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Relatório das 2 primeiras épocas Programa NOCTUA Portugal 2009/ /11

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Relatório das 2 primeiras épocas

Programa NOCTUA Portugal

2009/10 – 2010/11

GTAN Grupo de Trabalho sobre Aves Nocturnas

Lisboa, Fevereiro, 2012

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Relatório das 2 primeiras épocas

(2009/10 – 2010/11)

Programa NOCTUA Portugal

Monitorização de aves nocturnas

Lisboa, Fevereiro, 2012

GTAN

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Trabalhar para o estudo e conservação das aves e seus habitats, promovendo um desenvolvimento que garanta a viabilidade do património natural para usufruto das gerações futuras.

A SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves é uma

organização não governamental de ambiente que trabalha para a conservação das aves e dos seus habitats em Portugal. Como associação sem fins lucrativos, depende do apoio dos sócios e de diversas entidades para concretizar as suas acções. Faz parte de uma rede mundial de organizações de ambiente, a BirdLife International, que actua em mais de 100 países e tem como objectivo a preservação da diversidade biológica através da conservação das aves, dos seus habitats e da promoção do uso sustentável dos recursos naturais.

www.spea.pt

www.facebook.com/spea.Birdlife

https://twitter.com/spea_birdlife

Relatório das 2 primeiras épocas do Programa NOCTUA Portugal

GTAN Grupo de Trabalho sobre Aves Nocturnas Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, 2012

Direcção Nacional: Maria Clara de Lemos Casanova Ferreira, José Manuel Monteiro,

Michael Armelin, Adelino Gouveia, José Paulo Oliveira Monteiro, Jaime Ramos

Direcção Executiva: Luís Costa

Coordenação do projecto: Rui Lourenço, Inês Roque, Ricardo Tomé

Citação: GTAN-SPEA, 2012. Relatório das 2 primeiras épocas (2009/10 e 2010/11) do

Programa NOCTUA Portugal. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Lisboa

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1. ENQUADRAMENTO DO NOCTUA PORTUGAL

O NOCTUA Portugal – Programa de Monitorização de Aves Nocturnas em Portugal – surgiu no âmbito do GTAN – Grupo de Trabalho sobre Aves Nocturnas da SPEA – e tem como principal objectivo assegurar o desenvolvimento de censos de aves nocturnas em Portugal, de forma a assegurar o estudo (1) da frequência de ocorrência das diferentes espécies no nosso país (presença e número de territórios); (2) da variação espacial da sua distribuição; (3) das tendências populacionais das suas populações; e (4) da relação destas tendências com alterações do habitat. Pretende-se, em última instância, avaliar a utilidade das aves nocturnas como indicadoras do estado de conservação dos habitats em Portugal.

A primeira fase dos censos (2009/2010) consistiu inicialmente num ensaio, inserido nos trabalhos preparatórios para um programa de monitorização a longo prazo, com o objectivo de avaliar a adesão de voluntários, a necessidade de ajustes metodológicos e a necessidade de metodologias complementares. Após avaliação dos resultados, verificou-se que a metodologia era adequada, pelo que não foram feitas alterações. Desta forma, considerou-se 2009/2010 como a primeira época do NOCTUA Portugal. Na época seguinte (2010/11), procurou-se consolidar o programa de monitorização atraindo mais colaboradores por forma a garantir a cobertura de um maior número de quadrículas.

A metodologia proposta foi apresentada e discutida durante o VI Congresso de Ornitologia da SPEA (Elvas, 2009), e teve por base os seguintes critérios: (1) um período de permanência curto em cada ponto e em cada noite, (2) a utilização exclusiva de escutas passivas (ausência do potencial efeito inibidor de “playback” sobre algumas espécies e de forma a garantir uma uniformidade metodológica), (3) uma abrangência temporal que conciliasse os melhores períodos de censo para as diversas espécies, (4) a acessibilidade dos locais de amostragem e (5) a possibilidade de comparação com o Programa Noctua (Espanha) e a futura análise conjunta dos dados ibéricos.

