Doutoranda Ciências do Solo Professora Instituto Federal do Triângulo Mineiro Campus Uberaba, MG;

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alface produzida em cultivo convencional e hidropônico comerciais Horticultura Brasileira, 29:S5135-S5140

Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011

S5135

Teor de nitrato nas folhas de alface produzida em cultivo convencional e

hidropônico comerciais

Josianne Pires Honório 1; Danielle Freire Paoloni2 ; Dione Chaves de Macedo2; Lucas Arantes Pereira3; Hamilton César de Oliveira Charlo 4

1

Estudante Agronomia – Bolsista Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - Campus Uberaba, MG; josi-pires@hotmail.com

2 _{Doutoranda Ciências do Solo – Professora Instituto Federal do Triângulo Mineiro – Campus Uberaba, MG;} danielle@iftm.edu.br; dione@iftm.edu.br

3

Mestrando em Alimentos USP Campus Pirassununga. lucas@iftm.edu.br

4 _{Professor Instituto Federal do Triângulo Mineiro}_{– Campus Uberaba, MG;}_{hamiltoncharlo@iftm.edu.br}

RESUMO

A alface é uma das hortaliças mais consumidas e produzidas no País. A busca por alimentos saudáveis, ricos em minerais e vitaminas, torna crescente o aumento da produção. O índice de qualidade nutricional do alimento deve ser mensurado não só pelo teor de nutrientes que contém, mas também pelos fatores antinutricionais que apresentam. O objetivo deste trabalho foi avaliar o teor de nitrato em alfaces produzidas em sistemas convencional e hidropônico adquiridas em supermercado, a fim de identificar a variedade que apresenta a menor quantidade deste. Entre as cultivares, observou-se um maior acúmulo de nitrato na Bailarina e entre a forma de cultivo, a que maior apresentou acúmulo de nitrato, foi a hidropônica.

PALAVRAS-CHAVE: Lactuca sativa,

pós-colheita, antinutricionais, hidroponia.

ABSTRACT

Lettuce is one of the most consumed vegetables produced in the country and the quest for healthy food, rich in minerals and vitamins, it increased the production increase. The index of nutritional quality of food should be measured not only by the content of nutrients it contains, but also by anti-nutritional factors that show. The aim of this study was to evaluate the nitrate content in lettuce grown in hydroponic and conventional systems purchased in the supermarket, in order to identify the variety that has the least amount of it. Among the cultivars, there was a greater accumulation of nitrate in the Ballerina and between the form of cultivation, which showed greater accumulation of nitrate was the hydroponics.

Keywords: Lactuca sativa, postharvest,

antinutritional, hydroponics.

A alface (Lactuca sativa L.) é uma planta herbácea, pertencente à família das Cichoriaceae (Sonnenberg, 1985 e Lisbão et al., 1990). É a folhosa de maior importância no Brasil com uma área plantada de aproximadamente 35mil ha. A cultura da alface apresenta alto grau tecnológico, sendo comuns as práticas de produção em ambiente protegido, hidroponia e cultivo orgânico, que permitem obter verduras de qualidade durante o ano todo.

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S5136 A alface que predomina no Brasil é do tipo crespa, liderando com 70% do mercado. O tipo americana detém 15%, a lisa 10%, enquanto outras (vermelha, mimosa, etc.) correspondem a 5% do mercado (Sala & Costa, 2005). É uma hortaliça que merece especial interesse, não só pela sua importância alimentar como também pelo seu valor nutracêutico, apresentando elevados teores de vitaminas e sais minerais, e com baixo teor calórico (Oshe et al., 2001), sendo a hortaliça folhosa de maior aceitação pelo consumidor brasileiro. Por ser um produto perecível, a alface é consumida in natura e seu maior consumo é na forma de saladas cruas e sanduíches, sendo as regiões Sul e Sudeste as maiores consumidoras (Lopes et al., 2005).

A qualidade da alface deve ser mantida em todos os segmentos envolvidos desde a produção até a comercialização e o produto chegar à mesa do consumidor apresentando excelentes características nutricionais e sensoriais, de forma a obter uma boa qualidade e aceitação. Dentre os fatores responsáveis pela qualidade nutricional da alface, destacam-se as vitaminas, os sais minerais, e também o nitrato.

Este último destaca-se pelo seu caráter acumulativo no produto e posteriormente no organismo. Pesquisas mostram que o teor de nitrato nas plantas é a consequência mais conhecida do crescente uso de adubos químicos nitrogenados, utilizados na agricultura convencional, para aumentar rapidamente a produtividade de hortaliças de folhas como a alface, couve, agrião, chicória, etc. Porém, o uso excessivo deste fertilizante associado à irrigação freqüente, faz com que ocorra acúmulo de nitrato (NO3-) e nitrito (NO2-) nos tecidos de plantas.

