• Nenhum resultado encontrado

Economia a 11o Ano

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Economia a 11o Ano"

Copied!
66
0
0

Texto

(1)

UNIDADE 8: OS AGENTES ECONÓMICOS E O CIRCUITO ECONÓMICO

8.1 - Os agentes económicos 8.2 – Fluxos reais e fluxos monetários

(2)

8.1 o circuito económico como representação das relações entre os agentes económicos

No ano lectivo anterior, iniciámos o estudo da Economia com a definição da actividade económica. Assim, estu-dámos que a actividade económica é todo o esforço desenvolvido pelo homem, com vista à obtenção dos bens de que necessita, para a satisfazer as suas necessidades e aumentar o seu bem-estar.

Nesse esforço para satisfazer as necessidades e aumentar o seu bem-estar, englobámos diversas actividades, como a produção, a distribuição, a repartição de rendimentos e o consumo.

- produção: processo através do qual se obtêm os bens e serviços;

- distribuição: conjunto das operações que permitem encaminhar o produto final até ao consumidor; - repartição: distribuição de rendimentos pelos diversos intervenientes na produção dos bens; - consumo: utilização de bens e serviços na satisfação das necessidades.

Ora, estas actividades económicas estão interligadas, já que têm em vista a mesma finalidade – a satisfação das necessidades do homem, pelo que umas implicam as outras:

distribuição

necessidades produção consumo

repartição

Ao estudarmos estes aspectos da actividade económica estudámos como todos nós, de uma forma ou de outra, participamos nela, pelo que podemos concluir que a sociedade é constituída por uma multiplicidade de agentes econó-micos – conjunto de elementos que intervêm na actividade económica. Estes agentes económicos realizam operações económicas de diversa ordem:

- compete às empresas produzir e distribuir bens e serviços necessários à satisfação das necessidades das pessoas; - mas as empresas precisam de trabalho e de iniciativa das famílias;

- em troca dos bens vendidos às famílias, as empresas recebem o seu valor em moeda;

- esse rendimento é distribuído pelos diversos intervenientes na produção que com ele vão adquirir bens e serviços necessários à satisfação das suas necessidades;

- tanto as famílias como as empresas pagam impostos ao Estado;

- com o valor desses impostos o Estado procede à satisfação das necessidades colectivas e à redistribuição dos rendi-mentos pelas famílias mais necessitadas.

São pois os agentes económicos que, ao estabelecerem relações entre si, dão vida à a actividade económica. Percebido como estas actividades económicas se interligam, fácil será de compreender como as relações, que cada agente económico estabelece com os outros agentes económicos, estão também essas relações inter-relacionadas e interdependentes.

Inter-relacionadas, porque são complementares, uma vez que a satisfação das necessidades só é alcançada com a realização de actividades desenvolvidas por vários agentes económicos.

Interdependentes, porque a actividade de cada agente económico depende da realização das actividades de outros agentes económicos.

Por isso, quando nos referimos ao conjunto das relações que os diversos agentes económicos estabelecem entre si, no decorrer da actividade económica, falamos em circuito económico, precisamente para referirmos as relações de interdependência entre eles.

(3)

Vejamos, agora, os agentes económicos e as respectivas funções:

- Famílias –

A função principal das famílias como agente económico consiste em consumir os bens e serviços postos à sua disposição pelas empresas. Isto não significa que os únicos consumidores sejam as famílias. As empresas e o Estado tam-bém o são, simplesmente não é essa a sua função principal enquanto intervenientes na actividade económica.

- Empresas –

As empresas têm como funções principais a produção e a distribuição de bens e serviços. Mas dentro das empre-sas, há que distinguir as empresas que trabalham nos ramos financeiros (bancos e seguros) das outras empresas que desempenham funções diferentes. Assim sendo, existem:

- empresas não financeiras, públicas e privadas, cuja função principal é produzir e distribuir bens e serviços não financeiros; - instituições financeiras, ( bancos e seguradoras) cuja função principal é prestar serviços financeiros.

- Estado –

O Estado, ou Administração Pública, tem como função principal a de proceder à satisfação das necessidades colectivas e a de redistribuir os rendimentos pelas famílias mais necessitadas.

- Resto do Mundo –

Qualquer país apresenta relações com o exterior, ou Resto Mundo, porque: - compra e vende serviços ao exterior (importações, exportações, turismo, etc.)

- recebe e exporta mão-de-obra (imigração e emigração)

- contrai e concede créditos a outros países e instituições financeiras estrangeiras. - faz investimentos no estrangeiro e recebe investimentos do estrangeiro.

AGENTES ECONÓMICOS FUNÇÕES ECONÓMICAS

FAMÍLIAS Consumo de bens e serviços

EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS Produção de bens e serviços

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS Produção de bens e serviços financeiros

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Satisfação das necessidades colectivas

(4)

8.2 fluxos reais e fluxos monetários

Vejamos, agora, o exemplo de uma empresa comercial do ramo de camisas. Ela irá constituir um stock de cami-sas, armazenando uma certa quantidade, se prever que vão existir compradores. Por sua vez, as empresas têxteis e de confecção irão produzir camisas se pensarem que as lojas as vão encomendar.

Mas, produzir camisas e colocá-las no local julgado conveniente para os consumidores as comprarem implica uma avultada despesa para as empresas. Compram matérias-primas, botões, linhas, máquinas. Utilizam electricidade, pagam telefones…. Empregam operários, técnicos, administradores. Toda esta despesa das empresas proporciona rendi-mentos aos trabalhadores, tanto na indústria de confecções de camisas, como nas indústrias fornecedoras de matérias-primas para a confecção e no comércio.

Como vimos neste exemplo, o simples facto de as lojas de venda de camisas encomendarem mais camisas, por preverem que as famílias vão comprar mais, desencadeia um conjunto de alterações noutros sectores, quer directamente ligados à produção de camisas, quer a outros produtos.

Conhecendo as funções desempenhadas por cada agente económico e as relações que eles estabelecem, consegue-se ter uma visão global e de conjunto de todas as relações que se estabelecem entre os diferentes agentes a que se dá o nome de fluxo.

O fluxo representa uma grandeza económica que foi afectada por um movimento, deslocando-se de um agente para outro. Por exemplo: os bens produzidos durante um dado período foram adquiridos pelas Empresas ou pelas Famílias; os rendimentos pagos pelas Empresas foram embolsados pelas Famílias. Assim, os fluxos podem ser estudados de duas for-mas diferentes.

Se considerarmos os bens e serviços que circulam entre os agentes temos os fluxos reais. Se considerarmos a sua contrapartida monetária já temos os fluxos monetários. Assim:

fluxos reais: movimentos de bens e serviços entre os diversos agentes económicos.

fluxos monetários: movimentos dos meios de pagamento entre os diversos agentes económicos.

Para se obter uma visão de conjunto das relações de interdependência, pode-se representar esquematicamente o funcionamento da vida económica sob a forma de circuito.

circuito económico é a representação gráfica dos fluxos que se estabelecem entre os agentes económicos

Vamos começar por estabelecer as relações entre os dois principais agentes económicos, simplificando o mais possível os mecanismos económicos. Assim temos:

o circuito económico entre as famílias e as empresas não financeiras

As Famílias fornecem às Empresas o trabalho de que estas precisam para levar a cabo a sua produção e rece-bem destas os bens e serviços necessários à satisfação das suas necessidades. Os dois fluxos descritos representam o circui-to real que se estabelece entre os dois grupos de agentes.

Ao circuito real contrapõe-se um circuito monetário, que se constrói juntando, por um lado, todas as despesas das famílias em bens e serviços (consumo de bens e serviços) e por outro lado, todas remunerações pagas pelas empresas aos trabalhadores e aos empresários (salários, rendas, juros e lucros).

(5)

No esquema que se segue figuram os circuitos:

salários, rendas, juros e lucros

mão-de-obra





FAMÍLIAS EMPRESAS





bens e serviços

consumo de bens e serviços

Como é evidente, os fluxos existentes entre os vários agentes económicos são tão diversos que se torna quase impossível referirmo-nos a todos. Deste modo, vamos apenas destacar as relações típicas que os restantes agentes eco-nómicos estabelecem.

- relações económicas típicas que envolvem o Estado ou Administração Pública –

O Estado cobra impostos, tanto junto das Famílias, como junto das Empresas e que ter como contrapartida os ser-viços públicos prestados pelo Estado.

