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RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO - SINTÉTICO

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RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO - SINTÉTICO

TC 012.460/2013-3 Fiscalização 205/2013

DA FISCALIZAÇÃO

Modalidade: conformidade

Ato originário: Acórdão 448/2013 - Plenário

Objeto da fiscalização: Ferrovia Norte-Sul - Ouro Verde de Goiás - São Simão

Funcional programática:

• 26.783.2072.11ZH.0052/2013 - Construção da Ferrovia Norte-Sul - Ouroverde de Goiás - São Simão

- no Estado de Goiás

Tipo da obra: Ferrovia, Metropolitano e Trem Urbano

Período abrangido pela fiscalização: 15/12/2010 a 24/5/2013

DO ÓRGÃO/ENTIDADE FISCALIZADO

Órgão/entidade fiscalizado: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.

Vinculação (ministério): Ministério dos Transportes

Vinculação TCU (unidade técnica): Secretaria de Fiscalização de Obras Portuárias, Hídricas e

Ferroviárias

Responsável pelo órgão/entidade:

nome: Josias Sampaio Cavalcante Junior

cargo: Diretor Presidente

período: a partir de 13/9/2012

Outros responsáveis: vide rol na peça:

Rol de responsáveis

PROCESSOS DE INTERESSE

- TC 008.839/2011-5

- TC 012.612/2012-0

- TC 014.393/2011-5

- TC 012.460/2013-3

- TC 002.509/2011-3

(2)

RESUMO

Trata-se de auditoria realizada na Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. - MT,

no período compreendido entre 6/5/2013 e 14/6/2013.

A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar as obras de Construção da Ferrovia

Norte-Sul - Ouro Verde de Goiás - São Simão - no Estado de Goiás. A partir do objetivo do trabalho e

a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados de acordo com a legislação

pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:

a) A formalização do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi adequada?

b) Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os valores

de mercado?

c) A administração está tomando providências com vistas a regularizar a situação da

obra?

Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal

de Contas da União e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo

TCU. Nenhuma restrição foi imposta aos exames.

Durante o planejamento e execução da auditoria, o levantamento das informações sobre

os objetos de auditoria foi realizado por meio de ofícios de requisição enviados à Valec e por

documentos coletados nos escritórios da Valec em Brasília e no canteiro de obras.

Foram utilizadas as técnicas de análise documental, circularização de informações,

conferência de cálculos e análise de projetos, bem como a realização de vistoria nas obras

compreendidas nos quatro lotes (539,6 km de extensão) localizadas entre a cidade de Ouro Verde de

Goiás/GO (km 0 + 000) e a ponte sobre o Rio Arantes/MG (km 527 +640).

As principais constatações deste trabalho foram:

3.1) Gestão temerária de empreendimento: lotes 1S, 2S, 3S e 4S (remoção de solo

(3.5.1.1), rachão (3.6.1) e transporte de rachão (3.6.3));

3.2) Superfaturamento decorrente de quantitativo inadequado: lote 4S, R$ 2.235.921,14

(transporte de material pétreo 3.6.3 e 8.1.2.2);

3.3) Superfaturamento decorrente de inclusão inadequada de novos serviços: lote 3S, R$

6.823.085,17 (5º aditivo);

3.4) Avanço desproporcional das etapas de serviço: lote 1S, dormentes de concreto

(8.1.1);

3.5) Descumprimento de determinação exarada pelo TCU: lote 3S, R$ 4.284.024,48

(estorno acessórios de fixação);

O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 2.156.802.354,99.

Essa quantia corresponde ao valor total dos contratos de construção dos lotes 1S, 2S, 3S e

4S. Contratos de construção: 64/2010 (lote 1S): R$ 432.363.040,03; 65/2010 (lote 2S): R$

(3)

437.924.121,26; 66/2010 (lote 3S): R$ 773.177.539,50 e 67/2010 (lote 4S): R$ 513.337.654,20.

Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar a tempestiva atuação

do Tribunal de modo a impedir a continuidade de irregularidades que causam dano ao Erário, assim

como realizar a apuração de valores de superfaturamento em contratos de construção com vistas a

ressarcir os cofres públicos dos prejuizos causados por valores indevidamente repassados aos

consórcios construtores, sendo o total dos benefícios quantificáveis desta auditoria de R$

13.343.030,79. Ademais, o monitoramento de determinação exaradas em trabalhos de auditoria

anteriores tem o condão de melhorar a atuação da Valec na elaboração e na execução dos projetos de

obras ferroviárias.

As propostas de encaminhamento para as principais constatações contemplam audiência

de responsáveis, oitiva de empresas, além de ciência aos envolvidos.

(4)

S U M Á R I O

Título

Página

1 - APRESENTAÇÃO

5

2 - INTRODUÇÃO

6

2.1 - Deliberação que originou o trabalho

6

2.2 - Visão geral do objeto

6

2.3 - Objetivo e questões de auditoria

9

2.4 - Metodologia Utilizada

9

2.5 - Volume de recursos fiscalizados

9

2.6 - Benefícios estimados da fiscalização

9

3 - ACHADOS DE AUDITORIA

10

3.1 - Gestão temerária de empreendimento. (IG-C)

10

3.2 - Superfaturamento decorrente de quantitativo inadequado. (IG-C)

27

3.3 - Superfaturamento decorrente de inclusão inadequada de novos serviços.

(IG-C)

34

3.4 - Avanço desproporcional das etapas de serviço. (IG-C)

44

3.5 - Descumprimento de determinação exarada pelo TCU. (OI)

50

4 - CONCLUSÃO

53

5 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

57

6 - ANEXO

63

6.1 - Dados cadastrais

63

6.1.1 - Projeto básico

63

6.1.2 - Execução física e financeira

63

6.1.3 - Contratos principais

65

6.1.4 - Histórico de fiscalizações

69

6.2 - Deliberações do TCU

69

6.3 - Relatório do Acórdão 2388/2013-TCU-P.

83

6.4 - Relatório do Acórdão 2388/2013-TCU-P.

101

6.5 - Voto e Acórdão 2388/2013-TCU-P.

129

(5)

1 - APRESENTAÇÃO

A Valec recebeu do governo federal por meio do Decreto 94.813, de 1 de setembro de 1987, e da Lei

11.772, de 17 de setembro de 2008, a concessão para a construção e operação da Ferrovia Norte-Sul

(FNS), denominada no plano nacional de viação de EF-151, cujo traçado planejado (3.100 km), é

iniciado em Belém, no Pará, e segue até o município de Panorama, em São Paulo. Entretanto, ainda se

considera como km 0 da FNS o pátio ferroviário em Açailândia (MA). A Valec e a União/ANTT

ratificaram essa concessão em 8 de junho de 2006.

Estão implantados aproximadamente 1.575 km da FNS, dos quais apenas 720 km subconcedidos ao

grupo Vale S.A. (atualmente VLI) estão em efetiva operação ferroviária.

Síntese da implantação da Ferrovia Norte-Sul:

TRECHO AÇAILÂNDIA (MA) km 0 - PORTO NACIONAL(TO) km 720 / SUBCONCESSÃO FNS

S.A. - EM OPERAÇÃO

As obras situadas entre Aguiarnópolis/TO e Palmas/TO iniciaram-se entre 2003 e 2006. Contratos de

construção encerrados. Contratos de complementação de obra encerrados.

TRECHO PORTO NACIONAL (TO) km 720 - ANÁPOLIS (GO) km 1575 - EM OBRAS

As obras nesse trecho tiveram seu início entre 2006 e 2007. Contratos de construção encerrados.

Contratos complementares de obra, oriundos da relicitação do trecho situado entre Palmas/TO e

Anápolis/GO, assinados.

TRECHO OURO VERDE (GO) - ESTRELA D' OESTE (SP) - EM OBRAS

Segmento de 680 km de extensão denominado pela Valec de Extensão Sul da FNS. Contratos de

construção em estágio inicial (30%).

A Extensão Sul da FNS, trecho que vai de Ouro Verde de Goiás/GO (km 0+000) a Estrela d'Oeste/SP

(km 669+550), num total de aproximadamente 680 km, permitirá a interligação da FNS com o sistema

ferroviário existente de modo a dar acesso aos portos da Região Sudeste e a efetiva integração das

regiões Sul e Sudeste com as regiões Norte e Nordeste.

