invariante homol´ogico Σ0(Q, M ). Uma das implica¸c˜oes da

conjectura F P2 est´a demonstrada no cap´ıtulo 4, para o caso do grupo metabeliano ser

ex-tens˜ao cindida. No ´ultimo cap´ıtulo damos um id´eia de como estender essa demonstra¸c˜ao

para demonstrar o mesmo resultado em dimens˜ao 3.

Palavras-Chave: Grupos Metabelianos, Grupos do tipo F Pm, ´Algebra Homol´ogica.

(8)

Abstract

This work is about the F Pm-conjecture for metabelian groups, when m = 2, 3. We study

the conjecture and the homological invariant Σ0(Q, M ). One of the implications of the

F P2-conjecture is proved in chapter 4, when the metabelian group is a split extension. In

the last chapter, we expose some ideas to extend our proof to dimension 3.

Key-words: Metabelian Groups, Groups of type F Pm, Homological Algebra.

(9)

Sum´

ario

1 Propriedades Homol´ogicas de Grupos 5

1.1 Grupos Livres . . . 5

1.2 M´odulos, Complexos e Resolu¸c˜oes . . . 7

1.3 Propriedade F Pm . . . 12

1.4 Grupos do tipo F Pm . . . 15

1.5 Apˆendice do cap´ıtulo 1. . . 19

2 Grupos Metabelianos 20 2.1 Grupos Metabelianos . . . 20

2.2 An´eis e M´odulos Noetherianos . . . 21

2.3 Os invariantes Σm(Q; M ). . . . . 25

2.4 Exemplo de Σ0(Q, M ) . . . 29

2.5 Conjectura F Pm . . . 31

2.6 Redu¸c˜ao ao caso Q ' Zn . . . . 32

2.7 Lema Geom´etrico . . . 32

3 Uma Resolu¸c˜ao Livre 35 3.1 A Resolu¸c˜ao Parcial de Z. . . 35

3.2 Defini¸c˜ao de ∂1 . . . 37

(10)

3.3 Derivada de Fox . . . 37 3.4 A Exatid˜ao de F em Dimens˜ao 1. . . 39

4 A Conjectura F P2 para G = M o Q 41

4.1 Um Corol´ario do Lema Geom´etrico . . . 41 4.2 Uma demonstra¸c˜ao para 2-manso ⇒ F P2. . . 44

4.3 Apˆendice do Cap´ıtulo 4 . . . 48

5 Sobre a Conjectura F P3 51

5.1 Teoria de Bieri-Renz . . . 52 5.2 Defini¸c˜ao de ϕd(eaeb) para um caso particular . . . 53

(11)

Introdu¸

ao:

Freq¨uentemente aparecem contribui¸c˜oes de topologia alg´ebrica `a ´algebra. Elas ocorrem principalmente atrav´es da ´algebra homol´ogica que tem um papel fundamental na teoria de homologia para espa¸cos topol´ogicos, como os CW-complexos.

As ferramentas fundamentais da ´algebra homol´ogica s˜ao os complexos, as resolu¸c˜oes de m´odulos, seq¨uˆencias longa de homologia. Essa ´ultima ´e a ferramenta b´asica para o c´alculo de homologia.

Atrav´es das resolu¸c˜oes do ZG-m´odulo trivial Z foi poss´ıvel estender a teoria de homolo-gia para um grupo G, mas para a defini¸c˜ao n˜ao depender de uma resolu¸c˜ao em particular foi importante considerar apenas resolu¸c˜oes projetivas.

A existˆencia de resolu¸c˜oes projetivas parciais (finitas) para m´odulos se mostrou uma propriedade importante para caracteriz´a-los. Se um m´odulo M possui resolu¸c˜ao projetiva de comprimento m, constitu´ıda de m´odulos finitamente gerados ent˜ao dizemos que M tem tipo F Pm. Essa propriedade F Pm se estende a grupos, como ser´a visto na se¸c˜ao 1.4.

A propriedade F Pm foi definida primeiro por R. Bieri e B. Eckmann na d´ecada de 70.

Ela ´e uma vers˜ao homol´ogica de uma propriedade homot´opica anteriormente definida por C. Wall.

A conjectura F Pmsugere uma rela¸c˜ao entre a propriedade F Pmpara grupos metabelianos

finitamente gerados, que s˜ao extens˜oes de dois grupos abelianos, com o invariante ho-mol´ogico Σ0 definido na se¸c˜ao 2.3. O interessante sobre a conjectura ´e que o tipo de extens˜ao n˜ao ´e importante. Portanto a conjectura sugere que a propriedade F Pm para

um grupo G, tal que existe uma seq¨uˆencia exata

1 → M → G → Q → 1

com M e Q abelianos e G finitamente gerado, depende somente da estrutura de M como ZQ-m´odulo via conjuga¸c˜ao por Q.

Esta disserta¸c˜ao de mestrado ´e um estudo da conjectura F Pmpara grupos metabelianos

(12)

finitamente gerados, com enfoque na conjectura F P2 para extens˜oes cindidas. A

conjec-tura F P2 foi provada em [2] embora a conjectura F Pm foi sugerida apenas em [7].

Poste-riormente alguns casos da conjectura foram provados. Por exemplo em [1], a conjectura F Pm foi demonstrada para um grupo G metabeliano de posto de Pr¨ufer finito. Dizemos

que um grupo tem posto de Pr¨ufer finito se existe um n´umero natural d tal que cada subgrupo finitamente gerado de G pode ser gerado com d geradores. No artigo [11] foi demonstrado para um grupo G, como o da seq¨uˆencia exata da p´agina anterior, que se a extens˜ao for cindida ou se existir n ∈ N tal que nM = 0 ent˜ao metade da conjetura vale: G tem tipo F Pm ent˜ao M ´e m-manso (Ver p´agina 32). Ainda mais se existir n ∈ N tal

que nM = 0 e a dimens˜ao de Krull de M como ZQ-m´odulo ´e 1, ent˜ao a outra dire¸c˜ao da conjectura tamb´em vale: M ´e m-manso ent˜ao G tem tipo F Pm.

A conjectura F P3 para extens˜ao cindida foi demonstrada por R.Bieri e J.Harlander

em [3]. Eles utilizaram m´etodos homot´opicos. No ´ultimo cap´ıtulo mostramos uma id´eia de como construir uma demonstra¸c˜ao homol´ogica da conjectura F P3 , continuando no

mesmo caminho da demonstra¸c˜ao que apresentamos para a conjectura F P2, para o caso

cindido.

A se¸c˜ao sobre grupos est´a baseada no cap´ıtulo 1 do livro [9]. A parte que diz respeito a m´odulos e resolu¸c˜oes est´a baseada pricipalmente no livro [12]. As se¸c˜oes que falam sobre a propriedade F Pm e os resultados referentes a ela, foram baseados no livro [8]. O lema

geom´etrico e o resultados sobre o invariante Σ0(Q, M ) foram retirados do artigo [2].

No cap´ıtulo 1 se encontram as defini¸c˜oes sobre m´odulos e grupos F Pm. No cap´ıtulo 2

se encontram alguns resultados sobre o invariante Σ0 e a defini¸c˜ao da conjectura. Nesse cap´ıtulo tamb´em se encontra demonstrado o lema geom´etrico, que tem papel fundamental na demonstra¸c˜ao da conjectura F P2. No cap´ıtulo 3 apresentamos um complexo exato de

comprimento 3, que foi utilizado no cap´ıtulo 4 para demonstrar uma das implica¸c˜oes da conjetura F P2, quando o grupo metabeliano ´e extens˜ao cindida. Finalmente, no quinto

cap´ıtulo foram apresentadas algunas id´eias de como estender essa demonstra¸c˜ao para a conjectura F P3.

(13)

Cap´ıtulo 1

Propriedades Homol´

ogicas de

Grupos

1.1

Grupos Livres

Defini¸c˜ao 1.1 Seja A um conjunto, G um grupo e i : A → G uma fun¸c˜ao. O par (G, i) ´

e livre em A se para cada grupo H e fun¸c˜ao f : A → H existe um ´unico homomorfismo ϕ : G → H tal que f = ϕi.

Teorema 1.1 Para todo conjunto A existe um grupo F(A) e uma fun¸c˜ao i : A → F (A)

tal que o par (F (A), i) ´e livre em A.

Demonstra¸c˜ao: Seja M (A) o conjunto de todas as seq¨uˆencias finitas (ai1, ..., ain) de

ele-mentos de A, para n ≥ 0 (n = 0 corresponde a seq¨uˆencia vazia). Defina a multiplica¸c˜ao em M (A) por

(ai1, ..., ain)(aj1, ..., ajm) = (ai1, ..., ain, aj1, ..., ajm).

Essa multiplica¸c˜ao ´e associativa e tem como unidade a seq¨uˆencia vazia denotada por 1. Portanto M (A) ´e um mon´oide.

Seja A um conjunto em bije¸c˜ao com A, tal que A ∩ A ´e vazio. Essa bije¸c˜ao manda a em a, denotamos a por a−1. O conjunto M (A ∪ A) ´e chamado de palavras de A. Seja w a palavra a1

i1...a

n

in, onde s = ±1. Dizemos que n ´e comprimento da palavra e a

r

ir s˜ao as

letras de w.

(14)

A palavra w ´e dita reduzida se para 1 ≤ r ≤ n − 1 ou ir+1 6= ir ou ir+1 = ir, mas

r+1 6= −r. Por defini¸c˜ao a palavra vazia ´e reduzida.

Se w n˜ao ´e reduzida escolha r tal que air = air+1 e r+1 = −r. Seja w

0 a palavra

obtida de w deletando o par ar

ir e a

r+1

ir+1. Dizemos que w

0 foi obtida de w por uma redu¸c˜ao

elementar. Se w00´e obtida de w por uma s´erie de redu¸c˜oes elementares ent˜ao dizemos que w00 foi obtida de w por redu¸c˜ao (w00 pode ser w).

Dizemos que w ´e equivalente a w0 se e somente se w ´e idˆentica a w0 ou existe uma seq¨uˆencia de palavras w1, ..., wk tal que w1 = w e wk = w0 e para todo j < k ou wj+1 vem

de wj por uma redu¸c˜ao elementar ou o contr´ario. Isso ´e uma rela¸c˜ao de equivalˆencia em

M (A ∪ A), denotamos a classe de w por [w] e conjunto das classes de equivalˆencia por F (A).

Se u ´e equivalente a u0 e w a w0 ent˜ao uw ´e equivalente a u0w0. Assim temos que a multiplica¸c˜ao [u][v] = [uv], em F (A), est´a bem definida. ´E poss´ıvel notar que ela ´e associativa e tem identidade [1]. Se w = a1

i1...a n in, denotamos por w −1 = a−1 in ...a −n i1 . ´E

f´acil notar que ww−1 ´e equivalente a 1. Portanto todo elemento em F (A) tem inverso provando que F (A) ´e grupo.

