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Matemáticas Gerais. (Licenciatura em Geologia) Texto de apoio às aulas teóricas. Armando Gonçalves e Maria João Rodrigues

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Texto

(1)

Matem´

aticas Gerais

(Licenciatura em Geologia)

Texto de apoio `

as aulas te´

oricas

Armando Gon¸calves e Maria Jo˜

ao Rodrigues

Departamento de Matem´

atica da FCTUC

(2)

Matem´

aticas Gerais

Licenciatura em Geologia

Texto de apoio `as aulas te´oricas

Ano lectivo 2013/2014

Nota dos autores

Neste texto, os alunos podem encontrar os principais conceitos e resultados apresentados nas aulas

te´oricas, assim como alguns exemplos.

Trata-se de um texto que pretende auxiliar os alunos na compreens˜ao dos conte´

udos te´oricos, mas n˜ao

´e exaustivo, n˜ao devendo os alunos pensar que substitui a presen¸ca nas aulas te´oricas.

(3)

1. Fun¸c˜

oes reais de vari´

avel real

1.1. Algumas revis˜

oes

Fun¸c˜

ao

Uma fun¸c˜ao de um conjunto A num conjunto B ´e uma correspondˆencia que associa a cada elemento

de A exactamente um elemento de B, isto ´e,

∀x ∈ A, ∃

1

y

∈ B : f(x) = y.

Usa-se a nota¸c˜ao

f : A

→ B

x

7→ f(x)

.

Ao conjunto A chama-se dom´ınio da fun¸c˜ao f , a B conjunto de chegada e a

f (A) =

{f(x), x ∈ A}

chama-se contradom´ınio de f .

O gr´afico de f ´e o conjunto

graf f =

{(x, f(x)) | x ∈ A}.

Se A e B s˜ao subconjuntos de R, f diz-se uma fun¸c˜ao real de vari´avel real.

Exemplos:

... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

...... ... ...... ...... ... ...... ...... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . ... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . ... ...... ... ...... ......

´e o gr´afico de uma fun¸c˜ao

n˜ao ´e o gr´afico de uma fun¸c˜ao

A partir deste momento consideraremos sempre fun¸c˜oes reais de vari´avel real.

Paridade de uma fun¸c˜

ao

Uma fun¸c˜ao f , definida num conjunto A

⊆ R, diz-se par se, para cada x ∈ A, f(−x) = f(x); diz-se

´ımpar se, para cada x

∈ A, f(−x) = −f(x).

Exemplos:

Fun¸c˜ao par

Fun¸c˜ao ´ımpar

f : R

−→ R

x

7−→ f(x) = x

2

f : R

\ {0} −→ R

x

7−→ f(x) =

1

x

Fun¸c˜

ao mon´

otona

Uma fun¸c˜ao f : A

→ B diz-se mon´otona crescente ou simplesmente crescente, em A, se para quaisquer

x, y

∈ A tais que x < y, ent˜ao f(x) ≤ f(y). A fun¸c˜ao f diz-se decrescente em A se para quaisquer

x, y

∈ A tais que x < y, ent˜ao f(x) ≥ f(y).

(4)

Extremos

Uma fun¸c˜ao f tem um

• m´aximo local (ou m´aximo relativo) em c se f(c) ≥ f(x) para qualquer ponto x (do dom´ınio de

f) que perten¸ca a algum intervalo aberto contendo c;

• m´ınimo local (ou m´ınimo relativo) em c se f(c) ≤ f(x) para qualquer ponto x (do dom´ınio de

f) que perten¸ca a algum intervalo aberto contendo c.

• m´aximo absoluto (ou m´aximo global) em c se f(c) ≥ f(x) para todo o x ∈ D

f

. O valor f (c) ´e

chamado m´aximo de f em D

f

;

• m´ınimo absoluto (ou m´ınimo global) em c se f(c) ≤ f(x) para todo o x ∈ D

f

. A f (c) chama-se

m´ınimo de f em D

f

.

Os valores m´aximos e m´ınimos de f , se existirem, s˜ao chamados extremos de f .

Exemplo: A fun¸c˜ao com a representa¸c˜ao gr´afica

... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

... ... ... ... ...... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...... ...... ......... ...... ...... ...... ...... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . ... .. ... .. ... ... .. ... .. ... ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. .. ... .. ...... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... ..

x

0

x

1

x

2

x

3

x

4

x

5

x

6

x

7

tem como m´aximos locais f (x

1

), f (x

3

) e f (x

5

); os m´ınimos locais s˜ao: f (x

0

), f (x

2

) e f (x

4

). O m´aximo

absoluto ´e f (x

7

) e o m´ınimo absoluto ´e f (x

6

).

Fun¸c˜

ao injectiva

Uma fun¸c˜ao f : A

→ B ´e injectiva se, para quaisquer x, y em A, f(x) = f(y) implica x = y, ou, de

um modo equivalente, sempre que x

6= y ent˜ao f(x) 6= f(y).

Exemplo:

... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

...... ...... ... ...... ... ... ... ... ... ... ... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

... ... ... ... ... ... ... ... ...

n˜ao ´e injectiva

´e injectiva

Fun¸c˜

ao sobrejectiva

Uma fun¸c˜ao f : A

→ B ´e sobrejectiva se para todo o y ∈ B existe x ∈ A tal que f(x) = y.

Exemplos:

f : R

→ R

id

R

: R

→ R

x

7→ x

2

x

7→ x

(5)

Fun¸c˜

ao bijectiva

Uma fun¸c˜ao f : A

→ B ´e bijectiva se ´e simultaneamente injectiva e sobrejectiva.

Exemplo: A fun¸c˜ao

id

A

: A

→ A

x

7→ x

´e bijectiva.

Composi¸c˜

ao de fun¸c˜

oes

Sejam f : A

→B e g : C→D duas fun¸c˜oes tais que f(A) ∩ C 6= ∅. Neste caso podemos definir a fun¸c˜ao

composta h = g

◦ f : {x ∈ A | f(x) ∈ C}→D tal que h(x) = (g ◦ f)(x) = g(f(x)), para todo o x ∈ D

h

.

Fun¸c˜

ao invert´ıvel

Uma fun¸c˜ao f : A

→ B ´e invert´ıvel se existe uma fun¸c˜ao g : B → A tal que g ◦ f = id

A

e f

◦ g = id

B

.

Se existir uma tal fun¸c˜ao denota-se por f

−1

.

Teorema. Se uma fun¸c˜ao admitir fun¸c˜ao inversa, a fun¸c˜ao inversa ´e ´

unica.

Teorema. Uma fun¸c˜ao f : A

→ B possui inversa se e s´o se ´e bijectiva.

