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Introducao à TV - Cadernos de Estudos

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Academic year: 2021

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Caderno de Estudos

Caderno de Estudos

Daniel Gambaro

Daniel Gambaro

Gisele Sayeg Nunes Ferreira

Gisele Sayeg Nunes Ferreira

Este

EsteCaderno de EstudosCaderno de Estudosfoi elaborado com o objetivo de servir como material de apoio a aulas sobre televisão.foi elaborado com o objetivo de servir como material de apoio a aulas sobre televisão.

O texto apresentado a foi preparado durante os anos letivos de 2007 a 2011 pelos professores Daniel Gambaro e Gisele Sayeg, a partir de uma série de O texto apresentado a foi preparado durante os anos letivos de 2007 a 2011 pelos professores Daniel Gambaro e Gisele Sayeg, a partir de uma série de referências bibliográficas indicadas no decorrer do texto. Inicialmente, eles compunham o material de aulas da disciplina

referências bibliográficas indicadas no decorrer do texto. Inicialmente, eles compunham o material de aulas da disciplina Introdução à TV,Introdução à TV,na Universi-na Universi-dade Anhembi Morumbi. O trabalho parte da identificação, pelos autores, da necessiUniversi-dade de um material simples, porém abrangente, que sirva como dade Anhembi Morumbi. O trabalho parte da identificação, pelos autores, da necessidade de um material simples, porém abrangente, que sirva como base de estudos da disciplina para os alunos de graduação.

base de estudos da disciplina para os alunos de graduação.

Sua forma foi planejada para agrupar conteúdos e observações em uma leitura rápida, por exemplo, com a incorporação de quadros-resumo em cada Sua forma foi planejada para agrupar conteúdos e observações em uma leitura rápida, por exemplo, com a incorporação de quadros-resumo em cada item desta apostila. Mesmo a indicação das referências bibliográficas é feitas no corpo do texto, como sugestão de leitura complementar aos alunos. item desta apostila. Mesmo a indicação das referências bibliográficas é feitas no corpo do texto, como sugestão de leitura complementar aos alunos. Também lança mão do recurso de

Também lança mão do recurso decomentárioscomentáriosem caixas destacadas do texto, onde são colocadas opiniões e informações complementares.em caixas destacadas do texto, onde são colocadas opiniões e informações complementares. Boa leitura e boa aula!

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Introdução à

Introdução à

Televisão

Televisão

Caderno de Estudos

Caderno de Estudos

G179i G179i Gambaro, Daniel Gambaro, Daniel

Introdução à TV: Cadernos de Estudos / Daniel Introdução à TV: Cadernos de Estudos / Daniel Gambaro e Gisele Sayeg Nunes Ferreira.

Gambaro e Gisele Sayeg Nunes Ferreira.––São Paulo:São Paulo: Universidade Anhembi Morumbi, 2011.

Universidade Anhembi Morumbi, 2011. 50f.: il.; 21cm.

50f.: il.; 21cm.

1. Televisão. 2. Linguagem da TV. 3. 1. Televisão. 2. Linguagem da TV. 3. Forma-tos Televisivos.

tos Televisivos. I. Ferreira, Gi

I. Ferreira, Gisele Sayeg Nusele Sayeg Nunes nes II. TítuloII. Título

CDD 791.43 CDD 791.43 Esta Versão: Esta Versão: Abril, 2011 Abril, 2011

A obra Introdução à TV: Caderno de Estudos de Daniel Gambaro; Gisele Sayeg Nunes Ferreira foi licenciada com uma Licença Creative Commons

A obra Introdução à TV: Caderno de Estudos de Daniel Gambaro; Gisele Sayeg Nunes Ferreira foi licenciada com uma Licença Creative Commons

-Atribuição - Uso Não-Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada. Uma cópia dessa licença pode ser obtida em

Atribuição - Uso Não-Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada. Uma cópia dessa licença pode ser obtida em

http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/

http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/

SUGESTÕES E COMENTÁRIOS:

SUGESTÕES E COMENTÁRIOS:

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Conteúdo

Conteúdo

ELEMENTOS DA LINGUAGEM DA TV 3

ELEMENTOS DA LINGUAGEM DA TV 3 1. Existe uma Linguagem? 3 1. Existe uma Linguagem? 3 2. Alcance e envolvimento 4 2. Alcance e envolvimento 4 3. Dispersão e baixa definição 5 3. Dispersão e baixa definição 5

4. Imediata, instantânea e superficial 6 4. Imediata, instantânea e superficial 6 5. Fragmentação 8

5. Fragmentação 8 6. Repetição 9 6. Repetição 9

7. Nota sobre a ação 10 7. Nota sobre a ação 10

FORMATOS TELEVISIVOS 11

FORMATOS TELEVISIVOS 11

1. Uma possibilidade de classificação 12 1. Uma possibilidade de classificação 12

2. Formatos preponderantemente informativos 12 2. Formatos preponderantemente informativos 12

2.1

2.1 As transmissões de eventos 12As transmissões de eventos 12

2.2

2.2 Sobre os noticiários e variantes 13Sobre os noticiários e variantes 13

2.3

2.3 Documentários e programas temáticos 14Documentários e programas temáticos 14

2.4

2.4 Debate e mesa redonda 15Debate e mesa redonda 15 3. Infoentretenimento 15

3. Infoentretenimento 15

3.1

3.1 Programas com entrevistas 15Programas com entrevistas 15

3.2

3.2 Programas de variedades e revista eletrônica 16Programas de variedades e revista eletrônica 16

3.3

3.3 Programas com participação da audiência 17Programas com participação da audiência 17 4. Programas com caráter educativo 18

4. Programas com caráter educativo 18

4.1

4.1 Programas infantis 18Programas infantis 18

4.2

4.2 Teleaula e Telecurso 18Teleaula e Telecurso 18 5. Os programas de ficção 19 5. Os programas de ficção 19

5.1

5.1 As telenovelas 19As telenovelas 19

5.2

5.2 As minisséries, séries e sitcoms 20As minisséries, séries e sitcoms 20

5.3

5.3 Programas humorísticos 21Programas humorísticos 21

5.4

5.4 O desenho animado 22O desenho animado 22

6. Formatos que exploram a música 22 6. Formatos que exploram a música 22

6.1

6.1 Programas de apresentação musical 22Programas de apresentação musical 22

6.2

6.2 O videoclipe 23O videoclipe 23

7. Formatos que ‘vendem’ alguma c

7. Formatos que ‘vendem’ alguma coisa 24oisa 24

7.1

7.1 Filmes comerciais e chamadas 24Filmes comerciais e chamadas 24

7.2

7.2 Propagandas em programas e programas de propaganda 25Propagandas em programas e programas de propaganda 25

7.3

7.3 Programas que vendem políticos 26Programas que vendem políticos 26 8. Os programas de Reality Show 26 8. Os programas de Reality Show 26 9. Pensando os gêneros 27

9. Pensando os gêneros 27

9.1

9.1 Outros Gêneros e formatos 29Outros Gêneros e formatos 29

PODER E CONCENTRAÇÃO NA TV BRASILEIRA 30

PODER E CONCENTRAÇÃO NA TV BRASILEIRA 30 1. As primeiras transmissões 30

1. As primeiras transmissões 30 2. Anos 1960 e 1970: a c

2. Anos 1960 e 1970: a consolidaçonsolidação da TV 31ão da TV 31

2.1

2.1 A influência da ditadura militar 32A influência da ditadura militar 32

2.2

2.2 Mudanças nos quadros das emissoras 33Mudanças nos quadros das emissoras 33 3. Radiodifusão Comercial 39

3. Radiodifusão Comercial 39 4. Radiodifusão Educativa 41 4. Radiodifusão Educativa 41

5. Televisão Estatal ou Pública? 42 5. Televisão Estatal ou Pública? 42

5.1

5.1 A TV Brasil 42A TV Brasil 42

6. Radiodifusão e Telecomunicação 44 6. Radiodifusão e Telecomunicação 44

6.1

6.1 As Leis das empresas de TV por assinatura 46As Leis das empresas de TV por assinatura 46

REFERÊNCIAS 49

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ELEMENTOS DA LINGUAGEM DA TV

ELEMENTOS DA LINGUAGEM DA TV

1.

1.

Existe uma Linguagem?

Existe uma Linguagem?

Pensar sobre a derivação Pensar sobre a derivação do termo

do termo linguagemlinguagem nosnos coloca no rumo de uma coloca no rumo de uma discussão sobre discussão sobre paradig-mas linguísticos que mas linguísticos que re-gem a comunicação oral, gem a comunicação oral, isto é, começamos a isto é, começamos a dis-cutir os elementos cutir os elementos pró-prios da fala e da língua: prios da fala e da língua: em grosso modo, falamos em grosso modo, falamos de um código comum que de um código comum que permite emitir uma mensagem, que é compreendida pelas pessoas que permite emitir uma mensagem, que é compreendida pelas pessoas que do-minam esse código.

minam esse código.