Agora seja G um grupo e f : A → G uma fun¸c˜ao. Podemos estender f a M (A ∪ A)

definindo f (a1 i1...a n in) = f (ai1) 1...f (a in)

n. ´E claro que se w0 vem de w por um redu¸c˜ao

elementar ent˜ao eles tˆem a mesma imagem. Portanto se w ´e equivalente a w0 ent˜ao f (w) = f (w0). Essa fun¸c˜ao induz ϕ : F (A) → G definida por ϕ([w]) = f (w) . ´E obvio que ϕ ´e homomorfismo de grupos e que f (x) = ϕi(x), onde i : A → F (A) ´e a fun¸c˜ao i(a) = [a]. Como i(A) gera F (A) ent˜ao s´o pode existir um homomorfimo de F (A) em G com as imagens de i(A) definidas por i(a) → f (a) = ϕ(i(a)). Portanto ϕ ´e ´unico.

Defini¸c˜ao 1.2 Dizemos que um grupo G ´e livre se existir um conjunto A tal que F (A) ' G.

Defini¸c˜ao 1.3 Seja G um grupo, A um conjunto e ϕ : F (A) → G um epimorfismo.

Ent˜ao ϕ(A) ´e chamado de conjunto de geradores de G. Denotamos apenas G = hϕ(A)i. Se existir A finito e ϕ : F (A) → G um epimorfismo ent˜ao dizemos que G ´e finita-mente gerado.

Defini¸c˜ao 1.4 Seja S um subconjunto de um grupo H, denotamos por hSi o menor

sub-grupo de H (com respeito `a inclus˜ao) que cont´em S.

Denotamos hSiH por fecho normal de hSi em H, o menor subgrupo normal de H que

(15)

Defini¸c˜ao 1.5 O grupo dos comutadores [G, G] ´e o subgrupo de G gerado por {[g1, g2] =

g1g2g1−1g −1

2 } onde g1, g2 ∈ G.

Lema 1.1 Seja G um grupo gerado por um conjunto A. Ent˜ao o subgrupo dos

comu-tadores de G ´e gerado por {[ai, aj]g | ai, aj ∈ A, g ∈ G}. Onde [ai, aj] = aiaja−1i a −1 j e

hg = g−1hg.

Demonstra¸c˜ao: Sejam g1, g2 ∈ G ent˜ao g1 = a11...ass, onde ai ∈ A e i = ±1. Defina

g1 = a11g10. Obtemos [g1, g2] = g1g2g−11 g −1 2 = a 1 1 g01g2g0−11 a −1 1 g −1 2 = = (a1 1 g10g2g10−1g −1 2 a −1 1 )a 1 1 g2a −1 1 g −1 2 = [g10, g2]a −1 1 [a1 1 , g2].

Por indu¸c˜ao no n´umero de elementos de A que comp˜oem g1 temos que [g10, g2] ´e produto

de elementos do tipo {[aj

j , g2]g | 1 ≤ j ≤ s, g ∈ G}. Agora [aj j , g2] = a j j g2a −j j g −1 2 = [g2, a −j j ] a−jj

Pelo mesmo racioc´ınio [g2, a −j j ] ´e produto de [b ρi i , a −j j ]g, 1 ≤ i ≤ α, onde g2 = bρ11...bραα, bi ∈ A e ρi = ±1.

Com isso obtemos que [G, G] = h{[ai

i , a j

j ]g | ai, aj ∈ A, i = ±1}i.

Mas note que

[a−1i , a−1j ] = [ai, aj]ajai, [a−1i , aj] = [aj, ai]ai, [aj, a−1i ] = [ai, aj]ai.

Isso prova que [G, G] = h{[ai, aj]g | ai, aj ∈ A, g ∈ G}i.

Defini¸c˜ao 1.6 Seja A ´e um conjunto finito e ϕ : F (A) → G um epimorfismo. Se o

N´ucleo de ϕ = hSiF (A), com S finito, dizemos G ´e finitamente apresent´avel.

1.2

odulos, Complexos e Resolu¸

oes

Defini¸c˜ao 1.7 Se R ´e um anel associativo com unidade ent˜ao um R-m´odulo `a direita M ´

e um grupo abeliano aditivo para o qual existe uma fun¸c˜ao M × R → M , denotada por (m, r) = mr, que satisfaz

(16)

1. (m + m0)r = mr + m0r; 2. m(r + r0) = mr + mr0; 3. m(rr0) = (mr)r0; 4. m1 = m;

onde m, m0 ∈ M e 1, r, r0 ∈ R.

Uma fun¸c˜ao f : M → N entre R-m´odulos `a direita M, N ´e um homomorfismo ou um

mapa se f (m + m0) = f (m) + f (m0) e f (mr) = f (m)r.

Observa¸c˜ao: As defini¸c˜oes apresentadas a seguir consideram sempre os m´odulos como m´odulos `a direita, em geral isso n˜ao ´e importante. Elas podem ser definidas com m´odulos `

a esquerda.

Defini¸c˜ao 1.8 Sejam P0,P , P00 R-m´odulos `a direita e

P0 f→ P → Pg 00

mapas entre R-m´odulos. Dizemos que o par de mapas f, g ´e exato em P se a imagem de f ´e igual ao n´ucleo de g. A seq¨uˆencia de mapas (pode ser infinita)

... → Pn+1 fn+1 → Pn fn → Pn−1 → ... ´

e exata em dimens˜ao n se o par fn, fn+1 ´e exato. Dizemos que a seq¨uˆencia ´e exata se

ela for exata em qualquer dimens˜ao.

Se a seq¨uˆencia n˜ao for exata, mas a imagem de fn+1 estiver contida no n´ucleo de fn

para todo n, dizemos que essa seq¨uˆencia ´e um complexo de R-m´odulos.

Defini¸c˜ao 1.9 Seja {Aj | j ∈ J} uma fam´ılia de R-m´odulos `a direita. Dizemos que o

produto direto Q Aj dos Aj ´e o m´odulo formado pelo produto cartesiano dos Aj, com as

opera¸c˜oes

(aj) + (bj) = (aj + bj),

(aj)r = (ajr).

Defini¸c˜ao 1.10 Dizemos que a soma direta L

jAj dos Aj ´e o subm´odulo de Q Aj que

(17)

Teorema 1.2 Sejam A e {Aj | j ∈ J} R-m´odulos `a direita. Ent˜ao A '

L

jAj se e

somente se existem mapas λj : Aj → A tais que dado um R-m´odulo X e qualquer fam´ılia

de mapas fj : Aj → X existe um ´unico mapa ϕ : A → X tal que ϕλj = fj para todo

j ∈ J .

Demonstra¸c˜ao: Se A = L

jAj ent˜ao sejam pj : A → Aj as proje¸c˜oes canˆonicas e λj :

Aj → A as inclus˜oes canˆonicas. Defina ϕ : A → X por ϕ(a) = Σfjpja, como s´o existe um

n´umero finito de coordenadas n˜ao nulas de a, essa f´ormula est´a bem definida. Agora ϕλjaj =

X

k

fkpkλjaj = fjaj.

Se existir ψ : A → X que tamb´em satisfaz ψλj = fj, para todo j, ent˜ao ψ(a) = Σψλjpja =

Σfjpja = ϕa. Portanto ϕ ´e ´unico.

Reciprocamente, suponha que exista λj : Aj → A para (j ∈ J) e que para qualquer

R-m´odulo X e fam´ılia de mapas fj : Aj → X exista um ´unico ϕ : A → X tal que

ϕλj = fj. Ent˜ao considere X = L jAj e as inclus˜oes fj : Aj → L jAj. Portanto existe um ϕ : A →L jAj tal que ϕλj = fj. X Aj λj   fj ? ? ? ? ? A_ _ _ϕ_ _ //_

Sabemos que a propriedade do par´agrafo anterior tamb´em vale para L

jAj no lugar do

A, fj no lugar de λj e A no lugar de X. Portanto para a fam´ılia λj : Aj → A existe

ψ :L jAj → A tal que ψfj = λj. L jAj ψ oo^ ^ ^ ^ ^ Aj λj  fj ? ? ? ? ? A

Ent˜ao temos que ψϕλj = λj para cada j ∈ J , pela unicidade ψϕ : A → A ´e ´unico que

satisfaz isso, mas a identidade tamb´em satisfaz. Conclu´ımos que ψϕ = idA. De maneira

an´aloga prova-se que ϕψ = idL

jAj.

Defini¸c˜ao 1.11 Dizemos que um R-m´odulo `a direita P ´e livre se for soma direta de c´opias de R. Se P = L

i∈IaiR tal que aiR ' R ent˜ao chamamos o conjunto {ai | i ∈ I}

(18)

Defini¸c˜ao 1.12 Um R-m´odulo M ´e dito finitamente gerado se existe n > 0 e um mapa sobrejetor Rn→ M .

Teorema 1.3 Seja X = {ai | i ∈ I} uma base do R-m´odulo livre A. Dado qualquer

R-m´odulo B e uma fun¸c˜ao f : X → B, existe um ´unico mapa ef : A → B que estende f .

Demonstra¸c˜ao: Para um i ∈ I defina fi : aiR → B por fi(air) = fi(ai)r. Como A =

L

iaiR, pelo teorema 1.2, existe um ´unico ef : A → B com ef ai = fiai = f ai.

Teorema 1.4 Qualquer m´odulo M ´e quociente de um m´odulo livre.

Demonstra¸c˜ao: Seja S o conjunto dos elementos do m´odulo M e seja A o m´odulo livre com base S. Defina f : S → M por f (m) = m. Pelo teorema 1.3, existe um mapa

e

f : A → M que estende f . O mapa ef ´e sobrejetor pois f ´e sobrejetor. 

Teorema 1.5 Sejam B, C R-m´odulos e F um R-m´odulo livre . Sejam α : F → C,

β : B → C mapas entre R-m´odulos. Ent˜ao se β ´e sobrejetor existe um mapa γ : F → B tal que βγ = α.

Demonstra¸c˜ao: Seja X = {xi | i ∈ I} uma base de F . Como β ´e sobrejetor, para cada

α(xi) existe bi tal que α(xi) = β(bi). Seja ϕ : X → B tal que ϕ(xi) = bi ,para todo

i ∈ I. Pelo teorema 1.3 existe um mapa γ : F → B com γ(xi) = ϕ(xi), para todo i. Para

perceber que α = βγ, ´e suficiente notar isso na base X, mas βγ(xi) = βϕ(xi) = β(bi) =

α(xi). 

Defini¸c˜ao 1.13 Dizemos que um R-m´odulo `a direita P ´e projetivo, se para quaisquer mapas entre R-m´odulos, B → C sobrejetor e Pβ → C, existir o homomorfismo Pα → B talγ que βγ = α. P α  γ ~~ ~~ B β //C //0

Exemplo: Todo m´odulo livre ´e projetivo, pelo teorema 1.5.