Exemplo:

A fun¸c˜ao

f : R

→ R

+

0

x

7→ x

2

n˜ao ´e bijectiva, mas se considerarmos a sua restri¸c˜ao a R

+

0

ficamos com a fun¸c˜ao

g : R

+

0

→ R

+

0

x

7→ x

2

que j´a ´e bijectiva, logo tem inversa

g

−1

: R

+

0

→ R

+

0

x

7→

x

... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

y

= g(x)

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...

y

= g

−1

(x)

(6)

1.2. Fun¸c˜

oes exponenciais e logar´ıtmicas

Fun¸c˜

ao exponencial

Se a ´e um n´

umero real positivo diferente de 1, chama-se fun¸c˜ao exponencial de base a `a fun¸c˜ao

f : R

→ R

x

7→ a

x

.

Se a = e, diz-se que f ´e a fun¸c˜ao exponencial natural.

Exemplos:

Gr´aficos das fun¸c˜oes definidas por f

1

(x) = e

x

, f

2

(x) = 10

x

e f

3

(x) = (

10

1

)

x

, no intervalo [

−1, 1.5].

-1.0

-0.5

0.5

1.0

1.5

2

4

6

8

10

0.1

x

10

x

e

x

Propriedades: Se a

∈ R

+

\ {1} e x, y ∈ R, ent˜ao

(1) a

0

= 1 e a

1

= a;

(2) a

x

a

y

= a

x+y

;

(3)

a

x

a

y

= a

x−y

;

(4) (a

x

)

y

= a

xy

.

Se a > 1 a fun¸c˜ao exponencial de base a ´e crescente e se 0 < a < 1 a fun¸c˜ao ´e decrescente.

A fun¸c˜ao exponencial ´e uma fun¸c˜ao injectiva com dom´ınio R e contradom´ınio ´e R

+

, assim a fun¸c˜ao

g : R

→ R

+

x

7→ a

x

´e bijectiva, logo invert´ıvel. A sua inversa ser´a designada por fun¸c˜ao logar´ıtmica de base a.

Fun¸c˜

ao logaritmo

Se a ´e um n´

umero real positivo diferente de 1, chama-se fun¸c˜ao logaritmo de base a `a fun¸c˜ao

g

−1

: R

+

→ R

x

7→ y = log

a

x

.

Se a = e, a fun¸c˜ao logaritmo representa-se por y = ln x e designa-se por logaritmo natural ou logaritmo

neperiano.

(7)

Exemplos:

Gr´aficos das fun¸c˜oes definidas por g

1

(x) = ln x, g

2

(x) = log x e g

3

(x) = log

(0.1)

x, no intervalo ]0, 3].

-1

1

2

3

-1.5

-1.0

-0.5

0.5

1.0

1.5

log

0.1

x

log x

ln x

Por defini¸c˜ao de inversa de uma fun¸c˜ao, temos que

(1) y = log

a

x

⇔ a

y

= x;

(2) a

log

a

x

= x, para x > 0;

(3) log

a

(a

x

) = x, para todo x

∈ R.

Propriedades: Se a, b

∈ R

+

\ {1}, x, y ∈ R

+

e p

∈ R, ent˜ao

(1) log

a

1 = 0 e log

a

a = 1;

(2) log

a

xy = log

a

x + log

a

y;

(3) log

a

x

y

= log

a

x

− log

a

y;

(4) log

a

x

p

= p log

a

x;

(5) log

b

x =

log

a

x

log

a

b

.

Se a > 1 a fun¸c˜ao logaritmo de base a ´e crescente e se 0 < a < 1 a fun¸c˜ao ´e decrescente.

1.3. Fun¸c˜

oes trigonom´

etricas e trigonom´

etrica inversas

Fun¸c˜

ao peri´

odica

Uma fun¸c˜ao f : R

→ R diz-se peri´odica se existir T ∈ R tal que, para qualquer x ∈ R, f(x+T ) = f(x).

T designa-se por per´ıodo.

Nota Muitos autores designam por per´ıodo, o menor valor positivo T , que safisfa¸ca a igualdade

da defini¸c˜ao anterior.

(8)

Fun¸c˜

ao limitada

Uma fun¸c˜ao f : A

→ B diz-se limitada se o conjunto dos valores que a fun¸c˜ao assume for um conjunto

limitado, isto ´e, se existir um n´

umero real positivo M tal que para todo o x

∈ A se tiver

|f(x)| ≤ M.

As representa¸c˜oes gr´aficas das fun¸c˜oes trigonom´etricas e correspondentes inversas, podem ser

con-sultados no Mini-atlas de fun¸c˜oes disponibilizado no final do caderno de exerc´ıcios.

1.3.1. Fun¸c˜

ao seno e a sua inversa arco seno

A fun¸c˜ao seno ´e a fun¸c˜ao

sen : R

→ [−1, 1]

x

7→ y = sen x

,

com a seguinte representa¸c˜ao gr´afica

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y = sen x

... ... ...... ...... ......... ... ... ...... ...... ......... ... | | | | | | | | −2π −3π 2 −π − π 2 π 3π2 2π π 2 − − 1 −1 y x

A fun¸c˜ao seno tem dom´ınio R, contradom´ınio [

−1, 1], ´e ´ımpar ( sen (−x) = − sen x) e ´e uma fun¸c˜ao

peri´odica de per´ıodo 2π, logo n˜ao ´e injectiva. Mas se restringirmos o dom´ınio ao intervalo [

π

2

,

π

2

],

obtemos a restri¸c˜ao principal do seno

sen : [

π

2

,

π

2

]

→ [−1, 1]

x

7→ y = sen x

,

que ´e uma fun¸c˜ao bijectiva, logo invert´ıvel.

Fun¸c˜

ao arco seno

A fun¸c˜ao arco seno ´e a fun¸c˜ao inversa da restri¸c˜ao principal do seno, sendo definida por

arc sen : [

−1, 1] → [−

π

2

,

π

2

]

x

7→ y = arc sen x

,

onde y = arc sen x

⇔ sen y = x.

Por defini¸c˜ao de inversa, temos que, se

−1 ≤ x ≤ 1 e −

π

2

≤ y ≤

π

2

, ent˜ao

sen ( arc sen x) = x e arc sen ( sen y) = y.

1.3.2. Fun¸c˜

ao co-seno e a sua inversa arco co-seno

A fun¸c˜ao co-seno ´e a fun¸c˜ao

cos : R

→ [−1, 1]

x

7→ y = cos x

,

com a seguinte representa¸c˜ao gr´afica

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y = cos x

... ...... ...... ... ... ... ...... ...... ......... ... ... ... | | | | | | | | −2π −3π 2 −π − π 2 2π 3π 2 π π 2 − − 1 −1 y x

A fun¸c˜ao co-seno tem dom´ınio R, contradom´ınio [

−1, 1], ´e par (cos(−x) = cos x) e ´e uma fun¸c˜ao

peri´odica de per´ıodo 2π, logo n˜ao ´e injectiva.

