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Anorexia: recusa do corpo?

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Academic year: 2021

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GABRIELA SCHEID DA FONSECA

ANOREXIA: RECUSA DO CORPO?

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCACAO CURSO DE PSICOLOGIA

ANOREXIA: RECUSA DO CORPO?

GABRIELA SCHEID DA FONSECA

ORIENTADORA: KENIA SPOLTI FREIRE

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de formação em Psicólogo

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AGRADECIMENTOS

Neste momento, celebro o final e o começo de uma nova etapa em minha vida. Para conseguir vencê-la, foi necessário muito esforço, muita perseverança, determinação, paciência, e nada disso eu conseguiria sozinha. Só tenho a agradecer a todos aqueles que colaboraram para que este sonho pudesse ser concretizado.

Agradeço primeiramente a Deus, pelas oportunidades que me foram dadas na vida e por ter me iluminado durante esse tempo, me fazendo superar as dificuldades encontradas no caminho.

À minha grande família que tanto amo. Agradecendo em especial meus pais Vergi e Manoel pelo amor incondicional, pelo apoio e por terem acreditado junto comigo neste sonho. Aos meus irmãos Vinicius e Mauricio, que sempre me incentivaram e motivaram quando a angústia era inevitável.

Aos meus colegas de trabalho, do curso, e aos amigos que sempre me apoiarem e entenderam minha ausência em alguns momentos.

À minha orientadora Kenia Freitas, por me ajudar na construção do presente trabalho, pela paciência, apoio, disponibilidade, atenção, e amizade que recebi durante este tempo.

À minha banca professora Elisiane Schonardie, que aceitou o meu convite, e pela disponibilidade em ler meu trabalho fazendo as suas considerações, muito obrigada.

Agradeço com muito carinho a todas as pessoas, que de alguma forma, me ajudaram e contribuíram para a realização desse trabalho.

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TÍTULO: ANOREXIA: RECUSA DO CORPO? ALUNA: GABRIELA SCHEID DA FONSECA ORIENTADORA: KENIA SPOLTI FREIRE RESUMO:

O presente trabalho aborda uma pesquisa bibliográfica, realizada através de estudos oriundos da psicanálise, sobre a anorexia. Considera-se a relação existente entre subjetividade, imagem corporal e a produção do sintoma “anorexia”. Procura-se trabalhar os processos identificatórios inerentes à constituição psíquica, a relação com o Outro Primordial e os efeitos desta relação como sendo importantes e significativos no aparecimento de sintomas relacionados à oralidade e na questão da recusa do corpo na anorexia.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 5

1 CONSTITUIÇÃO PSÍQUICA E APREENSÃO CORPORAL... 7

2 CORPO E ANOREXIA ... 20

CONCLUSÃO... 35

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INTRODUÇÃO

O ato de comer possui um significado simbólico, articulado à relação da criança desde que nasce com o mundo ao seu redor. Ao nascer, um dos seus primeiros contatos será com o seio da mãe. Neste encontro, a criança ingere mais do que o leite materno. Trata-se de um primeiro laço humano, que inaugura as primeiras marcas mnêmicas, de identificação, à constituição de um sujeito.

A identificação que o bebê constitui junto ao Outro - lugar significante ocupado pela pessoa que irá exercer a função materna - é sustentação para sua constituição psíquica. A criança necessita de amparo físico e psíquico do Outro Primordial, na medida em que esta relação possibilita o surgimento das referências simbólicas necessárias para inscrever-se na condição humana.

Através da pesquisa bibliográfica procuraremos construir hipóteses acerca das questões relativas à constituição psíquica, à relação mãe-bebê, à oralidade e suas ligações com a produção da anorexia - transtorno alimentar abordado como objeto de estudo neste Trabalho de Conclusão de Curso. Esta pesquisa está embasada na teoria psicanalítica desenvolvida inicialmente por Sigmund Freud, Jacques Lacan, além de complementar com autores contemporâneos que também seguem essa mesma linha teórica. A partir das leituras realizadas e abordadas para a escrita do mesmo, esperamos levantar questionamentos e obter argumentos elucidativos sobre a temática proposta.

Para desenvolver as questões consideradas acima, este trabalho estrutura-se em dois capítulos. O primeiro capítulo refere o movimento à constituição psíquica, como o sujeito em constituição se relaciona com o meio circundante sustentado pelo

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Outro Primordial e como esta relação enlaça a passagem pelo Estádio do Espelho, pelo Complexo de Édipo e pela construção da imagem e do esquema corporal.

No segundo capítulo são abordados aspectos teóricos que analisam a construção do sintoma da anorexia. Entende-se a anorexia como um transtorno alimentar no qual se faz presente a problematização do desenlace da relação entre o sujeito e o Outro Primordial, repercutindo esse desdobramento sobre a apreensão e produção da imagem corporal. A alimentação, neste sentido, surge como ‘perturbada’ por motivações psíquicas que se inscrevem na oralidade.

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1CONSTITUIÇÃO PSÍQUICA E APREENSÃO CORPORAL

“O corpo não é coisa, nem ideia, o corpo é movimento sensibilidade e expressão criadora” (PONTY, 1997, p. 19).

A constituição psíquica de um ser humano começa nascer com a condição de infans, momento em que o bebê ainda não desdobrou sua aquisição de linguagem, uma posição de fala, uma posição discursiva. Essa criança necessita de cuidados de um Outro para suprir as suas necessidades psicológicas e que também a convoque para construir uma relação humana.

A relação como meio circundante permite ao bebê um amparo estrutural que proporciona seu desenvolvimento. O Outro Primordial humano, que cumpre com a função materna, inscreve no bebê o encontro com a linguagem, sendo este movimento articulador da produção da subjetividade humana. A mãe – na condição de Outro Primordial - transmite ao bebê um desejo de existência, sendo que através dessa relação com a função materna a criança começa um processo complexo de identificação, ao se apropriar desta imagem de sujeito que lhe é sustentada pelo discurso e desejo do Outro.

A função materna, que não precisa ser necessariamente exercida pela mãe biológica, é referência discursiva que inscreve de significantes humanizantes o corpo da criança. A função materna condiz com o lugar de onde emana a intermediação da criança com o simbólico, na medida em que existe à criança a função de referência ao simbólico.

Ao desdobrar a relação com o filho, a mãe coloca em movimento a articulação do encontro do bebê com a parentalidade, sendo esta constituída por três eixos principais: o eixo do exercício da parentalidade – inscrição no social, ideais de

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direitos e deveres; o eixo da experiência – o que é vivido pelos pais, e o tornar-se pai e mãe, a experiência subjetiva consciente e inconsciente que a acompanha; e o eixo da prática da parentalidade – ligado as ocupações cotidianas da criança, através dos cuidados físicos e psíquicos.