Teorema 1.6 Se P ´e projetivo e β : B → P ´e um epimorfismo ent˜ao B = Ker(β) ⊕ P0, com P0 ' P .

(19)

Demonstra¸c˜ao: Considere a idP : P → P . Como P ´e projetivo existe γ : P → B tal que

βγ = idP. Ent˜ao γ ´e injetor, portanto P0 = Im(γ) ' P . Agora para b ∈ B,

b = b − γβb + γβb.

Mas b − γβb ∈ Ker(β) e γβb ∈ Im(γ).

Para provar que B ' Ker(β) ⊕ P0 ´e suficiente provar que 0 = P0 ∩ Ker(β) . Se

w ∈ Ker(β) ∩ P0 ent˜ao w = γw0, mas 0 = βw = βγw0 = w0. Portanto w = 0.

Corol´ario 1.1 Seja 0 → K0 → Q → P → 0 uma seq¨uˆencia exata com P projetivo ent˜ao Q ' P ⊕ K0.

Demonstra¸c˜ao. K0 = Ker(Q → P ). Agora use o teorema 1.6.

Teorema 1.7 Um m´odulo P ´e projetivo se e somente se existe um m´odulo Q tal que

P ⊕ Q = F ´e livre.

Demonstra¸c˜ao: Pelo teorema 1.4, existe um m´odulo livre F e um epimorfismo p : F → P . Se P ´e projetivo ent˜ao pelo teorema 1.6, F = Ker(p)⊕P0, com P0 ' P . Seja Q = Ker(p).

Reciprocamente, seja F = P ⊕ Q com F livre, i : P → F a inclus˜ao e p : F → P a

proje¸c˜ao. Note que pi = idp.

Considere os mapas f : P → C e β : B → C, com β sobrejetor. Pelo teorema 1.5,

para a composi¸c˜ao f p : F → C, existe um mapa γ : F → B tal que f p = βγ, portanto

βγi = f pi = f idP = f . O mapa γi : P → B ´e o mapa requerido. Isso prova que P ´e

projetivo.

Defini¸c˜ao 1.14 Uma resolu¸c˜ao projetiva de comprimento n de um R-m´odulo `a direita M ´e um seq¨uˆencia exata

Pn fn → Pn−1 → ... → P1 f1 → P0  → M → 0 onde cada Pi ´e um R-m´odulo `a direita projetivo.

(20)

1.3

Propriedade F P

m

Teorema 1.8 As seguintes condi¸c˜oes sobre um R-m´odulo M s˜ao equivalentes:

1. Existe uma seq¨uˆencia exata Rm → Rn → M → 0 com m e n inteiros.

2. Existe uma seq¨uˆencia exata P1 → P0 → M → 0 onde os Pi s˜ao m´odulos projetivos

finitamente gerados.

3. M ´e finitamente gerado e para qualquer sobreje¸c˜ao  : P → M com P finitamente gerado e projetivo, o n´ucleo de  ´e finitamente gerado.

A demonstra¸c˜ao desse teorema ´e baseada no lema de Schanuel.

Lema 1.2 (Lema de Schanuel) Sejam 0 → K → P → M → 0 eπ

0 → K0 → P0 π→ M → 0 seq¨0 encias exatas de R-m´odulos com P e P0 projetivos. Ent˜ao

P ⊕ K0 ' P0⊕ K.

Demonstra¸c˜ao: Seja Q o subm´odulo de P ⊕ P0 que consiste dos pares (x, x0) tais que π(x) = π0(x0) (Q ´e chamado de pullback dos mapas π e π0). Agora considere as seq¨uˆencias exatas 0 → K → Qi → Pp0 0 → 0, 0 → K0 i 0 → Q→ P → 0p onde i(k) = (k, 0), i0(k0) = (0, k0) e p(x, x0) = x , p0(x, x0) = x0.

Pelo corol´ario 1.1 temos que P0⊕ K ' Q ' P ⊕ K0

.

Demonstra¸c˜ao do teorema 1.8: ´E claro que 3 ⇒ 1 ⇒ 2. Para provar 2 ⇒ 3, note que M ´e finitamente gerado pois P0 ´e finitamente gerado. Aplique o lema de Schanuel nas

seq¨uˆencias

0 → Ker() → P → M → 0 e

0 → Ker(P0 → M ) → P0 → M → 0

e obtenha P ⊕ Ker(P0 → M ) ' P0 ⊕ Ker(). O lado esquerdo ´e finitamente gerado

(21)

finitamente gerado.

Dizemos que um m´odulo M ´e finitamente apresent´avel se ele satisfaz a condi¸c˜ao 1 do teorema acima. Uma generaliza¸c˜ao do conceito de ser finitamente apresent´avel ´e a seguinte.

Defini¸c˜ao 1.15 Dizemos que um R-m´odulo M ´e do tipo F Pm se existe uma resolu¸c˜ao

projetiva de comprimento m de R-m´odulos

Pm → . . . → P2 → P1 → P0 → M → 0 (1.1)

tal que Pi ´e finitamente gerado para i ≤ m

Uma generaliza¸c˜ao do teorema 1.8 ´e o seguinte teorema.

Teorema 1.9 Para um R-m´odulo M e um inteiro n ≥ 0 as seguintes condi¸c˜oes s˜ao

equivalentes:

1. Existe um resolu¸c˜ao parcial Fn → ... → F0 → M → 0 onde cada Fi ´e livre e

finitamente gerado. 2. M ´e do tipo F Pn.

3. M ´e finitamente gerado e para cada resolu¸c˜ao projetiva de comprimento finito Pk→

... → P0 → M → 0 com k < n, o n´ucleo Pk→ Pk−1 ´e finitamente gerado.

Para demonstrar a generaliza¸c˜ao do teorema 1.8 necessitamos de uma generaliza¸c˜ao do lema de Schanuel.

Lema 1.3 Sejam

Pn → Pn−1 → ... → P0 → M → 0 e

Pn0 → P0

n−1 → ... → P00 → M → 0

seq¨uˆencias exatas com Pi e Pi0 projetivos para i ≤ n − 1. Ent˜ao

(22)

Conseq¨uentemente se Pi e Pi0 s˜ao finitamente gerados para i ≤ n − 1 ent˜ao Pn ´e

finitamente gerado se e somente se Pn0 ´e finitamente gerado.

Demonstra¸c˜ao: A demonstra¸c˜ao ´e por indu¸c˜ao. Sejam K = Ker(Pn−2 → Pn−3) e K0 =

Ker(Pn−20 → P0

n−3). Por hip´otese de indu¸c˜ao temos

K ⊕ Q ' K0⊕ Q0,

onde

Q = Pn−20 ⊕ Pn−3⊕ · · ·

e

Q0 = Pn−2⊕ Pn−30 ⊕ · · ·

Por outro lado temos as seq¨uˆencias exatas

0 → Pn→ Pn−1⊕ Q → K ⊕ Q → 0

0 → Pn0 → P0

n−1⊕ Q

0 → K0⊕ Q0 → 0.

Atrav´es do teorema 1.7 ´e facil ver que a soma direta de projetivos ´e projetivo. Portanto Pn−1⊕ Q e Pn−10 ⊕ Q0 s˜ao projetivos. Aplicando o lema de Schanuel temos que

Pn0 ⊕ Pn−1⊕ Q ' Pn⊕ Pn−10 ⊕ Q 0,

que ´e o isomorfismo desejado.

Demonstra¸c˜ao do teorema 1.9: 1 ⇒ 2 ´e trivial, pois cada m´odulo livre ´e projetivo. Para 2 ⇒ 3: Se M ´e do tipo F Pn ent˜ao para qualquer k < n existe um resolu¸c˜ao parcial

projetiva Pk → ... → P0 → M → 0 com Ker(Pk → Pk−1) finitamente gerado. Pelo lema

1.3 qualquer outra resolu¸c˜ao projetiva Pk0 → ... → P0

0 → M → 0 de mesmo comprimento

tem o Ker(Pk0 → P0

k−1) finitamente gerado, provando 3. Para 3 ⇒ 1, observe que se 3 ´e

verdade ent˜ao podemos construir a resolu¸c˜ao que aparece em 1, construindo m´odulo por m´odulo utilizando sempre 3, no caso espec´ıfico quando os P1, ..., Pk s˜ao livres.

Existem m´odulos que s˜ao F Pn para todo n > 0. O pr´oximo teorema fala sobre

(23)

Teorema 1.10 Para um R-m´odulo M as seguintes condi¸c˜oes s˜ao equivalentes:

1. Existe uma resolu¸c˜ao infinita ... → Fn → ... → F0 → M → 0 onde cada Fi ´e livre e

tem base finita.

2. Existe uma resolu¸c˜ao projetiva infinita ... → Pn → ... → P0 → M → 0 onde cada

Pi ´e finitamente gerado.

3. M ´e do tipo F Pn, para todo n > 0.

Observa¸c˜ao: Nas resolu¸c˜oes acima permitimos Fi = 0 ou Pi = 0.

Demonstra¸c˜ao: 1 ⇒ 2 ⇒ 3 ´e trivial. Para 3 ⇒ 1: Se 3 ´e verdade ent˜ao podemos usar a condi¸c˜ao 3, do teorema 1.9, para construir m´odulo por m´odulo da resolu¸c˜ao que aparece em 1.

1.4

Grupos do tipo F P

m

O conceito F Pm se estende a grupos da seguinte maneira.

Defini¸c˜ao 1.16 Um grupo G tem tipo F Pm se Z ´e do tipo F Pm como ZG-m´odulo, onde

ZG ´e a algebra de grupo integral de G.

Podemos ver Z como ZG-m´odulo, definindo uma a¸c˜ao de G sobre Z de modo trivial, isto ´

e, mg = m. Portanto a multiplica¸c˜ao de um elemento arbitr´ario de ZG por m ∈ Z fica m(Σg∈G zgg) = m(Σzg).

Exemplo: Todo grupo ´e F P0. Basta considerar a sobreje¸c˜ao  : ZG → Z

(Σg∈G zgg) = Σzg. Denotamos seu n´ucleo por AugZG.

Teorema 1.11 G tem tipo F P1 se e somente se G ´e finitamente gerado.

Demonstra¸c˜ao: Observe que o n´ucleo do mapa  ´e gerado como Z-m´odulo por {g − 1, g ∈ G}, pois se (P g∈G zgg) =P zg = 0 ent˜ao X g∈G zgg = X g∈G zgg − X zg = X g∈G zg(g − 1).

(24)

Se G ´e gerado por g1, ..., gk ent˜ao o n´ucleo de  ´e gerado como ZG-m´odulo `a direita por

{g1− 1, ..., gk− 1}.

Por exemplo se g = g1g2−1 ent˜ao

g − 1 = g1g2−1− g1+ g1− 1 = (g−12 − 1)g1+ g1 − 1 = (g2− 1)(−g1g2−1) + g1− 1.