(9)

Mas se restringirmos o dom´ınio ao intervalo [0, π], obtemos a restri¸c˜ao principal do co-seno

cos : [0, π]

→ [−1, 1]

x

7→ y = cos x

,

que ´e uma fun¸c˜ao bijectiva, logo invert´ıvel.

Fun¸c˜

ao arco co-seno

A fun¸c˜ao arco co-seno ´e a fun¸c˜ao inversa da restri¸c˜ao principal do co-seno, sendo definida por

arc cos : [

−1, 1] → [0, π]

x

7→ y = arc cos x

,

onde y = arc cos x

⇔ cos y = x.

Se

−1 ≤ x ≤ 1 e 0 ≤ y ≤ π, ent˜ao

cos( arc cos x) = x e arc cos (cos y) = y.

As fun¸c˜oes seno e co-seno est˜ao relacionadas pela conhecida f´ormula fundamental da trigonometria

sen

2

x + cos

2

x = 1.

1.3.3. Fun¸c˜

ao tangente e a sua inversa arco tangente

A fun¸c˜ao tangente ´e a fun¸c˜ao definida pelo quociente entre a fun¸c˜ao seno e a fun¸c˜ao co-seno, isto ´e,

tg x =

sen x

cos x

.

A fun¸c˜ao tangente tem dom´ınio R

\ {x : x =

π

2

+ kπ, k

∈ Z}, contradom´ınio R, ´e ´ımpar e ´e

uma fun¸c˜ao peri´odica de per´ıodo π, logo n˜ao ´e injectiva. Mas se restringirmos o dom´ınio ao intervalo

]

π

2

,

π

2

[, obtemos a restri¸c˜ao principal da tangente

tg : ]

π

2

,

π

2

[

→ R

x

7→ y = tg x

,

que ´e uma fun¸c˜ao bijectiva, logo invert´ıvel.

Fun¸c˜

ao arco tangente

A fun¸c˜ao arco tangente ´e a fun¸c˜ao inversa da restri¸c˜ao principal da tangente, sendo definida por

arc tg : R

→ ] −

π

2

,

π

2

[

x

7→ y = arc tg x

,

onde y = arc tg x

⇔ tg y = x.

Se x

∈ R e −

π

2

< y <

π

(10)

1.3.4. Fun¸c˜

ao co-tangente e a sua inversa arco co-tangente

Fun¸c˜

ao co-tangente

A fun¸c˜ao co-tangente ´e a fun¸c˜ao definida pelo quociente entre a fun¸c˜ao co-seno e a fun¸c˜ao seno, isto ´e,

cotg x =

cos x

sen x

.

A fun¸c˜ao co-tangente tem dom´ınio R

\ {x : x = kπ, k ∈ Z}, contradom´ınio R, ´e ´ımpar e ´e uma

fun¸c˜ao peri´odica de per´ıodo π, logo n˜ao ´e injectiva. Mas se restringirmos o dom´ınio ao intervalo ]0, π[,

obtemos a restri¸c˜ao principal da co-tangente

cotg : ]0, π[

→ R

x

7→ y = cotg x

,

que ´e uma fun¸c˜ao bijectiva, logo invert´ıvel.

Fun¸c˜

ao arco co-tangente

A fun¸c˜ao arco co-tangente ´e a fun¸c˜ao inversa da restri¸c˜ao principal da co-tangente, sendo definida por

arc cotg : R

→ ]0, π[

x

7→ y = arc cotg x

,

onde y = arc cotg x

⇔ cotg y = x.

Se x

∈ R e 0 < y < π, ent˜ao cotg ( arc cotg x) = x e arc cotg ( cotg y) = y.

1.3.5. Fun¸c˜

ao co-secante e a sua inversa arco co-secante

Fun¸c˜

ao co-secante

A fun¸c˜ao co-secante ´e a o inverso aritm´etico do seno, isto ´e,

cosec x =

1

sen x

.

A fun¸c˜ao co-secante tem dom´ınio R

\ {x : x = kπ, k ∈ Z}, contradom´ınio ] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[, ´e

´ımpar e ´e uma fun¸c˜ao peri´odica de per´ıodo 2π, logo n˜ao ´e injectiva. Mas se restringirmos o dom´ınio

ao intervalo [

π

2

, 0[

∪]0,

π

2

], obtemos a restri¸c˜ao principal da secante

cosec : [

π

2

, 0[

∪]0,

π

2

]

→ ] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[

x

7→ y = cosec x

,

(11)

Fun¸c˜

ao arco co-secante

A fun¸c˜ao arco co-secante ´e a fun¸c˜ao inversa da restri¸c˜ao principal da co-secante, sendo definida por

arc cosec : ]

− ∞, −1] ∪ [1, +∞[ → [−

π

2

, 0[

∪]0,

π

2

]

x

7→ y = arc cosec x

,

onde y = arc cosec x

⇔ cosec y = x.

Se

|x| ≥ 1 e y ∈ [−

π

2

, 0[

∪]0,

π

2

], ent˜ao

cosec ( arc cosec x) = x e arc cosec ( cosec y) = y.

1.3.6. Fun¸c˜

ao secante e a sua inversa arco secante

Fun¸c˜

ao secante

A fun¸c˜ao secante ´e a o inverso aritm´etico do co-seno, isto ´e,

sec x =

1

cos x

.

A fun¸c˜ao secante tem dom´ınio R

\ {x : x =

π

2

+ kπ, k

∈ Z}, contradom´ınio ] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[, ´e

par e ´e uma fun¸c˜ao peri´odica de per´ıodo 2π, logo n˜ao ´e injectiva. Mas se restringirmos o dom´ınio ao

intervalo [0,

π

2

[

∪]

π

2

, π], obtemos a restri¸c˜ao principal da secante

sec : [0,

π

2

[

∪]

π

2

, π]

→ ] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[

x

7→ y = sec x

,

que ´e uma fun¸c˜ao bijectiva, logo invert´ıvel.

Fun¸c˜

ao arco secante

A fun¸c˜ao arco secante ´e a fun¸c˜ao inversa da restri¸c˜ao principal da secante, sendo definida por

arc sec : ]

− ∞, −1] ∪ [1, +∞[ → [0,

π

2

[

∪]

π

2

, π]

x

7→ y = arc sec x

,

onde y = arc sec x

⇔ sec y = x.

Se

|x| ≥ 1 e y ∈ [0,

π

2

[

∪]

π

2

, π], ent˜ao

(12)

2. Derivadas

2.1. Algumas revis˜

oes

Derivada

Sejam a

∈ R e f uma fun¸c˜ao definida num intervalo aberto contendo a. Chama-se derivada de f num

ponto a e denota-se por f

(a) ou

df

dx

(a), ao limite, se existir e for finito,

lim

x→a

f (x)

− f(a)

x

− a

ou, fazendo x

− a = h,

lim

h→0

f (a + h)

− f(a)

h

.

