Mauricio L. Barreto
Tuberculose no século XXI:
História
Começou infectando seres humanos por volta
de 10 mil anos atrás
No século XIX, imperava nas cidades européias
e norte-americanos
1882 - Robert Koch descobre o Mycobacterium
tuberculosis -
Descoberta permitiu o início
das pesquisas por tratamentos e vacinas.
1908 - Albert Calmette e Camille Guérin: vacina
História
1943 - microbiologista Selman Waksman descobre a estreptomicina
1970s – Nos países desenvolvidos, a maioria das pessoas acreditam que a tuberculose está completamentecontrolada
1998 - sequenciamento genético do Mycobacteriumtuberculosis
2006 - primeiro caso de TB extensivamente resistente a medicamentos, na África do Sul
2008 - 49 países relataram casos de TB extensivamente resistente a medicamentos4
TB é uma das principais causas de morte
por doença infecciosa no mundo
Estima-se que em torno de 2 bilhões de
pessoas estão infectadas com M.
tuberculosis
Cada ano, cerca de:
9 milhões de pessoas desenvolvem TB
1,5 milhões de pessoas morrem de TB
Taxas Estimadas de Tuberculose (excluindo
pessoas HIV-), 2013
Percentual de casos de TB previamente
tratados com MDR-TB
Taxa de incidência da Tuberculose.
Brasil, 1990-2010.
Per 100 thousand inhab. Decrease = 26% (average 1,4% per year, 2010 4%)
Source: MS / SVS / SINAN.
51,7
Taxa de incidência de tuberculose. Grandes
Regiões, 1990 - 2012
Na busca de entender as
causas de ocorrência da
Velhos Fatores de Risco
TB tem sido classicamente
associada à pobreza, a
aglomeração e a
O Mundo em Mudanças
-Novos Fatores de Riscos
Infecções HIV, HTLV-I
Diabetes
Habito de Fumar
Alcoolismo
Populações em estabelecimentos
correcionais
Medicamentos immunosupressivos
. Risk of Clinical TB Disease for Current Smoking Compared with Nonsmoking
Lin H-H, Ezzati M, Murray M (2007) Tobacco Smoke, Indoor Air Pollution and Tuberculosis: A Systematic Review and Meta-Analysis. PLoS Med 4(1): e20. doi:10.1371/journal.pmed.0040020
Risk of Clinical TB Disease for Diabetic Compared with Non-diabetic patients
Jeon CY, Murray MB (2008) Diabetes Mellitus Increases the Risk of Active Tuberculosis: A Systematic Review of 13 Observational Studies. PLoS Med 5(7): e152. doi:10.1371/journal.pmed.0050152
Prevalence and population attributable fractions of selected tuberculosis risk factors, in 22 high-burden countries
Studies reporting TB incidence in prisons, by income area according to the World Bank classification.
Studies reporting LTBI incidence in prisons.
Baussano I, Williams BG, Nunn P, Beggiato M, Fedeli U, et al. (2010) Tuberculosis Incidence in Prisons: A Systematic Review. PLoS Med 7(12): e1000381. doi:10.1371/journal.pmed.1000381
As causas das causas –
os determinantes sociais
TB mortality, England
TB mortality, England
Wales
1900-1971
extrapolation of linear trend for 1921 to 1946 (after McKeown) ‘prevented deaths’Porto Alegre
Salvador
Programas de transferência
condicional de renda /Programa
Programas de transferência condicional de
renda (PTCC)
PTCR fornecem uma renda para famílias pobres com a condição que cumpram algumas condicionalidades, geralmente relacionadas com a saúde e a educação dos filhos.
Implantação dos PTCR no mundo
2012
30
Boccia et al, 2011
Modelo teórico sobre o impacto de intervenções sócio econômicas nos fatores associados com a tuberculose
Programa Bolsa Família
grande expansão - 4,1 milhões de famílias atendidas em 2004 para 13.4 milhões em
2011 (MI, 2011), aproximadamente 44 milhões de pessoas (23% da população brasileira).
Eixos principais (MDS, 2010):
a transferência de renda, que promove um alívio imediato à pobreza as condiçionalidades, que estimulam o acesso à educação e à saúde
os programas complementares, que permitem o desenvolvimento das famílias
e a saída da condição de vulnerabilidade
Destina-se às famílias extremamente pobres, com renda per capita mensal de até
R$ 70 por pessoa, independentemente de sua composição; e as famílias pobres, com renda per capita mensal de até R$ 140 por pessoa e crianças até 15 anos ou adolescentes de 16 e 17 anos.
Benefícios: de R$ 32 até o máximo de R$ 306.