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2. METODOLOGIA

A amostragem compreende três períodos: de 1 Dezembro a 31 Janeiro, de 1 Março a 30 Abril e de 1 Maio a 15 Junho (Tabela 1), incidindo nas seguintes espécies: Coruja-das-torres Tyto alba, Mocho-d'orelhas Otus scops, Bufo-real Bubo bubo, Mocho-galego Athene noctua, Coruja-do-mato Strix aluco, Bufo-pequeno Asio otus, Coruja-do-nabal Asio flammeus, Noitibó-cinzento Caprimulgus europaeus, Noitibó-de-nuca-vermelha Caprimulgus ruficollis, Alcaravão Burhinus oedicnemus.

Em cada quadrícula são definidos cinco pontos de amostragem, tendo em conta a representatividade dos habitats, critérios de acessibilidade e de audibilidade (i.e. locais de acesso público com acesso rápido em viatura, evitando locais com muito ruído como estradas principais e ribeiras com bastante caudal). Os pontos devem distar entre si pelo menos 1,5 km e ser amostrados sempre que possível nas três visitas, e sempre pela mesma ordem.

Cada ponto de censo consiste em 10 minutos de escuta passiva, durante a qual são registados todos os indivíduos escutados ou observados. Em cada ponto, o objectivo é determinar quantos indivíduos de cada espécie estarão presentes, identificando sempre que possível o sexo dos mesmos (ex.: Figura 1). Devem ser também considerados os movimentos efectuados pelos indivíduos durante o período de escuta, de forma a não duplicar registos. As escutas devem ser realizadas, preferencialmente, no período compreendido entre os 15 minutos e as 2 horas após o ocaso. As visitas devem ser realizadas em noites com condições meteorológicas favoráveis, sem chuva ou vento moderado ou forte. Em cada ponto é registado a hora, fase da lua, luminosidade, nebulosidade e intensidade do vento.

Tabela 1. Períodos de realização das três visitas do NOCTUA-Portugal, tendo em conta a latitude. 1ª visita 2ª visita 3ª visita

Norte de Portugal 15 Dez – 31 Jan 15 Mar – 30 Abr 15 Mai – 15 Jun Sul de Portugal 1 Dez – 15 Jan 1 Mar – 15 Abr 1 Mai – 31 Mai

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3. RESULTADOS DAS 2 PRIMEIRAS ÉPOCAS (2009/10 – 2010/11)

3.1. INFORMAÇÃO GERAL SOBRE A AMOSTRAGEM

Entre os dois anos de amostragem, houve um incremento de 53% no número de quadrículas atribuídas a colaboradores, que se traduziu num aumento de 25% no número de visitas efectuadas. Os resultados do presente relatório baseiam-se em informação sobre 39 quadrículas diferentes, sendo que o número de quadrículas em relação às quais foi enviada informação pelos colaboradores em 2010/2011 aumentou em 22% relativamente ao primeiro ano (Tabela 2, Figura 2). Das quadrículas cujos resultados foram recebidos até à data, 14 foram amostradas em ambas as épocas 2009/10 e 2010/11, nove foram amostradas apenas em 2009/10, e 16 amostradas apenas em 2010/11 (Figura 3). A Tabela 2 resume alguma informação geral relativa aos resultados obtidos nestas duas épocas de amostragem do NOCTUA Portugal.

Tabela 2. Informação geral relativa às 2 épocas de amostragem do NOCTUA Portugal.

2009/10 2010/11

Nº de quadrículas atribuídas a colaboradores 43 66

Nº de quadrículas cujos resultados foram recebidos 23 28

Nº de quadrículas com 3 visitas 16 20

Nº de quadrículas com 2 visitas 6 7

Nº de quadrículas com 1 visita 1 2

Nº total de visitas 61 76

Nº médio de espécies por visita (± desvio-padrão) 1,6 ± 1,0 1,7 ± 1,2

Nº médio de indivíduos por visita (± desvio-padrão) 3,7 ± 3,2 4,0 ± 3,8

Nº médio de indivíduos de Coruja-das-torres por visita (± desvio-padrão) 0,5 ± 0,9 0,4 ± 0,7