Uma fun¸c˜ao que possui derivada num ponto a do seu dom´ınio diz-se deriv´avel ou diferenci´avel em a.

`

A raz˜ao

f(a+h)−f (a)

h

chama-se raz˜ao incremental.

Propriedades:

Sejam f e g duas fun¸c˜oes deriv´aveis em a

∈ R. Ent˜ao:

(1) f + g ´e deriv´avel em a e tem-se (f + g)

(a) = f

(a) + g

(a);

(2) f g ´e deriv´avel em a e tem-se (f g)

(a) = f

(a)g(a)+f (a)g

(a), em particular, se c ´e uma constante,

(cf )

(a) = cf

(a);

(3) se g(a)

6= 0 ent˜ao

f

g

´e deriv´avel em a e tem-se

 f

g



(a) =

f

(a)g(a)

− f(a)g

(a)

g(a)

2

, em particular,

se f (a)

6= 0,

 1

f



(a) =

f

(a)

f (a)

2

.

Interpreta¸c˜

ao geom´

etrica da derivada

Seja f uma fun¸c˜ao real de vari´avel real. A raz˜ao incremental

f (a + h)

− f(a)

h

,

coincide com o declive da recta secante ao gr´afico de f que passa pelos pontos (a, f (a)) e (a+h, f (a+h)),

ou seja, com tg θ. Quando h tende para zero, a recta tende para a tangente `a curva no ponto (a, f (a)).

Logo, quando f

(a) existe, coincide com o declive da recta tangente ao gr´afico da fun¸c˜ao no ponto

(a, f (a)).

... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . ... . .

y

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...... ...... ...... ...... ...... ...... . ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .. . .. . . . . . . . . . . . . . . . . .

θ

a

a

+ h

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

(13)

Fun¸c˜

ao deriv´

avel num intervalo

Diz-se que uma fun¸c˜ao f ´e deriv´avel num intervalo aberto ]a, b[ (finito ou n˜ao), se o ´e em todos os

pontos desse intervalo.

Uma fun¸c˜ao f ´e deriv´avel num intervalo fechado [a, b] se ´e deriv´avel em ]a, b[ e se existem derivadas `a

direita de a e `a esquerda de b, isto ´e, se existem e s˜ao finitos os limites

f

d

(a) := lim

h→0

+

f (a + h)

− f(a)

h

e f

e

(b) := lim

h→0

f (b + h)

− f(b)

h

.

´

E ´obvio que se f for uma fun¸c˜ao definida num intervalo contendo a, f

(a) existe se e s´o se existirem

e forem iguais as derivadas `a esquerda e `a direita de a.

Exemplos:

... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

...... ...... ...... ... ... ... ... ... ...

0

... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

... ...... ...... ...... ... ... ... ... ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... ... ... ... ... ... ... ...

a

... .. ... .. ... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

...... ...... ...... ... ...... ...... ...... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

0

N˜ao tˆem derivada em 0 e a, respectivamente.

A derivada em 0 ´e igual a 0.

Fun¸c˜

ao derivada

Seja D

f

o maior intervalo, ou a uni˜ao de intervalos, onde f ´e deriv´avel. Podemos definir a fun¸c˜ao

derivada de f :

f

: D

f

→ R

x

7→ f

(x)

,

onde f

(x) := lim

h→0

f

(x+h)−f (x)

h

ou um limite lateral apropriado.

Derivada de ordem n

A derivada de uma fun¸c˜ao f conduz a outra fun¸c˜ao denotada por f

. Se f

tem derivada denotamo-la

por f

′′

e designamo-la por segunda derivada de f .

De um modo geral, se n ´e um inteiro positivo ent˜ao f

(n)

(ou

d

n

f

dx

n

(x)) denota a derivada de ordem n de

f que se obt´em partindo de f e derivando sucessivamente f n vezes, isto ´e,

f

(n)

(x) = f

(n−1)

(x)



.

2.2. Regra da cadeia

Teorema da fun¸c˜

ao composta ou regra da cadeia

Sejam f e g duas fun¸c˜oes tais que g ´e deriv´avel em a e f ´e deriv´avel em g(a). Ent˜ao a fun¸c˜ao

composta f

◦ g (caso se possa definir) ´e deriv´avel em a e

f

◦ g



(a) = f

(g(a))g

(a).

Se considerarmos y = f (u) e u = g(x) tal que y = f (g(x)) ent˜ao o resultado anterior pode ser

apresentado do seguinte modo:

dy

dx

=

dy

du

du

dx

.

(14)

Exemplo: Aplicando o resultado anterior, calculemos a derivada de y =

5

x

3

− 4x + 1. Esta fun¸c˜ao

pode ser vista como a composta das fun¸c˜oes: y =

5

u, com u = x

3

− 4x + 1. Ent˜ao

dy

dx

=

dy

du

du

dx

=

1

5

u

1 5

−1

.(3x

2

− 4) =

1

5

(x

3

− 4x + 1)

45

(3x

2

− 4).

Como consequˆencia do Teorema da fun¸c˜ao composta temos:

Derivada da fun¸c˜

ao inversa

Seja f uma fun¸c˜ao invert´ıvel e seja f

−1

a sua inversa. Se f ´e deriv´avel em a e f

−1

´e cont´ınua em

b = f (a) ent˜ao f

−1

´e deriv´avel em b se e s´o se f

(a)

6= 0 e nesse caso

(f

−1

)

(b) =

1

f

(a)

=

1

f

(f

−1

(b))

.

Exemplo: Determinar a derivada da fun¸c˜ao y = ln x:

Se y = ln x ent˜ao x = e

y

. Temos que (e

y

)

= e

y

e, aplicando o teorema anterior,

(ln x)

=

1

(e

y

)

=

1

e

y

=

1

x

.

2.3. Derivadas das fun¸c˜

oes trigonom´

etricas e das fun¸c˜

oes trigonom´

etricas

inversas

Derivadas das fun¸c˜oes trigonom´etricas e das suas inversas podem ser consultadas na Tabela de

derivadas disponibilizada.

Para determinar as derivadas das fun¸c˜oes trigonom´etricas inversas basta aplicar o Teorema da derivada

da fun¸c˜ao inversa.

Por exemplo, determinemos a derivada da fun¸c˜ao y = arc sen x:

Se y = arc sen x ent˜ao x = sen y para

π

2

≤ x ≤

π

2

. Temos que ( sen y)

= cos y e cos y

6= 0 se e s´o se

y

6= −

π

2

e y

6=

π

2

. Aplicando o teorema anterior, temos que , para y

6= −

π

2

e y

6=

π

2

,

( arc sen x)

=

1

( sen y)

=

1

cos y

=

1

1

− x

2

,

uma vez que cos y =

p

1

− sen

2

y.

