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Produtividade agroeconômica de cultivares de alface cultivadas com dois espaçamentos entre plantas na fileira

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Academic year: 2021

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Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Vol 9, No. 4, Nov 2014

1 16833 - Produtividade agroeconômica de cultivares de alface cultivadas com

dois espaçamentos entre plantas na fileira

Agroeconomic productivity of lettuce cultivars with two lengths among plants

TORALES, Elissandra Pacito1; HEREDIA ZÁRATE, Néstor Antonio1; VIEIRA, Maria do Carmo1; TIBA, Meire Mayumi; MORENO, Leandro Bassi; Laís Lima de Luqui

1Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS, ninapacito@hotmail.com; nestorzarate@ufgd.edu.br; mariavieira@ufgd.edu.br; meiretiba@hotmail.com; leandrobmoreno@hotmail.com; laís_luqui@hotmail.com

Resumo: O objetivo do trabalho foi avaliar os cinco cultivares de alface (Americana, Brasil,

Crespa, Delicia e Luisa), cultivadas com dois espaçamentos entre plantas no canteiro (20 e 25 cm). Os tratamentos foram arranjados como fatorial 5 x 2, no delineamento experimental de blocos casualizados, com três repetições. A massa fresca de plantas de alface com “cabeça” comercial foi influenciada significativamente pela interação espaçamento entre plantas e cultivares. No desdobramento da interação observou-se efeito das cultivares nos espaçamentos, obtendo as maiores produtividades a cultivar Americana (11,32 t ha-1), no espaçamento de 25 cm entre plantas e a Crespa (11,28 t ha-1), no espaçamento de 20 cm, superando em 8,56 e 8,52 t ha-1, respectivamente, à cultivar Brasil, que foi a menos produtiva. A massa seca de plantas foi influenciada significativamente pela interação espaçamento entre plantas e cultivares de alface. No desdobramento da interação observou-se efeito das cultivares nos espaçamentos, obtendo o maior valor a cultivar Crespa (0,50 mil ha-1), no espaçamento de 20 cm entre plantas, superando em 0,37 t ha-1 a cultivar Luisa, que obteve o menor valor no espaçamento de 25 cm entres plantas na fileira. O diâmetro médio das “cabeças” de alface comerciais foi de 23,30 cm. Em relação ao número de “cabeças” de alface comerciais a cultivar Crespa foi a que obteve o maior valor (75,54 mil ha-1), superando em 45,55 mil ha-1 à cultivar Brasil. Considerando a produtividade média de “cabeças“ comerciais de alface, obtida em cada tratamento, a estimativa da renda bruta e líquida demonstrou que a cultivar Crespa com espaçamento de 20 cm entre plantas, foi a melhor, superando em R$ 51.718,00 à renda líquida obtida com a cultivar Brasil com espaçamento de 20 cm entre plantas, que foi o tratamento que obteve a menor produtividade.

Palavras-chave: Lactuca sativa, densidade de plantas, produção.

Abstract: The aim of this work was to evaluate five cultivars of lettuce (Americana, Brasil, Crespa, Delicia e Luisa) that were cultivated with two lengths among plants in plot (20 and 25 cm). Treatments were arranged as 5 x 2 factorial scheme, in a randomized block experimental design, with three replications. Fresh weight of lettuce plants with commercial head was influenced significantly by lengths among plants and cultivars interaction. In interaction deployment, it was observed the effect of cultivars on lengths and the cultivar that had the best yield were Americana (11.32 t ha-1), with 25 cm length among plants, and Crespa (11.28 t ha-1) with 20 cm length, that were superior in 8.56 and 8.52 t ha-1,

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respectively, to Brasil cultivar, which had the smallest yield. Dry weight of plants was influenced significantly by lengths among plants and lettuce cultivars interaction. In interaction deployment, it was observed the effect of cultivars on lengths, in which Crespa cultivar obtained the best value (0.50 thousand ha-1), with 20 cm length among plants, which was superior than Luisa cultivar in 0.37 t ha-1, which had the smallest value with 25 cm length among plants in row. Medium diameter of lettuce commercial head was 23.30cm. Regarding to the number of lettuce commercial heads, Crespa cultivar had the highest value (75.54 thousand ha-1), which was superior to Brasil cultivar in 45.55 thousand ha-1. Considering medium yield of commercial heads of lettuce that was obtained in each treatment, estimation of gross and net income demonstrated that Crespa cultivar with 20 cm length among plants was the best, and it was superior in R$ 51,718.00 to net income of Brasil cultivar with 20 cm length among plants, that was the treatment which obtained the smallest yield.