Nº médio de indivíduos de Mocho-galego por visita (± desvio-padrão) 1,8 ± 2,3 1,9 ± 2,7

Nº médio de indivíduos de Coruja-do-mato por visita (± desvio-padrão) 0,9 ± 1,3 0,9 ± 1,3

Número total de indivíduos de Coruja-das-torres 29 28

Número total de indivíduos de Mocho-d'orelhas 13 15

Número total de indivíduos de Bufo-real 0 6

Número total de indivíduos de Mocho-galego 110 134

Número total de indivíduos de Coruja-do-mato 58 79

Número total de indivíduos de Bufo-pequeno 2 7

Número total de indivíduos de Coruja-do-nabal 0 0

Número total de indivíduos de Noitibó-cinzento 3 8

Número total de indivíduos de Noitibó-de-nuca-vermelha 4 1

Número total de indivíduos de Alcaravão 15 26

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Figura 2. Cobertura do território continental pelas quadrículas atribuídas a observadores nas épocas de 2009/10 (esquerda; 43 quadrículas) e 2010/11 (direita; 66 quadrículas).

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3.2. ANÁLISE METODOLÓGICA

A análise metodológica foi realizada com o intuito de avaliar a adequabilidade da metodologia definida para o NOCTUA Portugal. É importante chamar a atenção para que estas análises são sobretudo de carácter indicador, uma vez que a dimensão amostral reduzida e um elevado número de pontos de escuta sem registos (zeros) podem limitar a obtenção de resultados conclusivos com base em análises estatísticas robustas. As análises baseiam-se em 47 visitas, que correspondem a 675 pontos de escuta, realizados nas duas épocas.

3.2.1. Análise do número de registos face à duração dos pontos de escuta (10 minutos)

Esta análise permitiu verificar que durante os 10 minutos de duração de cada ponto de escuta não existe uma estabilização do número de indivíduos detectados (Figura 4). Este resultado sugere que uma maior duração poderia permitir detectar novos indivíduos. Indica também que a redução do tempo de escuta para, por exemplo, 5 minutos resultaria numa perda de aproximadamente 36% dos indivíduos presentes na envolvência do ponto de escuta. Consequentemente, considera-se que a actual duração de 10 minutos dos pontos de escuta representa um compromisso razoável entre o número de indivíduos detectados e o tempo dispendido em cada ponto, e consequentemente em cada visita, que consiste na realização de 5 pontos de escuta.

Figura 4. Proporção do número de indivíduos detectados ao longo de um ponto de escuta de 10

minutos

.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 % total % cumulativa minutos de escuta % d e in di ví du os d et ec ta do s

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3.2.2. Variação das respostas ao longo da noite

Para esta análise comparou-se número de indivíduos detectados por ponto de escuta com base na sua sequência ao longo da noite, utilizando o teste de Kruskal-Wallis. Foi registada uma diferença significativa no número de indivíduos detectados entre os diferentes pontos, registando-se um maior número de respostas no 2º ponto de escuta da noite (Figura 5; qui-quadrado = 13,78, df = 4, p = 0,008). Este resultado está de acordo com a bibliografia existente (Ganey 1990, Clark & Anderson 1997, Penteriani et al. 2002, Delgado & Penteriani 2007, Hardouin et al. 2008), que aponta o anoitecer como um dos momentos de maior actividade vocal em aves nocturnas. Mostra também a importância da realização dos cinco pontos de escuta nas primeiras duas horas após o ocaso.

Figura 5. Variação do número de indivíduos de todas as espécies de aves nocturnas detectado por ponto de escuta tendo em consideração a sua ordem de realização ao longo da noite, do 1º ao 5º. Caixas com bigodes representado a mediana, quartis inferior e superior, extremos e “outliers”.