No entanto, esse é um caminho difícil quando falamos das produções No entanto, esse é um caminho difícil quando falamos das produções cultu-rais eletrônicas, em especial as produções audiovisuais, pois elas recorrem a rais eletrônicas, em especial as produções audiovisuais, pois elas recorrem a uma série de elementos que, muitas vezes, são derivados de outras uma série de elementos que, muitas vezes, são derivados de outras manifes-tações (além do texto, a imagem, a música etc.). N

tações (além do texto, a imagem, a música etc.). Não se trata de um “ão se trata de um “sis- sis-tema significante

tema significante” como a língua, e sim de um conjunto de “” como a língua, e sim de um conjunto de “processos signi-processos signi-ficantes

ficantes”” elaborados e aplicados a partir de um conhecimento comum adqui-elaborados e aplicados a partir de um conhecimento comum adqui-rido no desenvolvimento técnico do cinema, da TV, do vídeo... (Machado, rido no desenvolvimento técnico do cinema, da TV, do vídeo... (Machado, 1997)

1997)

Em resumo: quando falamos da produção audiovisual, estamos falando de

Em resumo: quando falamos da produção audiovisual, estamos falando de

vá-rios processos que possuem significado, ou

rios processos que possuem significado, ou passam a significar algo, quandopassam a significar algo, quando

encadeados com outros processos.

encadeados com outros processos.

Por exemplo, uma música, quando ouvimos no rádio, pode nos trazer Por exemplo, uma música, quando ouvimos no rádio, pode nos trazer lem-branças que só significam algo para nós

branças que só significam algo para nós mesmos. Ainda assim, a emoção quemesmos. Ainda assim, a emoção que sentimos vem de um processo originado na própria música e a ligação que sentimos vem de um processo originado na própria música e a ligação que operamos em nossas mentes. Quando essa música está em um filme, ela operamos em nossas mentes. Quando essa música está em um filme, ela refere-se a um momento ou a um personagem. Ela adquire um novo refere-se a um momento ou a um personagem. Ela adquire um novo signifi-cado, diferente daquele que sentimos quando a ouvimos no rádio. O tipo de cado, diferente daquele que sentimos quando a ouvimos no rádio. O tipo de emoção provocada no filme só é possível porque são colocados vários emoção provocada no filme só é possível porque são colocados vários pro-cessos significantes ao mesmo tempo: a música

cessos significantes ao mesmo tempo: a música adquire mais força conformeadquire mais força conforme a luz (mais clara, mais sombria, mais azulada, etc...); conforme a composição a luz (mais clara, mais sombria, mais azulada, etc...); conforme a composição do cenário (mais ou menos objetos, realista ou impressionista etc.); do cenário (mais ou menos objetos, realista ou impressionista etc.); con-forme a interpretação dos atores, etc.

forme a interpretação dos atores, etc.

Sobre as referências bibliográficas Sobre as referências bibliográficas

Entre as décadas de 1980 e 1990 encontramos Entre as décadas de 1980 e 1990 encontramos o grosso do trabalho de Arlindo Machado, um o grosso do trabalho de Arlindo Machado, um dos mais importantes teóricos do audiovisual dos mais importantes teóricos do audiovisual no Brasil. Sempre muito próximo das análises no Brasil. Sempre muito próximo das análises semióticas, seu trabalho contempla as semióticas, seu trabalho contempla as dificul-dades em estabelecer

dades em estabelecer ““as regrasas regras”” que determi-que determi-nam a

nam a produção audiovisual.produção audiovisual.

Dois trabalhos tiveram importância significativa Dois trabalhos tiveram importância significativa no resumo que apresentamos aqui: o primeiro no resumo que apresentamos aqui: o primeiro é o livro

é o livro A Arte do VídeoA Arte do Vídeo, em que Arlindo, em que Arlindo discute o surgimento da videoarte e suas discute o surgimento da videoarte e suas implicações no audiovisual como um todo. O implicações no audiovisual como um todo. O segundo trabalho é o livro

segundo trabalho é o livro Pré-cinemas e pós-Pré-cinemas e pós-cinemas

cinemas, em que Machado revê, a partir de, em que Machado revê, a partir de uma reconstrução histórica, o

uma reconstrução histórica, o desenvolvimedesenvolvimentonto da linguagem audiovisual (desde o surgimento da linguagem audiovisual (desde o surgimento do cinema). Ambos os livros apresentam hoje do cinema). Ambos os livros apresentam hoje alguma desatualização provocada pela alguma desatualização provocada pela veloci-dade das produções disponibilizadas na rede dade das produções disponibilizadas na rede cibernética. Por este motivo, apesar de cibernética. Por este motivo, apesar de consi-derarmos os livros como base para nossas derarmos os livros como base para nossas reflexões, fazemos neste resumo os devidos reflexões, fazemos neste resumo os devidos acréscimos.

acréscimos.

As outras referências

As outras referências são mais pontuais. Asão mais pontuais. A partir da semiologia, Ana Maria Balogh estuda partir da semiologia, Ana Maria Balogh estuda a representação simbólica no audiovisual. Ela a representação simbólica no audiovisual. Ela usa o conceito de

usa o conceito de palimpsestopalimpsesto, ou seja, o, ou seja, o reaproveitamento que a TV opera de reaproveitamento que a TV opera de estrutu-ras utilizadas. Por sua vez, os artigos de Soraya ras utilizadas. Por sua vez, os artigos de Soraya Vieira fixam em como opera a fragmentação e Vieira fixam em como opera a fragmentação e a repetição na TV.

a repetição na TV.

Muitos outros aportes realizados nestes slides Muitos outros aportes realizados nestes slides são frutos de observação empírica do são frutos de observação empírica do funcio-namento dos meios de comunicação, o que namento dos meios de comunicação, o que possibilita a constante atualização deste possibilita a constante atualização deste mate-rial.

rial.

BALOGH, Ana Maria.

BALOGH, Ana Maria. Conjunções, disjunções,Conjunções, disjunções, transmutações: da literatura ao cinema e à transmutações: da literatura ao cinema e à TV

TV. São Paulo: Annablume : ECA-USP, 1996. São Paulo: Annablume : ECA-USP, 1996 MACHADO, Arlindo.

MACHADO, Arlindo. A Arte do VídeoA Arte do Vídeo. São. São Paulo: Brasilie

Paulo: Brasiliense, 3ª Edição. , nse, 3ª Edição. , 19951995 MACHADO, Arlindo.

MACHADO, Arlindo. A Televisão levada a sérioA Televisão levada a sério.. São Paulo: Senac, 2001 2ª Ed.

São Paulo: Senac, 2001 2ª Ed. MACHADO, Arlindo.

MACHADO, Arlindo. O livro e sua linguagemO livro e sua linguagem ee O diálogo entre cinema e vídeo.

O diálogo entre cinema e vídeo. Em: Pré-Em: Pré-cinemas e pós-Pré-cinemas. Capinas: Papirus, 1997, cinemas e pós-cinemas. Capinas: Papirus, 1997, pag.188-201

pag.188-201 VIEIRA, Soraya F. M

VIEIRA, Soraya F. M. Existe qualidade na repe-. Existe qualidade na repe-tição televisual?

tição televisual?. In: Congresso Brasileiro de. In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 24, 2001. Campo Ciências da Comunicação, 24, 2001. Campo Grande. Anais.

Grande. Anais. São Paulo: São Paulo: Intercom, 2001Intercom, 2001 VIEIRA, Soraya F. M..