Esta fiscalização tem como objeto os lotes (contratos) de construção 1S (64/2010), 2S (65/2010), 3S

(66/2010) e 4S (67/2010) da Extensão Sul da Ferrovia Norte Sul, localizados entre a cidade de Ouro

Verde de Goiás/GO e a ponte sobre o Rio Arantes/MG, que possuem juntos 539 km de extensão e

valor total previsto de R$ 2.156.802.354,99.

Os contratos de construção desse trecho da Ferrovia Norte-Sul tem origem no certame licitatório

004/2010. As ordens de serviço para a execução dos contratos foram dadas no início de 2011 e

previam a entrega das obras para dezembro de 2012. Foram celebrados aditivos de prazo com término

previsto para 30/6/2014.

Importância socioeconômica

O trecho entre os municípios de Ouro Verde, no Estado de Goiás, e Estrela d´Oeste, no Estado de São

Paulo, com 680 km de extensão, está em fase de construção. Quando estiver em operação, permitirá a

(6)

interligação com o sistema ferroviário que dá acesso aos portos da região Sudeste e a efetiva

integração das regiões Norte e Nordeste.

A extensão da Ferrovia Norte-Sul até Estrela d´Oeste permitirá que o seu traçado cruze todo o estado

de Goiás, passando por acentuadas regiões produtoras de grãos e de cana-de-açúcar, além de centros

de outros produtos industrializados localizados na região de Quirinópolis.

Além disso, a articulação de diferentes ramos de negócios que será proporcionada por sua implantação

está contribuindo para o aumento da renda interna e para o aproveitamento e melhor distribuição da

riqueza nacional, a geração de divisas e abertura de novas frentes de trabalho, permitindo a diminuição

de desequilíbrios econômicos entre regiões e pessoas, resultando na melhoria significativa da

qualidade de vida da população da região.

Este trecho passa por Santa Helena de Goiás, Rio Verde, Quirinópolis, São Simão, onde logo após

atinge o estado de Minas Gerais, prosseguindo a partir daí até Estrela D'Oeste, em São Paulo, onde se

interliga com a América Latina Logística. Ao longo do trecho estão previstos dois pátios de

carregamento de grãos e de produtos diversos: um em Santa Helena de Goiás e outro em São Simão.

(fonte: http://www.valec.gov.br/FerroviasFNSOuroVerde.php)

O vídeo do Governo Federal exposto no link a seguir traz o panorama social do empreendimento:

http://www.youtube.com/watch?v=1C7tDVq8O8g

2 - INTRODUÇÃO

2.1 - Deliberação que originou o trabalho

Em cumprimento ao Acórdão 448/2013 - Plenário, realizou-se auditoria na Valec Engenharia,

Construções e Ferrovias S.A., no período compreendido entre 6/5/2013 e 14/6/2013.

Dentre as razões que motivaram esta auditoria, podemos destacar o alto investimento demandado para

a execução dessa obra, atualmente no valor previsto de R$ 2.156.802.354,99 para os quatro lotes

fiscalizados (1S, 2S, 3S e 4S).

2.2 - Visão geral do objeto

Trata-se de auditoria realizada no empreendimento de execução das obras da Ferrovia Norte-Sul

Extensão Sul (FNS), no âmbito do Fiscobras 2013, referentes aos lotes 1S (64/2010), 2S (65/2010), 3S

(66/2010) e 4S (67/2010).

(7)

Os quatro lotes juntos possuem 539,6 km de extensão e estão localizados entre a cidade de Ouro Verde

de Goiás/GO (km 0 + 000) e a ponte sobre o Rio Arantes/MG (km 527 +640)

Para cada lote há um contrato de construção, conforme exposto abaixo:

a) Contrato 64/2010 (lote 1S), situado entre a cidade de Ouro Verde de Goiás/GO (km 0 + 000) e a

Rodovia GO-156 (km 111 + 219). Consórcio Aterpa / Ebate, atualmente com um valor total previsto

de R$ 432.363.040,03.

b) Contrato 65/2010 (lote 2S), situado entre a Rodovia GO-156 (km 111 + 219) e a ponte sobre o Rio

Verdão (km 250 +720). Consórcio Pavotec / Ourivio / Tejofran Fuad Rassi / Sobrado, atualmente com

um valor total previsto de R$ 437.924.121,26.

c) Contrato 66/2010 (lote 3S), está delimitado entre a ponte sobre o Rio Verdão (km 250 +720) e a

ponte sobre o Córrego Cachoeirinha (km 386 + 660). Consórcio Camargo Corrêa / Queiroz Galvão e o

valor total previsto desse lote, atualmente é de R$ 773.177.539,50.

d) Contrato 67/2010 (lote 4S), está compreendido entre a ponte sobre o Córrego Cachoeirinha (km 386

+ 660) e a ponte sobre o Rio Arantes (km 527 + 640). Consórcio Constran / Egesa / Carioca,

atualmente com um valor total previsto de R$ 513.337.654,20.

A licitação que deu origem aos contratos de execução elencados ocorreu em 2010, por meio do Edital

de Concorrência Pública Valec 4/2010, tendo sido subdividido em 5 (cinco) lotes. O lote 5S é objeto

da fiscalização 207/2013, relatada no TC 009.095/2013-6 (Fiscobras 2013).

HISTÓRICO DE FISCALIZAÇÕES ANTERIORES

No Fiscobras 2010 o TCU identificou irregularidades no edital de concorrência 4/2010 e já deliberou

quanto ao mérito por meio dos Acórdãos 2.962/2010 e 2.909/2012, ambos do Plenário.

No Fiscobras 2011, o TCU identificou atrasos na execução das obras, fiscalização deficiente e

medição antecipada de acessórios de fixação. O Tribunal já deliberou preliminarmente por meio do

Acórdão 2.692/2011-TCU-Plenário.

No Fiscobras 2012, as principais irregularidades identificadas foram: interrupções do traçado com

risco de perda de funcionalidade da obra, seleção de método construtivo antieconômico e não

usualmente aplicado nas obras ferroviárias para produção dos diversos tipos de concreto; insuficiência

de sondagens para dimensionamento das obras de arte especiais; insuficiência de caracterização do

terreno; equiparação de atos da fiscalização ao projeto básico da obra e adoção na planilha

orçamentária de ''serviços por administração'', com as quantidades em horas de máquinas e pessoal,

sem a identificação do objeto que se pretende executar. Quanto a essas irregularidades, o Tribunal já

deliberou preliminarmente por meio dos Acórdãos 2.467/2012, 2.910/2012, 2.939/2012 e 3.397/2012,

todos do Plenário.

(8)
(9)

2.3 - Objetivo e questões de auditoria

A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar as obras de Construção da Ferrovia Norte-Sul - Ouro

Verde de Goiás - São Simão - no Estado de Goiás.

A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados de

acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:

1) A formalização do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi adequada?

2) Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os valores de

mercado?

3) A administração está tomando providências com vistas a regularizar a situação da obra?

2.4 - Metodologia utilizada

Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de Contas

da União e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo TCU.

Nenhuma restrição foi imposta aos exames.

Durante o planejamento e execução da auditoria, o levantamento das informações sobre os objetos de

auditoria foi realizado por meio de ofícios de requisição enviados à Valec e por documentos coletados

em campo. Foram utilizadas as técnicas de análise documental e de cálculos, bem como a realização

de visita à obra.

2.5 - Volume de recursos fiscalizados

O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 2.156.802.354,99. Essa quantia

corresponde ao valor total dos objetos cadastrados.

Contratos Principais:

64/2010 - construção do lote 1S: R$ 432.363.040,03;

65/2010 - construção do lote 2S: R$ 437.924.121,26;

66/2010 - construção do lote 3S: R$ 773.177.539,50; e

67/2010 - construção do lote 4S: R$ 513.337.654,20.

2.6 - Benefícios estimados da fiscalização

Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar a tempestiva atuação do Tribunal

de modo a impedir a continuidade de irregularidades que causam dano ao Erário, assim como realizar

a apuração de valores de superfaturamento em contratos de construção com vistas a ressarcir os cofres

públicos dos prejuizos causados por valores indevidamente repassados aos consórcios construtores,

sendo o total dos benefícios quantificáveis desta auditoria de R$ 13.343.030,79. Ademais, o

monitoramento de determinação exaradas em trabalhos de auditoria anteriores tem o condão de

(10)

melhorar a atuação da Valec na elaboração e na execução dos projetos de obras ferroviárias.