A família é, assim, constituída por aqueles que exercem a função da parentalidade com e sobre a criança. Esta parentalidade é a fonte antecipatória de um sujeito que irá advir na relação com os outros significantes inerentes a linhagem subjetiva transgeracional na qual a criança, como filho, passa a ser incluída e significada.

Através do laço com a parentalidade são constituídos junto à criança os traços identificatórios, numa relação íntima e legítima desta com os significantes que representam um sujeito a se realizar nela. Este laço – o familiar - é a primeira instância social da qual o sujeito faz parte. Pode-se compreender este laço como sendo articulador da relação com a primeira instância social da qual a criança irá integrar-se.

Os pais, como sujeitos desejantes, através de seu discurso antecipatório, impulsionam o desenvolvimento da criança, ainda que reconhecendo no bebê um limite enquanto mecanismo físico-biológico. Os pais antecipam no filho a capacidade de exercer alguma atividade e, atravessada por este discurso, a criança se precipita, lançando-se à realização deste ideal imaginário sustentado para. Partindo da relação com os significantes familiares que inauguram e presentificam sua existência como sujeito humano e como filho, a criança vai constituindo uma imagem de si, mediante identificação especular com o discurso do Outro. Assim, apresentam-se os aspectos originários de um sujeito.

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Jerusalinsky (1999, p. 58) propõe:

O sujeito é efeito da obra da linguagem; e como tal, está antecipado no discurso parental. Que tal estrutura opere na criança depende em parte da permeabilidade que o institucional e o maturativo lhe ofereçam desde o plano biológico. Porém, de forma decisiva depende da insistência com que os personagens tutelares da criança sustentem essa estrutura na região de seu limite. Falar do desenvolvimento do sujeito é, por isso, um contra-senso: na função materna, formadora especular do “eu”, está presente o início da função paterna.

O corpo do bebê que é, assim, erogenizado e libidinizado através da relação do narcisismo dos pais. Este corpo da criança é conhecido e reconhecido através das inscrições primeiras feitas pelo discurso parental. O discurso parental estrutura-se como uma tessitura articuladora da cadeia de significantes necessários para a constituição de um sujeito desejante.

É o Outro que vai criando nesse puro corpo “coisa”: buracos, bordas, protuberâncias, tatuando deste modo um mapa corporal produto do desejo do Outro, que o erogeiniza e pulsionaliza, ou seja, cria-lhe uma falta no corpo, uma maneira, uma forma de que lhe falte algo. Estas faltas primordiais geram uma queda desse corpo “coisa”, “carne”, puro real, que ao cair reencontra-se sujeito ao Outro. Estas marcas, estes modos de que falte algo no corpo, transformam-no num corpo erógeno e simbólico. (LEVIN, 2003, p. 52).

Mesmo que o bebê não possua produção de linguagem, ele fala num tempo de inserção na linguagem. Suas manifestações são interpretadas pela mãe como demandas, há um sujeito suposto, que ali fala. Cada coisa que o bebê faz é entendido pela a mãe com uma significação. Por exemplo, se o bebê chora é porque está com fome, ou porque está com dor...

O que o bebê faz é tomado como um signo, mas este signo não funciona como acontece no campo animal, como algo fixo, como seria se a mãe dissesse: ‘cada vez que o bebê chora, me chama’. Isto não acorre assim, mas dependendo de em que lugar da série esteja colocado este choro, em função de sua posição na série significará coisas diferentes. (JERUSALINSKY, 1999, p. 53).

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Assim, o ato de alimentação - que se constitui através da relação existente entre o ser que alimenta, o ser que é alimentado e o ser que se alimenta – é permeado por um complexo vínculo determinado por simbolizações e significações; sendo a zona oral erotizada e mapeada subjetivamente pelo Outro.

Essa primeira relação com o objeto desejado - a Mãe, o seio - faz com que a criança fantasie que ela pode se apropriar de seu objeto de desejo através da boca. A busca pela satisfação causa efeitos articuladores da erotização da alimentação e da oralidade no bebê, uma vez que através da experiência de satisfação e da experiência de prazer que daí emana, compõem-se as marcas mnêmicas originárias de um sujeito e de um corpo subjetivado em constituição.

Decorre destas experiências originárias da relação com a linguagem, a inauguração de uma identificação especular com a subjetividade humana -sustentada pelo discurso e pelo desejo do Outro. Lacan propõe que a constituição de si e a constituição do outro estão internamente vinculadas pelo processo que ele chama de “estádio de espelho”. O bebê inicia esse processo ainda cedo (por volta dos seis meses de vida) e, ao se reconhecer no espelho ocorre uma transformação, passando - o bebê - a se identificar com sua imagem sustentada discursivamente pelo Outro (referência especular).

O ‘estádio do espelho’ ordena-se essencialmente a partir de uma experiência de identificação fundamental, durante a qual a criança faz a conquista da imagem do seu próprio corpo. A identificação primordial da criança com esta imagem irá promover a estruturação do ‘Eu’, terminando com essa vivência psíquica singular que Lacan designa como fantasma do corpo esfacelado. De fato, antes do estádio do espelho, a criança não experimenta inicialmente seu corpo como uma totalidade unificada, mas como alguma coisa dispersa. (DOR, 1991, p. 79, grifo do autor).

O estádio do espelho desdobra-se entre os seis e dezoito meses de vida do bebê, sendo esta experiência subjetiva responsável pela construção de um Eu e de

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um corpo unificado. O Eu e o corpo próprio são, assim, efeitos da identificação com uma imagem.

Essa experiência vivenciada pela criança diante do ‘espelho’ dá-se em três tempos fundamentais, que amarram a progressiva apreensão da imagem de si e do corpo próprio. No primeiro tempo a criança tem dificuldade de separar a imagem de si e do outro; no segundo tempo ela descobre que o outro do espelho não é real, mas sim uma imagem, isso indica que de agora em diante ela sabe distinguir a imagem do outro da realidade do outro - essa etapa é decisiva no processo identificatório. No terceiro tempo a criança reúne as duas etapas precedentes, porque além de já saber que aquele reflexo é uma imagem, sabe convictamente também que esta imagem é dela. Ela passa a reconhecer-se, transformando assim a imagem de corpo esfacelado para o corpo unificado. Esta imagem de corpo é estruturante para a identidade do sujeito. É também ali que ele percebe a presença do Outro, do mundo a sua volta, ele se vê como um sujeito dotado de ações. É o simbólico que sustenta a imagem.