VIEIRA, Soraya F. M.. A estética da repetiçãoA estética da repetição na televisão

na televisão..Revista LíberoRevista Líbero. São Paulo, ano VII,. São Paulo, ano VII,

nº 13. Pág. 87-85. 2004 nº 13. Pág. 87-85. 2004

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Muitos dos códigos significantes que hoje são usados na TV derivam de processos semelhantes operados no Muitos dos códigos significantes que hoje são usados na TV derivam de processos semelhantes operados no rá-dio, no cinema, no teatro e, mais recentemente, nas mídias cibernéticas. Isso nos leva a outra constatação, dio, no cinema, no teatro e, mais recentemente, nas mídias cibernéticas. Isso nos leva a outra constatação, igual-mente importante: são frutos, portanto, de fenômenos culturais

mente importante: são frutos, portanto, de fenômenos culturais que se refletem:que se refletem: 1)

1) no desenvolvimento e domínio das técnicas de produção, com a criação de equipamentos que registram asno desenvolvimento e domínio das técnicas de produção, com a criação de equipamentos que registram as produções de forma cada vez mais

produções de forma cada vez mais fiéis à realidade, ao ponto de poderfiéis à realidade, ao ponto de poder ““ultrapassá-laultrapassá-la””;; 2)

2) no desenvolvimento dos meios de expressão, em dois níveis, sendo o primeiro deles a utilização plena dono desenvolvimento dos meios de expressão, em dois níveis, sendo o primeiro deles a utilização plena do aparato tecnológico, contribuindo para seu desenvolvimento; e o outro nível a incorporação de aparato tecnológico, contribuindo para seu desenvolvimento; e o outro nível a incorporação de característi-cas da sociedade para representar sua evolução, como a

cas da sociedade para representar sua evolução, como a quebra de tabus quebra de tabus (homossexualismo(homossexualismo, feminismo etc.), feminismo etc.) e as

e as características socioeconômicas;características socioeconômicas; 3)

3) os dois passos anteriores nos levam a considerar, também, as demandas estéticas, ou seja, o reconhecimen-os dois passos anteriores nos levam a considerar, também, as demandas estéticas, ou seja, o reconhecimen-to por parte do público dos avanços técnicos e expressivos como parte de sua realidade, algo mutável to por parte do público dos avanços técnicos e expressivos como parte de sua realidade, algo mutável con-forme a época e a

forme a época e a própria evolução. Por estarem tão coladas própria evolução. Por estarem tão coladas nos processos culturais, podemos verificar dife-nos processos culturais, podemos verificar dife-renças nas produções televisivas quando

renças nas produções televisivas quando comparamos a produção de países comparamos a produção de países diferentes.diferentes.

A linguagem da TV, em sua origem, era uma integração de elementos do cinema e do rádio, principalmente pela A linguagem da TV, em sua origem, era uma integração de elementos do cinema e do rádio, principalmente pela hibridização na produção. As interferências passaram a ser múltiplas no decorrer da evolução da linguagem. hibridização na produção. As interferências passaram a ser múltiplas no decorrer da evolução da linguagem. Nes-se processo, ocorre uma espécie de

se processo, ocorre uma espécie de “fagocitação” dos meios, em que a TV aproveita a linguagem do“fagocitação” dos meios, em que a TV aproveita a linguagem do cinema,cinema, por exemplo, e devolve um estilo de construção visual que é incorporado na produção fílmica

por exemplo, e devolve um estilo de construção visual que é incorporado na produção fílmica . O cinema se. O cinema se torna eletrônico, e o vídeo e a TV se deixam contaminar pela qualidade da película. A palavra retoma o papel torna eletrônico, e o vídeo e a TV se deixam contaminar pela qualidade da película. A palavra retoma o papel cen-tral no cinema, os detalhes assumem locais de destaque, e a narrativa se torna menos imagética. Dessa forma, a tral no cinema, os detalhes assumem locais de destaque, e a narrativa se torna menos imagética. Dessa forma, a classificação de um produto como cinema, vídeo, TV, computação gráfica etc. se torna cada vez mais difícil. classificação de um produto como cinema, vídeo, TV, computação gráfica etc. se torna cada vez mais difícil. (MA-CHADO, 1997; 1995; SERVA, 1997)

CHADO, 1997; 1995; SERVA, 1997)

A análise que aqui fazemos da linguagem da TV procura identificar os momentos de aproximação e de A análise que aqui fazemos da linguagem da TV procura identificar os momentos de aproximação e de distancia-mento nas características dos produtos audiovisuais em diferentes suportes. O objetivo é delinear aquilo que, de mento nas características dos produtos audiovisuais em diferentes suportes. O objetivo é delinear aquilo que, de certa forma, pode ser considerado intrinsecamente televisual, os elementos que constituem a TV e

certa forma, pode ser considerado intrinsecamente televisual, os elementos que constituem a TV e as característi-as característi-cas de sua linguagem.

cas de sua linguagem.

2.

2.

Alcance e envolvimento

Alcance e envolvimento

A TV possui uma série de características intrínsecas, isto é, A TV possui uma série de características intrínsecas, isto é, elementos que a definem e a diferenciam em relação a outros elementos que a definem e a diferenciam em relação a outros veículos. Alguns desses elementos, aliás, são comuns a veículos. Alguns desses elementos, aliás, são comuns a diver-sos meios de comunicação porque a TV, em seu sos meios de comunicação porque a TV, em seu desenvolvi-mento, acaba incorporando características que antes haviam mento, acaba incorporando características que antes haviam sido atribuídas a esses outros meios. A seguir, discutimos quais sido atribuídas a esses outros meios. A seguir, discutimos quais são esses elementos e como eles ajudam a definir o que são esses elementos e como eles ajudam a definir o que cha-mamos de

mamos delinguagem televisivalinguagem televisiva..

 Informação visual:Informação visual: a TV transmite mensagens por meioa TV transmite mensagens por meio de uma linguagem que independe do conhecimento do de uma linguagem que independe do conhecimento do

idioma ou da escrita por parte do receptor. A TV mostra e o espectador se informa e amplia o seu idioma ou da escrita por parte do receptor. A TV mostra e o espectador se informa e amplia o seu conheci-mento. Como o rádio, a TV é um meio inclusivo ao permitir o acesso à informação a qualquer pessoa.

(6)

 Alcance:Alcance:A TV é um veículo abrangente e de grande alcance. Ela atinge a todos, sem distinguir classe socialA TV é um veículo abrangente e de grande alcance. Ela atinge a todos, sem distinguir classe social ou econômica. O que se mostra na TV pode ser “visto” ou “ouvido” de várias maneiras diferentes, de acordo ou econômica. O que se mostra na TV pode ser “visto” ou “ouvido” de várias maneiras diferentes, de acordo com o repertório comum de cada

com o repertório comum de cada indivíduo.indivíduo. 

 A TV visa muitos, individualmente:A TV visa muitos, individualmente: As produções da TV são feitas para atingir a maior quantidade de pes-As produções da TV são feitas para atingir a maior quantidade de pes-soas possível. Porém, sua construção considera o repertório da média dos espectadores: a TV conversa com soas possível. Porém, sua construção considera o repertório da média dos espectadores: a TV conversa com o seu público individualmente. Assim, os temas abordados possuem elementos que possam ser o seu público individualmente. Assim, os temas abordados possuem elementos que possam ser decodifica- decodifica-dos de maneira parecida por diferentes espectadores, apesar das diferenças sociais ou de bagagem cultural. dos de maneira parecida por diferentes espectadores, apesar das diferenças sociais ou de bagagem cultural. Podemos afirmar que a mensagem televisiva contém códigos que permitem a identificação pessoal e visam Podemos afirmar que a mensagem televisiva contém códigos que permitem a identificação pessoal e visam minimizar o efeito dispersivo da TV.

minimizar o efeito dispersivo da TV. 

 Envolvimento:Envolvimento:a TV exerce fascínio sobre o espectador pois consegue transportá-a TV exerce fascínio sobre o espectador pois consegue transportá-lo para “dentro” de suaslo para “dentro” de suas histórias. Daí a forma pessoal de falar, de seduzir, presente até no jornalismo.

histórias. Daí a forma pessoal de falar, de seduzir, presente até no jornalismo. Criam-se laços de identifica-Criam-se laços de identifica-ção entre quem é

ção entre quem é mostradomostrado––o personagemo personagem––e quem assiste ao programa.e quem assiste ao programa.

 Pasteurização Cultural:Pasteurização Cultural: O envolvimento e o fascínio exercido pela TV a partir da aplicação de um códigoO envolvimento e o fascínio exercido pela TV a partir da aplicação de um código comum

comumpodempodemterter o efeito de provocar “homogeneização política” e “pasteurização cultural”: o efeito de provocar “homogeneização política” e “pasteurização cultural”: a manipulaçãoa manipulação da informação é uma

da informação é uma consequência possível quando pontos de vista diferentes são aconsequência possível quando pontos de vista diferentes são a bordados sem equilíbriobordados sem equilíbrio e transparência. No entanto, é importante salientar que essa é uma possibilidade

e transparência. No entanto, é importante salientar que essa é uma possibilidadelatentelatente, ou seja, nem sem-, ou seja, nem sem-pre os códigos trabalhados na TV levam

pre os códigos trabalhados na TV levam a essas consequências.a essas consequências. 

 O poder da audiência:O poder da audiência: sem exageros, podemos também afirmar que os índices de audiência ajudam a tabu-sem exageros, podemos também afirmar que os índices de audiência ajudam a tabu-lar a programação da TV, pois influenciam nas decisões sobre grade de programação. É uma faca de dois lar a programação da TV, pois influenciam nas decisões sobre grade de programação. É uma faca de dois gumes porque, ao mesmo tempo em que permite a exposição do público e o

gumes porque, ao mesmo tempo em que permite a exposição do público e o reconhecimento dos desejos dereconhecimento dos desejos de boa parcela da audiência, também reflete os interesses comerciais, o que impede, em certa medida, boa parcela da audiência, também reflete os interesses comerciais, o que impede, em certa medida, experi-mentações de linguagem e o atendimento a

mentações de linguagem e o atendimento a segmentos específicos de público.segmentos específicos de público.

