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OCORRÊNCIA DE CYTAUXZOONOSE EM FELINO DOMESTICO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

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Academic year: 2021

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OCORRÊNCIA DE CYTAUXZOONOSE EM FELINO DOMESTICO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

OCCURRENCE OF CYTAUXZOONOSE IN DOMESTIC FELINE IN THE MATO GROSSO DO SUL STATE

Polliana Alves FRANCO1, Débora GARCIA2, Antonio SOUZA FILHO3, Verônica Jorge BABO TERRA4, Carlos Alberto Nascimento RAMOS5

1 Médica veterinária, Mestre em Ciência Animal pela UFMS. vetanalisa@gmail.com 2 Médica veterinária, especialista em Clínica e Cirurgia de pequenos animais da Clínica

Veterinária Prontodog

3 Aluno de especialização da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul 4 Professor Docente da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul 5 Professor Docente da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Resumo

O Cytauxzoon felis está entre os hematozoários que infectam a espécie felina. A ocorrência deste parasita é relatada frequentemente em diversos países e recentemente vêm sendo observada no Brasil. Os felinos silvestres são considerados hospedeiros assintomáticos enquanto os felinos domésticos apresentam a forma da doença potencialmente letal, motivo pelo qual gera preocupação aos clínicos veterinários de pequenos animais ao se depararem com o diagnóstico laboratorial da infecção. O presente relato descreve o primeiro caso de um felino doméstico infectado pelo parasito Cytauxzoon felis atendido no município de Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

Palavras-chave: Cytauxzoonose, gato, Mato Grosso do Sul Keyword: Cytauxzoonosis, cat, Mato do Grosso do Sul Introdução

Os protozoários da espécie Cytauxzoon felis são classificados taxonomicamente no Reino Protista, no Sub-Reino Protozoa, Filo Apicomplexa, Classe Piroplasmidia e na Família Theileriidae (REY, 2002). A cytauxzoonose é transmitida por ectoparasitas da classe ixodídeos sendo a espécie Dermacentor variabilis o único vetor reconhecido (KIER et al., 1983).

Os organismos da Família Theileriidae possuem um ciclo de vida composto por duas fases, uma de esquizogonia tecidual e outra intra-eritrocítica em seus

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hospedeiros mamíferos. Na fase tecidual desenvolve-se em células retículo-endoteliais retículo-endoteliais, histiócitos ou macrófagos. (KIER et al., 1987). Os microorganismos intra-eritrocitários de C. felis podem se apresentar sob forma de sineta, arredondados à ovalados, em formato de tétrade ou ainda em forma anaplasmóide, com tamanho que varia de 0,5 μm a até 2 μm de diâmetro, visualizado como um único organismo ou em cadeias (COWELL et al.,1988).

Descrição de caso

Em setembro de 2013 foi atendido em uma clínica particular de Campo Grande, um gato sem raça definida, macho, adulto, proveniente da zona rural do município de Corguinho, ambas as cidades estão localizadas no estado de Mato Grosso do Sul. Na anamnese a proprietária descreve que o animal apresentava diminuição do apetite, perda de peso e apatia. Ao exame físico foi possível observar que o animal apresenta-se intensamente prostrado, temperatura retal 39,9 °C, mucosas intensamente ictéricas com presença de petéquias, frequência cardíaca e respiratória normal, linfonodos palpáveis e ausência de ectoparasitas. Foram solicitados hemograma, dosagens de Fosfatase Alcalina Sérica, Gama Glutamil Transferase (GGT), sérica e ultrassonografia abdominal. O paciente foi tratado com doxiciclina 10 mg/kg BID, solução fisiológica intravenosa, transfusão sanguínea devido à anemia grave desenvolvida após tratamento com dipropionato de imidocarb 5 mg/kg por via intramuscular, todavia apesar do tratamento instituído evoluiu para óbito no período de uma semana