2.4. Aplica¸c˜

oes da derivada

Taxa de varia¸c˜

ao

Seja f uma fun¸c˜ao definida num intervalo I e sejam x

1

, x

2

∈ I. A taxa de varia¸c˜ao m´edia de f

em rela¸c˜ao a x no intervalo [x

1

, x

2

] ´e igual a

f (x

2

)

− f(x

1

)

x

2

− x

1

(15)

A taxa de varia¸c˜ao instantˆanea de f em rela¸c˜ao a x em x = x

1

´e igual a

lim

x→x

1

f (x)

− f(x

1

)

x

− x

1

,

se f

(x

1

) existir.

Exemplo: Seja n = f (t) o n´

umero de indiv´ıduos numa popula¸c˜ao, vegetal ou animal, no instante t. A

varia¸c˜ao do tamanho da popula¸c˜ao entre os instantes t = t

1

e t = t

2

´e ∆n = f (t

2

)

− f(t

1

), e a taxa

m´edia de crescimento no per´ıodo de tempo [t

1

, t

2

] ´e dada por

∆n

∆t

=

f (t

2

)

− f(t

1

)

t

2

− t

1

.

A taxa de crescimento instantˆaneo obt´em-se da taxa m´edia de crescimento fazendo ∆t tender para

zero:

lim

∆t→0

∆n

∆t

=

dn

dt

.

Suponhamos que uma popula¸c˜ao de bact´erias num certo meio ambiente, duplica a cada hora. Se a

popula¸c˜ao inicial for de 100 bact´erias e t for medido em horas, ent˜ao f (t) = 2

t

100 d´a-nos o n´

umero

de bact´erias ap´os t horas. A taxa de crescimento da popula¸c˜ao no instante t ´e dada por

f

(t) = 100. ln 2.2

t

,

logo a taxa de crescimento da popula¸c˜ao ap´os 4 horas ´e igual a f

(4) = 100. ln 2.2

4

≈ 1104, isto ´e,

depois de 4 horas a popula¸c˜ao de bact´erias est´a a crescer a uma taxa de cerca de 1104 bact´erias por

hora.

Extremos

A primeira derivada de uma fun¸c˜ao ´e importante para estudar o crescimento da fun¸c˜ao e

conse-quentemente para a determina¸c˜ao dos seus extremos.

Teorema de Fermat

1

Seja f uma fun¸c˜ao deriv´avel num ponto c de um intervalo aberto I. Ent˜ao, se f atinge um m´aximo

local ou um m´ınimo local nesse ponto temos que f

(c) = 0.

O rec´ıproco do teorema anterior n˜ao ´e verdadeiro: podemos ter fun¸c˜oes com derivada nula em c

sem que c seja um extremo local.

(16)

Exemplo: y = x

3

, a derivada em zero existe e ´e igual a zero, mas n˜ao tem nenhum extremo em zero:

... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

... .... ... .... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .... ... ... ...

0

´

E tamb´em de notar que existem fun¸c˜oes com extremos que n˜ao podem ser encontrados pelos zeros da

derivada:

Exemplo: y =

|x|. A fun¸c˜ao tem um m´ınimo em zero, mas n˜ao ´e deriv´avel em zero.

... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

... ...... ...... ... ... ... ... ... ... ...

0

Teorema. Seja f uma fun¸c˜ao definida num intervalo. Se f atinge um m´aximo ou um m´ınimo num

ponto c desse intervalo ent˜ao uma das seguintes situa¸c˜oes acontece:

(1) f

(c) = 0;

(2) f n˜ao ´e deriv´avel em c;

(3) c ´e um dos extremos do intervalo (se o intervalo for fechado).

Teorema de Rolle

2

Seja f uma fun¸c˜ao cont´ınua em [a, b] e deriv´avel em ]a, b[. Se f (a) = f (b) ent˜ao existe pelo menos

um ponto c em ]a, b[ tal que f

(c) = 0.

Interpreta¸c˜

ao geom´

etrica do Teorema de Rolle

Tendo em conta o significado geom´etrico da derivada de uma fun¸c˜ao num ponto, o que o Teorema

de Rolle nos diz ´e que no gr´afico de uma fun¸c˜ao que, em [a, b], satisfaz as condi¸c˜oes do teorema, h´a pelo

menos um ponto (c, f (c)), com c

∈]a, b[, em que a tangente ´e horizontal (f

(c) = 0). Esta tangente ´e

paralela `a recta definida pelos ponto (a, f (a)) e (b, f (b)). Os seguintes gr´aficos s˜ao elucidativos deste

resultado:

... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

...

.... .... .... .... .... .. .... .... .... .... .... ..

a

c

b

... .. ... .. ... ... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . ... . .

y

... ... ...... .......

a

c

b

.... .... .... .... .... .. .... .... .... .... .... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... .. ... ... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . ... . .

y

... ... ...... ...... ...... ... ...

a

b

c

1

c

2 ... .. ... .. ... ... ... ... ... ...

´

E de observar que quando n˜ao existe derivada num ponto de ]a, b[, pode ficar comprometida a

existˆencia em ]a, b[ de um ponto com derivada nula.

(17)

Exemplos:

... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

...... ...... ...... ... ... ... ... ...

0

... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...... ...... ...... ...... ...

O pr´oximo resultado generaliza o Teorema de Rolle ao caso em que f (a)

6= f(b).

Teorema do valor m´

edio (ou de Lagrange

3

)

Se f ´e uma fun¸c˜ao cont´ınua no intervalo [a, b] e deriv´avel em ]a, b[, ent˜ao existe, pelo menos um

ponto c no intervalo ]a, b[ tal que

f

(c) =

f (b)

− f(a)

b

− a

.

Interpreta¸c˜

ao geom´

etrica do Teorema do valor m´

edio

Como

f

(b)−f (a)

b−a

´e o declive do segmento cujos extremos s˜ao os pontos (a, f (a)) e (b, f (b)), o teorema

garante que no gr´afico de uma fun¸c˜ao cont´ınua em [a, b] e deriv´avel em ]a, b[, existe pelo menos um

ponto (c, f (c)) cuja tangente ao gr´afico ´e paralela `a secante que passa por (a, f (a)) e (b, f (b)).

... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

... ... ... ... ...... ...... ... ...... ... ...... ...... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . ... ... ... ... ... ... ... ... ... .... ... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . ... . .

y

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...... ...... ...... ... ...... ... ...... ...... ...... ......... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . ... ... ... ... ... ...

Temos a seguinte consequˆencia do teorema anterior:

Corol´

ario. Se f

(x) = 0, para todo o x

∈]a, b[ ent˜ao f ´e constante em ]a, b[.

Vamos agora ver como as derivadas afectam o gr´afico de uma fun¸c˜ao.

Corol´

ario.

(1) Se f

(x)

≥ 0, para todo o x ∈]a, b[ ent˜ao f ´e crescente em ]a, b[.

(2) Se f

(x)

≤ 0, para todo o x ∈]a, b[ ent˜ao f ´e decrescente em ]a, b[.