Na posição especular, a criança reconhece a si mesma através da fala do Outro, fala esta que é constitutiva porque opera na função de construção de um reconhecimento. Curiosamente, a última pessoa que ela reconhece na frente do espelho é ela mesma. Na manifestação especular a criança é acoplada discursivamente e subjetivamente pela mãe, o que lhe permite constituir a integração eu-corpo. Se num primeiro momento a criança reconhece seu corpo através de uma posição de unicidade com a mãe, posteriormente, para a construção do corpo próprio, há que separar-se dela. Este desdobramento, conceituado como alterização, permite que a criança reconheça seu corpo numa condição de representação de si. Inscrita nesse complexo especular que permite a criança saber

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de si, passa a experienciar a primeira identificação com o que supõe ser o objeto de desejo da mãe, reconhecendo-se na condição de objeto fálico. Decorre, deste momento psíquico, o primeiro momento edípico. Portanto, decorre da fase do Estádio do Espelho a estruturação do Édipo.

Ao sair da fase identificatória do estádio do espelho, a criança, em quem já se esboça um sujeito, nem por isso deixa de estar numa relação de indistinção quase fusional com a mãe. Esta relação fusional é suscitada pela posição particular que a criança mantém junto à mãe, buscando identificar-se com o que supõe ser o objeto de seu desejo. (DOR, 1991, p. 81, grifo do autor).

O objeto fálico, segundo Lacan (1999) constitui a pedra angular da problemática edipiana e da castração. O falo não se refere à castração via pênis, mas a referência ao pai, ou seja, a referência a uma função que mediatiza a relação da criança com a mãe e da mãe com a criança. O falo é o objeto desejado pela mãe, e é o pai quem pode dar a ela o que ela deseja, já que supostamente o possui.

Para existir uma relação fusional com a mãe é preciso que apareça um terceiro elemento que mediatiza a função normatizadora. Porém por mais que a instância mediadora, o pai, seja considerada estranha a essa relação mãe-criança, é a própria dimensão da identificação fálica que a pressupõe.

A posição do pai como simbólico não depende do fato de as pessoas haverem mais ou menos reconhecido a necessidade de uma certa sequência de acontecimentos tão diferentes quanto um coito e um parto. A posição Nome-do-Pai como tal, a qualidade do pai como procriador, é uma questão que se situa no nível simbólico. Pode materializar-se sob as diversas formas culturais, mas não depende como tal da forma cultural, é uma necessidade da cadeia significante. (LACAN, 1958, p. 98).

O pai, invariavelmente, entra em jogo como portador da lei, como proibidor do objeto que é a mãe. Entramos assim, no Complexo de Édipo, sendo este formado por três tempos.

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No primeiro tempo e na primeira etapa, portanto, trata-se disto: o sujeito se identifica especularmente com aquilo que é objeto do desejo de sua mãe. Essa é a etapa fálica primitiva, aquela em que a metáfora paterna age por si, uma vez que a primazia do falo já está instaurada no mundo pela existência do símbolo do discurso e da lei. (LACAN, 1958, p. 104).

Nesse primeiro tempo a criança busca satisfazer o desejo da mãe, tem a certeza de ser o falo. Já no segundo tempo isso entra em questionamento. Pelo fato de a mãe ser castrada simbolicamente, a criança entra numa relação oscilatória de ser ou não ser o falo. A criança questiona sua representação fálica e não tem mais certeza da relação ao objeto de desejo que recai sobre a sua mãe. É nesse tempo que entra a mediação paterna, que intervirá como forma de privação na relação mãe – criança – falo, é também vivida pela criança como forma de interdição e frustração.

Esse é o estádio, digamos, nodal e negativo, pelo qual aquilo que desvincula o sujeito de sua identificação liga-o, ao mesmo tempo, ao primeiro aparecimento da lei, sob a forma desse fato de que a mãe é dependente de um objeto, que já não é simplesmente o objeto de seu desejo, mas um objeto de seu desejo, mas um objeto que o Outro tem ou não tem. (LACAN, 1958, p.98).

A terceira etapa é importante, pois é dela que depende a saída do Complexo de Édipo. A parte essencial desta etapa é a simbolização da lei. Nessa etapa o pai se revela como aquele que tem.

A dialética do ter convoca, assim, inevitavelmente, o jogo das identificações. Segundo o sexo, a criança inscreverá diferentemente na lógica identificatória mobilizada pelo jogo fálico. O menino, que renuncia a ser o falo materno, engaja-se na dialética do ter, identificando-se com o pai que supostamente tem o falo. A menina pode igualmente subtrair-se à posição de objeto do desejo da mãe e deparar-se com a dialética do ter sob a forma do não ter. Ela encontra, assim, uma identificação possível com a mãe; pois como ela, ‘ela sabe onde está, ela sabe onde deve ir buscá-lo, do lado do pai, junto àquele que o tem. (DOR, 1991, p. 86) .

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Na relação existente entre mãe e filho irá surgir, com a permissão da mãe, o pai, aquele que irá realizar sua função paterna ao privar a criança do acesso ao objeto de desejo da mãe. O pai interdita, frustra o investimento da criança na mãe, retirando o sujeito em constituição sujeito de um estado de uma alienação ao corpo materno. Permite, desta forma, o lançamento à condição de separação. A função paterna tem essa função, de castrar a criança e a mãe. Não se pode haver castração sem antes haver a fusão. A criança precisa estar fundida com aquela da função materna para que aquele que exerce a função paterna consiga interditar, castrar essa relação incestuosa de mãe-filho.

A função paterna também está atrelada ao fato de poder surgir a marca da lei, a lei do pai no psiquismo do filho. Essa marca da lei no psiquismo, também pode ser denominada por Nome-do-Pai, que impõe limites e deixa fortes indícios no filho. O pai permite o reconhecimento de que o viver na vida em sociedade se dá através das regras da cultura, do limite ao prazer e ao gozo e da construção necessária de uma moral civilizada.

No plano imaginário, o pai pura e simplesmente intervém como privador da mãe, ou seja, o que é aqui endereçado ao outro como demanda é remetido a um tribunal superior, é substituído, como convém, pois sempre, sob certos aspectos, aquilo sobre o que interrogamos o “outro” do outro, isto é a sua própria lei. E é a este nível que se produz alguma coisa que faz com o que o que retorne à criança, seja pura e simplesmente a lei do pai, enquanto imaginariamente concebida pelo sujeito como privando à mãe. (LACAN, 1958, p. 107).

O terceiro tempo do Édipo permite a organização e a internalização das leis sustentadas pelo pai à criança. As suas pulsões e seu acesso ao prazer já não terão trânsito livre. No jogo das identificações, o ideal do eu se constitui, assim como uma formação superegóica se inaugura.

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É a partir dessas marcas de reconhecimento que o sujeito vai constituindo o seu lugar no mundo. Os traços já fixados vão se constituindo nas próximas identificações. Quando o sujeito passa para a adolescência, o seu corpo infantil se desfaz e vai se constituindo um corpo adulto. Quando o sujeito passa à adolescência, o seu corpo infantil se desfaz e vai constituindo a armação de um corpo adulto. Como no estádio do espelho, trata-se da assunção de uma nova imagem de si e do corpo próprio..