Para g arbitr´ario, escrevemos g = g1

i1...g

k

ik com i = ±1 e usamos indu¸c˜ao em k.

Portanto a seq¨uˆencia Lk

i=1eiZG φ

→ ZG → Z → 0, tal que φ(e i) = gi − 1, ´e exata.

Provando que Z ´e F P1.

Reciprocamente se G for F P1 ent˜ao Z ´e F P1. Pela condi¸c˜ao 3 do teorema 1.8, o

n´ucleo de  ´e finitamente gerado como ZG-m´odulo. J´a vimos que {g − 1, g ∈ G} gera o n´ucleo como Z-m´odulo, conseq¨uentemente tamb´em como ZG-m´odulo. Se {s1, .., sm}

tamb´em gera o n´ucleo, podemos escrever cada si em fun¸c˜ao de um n´umero finito de

elementos de {g − 1, g ∈ G} com coeficientes em ZG. Portanto existem g1, ..., gk, tais que

g1 − 1, ..., gk− 1 geram Ker() como ZG-m´odulo.

Seja S o subgrupo de G gerado por {g1, ..., gk}.

Considere a seq¨uˆencia exata 0 → AugZS → ZS → Z → 0. Sabe-se que ZG ´e

ZS-m´odulo livre portanto plano (Ver apˆendice do cap´ıtulo 4). Portanto existe a seguinte seq¨uˆencia exata:

0 → ZG ⊗ZSAugZS → ZG → ZG ⊗ZSZ → 0.

Mas

ZG ⊗ZSZ ' Z(G/S),

ZG ⊗ZSAugZS ' ZGAugZS = AugZG.

Onde Z(G/S) ´e o Z-m´odulo livre com base as classes laterais de S em G.

Isso mostra que a seq¨uˆencia 0 → AugZG → ZG → Z(G/S) → 0 ´e uma seq¨uˆencia

exata. Portanto G = S.

Teorema 1.12 Se G ´e um grupo finitamente apresent´avel ent˜ao G tem tipo F P2.

Para demonstrar o teorema 1.12 precisamos da seq¨uˆencia exata do seguinte teorema.

Teorema 1.13 Seja G um grupo tal que G = F (A)/R, onde A ´e um conjunto, F (A) ´e o

grupo livre gerado por A e R um subgrupo normal de F (A). Ent˜ao existe uma seq¨uˆencia exata de ZG-m´odulos

(25)

0 → Rab d →L a∈AZGea ∂ → ZG→ Z → 0

onde Rab= R/[R, R], ∂(ea) = a − 1 e a ´e a imagem de a em G.

Demonstra¸c˜ao: Seguimos a demonstra¸c˜ao do livro de K. Brown [8]. Suponhamos que o leitor j´a conhe¸ca a base de recobrimentos de CW complexos.

Seja Y um buquˆe de c´ırculos indexados por A e v o v´ertice que corresponde ´a interse¸c˜ao desses c´ırculos. Observamos que o grupo fundamental π1(Y ) ' F (A). Seja eY um espa¸co

de recobrimento regular conexo de Y tal que π1( eY ) = R. Identifica-se G = F (A)/R com

o grupo de transforma¸c˜oes de recobrimento, conforme est´a explicado no apˆendice no final desse cap´ıtulo (Veja se¸c˜ao 1.5). A a¸c˜ao de G sobre o complexo celular C∗Y nos fornece ae resolu¸c˜ao parcial de ZG-m´odulos livres

L

a∈AZGea ∂

→ ZG→ Z → 0,

correspondente a C1Y → Ce 0Y → Z → 0.e

Para qualquer f ∈ F (A) = π1(Y ), consideramos f uma concatena¸c˜ao de caminhos

cujas imagens s˜ao os c´ırculos que formam Y . Denotamos por ef o levantamento de f a eY que come¸ca num v´ertice ev, previamente escolhido, cuja imagem em Y ´e o v´ertice v.

Pelo teorema de Hopf sabemos que H1( eY ) ' (π1( eY ))ab ' Rab. Esse isomorfismo ´e

induzido pelo mapa ed : R → H1( eY ), definido da seguinte maneira:

Sejaer o caminho fechado em eY que ´e o levantamento do caminho em Y correspondente a r ∈ R. Ent˜ao er ∈ H1( eY ), define-se ed(r) =er.

Sejam f ∈ F (A), r ∈ R e f a classe de f em G. O levantamento de f rf−1 ´e a

concatena¸c˜ao de ef , fer, ef−1, onde fer ´e o elementor sob a¸c˜e ao de f . Em H1( eY ) temos que

e

d(f rf−1) = ef + fer + ef−1 = fer = f ed(r). Se definirmos a a¸c˜ao `a esquerda de F (A) em R pela conjuga¸c˜ao (f ∗ r = f rf−1), obtemos uma a¸c˜ao de G em Rab e portanto Rab ´e um

ZG-m´odulo `a esquerda. Esse ed induz um mapa d : Rab → H1( eY ) que preserva a¸c˜ao de G,

portanto temos que d ´e um isomorfismo de ZG-m´odulos. Agora H1( eY ) ´e o n´ucleo de ∂, portanto

0 → Rab d →L a∈AZGea ∂ → ZG→ Z → 0 ´ e exata.

(26)

Demonstra¸c˜ao do teorema 1.12: Seja G = F (A)/R, onde R = hSiF (A) para S e A conjuntos finitos. Seja 0 → Rab d →L a∈AZGea ∂ → ZG→ Z → 0,

a seq¨uˆencia exata do teorema 1.13, para o G acima. Como j´a foi observado na demon-stra¸c˜ao do teorema 1.13, a a¸c˜ao de F (A) `a esquerda de R via conjuga¸c˜ao (f ∗ λ = f λf−1) induz uma a¸c˜ao de F (A)/R = G em Rab, tornando Rab um ZG-m´odulo `a esquerda.

Como R = hSiF (A) ent˜ao R ´e gerado como grupo por {f sf−1 | f ∈ F, s ∈ S}, assim R ab

´

e gerado como grupo por {f ∗ s[R, R] | f ∈ G, s ∈ S}. Portanto Rab ´e finitamente gerado

como ZG-m´odulo por {s[R, R] | s ∈ S}.

Seja f :L

s∈SZGes→ Rab o epimorfismo tal que f (es) = s[R, R].

Portanto L s∈SZGes d◦f → L a∈AZGea ∂ → ZG→ Z → 0 ´

e uma seq¨uˆencia exata de ZG-m´odulos `a esquerda finitamente gerados e livres. Posso consider´a-los como m´odulos `a direita definindo a a¸c˜ao de g em w por wg = g−1w. ´E ´obvio que seq¨uˆencia continua exata. Provando que G ´e F P2.

O pr´oximo teorema ser´a muito ´util na se¸c˜ao (2.5).

Teorema 1.14 Se H ⊆ G um subgrupo de ´ındice finito ent˜ao G ´e do tipo F Pn (0 ≤ n ≤

∞) se e somente se H ´e do tipo F Pn.

Demonstra¸c˜ao: Qualquer resolu¸c˜ao projetiva finita de Z por ZG-m´odulos finitamente gerados tamb´em ´e uma resolu¸c˜ao projetiva finita de Z por ZH-m´odulos. Os m´odulos tamb´em s˜ao finitamente gerados como ZH-m´odulos pois o ´ındice de H em G ´e finito.

Para a outra implica¸c˜ao, suponha H do tipo F Pn. Seja P uma resolu¸c˜ao projetiva

de Z por ZG-m´odulos finitamente gerados, cujo comprimento ´e k < n. Ela existe pois todo grupo ´e F P0. Agora considerando P uma resolu¸c˜ao de ZH-m´odulos, podemos usar

a condi¸c˜ao 3 do teorema 1.9 e concluir que o Ker(Pk → Pk−1) ´e finitamente gerado sobre

ZH. Mas isso implica que o Ker(Pk → Pk−1) ´e finitamente gerado sobre ZG, portanto a

(27)

1.5

Apˆ

endice do cap´ıtulo 1.

A leitura desse apˆendice s´o ´e necess´aria para a demonstra¸c˜ao do teorema 1.13. Aqui ´e explicado como G age sobre o complexo celular C∗( eY ).

Seja p : eY → Y uma aplica¸c˜ao de recobrimento entre espa¸cos conexos e localmente conexos por caminho ent˜ao denota-se por transforma¸c˜ao de Deck de p um homeomorfismo m : eY → eY tal que pm = p. O grupo G das transforma¸c˜oes de Deck age livremente sobre

e Y .

Se o recobrimento p : eY → Y for regular, isto ´e, satisfaz as condi¸c˜oes equivalentes abaixo ent˜ao G ' π1(Y )/π1( eY ).

Exemplo: Para o buquˆe de c´ırculos Y, da demonstra¸c˜ao do teorema 1.13, e seu

recobri-mento eY temos que G ' F (A)/R.

Essa a¸c˜ao de G no CW-complexo eY induz uma a¸c˜ao no complexo celular C∗( eY ), o

que nos permite consider´a-lo um complexo de ZG-m´odulos. Como a a¸c˜ao de G permuta

as c´elulas de eY livremente (isto ´e, gσ 6= σ para todo σ, se g 6= 1), Cn( eY ) tem uma base

como Z-m´odulo que ´e permutada livremente por G, tornando-o um ZG-m´odulo livre. Defini¸c˜ao 1.17 p : eY → Y ´e um recobrimento regular se satisfaz as seguintes condi¸c˜oes equivalentes.

1. G age transitivamente em p−1(y) para todo y ∈ Y .

2. A imagem de π1( eY ) → π1(Y ) ´e normal em π1(Y ) para alguma (e portanto para

qualquer) escolha de ponto base.

3. Para qualquer caminho fechado w ∈ Y , se um levantamento de w para eY ´e fechado ent˜ao todos os poss´ıveis levantamentos de w s˜ao fechados.

(28)

Cap´ıtulo 2

Grupos Metabelianos

Neste cap´ıtulo se encontra a maioria das defini¸c˜oes e resultados utilizados neste trabalho.

2.1

Grupos Metabelianos

Defini¸c˜ao 2.1 Dizemos que G ´e um grupo metabeliano se existe uma seq¨uˆencia exata de grupos

1 → M → G → Q → 1π (2.1)

com M e Q abelianos.

O isormorfismo de M com sua imagem em G nos permite considerar o mapa M → G como sendo a inclus˜ao, isto ´e, M ´e subgrupo normal de G. Al´em disso definimos uma a¸c˜ao `a direita do grupo Q no grupo M via conjuga¸c˜ao (mq ´e g−1mg onde π(g) = q), isso nos d´a que M ´e um ZQ-m´odulo.