3 - ACHADOS DE AUDITORIA

3.1 - Gestão temerária de empreendimento.

3.1.1 - Tipificação do achado:

Classificação - grave com recomendação de continuidade (IG-C)

Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO - A situação verificada não se

enquadra dentre as previstas no art. 93, §1°, inciso IV, da Lei 12.708/2012 (LDO 2013), aptas a ensejar

o bloqueio da execução física, orçamentária e financeira dos contratos, pois não foi possível, neste

momento, identificar dano materialmente relevante em relação ao valor total do contrato.

3.1.2 - Situação encontrada:

Constatou-se deficiência na gestão do empreendimento no que se refere à execução dos contratos

de obra 64/2010 (lote 1S até fevereiro de 2013), 65/2010 (lote 2S até janeiro de 2013), 66/2010

(lote 3S) e 67/2010 (lote 4S). As irregularidades identificadas e classificadas nesse achado como

gestão temerária do empreendimento têm por característica principal o fato de onerar a planilha

orçamentária de cada contrato de construção por conta de atos antieconômicos decorrentes de

ação ou omissão da fiscalização da obra (Valec e Supervisora). Em outras palavras, decorrem da

adição de soluções de engenharia mais onerosas para o contrato alternativas àquelas indicadas

em projeto executivo (solução em campo) e por deficiências encontradas nos normativos da

própria estatal:

Colchão Drenante: 80-ES-028A-19-8001

,

Remoção de Solo Mole:

80-ES-028A-20-8006 e Extração de Materiais de Construção: NGL-5.03.01-16.006.

REMOÇÃO E SUBSTITUIÇÃO DE SOLO MOLE (ITEM 3.5.1.1) - CARACTERIZAÇÃO E

DIMENSIONAMENTO EM CAMPO

Constatou-se caracterização, remoção e substituição de solo mole fora das hipóteses previstas no

projeto executivo dos lotes 1S, 2S, 3S e 4S. Com isso, novas ocorrências (caracterização) e

determinação de profundidade, largura e extensão (dimensionamento) de solos compressíveis para

fundação de aterro da ferrovia estão sendo feitas pela fiscalização da obra (em campo) em conjunto

com o consórcio construtor, infringindo o disposto no art. 12, inciso III combinado com o art. 9, inciso

I da Lei de Licitações. Dessa forma, os quantitativos atuais de planilha aumentaram (aditivo)

significativamente, a saber:

(11)

O acréscimo de valor do serviço de remoção de solo mole nos lotes 1S, 2S e 3S soma mais de R$ 9

milhões. O acréscimo de volume de remoção potencializa ato antieconômico subsequente, que é o

transporte de rachão (3.6.3) e a execução de camada drenante (3.6.1) na vala (buraco) em que foi

retirado o solo caracterizado como mole ou compressível (ver tópico seguinte).

Da supracitada tabela verifica-se que as quantidades de remoção de solo mole previstas em projeto

executivo já foram extrapoladas em mais de 100% nos lotes 1S, 2S e 3S. No lote 4S, o aditivo dessas

quantidades ainda não tinha sido aprovado pela Valec até abril de 2013. Esse aumento decorre do

registro de novas ocorrências (caracterização) feito durante a execução da obra e não prevista nos

projetos executivos de cada lote de construção. Com isso, as quantidades atuais dos serviços de

remoção de solo mole (3.5.1.1) previstos nas planilhas orçamentárias atuais (aditivadas) já não mais

possuem seus quantitativos baseados em projeto, mas tão somente previsões futuras de gasto estimado

pela própria construtora através de seus pleitos de aditivos homologados pela Valec, a saber:

Lote 1S - Justificativas Técnicas ao 4º Aditivo Contrato 64/2010, página 25:

(...) as espessuras das camadas de solo mole encontradas durante a execução desse serviço são

maiores que o previsto em projeto, sendo que para efeito de cálculo do volume total foram

considerados os volumes realizados até o momento somados aos volumes remanescentes previstos no

projeto executivo para o restante dos segmentos. No caso de haver novas ocorrências de alteração de

quantitativos superiores as do projeto executivo durante a execução de remoção de camada de solo

mole, essa será objeto de novo termo aditivo.

Quantidade

Inicial (m³)

Valor

Inicial (R$)

Projeto

Executivo

(m³)

Quantidade

Atual (m³)

Valor Atual

(R$)

Acréscimo

ao Projeto

Executivo

(%)

Acréscimo

de Valor ao

Contrato

Inicial (R$)

1S

280.355,00

2.192.376,1

0

151.604,79 344.615,67

2.694.894,5

4

127,31%

502.518,44

2S

205.292,00

1.582.801,3

2

234.169,00 488.898,00

3.769.403,5

8

108,78%

2.186.602,2

6

3S

300.903,00

2.286.862,8

0

578.874,00

1.204.069,1

6

9.150.925,6

1

108,00%

6.864.062,8

1

4S

264.321,87

2.066.997,0

2

481.650,96 264.321,87

2.066.997,0

2

-

-TOTAL/R$

9.553.183,5

1

(12)

Lote 2S - Justificativas Técnicas ao 4º Aditivo Contrato 65/2010, página 23:

(...) com o recebimento do projeto executivo, na folha 399 foi possível prever a necessidade de

remoção de solo mole para os seguimentos ainda não atacados pela obra que indica a substituição

por material pétreo (rachão). Os cálculos dos volumes de solo mole e rachão foram obtidos pelos

volumes realizados até o momento, acrescidos dos volumes remanescentes previstos no projeto

executivo para o restante dos segmentos (...)

Lote 3S - Justificativas Técnicas ao 5º Aditivo Contrato 66/2010, página 44:

(...) o acréscimo nas quantidades de solos moles referem-se aos volumes não previstos no Projeto

Executivo. Os volumes a serem executados extra Projeto Executivo foram identificados e calculados

com base nos resultados das sondagens a percussão realizadas e acompanhadas pela equipe da

Supervisora, com qual conhecemos o comprimento do bolsão e suas espessuras médias, multiplicado

pela largura média dos off-sets. Em todos os segmentos estudados identificou-se nível do lençol

freático elevado.

Desse incremento generalizado do serviço de remoção de solo mole em cada lote da FNS extrai-se ao

menos duas hipóteses que podem estar ocorrendo: os projetos executivos de cada lote não

caracterizaram suficientemente ocorrências de solo mole e/ou a fiscalização não está cumprindo as

soluções indicadas pela projetista de cada lote. Ambas as hipóteses fragilizam a gestão da obra,

oneram o orçamento inicial previsto para o empreendimento e também eximem cada projetista da

Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) sobre os projetos dos aterros, já que as construtoras

estão adotando dimensões diferentes daquelas indicadas em projeto executivo.

Evidência da caracterização de solo mole e da respectiva remoção pode ser verificada no lote 1S em

documento intitulado "liberação de solos moles" que conta com a assinatura de responsáveis pela

fiscalização e pela construção da obra. Nesse documento, fiscalização e construção pactuam a extensão

e profundidade média do solo inservível a ser removido no lote 1S. Além de meramente visual, esse

critério não é baseado em sondagem e/ou ensaios geotécnicos que identifique o solo como de baixa

capacidade suporte que recomende remoção.

Quanto ao lote 4S, verifica-se da supracitada tabela que estão cadastradas em projeto executivo

(geométrico) os quantitativos de solo mole a serem escavados, mas essas quantidades ainda não foram

para a planilha do contrato de construção (aditivo ainda não aprovado pela Valec). Ressalte-se que o

projeto executivo desse lote foi entregue no início de 2013 (após 2 anos do início da obra) e, mesmo

assim, já tinham sido medidas e pagas 25% das quantidades previstas para o serviço de remoção de

solo mole, o que sugere que quase todo esse quantitativo executado até então foi caracterizado sem

respaldo em projeto pela equipe de fiscalização da obra, já que não existia projeto executivo aprovado

para execução desse tipo de serviço nos dois primeiros anos de obra.

Outra conclusão que se pode extrair da tabela supracitada é que os quantitativos do projeto executivo

de cada lote são meramente indicativos, não existindo limite imposto em normativo ou pela

fiscalização à construtora quanto às dimensões de projeto referentes a extensão, profundidade e largura

(13)

(dimensionamento). Com isso, os volumes de remoção de solo mole podem aumentar muito mais que

os já aditivados aos contratos de construção, uma vez que os serviços de terraplenagem ainda se

encontram em estágio inicial até abril de 2013: lote 1S (29%); lote 2S (36%), lote 3S (51%) e lote 4S

(28%).