Keywords: Lactuca sativa, plant density, yield.

Introdução

A alface (Lactuca sativa L.) originou-se de espécies silvestres, ainda atualmente encontradas em regiões de clima temperado, no sul da Europa e na Ásia Ocidental (FILGUEIRA, 2008). É considerada uma planta anual, pertencente à família Asteracea. Quando cultivada no verão, geralmente apresenta baixa qualidade e produtividade, além de apresentar pendoamento precoce, que torna as folhas amargas e pouco apropriadas para o consumo (EMBRAPA, 2009).

Dentre as hortaliças, a alface é a mais consumida no Brasil (MORETTI e MATTOS, 2005). Grande parte da sua produção encontra-se próxima às áreas metropolitanas devido ao curto período de vida pós-colheita (EMBRAPA, 2009). O Brasil possui uma área de aproximadamente 35.000 hectares cultivadas com alface, caracterizadas pela produção intensiva, pelo cultivo em pequenas áreas e por produtores familiares, gerando cerca de cinco empregos diretos por hectare (COSTA e SALA, 2005).

O consumo de alface tem aumentado não só pelo crescente aumento da população, mas também pela tendência de mudança no hábito alimentar do consumidor, tornando-se inevitável o aumento da produção. Além disso, o consumidor tem se tornado mais exigente, havendo necessidade de produzi-la em quantidade e com qualidade, bem como manter o seu fornecimento o ano todo. Contudo, o brasileiro consome em média 1,2 kg de alface por ano, o que é pouco de acordo com a organização Mundial de Saúde (OMS) (OHSE et al.,2001).

A escolha da cultivar é decisiva para o sucesso do sistema de cultivo adotado. Com os avanços do melhoramento genético da alface no Brasil, novas cultivares foram colocadas à disposição dos produtores, sendo que a preferência nacional é pelo tipo repolhuda lisa, embora nos últimos anos as áreas de produção de alface do tipo solta crespa tenham aumentado muito (ECHER et al., 2001). Os diferentes materiais

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3 genéticos, por sua vez, respondem de maneira distinta aos fatores ambientais e às práticas agrícolas, dentre elas o espaçamento (LIMA et al., 2004).

Para se obter maiores produtividades torna-se necessário estudar o arranjo de plantas, que pode ser manipulado por meio de alterações na densidade de plantas, induzido pela distribuição de plantas na linha. O melhor arranjo de plantas, teoricamente, é aquele que proporciona distribuição mais uniforme de plantas por área, possibilitando melhor utilização de luz, água e nutrientes (ARGENTA et al., 2001). O espaçamento afeta significativamente a cultura da alface, alterando a sua arquitetura, o seu peso e sua qualidade (SILVA et al., 2000). Lima et al. (2004) avaliando a competição de cultivares de alface em dois espaçamentos observou que a cv. Vera apresentou maior massa da matéria fresca da parte aérea e produtividade média, no menor espaçamento (20 x 20 cm).

Echer et al. (2001), estudando dois espaçamentos (20 x 20 cm e 25 x 25 cm) e cinco cultivares de alface do tipo crespa (Vera, Verônica AF 257, Brisa, Marisa e Grand Rapids), constataram maior produtividade média (37,24 t ha-1) para o menor espaçamento, independentemente da cultivar. Silva et al. (2000), estudando o comportamento de cultivares de alface em diferentes espaçamentos também observaram que o melhor espaçamento foi o de 20 x 20 cm para as cultivares Great Lakes, Elisa e Babá de Verão.

Em qualquer atividade econômica, principalmente na agrícola, é essencial o estudo da rentabilidade e o acompanhamento de custos (MELO et al., 2009). A competitividade é a capacidade de colocação de um produto da cadeia produtiva em vantagem comparativa em determinado mercado consumidor. Desse modo, os custos envolvidos na produção agrícola, em se tratando de competitividade, podem ser determinantes do sucesso ou do fracasso do produtor rural. Isso porque a rentabilidade consiste, em geral, na comparação da receita com o custo de produção, o que determina o lucro. Só haverá lucro se a atividade produtiva proporcionar retorno que supere o custo alternativo (SILVA et al., 2001).