Quando pensamos na estrutura de M como ZQ-m´odulo, pensamos na sua opera¸c˜ao como sendo a soma e a opera¸c˜ao de Q como sendo o produto, portanto a multiplica¸c˜ao de um elemento arbitr´ario de ZQ por m ∈ M ´e feita da seguinte maneira m.(Σq∈Qzqq) =

Σq∈Q zqmq, onde zq ∈ Z e q ∈ Q.

Lema 2.1 Em (2.1), G ´e finitamente gerado como grupo se e somente se M ´e finitamente gerado como ZQ-m´odulo e Q ´e finitamente gerado como grupo.

Demonstra¸c˜ao : Seja M finitamente gerado como ZQ-m´odulo com geradores m1, ..., mn

e Q finitamente gerado com geradores q1, ..., qk. Sejam g1, .., gk elementos de G tais que

π(gi) = qi. Ent˜ao os elementos m1, ..., mn, g1, ..., gk geram G.

(29)

Se G for finitamente gerado, seja S = {g1, .., gk} um conjunto de geradores de G.

Seja [G, G] o subgrupo dos comutadores de G. Sabemos que [G, G] ´e normal e G/[G, G] ´e abeliano. M/[G, G] ´e subgrupo de G/[G, G] que ´e abeliano e finitamente gerado, portanto M/[G, G] tamb´em ´e finitamente gerado como grupo. Se provarmos que [G, G] ´e finita-mente gerado como ZQ-m´odulo ent˜ao M ser´a finitafinita-mente gerado como ZQ-m´odulo, pois M/[G, G] j´a ´e finitamente gerado como ZQ-m´odulo ( M/[G, G] ´e Z-m´odulo finitamente gerado).

Mas pelo lema 1.1

[G, G] = h{[gi, gj]g | g ∈ G, 1 ≤ i ≤ j ≤ k}i.

A a¸c˜ao de q `a direta de m por defini¸c˜ao ´e mq = g−1mg, onde π(g) = q. Ent˜ao [G, G] = h{[gi, gj]g | gi, gj ∈ S, g ∈ G}i = h{[gi, gj]q | gi, gj ∈ S, q ∈ Q}i.

Como {[gi, gj] | gi, gj ∈ S} ´e um conjunto finito temos que [G, G] ´e finitamente gerado

por {[gi, gj] | gi, gj ∈ S} como ZQ-m´odulo. 

Daqui para frente o grupo G ser´a um grupo finitamente gerado e a seq¨uˆencia (2.1) ser´a cindida, portanto G ser´a o produto semidireto de M e Q e vale o resultado do lema (2.1). J´a foi discutido como M ´e um ZQ-m´odulo, mas G tendo essa forma nos possibilita

conceber M tamb´em como um ZG-m´odulo. Se g ∈ G ent˜ao g = nq com n ∈ M, q ∈ Q.

Para todo m ∈ M definimos mg = m(nq) = (mn)q, como j´a temos definido a a¸c˜ao de

q em elementos de M , essa a¸c˜ao fica bem definida. Note que para todo ZM -m´odulo

livre, essa multiplica¸c˜ao nos permite vˆe-lo como um ZG-m´odulo. Al´em disso, se a a¸c˜ao de Q tamb´em for livre sobre uma base desse m´odulo, permutando-as livremente, ent˜ao o m´odulo tamb´em ser´a um ZG-m´odulo livre.

2.2

An´

eis e M´

odulos Noetherianos

Quando trabalhamos com a propriedade F Pmestamos sempre preocupados com a quest˜ao

dos m´odulos serem ou n˜ao finitamente gerados, em alguns casos precisamos saber se

um subm´odulo tamb´em ´e finitamente gerado. Sabemos que em geral nem sempre isso ´e verdade, mas sabemos que isso ocorre se o anel for Noetheriano e um m´odulo com respeito a esse anel for finitamente gerado.

Defini¸c˜ao 2.2 Dizemos que um anel R ´e Noetheriano `a direita se todo ideal `a direita ´e finitamente gerado. Se R for comutativo dizemos apenas que ´e Noetheriano.

(30)

Exemplos:

Todo anel de ideal principal ´e Noetheriano, portanto Z ´e Noetheriano.

Todo quociente de um anel Noetheriano `a direita por um ideal, tamb´em ´e um anel Noethe-riano `a direita.

Teorema 2.1 O anel R ´e Noetheriano `a direita se e somente se todo subm´odulo de um R-m´odulo `a direita M finitamente gerado tamb´em ´e finitamente gerado.

Demonstra¸c˜ao: Suponha primeiro que R ´e Noetheriano `a direita. Seja M gerado por {x1, ..., xn} e S ´e um subm´odulo de M . Prova-se que S ´e finitamente gerado por indu¸c˜ao

em n. Se n = 1 ent˜ao M ' R/I, onde I = Ker(R → M ), com f (r) = xf 1r. Portanto

S ' J/I, para algum ideal `a direita J contendo I. J ´e finitamente gerado pois R ´e Noetheriano portanto S ' J/I tamb´em ´e finitamente gerado.

Suponha n > 1. Se M0 = xnR ent˜ao a seq¨uˆencia exata

0 → M0 → M → M/M0 → 0

possui M/M0 gerado por n − 1 elementos como R-m´odulo. Existe uma outra seq¨uˆencia exata

0 → S ∩ M0 → S → S/(S ∩ M0) → 0.

Agora S ∩ M0 ´e finitamente gerado pelo caso n = 1, enquanto S/(S ∩ M0) ' (S + M0)/M0 ⊂ M/M0 ´e finitamente gerado por indu¸c˜ao. Isso implica que S ´e finitamente

gerado.

Para a outra implica¸c˜ao do teorema, observe que os subm´odulos `a direita de R s˜ao os ideais `a direita, portanto R ´e Noetheriano. 

Defini¸c˜ao 2.3 Dizemos que um R-m´odulo `a direita M ´e Noetheriano se M ´e finitamente gerado e R ´e Noetheriano `a direita.

Teorema 2.2 Seja M um R-m´odulo `a direita. Ent˜ao M ´e Noetheriano se e somente se cada cadeia crescente de subm´odulos de M

M0 ⊆ M1 ⊆ M2 ⊆ ...

(31)

Demonstra¸c˜ao: Se M ´e Noetheriano temos que M0 = ∪jMj ´e subm´odulo de M e portanto

finitamente gerado. Seja M0 = m1R + ... + mnR. Existe Mk tal que {m1, ..., mn} ⊂ Mk.

Assim Mj ⊆ M0 ⊆ Mk⊆ Mj, para todo j ≥ k.

Reciprocamente, se S ´e um subm´odulo de M que n˜ao ´e finitamente gerado. Escolha s1 ∈ S e defina M1 = s1R. Assuma por indu¸c˜ao que j´a foram escolhidos s1, ..., sn, com

Mi = s1R + ... + siR, tais que Mi 6= Mi+1.

Como S n˜ao ´e finitamente gerado existe sn+1 ∈ M/ n. Defina Mn+1 = Mn + snR,

portanto Mn+1 6= Mn. A cadeia crescente de subm´odulos constru´ıda por essa indu¸c˜ao n˜ao

estabiliza, concluindo a demonstra¸c˜ao.

Corol´ario 2.1 R ´e um anel Noetheriano `a direita (esquerda) se e somente se toda cadeia crescente de ideais `a direita (esquerda) estabiliza.

Demonstra¸c˜ao: Os subm´odulos de R, como m´odulo `a direita, s˜ao os ideias `a direita.

Teorema 2.3 (Hilbert) Se o anel R for comutativo e Noetheriano ent˜ao o anel de

polinˆomios R[x] tamb´em ´e Noetheriano. Por indu¸c˜ao R[x1, ..., xn] tamb´em ´e

Noetheri-ano.

Demonstra¸c˜ao: Seja J ideal de R[x]. Defina Im como

Im = {r ∈ R | ∃ f (x) = rxm+ Σm−1j=0 bjxj ∈ J, r 6= 0} ∪ {0}.

Im ´e um ideal pois se r1, r2 ∈ Im ent˜ao existem

f1 = r1xm+ Σm−1j=0 bjxj ∈ J e

f2 = r2xm+ Σm−1j=0 cjxj ∈ J.

Assim f1− f2 = (r1− r2)xm+ Σj=0m−1djxj, portanto r1− r2 ∈ Im.

Para todo r ∈ R, rf1 ∈ J, se f1 ∈ J ent˜ao rr1 ∈ Im, se rr1 6= 0. Se rr1 = 0 entao rri

tamb´em pertence a Im. Provando que Im ´e um ideal.

´

E f´acil notar que Im ⊂ Im+1. Pelo corol´ario 2.1 essa cadeia de ideais estabiliza, Ij = Ik

para todo k ≤ j . Portanto seja

(32)

Para cada ri,j (0 ≤ i ≤ k e 1 ≤ j ≤ ji) existe fi,j(x) = ri,jxi+ Σs<ibsxs ∈ J.

O objetivo ´e provar que S = {fi,j | 1 ≤ i ≤ k, 1 ≤ j ≤ ji} gera J.

Seja f (x) ∈ J . Se f (x) ´e um polinˆomio constante ent˜ao f (x) ∈ I0. Ent˜ao f (x) ∈

Rf0,1+ ... + Rfi0,j0.

Agora suponha

f (x) = axm+ Σ

s<mbsxs, a 6= 0 e m > 0.

Se m ≤ k ent˜ao a = a1rm,1+ ... + ajmrm,jm.

O polinˆomio g(x) = f (x) − a1fm,1 − ... − ajmfm,jm ∈ J e tem grau menor ou igual

a m − 1. Por indu¸c˜ao no grau do polinˆomio, g(x) pertence ao ideal gerado por S. Isso implica que f (x) pertence ao ideal gerado por S.

Se m > k ent˜ao Im = Ik. Portanto a = a1rk,1+ ... + ajkrk,jk.

O polinˆomio g(x) = f (x) − a1fk,1xm−k− ... − ajkfk,jkx

m−k ∈ J e tem grau m − 1, por

indu¸c˜ao g pertence ao ideal gerado por S. Isso implica que f (x) pertence ao ideal gerado por S.

Assim todo polinˆomio de J pertence ao ideal gerado por S, mas esse ideal est´a contido em J .

Corol´ario 2.2 Se Q ´e um grupo abeliano e finitamente gerado, ent˜ao ZQ ´e Noetheriano.

Demonstra¸c˜ao: Se Q ´e finitamente gerado ent˜ao sejam q1, ..., qkseus geradores como grupo.

Seja Z[X ∪ Y ] = Z[x1, ...xk, y1, ..., yk] o anel de polinˆomios de 2k vari´aveis comutativas.

Considere o seguinte homomorfismo de an´eis Z[X ∪ Y ]→ ZQ onde α(xα i) = qi e α(yi) =

q−1i . Pelo teorema 2.3 e como Z ´e Noetheriano temos Z[X ∪ Y ] Noetheriano. Observe que α ´e sobrejetor, portanto Z[X ∪ Y ] quocientado pelo n´ucleo de α ´e isomorfo ao ZQ, como todo quociente de um anel Noetheriano ´e Noetheriano temos que ZQ ´e Noetheriano. 