Sinergia entre o PBF e PSF
O PSF e o PBF são programas federais com ampla cobertura nacional
Evolução temporal da cobertura populacional do PBF e PSF no Brasil
Fonte: MDS, 2011 MS, 2011
Condicionalidades do PBF Condicionalidades na educação:
Todas as crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos devem estar matriculadas e terem frequência escolar mensal mínima de 85% da carga horária
Todos os estudantes entre 16 e 17 anos no mínimo 75%.
Condicionalidades na saúde:
Fonte: MS, 2009
Efeitos do PBF na saúde – Estudos Prévios
1) Número de crianças nascidas a termo 14% maior nas famílias beneficiarias (SAGI, 2010).
2) Percentual de crianças consideradas nutridas, segundo o Índice de Massa Corporal (IMC), 39,4% maior entre os
beneficiários (SAGI, 2010).
3) Aumento de crianças vacinadas no período apropriado: na vacinação contra a Poliomielite e o Tétano, Difteria e
Coqueluche (DPT) de 15 a 25% maiores nos beneficiários (SAGI, 2010).
4) Freqüência de desnutrição crônica (altura para idade) 29% menor em criança que as famílias não são beneficiarias. Desnutrição aguda (peso para altura) menor de 58% nas crianças de famílias beneficiarias (Santos et al., 2007).
5) Estudo publicado recentemente mostrou o impacto do PBF na desnutrição crônica, tendo as crianças de famílias
beneficiárias 26% mais chances de ter altura para idade normal (Paes-Sousa et al., 2011).
Efeito do Programa Bolsa Família e Estratégia de Saúde da Família no coeficiente de incidência da tuberculose. Brasil, 2004 – 2011
Coeficiente de incidência de tuberculose RR (IC 95%)
Programa Bolsa Família Estratégia de Saúde da Família PBF e ESF Ajustado Bruto Ajustado Bruto Ajustado
Cobertura do Programa Bolsa Família
0 – 29 % 1.00 1.00 - - 1.00
30 – 69 % 0.95 (0.92 – 0.98) 0.96 (0.92 - 0.99) - - 0.96 (0.93 - 0.99)
Acima de 70 % 0.89 (0.86 - 0.92) 0.90 (0.87 - 0.93) - - 0.90 (0.87 - 0.93) Cobertura da Estratégia de Saúde da Família
Sem cobertura - - 1.00 1.00 1.00
0 – 29 % - - 0.97 (0.94 – 1.00) 0.97 (0.94 – 1.00) 0.97 (0.95 – 1.01)
30 – 69 % - - 0.96 (0.93 – 1.00) 0.97 (0.94 – 1.01) 0.99 (0.96 – 1.02)
Acima de 70 % - - 0.94 (0.90 – 0.97) 0.96 (0.92 – 0.99) 0.98 (0.94 – 1.02) Índice de Gini >=0.534 - 1.01 (0.98 – 1.03) - 1.01 (0.99 – 1.03) 1.01 (0.98 – 1.03)
Renda média mensal per capita >= 405.01 R$ - 1.01 (0.98 – 1.03) - 0.90 (0.87 – 0.94) 0.92 (0.88 – 0.95)
Taxa de desemprego >=8.00% - 1.01 (1.00 – 1.02) - 1.01 (1.00 – 1.02) 1.01 (1.00 – 1.02)
Taxa de analfabetismo >= 14.4% - 1.09 (1.04 – 1.13) - 1.10 (1.05 – 1.14) 1.08 (1.04 – 1.13)
Média de moradores por domicílio >=3.5 - 1.04 (1.02 – 1.05) - 1.05 (1.04 – 1.07) 1.04 (1.02 – 1.06)
Incidência de AIDS (por 100.000 hab) >=8.35 - 1.00 (0.98 – 1.01) - 0.99 (0.98 – 1.01) 1.00 (0.98 – 1.02)
Número de observações
19.664 19.664 19.664 19.664 19.664 Número de municípios 2.458 2.458 2.458 2.458 2.458
Coeficiente de incidência de tuberculose RR (IC 95%)
Cobertura do “Bolsa Família” Bruto Ajustado
Baixa (0.0-69.9%) 1 1
Alta (>= 70%) 0.92 (0.91-0.92) 0,97 (0.96-0.98)
Cobertura do “Saúde da Família”
1° tercil (>=0 and < 49.8%) . . 1
2° tercil (>=49.8% and <88.25%) . . 1.01 (1.00-1.03) 3° tercil (>=88.25%) . . 1.05 (1.03-1.08)
Número de observações 22,122 22,122 Número de municípios 2,458 2,458
*Ajustado por: taxa de analfabetismo, percentual de co-infecção TB-HIV, proporção de pobres no município e variável representando o tempo
Efeito do Programa Bolsa Família e Estratégia de Saúde da Família no coeficiente de incidência da tuberculose. Brasil, 2004 – 2011