Heredia Zárate et al. (2010) avaliando o comportamento produtivo e a sustentabilidade de três cultivares de alface (Cinderella - tipo crespa, Rafaela - tipo americana e Elisabeth - tipo lisa), cultivadas com e sem amontoa, concluiu que a alface Rafaela induziu a obtenção das maiores rendas líquidas (R$ 38.827,51) em relação às alfaces Cinderella e Elisabeth, em qualquer uma das formas de cultivo estudadas.

Em função do exposto, o presente trabalho teve como objetivo estudar a produtividade agroeconômica de cinco cultivares de alface, cultivadas em canteiros com dois espaçamentos entre plantas na fileira.

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4 O experimento foi conduzido no laboratório de campo para o Ensino e Pesquisa com hortaliças da Faculdade de Ciências Agrárias - FCA, da Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD, em Dourados - MS, entre abril e junho de 2012. A área experimental situa-se em latitude de 22º11’44”S, longitude de 54º56’08”W e altitude de 430 m. O clima da região, segundo a classificação de Köppen é Mesotérmico Úmido; do tipo Cwa, com temperaturas e precipitações médias anuais variando de 20o a 24oC e de 1250 a 1500 mm, respectivamente. O solo é do tipo Latossolo Vermelho distroférrico, de textura muito argilosa (EMBRAPA, 2006).

Foram estudadas cinco cultivares de alface (Crespa Grand Rapids, Luisa, Brasil, Americana e Delicia), cultivadas em canteiros, com dois espaçamentos entre plantas na fileira (20 e 25 cm). Os tratamentos foram arranjados no esquema fatorial 5 x 2, no delineamento experimental de blocos casualizados, com três repetições. A área total de cada parcela foi de 3,00 m2 (1,5 m de largura por 2,0 m de comprimento), sendo a área útil de 2,00 m2 (1,0 m de largura por 2,0 m de comprimento) onde foram alocadas quatro fileiras de plantas com espaçamento de 0,25 m entre elas. As populações correspondentes às semeaduras com 20 e 25 cm entre plantas dentro da fileira foram de 132.000 e 105.600 plantas ha-1, respectivamente.

O terreno foi preparado duas semanas antes da semeadura, com uma aração e uma gradagem e, posteriormente, foram levantados os canteiros com rotoencanteirador. Para a semeadura, foram abertos sulcos de aproximadamente 0,05 m de largura x 0,01 m de profundidade, onde foram colocadas as sementes manualmente, três sementes cova -1, e posteriormente cobertas com a terra movimentada do sulco. Os tratos culturais consistiram em irrigações utilizando o sistema de aspersão, com turnos de regas diárias até a emergência das plântulas e, daí, até a colheita, a cada dois dias.O controle das plantas infestantes foi feito com enxada entre os canteiros, e manualmente, dentro dos canteiros. Não houve ocorrência de pragas ou doenças. Aos 73 dias após a semeadura foi realizada a colheita, quando as plantas apresentavam perda de brilho das folhas externas, como índice de colheita, mediante o corte dos caules na altura do coleto. No laboratório de Pós-colheita foram efetuadas avaliações de diâmetro e altura das plantas, número de plantas, massas frescas e secas (massa obtida após a secagem do material em estufa com ventilação forçada de ar, por 72 horas, à temperatura de 65ºC ± 2ºC) de plantas comerciais (diâmetro apical das cabeças, superiores a 20 cm) e não-comerciais (diâmetro apical das cabeças, inferiores a 20 cm).

Os dados foram submetidos à análise de variância e quando detectaram-se diferenças significativas pelo teste F, aplicou-se o teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Foram realizadas estimativas do custo de produção, da renda bruta e líquida. Os custos de produção foram calculados usando como referência a tabela adaptada de

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5 Heredia Zárate et al. (2010). A renda bruta foi calculada após serem pesquisados os preços (R$ 0,95 por "cabeça") pagos aos produtores de alface, segundo CEASA - MS, e posteriormente efetuaram-se as conversões por hectare, pela multiplicação do número de "cabeças" comerciais ha-1 correspondente a cada tratamento pelo preço por "cabeça". A renda líquida foi determinada pela renda bruta menos o custo de produção por hectare cultivado.