O Estado compra de bens às Empresas e que vão ser utilizados pelos funcionários para produzir serviços púbicos; O Estado paga vencimentos aos seus funcionários (às Famílias).

- relações económicas típicas que envolvem o as Instituições Financeiras -

As Instituições Financeiras recebem depósitos das Famílias, das Empresas e da Administração Pública e em con-trapartida pagam juros de depósitos e concedem empréstimos e esses agentes económicos.

As Instituições Financeiras recebem prémios de seguros das Famílias, das Empresas e da Administração Pública e em contrapartida pagam indemnizações a esses agentes económicos.

As Instituições Financeiras pagam ordenados aos seus funcionários (Famílias) e ainda pagam impostos e contribui-ções sociais à Administração Pública.

- relações económicas típicas que envolvem o Resto do Mundo -

Por um lado, essas relações típicas dizem respeito aos movimentos de mercadorias das Empresas não Financeiras, como por exemplo:

- as importações, movimentos de entradas de mercadorias e a correspondente saída de moeda (divisas); - as exportações, movimentos de saídas de mercadorias e a correspondente entrada de moeda (divisas). Por outro lado, as relações típicas que um país estabelece com o estrangeiro e que passam, directa ou indirec-tamente pelas Instituições Financeiras, como por exemplo:

- se um emigrante enviar dinheiro a familiares em Portugal, é natural que estes o depositem num banco; - se o Estado precisar de um empréstimo estrangeiro, pode fazê-lo através das instituições financeiras; - as empresas quando exportam / importam mercadorias pagam / recebem através dos bancos.

Assim, no final de cada período económico, as diversas instituições financeiras dos diferentes países saldam entre si as diferenças verificadas entre as entradas e as saídas de divisas.

Trata-se efectivamente de um único fluxo – fluxo de compensação - que terá um sentido de entrada ou um sen-tido de saída, conforme o saldo seja positivo ou negativo.

(6)

UNIDADE 9: A CONTABILIDADE NACIONAL

9.1 – Noção de Contabilidade Nacional

9.2 – Conceitos necessários à Contabilidade Nacional 9.3 – Ópticas de cálculo do valor da produção

9.3.1 – Cálculo do valor da produção pela Óptica do Produto 9.3.2 – Cálculo do valor da produção pela Óptica do Rendimento 9.3.3 – Cálculo do valor da produção pela Óptica da Despesa

9.4 – Limitações da Contabilidade Nacional

(7)

9.1 Noção de Contabilidade Nacional

À medida que as relações económicas se foram desenvolvendo e tornando mais complexas, quer os economis-tas, quer os responsáveis pela sua condução começaram a sentir a necessidade de um instrumento que lhes permitisse quantificar a actividade económica nacional.

Embora a preocupação de medir as relações económicas que se estabelecem entre os diversos agentes eco-nómicos de um país já seja muito antiga, só, todavia a partir do fim da Segunda Guerra Mundial se começa a desenvolver todo um sistema coerente de representação da actividade económica que visa medir a produção, os rendimentos, o consumo e o investimento. Tal ficou a dever-se à necessidade de o Estado intervir activamente nos processos de recons-trução dos países afectados pela guerra, a par de politicas sociais que minorassem as consequências daquele flagelo.

Mas as contabilidades nacionais actuais são mais ambiciosas: pretendem dar uma representação simplificada dos processos económicos, utilizando técnicas de contabilidade privada, o que permite seguir os movimentos dos valores que correspondem às operações registadas.

A Contabilidade Nacional é o conjunto de técnicas e operações que procuram apurar o valor de certas grandezas económicas e sociais dum país, durante um dado período de tempo, visando o estudo das rela-ções económicas essenciais, graças a jogos de contas articuladas entre si.

Assim partindo da definição dada para a Contabilidade Nacional, podemos dizer que:

- A Contabilidade Nacional analisa os circuitos económicos, tornando evidente a sua interdependência –

Consideremos um exemplo: o aumento dos salários dos trabalhadores da indústria têxtil do Vale do Ave vai ter dois efeitos: por um lado, o aumento dos custos de produção, o que vai provocar a subida do preço dos têxteis; por outro lado, o aumento do rendimento dos trabalhadores da indústria têxtil em causa vai pressionar a subida geral dos salários ao beneficiarem de rendimentos mais elevados, os trabalhadores vão gastar mais, aumentando as compras de bens de con-sumo, o que vai pressionar o aumento da produção, levando a adquirir novas máquinas para essas empresas têxteis.

Mas, podem ocorrer outros fenómenos. Por exemplo, a alta generalizada dos preços vai traduzir-se num aumento dos preços dos produtos destinados à exportação, tornando os produtos portugueses menos competitivos face aos con-correntes estrangeiros, fazendo diminuir as exportações.

Constatamos assim que uma medida limitada – a subida dos salários dos trabalhadores do Vale do Ave – condu-ziu a numerosos e variados efeitos sobre o conjunto da economia.

- A Contabilidade Nacional fornece informações globais sobre o andamento da economia –

Graças à Contabilidade Nacional, pode-se verificar se a economia está ou não em expansão, calculando a taxa de progressão da sua produção. Pode, igualmente, ter interesse a análise de outros conceitos, como por exemplo, os períodos de inflação ou de estabilidade dos preços, as despesas do Estado, etc.

- A Contabilidade Nacional permite fazer previsões e definir políticas -

Quando o Ministério das Finanças estabelece previsões sobre a Dívida Pública para o próximo ano, ou quando se afirma que a economia portuguesa terá de atingir uma média europeia num determinado ano, é necessário um quadro em que entrem todas as previsões (salários, produções, investimentos…) de modo a garantir a coerência de todos os dados. A Contabilidade Nacional constitui assim um precioso auxiliar, não só no diagnóstico da situação, como na defini-ção de estratégias de desenvolvimento do país e na promodefini-ção do bem-estar da populadefini-ção.

(8)

- A Contabilidade Nacional permite fazer comparações internacionais –

Numa economia cada vez mais globalizada, é importante os países compararem a sua evolução com a dos res-tantes países, sobretudo com aqueles com quem estabelecem relações comerciais.

Em situações de crise, por exemplo, é muito importante que o país saiba como se prevê que evoluam as econo-mias dos outros países, para avaliar se as decisões tomadas podem ser influenciadas por aquilo que se vai passar nos res-tantes parceiros comerciais.

A Contabilidade Nacional é, portanto, um instrumento estatístico que procura fornecer uma representação sintética da realidade económica do país em causa, pelo que se torna indispensável a todos os responsáveis das decisões económicas

Tendo em conta tudo o que atrás foi dito, podemos afirmar que o desenvolvimento da Contabilidade Nacional está ligado à intervenção do Estado na economia, sendo os seus principais objectivos:

- fornecer informações que permitam avaliar a situação presente; - estabelecer comparações no tempo e no espaço;

- fazer previsões económicas;

- planificar o desenvolvimento económico;

- adoptar medidas com vista à promoção da justiça social.

Sendo a Contabilidade Nacional um instrumento de registo dos fluxos que se estabelecem entre os diferentes agentes económicos, precisamos de saber como se fazem esses registos e que dados se podem extrair deles. No fundo, precisamos de saber como registar os fluxos de forma a dar respostas a questões como as seguintes: quanta produção fize-ram as empresas para as famílias? Quanta despesa pagafize-ram as famílias às empresas?

Ao reagrupar num conjunto de quadros e contas todas as informações económicas disponíveis, a Contabilidade Nacional resume de forma sintética o conhecimento que temos das estruturas da economia de um país e da sua evolução.

(9)

9.2 Conceitos necessários à Contabilidade Nacional

Antes de passarmos ao estudo mais detalhado da Contabilidade Nacional, é fundamental compreender deter-minados conceitos prévios.

Ao estudarmos o circuito económico, agrupámos as unidades económicas numa óptica funcional, consoante as funções desempenhadas. Mas, as unidades económicas podem ser agrupadas numa óptica institucional, caracterizando-se por gozarem de autonomia de decisão no exercício da sua função principal.

De acordo com este último critério, as empresas constituem unidades institucionais porque gozam de autonomia de decisão no exercício da sua função principal, que é produzir. Também as famílias constituem unidades institucionais pois também gozam de autonomia de decisão no exercício da sua função principal, que é consumir.

Neste sentido, chama-se sector institucional ao conjunto de todas as unidades institucionais que têm comporta-mento económico análogo.