Observa¸c˜ao: Se Q ´e um grupo abeliano finitamente gerado ent˜ao ZQ ´e anel Noethe-riano pelo corol´ario 2.2. Se M ´e ZQ-m´odulo finitamente gerado (Noetheriano) ent˜ao M ´

(33)

2.3

Os invariantes Σ

m

(Q; M ).

Seja Q um grupo finitamente gerado. Denotamos por Hom(Q, (R, +)) todos os

homomor-fismos de grupos de Q em R. Sejam χ1 e χ2 ∈ Hom(Q, (R, +)) n˜ao nulos, dizemos que

eles s˜ao equivalentes se existe λ real positivo tal que χ1 = λχ2. As classes de equivalˆencia

desses homomorfismos (tamb´em chamados de caracteres) n˜ao nulos ´e chamada esfera de caracteres S(Q).

Ela recebe esse nome pelo seguinte motivo.

Lema 2.2 Se Qab ' Zn⊕ T , onde T ´e a parte de tor¸c˜ao de Qab = Q/[Q, Q], ent˜ao S(Q)

´

e homeomorfo a Sn−1. Portanto S(Q) ´e compacto.

Demonstra¸c˜ao: Como Qab ' Zn⊕ T , onde T ´e o grupo de tor¸c˜ao, ent˜ao temos

Hom(Q, R) ' Hom(Qab, R) ' Hom(Zn⊕ T, R) ' Hom(Zn, R) ⊕ Hom(T, R) =

Hom(Zn, R) ⊕ 0 ' Rn.

Defina uma topologia em Hom(Q, R) induzida pela topologia canˆonica do Rn atrav´es

desse isomorfismo de grupos. Excluindo o homomorfimo nulo de Hom(Q, R) e seu corre-spondente 0 no Rn e quocientando pela rela¸c˜ao de equivalˆencia temos S(Q) homeomorfo

a Sn−1.

Seja χ ∈ Hom(Q, (R, +)) define-se Qχ = {q ∈ Q | χ(q) ≥ 0}. ZQχ ´e um subanel de

ZQ, pois Qχ ´e mon´oide e portanto se M for um ZQ-m´odulo ent˜ao tamb´em ser´a um

ZQχ-m´odulo.

Defini¸c˜ao 2.4 Sejam Q um grupo finitamente gerado e M um ZQ-m´odulo `a direita fini-tamente gerado. Ent˜ao o m-´esimo invariante homol´ogico ´e

Σm(Q; M ) = {[χ] ∈ S(Q) | M ´e do tipo F P

m como ZQχ-m´odulo}.

A propriedade F P0 ´e equivalente a ser finitamente gerado, portanto

Σ0(Q; M ) = {[χ] ∈ S(Q) | M ´e finitamente gerado como ZQχ-m´odulo}.

Observa¸c˜ao: Essa defini¸c˜ao ´e para qualquer Q finitamente gerado, no nosso caso Q ´e abeliano. Daqui em diante sempre que o invariante for mencionado ser´a com Q abeliano.

(34)

Seria interessante se ZQχ fosse Noetheriano pois isso implicaria que para um M do

tipo F P0 sobre ZQχ ent˜ao M ´e F Pm sobre ZQχ para todo m ≥ 0. Assim Σm(Q; M ) n˜ao

seria vazio para todo m ≥ 0.

Teorema 2.4 Se Q ´e um grupo abeliano e finitamente gerado ent˜ao ZQχ ´e um anel

Noetheriano se e somente se Im(χ) ´e isomorfa a Z, isto ´e, χ ´e um caracter discreto.

Demonstra¸c˜ao: Se a Im(χ) ' Z ent˜ao existe x ∈ Qχ tal que

χ(x) = min{χ(y) | χ(y) > 0}.

Seja Q0 = Ker(χ). Ent˜ao para w ∈ ZQχ, w = Σziqi com χ(qi) ≥ 0, mas χ(qi) = niχ(x)

para algum ni ∈ N. Portanto w = Σzi(qix−ni)xni, com qix−ni ∈ Q0. Assim todo w pode

ser escrito como soma de potˆencias de x com coeficientes em ZQ0.

Obtemos assim uma sobreje¸c˜ao do anel de polinˆomios ZQ0[x] em ZQχ. Pelo corol´ario

2.2, como Q0 ´e comutativo e finitamente gerado temos ZQ0 Noetheriano, portanto ZQ0[x]

tamb´em ´e Noetheriano implicando ZQχ Noetheriano.

Reciprocamente, suponha ZQχ Noetheriano. Se n˜ao existir x ∈ Qχ tal que

χ(x) = min{χ(y) | χ(y) > 0}

ent˜ao existe uma seq¨uˆencia (qi)i∈N, com qi ∈ Qχ tal que χ(qi) > χ(qi+1) > 0.

Defina Ik = ZQχq1 + ... + ZQχqk. Observe que Ik ´e um ZQχ-subm´odulo de ZQχ,

portanto s˜ao ideais de ZQχ. Afirmo que essa cadeia de ideais n˜ao estabiliza, pois se isso

ocorresse existiria qj ∈ Ij−1.

Isso implica que

qj = Σzqqi,

com z ∈ Z, q ∈ Qχ e 1 ≤ i ≤ j − 1.

Mas ZQχ ´e um Z-m´odulo livre com base Qχ. Ent˜ao qj deve ser igual a algum dos qqi que

aparecem na igualdade qj = Σzqqi . Ent˜ao

(35)

contrariando χ(qj) < χ(qi), para 1 ≤ i ≤ j − 1.

Portanto existe x ∈ Qχ tal que χ(x) = min{χ(y) | χ(y) > 0}, mas isso ´e equivalente

a Imχ ' Z.

Existe um crit´erio envolvendo o conjunto dos centralizadores de um ZQ-m´odulo M , C(M ) = {λ ∈ ZQ | mλ = m, ∀m ∈ M },

para garantir que um [χ] ∈ Σ0(Q; M ). O crit´erio est´a apresentado no teorema abaixo.

Defini¸c˜ao 2.5 Se w =P zqq ∈ ZQ definimos o suporte de w como sup(w) = {q | zq 6=

0}.

Podemos estender χ ∈ Hom(Q, R) a uma aplica¸c˜ao de ZQ a R definindo χ(w) = min{χ(q), q ∈ sup(w)}.

Teorema 2.5 Seja M um ZQ-m´odulo finitamente gerado. Ent˜ao [χ] ∈ Σ0(Q, M ) se e

somente se existe λ ∈ C(M ) tal que χ(λ) > 0.

Demonstra¸c˜ao: Seja λ ∈ C(M ) com χ(λ) > 0. Dado 0 6= µ ∈ ZQ podemos escolher um

n´umero inteiro m > 0 tal que

mχ(λ) ≥ −χ(µ).

Ent˜ao χ(λnµ) ≥ χ(µ) + nχ(λ) ≥ 0 e dessa maneira λmµ ∈ ZQχ. Isso implica que mµ =

mλnµ ∈ mZQ

χpara todo m ∈ M , isto ´e, mZQχ = mZQ . Como M = m1ZQ+...+mkZQ,

ent˜ao M = m1ZQχ+ ... + mkZQχ.

Para implica¸c˜ao contr´aria seja RM = {m1, ..., mk} um conjunto de geradores para M

como ZQχ-m´odulo. Pegue q ∈ Q tal que χ(q) > 0. Ent˜ao temos um sistema de k equa¸c˜oes

lineares

miq−1 = Σjmjλij, onde λij ∈ ZQχ,

ou

(36)

Como conseq¨uˆencia temos que o determinante det(δij− λijq) anula todos os elementos de

M. Mas

det(δij − λijq) = 1 − µq, com µ ∈ ZQχ,

e χ(µq) ≥ χ(q) + χ(µ) > 0 ent˜ao λ = µq ´e o elemento desejado de C(M ).

Exemplo: Se M ´e ZQ-m´odulo livre ent˜ao C(M ) ´e vazio. Portanto Σ0(Q, M ) ´e vazio. Teorema 2.6 Seja M um ZQ-m´odulo finitamente gerado ent˜ao

1. Σ0(Q, M ) ´e aberto em S(Q),

2. Σ0(Q, M ) = Σ0(Q, ZQ/Ann(M )), onde Ann(M ) / ZQ ´e o ideal anulador de M, Ann(M ) = {λ ∈ ZQ | mλ = 0, para todo m ∈ M }.

3. Se 0 → M0 → M → M00 → 0 ´e seq¨

encia exata de ZQ-m´odulos, Σ0(Q, M )=Σ0(Q, M0) ∩ Σ0(Q, M00).

Demonstra¸c˜ao:

Se Q ' Zn⊕ T , onde T ´e a tor¸c˜ao de Q ent˜ao seja π : Q/T → Zn um isomorfismo.

Todo χ ∈ Hom(Q, R) pode ser escrito como χ(y) = hvχ, π(y)i, para algum vχ ∈ Rn

(hx, yirepresenta o produto interno de x por y no Rn). Se [χ] e [χ0] estiverem pr´oximos

em S(Q) ent˜ao o ˆangulo entre vχ e vχ0 ´e pequeno. Portanto se χ(qi) > 0 ent˜ao χ0(qi) > 0.

Isso implica que se χ(λ) > 0 ent˜ao χ0(λ) > 0. Obtemos que o conjunto {[χ], χ(λ) > 0} ´e aberto em S(Q).

Uma conseq¨uˆencia imediata do teorema 2.5 ´e que

Σ0(Q, M ) = [

λ∈C(M )

{[χ], χ(λ) > 0},

o que prova o item 1.

Para o item 2, observe que o Σ0(Q, M ) depende somente do centralizador de M , isto ´

e, C(M ). Mas como C(M ) − 1 = Ann(M ), temos que o invariante depende somente do ideal anulador de M , portanto quaisquer dois ZQ-m´odulos finitamente gerados com o mesmo ideal anulador I tem o mesmo invariante, o que prova o item 2.

´

(37)

Σ0(Q, M ) ⊆ Σ0(Q, M00) e Σ0(Q, M0) ∩ Σ0(Q, M00) ⊆ Σ0(Q, M ).

Agora como C(M ) ⊆ C(M0) temos que Σ0(Q, M ) ⊆ Σ0(Q, M0), mas essas trˆes inclus˜oes

provam o item 3.

2.4

Exemplo de Σ

0

(Q, M )

Nessa se¸c˜ao calcula-se um exemplo Σ0(Q, M ), utilizando um teorema que relaciona o

com-plementar desse invariante com o conjunto ∆vS(Q), definido abaixo, que est´a relacionado com valoriza¸c˜oes.