3.2.3 Efeito do vento no número de aves nocturnas registadas

Para esta análise comparou-se o número de indivíduos detectados por ponto de escuta tendo em consideração as condições de vento, utilizando o teste de Kruskal-Wallis. Tal como previsto, foi observado um maior número de registos de indivíduos de aves nocturnas em condições de vento mais fraco (Figura 6; qui-quadrado = 12,18, df = 2, p = 0,002). Este resultado mostra a importância de evitar realizar as visitas em noites com vento forte, em que a actividade vocal das aves nocturnas e a sua probabilidade de detecção pelos observadores podem ser menores.

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Figura 6. Variação do número de indivíduos de todas as espécies de aves nocturnas detectado por ponto de escuta tendo em consideração a intensidade do vento, medida em 3 classes (1 = sem vento ou vento fraco, 2 = vento moderado; 3 = vento forte). Caixas com bigodes representado a mediana, quartis inferior e superior, extremos e “outliers”.

3.2.4. Efeito da nebulosidade no número de aves nocturnas registadas

Para esta análise comparou-se número de indivíduos detectados por ponto de escuta tendo em consideração a nebulosidade, utilizando o teste de Kruskal-Wallis. Não foi detectado qualquer efeito da nebulosidade no número indivíduos de aves nocturnas registadas em cada ponto de escuta (Figura 7; qui-quadrado = 5,19, df = 2, p = 0,07).

Figura 7. Variação do número de indivíduos de todas as espécies de aves nocturnas detectado por ponto de escuta tendo em consideração a nebulosidade, medida em 3 classes (1 = 0-33%, 2 = 34-66% 3 = 67-100% de cobertura do céu por nuvens). Caixas com bigodes representado a mediana,

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quartis inferior e superior, extremos e “outliers”.

3.2.5. Efeito da luminosidade da lua no número de aves nocturnas registadas

Para esta análise comparou-se o número de indivíduos detectados por ponto de escuta tendo em consideração o efeito da lua, utilizando o teste de Kruskal-Wallis. Neste caso foi tido em consideração: (a) a lua estar visível ou não; (b) a fase da lua; (c) a fase da lua tendo em consideração estar visível ou não, designada como “luminosidade da lua”. O facto da lua estar oculta parece resultar num menor número de indivíduos detectados em comparação com a lua estar visível (Figura 8; qui-quadrado = 27,07, df = 1, p < 0,001). A fase da lua sem ter em conta o facto de se encontrar visível ou oculta não teve aparentemente qualquer efeito sobre o número de indivíduos de aves nocturnas detectadas nos pontos de escuta (Figura 8, qui-quadrado = 4,63, df = 4, p = 0.33). Tendo em consideração a luminosidade da lua, com base na fase e no facto de se encontrar visível ou oculta, verificou-se que com maior luminosidade são registadas mais aves nocturnas nos pontos de escuta (Figura 9; qui-quadrado = 32,42, df = 5, p < 0,001).

Figura 8. Esquerda: Variação do número de indivíduos de todas as espécies de aves nocturnas detectados por ponto de escuta tendo em consideração a lua estar oculta (0) ou visível (1). Direita: Variação do número de indivíduos de todas as espécies de aves nocturnas detectado por ponto de escuta, tendo em consideração a fase da lua (1 = Lua nova, 2 = ¼ de lua visível, em fase crescente ou minguante, 3 = meia lua, 4 = ¾ de lua visível, em fase crescente ou minguante, 5 = lua cheia). Caixas com bigodes representado a mediana, quartis inferior e superior, extremos e “outliers”.

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Figura 9. Variação do número de indivíduos de todas as espécies de aves nocturnas detectado por ponto de escuta tendo em consideração a luminosidade da lua (0 = lua não visível em qualquer fase; 1, 2, 3, 4, 5 = lua visível nas respectivas fases; 1 = Lua nova, 2 = ¼ de lua visível, em fase crescente ou minguante, 3 = meia lua, 4 = ¾ de lua visível, em fase crescente ou minguante, 5 = lua cheia). Caixas com bigodes representado a mediana, quartis inferior e superior, extremos e “outliers”.