Já se dá a designação de unidade institucional, à unidade de produção que, além de gozar de capacidade de decisão no exercício da sua função principal, dispõe de contabilidade organizada e completa

A Contabilidade Nacional portuguesa segue o Sistema Europeu de Contas Económicas Integradas, que consiste num conjunto coerente e detalhado de contas e quadros, cujo objectivo é o de fornecer uma perspectiva sistematizada comparável e tão completa quanto possível da actividade económica de cada país membro da União Europeia.

No Sistema Europeu de Contas Económicas Integradas são considerados sete sectores institucionais. O quadro seguinte identifica esses sectores, bem como a sua composição e funções.

SECTOR INSTITUCIONAL COMPOSIÇÃO FUNÇÃO PRINCIPAL EXEMPLOS

SOC. NÃO FINANCEIRAS todas as empresas privadas e públicas que produzem

bens e serviços não financeiros

produzir bens e serviços

comercializáveis Empresas privadas

INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO todos os organismos cuja função principal é efectuar

operações financeiras

financiar os restantes

sec-tores institucionais Bancos

EMPRESAS DE SEGUROS todos os organismos cuja função principal é segurar

riscos individuais e colectivos

prestar serviços

relacio-nados com riscos Seguradoras

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA todos os organismos cuja função e satisfazer

necessi-dades colectivas

produzir bens serviços

não comercializáveis Estado, Câmaras

INST.SEM FINS LUCRATIVOS organismos dotados de personalidade jurídica que

produzem serviços não comercializáveis

fornecer serviços não

comercializáveis Clubes desportivos

FAMÍLIAS todas as pessoas presentes no território nacional e

ligadas a tarefas domésticas

consumir bens e serviços

comercializáveis Indivíduos

RESTO DO MUNDO operações entre residentes de um país e residentes

fora do território nacional

trocar bens entre

(10)

Agora, há que distinguir entre unidade institucional residente e não residente.

Assim, são consideradas Unidades institucionais residentes todas aquelas que realizam operações económicas no território económico do país, há, pelo menos, um ano; estando na situação contrária, serão consideradas como unidades institucionais não residentes.

Por exemplo, um imigrante alemão a trabalhar no nosso país há mais de um ano é considerado como residente em Portugal; já um emigrante português a trabalhar na Alemanha há mais de um ano, é considerado como residente na Alemanha. Por isso, os valores das suas produções são registados, respectivamente, em Portugal e na Alemanha.

E o que acontece quando um artista estrangeiro vem dar um concerto a Portugal? O caché recebido em Portu-gal por Nelly Furtado, não entrou no nosso Produto Nacional, mas sim no do Brasil.

A par do conceito de unidade residente, é também relevante para a Contabilidade Nacional o de território eco-nómico, em contraponto de território geográfico.

Com efeito o território económico de um país engloba, para além do seu território geográfico, as zonas francas, as águas territoriais e o espaço aéreo nacional, os enclaves territoriais no estrangeiro, as embaixadas e os consulados, as aeronaves e as plataformas continentais.

Outro conceito básico indispensável para o prosseguimento do nosso estudo sobre Contabilidade Nacional, é o ramo de actividade, e unidade de produção homogénea.

Ramo de actividade é o conjunto de todas as unidades de produção homogéneas, que exercem a sua activida-de sobre um mesmo produto.

Uma unidade de produção homogénea é caracterizada por exercer uma actividade exclusiva sobre um único produto. Entende-se por produto um conjunto homogéneo de produtos resultantes de um mesmo processo de produção. Esta noção de unidade de produção homogénea permite estabelecer uma relação entre ramo de actividade e produto: cada ramo de actividade produz um só produto, e cada produto é produzido por um só ramo de actividade.

Consideremos o exemplo do ramo de actividade “agricultura”. Embora os bens produzidos sejam muito diferen-tes, têm em comum o processo de produção que é relativamente semelhante, obtendo-se bens com características semelhantes. Donde podemos considerar as empresas agrícolas como unidades de produção homogéneas.

De notar que, se uma empresas produzir vários produtos diferentes, utilizando para isso diferentes processos de produção, ela vai constituir tantas unidades de produção quantos os produtos diferentes que produzir. Por exemplo, uma empresa agrícola que também produzisse embalagens para acondicionar a fruta e os legumes que apresenta no merca-do, essa empresa construiria duas unidades de produção homogéneas distintas e o resultado da sua produção seria inscri-to em dois ramos de actividade diferentes.

(11)

9.3 Ópticas de cálculo do valor da produção

Vimos como a Contabilidade Nacional descreve a actividade económica através do estudo dos fluxos e da sua representação em contas. Com base nos instrumentos utilizados pela Contabilidade Nacional (contas e quadros), é possí-vel definir um conjunto de conceitos que nos permitem tirar conclusões sobre a evolução das economias.

Um desses conceitos que são essenciais para a observação económica é o Produto Nacional obtido por um país durante um ano. Ele materializa o resultado das actividades dos agentes económicos do país e pode ser introduzido em diversos indicadores significativos, como por exemplo, medir o progresso da produtividade média do país, quando se rela-ciona a produção narela-cional com a população activa.

Uma interpretação correcta deste conceito implica um bom conhecimento dos seus métodos de cálculo. O pro-cesso de avaliação do Produto Nacional permite também entrar em certos aspectos do funcionamento da actividade económica.

Assim, se colhermos elementos estatísticos junto das empresas e somarmos as produções de todas as empresas de um país durante um ano, obtemos a produção global desse país, que se designa tecnicamente por Produto Nacional.

Do mesmo modo, se somarmos os rendimentos de todas as famílias, durante um ano, obtemos o chamado valor do Rendimento Nacional.

Por último, constatando que as famílias realizam despesas na compra de bens serviços de consumo, consideran-do um ano e somanconsideran-do toconsideran-dos os gastos realizaconsideran-dos pelas famílias, obtemos a Despesa Nacional.

As Famílias compram os bens e serviços que foram produzidos pela Empresas, portanto o valor da Despesa é igual ao valor do Produto.

Mas, como as Famílias gastam o dinheiro que receberam das Empresas, o valor da Despesa, é também igual ao valor do Rendimento.

Por fim, as Famílias recebem pelo trabalho prestado às empresas, o que no conjunto do país traduz o valor das produções das Empresas, donde também sejam iguais o valor do Rendimento e valor do Produto.

O conjunto destas igualdades exprime o equilíbrio entre as produções, as despesas e os rendimentos: este equilí-brio significa que em Economia que tudo aquilo que é produzido é utilizado e que todos os rendimentos distribuídos são gastos na compra de bens e serviços produzidos, daí que:

PRODUTO = RENDIMENTO = DESPESA

É, então, possível determinar o valor da produção de um país seguindo três processos de cálculo diferentes, três ópticas diferentes:

- óptica do produto, os produtos são contabilizados segundo o ramo de actividade que lhe dá origem, sendo o produto igual à soma da produção de todos os ramos de actividade.

- óptica do rendimento, o valor da produção de um país é igual à soma dos rendimentos obtidos pelos factores de produção que intervieram no processo produtivo.

- óptica da despesa, o valor da produção de um país é igual à soma dos gastos efectuados pelos agentes económicos desse país.

(12)

Produto Interno e Produto Nacional

Vamos agora estabelecer a diferença entre Produto Interno e Produto Nacional. Quando estamos a estudar a produção de um país, estamos a considerar um determinado território económico que corresponde, normalmente, às fron-teiras físicas do país em causa.

Assim, denominamos como Produto Interno o produto que é criado dentro desse território por unidades residentes ou não residentes, usamos o critério do espaço físico onde a produção é criada.

Podemos, no entanto usar não critério do território, mas o critério das unidades que o produzem, ou seja, calcu-lamos o valor da produção tendo em conta ser a produção ser realizada por nacionais de um país, independente do local onde a produção se efectua.

Neste caso, o que nos interessa é saber o que produzem as unidades residentes de um país, dentro ou fora das fronteiras do território económico. Temos assim o Produto Nacional.

Portanto, o Produto Interno ( PI ), corresponde ao valor da produção realizada no território económico. Já, o Pro-duto Nacional ( PN ), corresponde ao valor da produção realizada pelos nacionais, seja qual for o território em que a pro-dução se realize.