O processo de caracterização e dimensionamento para o serviço de remoção de solo mole a critério da

fiscalização é indevidamente referendado pela própria norma Valec: Especificação de Serviço de

Infraestrutura: Remoção de Solo Mole: 80-ES-028A-20-8006. Seguem grifados os trechos dessa

norma que dão "status" de projeto às decisões da fiscalização da obra (no canteiro de obras):

"6. EXECUÇÃO

a) A operação de escavação e carga de solo mole compreende:

l - escavação dos materiais conforme as seções transversais de projeto ou de acordo com as

determinações da fiscalização;

ll - transporte e deposição do material removido no local indicado pelo projeto ou pela fiscalização.

b) A escavação de solo mole deve se subordinar aos elementos técnicos fornecidos e constantes das

seções do projeto ou às determinações da fiscalização, a qual pode alterar esses elementos técnicos

em função do material que for sendo encontrado durante a escavação.

c) Neste processo, a escavação deve atingir camadas de solos adequados para as fundações

dosaterros. Caso, a critério da fiscalização, a fundação do aterro, nos níveis de escavação indicados

no projeto, não seja considerada satisfatória, deve ser executada escavação adicional até novos

níveis, sendo, também estes, por ela determinados.(...)"

O mesmo normativo Valec (80-ES-028A-20-8006) estabelece no seu item 11 que será pago o volume

(m³) real extraído da vala, ou seja, a quantidade que for retirada é o volume que será medido pela

fiscalização, mas como é a construtora que executa os serviços de remoção do solo mole, existe a

possibilidade de ser retirada maior quantidade de solo que o necessário, já que não existe projeto para

remoção de solo mole determinando o que seria o quantitativo "necessário".

Em suma, constatou-se que quando existe caracterização prévia de solo mole prevista em projeto

executivo da obra, esta é meramente indicativa não limitando a construtora da obra em quantidades

(extensão, profundidade e largura). Quando não existe sequer a caracterização prevista no projeto da

obra, a fiscalização em campo cuida dessa caracterização (se é solo mole ou não) e também do

dimensionamento do que foi escavado (medição do volume geométrico da cava após a execução do

serviço).

(14)

Em vez desse critério subjetivo na eventual caracterização a cargo da fiscalização de campo, deveria a

supracitada norma da Valec estabelecer estudos prévios à execução de determinado trecho (estacas não

atacadas pela terraplenagem, por exemplo) em áreas de solos compressíveis e em locais de

implantação dos aterros, devendo ser determinadas as espessuras médias das camadas moles e os

valores das coesões e coeficientes de adensamento, obtidos por sondagem e ensaios especiais. Para tal,

o mínimo requerido deveria seguir as determinações contidas na Norma DNER PRO 381/98 - Projeto

de Aterros sobre Solos Moles para Obras Viárias. Tudo isso, ocorrendo numa estrutura administrativa

externa ao canteiro de obras de modo a dar independência no projeto/solução desse aterro sobre solo

compressível, como uma projetista, gerenciadora ou consultoria de especialistas da própria Valec

(Superintendência de Projetos).

CAMADA DRENANTE EM RACHÃO PARA FUNDAÇÃO DE ATERRO (ITEM 3.6.1)

-DIMENSIONAMENTO EM CAMPO

Constataram-se acréscimos (aditivos) de volumes de material drenante (rachão) em quantidades

superiores às previstas nos projetos executivos dos lotes 1S (90,32 %), 2S (113,79 %) e 3S (36,98 %).

Esse material é aplicado nas cavas (buracos) provenientes de escavações de locais identificados como

solo mole ou inservível. O projeto da denominada "fundação de aterro" da ferrovia está sendo

realizado pela fiscalização da obra (em campo) infringindo o disposto no art. 12, inciso III da Lei de

Licitações. Os quantitativos atuais de planilha aumentaram (aditivo) em valores significativos (R$ 35

milhões), a saber:

3.6.1 Camada drenante em rachão para fundação de aterro: Rachão D=máx 0,40 m.

Quantidade

Inicial (m³)

Valor

Inicial (R$)

Projeto

Executivo

(m³)

Quantidade

Atual (m³)

Valor Atual

(R$)

Acréscimo

ao Projeto

Executivo

(%)

Acréscimo

de Valor ao

Contrato

Inicial (R$)

1S

123.057,00

3.961.204,

83

151.604,79 288.536,30

9.287.983,5

0

90,32%

5.326.778,6

7

2S

32.514,00

1.190.662,6

8

118.917,00 254.236,40

9.310.137,0

7

113,79%

8.119.474,3

9

3S

110.307,00

3.604.832,7

6

578.874,00 792.921,27

25.912.667,

10

36,98%

22.307.834,

34

4S

86.144,30

2.891.864,1

5

-

86.144,30

2.891.864,1

5

-

-TOTAL/R$

35.754.087,

40

(15)

O incremento generalizado do serviço de camada drenante é consequência automática da execução de

cavas (onde foi retirado solo mole) preenchidas com material pétreo do tipo rachão proveniente de

pedreira.

Entretanto, preencher toda a cava com rachão nem sempre é a solução mais econômica para a obra,

pois, tecnicamente, a cava poderia ser completada com outros materiais drenantes mais econômicos a

depender da indicação de projeto, como areia, solo arenoso ou até mesmo material pétreo proveniente

da própria execução da terraplenagem (material de 3ª categoria). Algumas projetistas, em seus

relatórios executivos indicam essas soluções alternativas (mais econômicas) ao preenchimento

completo das cavas com rachão: projetista lote 2S 0200D-00-1000), projetista lote 3S

(80-RL-0300D-00-1000) e projetista 4S (80-RL-0400 D-00-1001).

A norma Valec: Especificação de Serviço de Infraestrutura: Reaterro de Escavação em Solo Mole:

80-ES-028A-20-8008 também prevê solução de preenchimento das cavas (onde foi retirado solo mole)

com material proveniente de cortes indicados de projeto, entretanto esse normativo deixa a cargo da

fiscalização a utilização (discricionariedade) da referida técnica de reaterro. Em planilha esse serviço é

denominado de "substituição com material granular" (item 3.5.3) e custa a terça parte do preço unitário

do rachão proveniente de pedreira, mas, mesmo assim, é pouco adotado pela fiscalização de cada lote

de construção. Até abril de 2013, consta em planilha o valor acumulado executado desse serviço: lote

1S (R$ 124.803,15), lote 2S (R$ 296.283,59); lote 3S (R$ 335.716,30) e lote 4S (R$ 30.919,42).

Com essa técnica a Valec poderia ter evitado o aumento de quantitativos e valores de planilha que

preveem a "compra" de material drenante do tipo rachão proveniente de pedreira que acumula R$ 35

milhões de reais. Esse valor decorre do aumento (aditivo) de quantitativos de planilha apenas pelo

fornecimento do rachão proveniente de pedreira somando-se os lotes 1S, 2S e 3S.

Ressalte-se que apesar dos expressivos aumentos de material drenante para fundação de aterro em

planilha, os serviços de terraplenagem ainda se encontram em fase inicial: lote 1S (29%); lote 2S

(36%), lote 3S (51%) e lote 4S (28%). Com isso, é possível que novas quantidades de rachão sejam

"compradas" pela Valec com o avanço da terraplenagem e a aprovação de novos aditivos, onerando

ainda mais a planilha orçamentária de cada contrato de construção.

Evidência do dimensionamento (em campo) de volumes de material drenante durante a execução da

obra pode ser obtido na peça "levantamento de campo 1S - rachão" que subsidia a medição e o

pagamento dos volumes de rachão. Nesse documento a supervisora da obra, em auxílio à fiscalização,

realiza o registro do levantamento de quantidades (volume geométrico da cava preenchida) e registra

em croqui o serviço executado pela construtora. Essa metodologia demonstra que na omissão de

previsão em projeto executivo a contratada executa o quantitativo que entender pertinente, e que será

medido pela fiscalização da obra.

Outra conclusão que se pode extrair da tabela supracitada é que os quantitativos do projeto executivo

de cada lote são meramente indicativos, não existindo obrigação imposta pela fiscalização à

construtora quanto às dimensões da camada drenante referentes a extensão, profundidade e largura

(dimensionamento).