Resultados e discussões

A altura de plantas foi influenciada significativamente pela interação espaçamento entre plantas e cultivares de alface (Tabela 1). No desdobramento da interação observou-se efeito das cultivares nos espaçamentos, obtendo a maior altura a cultivar Crespa (21,42 cm), no espaçamento de 20 cm entre plantas, superando em 5,08 cm a média da cultivar Delicia, que teve a menor altura. No espaçamento de 25 cm entre plantas, as cultivares Americana (19,50 cm) e Crespa (19,91 cm), obtiveram as maiores alturas, superando em 4,08 e 4,49 cm, respectivamente, a média da cultivar Brasil, que teve a menor altura. Esse resultado coincide com o exposto por Larcher (2006), ao citar que o padrão de resposta das plantas de uma espécie e seu específico potencial de adaptação, crescimento e produção são características geneticamente determinadas.

TABELA 1. Altura de cinco cultivares de alface, cultivadas com dois espaçamentos entre plantas na fileira. Dourados - MS, UFGD, 2012.

Fatores em estudo Altura de plantas (cm)

Espaçamentos (cm) 20 25 Cultivares Americana 18,10 B a 19,50 A a Luisa 17,15 B a 16,32 B a Crespa 21,42 A a 19,91 A b Brasil 17,26 B a 15,42 B b Delicia 16,34 B a 15,70 B a C.V.(%) 4,97

Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey, para cultivares, e minúsculas na linha, pelo teste F, para espaçamentos entre plantas, a 5% de probabilidade.

A massa fresca de plantas de alface com “cabeça” comercial foi influenciada significativamente pela interação espaçamento entre plantas e cultivares (Tabela 2). No desdobramento da interação observou-se efeito das cultivares nos espaçamentos, obtendo as maiores produtividades a cultivar Americana (11,32 t ha

-1

), no espaçamento de 25 cm entre plantas e a Crespa (11,28 t ha-1), no espaçamento de 20 cm, superando em 8,56 e 8,52 t ha-1, respectivamente, à cultivar Brasil, que foi a menos produtiva. Esses resultados diferem dos obtidos por Echer et al. (2001) que observaram superioridade do menor espaçamento (20 x 20 cm) em relação ao maior (25 x 25 cm) para a produção média de alface. Além disso, indicam

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6 que houve respostas modificativas que adaptaram as plantas às condições ambientes, durante o seu período de crescimento (LARCHER, 2006) em função da capacidade suporte do meio e do sistema de produção adotado, em conformidade com as características genotípicas (HARDER et al., 2005).

TABELA 2. Massa fresca de plantas de cinco cultivares de alface, com “cabeça” comercial, cultivadas com dois espaçamentos entre plantas na fileira. Dourados - MS, UFGD, 2012.

Fatores em estudo Massa fresca (t ha-1)

Espaçamentos (cm) 20 25 Cultivares Americana 9,69 A a 11,32 A a Luisa 5,19 BC a 3,62 C a Crespa 11,28 A a 6,44 BC b Brasil 3,79 C a 2,76 C a Delicia 8,33 AB a 9,41 A ab C.V.(%) 22,29

Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey, para cultivares, e minúsculas na linha, pelo teste F, para espaçamentos entre plantas, a 5% de probabilidade.

A massa seca de plantas foi influenciada significativamente pela interação espaçamento entre plantas e cultivares de alface (Tabela 3). No desdobramento da interação observou-se efeito das cultivares nos espaçamentos, obtendo o maior valor a cultivar Crespa (0,50 mil ha-1), no espaçamento de 20 cm entre plantas, superando em 0,37 t ha-1 a cultivar Luisa, que obteve o menor valor no espaçamento de 25 cm entres plantas na fileira. Este resultado se assemelha aos obtidos por Silva (1999), que concluiu que as maiores densidades populacionais aumentavam o peso seco da parte aérea e a produtividade da alface, devido ao maior número de plantas por unidade de área.