Segundo Jerusalinsky (1999), quando falamos em corpo, falamos dos aspectos neurológicos e psíquicos do sujeito e de suas articulações. Estes processos se assentam e transcorrem num corpo. Portanto, nos referimos centralmente ao corpo e as suas produções, que seriam o movimento, o tônus, os gestos, as posturas, os jogos, a palavra.

O corpo, então, se apresenta não só como instrumento, mas também como corpo imaginário e simbólico. Há um lugar de diferença com o Outro que permite a circulação do desejo. Tem-se, assim, segundo Jerusalinsky (1999, p. 194), “um corpo instrumental, vinculado à realidade corporal: o esquema corporal. Por outro lado, um corpo imaginário, determinado inconscientemente em relação com o desejo: a imagem corporal”.

Segundo Levin (2000), para construir o seu espaço e o seu corpo, a criança deverá identificar-se com a imagem especular, mas também deverá separar-se dela. Mas para que isso aconteça, a criança terá que gerar um espaço e um corpo diferentes do corpo materno. Haverá, então, uma passagem de um ser uno com a mãe a um ser capaz de poder separar-se dela. Através da presença e ausência, a criança encontrará uma porta de entrada para separar-se do corpo materno. Haverá uma passagem de um domínio imaginário do corpo a um domínio simbólico.

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Em se tratando de corpo humano, Levin (2000) propõe que, ao ser inscrito pelo desejo do Outro, o corpo humano diz nas suas posturas, nas suas atitudes corporais, em seus gestos e em seus movimentos. Por isso, a produção corporal não se trata de uma mera ação motora, mas de um ato, de uma práxis, de um ato de dizeres, desejante.

A imagem corporal aparece nesse processo constituindo-se a partir da experiência subjetiva, razão pela qual está relacionada com a inscrição, com a demarcação mnêmica. A memória, no entanto, inscreve-se no corpo que, para Levin (2000), vai constituindo uma descontinuidade, um corte, uma alteridade, uma marca, produto da linguagem que dá a possibilidade de gerar imagens que recobrem a falta sem esgotá-la. A imagem corporal é uma incógnita, é inconsciente, e a diferença não reside no esquema corporal, mas como em cada um foi marcado, tatuado, mapeado.

No trabalho sobre “A interpretação dos Sonhos” Freud (1900, p. 158) trará um exemplo do que seriam os traços mnêmicos, num esquema conhecido como esquema do pente, ele nos dirá que:

toda nossa atividade psíquica parte de estímulos (internos ou externos) e termina em inervações. Atribuiremos ao aparelho uma extremidade sensorial e uma extremidade motora [...]. Os processos psíquicos, em geral, transcorrem da extremidade perceptual para a extremidade motora. [...] Em nosso aparelho psíquico permanece um traço das percepções que incidem sobre ele. Podemos descrevê-las como ‘traço mnêmico’, e a função com que ele se relaciona damos o nome de ‘memória’.

Freud (1900) diz que no sistema, (logo no início do pente), ele recebe estímulos e que estes são perceptíveis, entretanto não preserva nenhum traço desses estímulos, e, portanto, não tem memória. Existe então outro sistema que transforma as excitações momentâneas do primeiro traço em memórias; O que

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Freud trabalha é que existiria não um “Mnem”, mas vários “Mnems”. O primeiro desses irá conter o registro da associação feita através de simultaneidade temporal. Nos sistemas posteriores os registros se dariam de maneira parecida, registrando similaridade com os traços mnêmicos anteriores. Esse aparelho tem então, algo que podemos chamar de pólo perceptivo, é dessa forma que entre a percepção e a consciência, o estímulo passa pelo crivo dos traços mnêmicos, sendo estes representados pelos dentes do pente. O que se torna evidente a partir daqui é que a percepção não teria uma significação por si mesma, mas que é produzida pela sua passagem através desses traços mnêmicos inconscientes.

Segundo Dolto (1984), o esquema corporal especifica o indivíduo enquanto representante da espécie, não importando o lugar, a época ou as condições nas quais ele vive, e ele será o intérprete ativo ou passivo da imagem do corpo, no sentido de que permite a objetivação de uma intersubjetividade.

Se em princípio o esquema corporal é igual para todos os indivíduos, a imagem do corpo é peculiar a cada um pois está ligada ao sujeito, à sua história e vai ser a síntese viva de nossas experiências emocionais inter-humanas vividas através das sensações erógenas eletivas, arcaicas e também atuais, atualizando-se pela palavra, pelo gesto, pelo movimento, pela música, pelo desenho.

É através dessa imagem de corpo sustentada que podemos entrar em contato com o outro, é como se fosse um suporte do narcisismo que o tempo se cruza com o espaço, e que então o passado inconsciente ressoa no presente. Esta imagem é sempre inconsciente, constituindo-se pela articulação dinâmica de uma imagem de base, de uma imagem funcional e também de uma imagem das zonas erógenas, onde a tensão das pulsões se expressa.

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A imagem de Base, segundo Dolto (1984), é o que permite à criança sentir-se em uma “mesmice de ser”, ou seja, uma continuidade narcísica no espaço-tempo desde o nascimento que resiste às mudanças do corpo e aos processos evolutivos. Essa imagem de base vai sendo constituída de acordo com a importância dada às zonas do corpo desde o nascimento. Em um primeiro momento a imagem é respiratório-olfativa-auditiva, passando a seguir para uma imagem de base oral, que compreende a primeira e acrescenta a percepção da zona bucal faringo-laringe e à representação do cheio ou vazio do estômago, uma percepção ligada à fome ou saciedade. A próxima será a imagem de base anal, que acrescenta às duas primeiras a percepção da retenção ou expulsão do conteúdo da região inferior do tubo digestivo.

A imagem funcional é responsável pela realização do desejo, pois é a partir dela que as demandas provenientes do esquema corporal buscam atingir a satisfação. A elaboração da imagem funcional enriquece as possibilidades de relação com o outro, pois estimula o corpo a servir ao objetivo de satisfazer o desejo em grande parte pela via da comunicação.

A imagem erógena associa-se à imagem funcional do corpo, local onde se vivencia o prazer ou desprazer na relação com o outro, abrindo caminho para o prazer partilhado, podendo ser expresso pelo gesto e também pela palavra.

Portanto, a imagem do corpo é a síntese viva destas três possibilidades, atualizadas constantemente no que Dolto (1984) denomina Imagem Dinâmica, que corresponde ao “desejo de ser e de preservar um advir”. A imagem dinâmica não tem uma representação própria, mas corresponde a uma intensidade da expectativa de atingir o objeto, é o “trajeto do desejo dotado de sentido, indo em direção a um objetivo”.

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Assim, o corpo produz sujeito e a partir do seu corpo e através dele que o sujeito se insere em seu mundo e nas suas relações. Somos o nosso corpo e ele é nós. O corpo do sujeito fala através dele e sobre ele.