(16)

O processo de dimensionamento para a execução do serviço de camada drenante em rachão para

fundação de aterro (3.6.1) a critério da fiscalização é indevidamente referendado pela própria norma

Valec: Especificação de Serviço de Infraestrutura: Colchão Drenante: 80-ES-028A-19-8001. Seguem

grifados os trechos dessa norma que dão "status" de projeto às decisões da fiscalização da obra (no

canteiro de obras):

"4. MATERIAL

a) O colchão drenante será executado em material granular ou rachão, conforme definido em projeto

ou determinação da fiscalização."

Sobre esse assunto, por meio do item 9.1.3 do Acórdão 2467/2012-TCU-Plenário (Fiscobras 2012), o

Tribunal já determinou à Valec a exclusão da expressão "ou determinação da fiscalização" do referido

normativo:

"9.1.3. comprove a exclusão do item 4.a da norma "Valec 80-ES-028A-19-8001 - Colchão Drenante",

a expressão "ou determinação da fiscalização", a qual contraria o disposto no art. 6º, inciso IX, da

Lei 8.666/93, por permitir alterações do projeto básico por atos da fiscalização;"

Sobre esse mesmo assunto, referindo-se especificamente ao lote 2S, por meio do item 9.1.1.2.4 do

Acórdão 2692/2011-TCU-Plenário, o TCU determinou a audiência dos responsáveis por:

"9.1.1.2.4. utilização indevida de rachão no lote 2S em locais onde poderiam ser aplicados materiais

mais econômicos;"

Com isso, verifica-se que esse tipo de ato antieconômico é recorrente na estatal e acaba onerando os

contratos de construção em desfavor do Erário. Dessa forma, ou a estatal está descumprindo

determinação do TCU para retirar a discricionariedade da fiscalização no dimensionamento de colchão

drenante previsto no normativo Valec ou não está exigindo o cumprimento do próprio normativo

alterado 80-ES-028A-19-8001 (colchão drenante) que exige projeto prévio para execução de drenos

com rachão.

TRANSPORTE DE RACHÃO (ITEM 3.6.3) - DESCONFORME INDICAÇÃO DE PROJETO

Constatou-se utilização de distâncias médias de transporte (DMT) de rachão e de transporte de brita

para lastro fora das distâncias indicadas no projeto executivo dos lotes 1S, 2S, 3S e 4S. Com isso,

estão sendo adotadas distâncias médias de transporte maiores que as indicadas nos projetos executivos

onerando as planilhas orçamentárias dos contratos de construção e infringindo o disposto no art. 12,

inciso III combinado com o art. 9, inciso I da Lei de Licitações. Dessa forma, os quantitativos atuais de

transporte de rachão (3.6.3) em planilha aumentaram (aditivo) em valores que somam R$ 105 milhões,

a saber:

(17)

3.6.3 Camada drenante em rachão para fundação de aterro: Transporte de material para

fundação de aterro.

Da supracitada tabela, verifica-se que as quantidades de transporte previstas em projeto executivo já

foram extrapoladas em 320% para o transporte do rachão no lote 1S, em 18% no lote 2S e 93% no 3S.

Cabe ressaltar que existem outros itens de transporte de material drenante (3.5.4, 5.3.5, 5.4.6),

transporte de brita para lastro (8.1.2.2) e transporte de sublastro em planilha (3.8.4) que não foram

supramencionados, mas também podem estar aumentando indevidamente o custo das obras por conta

da utilização irracional das jazidas indicadas em projeto executivo.

O vultoso aumento nos quantitativos (m³xkm) de transporte de rachão (3.6.3) decorreu da

subutilização das pedreiras indicadas no projeto, potencializado pelo fornecimento desarrazoado de

rachão (material nobre) em camadas drenantes (conforme relatado no tópico anterior). A subutilização

de pedreiras indicadas no projeto pode ser evidenciada comparando-se as indicações do projeto

executivo (PE) com as utilizações em cada lote:

PE Lote 1S (80-RL-0100D-00-1000): indica utilização de 2 pedreiras (Britagran e Britago), mas a

fiscalização da Valec até fevereiro de 2013 utilizou-se apenas de uma (Britago), o que provocou

aumento das distâncias médias de transporte. Conforme Nota Técnica

4/2013-CEA-RFC-SUCON-GOIANIRA, o prejuízo ocasionado pelo transporte antieconômico supera R$ 17 milhões. Até abril de

2013 o item de planilha 3.6.3: transporte de material para fundação de aterro encontra-se aditivado em

320% em relação ao projeto executivo e em relação ao valor inicial do contrato houve acréscimo de R$

23.089.086,02;

Quantidade

Inicial

(m³.km)

Valor

Inicial (R$)

Projeto

Executivo

(m³.km)

Quantidade

Atual

(m³.km

Valor Atual

(R$)

Acréscimo

ao Projeto

Executivo

(%)

Acréscimo

de Valor ao

Contrato

Inicial (R$)

1S

1.189.252,0

0

1.308.177,2

0

5.277.362,7

4

22.179.330

,20

24.397.263,

22

320,27%

23.089.086,

02

2S

1.482.629,0

0

1.601.239,

32

17.427.737,

00

20.639.797,

24

22.290.981,

01

18,43%

20.689.741,

69

3S

973.948,00

1.042.124,

36

30.444.370,

13

58.837.207,

44

62.955.811

,96

93,26%

61.913.687,

60

4S

3.444.644,5

7

3.789.109,0

3

-3.444.644,5

7

3.789.109,

03

-

-TOTAL

(R$)

105.692.51

5,31

(18)

PE Lote 2S (80-RL-0200D-00-1000.rev.7): indica utilização de 3 pedreiras (Encosta, Bauzinho e

Cezarina), mas a fiscalização utilizou-se apenas uma (Goyaz Britas - não indicada em projeto

executivo). Dessa forma, as DMT de brita para lastro alcançaram até 190 km, e o transporte de 1

m³.km (ao preço unitário de R$ 1,20) do material "brita para lastro" chega a custar mais de 6x (R$

228,00) o valor do fornecimento de 1 m³ de brita para lastro (R$ 35,42), ou seja, a Valec paga mais

pelo transporte do que pelo próprio material fornecido, sem necessidade;

PE Lote 3S (80-RL-0300D-00-1000 rev.3): indica utilização de 4 pedreiras (Fortaleza (P1), Goyaz

Britas, Serra Cavalcante, Fortaleza (P3)), mas a fiscalização utiliza-se de apenas 2 (Fortaleza e

Canteiro Industrial), provocando aumento das distâncias médias de transporte. Até abril de 2013 o

item de planilha 3.6.3: transporte de material para fundação de aterro encontra-se acumulado em 93%

em relação ao projeto executivo e em relação ao valor inicial do contrato houve acréscimo de R$

61.913.687,60;

PE Lote 4S (80-RL-0400 D-00-1001 rev.1): indica utilização de 2 pedreiras (Quirinópolis e Líder

Britas), mas a fiscalização utiliza-se para fins de medição e pagamento de transporte de rachão e

colchão drenante apenas uma (Quirinópolis). Nesse item de planilha a equipe de auditoria do TCU

também identificou superfaturamento decorrente de quantitativo inadequado (pagamento de transporte

da pedreira de Quirinópolis (DMT maior) quando evidenciado transporte proveniente da pedreira

Líder Britas (DMT menor)), entretanto essa irregularidade será relatada em outro achado de auditoria.

Até abril de 2013 o item de planilha 3.6.3: transporte de material para fundação de aterro encontra-se

com o total acumulado em 98% em relação ao valor inicial do contrato, mesmo com a terraplenagem

em 28%, o que indica que esse item de planilha encontra-se exaurido aguardando aprovação de novo

aditivo pela Valec (por isso a tabela supracitada ainda não indica acréscimo de valor no lote 4S);

O próprio normativo da Valec contribui para o acréscimo das quantidades de transporte em planilha na

medida em que delega ao particular contratado (consórcio construtor) a responsabilidade pela operação

e pela escolha das ocorrências aprovadas em projeto executivo, nos termos da Norma Geral Ambiental

da Valec: Extração de Materiais de Construção (NGL-5.03.01-16.006):

"4.2. Seleção das Ocorrências

Caberá às Construtoras, de acordo com as pesquisas por elas realizadas, decidir pela utilização das

ocorrências de material de construção indicadas em projeto, adquirir em empresas já instaladas, ou

optar por extrações em novas áreas, respeitadas as condições estabelecidas no parágrafo a seguir.