A capacidade de acúmulo de nitrato pelas plantas e a variação deste entre espécies e cultivares é de caráter genético. Porem é grandemente influenciada por outros fatores, tais como: disponibilidade desse nutriente no nível das raízes e do molibdênio, intensidade de radiação luminosa, da atividade da enzima redutase do nitrato, temperatura, sistema de cultivo, idade da planta e hora da colheita. Por último, o sistema de manejo (orgânico, convencional e hidropônico) pode causar alterações nos teores de nitrato na planta. (Ohse et al., 2001).

O nitrato e nitrito são substâncias tóxicas ao homem. O nitrato, reduzido a nitrito no organismo humano, forma ferremoglobina causadora da melanemia, outro problema é quando o nitrato se junta a aminas e forma nitrosaminas, produto cancerígeno e mutagênico. Assim, o monitoramento destas substâncias nos alimentos é essencial para garantir a qualidade dos produtos consumidos pela população (Miyazawa et al., 2001).

Desta maneira, o objetivo deste trabalho foi avaliar o teor de nitrato em alfaces produzidas em sistemas convencional e hidropônico adquiridas em supermercado, a fim de identificar a variedade que apresenta a menor quantidade deste.

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MATERIAL E MÉTODOS

Foram selecionadas cinco cultivares de alface (lisa, bailarina, crespa, roxa e hidropônica), escolhidas em supermercado. Estas foram então encaminhadas ao Laboratório de análise de alimentos do IFTM-Campus Uberaba, lavadas e preparadas conforme metodologia de Bataglia, 1983. Para a determinação de nitrato, pesou-se 0,2 g de matéria seca. Em seguida foram adicionados 20 mL de água deionizada e submetidas, por 1 hora, a períodos de agitação de 5 min, seguidos de 15 minutos de repouso, em banho-maria com temperatura em torno de 60° C. Após o banho-maria, deixou-se esfriar e filtrou-se através de papel filtro qualitativo, quantidade de 5 mL do filtrado foi transferida para os tubos de destilação. Após o acoplamento do tubo de destilação ao microdestilador Kjeldahl, adicionou-se 0,2g de MgO p.a. por meio de medida calibrada, e na saída do condensador do aparelho de destilação, foi acoplado erlenmeyer contendo 10 mL de solução de H3BO3 20g L-1 com mistura de indicadores (verde de bromocresol e vermelho de metila). Em

seguida iniciou-se a destilação, coletando-se 50 mL do destilado. Encerrada a destilação colocou-se outro erlenmeyer contendo a mesma solução do anterior, com mistura de indicadores, para então, adicionar ao tubo de destilação, 0,4g de liga de Devarda para a redução do N-NO3 - a N-NH3. Na

nova destilação, coletaram-se 50 mL de destilado. Uma prova em branco a cada sete amostras e uma solução padrão contendo 50 mg L-1 de N-NH4+ e 50 mg L-1 de N-NO3 - a cada sete amostras

foram destiladas para avaliar a contaminação e a eficiência da destilação. A quantificação do nitrogênio nas amostras foi feita por meio de titulação com solução de H2SO4 0,002 mol L-1

padronizado (Mantovani, et al., 2005).

Para a estatística foi utilizada análise de variância e devido significância foi utilizado o teste de Tukey a 5% de probabilidade para identificar as diferenças. As análises de variância e teste de médias foram realizadas segundo técnicas usuais do software SISVAR (Ferreira, 2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A cultivar Bailarina foi a que apresentou maior quantidade de nitrato, seguida pelas cultivares, Lisa e Roxa, que não apresentaram diferença estatística e então, a alface Crespa, conforme apresentado na Tabela 1. Cavarianni et al. (2000), avaliaram várias cultivares e encontraram valores de 1545 mg kg-1a 1963 mg kg-1 para alface lisa, de 1242 mg kg-1 a 1536 mg kg-1 para as crespas e de 1030 mg kg-1 a 1965 mg kg-1 para a do tipo americana. Comparando-se esses dados com os apresentados na Figura 1, verifica-se que os valores estão compatíveis aos da literatura.

Essa variabilidade entre cultivares pode ser explicada devido a uma, das diversas capacidades de acúmulo de nitrato pelas plantas, o de caráter genético.

Já na Tabela 2, verifica-se que entre o modo cultivo, o maior teor de nitrato foi o da alface hidropônica, com valor de 2853,24 mg kg-1.