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2 CORPO E ANOREXIA

O termo anorexia, etimologicamente, deriva do grego “na”, deficiência ou ausência de, e “orexis”, apetite -, significando, portanto, inapetência ou perda do apetite. As primeiras referências a essa condição surgem com o termo fastidium em fontes latinas da época de Cícero (106-43 a.C.) e vários textos do século XVI. Entendemos que a problematização dos transtornos alimentares aparece através do corpo e se mostra na relação com o Outro. No caso da anorexia, essa relação problematiza-se já nos primeiros anos de vida. Na relação com o Outro, a mãe enlaça seu vínculo à alimentação, numa maneira a prover as necessidades do pequeno infans.

A criança que ainda não atravessou os processos identificatórios inerentes à sua constituição psíquica precisa da presença da figura materna, pois neste primeiro tempo de contato com mãe, ela está para o filho como um “pedaço de si”, reduzido a seu seio. Também através do discurso materno é possibilitada a vivência da identificação, esta que imprime as primeiras marcas no corpo da criança, constituindo a imagem corporal.

O cuidado materno sustenta para o bebê uma imagem que lhe sirva como um protótipo para constituir-se e consequentemente, produzir sua apreensão corporal, abrindo caminho para a subjetivação. Nos casos de anorexia, a mãe tende a ter dificuldade de separar-se de seu filho, bem como, na sua erotização, mantendo uma relação, quase que simbiótica, ou seja, um vínculo dual mãe-bebê que dificulta a posteriori, de forma inconsciente a identificação de sua própria imagem corporal diferente dessa que o outro materno lhe impõe.

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É através da alimentação que se dá o primeiro vínculo entre mãe e filho e partir disso se dará o desenvolvimento da criança. A alimentação se apresenta como algo fundamental no sujeito tanto para seu bem estar físico e psíquico como na relação com o meio. O bebê, quando nasce, possui um equipamento neurofisiológico. Isto permite a sucção e os diversos reflexos que formam uma unidade motora que possibilitará o bebê desenvolver um comportamento, o que permite ao recém-nascido apresentar uma resposta ao desejo em relação à alimentação. Também o bebê pode chorar, agitar-se ou esperar calmamente a chegada do alimento, sendo a agressividade percebida no momento de alimentação. A alimentação de um bebê não se reduz à satisfação de uma necessidade fisiológica. Alimentar uma criança é um momento de troca de palavras, olhares, de prazer, e, sobretudo de satisfação/prazer. A partir dessa erotização vai se dar as primeiras interiorizações de relação com o Outro. O mamar e a sucção compõem um momento essencial, pois através dessa interação entre mãe e bebê a criança começa a explorar o mundo ao seu redor.

A mãe desempenha uma função fundamental no desenvolvimento da criança, pois invoca a criança à experiência da oralidade, podendo evidenciar suas angústias devido às suas fantasias inconscientes manifestadas na relação mãe-filho – o que pode gerar uma situação patogênica.

Alguns transtornos psicossomáticos ligados à alimentação, como a anorexia do desmame, que aparece em geral entre os 5 e 8 meses, e se dão geralmente pela mudança de regime alimentar, desmame, introdução de sólidos. Inicialmente o bebê é esperto, ele recusa alimentar-se, torna-se agressivo e tem uma reação ansiosa frente à mãe. Essa anorexia é isolada e o bebê continua a se desenvolver, geralmente ela não causa quebra de peso ou estatura. Ela pode ser acompanhada

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de constipação. Não é raro que essa anorexia esteja centrada na relação com a mãe e ela coma normalmente com qualquer outra pessoa, isto porque, a criança no momento da alimentação recebe junto com o alimento a angústia da mãe. A evolução permite distinguir duas formas:

Anorexia simples: Reação ao desmame, ou mudança do contexto de vida. A

conduta de recusa se refere à atitude de imposição da mãe. O problema se resolve com a mudança de atitude da mãe, sendo a refeição dada por uma terceira pessoa.

Anorexia mental grave: No início, não difere nada da simples. Porém, a

reação anoréxica inseriu profundamente em seu corpo, pois a mãe não mudou sua atitude ou o comportamento anoréxico persiste. Outros sintomas podem aparecer como dificuldades de sono, irritação, soluço. A criança apresenta desprezo frente ao alimento. Alimentar a criança se torna um “combate”, pois a mãe quer alimenta-la e ela recusa incessantemente.

Esse comportamento da criança pode ser interrompido com períodos em que ela come melhor. No entanto, ela escolhe os alimentos que vai ingerir unicamente. Os vômitos são frequentes, produzindo um efeito somático que estagna o peso e uma quebra no crescimento.

A atenção se volta à mãe do anoréxico, que em geral é definida como autoritária, manipuladora e invasiva. Todavia, elas manifestam através do alimento suas angústias, de não ser boa mãe, abandono ou morte. No bebê, a recusa pelo alimento tem várias interpretações – como, por exemplo, pode recusar a relação mãe-filho ou a criança em um momento que deveria angustiar-se frente a uma pessoa estranha e não se angustia, também não individualiza o rosto materno, sofrendo com a ansiedade da mãe.

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A separação psíquica entre a mãe e a criança produz a conquista da alterização. Através da presença discursiva de um terceiro que limite esta relação, retira-se a mãe da condição de alusão fálica e da abordagem objetal de seu filho. É também indispensável que esta dê lugar a esse terceiro, para que, assim, o bebê deseje esse Outro terceiro, fraturando a relação primeira. Esta operação psíquica retira o filho da condição de ser o prolongamento do corpo materno, possibilitando, como efeito desta interdição, a emergência de um sujeito desejante.

Segundo Jerusalinsky (1998), a linguagem do sujeito ainda quando criança está em construção. Do mesmo modo, a sua própria posição de sujeito a qual se faz possível falar. Ainda destaca que quanto menor for a criança, menor é a sua possibilidade de se manifestar por meio de palavras: “[...] não se trata apenas de uma questão de chamada linguagem expressiva, trata-se, acima de tudo, da possibilidade que a criança tem de ordenar simbolicamente aquilo que a rodeia e situar nisto seu próprio corpo” (JERUSALINSKY,1998, p. 128).

A oralidade, na infância, tem aspectos importantes quando às questões relacionadas à alimentação bem como ao corpo. O seio perfila o contato com a condição humana, não somente com o leite que lhe sacia, mas constitui uma das primeiras formas de identificação do sujeito, há nesta forma de alimentação um envoltório imaginário e simbólico que o circunda.

