MESA 1:
O Processo de Construção da Governança no
Planejamento Metropolitano
Palestra 2:
Construção da governança interfederaAva na
Região Metropolitana de Salvador
Wladimir António Ribeiro Brasília, 3 de dezembro de 2015
Seminário Internacional Planejamento Metropolitano: Governança, Ordenamento Territorial e Serviços Metropolitanos em Debate
SUMÁRIO
1 - A criação da Região Metropolitana de
Salvador
2 – O impacto da Constituição de 1988 e da
orientação fixada pelo STF no julgamento da
ADI 1842-RJ
3 – A reformulação da Região Metropolitana
de Salvador
CARTA DE 30/10/1969
Art. 164. A União, mediante lei complementar,
poderá para a realização de serviços comuns,
e s t a b e l e c e r r e g i õ e s m e t r o p o l i t a n a s ,
c o n s t i t u í d a s p o r m u n i c í p i o s
q u e ,
independentemente de sua vinculação
administrativa, façam parte da mesma
comunidade sócio-econômica.
Criação das regiões metropolitanas de S.
Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife,
Salvador
, Curitiba, Belém e Fortaleza pela
Lei Complementar federal nº 14, de 8 de
junho de
1973
.
Criação da região metropolitana do Rio de
Janeiro pela Lei Complementar federal nº
20, de 1º de julho de 1974.
Lei Complementar federal n° 14/73:
Art. 2º - Haverá em cada Região Metropolitana um Conselho Deliberativo, presidido pelo Governador do Estado, e um Conselho Consultivo, criados por lei estadual.
§ 1º - O Conselho Deliberativo contará em sua composição, além do Presidente, com 5 (cinco) membros de reconhecida capacidade técnica ou administrativa, um dos quais será o Secretário-Geral do Conselho, todos nomeados pelo Governador do Estado, sendo um deles dentre os nomes que figurem em lista tríplice organizada pelo Prefeito da Capital e outro mediante indicação dos demais Municípios integrante da Região Metropolitana.
Lei Complementar federal n° 14/73
:
Art. 2º. ... ...
§ 2º - O Conselho Consultivo compor-se-á de um representante de cada Município integrante da região metropolitana sob a direção do Presidente do Conselho Deliberativo.
§ 3º - Incumbe ao Estado prover, a expensas próprias, as despesas de manutenção do Conselho Deliberativo e do Conselho Consultivo.
Lei Complementar federal n° 14/73
:
Art. 2º. ... ...
§ 2º - O Conselho Consultivo compor-se-á de um representante de cada Município integrante da região metropolitana sob a direção do Presidente do Conselho Deliberativo.
§ 3º - Incumbe ao Estado prover, a expensas próprias, as despesas de manutenção do Conselho Deliberativo e do Conselho Consultivo.
Lei Complementar federal n° 14/73:
Art. 3º -compete ao Conselho Deliberativo:
I - promover a elaboração do Plano de Desenvolvimento integrado
da região metropolitana e a programação dos serviços comuns;
II - coordenar a execução de programas e projetos de interesse da região metropolitana, objetivando-lhes, sempre que possível, a
unificação quanto aos serviços comuns.
Parágrafo único - A unificação da execução dos serviços comuns efetuar-se-á quer pela concessão do serviço a entidade estadual, quer pela constituição de empresa de âmbito metropolitano, quer mediante outros processos que, através de convênio, venham a ser estabelecidos.
Lei Complementar federal n° 14/73:
Art. 3º -compete ao Conselho Deliberativo:
I - promover a elaboração do Plano de Desenvolvimento integrado
da região metropolitana e a programação dos serviços comuns;
II - coordenar a execução de programas e projetos de interesse da região metropolitana, objetivando-lhes, sempre que possível, a
unificação quanto aos serviços comuns.
Parágrafo único - A unificação da execução dos serviços comuns efetuar-se-á quer pela concessão do serviço a entidade estadual, quer pela constituição de empresa de âmbito metropolitano, quer mediante outros processos que, através de convênio, venham a ser estabelecidos.