Assim, tendo em conta o que foi dito, o Produto Interno português regista toda a produção realizada por traba-lhadores residentes em Portugal, quer sejam portugueses ou estrangeiros. Já, o Produto Nacional português regista toda a produção realizada por todos os portugueses, independentemente de trabalharem em Portugal ou no estrangeiro.

Portanto, a diferença entre o valor do Produto Nacional e o Produto Interno reside nos rendimentos que são enviados do estrangeiro (Resto do Mundo) e os rendimentos que são enviados para o estrangeiro (Resto do Mundo). À diferença entre os rendimentos enviados do Resto do Mundo e os Rendimentos pagos ao Resto do Mundo, designa-se por Saldo Rendimentos do Resto Mundo ( SRRM ). Quer dizer, se a diferença entre um Produto Nacional e um Produto Interno são os Saldos Rendimento Resto Mundo, então, podemos escrever a expressão:

PRODUTO NACIONAL = PRODUTO INTERNO + SALDO RENDIMENTOS DO RESTO MUNDO P N = P I + S R R M

Produto Bruto e Produto Líquido

Já sabemos que, durante o processo produtivo, os bens de equipamento (máquinas, instalações, etc.) vão sofrendo um desgaste, vão-se deteriorando ou vão-se tornando obsoletos como resultado do progresso técnico. Ora, para garantir a produção, é imprescindível repará-los e/ou substituí-los, devendo esses custos serem contabilizados.

Para o efeito, calcula-se os custos do desgaste dos equipamentos, prevendo uma determinada duração dos mesmos. Tais custos, designados de Amortizações, podem ser incorporados no valor da produção.

Então, temos que o Produto Nacional Bruto ( PNB ) e o Produto Interno Bruto ( PIB ) quando o cálculo da produção não toma em consideração o desgaste dos equipamentos.

Mas, quando a estas grandezas se deduz o valor das Amortizações, já temos o Produto Nacional Líquido ( PLB ) e Produto Interno Líquido ( PIL ). Quer dizer, a diferença entre um Produto Bruto e um Produto Líquido são as Amortizações, pelo que, podemos escrever a seguinte expressão:

PRODUTO BRUTO = PRODUTO LÍQUIDO + AMORTIZAÇÕES P B = P L + AMORT.

(13)

Produto Interno Bruto a preços de mercado e Produto Interno Bruto a custos de factores

Mais uma vez temos, em alternativa, dois tipos de produto; agora consoante o tipo de preços utilizados no seu cálculo. Assim o produto pode ser calculado:

- a custo de factores ( cf ), quando os preços que lhe servem de base resultam unicamente dos custos de factores de produção, sem qualquer intervenção do Estado, ou seja, aos preços do produtor;

- a preços de mercado ( pm ), quando os bens e serviços são valorizados aos preços de mercado, incluindo, por-tanto, o efeito da intervenção do Estado, quer seja através dos Impostos Indirectos ( II ), (imposto automóvel, Iva, etc.) quer seja, através de eventuais Subsídios à produção (SUB ).

Assim, entre estes dois tipos de produto, estabelecem-se as seguintes relações matemáticas:

PRODUTO preços mercado = PRODUTO custo factores + IMPOSTOS INDIRECTOS - SUBSÍDIOS P pm = P cf + I I - S U B

PRODUTO INTERNO BRUTO preços mercado = PRODUTO INTERNO BRUTO custo factores + IMPOSTOS - SUBSÍDIOS P I B pm = P I B cf + I I - S U B

Produto a preços correntes e Produto a preços correntes

O valor do produto de um país pode, ainda, ser apresentado de duas outras formas: - a preços correntes quando os bens e serviços são valorizados aos preços do próprio ano;

- a preços constantes quando a valorização é feita, para vários anos, aos preços de um determinado ano que se considera como ano-base.

Qual a vantagem de se utilizar o valor o valor do Produto a preços constantes? As comparações dos valores de Produtos em anos diferentes podem induzir em erro, dada a variação do nível geral de preços. O aumento da produção verificado entre dois períodos pode ser devido à subida dos preços ocorrida nesse espaço de tempo, não traduzindo um aumento real da produção.

Para obviar este inconveniente, em vez de se calcular o valor do Produto ao preço dos anos em causa, cálculo a preços correntes, recorre-se ao cálculo desses valores a preços constantes, avaliando as grandezas de cada período aos preços de um determinado ano tomado como ano base.

9.3.2. Cálculo do valor da produção pela Óptica do Rendimento

Como já sabemos do ano lectivo passado, é através da produção que são gerados os rendimentos. Esta óptica destaca a distribuição dos rendimentos resultantes da produção pelos seus diversos intervenientes, permitindo-nos, assim, analisar a parte do rendimento que remunera cada um dos factores de produção: factor trabalho e factor capital.

Esta análise leva-nos directamente às principais componentes do Rendimento:

as Remunerações ( REM ), ou seja, os rendimentos relativos ao factor trabalho e que são constituídos por salários, ordena-dos, vencimentos e ainda pela contribuições para a Segurança Social;

• o Excedente Bruto de Exploração ( EBE ), ou seja, os rendimentos de empresas e de propriedades e que são constituídos por rendas, juros e lucros;

• mas, o Estado também intervém na economia, aplicando Impostos Indirectos ( II ) e atribuindo Subsídios à pro-dução ( SUB ).

(14)

Ora, como de acordo com a óptica do Rendimento, o valor da produção de um país é igual à soma dos rendimentos atribuídos aos agentes económicos que intervieram no processo produtivo, então, chamamos de Rendimento Interno ( RI ) à soma das Remunerações e do Excedente Bruto de Exploração com a intervenção do Estado.

Como a produção é efectuada no território económico independentemente da nacionalidade dos factores de produção, podemos comparar o Rendimento Interno ( RI ), com o Produto Interno Bruto a preços de mercado ( PIB pm ):

RENDIMENTO INTERNO = PRODUTO INTERNO BRUTO a preços de mercado R I = P I B pm

RENDIMENTO INTERNO = REMUNERAÇÕES + EXCEDENTE BRUTO EXPLORAÇÃO + IMPOSTOS INDIRECTOS – SUBSÍDIOS

R I = ( SALÁRIOS + CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS ) + ( RENDAS + JUROS + LUCROS )+ IMPOSTOS INDIRECTOS – SUBSÍDIOS R I = REM + EBE + II - SUB

Para calcularmos o Rendimento Nacional ( RN ) partindo do Rendimento Interno, adicionamos-lhe os Saldos de Rendimentos do Resto Mundo, tal como acontecia na Óptica do Produto.

RENDIMENTO NACIONAL = RENDIMENTO INTERNO + SALDO DE RENDIMENTOS DO RESTO MUNDO R N = R I + SRRM

Rendimento Disponível Pessoal

Vejamos, agora, o rendimento na perspectiva das Famílias. Na verdade, o Rendimento Interno não corresponde exactamente ao total dos rendimentos efectivamente recebidos pelas Famílias, não só porque o valor das Amortizações não é recebido por elas, mas também porque as Famílias recebem, por vezes, alguns rendimentos para além dos que constituem remuneração de factores.

É o caso das pensões, das reformas, dos subsídios (de doença, de desemprego, etc.), dos abonos de família, das bolsas de estudo, etc. dadas pelos Governos através da Segurança Social, assim como eventuais prémios concedidos pelas empresas, por exemplo, por assiduidade.

A estes rendimentos, sem contrapartida, recebidos pelas Famílias e que têm origem no território nacional cha-mamos Transferências Internas.

Por Transferências Externas já se englobam os donativos que as Famílias podem receber do Resto do Mundo, como por exemplo, os rendimentos provenientes dos familiares emigrantes e que são mais conhecidos por remessas de emigrantes.

Somando, então, ao Rendimento Interno as Transferências Internas, bem como, as Transferências Externas, obte-remos o Rendimento Pessoal:

RENDIMENTO PESSOAL = RENDIMENTO INTERNO + TRANSFERÊNCIAS INTERNAS + TRANSFERÊNCIAS EXTERNAS

Mas nem todo o Rendimento Pessoal é efectivamente recebido pelas Famílias. Estas não recebem a totalidade das suas remunerações, porque têm que pagar os impostos directos (IRS, multas) e efectuar os descontos obrigatórios para a Segurança Social.