É no não comer, negar a comida vinda da mãe que muitas vezes as crianças conseguem marcar um limite nesta relação mãe e filho. Assim, quando a mãe se torna muito invasiva, a criança tende a recusar a comida, fechando a boca. É como se buscasse, desta forma, desenvolver o controle desta relação. Porém pode também ocorrer da forma contrária, a criança aceita tudo que a mãe lhe dá, uma vez que diante de “qualquer mal estar” da criança, a mãe “injeta” comida em sua boca.

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Tais produções podem desencadear ao mesmo sujeito esse ato de amparar suas angústias através da oralidade, inscrevendo, assim, o ato de comer para “aliviar” a tensão.

A anorexia caracteriza-se por ser uma restrição muito grande da alimentação, levando o sujeito a perdas extremas de peso, podendo chegar à morte. Há uma preocupação muito grande com o corpo, este como um ideal social, o “corpo perfeito”, que preconiza a magreza como padrão de beleza, e a ausência de preocupação da anoréxica com a significativa perda de peso parece estar diretamente relacionada à extensão da problemática da percepção da imagem corporal.

Os “transtornos alimentares” consistem numa relação problemática com a alimentação, com medo de perder o controle em relação à comida, acompanhada de uma perturbação da imagem de si. Esses transtornos geralmente afetam as mulheres, o que leva estas patologias a serem consideradas como doenças especificamente femininas, iniciando na maioria dos casos na adolescência ou no início da vida adulta.

É comum atribuir à cultura e à mídia uma grande parcela da influência nos comportamentos sociais. A cultura do culto ao corpo magro, atual padrão de beleza feminina, é perseguido desde as formas mais brandas às mais perigosas. A regulação do comportamento social está relacionada a este ideal do “corpo perfeito” – difundido pelas top models e pelo mundo fashion, que “pregaram” durante muito tempo a proliferação de inúmeras dietas, regimes, moderadores de apetite, cirurgias estéticas, bem como de academias de ginástica para a garantia de um corpo “desejado” pelo mundo da moda.

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A criança está incluída na cultura, desde seu nascimento, isto se dá através da linguagem. Os pais nomeiam esse bebê, supondo não se tratar apenas de um corpo, mas, que ali há um sujeito - um sujeito de desejo. Se o bebê, falado pelos pais, esta na cultura, supomos que o corpo também está. Sendo assim, muitas questões em relação aos transtornos alimentares aparecem, na relação corpo – cultura, entre esses transtornos está a anorexia.

A partir disto, podemos cogitar que existe alguma relação da atual configuração da cultura com o crescente aparecimento de casos de anorexia. A contemporaneidade, na tentativa de expulsar a falta do discurso, se depara com o erro do modernismo, que desconsiderava, sobretudo, o sujeito em sua relação com o gozo.

De acordo com Minuchin (1990, p. 269 apud SOPEZKI; VAZ, 2000),

a incapacidade destas meninas de se separar de suas mães resultava numa falha em alcançar qualquer senso estável de seus próprios corpos, sentidos como se fossem habitados por um introjeto materno mau. Assim, a inanição poderia ser uma tentativa de interromper o crescimento desse objeto hostil e intrusivo.

A imagem perfeita e idealizada como, por exemplo, a da top model, transmite para muitas adolescentes um estilo que as fascina.

As mudanças corporais e as fantasias sobre o corpo, próprias da puberdade, abrem um campo para a idealização dessas imagens, possibilitando aos adolescentes pertencer a um conjunto de sujeitos semelhantes, ou seja, sujeitos que possuem uma imagem aceita socialmente. (SCAZUFCA, 1998, p. 15).

Em contrapartida, podemos nos questionar: as anoréxicas apenas buscam o ideal de corpo imposto pelo social? Acreditamos que não é apenas isso, o ideal que o social, que a cultura tenta impor, inclui em adquirir hábitos saudáveis, ter cabelos

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bem cuidados, unhas bem feitas, medidas esculturais, praticar esportes regularmente. E a anoréxica, apresenta, devido à doença, cabelos quebradiços, unhas fracas, uma aparência cadavérica. O que muitas delas buscam mesmo está em seu próprio imaginário, o ideal não é apenas direcionado à aparência, mas a alimentação em si, o controle que as mesmas têm sobre sua boca, sobre seu corpo. Elas que dominam a quantidade do que será ingerido.

É imprescindível que se esclareça que a prática restritiva alimentar existe desde longa data. Na mitologia grega encontramos referencia a isso na relação que se estabelecia entre homens e deuses, regulando todo um sistema de interditos e exclusões. Nas tradições orientais e egípcias encontraremos referencia a restrição à alimentação, dirigidas contra a ação maléfica de demônios.

Mas é um mito Grego em si, que chama a atenção: de acordo com a mitologia grega, o jejum era obrigatório para as mulheres durante a celebração das festas de Deméter – ou Demetra - deusa da terra e responsável pela fertilização do solo. Ao procurar sua filha (Perséfone) raptada por Hades – que a toma como sua rainha -recusara por nove dias todo o alimento e toda bebida e condena a terra à infertilidade. No caso de Deméter e Perséfone, a recusa à alimentação se dá de ambos os lados. Perséfone, ao ser levada para o mundo dos mortos também recusa alimentar-se, logo percebemos que esta recusa esta inteiramente ligada à relação mãe – filha e a sexualidade, pois, Deméter recusou inúmeros pedidos de casamentos feitos a Perséfone, por isso que Hades a rapta.

Claro que não se pode afirmar que a recusa alimentar de Deméter e Perséfone seja o que hoje denominamos anorexia. Sabemos que esta não se reduz à tentativa de explicações sobre sua etiologia, origem e tampouco a motivos que pretendam dar conta do quadro em sua totalidade. A complexidade da anorexia está

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no fato de que o “controle” sobre a alimentação, também é imaginário, o sujeito é controlado pelo objeto e não o contrário como essas pacientes supõem inicialmente. Então, a anorexia caracteriza-se pela recusa do objeto-alimento. Parece ser uma tentativa de estabelecer uma separação, uma falta, até então impossível de ser simbolizada.

Dessa forma, o corpo do anoréxico se apresenta como um paradoxo para a psicanálise, para fazer valer seu desejo, se vale de uma mal fadada estratégia de separação, definha seu corpo prendendo-o de forma mais voraz a alienação em relação ao desejo do Outro. Seu sintoma é uma tentativa desesperada de inserir a falta no Outro avassalador.

O que chama a atenção na anorexia é a absoluta ausência de preocupação de sujeitos com uma perda de peso tão significativa. A especificidade da anorexia parece residir nessa restrição alimentar, metódica e também acentuada, associada a um emagrecimento significativo que não parece suscitar preocupação nesse sujeito. A recusa da alimentação na anorexia seria a delimitação ao desejo da mãe que a invade o corpo do filho a ponto de retirá-lo da condição de sujeito desejante. Então, como uma tentativa de controle sobre seu desejo que incide sobre si, a anoréxica recusa o alimento, na tentativa de delimitar o desejo do Outro que a invade, de forma hostil e onipotente.