Lei Complementar federal n° 14/73:
Art. 5º - Reputam-se de interesse metropolitano os seguintes serviços comuns aos Municípios que integram a região:
I - planejamento integrado do desenvolvimento econômico e social;
II - saneamento básico, notadamente abastecimento de água e rede de esgotos e serviço de limpeza pública;
III - uso do solo metropolitano; IV - transportes e sistema viário,
V - produção e distribuição de gás combustível canalizado;
VI - aproveitamento dos recursos hídricos e controle da poluição ambiental, na forma que dispuser a lei federal;
VII - outros serviços incluídos na área de competência do Conselho Deliberativo por lei federal.
A R E G I Ã O M E T R O P O L I T A N A D E S A L V A D O R
Originalmente, a RMS era composta por
oito
Municípios
, mas após a emancipação de
Madre de
Deus
, Distrito e Salvador até 1990, e de
Dias D´Ávila
,
passou a ter dez municípios. Em 17.12.2007, foi
aprovada pela Assembleia Legislativa da Bahia e
sancionada pelo governo estadual em 3 de janeiro de
2008 a Lei commplementar estadual n. 308, que inclui
Mata de São João
e
São Sebastiao do Passé
na
RMS. Em 22 de janeiro do ano seguinte, a inclusão de
Pojuca
foi sancionada pelo governador Jaques
Wagner através da lei complementar estadual n. 32.
A R E G I Ã O M E T R O P O L I T A N A D E S A L V A D O R
A R E G I Ã O M E T R O P O L I T A N A D E S A L V A D O R
Município População (2013) IDH (2010) PIB (em mil reais)Salvador 2 883 672 0,759 36 744 670 Camaçari 275 575 0,694 13 379 554 S. Fco. do Conde 36 677 0,674 9 848 259 Candeias 89 419 0,691 4 204 817 Simões Filho 129 964 0,675 3 690 063 Lauro de Freitas 184 383 0,754 3 156 015 Dias D´Ávila 75 103 0,676 2 172 583 Pojuca 36 551 0,666 1 009 945 S. SebasAão do Passé 45 090 0,657 402 517 Mata de S. João 44 538 0,668 351 972 Madre de Deus 19 600 0,708 282 744 Vera Cruz 41 524 0,645 247 515 Itaparica 22 329 0,670 115 037 Totais/média 3 884 435 0,687 75 605 691
A REGIÃO METROPOLITANA NA CONSTITUIÇÃO DE 1988
Art. 25. ...
...
§ 3º. Os Estados poderão, mediante lei
complementar, instituir regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamentos de municípios
limítrofes
, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas
de interesse comum.
O IMPACTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 E DA ORIENTAÇÃO DO STF NO JULGAMENTO DA ADI 1842-RJ
A REGIÃO METROPOLITANA: DECISÃO DO STF
• No julgamento da ADI nº 1842-RJ, o STF
prestigiou a autonomia municipal
.
• N o j u l g a m e n t o f o r a m d e c l a r a d o s
inconstitucionais
diversos artigos da lei
complementar do Estado do Rio de Janeiro.
• O STF decidiu que a criação de uma região
metropolitana
não pode
produzir a
transferência de competências do Município
para o Estado.
O IMPACTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 E DA ORIENTAÇÃO DO STF NO JULGAMENTO DA ADI 1842-RJ
A REGIÃO METROPOLITANA: DECISÃO DO STF
•
O STF decidiu
também
que a competência
dos serviços de saneamento básico
é
sempre do Município
.
• Porém quando o Município integrar região
m e t r o p o l i t a n a , o
e x e r c í c i o
d e s s a
competência deve se dar pelo
órgão ou
entidade metropolitano
.
O IMPACTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 E DA ORIENTAÇÃO DO STF NO JULGAMENTO DA ADI 1842-RJ
A REGIÃO METROPOLITANA: DECISÃO DO STF
• Contudo
o STF não decidiu o que é e como
deve ser formatado o órgão ou entidade
metropolitano
.
•
Deixou em aberto
se ele pode ser formado só
por Municípios, se o Estado pode ou não fazer
parte dele, ou, ainda, se a sociedade civil
também pode integrar a governança do órgão ou
entidade metropolitano. Quem vai decidir isso
será a
lei complementar estadual
, caso a caso
.
O IMPACTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 E DA ORIENTAÇÃO DO STF NO JULGAMENTO DA ADI 1842-RJ
A REGIÃO METROPOLITANA: DECISÃO DO STF
Voto do Ministro Teori Zavascki:
“Os votos divergentes têm essa convergência: de
considerar incons2tucional o modo como foi cons2tuída a
região metropolitana. Entendem que como está não pode
ficar. Todavia, como é que deve ser estruturada, como
deve ser formatada juridicamente uma região
metropolitana? Quanto a este ponto, não há nenhum
voto que seja semelhante, que tenha dado uma solução
uniforme.”
(grifamos)
O IMPACTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 E DA ORIENTAÇÃO DO STF NO JULGAMENTO DA ADI 1842-RJ
A REGIÃO METROPOLITANA: DECISÃO DO STF
Ainda o voto do Ministro Teori Zavascki:
"Todavia, independentemente do critério que se venha a
adotar – que, no meu entender deve ficar, em grande medida,
reservada ao legislador complementar estadual -,
independentemente desse sistema, repito, é certo que ele não
pode se consHtuir em pura e simples transferência de
competências municipais para o âmbito do Estado-membro,
como ocorreu no caso em exame. Esse fundamento é, por si
só, suficiente para um juízo de procedência da declaração de
inconsHtucionalidade das normas."
(grifamos)
O IMPACTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 E DA ORIENTAÇÃO DO STF NO JULGAMENTO DA ADI 1842-RJ
A REGIÃO METROPOLITANA: DECISÃO DO STF
Em resumo: o STF decidiu que:
• a instituição de região metropolitana
não leva à
transferência
de competências constitucionais dos
Municípios para o Estado;
•
que os Municípios atingidos devem exercer suas
competências
por meio do órgão metropolitano
;
•
Ficou em aberto quem constituiu e como é a
governança do órgão metropolitano
, questões a serem
decididas por meio da
lei complementar estadual
que
instituir a região metropolitana.
O IMPACTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 E DA ORIENTAÇÃO DO STF NO JULGAMENTO DA ADI 1842-RJ
A REGIÃO METROPOLITANA: DECISÃO DO STF
O ERRO NO ACÓRDÃO
Importante informar que houve
equívoco na
publicação do Acórdão
do Julgamento,
ocorrido no dia 16 de setembro.
Além do Acórdão
não constar
o voto do
Ministro Marco Aurélio, a sua Ementa afirma
que o resultado do julgamento acompanhou o
voto do Ministro Gilmar Mendes,
o que não
corresponde à realidade
.
O IMPACTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 E DA ORIENTAÇÃO DO STF NO JULGAMENTO DA ADI 1842-RJ
A REGIÃO METROPOLITANA: DECISÃO DO STF
O ERRO NO ACÓRDÃO
O Voto do Ministro Gilmar Mendes é no sentido
de que o Estado faz
obrigatoriamente
parte da
região metropolitana, aglomeração urbana e até
da
microrregião
, bem como veda que nela
participe a sociedade civil – o que não
corresponde ao julgamento, que deixou estas
questões
em aberto
. O PDT, PT e PPS
ingressaram com
recursos
para que o erro seja
corrigido.
O IMPACTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 E DA ORIENTAÇÃO DO STF NO JULGAMENTO DA ADI 1842-RJ
GOVERNANÇA APÓS ADI 1842-RJ
• A região metropolitana deve ser dirigida obrigatoriamente por
um conselho, em que presentes todos os Municípios aJngidos.
Ficou em aberto se o Estado e a sociedade civil podem
parJcipar deste conselho.
• Apesar de o voto do Ministro Joaquim Barbosa ser no senJdo
de que haja paridade entre todos os entes (um voto para cada
um), no STF prevaleceu que ela não é obrigatória.
• É inconsAtucional o Estado ter 50% ou mais dos votos no
conselho deliberaJvo da região metropolitana, ou qualquer
espécie de arranjo que implique em controle do órgão pelo
Estado ou por outro ente da Federação.
O IMPACTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 E DA ORIENTAÇÃO DO STF NO JULGAMENTO DA ADI 1842-RJ
LEI COMPLEMENTAR Nº 41 DE 13 DE JUNHO DE 2014, DO
ESTADO DA BAHIA
1 – A região metropolitana é uma pessoa juriídica de direito
público interfederaAva (“autarquia intergovernamental”)
2 – Seu órgão deliberaJvo é o Colegiado Metropolitano,
composto pelo governador do Estado e pelos prefeitos dos
Municípios metropolitanos
2 – Em paralelo ao Colegiado Metropolitano há um Comitê
Técnico, composto por 3 técnicos indicados pelo governador, 3
técnicos indicados pelo prefeito de Salvador e por 1 técnico
indicado por cada um dos demais prefeitos
LEI COMPLEMENTAR Nº 41 DE 13 DE JUNHO DE 2014, DO
ESTADO DA BAHIA
4 – Integra a Região Metroplitana o Conselho ParJcipaJvo,
composto por 30 (trinta) membros, sendo 01 (um) representante
escolhido por cada LegislaJvo e os demais representantes da
sociedade civil;
5 – O Presidente do Comitê técnico será o Secretário-Geral da
Região Metropolitana, sendo o seu representante legal,
pondendo parJcipar sem voto das reuniões do Colegiado
Metropolitano.
LEI COMPLEMENTAR Nº 41 DE 13 DE JUNHO DE 2014, DO ESTADO DA BAHIA Art. 7º - O Colegiado Metropolitano é a instância máxima da EnAdade Metropolitana da Região Metropolitana de Salvador e somente poderá deliberar com a presença de representantes de entes da Federação que detenham pelo menos a maioria absoluta do número total dos votos, sendo que:
I - o número de votos de cada Município será proporcional à sua população, na conformidade da úlAma contagem do censo promovido pelo InsAtuto Brasileiro de Geografia e EstassAca - IBGE, sendo assegurado a cada Município ao menos um voto;
II - o Estado da Bahia terá o mesmo número de votos do Município com maior população;
III - a soma dos votos mencionados nos incisos I e II deste arAgo será 100 (cem).
LEI COMPLEMENTAR Nº 41 DE 13 DE JUNHO DE 2014, DO ESTADO DA BAHIA Art. 7º – (…)
§ 1º - Para fins de cálculo de votos, adotar-se-ão as seguintes regras de arredondamento:
I - conservar o número escrito à esquerda da vírgula, se o algarismo à direita da vírgula for inferior a cinco;
II - aumentar uma unidade ao número escrito à esquerda da vírgula, se o algarismo à direita da vírgula for igual ou superior a cinco.
§ 2º - A aprovação de qualquer matéria sujeita a deliberação ocorrerá por metade mais um do total de votos, calculados na forma estabelecida neste arAgo, podendo o Regimento Interno prever hipóteses de quórum qualificado.
§ 3º - Presidirá o Colegiado Metropolitano o Governador do Estado ou, nas suas ausências e impedimentos, o Vice-Governador do Estado.
Município POP. MUN. POP. REF. % Número de votos (Total = 100) Estado da Bahia 37 Salvador 0,7423 74,23 37 Camaçari 0,0709 7,09 7 Candeias 0,0230 2,30 2
São Francisco do Conde 0,0094 0,94 1
Simões Filho 0,0334 3,34 3
Lauro de Freitas 0,0476 4,76 5
Dias D’ávila 0,0193 1,93 2
Pojuca 0,0094 0,94 1
São SebasAão do Passé 0,0116 1,16 1
Mata de São João 0,0114 1,14 1
Madre de Deus 0,0050 0,50 1
Vera Cruz 0,0106 1,06 1
Itaparica 0,0057 0,57 1
Wladimir António Ribeiro
Brasília, 3 de dezembro de 2015
(61) 3223-7895 -
wladimir_ribeiro@manesco.com.br
MESA 1:
O Processo de Construção da Governança no
Planejamento Metropolitano
Palestra 2:
Construção da governança interfederaAva na
Região Metropolitana de Salvador
Seminário Internacional Planejamento Metropolitano: Governança, Ordenamento Territorial e Serviços Metropolitanos em Debate