Para calcularmos o rendimento que as Famílias efectivamente recebem e com o qual podem contar para reali-zar as suas despesas, isto é, o Rendimento Disponível dos Particulares, temos que deduzir ao Rendimento Pessoal os Impos-tos DirecImpos-tos, assim como as Contribuições para a Segurança Social:

(15)

Seja o seguinte exercício:

A Contabilidade Nacional da Alfalândia, registou no ano anterior, os valores apresentados no quadro seguinte, expressos em unidades monetárias:

Rubricas Valores

Impostos Indirectos 6 780

Subsídios à produção 3 120

Juros mais lucros 23 650

Salários 43 500

Saldo rendimentos resto do mundo (-) 2 370

Contribuições sociais 5 120

Amortizações 1 710

Rendas 3 440

Tendo em conta os valores expressos no quadro, calcular:

a) O Rendimento Nacional, utilizando a óptica do Rendimento

b) O Produto Interno Bruto a preços de mercado

c) O Produto Interno Bruto a custo de factores

d) O Produto Interno Líquido a custo de factores

a) R N = R I + S R R M

R I = REMUNERAÇÕES + EXCEDENTE BRUTO EXPLORAÇÃO + IMPOSTOS – SUBSÍDIOS

R I = (43 500 + 5 120) + (3 440 + 23 650) + 6 780 – 3 120 R I = 48 620 + 27 090+ 6 780 – 3 120 R I = 48 620 + 27 090+ 6 780 – 3 120 R I = 79 730

R N = R I + S R R M R N = 79 370 – 2 370 = 77 000

b) R N = R I + S R R M R N = 79 370 – 2 370 = 77 000 P I B pm = R I = 79 370

c) P I B cf = P I B pm – IMPOSTOS INDIRECTOS + SUBSÍDIOS

P I B cf = 79 370 – 6 780 + 3 120 P I B cf = 75 710

d) P I L cf = P I B cf – AMORTIZAÇÕES

(16)

9.3.4. Cálculo do valor da produção pela Óptica da Despesa

Através desta óptica, vamos estudar a utilização que é dada aos bens produzidos num país. Mas, como os bens têm duas formas fundamentais de utilização, assim também teremos dois tipos principais de despesas:

- consumo (quando os bens adquiridos se destinam a satisfazer directamente as necessidades) - investimento (quando os bens adquiridos se destinam à produção de outros bens)

- Consumo: normalmente, abreviamos e falamos de Consumo quando queremos referir às despesas de Consumo. No entanto, podemos de dividir estas despesas em dois tipos:

• Consumo Privado ( C Priv ): constituído pelas despesas realizadas pelas Famílias. Inclui, portanto, todas as despe-sas de alimentação, saúde, vestuário, transportes, habitação, lazer, etc.

• Consumo Público ( C Pub ): constituído pelas despesas da Administração Pública em bens de consumo final, incluindo-se os vencimentos dos seus funcionários púbicos.

- Investimento: integra o conjunto das despesas efectuadas em bens de produção pelas empresas. Dentro destas despe-sas temos que distinguir dois tipos:

• Formação Bruta de Capital Fixo ( FBCF ): corresponde ao conjunto de despesas efectuadas em bens de produ-ção duradouros (máquinas, edifícios, estradas, viaturas, etc.)

• Variação de Existências ( VE ): corresponde à diferença entre as existências finais de matérias-primas e as existên-cias iniciais dessas matérias-primas, ou seja, as existênexistên-cias de matérias primas verificadas no final e no início do ano em causa.

- Exportações: até aqui estivemos a estudar, apenas, os bens produzidos cuja utilização se faz exclusivamente no território nacional.

No entanto, muitos dos bens produzidos têm como destino países estrangeiros. Ora, se quisermos chegar ao valor do Produto Interno Bruto, não podemos deixar de considerar o valor dos bens exportados, pelo que teremos que adicionar as exportações às outras componentes da despesa já estudadas.

- Importações: contudo, muitos dos bens e serviços produzidos e que entraram nas outras rubricas (consumos e investimen-tos) tiveram origem externa, isto é, não foram produzidos no território nacional, mas sim importados. Daí que tenhamos que subtrair ao total das outras componentes da despesa o valor das importações efectuados por um país.

Agora, estamos em condições de apresentar uma fórmula que nos permite calcular o Produto Interno Bruto pela óptica da Despesa. É a chamada Despesa Interna ( D I ):

DESPESA INTERNA = PRODUTO INTERNO BRUTO a preços de mercado D I = P I B pm

DESPESAS INTERNA = CONSUMO + INVESTIMENTO + EXPORTAÇÕES - IMPORTAÇÕES

D I = ( CONSUMO PRIVADO + CONSUMO PÚBLICO ) +( FBCP + VARIAÇÃO EXISTÊNCIAS ) + EXPORTAÇÕES - IMPORTAÇÕES

D I = ( C Pr + C Pb ) + ( FBCF + VE ) + EXP – IMP

Para calcularmos a Despesa Nacional ( DN ) partindo do Rendimento Interno, adicionamos-lhe os Saldos de Ren-dimentos do Resto Mundo, tal como acontecia na Óptica do Produto.

DESPESA NACIONAL = DESPESA INTERNA + SALDO DE RENDIMENTOS DO RESTO MUNDO D N = D I + SRRM

(17)

Procura Interna e Procura Externa

Vamos, agora, analisar a procura de bens e serviços efectuada pelos residentes de um país.

- a Procura Interna, corresponde à procura de bens e serviços produzidos no país, isto é, à procura de bens e serviços de consumo e de investimento;

- a Procura Externa, corresponde à procura de bens e serviços enviados para o Resto do Mundo, isto é, compreende o valor das exportações.

PROCURA INTERNA = CONSUMO + INVESTIMENTO PROCURA EXTERNA = EXPORTAÇÕES

Já a Procura Global, representa o conjunto de despesas realizadas por residentes e não residentes na compra de bens e serviços produzidos no território nacional. A Procura Global corresponde, assim, à soma da Procura Interna com a Procura Externa, pelo que podemos afirmar:

PROCURA GLOBAL = PROCURA INTERNA + PROCURA EXTERNA PROCURA GLOBAL = ( CONSUMO + INVESTIMENTO ) + EXPORTAÇÕES

Vamos, por último, relacionar a Despesa Interna com a Procura Global de um determinado país.

Como já estudámos, a Despesa Interna de um país, representa os gastos em bens e serviços efectuados dentro do território nacional, pelo que, se quisermos relacionar essa despesa Interna com a Procura Global, teremos de deduzir o valor das importações, ou seja:

DESPESA INTERNA = PROCURA GLOBAL - IMPORTAÇÕES

Seja o seguinte exercício: a Contabilidade Nacional da Alfalândia, registou no ano anterior, os valores apresenta-dos no quadro seguinte, expressos em milhões de dólares:

Rubricas Valores

Procura Global 12 450

Consumo Privado 230

Formação Bruta Capital Fixo 350

Procura Interna 11 250

Saldo Rendimentos Resto do Mundo (-) 270

Importações 1 240

Impostos Indirectos 20

Variação de Existências (-) 30

Consumo Público 120

Subsídios á Produção 10

Tendo em conta os valores expressos no quadro, calcular:

a) As Exportações b) A Despesa Interna c) A Despesas Nacional

(18)

a) PROCURA GLOBAL = PROCURA INTERNA + EXPORTAÇÕES 12 450 = 11 250 + EXPORTAÇÕES

EXPORTAÇÕES = 12 450 - 11 250 EXPORTAÇÕES = 1 200

b) D I = CONS + INV + EXP – IMP

D I = ( CPr + CPb ) + ( FBCF + VE ) + EXP – IMP D I = ( 230 + 120 ) + ( 350 – 30) + 1 200 – 1 240 D I = 350 + 320 + 1 200 – 1 240 D I = 630 c) D N = D I + S R R M D N = 630 – 270 D N = 360 d) P I B cf = P I B pm - i i + SUB P I B pm = D I = 630 P I B cf = 630 - 20 + 10 P I b cf = 620

(19)

9.4 Limitações da Contabilidade Nacional

A Contabilidade Nacional é um instrumento indispensável para promover o desenvolvimento económico de um país. Ao procurar quantificar a criação, a distribuição e a aplicação da riqueza, permite:

- descrever a actividade económica e a sua evolução;

- comparar as diferentes regiões do país;

- fazer previsões, constituindo um instrumento de política económica;

- medir, através dos seus conceitos, o nível bem-estar das populações.

Apesar do reconhecimento da importância da Contabilidade Nacional, são-lhe feitas várias críticas, sobretudo quan-do se trata de avaliar o nível de bem-estar da população.