Defini¸c˜ao 2.6 Seja B um anel comutativo. Uma valoriza¸c˜ao real de B

v : B → R∞= R ∪ {∞}

´

e uma fun¸c˜ao que satisfaz

v(b1b2) = v(b1) + v(b2),

v(b1+ b2) ≥ m´ınimo {v(b1), v(b2)},

v(1) = 0, v(0) = ∞.

Defini¸c˜ao 2.7 Seja M ´e um ZQ-m´odulo finitamente gerado. Seja S = ZQ/Ann(M ) e

e

Z a imagem de Z em S (Observamos que eZ = Z/(Ann(M ) ∩ Z)).

Dada uma valoriza¸c˜ao real de Z

v : Z → R∞,

define-se ∆v

S(Q) como o subconjunto de Hom(Q, R), onde cada χ ∈ ∆vS(Q) satisfaz a

seguinte propriedade:

Existe uma valoriza¸c˜ao w : S → R∞ tal que a composi¸c˜ao Z π

→ eZ→ Rw ∞ ´e igual a v e a

composi¸c˜ao Q ,→ ZQ→ Si → Rw ∞ ´e igual a χ, onde π e i s˜ao proje¸c˜oes canˆonicas.

Teorema 2.7 Σ0(Q, M )c = {[χ] ∈ S(Q) | χ ∈[

v

∆vS(Q)}, onde Σ0(Q, M )c = S(Q) \ Σ0(Q, M ).

(38)

Demonstra¸c˜ao: A demonstra¸c˜ao desse resultado utiliza a teoria de valoriza¸c˜oes. (Veja artigo [5]).

Para o c´alculo do exemplo, precisamos do seguinte lema.

Lema 2.3 Seja v : B → R∞ uma valoriza¸c˜ao real do anel B. Se v(b1) 6= v(b2) ent˜ao

v(b1 + b2)= m´ınimo {v(b1), v(b2)}

Demonstra¸c˜ao: Como 0 = v(1) = v((−1).(−1)) = 2v(−1) ent˜ao v(−1) = 0. Temos que

v(−b1) = v(−1.b1) = v(−1) + v(b1) = v(b1).

Suponha v(b2) < v(b1), note que

v(b2)=v(b2 + b1− b1) ≥ min{v(b2+ b1), v(−b1)},

mas v(b2 + b1) ≥ min{v(b1), v(b2)} = v(b2) e

v(−b1) = v(b1) > v(b2).

Como v(b2) n˜ao pode ser maior que ele mesmo obtemos v(b2) = v(b2+ b1).

Exemplo: Seja Q o grupo abeliano livre gerado por 2 elementos, isto ´e, Q = hx, yi ' Z2 e M = ZQ/ZQ(x + y + 1).

Pelo teorema 2.7 sabemos que [χ] /∈ Σ0(Q, M ) se e somente se χ ∈ ∆v

S(Q) para alguma

valoriza¸c˜ao v : Z → R∞. Isto significa que existe alguma valoriza¸c˜ao w : S → R∞ tal que

restrita a Z ´e igual a v e restrita a Q ´e igual a χ.

Para calcular os [χ] /∈ Σ0(Q, M ), basta saber quais s˜ao as poss´ıveis imagens das

val-oriza¸c˜oes w : S → R∞ em {x, y}. Pois para cada [χ] /∈ Σ0(Q, M ) existe uma valoriza¸c˜ao

w : S → R∞ que restrita a Q ´e igual a χ e para definir qualquer χ : Q → R basta definir

χ(x) e χ(y).

Inicialmente observe que em S, x + y + 1 = 0, portanto w(x + y + 1) = ∞.

Se w(x), w(y) e 1 s˜ao diferentes entre si ent˜ao pelo lema 2.3 temos ∞ = w(0) = w(x + y + 1) = m´ınimo {w(x), w(y), w(1)}, portanto ∞ = w(x) = w(y) = w(1) = 0.

(39)

Essa contradi¸c˜ao nos d´a as seguintes possibilidades para as valoriza¸c˜oes:

1. w(x) = w(y), 2. w(y) = w(1) = 0, 3. w(x) = w(1) = 0.

Vamos avaliar os casos separadamente.

Caso 1: Se w(x) = w(y) > w(1) = 0 ent˜ao w(x + y) ≥ w(x) > w(1), portanto

w(x + y) 6= w(1). Pelo lema 2.3 temos que

∞ = w(x + y + 1) = m´ınimo {w(x + y), w(1)} = w(1) = 0. Portanto se w(x) = w(y) ent˜ao w(x) = w(y) ≤ w(1) = 0.

Caso 2: Para o caso de w(y) = 0 temos que w(y + 1) ≥ 0. Se w(x) < 0 ent˜ao pelo lema 2.3

∞ = w(x + (y + 1)) = w(x) < 0. Portanto se w(y) = 0 ent˜ao w(x) ≥ 0.

Caso 3: Trocando x por y no caso 2 obtemos o mesmo resultado. Se w(x) = 0 ent˜ao

w(y) ≥ 0

Ent˜ao para os [χ] /∈ Σ0(Q, M ) temos somente as seguintes possibilidades:

χ(x) = χ(y) < 0 ou χ(y) = 0 e χ(x) > 0 ou χ(x) = 0 e χ(y) > 0. Isso nos fornece apenas 3 pontos em S(Q) que n˜ao pertencem a Σ0(Q, M ).

2.5

Conjectura F P

m

Defini¸c˜ao 2.8 Seja Q um grupo abeliano finitamente gerado e M um ZQ-m´odulo finita-mente gerado. M ´e chamado de m-manso,como ZQ-m´odulo, se para quaisquer [χ1], ..., [χm] ∈

S(Q)\Σ0(Q; M ) temos χ

(40)

Conjectura FPm Seja 1 → M → G π

→ Q → 1 uma seq¨uˆencia exata de grupos com

M, Q abelianos e G finitamente gerado. Ent˜ao G tem tipo F Pm se e somente se M ´e

m-manso como ZQ-m´odulo.

A defini¸c˜ao da conjectura ´e para qualquer G metabeliano. Nos pr´oximos cap´ıtulos se encontra demonstrado que se M ´e 2-manso ent˜ao G ´e F P2, para o caso de G = M o Q,

isto ´e, quando a seq¨uˆencia acima ´e cindida. No ´ultimo cap´ıtulo ´e dada uma id´eia da demonstra¸c˜ao do fato: M ´e 3-manso ent˜ao G ´e F P3, para G = M o Q e discutimos as

dificuldades encontradas.

Daqui para frente assumimos que M ´e 2-manso. Observamos que o ZQ-m´odulo M da

se¸c˜ao 2.4 ´e 2-manso, mas n˜ao ´e 3-manso.

2.6

Redu¸

ao ao caso Q ' Z

n

Como todo grupo abeliano finitamente gerado, Q ' Zn⊕ T onde T ´e o seu subgrupo de

tor¸c˜ao. Como Q ´e finitamente gerado ent˜ao T ´e finito.

Lema 2.4 O ´ındice do grupo M o Zn em M o (Zn⊕ T ) = M o Q = G ´e finito.

Demonstra¸c˜ao:

Observe que M o Zn ´e normal em M o (Zn⊕ T ), pois [G, G] ⊂ M ⊂ M o Zn e todo

subgrupo de G que cont´em [G, G] ´e normal. O quociente de M o (Zn⊕ T ) por M o Zn´e

isomorfo T , mas T ´e finito. 

Com o teorema 1.14 e com o lema 2.4 conclu´ımos que ´e suficiente considerar o caso G = M o Zn, isto ´e, Q = Zn, para demonstrar que G tem tipo F P2 se M for 2-manso.

2.7

Lema Geom´

etrico

Considere uma cole¸c˜ao finita H de subconjuntos finitos L ⊂ Rn. Dizemos que um elemento

x ∈ Rn pode ser levado a

Bρ= {x, |x| < ρ, x ∈ Rn}

por H se x ∈ Bρ ou existe L ∈ H tal que x + L = {x + y, y ∈ L} ⊆ Bρ.

Lema 2.5 (Lema geom´etrico): Se para todo 0 6= x ∈ Rn existir L ∈ H tal que o

(41)

e : {ρ ∈ R, ρ > ρ0} → R+ com a propriedade que cada elemento de Bρ+e(ρ) pode ser

levado a Bρ por H.

Demonstra¸c˜ao: Definem-se dois n´umeros auxiliares C e D da seguinte maneira. Seja

Sn−1 ⊂ Rn a esfera unit´aria e considere a fun¸c˜ao f : Sn−1 → R dada por

f (u) = maxL∈Hminy∈L{hu, yi}, para u ∈ Sn−1.

A fun¸c˜ao f ´e cont´ınua e H satisfaz a hip´otese do lema ent˜ao temos que f (u) > 0 para todo u ∈ Sn−1. Como Sn−1 ´e compacto temos que

C = inf {f (u) | u ∈ Sn−1} > 0.

O segundo n´umero D ´e definido por

D = maxL∈Hmaxy∈L{|y|},

onde |y| denota a norma euclidiana. Logo L ⊂ BD para todo L ∈ H, onde Bρ denota o

fecho de Bρ. Afirmo que o lema ´e valido para a seguinte escolha expl´ıcita de ρ0 e e(ρ):

ρ0 = D2/2C, e(ρ) = C − (D2/2ρ).

Note que e ´e uma fun¸c˜ao positiva e crescente definida em {ρ ∈ R | ρ > ρ0}.

Seja x ∈ Rn tal que |x| ≥ ρ0. Por defini¸c˜ao de C existe L = Lx ∈ H tal que

miny∈Lx{h−x/|x|, yi} ≥ C,

ou

maxy∈Lx{hx/|x|, yi} ≤ −C.

Portanto n´os temos que para todo y ∈ Lx,

|x + y|2 = |x|2+ 2hx/|x|, yi|x| + |y|2 ≤ |x|2− 2C|x| + D2 ≤ |x|2.

Al´em disso temos que |x + y| − |x| = |x+y||x+y|+|x|2−|x|2 ≤ −2C|x|+D2|x| 2 = −e(|x|). Se em particular x e ρ s˜ao tais que ρ0 < ρ ≤ |x| < ρ + e(ρ) obtemos

(42)

Ent˜ao x + Lx ⊆ Bρ. Isso mostra que x pode ser levado a Bρ por H.

Com o lema geom´etrico podemos provar o seguinte resultado.

Teorema 2.8 Se Q ´e um grupo abeliano finitamente gerado e M um ZQ-m´odulo

fini-tamente gerado ent˜ao Σ0(Q, M ) = S(Q) se e somente se M ´e finitamente gerado como Z-m´odulo.

Demonstra¸c˜ao: Seja T o subgrupo de tor¸c˜ao de Q e π : Q → Rn um homomorfismo que

induz um isomorfismo Q/T ' Zn ⊂ Rn. Para cada ρ ∈ R+ seja X

ρ = π−1(Bρ) a pr´

e-imagem da bola aberta Bρ. Ent˜ao {Xρ| ρ ∈ R+} ´e uma cadeia crescente de subconjuntos

cuja uni˜ao ´e Q. Note que se k ´e um inteiro positivo temos

X√

k = Xρ, para

k − 1 < ρ ≤√k.