Exemplo: A fun¸c˜ao f (x) = ln x ´e crescente no seu dom´ınio pois a sua derivada f

(x) =

1

x

´e positiva

em ]0, +

∞[.

(18)

Teste da primeira derivada para a determina¸c˜

ao de extremos locais:

Seja f uma fun¸c˜ao cont´ınua em [a, b] e deriv´avel em ]a, b[, excepto possivelmente em c

∈]a, b[,

ent˜ao:

(1) se o sinal de f

mudar de positivo para negativo em c, f tem um m´aximo local em c;

(2) se o sinal de f

mudar de negativo para positivo em c, f tem um m´ınimo local em c;

(3) se f

n˜ao muda de sinal em c, isto ´e, f

tem o mesmo sinal de ambos os lado de c, ent˜ao f n˜ao

tem m´aximo ou m´ınimo local em c.

Exemplo: Mostre que de todos os rectˆangulos com ´area igual a 4 m

2

o que tem menor per´ımetro ´e

um quadrado.

Sentido das concavidades do gr´

afico de uma fun¸c˜

ao

Concavidades

Seja f uma fun¸c˜ao definida num intervalo I. Se o gr´afico de f estiver acima de todas as suas tangentes

no intervalo I, diz-se que (o gr´afico de) f tem a concavidade para cima em I.

Se o gr´afico de f estiver abaixo de todas as suas tangentes no intervalo I, diz-se que (o gr´afico de) f

tem a concavidade para baixo em I.

A segunda derivada d´a-nos informa¸c˜ao sobre o sentido das concavidades do gr´afico de uma fun¸c˜ao:

Teste da concavidade:

(1) Se f

′′

(x) > 0 para todo o x num intervalo I, ent˜ao o gr´afico de f tem a concavidade para cima

em I;

(2) Se f

′′

(x) < 0 para todo o x num intervalo I, ent˜ao o gr´afico de f tem a concavidade para baixo

em I.

Exemplo: O gr´afico da fun¸c˜ao f (x) = x

2

tem a concavidade para cima em R uma vez que f

′′

(x) =

2 > 0, para x

∈ R.

Ponto de inflex˜

ao

Seja f uma fun¸c˜ao cont´ınua num intervalo aberto I e seja a

∈ I. Se o gr´afico de f mudar o sentido

da concavidade em (a, f (a)) diz-se que f tem um ponto de inflex˜ao em (a, f (a)).

Exerc´ıcio: Fa¸ca um esbo¸co do gr´afico da fun¸c˜ao definida por f (x) = x

3

− 3x, depois de analisar os

intervalos de monotonia de f e o sentido das concavidades do seu gr´afico.

Resposta:

-2

-1

1

2

-2

-1

1

2

(19)

3. C´

alculo Integral

3.1. Integral indefinido

No cap´ıtulo anterior, vimos como `a custa de uma fun¸c˜ao f podemos determinar uma nova fun¸c˜ao f

, a

derivada de f . Vamos agora estudar o problema inverso, primitiva¸c˜ao: dada uma fun¸c˜ao f encontrar

uma fun¸c˜ao F tal que F

= f .

3.1.1. Defini¸c˜

oes

Primitiva

Seja f : I

⊆ R→R uma fun¸c˜ao, onde I ´e um intervalo ou uma uni˜ao finita de intervalos disjuntos dois

a dois. Uma fun¸c˜ao F : I

→R ´e chamada uma primitiva (ou anti-derivada ou integral indefinido) de f

em I se F

= f. Neste caso, diz-se que f ´e primitiv´avel em I.

Exemplo: A fun¸c˜ao F (x) = 2x ´e uma primitiva da fun¸c˜ao f (x) = 2 em R. Mas a fun¸c˜ao G(x) = 2x+1

tamb´em satisfaz F

(x) = 2 = f (x), para todo o x

∈ R, logo ´e uma outra primitiva de f em R. Mais,

todas as fun¸c˜oes do tipo H(x) = 2x + c, com c uma constante real, s˜ao primitivas de f .

Podemos assim concluir que se uma fun¸c˜ao admitir uma primitiva, essa primitiva n˜ao ´e ´

unica.

Teorema. Seja F uma primitiva de f num intervalo I. Se G ´e outra primitiva de f em I, ent˜ao

existe uma constante real c tal que

G(x) = F (x) + c, para todo o x

∈ I.

Como consequˆencia deste resultado, ficamos a saber que se F for uma primitiva de uma fun¸c˜ao f

num intervalo I, ent˜ao todas as outras primitivas de F s˜ao da forma

F (x) + c, para todo o x

∈ I,

sendo c uma constante real arbitr´aria. Denota-se esta fam´ılia de primitivas de F no intervalo I por

Z

f ou

Z

f (x) dx ou P f (x).

No caso de I n˜ao ser um intervalo, mas sim uma reuni˜ao de intervalos, o resultado anterior n˜ao

´e v´alido. Podemos ter duas primitivas de uma fun¸c˜ao que n˜ao diferem de uma constante. Exemplo:

Seja f a fun¸c˜ao definida em I =]0, 1[

∪]4, 5[ por f(x) = 2. As fun¸c˜oes F (x) = 2x, x ∈ I e G(x) =



2x,

0 < x < 1

2x

− 2, 4 < x < 5

s˜ao duas primitivas de f em I e n˜ao diferem por uma constante.

O c´alculo de primitivas vai basear-se num conjunto de regras: regras de primitiva¸c˜ao. As regras

mais simples, primitiva¸c˜ao imediata, consistem em inverter a tabela de deriva¸c˜ao, isto ´e, identificar

uma fun¸c˜ao como a derivada de outra.

(20)

Exemplos:

1.

Z

0 dx = c, c

∈ R.

2.

Z

x dx =

x

2

2

+ c, c

∈ R.

De um modo mais geral

Z

x

p

dx =

x

p+1

p + 1

+ c, p

6= −1, c ∈ R.

3.

Z

e

x

dx = e

x

+ c, c

∈ R.

4.

Z

1

x

dx = ln

|x| + c, c ∈ R, x ∈ R \ {0}.

5.

Z

sen x dx =

− cos x + c, c ∈ R.

6.

Z

cos x dx = sen x + c, c

∈ R.

7.

Z

sec

2

x dx = tg x + c, c

∈ R.

Regras de primitiva¸c˜

ao

1. Sejam f e g duas fun¸c˜oes primitiv´aveis em I e k

∈ R. Ent˜ao as fun¸c˜oes kf e f + g tamb´em tˆem

primitivas em I e

Z

k f (x) dx = k

Z

f (x) dx,

Z



f (x) + g(x)



dx =

Z

f (x) dx +

Z

g(x) dx.

2. Se F ´e uma primitiva de f em I e g ´e deriv´avel em I ent˜ao

Z

f (g(x)) g

(x) dx = F (g(x)) + c, c

∈ R.