Critica-se, sobretudo, a utilização de dados fornecidos pela Contabilidade Nacional para leituras interpretativas da realidade, sem se atenderem às limitações inerentes à quantificação da realidade social.

A Contabilidade Nacional parte do seguinte raciocínio: os rendimentos económicos gerados aumentam a utili-dade, logo aumentam o bem-estar. Neste raciocínio, dois conceitos são logo postos em causa, o conceito de produção e o conceito de bem-estar.

A Contabilidade Nacional começa logo por ignorar muitos benefícios geradores de bem-estar:









- os bens livres, como o ar puro e a água cristalina;









- os serviços domésticos, em especial, das donas de casa;









- as actividades sociais desenvolvidas por grupos de pessoas, como Bombeiros, Cruz Vermelha, etc.

Vemos, assim, que o autoconsumo não é considerado na Contabilidade Nacional, não obstante em certos meios constituir uma componente importante para a subsistência e o bem-estar da família. Basta recordarmos o trabalho desen-volvido pelas donas de casa ou os produtos agrícolas cultivados no quintal.

Outra lacuna importante na precisão das estimativas da Contabilidade Nacional diz respeito à chamada eco-nomia subterrânea. Ora, importa averiguar até que ponto a existência de uma ecoeco-nomia subterrânea de dimensão signifi-cativa pode acarretar distorções importantes na Contabilidade Nacional, pela falta de actividades que deveria incluir.

Na perspectiva da Contabilidade Nacional, considera-se economia subterrânea, o conjunto das actividades que deveriam estar incluídas no PIB mas que, na prática, poderão ser omitidas, pelo facto de uma ou diversas partes interve-nientes terem tentado escondê-las das autoridades. Trata-se, por vezes, de um vasto sector económico, que abrange acti-vidades, umas legais e outras ilegais. A economia subterrânea é composta por três grandes categorias:

- a produção legal não declarada, ou seja, a produção de bens e serviços que foram deliberadamente ocul-tadas às autoridades, sobretudo, para evitar o pagamento de impostos;

- a produção de bens e serviços ilegais, como o álcool, as drogas, o contrabando, a organização de certos jogos e a prostituição;

- os rendimentos não declarados como os que são recebidos em espécie, as fraudes fiscais, etc.

Por outro lado, também não são contabilizados, os custos sociais que muitas vezes são superiores aos beneficias. Não se regista a poluição ambiente, a destruição do património natural.

Na verdade, a Contabilidade Nacional não avalia os problemas ambientais considerados como externos às empresas (poluição do ar, poluição dos rios, etc.). Contudo, já foi dado um primeiro passo, com a introdução do princípio do polui-dor-pagador, segundo o qual as empresas que causarem danos ambientais ficam sujeitas ao pagamento de multas.

(20)

Um outro aspecto tem a ver com o facto de a Contabilidade Nacional não registar certos benefícios e certos pre-juízos resultantes do processo produtivo, que são designados por externalidades, que podem ser positivas e negativas.

As externalidades positivas, são as que se verificam quando existem benefícios indirectos e estes efeitos positivos de uma determinada produção não são valorizados nem contabilizados.

A construção de um hospital, que torna mais saudável uma população, a investigação científica que promove o desenvolvimento tecnológico, a construção de uma estrada que torna os lugares mais acessíveis, são alguns exemplos de externalidades positivas.

Já as externalidades negativas, são as que verificam quando existem efeitos negativos em resultado de um pro-cesso produtivo, e estes efeitos negativos não são registados nem contabilizados.

Há muitos exemplos de externalidades negativas. Basta pensar nas quantidades de gases tóxicos que a indústria lança para a atmosfera, contribuindo para a poluição do ar, das águas poluídas dos rios e que não são contabilizados.

Mas, todas estas críticas não tiram valor à Contabilidade Nacional como instrumento de análise económica. O que é necessário é que os seus utilizadores estejam conscientes das suas limitações.

É ainda fundamental que os responsáveis pela sua execução divulguem as metodologias utilizadas e os cálculos efectuados ou mesmo indicações sobre aspectos que sabem não estarem contabilizados, por impossibilidade prática.

QUADRO COMPARATIVO DAS TRÊS ÓPTICAS PARA CALCULAR O VALOR DA PRODUÇÃO DE UM PAÍS

ÓPTICA DO PRODUTO ÓPTICA DO RENDIMENTO ÓPTICA DA DESPESA

( + ) Remunerações ( + ) Consumo Total

( + ) Valor Acrescentado Bruto

( + ) Excedente Bruto Exploração ( + ) Investimentos ( + ) Impostos Indirectos ( + ) Impostos Indirectos ( + ) Exportações

( - ) Subsídios à Produção ( - ) Subsídios à Produção ( - ) Importações

( = ) Produto Interno Bruto pm ( = ) Rendimento Interno ( = ) Despesa Interna

( + ) Saldo Rendimentos Mundo ( + ) Saldo Rendimentos Mundo ( + ) Saldo Rendimentos Mundo

( = ) Produto Nacional Bruto pm ( = ) Rendimento Nacional ( = ) Despesa Nacional

PIB pm = VAB + II - SUB RI = REM + EBE + II – SUB DI = CT + INV + EXP – IMP

PNB pm = PIB pm + SRRM RN = RI + SRRM DN = DI + SRRM

(21)

9.5 as contas nacionais portuguesas

Neste ponto, são incluídos alguns valores relativos às Contas Nacionais portuguesas, apresentados pelo Banco de Portugal, referentes ao Produto Interno Bruto e do produto Nacional Bruto, calculado pelas ópticas do Produto, do Rendi-mento e da Despesa, expressos em milhões de euros:

ÓPTICA DO PRODUTO

RÚBRICAS 1995 1996 1997 1998 1999

+ Valor Acrescentado Bruto 70.292 74.844 80.971 87.158 92.813 + Impostos menos Subsídios 10.535 11.386 12.223 13.804 15.217 = Produto Interno Bruto 80.827 86.230 93.014 100.962 108.030

+ Saldo Rendimentos Mundo 2.690 2.375 1.558 1.742 1.761

= Produto Nacional Bruto 83.517 88.605 94.572 102.704 109.791

ÓPTICA DO RENDIMENTO

RÚBRICAS 1995 1996 1997 1998 1999

+ Remunerações 38.563 41.367 44.585 48.266 52.092

+ Excedente Bruto Exploração 31.729 33.477 36.206 38.892 40.721 + Impostos menos Subsídios 10.535 11.386 12.223 13.804 15.217 = Rendimento Interno 80.827 86.230 93.014 100.962 108.030 + Saldo Rendimentos Mundo 2.690 2.375 1.558 1.742 1.761 = Rendimento Nacional 83.517 88.605 94.572 102.704 109.791 ÓPTICA DA DESPESA RUBRICAS 1995 1996 1997 1998 1999 + Consumo Total 66.225 70.997 75.838 80.791 88.648 + Investimentos 19.623 20.907 24.376 27.975 30.585 + Exportações 24.433 25.731 28.291 31.136 32.089 - Importações 24.454 31.405 35.409 40.048 43.293 = Despesa Interna 80.827 86.230 93.014 100.962 108.030

+ Saldo Rendimentos Mundo 2.690 2.375 1.558 1.742 1.761 = Despesa Nacional 83.517 88.605 94.572 102.704 109.791

(22)

UNIDADE 10: AS RELAÇÕES ECONÓMICAS COM O RESTO DO MUNDO

10.1 - A necessidade e a diversidade de relações internacionais

10.2 – O registo das relações com o Resto do Mundo – a Balança de Pagamentos 10.2.1 - A Balança Corrente

10.2.2 – A Balança de Capital 10.2.3. – A Balança Financeira

10.3 – As políticas comerciais e a Organização do Comércio Mundial

10.4 – As relações de Portugal Com a União Europeia e com o Resto do Mundo

(23)

10.1. A necessidade e a diversidade das relações internacionais

A quase totalidade dos países actuais são países com economias abertas, ou seja, são países que estabelecem relações entre si. Estas relações tomam múltiplos aspectos e estabelecem-se, quer entre Estados, quer entre empresas, quer ainda a nível dos indivíduos.

Os Estados estabelecem relações políticas, culturais, sociais e económicas; as empresas importam e exportam, abrem filiais ou criam novas empresas no estrangeiro; os indivíduos saem para outros países para passear ou para traba-lhar. Entre si, os países trocam produtos, serviços e capitais.