A avaliação hematológica apresentou anemia normocítica normocrômica, trombocitopenia, linfopenia absoluta e a presença de piroplasmas em hemácias e monócitos no esfregaço sanguíneo corado pelo método de Panótico. A avaliação bioquímica demonstrou aumento da GGT sem alterações nos níveis de Fosfatase alcalina sérica. Após a detecção dos parasitos foram realizadas avaliações citológicas de linfonodos e medula óssea que demonstraram a presença de esquizontes em macrófagos além de marcante eritrofagocitose. A ultrassonografia revelou esplenopatia, fígado com ecogenicicidade diminuída e vascularização evidenciada, vesícula biliar alterações compatíveis com colangite e rins com discreta perda de limite cortiço medular. Levando em consideração o histórico, exame clínico, testes laboratoriais foram encaminhadas amostras sanguíneas para o laboratório de Biologia molecular da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da

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Universidade Federal de Mato Grosso do Sul afim de realizar a identificação e sequenciamento do parasito.

A amostra de DNA extraída foi submetida à reação de PCR com os primers BT1-F e BT1-R, previamente desenvolvidos por Criado-Fornelio et al (2003) para amplificar uma região do gene 18S rRNA (aproximadamente 400 pb) comum aos gêneros Babesia e Theileria.

Resultados e Discussão

A amplificação por PCR da amostra de DNA obtida a partir do sangue do felino resultou em um fragmento com aproximadamente 400pb, sugerindo-se que tratava-se de um protozoário do gênero Babesia ou Theileria.

Após seqüenciamento do fragmento amplificado obteve-se uma sequência de DNA de aproximadologia com sequência de DNA disponíveis no Genbank observou-se uma homologia de 99% com observou-sequências do gene 18S rRNA de Cytauxzoon felis disponíveis no GenBank sob os números de acesso AF399930, AY679105, AY531524, todos identificados em gatos domésticos provenientes de EUA, L19080 proveniente da África do Sul mas sem informação acerca da fonte de isolamento e GU903911, isolado de Leopardus pardalis no Brasil.

A homologia com sequências de DNA dos gêneros Babesia e Theileria foram inferiores a 92%.

A sequência obtida no presente estudo foi depositada no GenBank sob o número de acesso KT258996.

A Cytauxzoonose felina é uma doença ainda pouco conhecida no Brasil, tendo sido raramente diagnosticada em nosso país. Morfologicamente o Cytauxzoon sp. É confundido com protozoários do Gênero Babesia sp. Por apresentarem características morfológicas semelhantes tornando impressíndível o uso de técnicas moleculares para o diagnóstico etiológico definitivo. Sua primeira descrição no país foi de leões (Panthera leo Linnaeus, 1758) em 1988, mantidos num zoológico no estado do Rio de Janeiro (SOARES, 2001). No exame histopatológico foram observados inúmeros esquizontes em macrófagos, ocluindo parcial ou totalmente a luz de capilares, vênulas e arteríolas de diversos órgãos. A doença foi diagnosticada in vivo em uma onça pintada (Panthera onca Linnaeus, 1758) e num gato-do-mato

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pequeno (Felis tigrina Schereber, 1775), através de avaliação hematoscópica, na qual foram visualizadas formas intra-eritrocíticas típicas de C. felis (SOARES, 2001). Em um estudo sobre as condições sanitárias de gatos urbanos residentes no zoológico da cidade do Rio de Janeiro, a avaliação hematoscópica revelou que 47% destes apresentavam inclusões parasitárias, as quais não puderam ser diferenciadas entre Babesia e Cytauxzoon (MENDES DE ALMEIDA et al., 2004). Maia e colaboradores em 2013 descreveram o primeiro relato Cytauxzoonose felina no Brasil usando técnicas moleculares.

Em Mato Grosso do Sul o presente relato é o primeiro que descreve e identifica a infecção pelo parasito Cytauxzoon felis em felino doméstico e embora não tenha sido observada a presença de carrapatos como os possíveis vetores da protozoário a ocorrência da doença em onças pintadas do pantanal sugere que estas sejam os possíveis hospedeiros da doença na região (WIDMER, 2009; FURTADO et al., 2017).