Exemplos:

1.

Z

3x + 1 dx =

Z

3x dx +

Z

1 dx = 3

Z

x dx + x + c

1

= 3

x

2

2

+ c

1

+ x + c

1

=

=

3

2

x

2

+ x + c

1

+ c

2

| {z }

c

=

3

2

x

2

+ x + c, c

∈ R.

2.

Z

e

x

cos e

x

dx = sen e

x

+ c, c

∈ R.

3.1.2. Primitiva¸c˜

ao por partes

Vimos que a primitiva da soma ´e a soma das primitivas (consequˆencia imediata da correspondente

propriedade para as derivadas). Ser´a que o mesmo se passa para o produto? N˜ao, o que temos ´e o

seguinte resultado:

Teorema. [Primitiva¸c˜ao por partes] Sejam f e g duas fun¸c˜oes definidas num intervalo I tais que f

admite uma primitiva F em I e g ´e deriv´avel em I. Ent˜ao

Z

f (x) g(x) dx = F (x) g(x)

Z

F (x) g

(21)

Exemplos:

1.

Z

x e

x

dx = e

x

x

Z

e

x

1 dx = x e

x

− e

x

+ c, c

∈ R.

2.

Z

ln x dx =

Z

1 ln x dx = x ln x

Z

x

1

x

dx = x ln x

Z

1 dx = x (ln x

− 1) + c, c ∈ R.

3.

Z

e

x

cos x dx = e

x

cos x +

Z

e

x

sen x dx = e

x

cos x + e

x

sen x

Z

e

x

cos x dx.

Logo

Z

e

x

cos x dx =

1

2

e

x

(cos x + sen x) + c, c

∈ R.

3.1.3. Primitiva¸c˜

ao de fun¸c˜

oes trigonom´

etricas

Para primitivar fun¸c˜oes algumas fun¸c˜oes trigonom´etricas podem ser necess´arias as rela¸c˜oes usuais

entre as diversa fun¸c˜oes trigonom´etrica.

Na Tabela de Primitivas s˜ao descritas algumas regras para primitivar fun¸c˜oes deste tipo.

Exemplos:

1.

Z

cos

3

x dx =

Z

cos x cos

2

x dx =

Z

cos x (1

− sen

2

x) dx =

=

Z

cos x dx

Z

cos x sen

2

x dx = sen x

sen

3

3

+ c.

2.

Z

sen

2

x dx =

Z 1

2

(1

− cos 2x) dx =

1

2



x

sen 2x

2



+ c.

3.1.4. Primitiva¸c˜

ao de fun¸c˜

oes racionais

Se h ´e uma fun¸c˜ao racional definida num intervalo I ent˜ao

h(x) =

f (x)

g(x)

,

onde f (x) e g(x) s˜ao polin´omios em x e g(x)

6= 0, x ∈ I. Vamos apresentar algumas regras para o

c´alculo de

Z

h(x) dx.

O primeiro passo ´e averiguar se h(x) ´e uma frac¸c˜ao pr´opria, isto ´e, se o grau do numerador ´e

inferior ao grau do denominador e estes n˜ao tˆem ra´ızes em comum.

Se o grau do numerador, f (x), for superior ao grau do denominador, g(x), podemos efectuar a

divis˜ao de f (x) por g(x). Seja Q(x) o quociente e R(x) o resto. Ent˜ao

h(x) =

f (x)

g(x)

= Q(x) +

R(x)

g(x)

e

R(x)

g(x)

´e j´a uma frac¸c˜ao pr´opria. Como

Z

Q(x)

dx ´e uma primitiva imediata, resta calcular

Z R(x)

(22)

Exemplo:

Z x

5

+ x

3

+ x

x

4

+ 1

dx.

Como n˜ao temos uma frac¸c˜ao pr´opria, temos que efectuar a divis˜ao e obtemos

x

5

+ x

3

+ x

x

4

+ 1

= x +

x

3

x

4

+ 1

.

Logo

Z x

5

+ x

3

+ x

x

4

+ 1

dx =

Z

x +

x

3

x

4

+ 1

dx

=

x

2

2

+

1

4

ln

|x

4

+ 1

| + c, c ∈ R

=

x

2

2

+

1

4

ln(x

4

+ 1) + c, c

∈ R.

No caso anterior

Z R(x)

g(x)

dx era uma primitiva imediata, mas nem sempre isso acontece. Nessas

situa¸c˜oes vamos proceder do seguinte modo:

1. Decomp˜oe-se g(x) em factores.

g(x) = (x

− a

1

)

m

1

. . . (x

− a

s

)

m

s

[(x

− p

1

)

2

+ q

1

2

]

n

1

. . . [(x

− p

t

)

2

+ q

t

2

]

n

t

,

onde cada factor do tipo (x

− a)

m

correspondendo a ra´ızes reais a de multiplicidade m, e cada factor

do tipo [(x

− p)

2

+ q

2

]

n

corresponde a ra´ızes complexas p

± q i de multiplicidade n.

Exemplo: x

5

− x

4

+ 2x

3

− 2x

2

+ x

− 1 = (x − 1)(x

2

+ 1)

2

, onde x

− 1 corresponde `a raiz real 1 de

multiplicidade 1 e (x

2

+ 1)

2

corresponde `as ra´ızes complexas

±i de multiplicidade 2.

2. Decomp˜oe-se a frac¸c˜ao pr´opria numa soma de elementos simples do seguinte modo:

(a) cada factor do tipo (x

− a)

m

d´a origem a

A

1

(x

− a)

m

+

A

2

(x

− a)

m−1

+

· · · +

A

m

(x

− a)

,

onde A

1

, A

2

, . . . , A

m

s˜ao constantes;

(b) cada factor do tipo [(x

− p)

2

+ q

2

]

n

d´a origem a

P

1

x + Q

1

[(x

− p)

2

+ q

2

]

n

+

P

2

x + Q

2

[(x

− p)

2

+ q

2

]

n−1

+

· · · +

P

n

x + Q

n

[(x

− p)

2

+ q

2

]

,

onde P

1

, Q

1

, P

2

, Q

2

, . . . , P

n

, Q

n

s˜ao constantes.

As constantes podem ser determinadas pelo m´etodo dos coeficientes indeterminados. Existem

outros m´etodos para a determina¸c˜ao destas constantes como iremos ver nos exemplos seguintes.

Exemplos:

1.

Z

3x + 6

x

3

+ 2x

2

− 3x

dx

Como j´a estamos na presen¸ca de uma frac¸c˜ao pr´opria, vamos factorizar o denominador:

x

3

+ 2x

2

− 3x = x (x − 1) (x + 3).

(23)

Ent˜ao

3x + 6

x

3

+ 2x

2

− 3x

=

A

1

x

+

B

1

x

− 1

+

C

1

x + 3

e, pelo m´etodo dos coeficientes indeterminados, obtemos

A

1

=

−2

B

1

=

9

4

C

1

=

1

4

.