Para que o aparelho psíquico se constitua e exerça suas funções de desejo, representação faz-se necessário um trabalho de ligação, simbolização, trabalho pelo qual o ser humano é despertado pela ação de outro ser humano, quando dos cuidados que despertam o estado do desamparo originário. No entanto, a esfera da cultura no âmbito desse capitalismo, está interferindo nessas ações para que o sujeito enfrente o desamparo e constitua seu psiquismo. Pode-se dizer que estamos

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inseridos em um mundo que gera turbulência, mas não fornece elementos para que possamos elaborar e transformar os conflitos. Por estas razões vivenciamos hoje uma cultura do desamparo.

Freud (1980) atribuía ao corpo à profundidade das pulsões, da sexualidade e da relação com o Outro, não deixando de mencionar a noção de inconsciente como algo que produz marcas no sujeito.

Se agora nos dedicarmos a considerar a vida mental de um ponto de vista biológico, uma „pulsão‟ nos aparecerá como sendo um conceito situado na fronteira entre o mental e o somático, como a representante psíquica dos estímulos que se originam dentro do organismo e alcançam a mente, como uma medida de exigência feita à mente no sentido de trabalhar em conseqüência de sua ligação com o corpo. (FREUD, 1980, p. 142).

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Ao assinalar que a pulsão é um conceito limite entre o somático e o psíquico, faz referência ao somático enquanto fonte e ao psíquico como uma representação. A pulsão em si não ingressa no inconsciente e para que tal aconteça se faz necessária sua articulação a um representante da representação. Estes representantes são mediados pelo recalcamento operando como barreira. Desta forma os representantes da pulsão, através de significantes, vão formar cadeias associativas, marca do inconsciente estruturado como linguagem. O corpo pulsional vai sendo construído a partir da demanda do Outro, vai sendo erotizado e cada “pedaço” ganha significado, formando o todo do sujeito. “Consideramos a pulsão como sendo o conceito situado na fronteira entre o somático e o mental e vemos nele o representante psíquico de forças orgânicas” (FREUD, 1969, p. 99).

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Nos primórdios da psicanálise, Freud trabalhou com histéricas, onde as manifestações sintomáticas centravam-se no corpo, podendo aparecer a paralisia de um membro, havia um sofrimento subjetivo que era somatizado.

Ao mesmo tempo em que no sintoma – da paralisia histérica, por exemplo-algo é mostrado aos olhos, exemplo-algo também permanece oculto por ele: o seu nexo com o sofrimento subjetivo. Para restabelecer esta ligação, faz-se necessário então, escutar o paciente, pois é somente a partir dos significantes que ali comparecem que este sintoma assume seu sentido. (JERUSALINSKY, 1998, p. 134).

É na clínica psicanalítica que os sintomas dizem respeito ao corpo, eles não ficam do lado de fora, pois na substituição da fala pelo sintoma no corpo, algo do sujeito é dito, tomado na dimensão da linguagem. “Se na psicanálise a fala verbal tem um lugar primordial, é dentro do contexto maior da linguagem, onde o gesto, o movimento, o grito também têm seu lugar e seu sentido atrelado ao dizer de um sujeito” (JERUSALINSKY, 1998, p. 134).

Fernandes (2006) propõe que a questão da recusa no quadro da anorexia pode ser entendida como uma forma de ocultação do desejo da anoréxica. A própria sensação de fome parece ser erotizada em si mesma, porém, ao recusar a alimentação, as anoréxicas também tentam afirmar, como desafio, na ordem das necessidades humanas. Como se fosse uma espécie de desencanto frente a elas próprias, mas igualmente em relação à figura materna ou paterna.

Ocorre uma distorção da imagem corporal nas pessoas que sofrem desse transtorno. Fernandes (2006) destaca a importância da mãe, ou quem irá exercer essa função, pois, é através da escuta e da interpretação das sensações corporais realizada pela mãe que o bebê vai construindo a imagem do seu corpo e, assim sua identidade. E é justamente essa construção que parece encontrar-se perturbada nos transtornos alimentares. Se a mãe não tem a condição psíquica necessária para

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perceber as necessidades do bebê, ela irá interpretar o choro, os apelos segundo as suas necessidades. A partir daí, o bebê se desenvolve preso na dependência desse objeto primário.

A mãe, além de assegurar a conservação da vida do bebê, ainda permite o acesso ao prazer através da sexualidade. E se isso não acontecer, haverá uma dificuldade da percepção do corpo distorcendo assim, a imagem corporal, pois segundo Fernandes (2006), o corpo é o lugar de conflitos ligados ao feminino e à sexualidade.

Nas palavras de Fernandes (2006, p. 139):

não se pode deixar de notar ainda uma dificuldade de discriminação entre dentro e fora. Tudo se passa como se o corpo próprio não exercesse aí uma de suas funções, que é colocar os limites entre dentro e fora, exercendo assim o papel de fronteira entre o eu e o outro. Essa dificuldade de discriminação entre dentro e fora, entre o eu e o outro, assinala a importância da precariedade das fronteiras entre sujeito e objeto, evidenciada na ausência de autonomia e dificuldade de diferenciação da figura materna.

Há uma dificuldade de diferenciação com a figura materna nos casos de anorexia, em que o objeto incorporado encontra-se difundido com o corpo. Mc Dougall (1986, p. 24) afirma que é como se fosse “um corpo para dois”:

[...] de modo intenso, às vezes cruel, a impossibilidade, e mesmo a interdição fantasmática de se individualizar, de abandonar o corpo-mãe, criando assim um corpo combinado no lugar do corpo próprio, corpo-monstro que a psique tenta fazer ‘falar’.

Fernandes (2006 apud HOLCHERG, 2001, p. 106) diz que a anorexia é uma tentativa de demarcar esse corpo próprio: “A anoréxica tenta apaziguar um corpo pulsional, pois ela não sente este corpo como exclusivamente sendo seu”. A partir daí, fica mais fácil compreendermos o impasse no qual se encontram essas jovens,

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não conseguem perceber-se sem a mãe, e também ao mesmo tempo, desejam intensamente separar-se dela.

A mãe, ou quem irá fazer essa função, permite ao bebê uma construção gradativa do tempo e do espaço, e também a distinção entre o dentro e o fora, o vazio e o cheio. A mãe, quando possibilita à criança experiências de vazio, supõe a capacidade de intervalos de tempo entre a necessidade do mesmo e a sua resposta. É necessário que a mãe tenha uma sensibilidade em ajustar esses intervalos às condições do bebê, pois assim irá fazer com que ele tenha uma construção tranquila.

É a partir dessa sensibilidade da mãe nesse ajuste dos intervalos entre a presença e ausência que inaugura-se a condição narcísica da criança. É através da presença e da ausência que se constitui a atividade auto-erótica da criança. Auto-erotismo é como se fosse uma resposta da ausência da mãe, como se fosse um meio de evocar sua presença.