Se S(Q) = Σ0(Q, M ) ent˜ao os conjuntos {[χ] | χ(λ) > 0}, para λ ∈ C(M ), formam

uma cobertura aberta do compacto S(Q). Portanto existe um subconjunto finito R ⊂ C(M ) tal que

S(Q) =S

λ∈R{[χ], χ(λ) > 0}.

Isso junto com o fato que os homomorfismos de Q em R podem ser interpretados como produto escalar nos d´a que o conjunto H = {sup(λ) | λ ∈ R} satisfaz a hip´otese do lema geom´etrico. Portanto para esse H existe ρ0 e uma fun¸c˜ao e : {ρ > ρ0} → R+ com a

seguinte propriedade. Para cada ρ > ρ0 e q ∈ Xρ+e(ρ) existe λ ∈ R tal que λq ∈ ZXρ.

Como λ centraliza M isto implica que mq = mλq ∈ mZXρ para todo m ∈ M . Variando

q ∈ Xρ+e(ρ) temos

mZXρ+e(ρ)= mZXρ,

para cada ρ > ρ0 e m ∈ M . Aplicamos isso para ρ =

k > ρ0 e k ∈ Z, podemos concluir

que mZQ=mZXρ, para cada ρ > ρ0. Como Xρ ´e finito e M ´e finitamente gerado sobre

ZQ segue que M ´e finitamente gerado sobre Z. Para a outra implica¸c˜ao observe que se M = m1Z + ... + msZ ent˜ao M = m1ZQχ+ ... + msZQχ para cada [χ] ∈ S(Q).

(43)

Cap´ıtulo 3

Uma Resolu¸

ao Livre

3.1

A Resolu¸

ao Parcial de Z.

Objetivo dessa se¸c˜ao ´e apresentar o complexo F que ´e uma resolu¸c˜ao parcial de Z de comprimento 3 constitu´ıda de ZG-m´odulos. Ele ser´a utilizado na demonstra¸c˜ao de uma das implica¸c˜oes da conjetura F P2 para G = M o Q.

Seja G = M o Q um grupo finitamente gerado com M e Q abelianos. Consideramos M um ZQ-m´odulo `a direita com a a¸c˜ao de Q via conjuga¸c˜ao, como foi explicado na se¸c˜ao 2.1. Consideramos Q ' Zn (Essa redu¸c˜ao j´a foi explicada na se¸c˜ao 2.6).

Pelo lema 2.1, M ´e finitamente gerado como ZQ-m´odulo e Q ´e finitamente gerado

como grupo. Pelo corol´ario 2.2, ZQ ´e anel Noetheriano. Conclu´ımos que M ´e um

ZQ-m´odulo Noetheriano. Isso garante que M ´e F Pn como ZQ-m´odulo, para todo n ≥ 0.

Portanto existe uma seq¨uˆencia exata de ZQ-m´odulos

ZC→ ZBd2 → ZAd1 → M → 0,d0 (3.1)

onde C, B, A s˜ao uni˜oes finitas e disjuntas de Q-´orbitas livres, i.e., ZA, ZB, ZC s˜ao ZQ-m´odulos livres de posto finito.

Essa seq¨uˆencia est´a relacionada com a resolu¸c˜ao F .

Teorema 3.1 Existe uma resolu¸c˜ao F de ZG-m´odulos

F3 ∂3 → F2 ∂2 → F1 ∂1 → ZM → Z → 0 35

(44)

com F3, F2, F1 livres e definidos por F3 = M a1, a2, a3∈A ea1ea2ea3ZM ⊕ M a∈A, b∈B eaebZM ⊕ M c∈C ecZM F2 = M a1, a2∈A ea1ea2ZM ⊕ M b∈B ebZM F1 = M a∈A eaZM .

Al´em disso esse complexo em dimens˜ao ≥ 1 possui um produto anticomutativo e as derivadas satisfazem a regra de Leibniz ∂(n.m) = ∂(n)m + (−1)dim(n)n∂(m).

Nesse cap´ıtulo demonstra-se que o complexo ´e exato at´e dimens˜ao 1. O teorema 3.1 ´

e uma vers˜ao particular do resultado principal da referˆencia [10]. Esse fato ´e utilizado na demonstra¸c˜ao da conjectura F P2. No ´ultimo cap´ıtulo apresentamos uma id´eia da

demonstra¸c˜ao da conjectura F P3 utilizando esse complexo.

Defini¸c˜ao 3.1 Chamamos de base de F o conjunto

{ea1, eb1, ea1ea2, ea1eb1, ea1ea2ea3, ec | a1, a2, a3 ∈ A, b1 ∈ B, c ∈ C}.

A justaposi¸c˜ao de elementos da base significa produto desses elementos, com isso obtemos que

ea1ea2 = (−1)

dima1.dima2e

a2ea1 = −ea2ea1

eaeb = (−1)dima.dimbebea= ebea.

Observa¸c˜ao 1: Definimos a a¸c˜ao de Q em eaλ como (eaλ)q = eaq(λq), com λ ∈ ZM .

Para ebλ, ecλ ´e an´alogo. Para definir a a¸c˜ao de Q em um produto, distribu´ımos a a¸c˜ao

em cada elemento do produto. Essa a¸c˜ao ´e livre sobre a base de F portanto os m´odulos Fi s˜ao ZG-m´odulos livres.

Observa¸c˜ao 2: Como as derivadas devem satisfazer a regra de Leibniz s´o ´e necess´ario definir ∂1(ea), ∂2(eb), ∂3(ec). Essas derivadas preservar˜ao a a¸c˜ao de Q ent˜ao esse ´e um

(45)

3.2

Defini¸

ao de ∂

1

Considere o mapa ZA→ M → 0 da seq¨d0 uˆencia exata (3.1).

Note que ZA ' F (A)/[F (A), F (A)]. Recordamos que F (A) denota o grupo livre com base A e F (A)/[F (A), F (A)] ´e o grupo livre abeliano com base A.

Defina o homomorfismo de grupos δ : F (A) → M como δ = d0π, onde π ´e a proje¸c˜ao

canˆonica de F (A) em ZA. Seja R = Ker(δ) ent˜ao F (A)/R ' M .

No nosso caso M ´e comutativo ent˜ao ZM ´e comutativo. Podemos considerar C∗Y doe teorema 1.13 como ZM -m´odulos `a direita com a multiplica¸c˜ao eam = mea. A seq¨uˆencia

exata do mesmo teorema nos fornece at´e dimens˜ao 1, o complexo F. Assim a nossa defini¸c˜ao para ∂1 do teorema 3.1 ´e ∂1(ea) = δ(a) − 1M.

Por simplicidade denotaremos δ(a) = a.

Al´em disso o teorema 1.13 nos diz qual ´e o n´ucleo de ∂1. Portanto j´a temos F exato

em dimens˜ao 0. Para defin´ı-lo em dimens˜ao 2 e provar sua exatid˜ao em dimens˜ao 1 , precisamos de uma descri¸c˜ao alg´ebrica do mapa d do teorema 1.13. Ela ´e dada pela derivada de Fox.

3.3

Derivada de Fox

Defini¸c˜ao 3.2 Seja F um grupo e Q um ZF -m´odulo. Denotamos por deriva¸c˜ao de F para Q uma fun¸c˜ao d : F → Q tal que d(f g) = d(f ) + f d(g), para todo f, g ∈ F .

Se F = F (A) e Q ´e livre com base {d(a) | a ∈ A} ent˜ao o coeficiente de d(f ) com respeito a d(a) ´e denotado por ∂f /∂a, portanto d(f ) = Σa(∂f /∂a) d(a). Nesse caso d(f )

´

e chamado de Derivada (Livre) de Fox.

Lema 3.1 ∂/∂a : F → ZF ´e uma deriva¸c˜ao que satisfaz ∂b/∂a = δa,b, para b ∈ A. Essa

propriedade carateriza ∂/∂a completamente.

Demonstra¸c˜ao: Como d(f g) = d(f )+f d(g) e Q ´e livre com base {d(a) | a ∈ A}, temos que ∂(f g)/∂a = ∂f /∂a + f (∂g/∂a). Agora d(a) = 1.d(a), portanto ∂a/∂a = 1 e ∂b/∂a = 0, para a 6= b ∈ A. 

Exemplo 1: Como d(1) = 0 temos

(46)

Portanto

∂(a−1)/∂a = −a−1 e ∂(a−1)/∂b = 0, se a 6= b ∈ A.

Exemplo 2: Sejam a, b ∈ A ent˜ao

∂(aba−1b−1)/∂a = 1 − aba−1, ∂(aba−1b−1)/∂b = a − aba−1b−1.

Portanto d(aba−1b−1) = (1 − aba−1)da + (a − aba−1b−1)db.

Lema 3.2 Se F = F (A) ent˜ao qualquer deriva¸c˜ao d : F → Q pode ser descrita por

d(f ) =P

a∈A(∂f /∂a) da.

Demonstra¸c˜ao: Para qualquer deriva¸c˜ao d : F → Q , sua imagem est´a contida no

subm´odulo de Q gerado por {d(a) | a ∈ A}. Se d(a) = 0 para todo a ∈ A ent˜ao a

deriva¸c˜ao ´e nula. Portanto se duas deriva¸c˜oes d1 e d2 satisfazem d1(a) = d2(a) para todo

a ∈ A ent˜ao a deriva¸c˜ao d1− d2 ´e nula, implicando que d1 = d2.

Seja M o subm´odulo de Q gerado por {d(a) | a ∈ A} e Q0 o ZF -m´odulo livre com

base {d(a) | a ∈ A}.

Seja π : Q0 → M a proje¸c˜ao canˆonica. Defina d1 : F → Q0 como a derivada (livre)

de Fox, com d1(a) = d(a). Como πd1(a) = d(a) para todo a ∈ A e πd1 : F → M ⊂ Q

tamb´em ´e uma deriva¸c˜ao, temos que πd1 e d s˜ao iguais. 

Descri¸c˜ao Alg´ebrica do mapa d do teorema 1.13:

Na demonstra¸c˜ao do teorema 1.13 vimos que d : Rab →

L

a∈AZM ea ´e induzido pela

restri¸c˜ao do mapa ed : F (A) →L

a∈AZM ea ( ed(f ) = ef = levantamento do caminho f ) ao

R ⊂ F (A).

Por defini¸c˜ao ed ´e um deriva¸c˜ao de F emL

a∈AZM ea. Como d(a) = ea, pelo lema 3.2,

temos que

d([r]) = ed(r) = Σa(∂r/∂a)ea,

onde ∂r/∂a ∈ ZF , F = F (A), [r] ´e a classe de r ∈ R em Rab e ∂r/∂a ´e a imagem de

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