Ent˜ao

3x + 6

x(x

− 1)(x + 3)

=

−2

x

+

9/4

x

− 1

+

−1/4

x + 3

.

Vamos agora determinar a primitiva.

Z

3x + 6

x(x

− 1)(x + 3)

dx =

Z −2

x

dx +

Z

9/4

x

− 1

dx +

Z −1/4

x + 3

dx

=

−2 ln |x| +

9

4

ln

|x − 1| −

1

4

ln

|x + 3| + c, c ∈ R.

2.

Z

x

2

+ 2x + 3

(x

− 1)(x + 1)

2

dx

Como j´a temos uma frac¸c˜ao pr´opria e o denominador est´a factorizado, vamos determinar os

ele-mentos simples:

x

2

+ 2x + 3

(x

− 1)(x + 1)

2

=

A

1

x

− 1

+

B

1

(x + 1)

2

+

B

2

x + 1

,

onde A

1

=

3

2

, B

1

=

−1 e B

2

=

1

2

.

Calculando agora a primitiva vem

Z

x

2

+ 2x + 3

(x

− 1)(x + 1)

2

dx =

Z

3/2

x

− 1

dx +

Z

−1

(x + 1)

2

dx +

Z −1/2

x + 1

dx

=

3

2

ln

|x − 1| +

1

x + 1

1

2

ln

|x + 1| + c, c ∈ R.

3.

Z

x

5

16

− x

4

dx.

Como a frac¸c˜ao n˜ao ´e pr´opria, depois de efectuar a divis˜ao vem:

x

5

16

− x

4

=

−x +

16x

16

− x

4

.

As ra´ızes do denominador s˜ao: 2,

−2, 2i e −2i. Ent˜ao:

16x

16

− x

4

=

A

1

2 + x

+

B

1

2

− x

+

P

1

x + Q

1

4 + x

2

,

onde A

1

=

−1, B

1

= 1, P

1

= 2 e Q

1

= 0.

(24)

Calculemos, agora, a primitiva pretendida:

Z

x

5

16

− x

4

dx =

Z

−x dx +

Z

−1

2 + x

dx +

Z

1

2

− x

dx +

Z

2x

4 + x

2

dx

=

x

2

2

− ln |2 + x| − ln |2 − x| + ln(4 + x

2

) + c, c

∈ R.

3.1.5. Primitiva¸c˜

ao por substitui¸c˜

ao

Para simplificar o calculo de certas primitivas que n˜ao sejam imediatas, ´e por vezes ´

util fazer uma

mudan¸ca de vari´avel.

Seja f uma fun¸c˜ao primitiv´avel no intervalo I e seja x = φ(t) uma fun¸c˜ao bijectiva de I

1

em I e

deriv´avel.

I

1

−→

φ

I

−→

f

R

t

7→

φ(t) = x

7→

f (x)

Se F ´e uma primitiva de f em I temos

h

F (φ(t))

i

= F

(φ(t)) φ

(t) = f (φ(t)) φ

(t).

Logo

F (φ(t)) + c =

Z

f (φ(t)) φ

(t) dt.

Acab´amos, assim, de demonstrar o seguinte resultado:

Teorema. [Primitiva¸c˜ao por substitui¸c˜ao] Seja f uma fun¸c˜ao primitiv´avel no intervalo I e φ uma

fun¸c˜ao bijectiva e deriv´avel no intervalo I

1

e tal que φ(I

1

) = I. Ent˜ao

Z

f (x) dx =

"Z

f (φ(t)) φ

(t) dt

#

t=φ

−1

(x)

.

Exemplo: Calcular

Z √

1

− x

2

dx.

Como a primitiva n˜ao ´e imediata vamos tentar fazer uma substitui¸c˜ao. Seja f (x) =

1

− x

2

.

Temos que D

f

= [

−1, 1] e consideremos a fun¸c˜ao

φ : [

π

2

,

π

2

]

→ [−1, 1]

t

7→ x = φ(t) = sen t

cuja inversa ´e a fun¸c˜ao

φ

−1

: [

−1, 1] → [−

π

2

,

π

2

]

x

7→ t = φ

−1

(x) = arc sen x

e φ

(t) = cos t. Ent˜ao

R

f (φ(t)) φ

(t) dt =

Z √

1

− sen

2

t cos t dt

=

Z

cos

2

t dt

1

1

(25)

Por fim

Z √

1

− x

2

dx =

"Z √

1

− sen

2

t cos t dt

#

t= arc sen x

=

1

2

arc sen x +

1

4

sen (2 arc sen x) + c, c

∈ R

=

1

2

arc sen x +

1

2

x

1

− x

2

+ c, c

∈ R

3.2. Integral definido

3.2.1. Motiva¸c˜

ao: ´

area de uma figura plana

Uma das motiva¸c˜oes para o estudo dos integrais tem a ver com o problema do c´alculo da medida da

´area (ou simplesmente ´area) de uma regi˜ao plana. Consideremos o seguinte problema.

Seja f : [a, b]

→R uma fun¸c˜ao cont´ınua n˜ao negativa, isto ´e, f(x) ≥ 0 para todo o x ∈ [a, b]. Como

determinar a ´area da regi˜ao limitada pelo gr´afico de f ,a recta horizontal y = 0 (eixo dos xx) e as

rectas verticais x = a e x = b?

Designemos a regi˜ao considerada por S.

... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

y

= f (x)

S

... ... ...... ...... ...... ... ... . ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

a

b

... ... ... .... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

A ´area A desta regi˜ao ser´a um n´

umero real. Para definir este n´

umero, vamos considerar rectˆangulos

(cuja ´area sabemos determinar) inscritos na regi˜ao S e rectˆangulos circunscritos na mesma regi˜ao:

... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . . .

y

y

= f (x)

S

... ... ... ... ...... ...... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ax1x2x3x4x5x6x7b ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

x

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . ... . .

y

y

= f (x)

S

... ... ... ... ...... ...... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ax1x2x3 x5x6x7b ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .. ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Comecemos por dividir o intervalo [a, b] em sub-intervalos justapostos do seguinte modo:

consid-eremos n + 1 pontos equidistantes de [a, b], x

0

, x

1

, x

2

, . . . , x

n

de tal forma que

a = x

0

< x

1

< x

2

<

· · · < x

n

= b e ∆x = x

i

− x

i−1

, i = 1, . . . , n

obtendo assim uma divis˜ao do intervalo [a, b] em sub-intervalos [x

i−1

, x

i

]. Chama-se a esta divis˜ao

de [a, b] uma parti¸c˜ao. Como todos os intervalos tˆem a mesma amplitude, ∆x, dizemos que ´e uma

parti¸c˜ao uniforme. Note-se que ∆x =

b−a

n

.

Referências

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