TABELA 3. Massa seca de plantas de cinco cultivares de alface com “cabeça” comercial, cultivadas com dois espaçamentos entre plantas na fileira. Dourados - MS, UFGD, 2012.

Fatores em estudo Massa seca (t ha-1)

Espaçamentos (cm) 20 25 Cultivares Americana 0,37 AB a 0,47 A a Luisa 0,28 AB a 0,13 B a Crespa 0,50 A a 0,27 AB b Brasil 0,22 B a 0,14 B a Delicia 0,36 AB a 0,46 A a C.V.(%) 32,35

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Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey, para cultivares, e minúsculas na linha, pelo teste F, para espaçamentos entre plantas, a 5% de probabilidade.

O diâmetro das “cabeças” de alface comerciais e os números de plantas comerciais e não-comerciais não foram influenciados significativamente pela interação de cultivares e espaçamentos entre plantas na fileira nem pelos fatores em forma isolada, exceto o número de “cabeças” comerciais que foi influenciado pelos cultivares (Tabela 4). O diâmetro médio das “cabeças” de alface comerciais foi de 23,30 cm. Em relação ao número de “cabeças” de alface comerciais a cultivar Crespa foi a que obteve o maior valor (75,54 mil ha-1), superando em 45,55 mil ha-1 à cultivar Brasil. Apesar de não ter-se observado diferenças significativas para o número de “cabeças” de alface não-comerciais, observou-se maior número com o espaçamento de 20 cm, superando em 10,67 mil ha-1 às sob 25 cm. Em relação às cultivares, a Luisa teve o maior número (46,66 mil ha-1) superando à Americana em 21,11 mil ha-1, que foi a de menor valor. Essas diferenças de expressividade indicam que as plantas podem apresentar taxas variáveis de crescimento e morfologia bem características, com modificações no final do ciclo vegetativo, em razão de fatores ambientais, especialmente de temperatura e luminosidade, nos locais onde foram cultivadas as plantas de alface (HEREDIA ZÁRATE et al., 2010).

TABELA 4. Diâmetro comercial, número comercial e número não-comercial de “cabeças” de cinco cultivares de alface, cultivadas com dois espaçamentos entre plantas na fileira. Dourados – MS, UFGD, 2012.

Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, dentro de cada variedade, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

O custo estimado para produzir 1,0 ha de alface (Americana, Luisa, Crespa, Brasil e Delícia) (Tabelas 5) variou em R$ 596,61 entre o menor custo (R$ 5.289,30) que correspondeu ao cultivo com espaçamento de 25 cm entre plantas, e o maior custo (R$ 5.885,91) que foi com espaçamento de 20 cm entre plantas.

Diâmetro Comercial Número Comercial

Número Não-comercial Fatores em estudo (cm) (mil ha-1) (mil ha-1) Espaçamentos (cm) 20 23,73 a 58,66 a 43,55 a 25 22,88 a 55,32 a 32,88 a Cultivares Americana 23,25 a 71,66 a 25,55 a Luisa 23,20 a 43,88 bc 46,66 a Crespa 23,36 a 75,54 a 38,33 a Brasil 22,44 a 29,99 c 32,77 a Delícia 24,28 a 63,88 ab 47,77 a CV (%) 5,47 20,76 45,23

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8 Do custo total de produção, os custos variáveis representaram 80,94% (R$ 4.281,28), para as cultivares com o espaçamento de 25 cm entre plantas, que teve o menor custo total e 81,36% (R$ 4.789,10), para o de maior custo, que foi das cultivares com 20 cm entre plantas.

Com a mão-de-obra foram gastos entre 67,49% (R$ 3.570,00) para as cultivares com espaçamento de 25 cm entre plantas, e 68,98% (R$ 4.060,00) com as cultivares com espaçamento de 20 cm entre plantas. Esses dados ressaltam a importância do cultivo de alface como atividade geradora de emprego no meio rural, por meio do uso da mão-de-obra. Em relação aos insumos e maquinários, esses representaram, respectivamente, 1,51% (R$ 89,10) e 10,87% (R$ 640,00) no tratamento com o espaçamento de 20 cm entre plantas e entre 1,35% (R$ 71,28) e 12,09% (R$ 640,00) para o tratamento com espaçamento de 25 cm entre plantas.