É esta teia de relações que se estabelecem entre os países, ou entre os seus residentes, que dão corpo às rela-ções internacionais.

Já sabemos que a produção dos bens constitui o fundamento da vida sócia. Na sociedade moderna, que produz não simplesmente produtos, mas mercadorias, isto é, produtos destinados à troca, o processo de troca exprime a divisão do trabalho entre as empresas que produzem mercadorias.

Cada indivíduo, cada empresa, cada unidade de produção especializa-se na produção de uma determinada mercadoria, desenvolvendo capacidades que lhes permitam obter essa produção nas melhores condições possíveis e, depois, pelo sistema de trocas, compram os outros produtos de que necessitam para satisfazerem as suas necessidades.

Ao conjunto das relações de trocas estabelecidas entre as unidades residentes no mesmo território nacional dá-se o nome de comércio interno.

Tal como acontece com os indivíduos e as empresas, também entre os diferentes países acaba por ocorrer uma certa especialização das suas produções derivadas das condições naturais de cada nação, da riqueza dos seus recursos, da sua situação geográfica, da capacidade de obter custos de produção inferiores aos dos outros produtores ou produtos de qualidade superior. Estamos, neste caso, perante a Divisão Internacional do Trabalho, que é o fundamento do comér-cio externo.

Foi sobretudo a partir do século dezanove que se verificou um grande salto no comércio mundial. Com alguns altos e baixos, a tendência mantém-se: o comércio mundial cresce mais depressa que a produção mundial. Inicialmente dominado pela Grã-Bretanha, posteriormente pelos Estados Unidos, hoje o comércio mundial desenrola-se, em cerca de oitenta por cento, entre a Europa, os Estados Unidos e o Japão.

O comércio internacional está, pois, na base do desenvolvimento económico do mundo moderno, uma vez que permite uma melhor utilização dos recursos mundiais. Na lógica do comércio internacional, os países especializam-se na produção de bens e serviços para os quais tenham maiores aptidões. Fala-se então, na Divisão Internacional do Trabalho.

Associada a esta Divisão Internacional do Trabalho, está a noção de vantagem comparativa, que se traduz no seguinte:” um país com abundância numa determinada matéria-prima, petróleo, por exemplo, terá vantagens em expor-tar petróleo; mas se um país tiver mão-de-obra abundante poderá especializar-se em bens e serviços que requeiram muita mão-de-obra.”

De referir, ainda, que as vantagens comparativas e a especialização que dai advêm não são rígidas, pois evo-luem com o tempo. A evolução tecnológica, a inovação, a evolução dos salários e o nível de desenvolvimento explicam porque certos países não tenham que se confinar em determinadas especializações.

Para melhor ilustrar esta situação, vejamos o exemplo do caso português. Com efeito, a indústria portuguesa baseou-se durante décadas nas chamadas indústrias tradicionais (calçado, vestuário, têxteis, cortiça…) que eram compe-titivas no mercado externo, em virtude dos baixos salários praticados na altura. Mas, actualmente, perante a concorrência imbatível dos produtos asiáticos, especialmente chineses, Portugal tem que fatalmente se virar para produções que con-tenham um maior valor acrescentado e com tecnologia mais evoluída.

Portanto, se analisarmos o comércio internacional de qualquer país, por mais industrializado e rico que seja, pode-mos tirar duas conclusões: todos os países importam e exportam grandes quantidades de bens e mesmo em relação a bens em que o país é especializado, se verificam importações de outros países. É o caso, por exemplo dos Estados Unidos, que sendo um grande produtor de automóveis, é também um grande importador quer de marcas europeias quer de marcas japonesas.

(24)

É, pois, indiscutível que as possibilidades de consumo dos residentes de um país são alargadas pelo comércio internacional, permitindo o acesso a certos produtos que não seria possível numa situação contrária de auto-suficiência.

Actualmente, a par dos grandes movimentos de mercadorias e capitais que se verificam entre os países, assiste-se também a fortes movimentações de pessoas. As pessoas deslocam-se de um país para o outro em viagens de turismo ou de negócios, ou porque exercem a sua profissão em país diferente daquele onde residem, ou porque emigram, temporá-ria ou definitivamente, na procura de melhores condições de vida.

Os novos protagonistas dos fluxos migratórios internacionais, em crescente ascensão, movem-se não apenas por questões de sobrevivência (casos dos migrantes e dos refugiados políticos), como também, e cada vez mais, por motivos de negócios e de lazer.

A globalização e a circulação de informação são factores decisivos no aumento das migrações de negócios e de lazer. A internacionalização dos negócios possui evidentes consequências a nível dos movimentos dos agentes econó-micos. Mesmo o crescimento das comunicações virtuais não evita os contactos personalizados, as reuniões de trabalho, os seminários e conferências internacionais que tendem a multiplicar-se.

Todas estas movimentações origem relações económicas entre os países, quer ao nível da troca de serviços, quer gerando fluxos de rendimentos, dos quais um dos mais significativos é constituído pelas remessas dos emigrantes.

(25)

10.2 O registo das relações com o Resto do Mundo – a Balança de Pagamentos

Tal como as relações entre os residentes de um país ou de uma empresa são registadas em instrumentos apro-priados, como a contabilidade nacional ou a contabilidade das empresas, também as relações económicas entre os diversos países são objecto de registo.

O comércio internacional de mercadorias e serviços, as transferências de capitais, ou outras relações que dêem lugar a fluxos monetários entre os diferentes países são registadas em documentos próprios constituídos por um sistema de contas onde se registam todos os fluxos monetários que entram e saem de um país – a Balança de Pagamentos.

Os fluxos monetários podem ter origens diversas, e podem ser registadas nas diversas balanças em que se subdivi-de a Balança subdivi-de Pagamentos:

operações que dão origem a pagamentos ao exterior ( débitos): - compra de mercadorias ao estrangeiro (importações);

- pagamento de serviços prestado de turismo, de transportes, etc. - remessas para o exterior de rendimentos de capitais;

- donativos ou transferências sem contrapartida como as remessas de imigrantes; - despesas governamentais com embaixadas ou vistas de governantes.

operações que dão origem a recebimentos ao exterior ( créditos): - venda de mercadorias ao estrangeiro (exportações);

- pagamento de serviços de turismo, de transportes prestados ao exterior; - remessas do exterior de rendimentos de capitais;

- donativos ou transferências sem contrapartida como as remessas de emigrantes; - despesas de governantes estrangeiros no território nacional.

As operações descritas são registadas nas diversas balanças que se subdivide a Balança de Pagamentos. Esta Balança de Pagamentos divide-se nas seguintes componentes, que estudaremos de seguida:

- Balança Corrente

- Balança de Capital

- Balança Financeira

10.2.1 A Balança Corrente

É sem dúvida a componente mais importante da Balança de Pagamentos pelas informações que proporciona sobre o estado da economia de um país. A Balança Corrente, por sua vez, também se divide em quatro outras balanças:

( 1 ) - Balança de Mercadorias; ( 2 ) - Balança de Serviços;

( 3 ) - Balança de Rendimentos;

(26)

( 1 ) – Balança de Mercadorias

Nesta balança são registados os fluxos monetários resultantes das trocas de mercadorias do país com o exterior. Quando um país compra mercadorias a outro país, esta a efectuar uma importação, a que corresponde, em termos monetários, a uma saída de moeda do seu país, e por isso, registada nesta balança de Mercadorias a débito.

O registo a crédito verifica-se quando o país vende mercadorias ao exterior, está a efectuar uma exportação, o que corresponde uma entrada de moeda.

Ora, como todos nós sabemos, as moedas divergem de país para país. Como se processam, então, os pagamen-tos internacionais correspondentes às trocas de mercadorias?

Normalmente, as trocas de mercadorias entre países de moedas diferentes são pagas através do recurso às divi-sas, ou seja, moedas com aceitação internacional, como sejam, o euro, o dólar.

Para que seja possível a um país efectuar pagamentos com uma qualquer divisa, este tem que poder trocar a sua moeda nacional por outra. O mesmo acontece sempre que vamos viajar para um país cuja moeda não seja o euro: vamos ter necessidade de trocar euros pela moeda desse país, ou seja, vamos ter que cambiar moeda.

Para esse câmbio ser possível, é necessário que exista uma relação de troca entre essas duas moedas. A esta relação de troca que se estabelece entre duas moedas chama-se taxa de câmbio.