(...) O licenciamento para pesquisa e extração de materiais de construção junto ao Departamento

Nacional de Produção Mineral (DNPM) e aos órgãos ambientais competentes será de inteira

responsabilidade das Construtoras, não sendo seus custos objeto de medição ou pagamento."

Como os critérios Valec de medição e pagamento pelo transporte de material decorrem do que foi

efetivamente realizado, as distâncias de transporte maiores que as distâncias indicadas em projeto

(19)

acabam sendo as mais adotadas, a saber:

a) substituição de pedreira para lastro e material drenante indicada em projeto (Encosta) por outra

pedreira não indicada no projeto executivo do lote 2S (Goyaz Britas) por determinação do ex-diretor

de engenharia da Valec (ver peça Carta 432/2011-Diren/Valec). Os critérios da Valec para substituição

dessa pedreira indicada no projeto estão sendo questionados no processo Fiscobras 2011, onde o TCU

já se manifestou preliminarmente por meio do Acórdão 2.692/2011-TCU-Plenário;

b) dificuldade do consórcio em localizar a jazida de sublastro indicada no projeto, dificuldades na

averbação de reserva legal de propriedade em que se localiza a jazida de sublastro, dificuldade de

negociação com proprietário (ver peça CONSLT-02-ES/CE/047/2013). Conforme já foi citado a

responsabilidade pela operação e pela escolha das ocorrências aprovadas em projeto executivo, nos

termos da Norma Geral Ambiental da Valec: Extração de Materiais de Construção

(NGL-5.03.01-16.006), é da construtora da obra, e não da Valec;

Circularizando informações junto às pedreiras comerciais adjacentes ao traçado projetado da ferrovia,

convém registrar manifestação de disponibilidade e interesse no fornecimento de brita e/ou rachão para

as obras da FNS no lote 1S por proprietário de pedreira (Britagran) indicada em projeto executivo

(distâncias menores de transporte), porém não utilizada pela Valec/Consórcio Construtor no lote 1S

(ver peça resposta pedreira ao ofício 3-205-TCU-Secob).

(20)

3.5.1.1 REMOÇÃO E SUBSTITUIÇÃO DE SOLO MOLE: Escavação Carga e Descarga: 0 a 4 m

Quantidade

Inicial (m³) Valor Inicial (R$) Projeto Executivo (m³)

Quantidade

Atual (m³) Valor Atual (R$)

Acréscimo ao Projeto Executivo (%) Acréscimo de Valor ao Contrato Inicial (R$) Valor Financeiro Acumulado até abril

de 2013 (R$)

Percentual Financeiro Acumulado até abril de

2013 (%)

Percentual de Terraplenagem acumulado até abril de

2013 Lote 1S 280.355,00 2.192.376,10 151.604,79 344.615,67 2.694.894,54 127,31% 502.518,44 2.481.492,48 92,08% 29,49% Lote 2S 205.292,00 1.582.801,32 234.169,00 488.898,00 3.769.403,58 108,78% 2.186.602,26 1.982.858,15 52,60% 36,30% Lote 3S 300.903,00 2.286.862,80 578.874,00 1.204.069,16 9.150.925,61 108,00% 6.864.062,81 7.235.021,55 79,06% 50,98% Lote 4S 264.321,87 2.066.997,02 481.650,96 264.321,87 2.066.997,02 - 0,00 525.795,34 25,44% 28,13% TOTAL ACRÉSCIMO (R$) 9.553.183,51

3.6.1 CAMADA DRENANTE EM RACHÃO PARA FUNDAÇÃO DE ATERRO: Rachão D=máx 0,40 m

Quantidade

Inicial (m³) Valor Inicial (R$) Projeto Executivo (m³)

Quantidade

Atual (m³) Valor Atual (R$)

Acréscimo ao Projeto Executivo (%) Acréscimo de Valor ao Contrato Inicial (R$) Valor Financeiro Acumulado até abril

de 2013 (R$)

Percentual Financeiro Acumulado até abril de

2013 (%)

Percentual de Terraplenagem acumulado até abril de

2013 Lote 1S 123.057,00 3.961.204,83 151.604,79 288.536,30 9.287.983,50 90,32% 5.326.778,67 4.606.691,19 49,60% 29,49% Lote 2S 32.514,00 1.190.662,68 118.917,00 254.236,40 9.310.137,07 113,79% 8.119.474,39 5.768.418,98 61,96% 36,30% Lote 3S 110.307,00 3.604.832,76 578.874,00 792.921,27 25.912.667,10 36,98% 22.307.834,34 18.812.693,90 72,60% 50,98% Lote 4S 86.144,30 2.891.864,15 - 86.144,30 2.891.864,15 - - 1.339.419,46 46,32% 28,13% TOTAL ACRÉSCIMO (R$) 35.754.087,40

3.6.3 CAMADA DRENANTE EM RACHÃO PARA FUNDAÇÃO DE ATERRO: Transporte de Material para Fundação de Aterro

Quantidade

Inicial (m³.km) Valor Inicial (R$) Projeto Executivo

(m³.km)

Quantidade

Atual (m³.km) Valor Atual (R$)

Acréscimo ao Projeto Executivo (%) Acréscimo de Valor ao Contrato Inicial (R$) Valor Financeiro Acumulado até abril

de 2013 (R$)

Percentual Financeiro Acumulado até abril de

2013 (%)

Percentual de Terraplenagem acumulado até abril de

2013 Lote 1S 1.189.252,00 1.308.177,20 5.277.362,74 22.179.330,20 24.397.263,22 320,27% 23.089.086,02 7.764.205,57 31,82% 29,49% Lote 2S 1.482.629,00 1.601.239,32 17.427.737,00 20.639.797,24 22.290.981,01 18,43% 20.689.741,69 10.902.633,40 48,91% 36,30% Lote 3S 973.948,00 1.042.124,36 30.444.370,13 58.837.207,44 62.955.811,96 93,26% 61.913.687,60 38.474.438,54 61,11% 50,98% Lote 4S 3.444.644,57 3.789.109,03 - 3.444.644,57 3.789.109,03 - - 3.743.658,77 98,80% 28,13% TOTAL ACRÉSCIMO (R$) 105.692.515,31

(21)

LOTE 1S – COLCHÃO DRENANTE FINALIZADO

LOTE 2S – BOTA FORA DE SOLO MOLE

LOTE 3S – RACHÃO

LOTE 4S – CAVA ORIUNDA DE REMOÇÃO DE SOLO MOLE

(22)

3.1.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

(IG-C) - Contrato 64/2010, 22/12/2010, Execução, sob regime de empreitada por preço unitário de

obras e serviços de engenharia para implantação do sub-trecho da Ferrovia Norte-Sul - Extensão Sul ,

compreendido entre Ouro Verde /GO(km 0 + 000) a Estrela do Oeste (km 669 + 550). Lote 1S - de

Ouro Verde/GO (km 0 + 000) até Rodovia GO-156 (km 111 + 219), Construtora Aterpa Ltda.

(IG-C) - Contrato 67/2010, 24/1/2011, Execução, sob regime de empreitada por preço unitário de

obras e serviços de engenharia para implantação do sub-trecho da Ferrovia Norte-Sul - Extensão Sul ,

compreendido entre Ouro Verde /GO(km 0 + 000) a Estrela do Oeste (km 669 + 550). Lote 4S - da

Ponte sobre o Córrego Cachoeirinha (km 386 + 660) até a Ponte sobre o Rio Arantes (km 527 + 640),

Constran S.A. Construções e Comércio.

(IG-C) - Contrato 66/2010, 22/12/2010, Execução, sob regime de empreitada por preço unitário de

obras e serviços de engenharia para implantação do sub-trecho da Ferrovia Norte-Sul - Extensão Sul ,

compreendido entre Ouro Verde /GO(km 0 + 000) a Estrela do Oeste (km 669 + 550). Lote 3S - da

Ponte sobre o Rio Verdão (km 250 + 720) até a Ponte sobre o Córrego Cachoeirinha (km 386 + 660),

Construções e Comércio Camargo Corrêa S.A.