3.

3.

Dispersão e baixa definição

Dispersão e baixa definição

O filme cinematográfico, exibido em uma sala escura, pede a O filme cinematográfico, exibido em uma sala escura, pede a atenção concentrada de todas as pessoas. A única fonte de luz atenção concentrada de todas as pessoas. A única fonte de luz é a tela e a atenção é direcionada para ela. A TV compõe o é a tela e a atenção é direcionada para ela. A TV compõe o ambiente doméstico. É impossível dedicar total atenção ao ambiente doméstico. É impossível dedicar total atenção ao programa televisivo sem observar, junto, a composição do programa televisivo sem observar, junto, a composição do ambiente. Além disso, a definição da imagem do cinema, de ambiente. Além disso, a definição da imagem do cinema, de alta qualidade, serve melhor

alta qualidade, serve melhor ao propósito de ser representaçãoao propósito de ser representação da realidade. A TV é a

da realidade. A TV é apenas a mediadora. (Machado, 1997)penas a mediadora. (Machado, 1997) Desde o Renascimento, a representação do mundo se faz de Desde o Renascimento, a representação do mundo se faz de forma que imite o real. A fotografia e o cinema são, por forma que imite o real. A fotografia e o cinema são, por

exce-lência, cópias do mundo inteligível. O vídeo (e a TV, por consequência) quebram esse paradigma: a própria lência, cópias do mundo inteligível. O vídeo (e a TV, por consequência) quebram esse paradigma: a própria estru-tura simbólica da TV coloca

tura simbólica da TV coloca por terra qualquer representação do real, ela se torna meramente por terra qualquer representação do real, ela se torna meramente mediadora da reali-mediadora da reali-dade. Portanto, enquanto a imagem limpa do cinema legitima este meio, a denúncia da técnica e a síntese da dade. Portanto, enquanto a imagem limpa do cinema legitima este meio, a denúncia da técnica e a síntese da informação legitimam o meio TV. (Machado, 1995)

(7)

A imagem da TV tem baixa definição: Arlindo Machado (1997) diz que a imagem da TV

A imagem da TV tem baixa definição: Arlindo Machado (1997) diz que a imagem da TV é pequena, estilhaçada, sem pro-é pequena, estilhaçada, sem

pro-fundidade, pouco realista e de efeito ilusionista precário. Esse quadro está mudando com a popularização das TVs de

fundidade, pouco realista e de efeito ilusionista precário. Esse quadro está mudando com a popularização das TVs de

maior definição.

maior definição.

O espectador não perde a vigilância sobre suas ações

O espectador não perde a vigilância sobre suas ações . Isso permite um distanciamento crítico e estímulo à in-. Isso permite um distanciamento crítico e estímulo à in-tervenção no universo simbólico. A tela do

tervenção no universo simbólico. A tela do cinema é transparentecinema é transparente porque permite ver a “realidade” através dela. Aporque permite ver a “realidade” através dela. A tela da TV é opaca, porque o

tela da TV é opaca, porque o espectador vê também o suporte técnico. Arlindo Machado diz que, por esse motivo,espectador vê também o suporte técnico. Arlindo Machado diz que, por esse motivo, a tela de cinema tem alta definição, porque permite copiar a realidade, enquanto a de TV é de baixa definição, a tela de cinema tem alta definição, porque permite copiar a realidade, enquanto a de TV é de baixa definição, porque supõe a imaginação da realidade pelo espectador a partir de uma aparência estilizada. De acordo com a porque supõe a imaginação da realidade pelo espectador a partir de uma aparência estilizada. De acordo com a teoria da Gestalt [a busca pela forma perfeita] o espectador deve decodificar a mensagem televisual para teoria da Gestalt [a busca pela forma perfeita] o espectador deve decodificar a mensagem televisual para recons-tituir a representação real. (Machado, 1995)

tituir a representação real. (Machado, 1995)

Considerando o suporte analógico e as TVs de tubo, sobre as quais foi construída a linguagem da TV, a qualidade Considerando o suporte analógico e as TVs de tubo, sobre as quais foi construída a linguagem da TV, a qualidade do vídeo é baixa, e o uso de planos muito abertos poderia se tornar inviável. O close-up e o plano detalhe se do vídeo é baixa, e o uso de planos muito abertos poderia se tornar inviável. O close-up e o plano detalhe se ade-quaram, então, melhor a essa modalidade de TV, de modo que a narrativa é composta pelo que Eisenstein quaram, então, melhor a essa modalidade de TV, de modo que a narrativa é composta pelo que Eisenstein cha-maria de

maria de “olho intelectual”“olho intelectual”: as partes são mostradas para dar uma ideia do todo, sem que este apareça real-: as partes são mostradas para dar uma ideia do todo, sem que este apareça real-mente. Trata-se de

mente. Trata-se de uma montagem metonímica (a parte pelo todo) e metafórica (uma imagem que significauma montagem metonímica (a parte pelo todo) e metafórica (uma imagem que significa outra).

outra). (Machado, 1997)(Machado, 1997)

Seguindo essa lógica, como a tela

Seguindo essa lógica, como a tela da TV permite pouca informação por vez, devem ser da TV permite pouca informação por vez, devem ser trabalhados poucos perso-trabalhados poucos perso-nagens em cada cena. Daí a

nagens em cada cena. Daí a preferência por temas íntimos na ficção: seja preferência por temas íntimos na ficção: seja amor ou seja ódio, os atamor ou seja ódio, os at ores geralmenteores geralmente estão próximos quando aparecem juntos. Da mesma forma, a maior parte da programação de TV faz uso dos estão próximos quando aparecem juntos. Da mesma forma, a maior parte da programação de TV faz uso dos talking heads

talking heads, ou cabeças falantes: o uso constante do primeiro plano elimina o cenário e torna mais artificial, ou cabeças falantes: o uso constante do primeiro plano elimina o cenário e torna mais artificial qualquer interpretação. Mesmo as reações dos entrevistados são descartadas com esse tipo de imagem. qualquer interpretação. Mesmo as reações dos entrevistados são descartadas com esse tipo de imagem. (Macha-do, 1997)

do, 1997)

Isso já está mudando com a chegada maciça de TVs de alta definição, de plasma, LCD e LED, além de monitores Isso já está mudando com a chegada maciça de TVs de alta definição, de plasma, LCD e LED, além de monitores que recebem a imagem da TV, porque a tela pode exibir mais detalhes. No entanto, não podemos esquecer o que recebem a imagem da TV, porque a tela pode exibir mais detalhes. No entanto, não podemos esquecer o tempo de substituição dos suportes, e a multiplicação de espaços de captação, como TVs portáteis e tela do tempo de substituição dos suportes, e a multiplicação de espaços de captação, como TVs portáteis e tela do com-putador.

putador.

4.

4.

Imediata, instantânea e superficial

Imediata, instantânea e superficial

Enquanto o cinema opera com um pseudo-presente

Enquanto o cinema opera com um pseudo-presente –– o tempoo tempo da ação

da ação –– que se encerra no final do filme, a TV opera com oque se encerra no final do filme, a TV opera com o presente constante, lançando mão da instantaneidade e, presente constante, lançando mão da instantaneidade e, mui-tas vezes, do imediatismo, da simultaneidade. Por conta tas vezes, do imediatismo, da simultaneidade. Por conta disso,disso, o cinema DEVE permitir uma maior manipulação daquilo que o cinema DEVE permitir uma maior manipulação daquilo que foi capturado

foi capturado –– por meio dos processos de edição. O vídeo, porpor meio dos processos de edição. O vídeo, por outro lado, por ser muitas vezes feito/gravado ao vivo, acaba outro lado, por ser muitas vezes feito/gravado ao vivo, acaba inserindo em sua mensagem tudo aquilo que muitas vezes inserindo em sua mensagem tudo aquilo que muitas vezes seria lixo no outro meio.