A criança vai crescendo e então entra na fase da puberdade e da adolescência, e é nesta fase que se coloca em evidência as problemáticas da relação mãe e bebê. Adolescência é um momento privilegiado na constituição do sujeito, pois o adolescente deixa daquela relação apenas com os pais e se lança em um mundo implicado com exigências, coisas novas.

Nesta fase, pode-se observar um conflito habitual entre uma nostalgia do passado e um desejo de se lançar no mundo. Evidencia-se aqui, uma espécie de morte da relação infantil, em especial com a mãe, e as referências vão se dar agora nesse grupo dado pelo social, pela turma, pela qual o adolescente irá fazer parte.

A puberdade e a adolescência trazem exigências e modificações no sujeito em relação ao seu mundo externo, mas também mudanças significativas no interior

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e no exterior do seu corpo. Transformações corporais vindas de dentro, se atualizam na exterioridade do corpo do adolescente. Transformações essas, que vão lentamente assinalando o corpo que antes era infantil, para agora um corpo adulto. Trata-se de uma espécie de desilusão gradual, trabalho que envolve necessariamente um desencanto das imagens parentais idealizados na infância.

Pode-se compreender que a puberdade e a adolescência sejam períodos favoráveis ao aparecimento de desequilíbrios psicopatológicos diversos, entre eles os transtornos alimentares, como a anorexia. Fernandes (2006) apresenta que na puberdade há uma anunciação dos encantos femininos no corpo da menina. Fazendo-se sedutora, a mesma busca desenvolver suas qualidades femininas para suplementar a mãe aos olhos do pai, e aí então intervém um duplo olhar. Esse olhar paterno deve ser capaz de assegurar-lhe o êxito nessa empreitada feminina, confirmando então suas capacidades de agradar os homens. Para que isso acontece de fato, de que a menina possa aceitar esse olhar do pai, permitir-se ver a sua imagem refletida nos olhos do pai, é necessário que ela tenha conseguido rivalizar-se com a mãe.

As menininhas que aceitaram, no momento da castração primária, aos três anos, o remetimento de sua vida sexual para a nubilidade, mas que foram convencidas do valor de sua pessoa enquanto menina de tal homem e de tal mulher, estas jovens têm raramente – nunca vi algum caso desse tipo – anorexia. [...] Com pudor, mas sem vergonha de si mesmas, elas ficam felizes por se mostrarem com atributos e atrair os olhares de outro quando seu corpo se desenvolve e elas se tornam moças. Elas rivalizam com as outras meninas sem culpa. (DOLTO,1984, p. 291).

Quando a menina consegue fazer essa rivalização com a mãe, permite que a mesma consiga rivalizar com as outras meninas sem culpa. E isso é resultado de um processo na construção de tornar-se mulher, que automaticamente implica a diferenciação.

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Dolto (1984, p. 293), quando nos fala sobre a anorexia, enfatiza:

[...] perturbação das relações reais entre a menina e sua mãe, entre a menina e o alimento, entre a menina e seu pai, entre sua feminilidade imaginária e sua inexperiência com os meninos, entre a menina e seu espelho. Engordar, palavra inconscientemente relacionada àquela da gravidez, perigo para a estética de uma jovem que quer seduzir: isto, supostamente a impediria de agradar. Mas é sobretudo a ela mesma no espelho, a ela mesma em seu próprio olhar, que ela quer agradar, apagando todos os contornos arredondados femininos de seu corpo, até mesmo os mais discretos.

Através do que a autora propõe, pode-se pensar que a mãe não consegue reconhecer na filha uma menina que se tornará de fato, uma mulher. A partir daí, podemos levantar questionamentos referentes a essa questão edipiana, a interiorização da lei paterna revela-se precária nesse caso? Podemos pensar que essa precariedade não se refere necessariamente a uma ausência, mas talvez o pai não consegue desempenhar a sua função mediadora e estruturante na diferenciação mãe-filha, deixando essas meninas aprisionadas nesse laço.

Ramalho (2005) propõe que na anorexia há a recusa do objeto, pois quando a anoréxica se encontra diante de um sentimento de abandono, tenta inverter as posições: é ela quem abandona, é ela quem recusa. Sendo assim, a anoréxica recusa o alimento da mesma maneira que recusa a invasão da mãe sobre seu corpo, como se a única coisa que garante sua subjetividade, é essa recusa da oralidade.

Podemos pensar que a anorexia e a bulimia – ou seja, a recusa ou a ingestão excessiva seguida pela expulsão do objeto-alimento parecem ser uma tentativa de estabelecer uma separação, uma falta até então impossível de ser simbolizada, tal qual o brincar infantil de fazer desaparecer o objeto. Isto é, ao invés de ser abandonada, rejeitada, é ela anoréxica ou bulimica, quem abandona, rejeita. Tenta buscar, na ausência do objeto, a presença de sua representação, uma “presença na “ausência”. (RAMALHO, 2005, p. 208).

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Portanto, a relação do sujeito com o seu corpo, a condição de identificar suas alterações internas e externas, depende do investimento libidinal que nele foi realizado. Assim, as falhas e descontinuidades nesse processo criam condições de possibilidade para o aparecimento das percepções desse corpo, bem como a distorção da imagem corporal que acontece nos casos de anorexia.

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CONCLUSÃO

O presente trabalho teve intuito de abordar o tema da recusa do corpo na anorexia. O que foi colhido de informações se deu através de leituras de vários pesquisadores, com o objetivo de elaborar mais ideias, questionamentos sobre o tema.

Vimos que o sujeito se constitui para além do orgânico. Portanto, a partir disso, o que consiste na sintomática da oralidade, da relação mãe-filha, diz de uma constituição simbólica para além da necessidade orgânica da fome.

Através da realização deste trabalho, pode-se concluir que a problemática da anorexia pode ser pensada e analisada a partir da relação da anoréxica com o Outro Primordial. A função materna que erotizou a zona erógena oral através do seu seio, do leite materno, da alimentação e dos significantes que a envolveram, além ainda do amparo da construção da imagem de corpo desse sujeito.

Ainda, vimos que a cultura é essencial para a estruturação do sujeito, portanto também possui uma importância considerável na construção da sintomática. O social dita padrões de beleza, tornando um corpo magro como ideal, as anoréxicas buscam esse ideal de corpo, mas essa não é a questão principal para o desencadeamento do transtorno alimentar. O fato delas recusarem os seus corpos, diz de um movimento psíquico que busca a subjetividade, como se elas preferissem a morte de um corpo para assim conseguir garantir que seu psiquismo sobreviva. A recusa do seu corpo, do alimento, pode ser compreendida como uma recusa à invasão do Outro materno.

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Referências

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