Os gatos com cytauxzoonose podem apresentar febre alta, dispneia, depressão anorexia, anemia, icterícia que evolui rapidamente, muitas vezes à hipotermia, decúbito, coma e morte. A eritrofagocitose na medula óssea e linfonodos do paciente do estudo foi a possível causa da anemia uma vez que hemólise intra e extravascular também são observadas em outros relatos, ambas as situações são capazes de desencadear o quadro de icterícia (PICHONATO et al., 2004; GUIM et al., 2012) A mortalidade atribuída ao C. felis é elevada a despeito da terapia medicamentosa instituída assim como ocorreu com o gato do presente relato.

Conclusão

O achado do parasito em um felino de Mato Grosso do Sul revela a necessidade de estudos mais aprimorados sobre a parasitose em felídeos domésticos e silvestres da região, bem como serve de alerta aos clínicos veterinários sobre a ocorrência da doença no Estado.

Referências

COWELL, R. L.; PANCIERA, P. J.; FOX, J. C. TAYLOR, R. D. Feline cytauxzoonosis. Compendium of Small Animall Medicine, v.10, p. 731-735. 1988. CRIADO-FORNELIO, A.; MARTINEZ-MARCOS, A.; BULING-SARANÃ,.; BARABA-CARRETERO, J. C. Presence of Mycoplasma haemofelis, Mycoplasma

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haemominutum and piroplasmids in cats from Southern Europe: a molecular study. Veterinary Microbiology. V. 93, p. 307-317. 2003.

FURTADO, M. M.; TANIWAKI, S.A.; METZGER, B.; DOS SANTOS PADUAN, K; O'DWYER, H.L.; DE ALMEIDA JÁCOMO A,T; PORFÍRIO, G. E.; SILVEIRA, L.; SOLLMANN, R.; TÔRRES, N. M.; FERREIRA, NETO J.S. Is the free-ranging jaguar (Panthera onca) a reservoir for Cytauxzoon felis in Brazil? Ticks and Tick-borne Diseases. 2017.

GUIM, T, N.; GUIM, T. N.; GUIM, T. N.; SCHIMITT, B.; BONEL-RAPOSO, J. FERNANDES, C. G. Infecção por citauxzoon felis em felino doméstico. XVII Congresso de iniciação científica da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel.2012. KIER, A. B.; WAGNER, J. E. KIDEN, D. A. The pathology of experimental cytauxzoonosis. Journal Comparative Pathology. V. 97, p. 415-432, 1987.

MAIA, L. M. P.; CERQUEIRA , A. M. F.; MACIEIRA, D. B.; SOUZA, A. M.; MOREIRA, N. S.; SILVA, A. V.; MESSICK, J. B. ; FERREIRA, R. F. F.; ALMOSNY, N. R. P. Cytauxzoon felis and 'Candidatus Mycoplasma haemominutum' coinfection in a Brazilian domestic cat (Felis catus). Revista Brasileira Parasitologia Veterinária. v.22, n.2, 2013.

MENDES DE ALMEIDA, F.; FARIA, M.C.; BRANCO, A, S,; SERRÃO, M. L.; SOUZA, A. M.; ALMOSNY, N.; CHAME, M. LABARTE, N. Sanitaary conditions of a colony of urban feral cats (Felis cattus Linnaeus, 1758) in a zoological garden of Rio de Janeiro, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical. São Paulo, v. 46, n. 5, p.

269-274, 2004.

PICHOTANO, M. E.; VARZIM, F. L. S. B.; SILVA, M. A. M. L. Citauxzoonose ralato de caso. Revista Brasileira de Parasitologia veterinária. vol. 13, n.1, setembro, 2004. REY, L. Bases da Parasitologia Médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 410, 2002.

SOARES, C. O. cytauxzoonose é diagnosticada e isolada pela primeira vez na America Latina. Revista Clínica Veterinária, v. 32, o. 56-58, 2001.

WIDMER, C. E. Perfil sanitário de onça-pintadas (Panthera onça) de vida livre no Pantanal Sul do Mato Groso do Sul- Brasil.Tese de Mestrado em Epidemiologia Experimantal Aplicada às Zoonoses. USP, 2009.

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