(8)

Enquanto o cinema opera o mascaramento das técnicas construtivas, a TV as Enquanto o cinema opera o mascaramento das técnicas construtivas, a TV as usa para legitimar a mediação da realidade.

usa para legitimar a mediação da realidade. A entrada em cena do aparatoA entrada em cena do aparato técnico não causa perda do sentido na TV, pelo contrário, reforça a idéia técnico não causa perda do sentido na TV, pelo contrário, reforça a idéia de TV como principal mediadora do real

de TV como principal mediadora do real. O que vemos na tela acontece. O que vemos na tela acontece neste momento, agora, e o cenário que vaza na tela,

neste momento, agora, e o cenário que vaza na tela, a câmera que aparece, a câmera que aparece, oo cabo do microfone, apenas servem para garantir essa continuidade cabo do microfone, apenas servem para garantir essa continuidade (Macha-do, 2001). A TV amplia o potencial dessas técnicas, por exemplo, ao exibir na do, 2001). A TV amplia o potencial dessas técnicas, por exemplo, ao exibir na tela o logotipo de “ao vivo”. Nesses momentos, é como se a TV dissesse tela o logotipo de “ao vivo”. Nesses momentos, é como se a TV dissesse “Olhe, estamos aqui mostrando p

“Olhe, estamos aqui mostrando para você a História acontecendo. Nós le-ara você a História acontecendo. Nós le-vamos você para onde o fato está”. Isso ocorre devido ao imediatismo: não vamos você para onde o fato está”. Isso ocorre devido ao imediatismo: não há tempo de edição e toda a sujeira vai ao ar.

há tempo de edição e toda a sujeira vai ao ar.

Na transmissão ao vivo, principalmente, dizemos que a TV opera processos

Na transmissão ao vivo, principalmente, dizemos que a TV opera processos

abertos. Segundo Machado (2001), o

abertos. Segundo Machado (2001), o melhor material para um programa demelhor material para um programa de

TV é aquele que permite improvisos e acasos, pois é a

TV é aquele que permite improvisos e acasos, pois é a partir daí que o espec-partir daí que o

espec-tador reconhece a TV como aparelho mediador. A sujeira que vai

tador reconhece a TV como aparelho mediador. A sujeira que vai ao ar NÃOao ar NÃO

causa perda de sentido, pelo contrário, ajuda a construir o ‘texto’ televisivo.

causa perda de sentido, pelo contrário, ajuda a construir o ‘texto’ televisivo.

Os erros e acertos que vão ao ar acabam por definir uma referência para o Os erros e acertos que vão ao ar acabam por definir uma referência para o telespectador, que é diferente do real representado pelo cinema. Da mesma telespectador, que é diferente do real representado pelo cinema. Da mesma forma, a

forma, a gravação ao vivogravação ao vivo faz manter na programação da TV muito da ca-faz manter na programação da TV muito da ca-racterística da

racterística da transmissão ao vivotransmissão ao vivo. A própria linguagem textual privilegia a. A própria linguagem textual privilegia a conjugação verbal no presente do indicativo. Tudo acontece imediatamente, conjugação verbal no presente do indicativo. Tudo acontece imediatamente, agora, bem diante dos olhos do espectador. Daí a importância, nos agora, bem diante dos olhos do espectador. Daí a importância, nos progra-mas que simulam o

mas que simulam oao vivoao vivo, de inserir os elementos técnicos na , de inserir os elementos técnicos na transmissão.transmissão.

Além disso,

Além disso, a transmissão em tempo presente (ao vivo) pode trazer mo-a transmissão em tempo presente (ao vivo) pode trazer mo-mentos de extrema verdade em um meio em que o controle é aguçado mentos de extrema verdade em um meio em que o controle é aguçado ,, pois um comentário fora de hora, uma

pois um comentário fora de hora, uma imagem que em outro momento seriaimagem que em outro momento seria moralmente inviável, acaba indo ao ar. Por outro lado, a preservação do moralmente inviável, acaba indo ao ar. Por outro lado, a preservação do tempo presente pode promover a confusão entre o que é gravado/editado e tempo presente pode promover a confusão entre o que é gravado/editado e o que é ao vivo: a noção de tempo acaba se diluindo. (Machado, 2001)

o que é ao vivo: a noção de tempo acaba se diluindo. (Machado, 2001) Machado fala do

Machado fala dotempo simbólicotempo simbólico coincidindo com o tempo de exibição [ex,coincidindo com o tempo de exibição [ex, seriado

seriado24 horas24 horas], e do tempo de emissão com o de recepção [telejornalismo], e do tempo de emissão com o de recepção [telejornalismo ao vivo]. Se no primeiro caso os cortes não suprimem o tempo simbólico, ao vivo]. Se no primeiro caso os cortes não suprimem o tempo simbólico, sendo uma exceção no cinema, no segundo caso é uma regra. Isso faz com sendo uma exceção no cinema, no segundo caso é uma regra. Isso faz com que a narrativa televisual, nesses casos, perca sua ordem direta por conta da que a narrativa televisual, nesses casos, perca sua ordem direta por conta da inserção de toda a “sujeira”: uma câmera que se perde, um comentário fora inserção de toda a “sujeira”: uma câmera que se perde, um comentário fora de hora, etc. Isso, no entanto, é minimizado com o estabelecimento de de hora, etc. Isso, no entanto, é minimizado com o estabelecimento de mo-dos de operação pelas

dos de operação pelas emissoras.emissoras.

É impossível, para a TV, manter um nexo narrativo com coerência estrutural predeterminada. No entanto, os É impossível, para a TV, manter um nexo narrativo com coerência estrutural predeterminada. No entanto, os ‘tempos mortos’ das transmissões ao vivo

‘tempos mortos’ das transmissões ao vivo ajudam a manter a sequência narrativa, abrem espaço para reflexão, eajudam a manter a sequência narrativa, abrem espaço para reflexão, e ajudam a valorizar o sentido de

ajudam a valorizar o sentido de mediação do real garantido pelo imediatismo da transmissão.mediação do real garantido pelo imediatismo da transmissão. Imediatismo:

Imediatismo: tem relação com a transmissão;tem relação com a transmissão; através da imagem, TV mostra o fato no através da imagem, TV mostra o fato no mo-mento mesmo em que ele ocorre. Hoje, a TV mento mesmo em que ele ocorre. Hoje, a TV tem agilidade grande porque aparato técnico tem agilidade grande porque aparato técnico está simplificado. Satélites mostram fatos do está simplificado. Satélites mostram fatos do outro lado do mundo.

outro lado do mundo.

Instantaneidade:

Instantaneidade: tem relação com a recepção;tem relação com a recepção; a mensagem na TV é momentânea, a mensagem na TV é momentânea, instantâ- instantâ-nea. Ela é captada de uma vez só, no exato nea. Ela é captada de uma vez só, no exato momento em que é emitida. Não tem como momento em que é emitida. Não tem como voltar atrás e ver de novo.

voltar atrás e ver de novo.

Superficialidade:

Superficialidade: o timing, o ritmo da TVo timing, o ritmo da TV proporciona uma natureza superficial às suas proporciona uma natureza superficial às suas mensagens. Os custos das transmissões, os mensagens. Os custos das transmissões, os compromissos comerciais e a briga pela compromissos comerciais e a briga pela audi-ência, muitas vezes, impedem o ência, muitas vezes, impedem o aprofunda-mento dos temas.

mento dos temas.

Mudanças em um mundo digital  Mudanças em um mundo digital 

É importante destacar que boa parte dessas É importante destacar que boa parte dessas características apresentadas aqui referem-se características apresentadas aqui referem-se especialmente a uma análise da TV

especialmente a uma análise da TVanalógicaanalógica,, ou mesmo essa primeira fase da digitalização, ou mesmo essa primeira fase da digitalização, em que o processo de transmissão é muito em que o processo de transmissão é muito similar ao modelo tradicional. Quando similar ao modelo tradicional. Quando pensa-mos em possibilidades do mundo digital mos em possibilidades do mundo digital –– como a TV via Internet e novas formas de como a TV via Internet e novas formas de armazenamento

armazenamento –– as coisas mudam um poucoas coisas mudam um pouco de figura.

de figura.

Na TV analógica, há uma sincronia da Na TV analógica, há uma sincronia da transmis-são em

são em relação relação ao acontecimento, em relaçãoao acontecimento, em relação à construção do fato. Ou seja, não se trata à construção do fato. Ou seja, não se trata apenas da “transmissão do fato”, mas da apenas da “transmissão do fato”, mas da construção do fato em sincronia com o construção do fato em sincronia com o acon-tecimento

tecimento, ali, diante do espectador, ali, diante do espectador –– é princi-é princi-palmente disso que fala Arlindo Machado. É palmente disso que fala Arlindo Machado. É essa sincronia que permite criar a essa sincronia que permite criar a representa-ção de determinado acontecimento e, ao ção de determinado acontecimento e, ao mesmo tempo, estabelecer a relação entre mesmo tempo, estabelecer a relação entre transmissão e recepção, no nível do que se transmissão e recepção, no nível do que se classifica como “ao vivo”. Ivana Fechine classifica como “ao vivo”. Ivana Fechine (XXXX)(XXXX) fala em “texto em situação”, ou seja, o texto fala em “texto em situação”, ou seja, o texto que vai sendo criado por meio da sintonia da que vai sendo criado por meio da sintonia da enunciação com

enunciação com o o enunciado. enunciado. É preciso É preciso deixardeixar claro que

claro que a sincronia não está, portanto,a sincronia não está, portanto, apenas na transmissão, mas também na apenas na transmissão, mas também na configuração da mensagem

configuração da mensagem..