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S5138 De acordo com pesquisas realizadas, (Miyazawa et al., 2001), o sistema convencional (uso de Uréia, NO3-, NH4+, cama de aviário como fonte de N) e hidropônico (estando o N na forma de NO3

-e NH4+, fornecido em solução nutritiva) mostraram que o teor de nitrato nas folhas de alface

variaram entre 250 mg kg-1 a 11.600 mg kg-1, sendo que as folhas com maior concentração de nitrato foram aquelas cultivadas em sistema de produção hidropônico. Considerando-se os teores de nitrato de alface em cultivo convencional e hidropônico apresentados na Figura 2, confirma-se o que se encontra estabelecido pelas pesquisas. A maior concentração de nitrato nas folhas de alface cultivada hidroponicamente pode ser explicado devido ao uso de fertilizante nitrogenado, fornecido nas formas de NO3 - e de NH4+. O NO3 - dissolvido na água facilitar a absorção pela raiz, o que faz

com que haja uma absorção de quantidades muito acima da capacidade da planta reduzir NO3- para

NH4+, acumulando, assim, o excedente no tecido vegetal.

AGRADECIMENTOS

Ao IFTM pelas bolsas cedidas aos estudantes de graduação.

REFERÊNCIAS

BATAGLIA OC; FURLANI AMC; TEIXEIRA JPF; FURLANI PR; GALLO JR. 1983. Métodos de análise química de plantas. Campinas: IAC. 48p.

CAVARIANNI RL; CAZETTA JO; MAY, A; BARBOSA, JC; CECILIO FILHO AB. 2000. Acúmulo de NO3 - em cultivares de alface cultivo inverno em função do ambiente de cultivo.

Horticultura Brasileira 18: 324-325.

COSTA CP; SALA FC. 2005. A evolução da alfacicultura brasileira. Horticultura Brasileira. 23:1. FERREIRA DF. 2000. Análise estatística por meio do SISVAR para Windows versão 4. 0. In: REUNIAO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45., 2000, São Carlos. Anais... São Carlos, SP: UFSCar. p. 255-258.

MANTOVANI JR; CRUZ MCP; FERREIRA ME; BARBOSA JC. 2005. Comparação de procedimentos de quantificação de nitrato em tecido vegetal. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília 40: 53-59.

MIYAZAWA M; KHATOUNIAN C A; ODENATH-PENHA LA. 2001. Teor de nitrato nas folhas de alface produzida em cultivo convencional, orgânico e hidropônico. Agroecologia Hoje. Fev./Mar., p. 23.

LISBÃO RS; NAGAI H; TRANI PE. 1990. Alface. In: INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS. Instruções agrícolas para o Estado de São Paulo. 5.ed. Campinas. p.11-12. (Boletim, 200).

LOPES JC; RIBEIRO LG; ARAÚJO MG; BERALDO MRBS. 2005. Produção de alface com doses de lodo de esgoto. Horticultura Brasileira 23: 143-147.

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S5139 OHSE S; DOURADO NETO D; MANFRON PA; SANTOS OS. 2001. Qualidade de cultivares de alface, produzidas em hidroponia. Scientia Agrícola 58: 181-185.

SONNENBERG PE. 1985. Olericultura especial. 5.ed. Goiânia: Universidade Federal de Goiás. 187p.

Tabela 1. Teores de nitrato (mg kg-1 peso fresco) de quatro cultivares de alface cultivadas em cultivo hidropônico e convencional. [ Nitrate levels (mg kg-1 fresh weight) of four cultivars of lettuce grown in hydroponics and conventional.] UBERABA, IFTM, 2011.

Alface Nitrato mg kg-1

Alface Bailarina 1881,5 a

Alface Lisa 1463,5 b

Alface Roxa 1351,5 b

Alface Crespa 464,0 c

Alface Crespa Hidroponica 2853,24 a

1_{Médias com letras iguais não apresentaram diferença significativa (p<0,05) no teste de Tukey.}

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 N it rat o (mg k g -1 p es o fres co )

BAILARINA LISA ROXA CRESPA

CONV.

CRESPA HIDRP.

Figura 1. Teor de nitrato (mg kg-1 peso fresco) em alfaces cultivares bailarina, lisa roxa e crespa. [ Nitrate content (mg kg-1 fresh weight) in lettuce cultivars dancer, smooth and crisp purple.] UBERABA, IFTM, 2011.

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Tabela 2. Teores de Nitrato (mg kg-1 peso fresco) de alface em cultivo convencional e hidropônico. [ Nitrate levels (mg kg-1 fresh weight) of lettuce in hydroponic and conventional cultivation.] UBERABA, IFTM, 2011.

Alface Nitrato mg kg-1

Alface crespa hidropônica 2853,24 a

Alface crespa convencional 464,26 b

Figura 2. Teores de Nitrato (mg kg-1 peso fresco) de alface em cultivo convencional e hidropônico.

[ Nitrate levels (mg kg-1 fresh weight) of lettuce in hydroponic and conventional cultivation.] UBERABA, IFTM, 2011.