(IG-C) - Contrato 65/2010, 21/12/2010, Execução, sob regime de empreitada por preço unitário de

obras e serviços de engenharia para implantação do sub-trecho da Ferrovia Norte-Sul - Extensão Sul ,

compreendido entre Ouro Verde /GO(km 0 + 000) a Estrela do Oeste (km 669 + 550). Lote 2S - da

Rodovia GO-156 (km 111 + 219) até a Ponte sobre o Rio Verdão (km 250 + 720), Pavotec

Pavimentação e Terraplenagem Ltda.

3.1.4 - Causas da ocorrência do achado:

Delegação à fiscalização (Valec e Supervisora) de solução técnica de engenharia não prevista em

projeto executivo - caracterização e dimensionamento de solo mole e de camadas drenantes

Delegação à fiscalização (Valec e Supervisora) da adoção de distâncias médias de transporte

alternativas - desconforme indicação de projeto

Delegação à construtora decidir pela utilização das ocorrências de material indicadas em projeto

-jazida de lastro, sublastro e material drenante

Subutilização de jazidas indicadas em projeto

3.1.5 - Efeitos/Conseqüências do achado:

Medições antieconômicas atestando quantidades de serviços de remoção de solo mole, execução de

camada drenante e transporte de material (efeito real) - desconforme indicação de projeto executivo

Atingir os 25% legalmente aditáveis sem concluir o objeto do contrato (efeito potencial)

(23)

3.1.6 - Critérios:

Acórdão 2692/2011, item 9.1.1.2.4, Tribunal de Contas da União, Plenário

Acórdão 2467/2012, item 9.1.3, Tribunal de Contas da União, Plenário

Instrução Normativa 1/2007, Ministério dos Transportes, art. 11, § 6º; art. 12

Lei 8666/1993, art. 9º, inciso I; art. 12, inciso III

Norma Técnica - Projeto de Aterros sobre Solos Moles para Obras Viárias - DNER PRO 381/98

3.1.7 - Evidências:

Planilha Lote 1S - Contrato 64/2010/Valec.

Planilha Lote 2S - Contrato 65/2010/Valec.

Planilha Lote 3S - Contrato 66/2010/Valec.

Planilha Lote 4S - Contrato 67/2010/Valec.

Relatorio PE 1S (80-RL-0400D-00-1001) - parte 1.

Relatorio PE 1S (80-RL-0400D-00-1001) - parte 2.

Relatorio PE 2S (80-RL-0200D-00-1000) - parte 1.

Relatorio PE 2S (80-RL-0200D-00-1000) - parte 2.

Relatorio PE 2S (80-RL-0200D-00-1000) - parte 3.

Relatorio PE 2S (80-RL-0200D-00-1000) - parte 4.

Relatorio PE 2S (80-RL-0200D-00-1000) - parte 5.

Relatorio PE 3S (80-RL-0300D-00-1000).

Relatorio PE 4S (80-RL-0400D-00-1001) - parte 1a.

Relatorio PE 4S (80-RL-0400D-00-1001) - parte 1b.

Relatorio PE 4S (80-RL-0400D-00-1001) - parte 1c.

Relatorio PE 4S (80-RL-0400D-00-1001) - parte 2.

Relatorio PE 4S (80-RL-0400D-00-1001) - parte 3.

Especificao Valec Remocao Solo Mole.

Justificativas 1S ao 4TAC(solo mole-rachao-transporte).

Justificativas 2S ao 4TAC (solo mole rachao-transporte) - parte 1.

Justificativas 2S ao 4TAC (solo mole rachao-transporte) - parte 2.

Justificativas 3S ao 5TAC(solo mole-rachao-transporte) - parte 1.

Justificativas 3S ao 5TAC(solo mole-rachao-transporte) - parte 2a.

Justificativas 3S ao 5TAC(solo mole-rachao-transporte) - parte 2b.

(24)

Justificativas 3S ao 5TAC(solo mole-rachao-transporte) - parte 3.

Justificativas 3S ao 5TAC(solo mole-rachao-transporte) - parte 4.

Justificativas 3S ao 5TAC(solo mole-rachao-transporte) - parte 5.

Liberação de Solo Mole(controle de campo 1S).

Planilha Rachao 1S 2S 3S 4S.

Ata 001-2013 - passivo rachao-solo-mole-trasnporte.

Ata de Reuniao 006-2013 - cumprimento de especificacoes 1S.

NOTA TÉCNICA - 002-2013(DMT brita lastro 1S).

OFÍCIO ECOP-FNS - 0611-2013 (DMT rachao).

Ofício TFF 60/2013-Valec.

NT Valec 004-2013 - DMT(estorno 17 milhoes) 1S.

Especificação Valec Colchao Drenante.

Especificação Valec Reaterro Solo Mole.

Resposta fiscalizacao Valec 2S as cartas CONS LT- 02-ES-CE-044-2013.

2S - Sublastro 2013-carta de recusa-dificuldades.

Carta DIREN Pedreiras (Carta 4322011-DirenValec).

DMT - Depósito de Lastro de Brita (190 km - 2S).

Resposta pedreira ao ofício 3.205-TCU-Secob.

Vega - Resposta Ata de Reunião solucao drenagem.

Norma Valec - Escolha Jazida Construtora.

DNER - PRO 381-98 (projeto aterro solo mole).

3.1.8 - Esclarecimentos dos responsáveis:

Questionada sobre a medição dos serviços de transporte de lastro e rachão em desacordo com o

previsto em projeto, a Valec respondeu, por intermédio do Memorando 631/2013-Sucon, que foi

apurado um prejuízo de R$ 17 milhões na Nota Técnica 004/2012-CEA-RFC-SUCON-GOIANIRA,

datada de 21 de maio de 2013, e que em face das informações apresentadas na referida nota, a

Diretoria de Engenharia está montando comissão específica para estudo do problema.

Registrou ainda por intermédio do mesmo memorando que a comissão a ser instituída pela Valec deve

ser composta por engenheiros civis e um advogado, e o escopo das atividades deve abranger a

realização de análises, apuração de responsabilidades e definição de ações administrativas necessárias.

3.1.9 - Conclusão da equipe:

Os acréscimos de valores nos contratos de obra levantados pela equipe de auditoria não se referem a

superfaturamento, já que não foi questionado, nesse achado, a liquidação irregular da despesa em itens

(25)

das planilhas orçamentárias. Entretanto, revelam o custo adicional das obras decorrente de ato

antieconômico da Administração representado por adoção de soluções mais onerosas de drenagem,

transporte e compra de material (rachão) de pedreira. Dessa forma, optou-se por classificar as

irregularidades suscitadas como gestão temerária do empreendimento, já que estão intrínsecamente

ligadas à gestão da Valec, onerando, até abril de 2013, o valor inicial (p0) dos contratos 65/2010 (lote

2S), 66/2010 (lote 3S) e 67/2010 (lote 4S) em mais de R$ 150 milhões. Esse valor refere-se a apenas 3

itens de planilha de cada contrato analisados pela equipe de auditoria: remoção e substituição de solo

mole (3.5.1.1), camada drenante em rachão (3.6.1) e transporte de rachão (3.6.3).

Poder-se-ia alegar a insuficiência nos projetos executivos das obras, como justificativa para adoção de

soluções alternativas em campo, entretanto as projetistas também recomendam soluções mais

econômicas do que as que vem sendo adotadas em campo (drenos transversais, espinhas de peixe, etc).

Outro exemplo de economicidade seria a adoção da técnica de reaterro de escavação em solo mole

prevista no normativo Valec Especificação de Serviço de Infraestrutura: Reaterro de Escavação em

Solo Mole: 80-ES-028A-20-8008 que prevê solução de preenchimento das cavas (onde foi retirado

solo mole) com material proveniente de cortes indicados de projeto, entretanto esse normativo deixa a

cargo da fiscalização a utilização (discricionariedade) da referida técnica de reaterro.