Essa sincronia, no entanto, é uma marca do Essa sincronia, no entanto, é uma marca do “analógico” que perde força no digital. “analógico” que perde força no digital. O casoO caso dos ‘tempos mortos’, por exemplo, se já des dos ‘tempos mortos’, por exemplo, se já desa- a-pareciam nos materiais gerados após a pareciam nos materiais gerados após a primei-ra tprimei-ransmissão ao vivo, se tornam ainda mais ra transmissão ao vivo, se tornam ainda mais raros no meio digital, quando o usuário pode raros no meio digital, quando o usuário pode gravar a transmissão ou acessá-la

(9)

5.

5.

Fragmentação

Fragmentação

Toda a programação de TV é fragmentada porque, em Toda a programação de TV é fragmentada porque, em princí-pio, a TV é dispersiva. Além de ter uma função econômica, ao pio, a TV é dispersiva. Além de ter uma função econômica, ao permitir a inserção comercial, a fragmentação acompanha a permitir a inserção comercial, a fragmentação acompanha a dispersão do espectador e cria ganchos para promover a dispersão do espectador e cria ganchos para promover a ma-nutenção do sentido do programa que está sendo assistido. nutenção do sentido do programa que está sendo assistido. Sem essas interrupções, dificilmente o telespectador Sem essas interrupções, dificilmente o telespectador conse-guiria manter-se atento à programação por um longo período. guiria manter-se atento à programação por um longo período. Se a narrativa em TV fosse tão linear, progressiva e com Se a narrativa em TV fosse tão linear, progressiva e com efei-tos de continuidade como no

tos de continuidade como no cinema, o telespectador perderiacinema, o telespectador perderia a linha narrativa a cada vez que desviasse sua atenção.

a linha narrativa a cada vez que desviasse sua atenção. A TV “logra melhores resultados

A TV “logra melhores resultados quando suaquando suanarrativa é recorrente, circular, reiterando ideias e sensações a cada novonarrativa é recorrente, circular, reiterando ideias e sensações a cada novo

plano, ou quando ela assume a dispersão, estruturando a programação em painéis fragmentários e híbridos, como nas

plano, ou quando ela assume a dispersão, estruturando a programação em painéis fragmentários e híbridos, como nas

colagens pictóricas ou nas revistas de

colagens pictóricas ou nas revistas de variedades”variedades”

(Vieira, 2004).

(Vieira, 2004).

É possível ainda estender esse conceito: a natureza

É possível ainda estender esse conceito: a natureza de baixa definição faz com que a de baixa definição faz com que a imagem transmitida pela TV,imagem transmitida pela TV, ou seja, o principal elemento mediador do real, seja na

ou seja, o principal elemento mediador do real, seja na verdade apenas uma parte, fragmentos.verdade apenas uma parte, fragmentos. A montagem da produção para TV, em especial a de ficção, valoriza cada

A montagem da produção para TV, em especial a de ficção, valoriza cada vez mais o ritmo acelerado de cortes entre as imagens

vez mais o ritmo acelerado de cortes entre as imagens . Muitos autores. Muitos autores apontam para o domínio do

apontam para o domínio do videoclipevideoclipena estética televisiva. O próprio com-na estética televisiva. O próprio com-portamento da sociedade com os meios de comunicação cibernéticos, que portamento da sociedade com os meios de comunicação cibernéticos, que permitem o acesso a mais informações ao mesmo tempo, colaboram para permitem o acesso a mais informações ao mesmo tempo, colaboram para uma audiência cuja atenção é limitada a instantes por vez. Por isso, a uma audiência cuja atenção é limitada a instantes por vez. Por isso, a frag-mentação do ritmo sonoro e do ritmo visual colabora para que o espectador mentação do ritmo sonoro e do ritmo visual colabora para que o espectador se mantenha atento à TV. (Vieira, 2001; 2004)

se mantenha atento à TV. (Vieira, 2001; 2004) Adicionalmente,

Adicionalmente, a fragmentação é elemento essencial quando trabalha-a fragmentação é elemento essencial quando trabalha-mos os

mos os ganchosganchos televisivostelevisivos. Ao organizar os programas em painéis, como. Ao organizar os programas em painéis, como uma colagem de elementos (uma novela, por exemplo, conduz uma colagem de elementos (uma novela, por exemplo, conduz simultanea-mente várias tramas paralelas) e inserir intervalos nos programas,

mente várias tramas paralelas) e inserir intervalos nos programas, o produtoro produtor televisivo provoca a

televisivo provoca a suspensãosuspensão, a, a manutençãomanutençãoe oe o reatamentoreatamentodo sentido ado sentido a partir de criação dos ganchos: a narrativa não termina naquele momento, é partir de criação dos ganchos: a narrativa não termina naquele momento, é dividida para manter a atenção do espectador. É um recurso usado dividida para manter a atenção do espectador. É um recurso usado princi-palmente nos momentos de tensão e de

palmente nos momentos de tensão e de conflitos (Vieira, 2001; 2004).conflitos (Vieira, 2001; 2004).

Devido à fragmentação do fluxo da TV, a estrutura da história contada tende Devido à fragmentação do fluxo da TV, a estrutura da história contada tende a ser

a sersequenciadasequenciada. A retomada constante de eventos passados pode causar a perda de sentido, daí a necessidade. A retomada constante de eventos passados pode causar a perda de sentido, daí a necessidade delas serem bem marcadas (

delas serem bem marcadas (Lost Lost é um bom exemplo: salvo episódios especiais, fica claro para o espectador cadaé um bom exemplo: salvo episódios especiais, fica claro para o espectador cada vez que há uma movimentação no tempo). De um modo geral, graças à organização sequencial da história, o vez que há uma movimentação no tempo). De um modo geral, graças à organização sequencial da história, o telespectador pode perder trechos do programa, ou mesmo capítulos inteiros, e ainda assim entender o telespectador pode perder trechos do programa, ou mesmo capítulos inteiros, e ainda assim entender o desen-volvimento da narrativa.

volvimento da narrativa.

Excitação visual  Excitação visual 

Podemos tratar a fragmentação na TV também Podemos tratar a fragmentação na TV também em outro nível, o de cortes realizados pela em outro nível, o de cortes realizados pela edição de imagens.

edição de imagens.

A estética de cortes usada na TV auxilia para A estética de cortes usada na TV auxilia para que, na fragmentação da programação, se que, na fragmentação da programação, se torne comum um fluxo de imagens diversas torne comum um fluxo de imagens diversas continuamente. Assim, não causa estranheza continuamente. Assim, não causa estranheza ao espectador ter, uma após a outra, imagens ao espectador ter, uma após a outra, imagens completamente diferentes e com temas completamente diferentes e com temas diver-sos.

sos.

A tendência é que, cada vez mais, o fluxo de A tendência é que, cada vez mais, o fluxo de imagens se aproxime daquele dos comerciais e imagens se aproxime daquele dos comerciais e videoclipes. Dessa forma ocorre a videoclipes. Dessa forma ocorre a fragmenta-ção na TV: múltiplas câmeras e cortes rápidos. ção na TV: múltiplas câmeras e cortes rápidos. O videoclipe, o comercial e o telejornalismo O videoclipe, o comercial e o telejornalismo –– em menor grau

em menor grau –– são exemplos claros de comosão exemplos claros de como se processa essa fragmentação em busca da se processa essa fragmentação em busca da excitação visual, haja vista que é uma excitação visual, haja vista que é uma caracte-rística própria do vídeo permitir o corte até o rística própria do vídeo permitir o corte até o ponto do cintilamento da imagem

ponto do cintilamento da imagem –– a constru-a constru-ção e o redesenho quadro a quadro.

ção e o redesenho quadro a quadro.

A colagem de imagens e informações, segundo A colagem de imagens e informações, segundo Arlindo Machado (1995), corresponde ao modo Arlindo Machado (1995), corresponde ao modo de vida do homem contemporâneo.

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O fator

O fatorrepetiçãorepetição, aliado à fragmentação, permite esse tipo de audiência descontinuada, também porque torna, aliado à fragmentação, permite esse tipo de audiência descontinuada, também porque torna mais fácil a retomada da história quando ela é contada em um tempo dramático sequencial, ou seja, cronológico. mais fácil a retomada da história quando ela é contada em um tempo dramático sequencial, ou seja, cronológico. Para facilitar a fragmentação, na construção da TV (em um programa de variedades ou mesmo na ficção), são Para facilitar a fragmentação, na construção da TV (em um programa de variedades ou mesmo na ficção), são criados

criadosblocos temáticosblocos temáticoseenúcleos narrativosnúcleos narrativos–– que concentram temas, conflitos, etc. A própria estrutura do rotei-que concentram temas, conflitos, etc. A própria estrutura do rotei-ro, no caso de ficção, aborda pequenos temas por vez para resolver aquela trama aos poucos, sem misturá-la aos ro, no caso de ficção, aborda pequenos temas por vez para resolver aquela trama aos poucos, sem misturá-la aos outros temas (Vieira, 2004).

outros temas (Vieira, 2004).