TABELA 5 - Custos de produção de um hectare de alface, cultivada com diferentes espaçamentos entre plantas na fileira. UFGD, Dourados, MS, 2012.

Espaçamento

Custos Variáveis 20 cm 25 cm Quantidade Custo (R$) Quantidade Custo (R$) Insumos Semente 0,495 kg 89,10 0,396 kg 71,28 Mão-de-obra Semeadura 8,0 D/H 280,00 6,0 D/H 210,00 Desbaste 12,0 D/H 420,00 8,0 D/H 280,00 Irrigação 20,0 D/H 700,00 20,0 D/H 700,00 Capinas 36,0 D/H 1.260,00 36,0 D/H 1.260,00 Colheita 40,0 D/H 1.400,00 32,0 D/H 1.120,00 Maquinários Bomba de irrigação 40,0 h 400,00 40,0 h 400,00 Trator 4,0 h 240,00 4,0 h 240,00 Subtotal 1 (R$) -- 4.789,10 -- 4.281,28 Custos Fixos

Benfeitoria 77,0 dias 154,00 77,0 dias 154,00 Terra 1,0 ha 100,00 1,0 ha 100,00 Subtotal 2 (R$) -- 254,00 -- 254,00 Imprevistos (10% ST1) -- 478,91 -- 428,13 Administração (5% ST1) -- 239,45 -- 214,06 Subtotal 3 -- 718,36 -- 642,19 TOTAL 1 5.761,46 5.177,47 Juro trimestral (2,16 %) 124,45 111,83 TOTAL GERAL 5.885,91 5.289,30

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Adaptado de Heredia Zárate et al. (2010) e Terra et al. (2006). Custos dia homem-1 : R$ 35,00. Custos por hora de maquinários, bomba de irrigação: R$ 10,00 e trator: R$ 60,00. Custos por dia de benfeitorias: R$ 2,00.

Considerando a produtividade média de “cabeças“ comerciais de alface, obtida em cada tratamento, a estimativa da renda bruta e líquida demonstrou que a cultivar Crespa com espaçamento de 20 cm entre plantas (Tabela 6), foi a melhor, superando em R$ 51.718,00 à renda líquida obtida com a cultivar Brasil com espaçamento de 20 cm entre plantas, que foi o tratamento que obteve a menor produtividade. Esses resultados indicam que a análise econômica, isto é, a determinação de alguns índices de resultado econômico, deve ser feita para se conhecer com mais detalhes a estrutura produtiva da atividade e realizar as alterações necessárias ao aumento de sua eficiência (PEREZ JÚNIOR et al., 2006).

TABELA 6 - Número e renda bruta de “cabeças” comerciais, custo de produção e renda líquida de cinco cultivares de alface, cultivadas com diferentes espaçamentos entre plantas na fileira. UFGD, Dourados, MS, 2012

Fatores em estudo Número de “cabeças” comerciais Renda bruta Custo de produção Renda líquida Espaçamento Cultivares (mil ha-1) (R$ ha-1) (R$ ha-1) (R$ ha-1)

20 Americana 67,77 64.381,50 5.885,91 58.495,59 Brasil 29,99 28.490,50 5.885,91 22.604,59 Crespa 84,43 80.208,50 5.885,91 74.322,59 Delicia 64,44 61.218,00 5.885,91 55.332,09 Luisa 46,66 44.327,00 5.885,91 38.441,09 25 Americana 75,54 71.763,00 5.289,30 66.473,70 Brasil 29,99 28.490,50 5.289,30 23.201,20 Crespa 66,65 63.317,50 5.289,30 58.028,20 Delicia 63,32 60.154,00 5.289,30 54.864,70 Luisa 41,10 39.045,00 5.289,30 33.755,70

Adaptado de Heredia Zárate et al. (2010) e Terra et al. (2006). Preço pago ao produtor: R$ 0,95 por “cabeça” de alface. Fonte: CEASA-MS, em 7-1-2013.

Conclusões

Os resultados obtidos na abrangência do experimento permitiram concluir que para obter maior produção de “cabeças” comerciais de alface e maior renda líquida deve-se optar pela cultivar Crespa e utilizar o espaçamento de 20 cm entre plantas.

Agradecimentos

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10 Referências bibliográficas

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Referências

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