O valor de uma moeda não é, contudo, algo de imutável. As moedas, tal como qualquer outra mercadoria, são objecto de transacção. Por isso, a taxa de câmbio pode ter dois movimentos:

Quando a taxa de câmbio duma moeda desce, dizemos que se verificou uma desvalorização ou depreciação da moeda. Nesta situação, a moeda nacional passa, em termos internacionais, a ter menos valor, porque a mesma quan-tidade de moeda permite comprar no estrangeiro menos bens que anteriormente.

Quando o movimento é no sentido de aumento da taxa de câmbio dessa moeda, dizemos que se verificou uma valorização ou apreciação da moeda, e, nessa situação, a moeda ganha valor, em termos internacionais, porque a mes-ma quantidade de moeda permite comprar mes-mais bens que anteriormente.

Como facilmente se compreenderá, o saldo da Balança de Mercadorias resulta da diferença entre o valor do crédito (exportações) e o valor do débito (importações), ou seja:

BALANÇA DE MERCADORIAS = VALOR DAS EXPORTAÇÕES – VALOR DAS IMPORTAÇÕES

Vejamos, agora, como se calcula o saldo da Balança de Mercadorias. Baseando-nos em dados extraídos do Relatório do Banco de Portugal, expressos em:

BALANÇA DÉBITO CRÉDITO SALDO

BALANÇA DE MERCADORIAS 41.462 28.630 - 12.832

Como podemos observar, o saldo desta balança, neste caso, é negativo, já que o país importa mercadorias num valor superior ao das exportações.

Quando o saldo é negativo, dizemos que se trata dum saldo deficitário ou desfavorável. Se o saldo é positivo, já falamos em saldo superavitario ou favorável.

(27)

Frequentemente, os governos intervêm na cotação da sua moeda, desvalorizando-a, com o objectivo de melhorarem o saldo da sua Balança de Mercadorias.

Na realidade, quando a moeda de um país desvaloriza, isso tem como consequência que os produtos por ele exportados se tornem mais baratos em moeda estrangeira, logo o valor das exportações desse país tem tendência a aumentar. Simultaneamente, os produtos importados tornam-se mais caros em moeda nacional, logo a tendência será para que o valor das importações diminua.

A conjugação destes dois efeitos contribui para a melhoria do saldo da Balança de Mercadorias.

Verificar-se-ão os efeitos contrários, ou seja, diminuição do valor das exportações e aumento do valor das impor-tações, logo, agravamento do saldo, quando a moeda de um país sofre uma apreciação.

Mas a importância da Balança de Mercadorias, enquanto instrumento de análise da situação económica de um país, não se esgota no cálculo do seu saldo.

Dela podemos retirar outros instrumentos, habitualmente designados como Indicadores do Comércio Externo, dos quais se salientam, a Taxa de Cobertura e a Estrutura das Importações e das Exportações.

Comecemos pela Taxa de Cobertura, que se calcula da seguinte forma

VALOR DAS EXPORTAÇÕES

TAXA DE COBERTURA =

VALOR DAS IMPORTAÇÕES

X 100

Calculemos, então, o valor da Taxa de Cobertura relativa ao exercício dado:

26.830,0

TAXA DE COBERTURA =

41.462.2 X 100 = 69,06 %

Este valor significa que as nossas exportações no referido ano de 2002, cobriram, apenas cerca de 69% das nossas importações.

Relacionemos, então, o saldo da Balança de Mercadorias com a Taxa de Cobertura:

- quando esta Balança é deficitária, ou seja, o seu saldo é negativo, a taxa de cobertura tem um valor inferior a 100, porque isto significa que o valor das exportações é inferior ao das importações;

- quando o saldo é nulo, ou seja, quando a Balança de Mercadorias está equilibrada, a taxa de cobertura é igual a 100, porque as exportações são, necessariamente, iguais às importações;

- quando o saldo da Balança de Mercadorias é superavitario, a taxa de cobertura é superior a 100, porque as exportações são superiores, em valor, às importações

Vejamos, agora a estrutura das importações e exportações, esta implica uma análise mais aprofundada do tipo de bens sujeitos a importação e a exportação:

- quando um país importa essencialmente bens que incorporam uma elevada transformação industrial e, simulta-neamente, exporta bens com fraca ou nenhuma transformação, isto é, bens agrícolas, estamos perante um país necessariamente pouco desenvolvido;

- a situação contraria, é aquela que mostra as exportações de um país essencialmente constituídas por bens industriais de alto valor acrescentado, resultantes da utilização de tecnologias mais avançadas, e normalmente acompa-nhadas de importações constituídas por bens de natureza primaria, é reveladora de um país bastante desenvolvido.

(28)

( 2 ) - Balança de Serviços

Nesta Balança são registados os fluxos monetários resultantes da troca de serviços com o exterior. Vejamos alguns exemplos de serviços com o exterior:

• ••

Turismo: os serviços de turismo prestados a estrangeiros que visitam o nosso país originam movimentos de entrada de divisas, assim como, o turismo efectuado pelos portugueses no estrangeiro dá origem a saída de divisas;

• ••

Transportes: o transporte internacional de mercadorias pode ser efectuado por empresas nacionais ou estrangei-ras e, por isso, dá origem a entradas e saídas de divisas;

• ••

Seguros: o mesmo acontece com os seguros, que também podem ser efectuados por empresas nacionais ou estrangeiras, com a consequente entrada e saída de divisas;

• ••

Outros serviços: compreende diversos tipos de serviços, entre os quais, por exemplo, as remunerações de artistas

estrangeiros que actuam em Portugal e dão origem a saída de divisas, ou o contrário, quando são os nossos artis-tas que actuam no estrangeiro;

• ••

Operações governamentais: serviços prestados por organismos governamentais que dão origem a entrada e saí-da de divisas, consoante o tipo de serviços prestados.

BALANÇA DE SERVIÇOS = TURISMO + TRANSPORTES + SEGUROS + OUTROS SERVIÇOS +OPERAÇÕES GOVERNAMENTAIS

De acordo com os valores do Relatório do Banco de Portugal, o saldo da Balança de Serviços é:

SERVIÇOS DÉBITO CRÉDITO SALDO

TURISMO 2.407 6.259 3.852 TRANSPORTE 2.304 1.915 - 389 SEGUROS 149 78 - 71 OUTROS SERVIÇOS 1.793 1.939 145 OPERAÇÕES GOVERNAMENTAIS 165 1.142 - 23 BALANÇA DE SERVIÇOS 6.818 10.332 3.514 ( 3 ) - Balança de Rendimentos

Nesta Balança são registados os fluxos monetários resultantes da movimentação de rendimentos, que são de dois tipos: - Rendimentos do Trabalho; - Rendimentos de Investimento.

BALANÇA DE RENDIMENTOS = RENDIMENTOS DE TRABALHO + RENDIMENTOS DE INVESTIMENTO

De acordo com os valores do Relatório do Banco de Portugal, o saldo da Balança de Rendimentos é:

RENDIMENTOS DÉBITO CRÉDITO SALDO

RENDIMENTOS DE TRABALHO 174 138 - 36

RENDIMENTOS DE INVESTIMENTO 8.927 5.635 - 3.291

BALANÇA DE RENDIMENTOS

Referências

Documentos relacionados

[r]

O Senac - Administração Nacional, mediante as condições estipuladas neste Comunicado, em conformidade com a Resolução Senac 1018/2015, informa a realização do Processo Seletivo

The present work explores the antioxidant potential of Helichrysum stoechas (L.) Moench phenolic compounds for cosmetic applications involving the following steps:

(2019) Pretendemos continuar a estudar esses dados com a coordenação de área de matemática da Secretaria Municipal de Educação e, estender a pesquisa aos estudantes do Ensino Médio

Esta pesquisa discorre de uma situação pontual recorrente de um processo produtivo, onde se verifica as técnicas padronizadas e estudo dos indicadores em uma observação sistêmica

Ficou com a impressão de estar na presença de um compositor ( Clique aqui para introduzir texto. ), de um guitarrista ( Clique aqui para introduzir texto. ), de um director

Os resultados são apresentados de acordo com as categorias que compõem cada um dos questionários utilizados para o estudo. Constatou-se que dos oito estudantes, seis

segunda guerra, que ficou marcada pela exigência de um posicionamento político e social diante de dois contextos: a permanência de regimes totalitários, no mundo, e o