6.

6.

Repetição

Repetição

O fluxo televisivo exige a repetição para a construção da O fluxo televisivo exige a repetição para a construção da men-sagem como um todo: além do preenchimento da grade e da sagem como um todo: além do preenchimento da grade e da busca por audiência, a repetição se dá na TV para busca por audiência, a repetição se dá na TV para correspon-der a outros níveis, inclusive na formatação semântica de uma der a outros níveis, inclusive na formatação semântica de uma linguagem geral da TV. A repetição forma a memória do linguagem geral da TV. A repetição forma a memória do teles-pectador, reforça os laços sociais entre meio e público.

pectador, reforça os laços sociais entre meio e público. Soraya Vieira (2004) trata a

Soraya Vieira (2004) trata a repetição em diversos níveis:repetição em diversos níveis: 

 um programa que se repete na um programa que se repete na grade;grade; 

 um programa cujo modelo que se repete em outra emis-um programa cujo modelo que se repete em outra emis-sora (ex. Fantástico e Domingo Espetacular);

sora (ex. Fantástico e Domingo Espetacular); 

 a repetição da estrutura de um programa (como em um telejornal ou a estrutura dos anúncios publicitários);a repetição da estrutura de um programa (como em um telejornal ou a estrutura dos anúncios publicitários); 

 a repetição das funções dos personagens/atores/repórteres envolvidos (como por exemplo, asa repetição das funções dos personagens/atores/repórteres envolvidos (como por exemplo, as HelenasHelenas, , dede Manoel Carlos).

Manoel Carlos).

Nos dois últimos casos, a recorrência dos elementos tem como finalidade primária fixar a mensagem e garantir Nos dois últimos casos, a recorrência dos elementos tem como finalidade primária fixar a mensagem e garantir legitimidade à mesma (credibilidade e confiança). Na verdade, parte da mensagem é pensada justamente para legitimidade à mesma (credibilidade e confiança). Na verdade, parte da mensagem é pensada justamente para promover a repetição (são ganchos: cenas ou episódios marcantes que resumem o assunto da

promover a repetição (são ganchos: cenas ou episódios marcantes que resumem o assunto da novela ou da repor-novela ou da repor-tagem e são apresentados para permitir o entendimento do desenrolar da narrativa).

tagem e são apresentados para permitir o entendimento do desenrolar da narrativa).

A repetição é, portanto, um elemento constitutivo da mensagem na TV. Reforçam essa tese: A repetição é, portanto, um elemento constitutivo da mensagem na TV. Reforçam essa tese: 

 a auto referência que a TV a auto referência que a TV faz a si mesma, faz a si mesma, dentro de diferentes programas, durante os intervalos comerciais,dentro de diferentes programas, durante os intervalos comerciais, ou em eventos promovidos para divulgar um produto da emissora;

ou em eventos promovidos para divulgar um produto da emissora; 

 o uso da imagem e estética de personagens da TV em programas que não são os seus originais (ex. Vídeoo uso da imagem e estética de personagens da TV em programas que não são os seus originais (ex. Vídeo Show, e as paródias de Casseta e Planeta, Pânico na TV).

Show, e as paródias de Casseta e Planeta, Pânico na TV). A repetição na TV permite também que a

A repetição na TV permite também que afamafamaseja estendida numa sociedade em que o espetáculo toma conta.seja estendida numa sociedade em que o espetáculo toma conta. O telespectador cria laços sociais com o personagem preferido, que se repete (estruturalmente, claro) O telespectador cria laços sociais com o personagem preferido, que se repete (estruturalmente, claro) quan-do o ator realiza uma interpretação em uma novela logo após um grande sucesso, e o arquétipo quan-do novo do o ator realiza uma interpretação em uma novela logo após um grande sucesso, e o arquétipo do novo personagem é o mesmo que o anterior

personagem é o mesmo que o anterior. Esse modo de formar a memória do espectador, no entanto, não se. Esse modo de formar a memória do espectador, no entanto, não se limita à ficção: um assunto permanece durante semanas no telejornal, enquanto permanecer a atenção e a limita à ficção: um assunto permanece durante semanas no telejornal, enquanto permanecer a atenção e a audi-ência sobre o assunto. A TV se fundamenta na repetição para fixar seus signos, construir a linguagem, criar uma ência sobre o assunto. A TV se fundamenta na repetição para fixar seus signos, construir a linguagem, criar uma memória do espectador, criar laços sociais entre público e emissor. (Vieira, 2001;

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Os intervalos comerciais exercem a função básica de agregar diferentes programas (gêneros e/ou formatos) na Os intervalos comerciais exercem a função básica de agregar diferentes programas (gêneros e/ou formatos) na estrutura da TV. A constante repetição dos filmes comerciais, bem como a antecipação de partes do próximo estrutura da TV. A constante repetição dos filmes comerciais, bem como a antecipação de partes do próximo programa ao anunciá-lo durante a exibição de outro evento, efetivam a fragmentação narrativa. Diante dessas programa ao anunciá-lo durante a exibição de outro evento, efetivam a fragmentação narrativa. Diante dessas características, o intervalo comercial assume uma função

características, o intervalo comercial assume uma função primordial.primordial.

Ao servir como elemento fragmentador, a repetição ajuda a promover a continuidade da estrutura da programação,

Ao servir como elemento fragmentador, a repetição ajuda a promover a continuidade da estrutura da programação,

unindo imagens dispersas e diferentes em um fluxo contínuo de imagens. Esse fluxo de imagens é completado pelo

unindo imagens dispersas e diferentes em um fluxo contínuo de imagens. Esse fluxo de imagens é completado pelo

tex-to, que também serve como elemento de

to, que também serve como elemento derepetiçãorepetição..

7.

7.

Nota sobre a ação

Nota sobre a ação

Por ser fragmentada e permitir a constante repetição, o ritmo Por ser fragmentada e permitir a constante repetição, o ritmo das produções para a TV costuma

das produções para a TV costuma ser acelerado. O fatorser acelerado. O fatortempotempo

é uma constante que impede o desenvolvimento pleno de um é uma constante que impede o desenvolvimento pleno de um estado de contemplação da obra (o que diferencia a TV estado de contemplação da obra (o que diferencia a TV espe-cialmente em relação ao cinema). Assim, não há muito espaço cialmente em relação ao cinema). Assim, não há muito espaço para exibição de ‘tempos mo

para exibição de ‘tempos morrtos’tos’ na ficçãona ficção: a produção é to-: a produção é to-mada por uma

mada por uma sequencia de ações que se dão no plano dasequencia de ações que se dão no plano da fala ou da movimentação de personagens

fala ou da movimentação de personagens. No caso da TV, há. No caso da TV, há o privilégio da fala sobre as imagens, em boa parte das vezes. o privilégio da fala sobre as imagens, em boa parte das vezes. (Balogh, 1996)

(Balogh, 1996)

A permanência dos elementos descritivos e contemplativos em uma obra de TV, ao lado da ação continuada, A permanência dos elementos descritivos e contemplativos em uma obra de TV, ao lado da ação continuada, significa uma ruptura com os modelos atuais de narrativa. Por exemplo,

significa uma ruptura com os modelos atuais de narrativa. Por exemplo, minisséries como “Hoje é dia de Maria” eminisséries como “Hoje é dia de Maria” e “Afinal, o que querem as mulheres”, ambas de u

“Afinal, o que querem as mulheres”, ambas de um diretor transgressor como Luiz Fernando Carvalho, possuemm diretor transgressor como Luiz Fernando Carvalho, possuem momentos em que o fluxo televisivo é rompido para momentos de contemplação estética. Segundo Balogh momentos em que o fluxo televisivo é rompido para momentos de contemplação estética. Segundo Balogh (1996), o nível exato desse hibridismo pode representar uma formatação ideal e não-banalizante da produção de (1996), o nível exato desse hibridismo pode representar uma formatação ideal e não-banalizante da produção de TV.

TV.