Também merecem destaque as recentes mudanças (2013) identificadas nos recursos humanos nos

escritórios de fiscalização da Valec (Valec e Supervisora) identificados nos lotes 1S e 2S com vistas a

retomar a titularidade pela gestão e controle da planilha orçamentária dos contratos de construção no

que se refere às diretrizes de execução de serviços de camada drenante em rachão, remoção de solo

mole e distâncias médias de transporte indicadas em projeto. A seguir alguns documentos que

registram a modificação positiva adotada pela Valec na fiscalização dos lotes 1S e 2S a partir deste

2013:

Lote 1S ata de reunião n. 1/2013, Goianira/GO, 23 de abril 2013: registra os "passivos" do rachão,

solo mole e transporte de rachão em análise pela supervisora da obra; ata de reunião n. 6/2013,

Goianira/GO, 17 de abril 2013: registra a importância do cumprimento das normas e especificações da

Valec e ao atendimento aos órgão controladores para o bom desenvolvimento do empreendimento;

nota técnica 2/2013-CEA-RFC-SUCON-GOIANIRA, 22 de abril de 2013: registra o estudo na

diminuição das distâncias medias de transporte previstas para o transporte de lastro proveniente de

pedreira de projeto; ofício TFF 60/2013-Valec, 6 de maio de 2013, e carta ECOP-FNS-611/2013, 29

de abril de 2013, registram necessidade de estabelecer distâncias médias de transporte mais

econômicas para o transporte de rachão e da brita para lastro, conforme orientação de projeto; nota

técnica 4/2013-CEA-RFC-SUCON-GOIANIRA de 21 de maio de 2013, registra medição de

transporte de material granular, rachão e brita para lastro em desacordo com o projeto executivo do

lote 1S que ocasionou prejuízo de 17 milhões, além de sugerir estorno à Diretoria de Engenharia da

Valec;

Lote 2S ata de reunião de 3/5/2013: dúvidas do projeto, supervisora do lote 2S esclarece que devem

ser mantidas as soluções de projeto no sentido de se realizar a drenagem prévia dos locais com água

acumulada, assim como recomenda adoção de valetas transversais e longitudinais espaçadas em vez de

solução colchão drenante (mais onerosa para o contrato); resposta da fiscalização às cartas CONS

ES/CE/044/2013, CONS ES/CE/043/2013, CONS ES/CE/042/2013 e CONS

(26)

LT-02-ES/CE/040/2013 que registra a necessidade de adoção das soluções de projeto em serviços de

drenagem (drenos do tipo espinha de peixe), assim como estabelece controle de espessuras em locais

caracterizados com presença de solo compressível (mole);

Mesmo assim, até o fechamento desse relatório de fiscalização os estornos recomendados pela Valec

na nota técnica 4/2013-CEA-RFC-SUCON-GOIANIRA (R$ 17 milhões) ainda não foram realizados,

o relatório da comissão específica instituída pela Valec para apurar o prejuízo de R$ 17 milhões no

contrato 64/2010 (conforme memorando 631/2013-Sucon) ainda não tinha sido finalizado, novas

jazidas indicadas em projeto ainda não tinham sido viabilizadas pela estatal de modo a diminuir as

distâncias médias de transporte e também não houve solução definitiva uniforme quanto à

caracterização de solos compressíveis e dimensionamentos de camadas drenantes. A efetividade das

supracitadas medidas adotadas pela fiscalização dos lotes 1S e 2S, em campo, depende de articulação

institucional da Valec no sentido de adotar providências contratuais junto às empresas construtoras, no

caso de desatendimento às normas legais e contratuais.

Nos lotes 3S e 4S não foram encontrados documentos que comprovem que a Valec retomou a

titularidade pela gestão e pelo controle da planilha orçamentária dos contratos de construção 66/2010 e

67/2010 no que se refere às diretrizes de execução de serviços de camada drenante em rachão,

remoção de solo mole e distâncias médias de transporte indicadas em projeto.

Quanto ao não apontamento de responsáveis e de não proposição de audiências regimentais,

vislumbra-se que a Valec possa solucionar as irregularidades identificadas pelo TCU tomando

providências gerenciais no sentido ampliar as medidas que a estatal já vem adotando no início de 2013

nos lotes 1S e 2S para os lotes 3S e 4S, assim como fazer cumprir as distâncias médias de transporte

(mais econômicas) e as soluções de engenharia (mais econômicas) previstas nos projetos executivos de

cada lote.

Com isso, de modo a evitar maiores prejuízos decorrentes de atos antieconômicos em cada lote de

obra, será determinado a Valec que apresente ao TCU, em 60 dias, as providências adotadas no intuito

de estabelecer controle rigoroso e uniforme na medição de serviço de remoção de solo mole (3.5.1.1),

serviço de camada drenante em rachão (3.6.1) e serviço de transporte de materiais (3.5.4, 3.8.4, 5.3.5,

5.4.6 e 8.1.2.2) nos contratos de construção 64/2010 (lote 1S), 65/2010 (lote 2S), 66/2010 (lote 3S) e

67/2010 (lote 4S) baseados em critérios objetivos, registrando em normativo próprio diretrizes para:

a) caracterizar solo mole (compressível) com base em sondagens e ensaios prévios à remoção de

camadas;

b) dimensionar solo mole e camadas drenantes com base em projetos elaborados previamente à

execução da obra;

c) seguir as orientações mais econômicas do projeto executivo no que se refere ao dimensionamento de

drenos e na adoção de distâncias de transporte de lastro, sublastro e drenos;

Também será proposto determinação à estatal para que no mesmo prazo apresente ao TCU as

providências adotadas quanto à otimização das distâncias médias de transporte (DMT) levando em

consideração as ocorrências indicadas nos projetos executivos dos lotes/contratos 66/2010 (lote 3S) e

67/2010 (lote 4S) no mesmo sentido que a Valec já vem adotando na fiscalização dos contratos

64/2010 (lotes 1S) e 65/2010 (lote 2S) a partir de 2013, a exemplo das orientações expedidas na nota

(27)

técnica Valec 4/2013-CEA-RFC-SUCON-GOIANIRA de 21 de maio de 2013 e nota técnica Valec

2/2013-CEA-RFC-SUCON-GOIANIRA de 22 de abril de 2013.

Quanto aos lotes 1S e 2S, apesar de a Valec estar tomando medidas com vistas a retomar a gestão das

quantidades nos contratos de construção, não apresentou até a finalização desse relatório de auditoria

nenhuma providência concreta, ou seja, ainda não comprovou a adoção de jazidas com DMT menores.

Com isso, faz-se necessário ainda propor determinação à estatal para que no mesmo prazo apresente ao

TCU as providências adotadas quanto as orientações contidas na nota técnica Valec

4/2013-CEA-RFC-SUCON-GOIANIRA de 21 de maio de 2013 e na nota técnica Valec

2/2013-CEA-RFC-SUCON-GOIANIRA, de 22 de abril de 2013, no que se refere à gestão dos contratos 64/2010 e

65/2010.

3.2 - Superfaturamento decorrente de quantitativo inadequado.

3.2.1 - Tipificação do achado:

Classificação - grave com recomendação de continuidade (IG-C)

Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO - A situação verificada não se

enquadra dentre as previstas no art. 93, §1°, inciso IV, da Lei 12.708/2012 (LDO 2013), aptas a ensejar

o bloqueio da execução física, orçamentária e financeira dos contratos, pois o dano identificado não é

materialmente relevante em relação ao valor total do contrato.

3.2.2 - Situação encontrada:

Constatou-se superfaturamento decorrente de quantitativo inadequadopara os serviços de

transporte de materiais pétreos (itens 3.6.3 e 8.1.2.2) na planilha do contrato de obra 67/2010

(lote 4S). A equipe de auditoria verificou em campo que a distância média de transporte (DMT)

para os materiais pétreos é de 25,1 km para rachão e 4,5 km para brita, entretanto, as medições

realizadas pela Valec no âmbito do Contrato 67/2010 indicam uma DMT de 85,3 km para rachão

e 79,4 km para brita. O valor total do prejuízo ao Erário, até abril de 2013, soma R$

2.235.921,14 (data base setembro de 2009).

Constam na planilha do Contrato 67/2010/Valec, referente ao lote 4S da Ferrovia Norte Sul - Extensão

Sul, os serviços de transporte de material (Pedra Marroada ou Rachão) para fundação de aterro (item

3.6.3) e transporte de brita para lastro (item 8.1.2.2). Tais serviços são remunerados de acordo com o

volume transportado e a distância da origem do material até o local de sua aplicação no eixo da

ferrovia, em metro cúbico por quilômetro. Dessa forma, a planilha prevê os seguintes valores totais

para cada serviço:

SERVIÇO

Q U A N T I D A D E

TOTAL (m³xkm)

V A LOR TO TAL

(R$)

Q U A N T I D A D E

M E D I D A A T É

A B R I L / 2 0 1 3

( m ³ x k m )

VALOR MEDIDO

ATÉ ABRIL/2013

(R$)

Referências

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