Outra anotação sobre as características da ação na TV refere-se

Outra anotação sobre as características da ação na TV refere-se ao modo como o espectador é tratado em relaçãoao modo como o espectador é tratado em relação ao apresentador/ator. Estamos acostumados a um

ao apresentador/ator. Estamos acostumados a uma espécie de ‘diálogo direto’ com o apresentador na TV, que sea espécie de ‘diálogo direto’ com o apresentador na TV, que se vira para a câmera para falar diretamente, de forma individual, com todo o

vira para a câmera para falar diretamente, de forma individual, com todo o público que assiste a um programa. No cinema, isso causaria estranhamento público que assiste a um programa. No cinema, isso causaria estranhamento porque somos imersos num estado de contempla

porque somos imersos num estado de contemplação que nos permite ‘viver’ção que nos permite ‘viver’ a realidade fílmica. Na TV, como não ficamos totalmente imersos nessa a realidade fílmica. Na TV, como não ficamos totalmente imersos nessa rea- rea-lidade, tal diálogo causa menos estranhamento. Além disso, o lidade, tal diálogo causa menos estranhamento. Além disso, o aproveita-mento de técnicas narrativas que emulam a gravação amadora (câmeras mento de técnicas narrativas que emulam a gravação amadora (câmeras fotográficas, celulares e webcams) torna mais presente na TV essa relação do fotográficas, celulares e webcams) torna mais presente na TV essa relação do ator/apresentado

ator/apresentador com a r com a câmera.câmera.

Inversão da relação do ator/apresentador  Inversão da relação do ator/apresentador  com o público

com o público

No cinema, o ator se desloca na tela em No cinema, o ator se desloca na tela em rela-ção ao público. Na TV, o público

ção ao público. Na TV, o público de desloca emde desloca em relação ao apresentador/ator conforme muda relação ao apresentador/ator conforme muda a posição da câmera. Quem fala diretamente a posição da câmera. Quem fala diretamente para a câmera interpreta a si mesmo. O para a câmera interpreta a si mesmo. O espec-tador é

tador éinterlocutor.interlocutor. Quem fala sem olhar paraQuem fala sem olhar para

a câmera, interpreta outro. O espectador se a câmera, interpreta outro. O espectador se torna “observador ausente”.

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FORMATOS TELEVISIVOS

FORMATOS TELEVISIVOS

Em “A Televisão Levada a

Em “A Televisão Levada a sério”, Arlindo Machado (2001)sério”, Arlindo Machado (2001) cita Mikhail Bakhtincita Mikhail Bakhtin quando aborda a classificação em gêneros. Para o pensador russo, a quando aborda a classificação em gêneros. Para o pensador russo, a classifi-cação em gêneros discursivos deve-se principalmente à necessidade de cação em gêneros discursivos deve-se principalmente à necessidade de apro-ximar discursos semelhantes para compará-los e, assim, ter melhor ximar discursos semelhantes para compará-los e, assim, ter melhor compre-ensão da ideologia que permeia a obra. Machado lembra ainda que, em ensão da ideologia que permeia a obra. Machado lembra ainda que, em se-miótica, cada produto televisivo pode ser considerado um enunciado. Em miótica, cada produto televisivo pode ser considerado um enunciado. Em linhas gerais, isso quer dizer que cada programa (ou elemento desse linhas gerais, isso quer dizer que cada programa (ou elemento desse progra-ma, como uma vinheta) compõe um

ma, como uma vinheta) compõe um elemento de significação completo.elemento de significação completo. A classificação em gêneros ajuda a aproximar as produções que são realizadas A classificação em gêneros ajuda a aproximar as produções que são realizadas usando um mesmo padrão, possibilitando a comparação e análise desses usando um mesmo padrão, possibilitando a comparação e análise desses enunciados dentro de um determinado contexto (modelos de produção, enunciados dentro de um determinado contexto (modelos de produção, car-ga de intenções etc.). É possível, por exemplo, a partir das classificações em ga de intenções etc.). É possível, por exemplo, a partir das classificações em gêneros, distinguir as diferentes intencionalidades em cada

gêneros, distinguir as diferentes intencionalidades em cada programa.programa.

Já o conceito de qualidade em TV pode ser aplicado de formas diferentes, Já o conceito de qualidade em TV pode ser aplicado de formas diferentes, conforme a abordagem utilizada na análise de um programa: podemos falar conforme a abordagem utilizada na análise de um programa: podemos falar da qualidade em conteúdo, da qualidade técnica, da qualidade em servir da qualidade em conteúdo, da qualidade técnica, da qualidade em servir co-mo meio de propagar a educação, da capacidade em atrair audiência, etc. mo meio de propagar a educação, da capacidade em atrair audiência, etc. (Machado, 2001)

(Machado, 2001)

O sistema financiador da programação de TV varia conforme o país e

O sistema financiador da programação de TV varia conforme o país e o mode-o mode-lo de produção. Por exempmode-lo, em países em que o modemode-lo de TV Estatal é lo de produção. Por exemplo, em países em que o modelo de TV Estatal é forte, as emissoras podem se dar ao luxo de manter programas que não forte, as emissoras podem se dar ao luxo de manter programas que não atin-gem níveis altíssimos de audiência

gem níveis altíssimos de audiência –– por exemplo, aqueles cujo maior apelo épor exemplo, aqueles cujo maior apelo é o conteúdo de qualidade. Nos demais países (como no Brasil, em que o o conteúdo de qualidade. Nos demais países (como no Brasil, em que o mode- mode-lo de TV é o comercial) a concorrência acirrada exige níveis altos de audiência lo de TV é o comercial) a concorrência acirrada exige níveis altos de audiência para manter o patrocinador fiel à emissora e

para manter o patrocinador fiel à emissora e ao programa.ao programa.

Hoje vivenciamos uma estagnação na renovação dos formatos: as inovações se mantêm no nível dos recursos Hoje vivenciamos uma estagnação na renovação dos formatos: as inovações se mantêm no nível dos recursos técnicos e alguns recursos expressivos, mas os formatos são meras cópias de produções consagradas. técnicos e alguns recursos expressivos, mas os formatos são meras cópias de produções consagradas. Vislum-Nota sobre as referências bibliográficas Nota sobre as referências bibliográficas

José Carlos Aronchi de Souza escreveu um dos José Carlos Aronchi de Souza escreveu um dos mais significativos trabalhos no Brasil sobre mais significativos trabalhos no Brasil sobre classificação em gêneros e formatos, e o classificação em gêneros e formatos, e o publi-cou no livro “Gêneros e formatos na TV bras cou no livro “Gêneros e formatos na TV brasi- i-leira”.

leira”.

No entanto, o modelo de classificação utilizado No entanto, o modelo de classificação utilizado por Aronchi de Souza difere daquele que por Aronchi de Souza difere daquele que utilizaremos em nossas aulas, apesar do livro utilizaremos em nossas aulas, apesar do livro ter sido uma importante fonte de referência. ter sido uma importante fonte de referência. Isso porque o autor utiliza uma classificação de Isso porque o autor utiliza uma classificação de “três momentos”: categoria, gêneros e form “três momentos”: categoria, gêneros e forma- a-tos. “Categoria” praticamente corresponde ao tos. “Categoria” praticamente corresponde ao que chamaremos de gênero. Para Souza, que chamaremos de gênero. Para Souza, “Gêneros” são algumas classificações que “Gêneros” são algumas classificações que correspondem às vezes ao modelo (a forma) e correspondem às vezes ao modelo (a forma) e outras como à intencionalidade (se é informar, outras como à intencionalidade (se é informar, entreter, vender). Por fim, “Formato” serve entreter, vender). Por fim, “Formato” serve para agrupar programas de acordo com a para agrupar programas de acordo com a forma (p.ex., esquetes, entrevistas, etc.), mas forma (p.ex., esquetes, entrevistas, etc.), mas também leva em consideração os modos de também leva em consideração os modos de produção e os recursos discursivos que o produção e os recursos discursivos que o programa utiliza (p.ex., narração em off, programa utiliza (p.ex., narração em off, presença ou não de auditório, transmissão ao presença ou não de auditório, transmissão ao vivo ou gravada, modelo de entrevista, etc.). vivo ou gravada, modelo de entrevista, etc.). Já Arlindo Machado, que se vale de uma Já Arlindo Machado, que se vale de uma classi-ficação em gêneros e formatos, aborda em seu ficação em gêneros e formatos, aborda em seu livro apenas aqueles formatos, dentro de livro apenas aqueles formatos, dentro de diversos gêneros, que contém representantes diversos gêneros, que contém representantes da produção de “qualidade” em TV.

da produção de “qualidade” em TV. SOUZA, José Carlos Aronchi de.

SOUZA, José Carlos Aronchi de. Gêneros eGêneros e Formatos na Televisão Brasileira

Formatos na Televisão Brasileira. São Paulo:. São Paulo: Summus, 2004

Summus, 2004 MACHADO, Arlindo.

MACHADO, Arlindo. A Televisão levada a sérioA Televisão levada a sério.. São Paulo: Senac, 2001 2ª Ed.

Referências

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