3.2.6. Efeito da época do ano

Para analisar o efeito da época do ano comparou-se (a) o número de espécies detectadas por visita (ver Tabela 1), (b) o número acumulado de espécies detectadas ao longo das três visitas (visita 1, visita 1+2, visita 1+2+3) e (c) o número de indivíduos detectados por visita, utilizando o teste de Kruskal-Wallis. Não foram encontradas diferenças significativas entre o número médio de espécies detectadas entre visitas (Figura 10; qui-quadrado = 0,31, df = 2, p = 0,86). Relativamente ao número cumulativo de espécies obtido ao longo das visitas verifica-se, conforme esperado, um aumento significativo do número cumulativo de espécies detectadas na quadrícula consoante se vão somando visitas. (Figura 10; qui-quadrado = 10,67, df = 2, p = 0,005). Relativamente ao número de indivíduos obtido em cada visita, não existiram diferenças significativas entre visitas (Figura 11; qui-quadrado = 0.83, df = 2, p = 0.66). Estes resultados realçam a importância da realização das 3 visitas ao longo da época por forma a obter uma amostragem representativa da riqueza de aves nocturnas existente em cada quadrícula.

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Figura 10. Esquerda: Variação do número de espécies detectadas por visita (5 pontos). Direita: Variação do número cumulativo de espécies detectadas ao longo das 3 visitas (1 = visita 1, 2 = visita 1+2, 3 = visita 1+2+3). Caixas com bigodes representado a mediana, quartis inferior e superior, extremos e “outliers”.

Figura 11. Variação do número de indivíduos detectados por visita (5 pontos de escuta) em cada um dos 3 períodos de amostragem. Caixas com bigodes representado a mediana, quartis inferior e superior, extremos e “outliers”.

Em relação ao Mocho-galego e à Coruja-do-mato, as duas espécies mais frequentes nos censos realizados, comparou-se o número médio de indivíduos registados em cada visita, utilizando o teste de Kruskal-Wallis. Não existem diferenças significativas no número de indivíduos detectados de Mocho-galego (Figura 12; qui-quadrado = 2,92, df = 2, p = 0,23), ou de Coruja-do-mato (Figura 12; qui-quadrado = 1,47, df = 2, p = 0,48) nas 3 visitas ao longo da época.

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Figura 12. Esquerda: Variação do número de indivíduos de Mocho-galego obtido em cada visita. Direita: Variação do número de indivíduos de Coruja-do-mato obtido em cada visita. Caixas com bigodes representado a mediana, quartis inferior e superior, extremos e “outliers”.

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3.3. VARIAÇÕES INTER-ANUAIS

Apesar de ainda só existirem dados para duas épocas, foi realizada uma análise simples para averiguar potenciais variações inter-anuais. Por uma questão de simplificação, designa-se como 2010 a época 2009/10 e como 2011 a época 2010/11. As comparações são feitas com base no teste de Kruskal-Wallis. Não se encontraram diferenças significativas no número de espécies obtido por visita entre as duas épocas (Figura 13; qui-quadrado = 0,11, df = 1, p = 0,75), nem no número de espécies por quadrícula (com 3 visitas de 5 pontos) entre as duas épocas (Figura 13; qui-quadrado = 0,05, df = 1, p = 0,82).

Figura 13. Esquerda: Variação do número de espécies obtido por visita entre épocas. Direita: Variação do número de espécies obtido por quadrícula com 3 visitas entre épocas. Caixas com bigodes representado a mediana, quartis inferior e superior, extremos e “outliers”.

Relativamente ao número de indivíduos obtido por visita, não se encontraram diferenças significativas entre épocas (Figura 14; qui-quadrado = 0,004, df = 1, p = 0,95). O mesmo resultado foi obtido considerando o número de indivíduos por quadrícula (com 3 visitas de 5 pontos), não se registando diferenças significativas entre épocas (Figura 14; qui-quadrado = 0,13, df = 1, p = 0,72).

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Figura 14. Esquerda: Variação do número de indivíduos obtido por visita em cada época. Direita: Variação do número de indivíduos obtido por quadrícula com 3 visitas realizadas em cada época. Caixas com bigodes representado a mediana, quartis inferior e superior, extremos e “outliers”.

Considerando por fim o número de indivíduos de Mocho-galego e de Coruja-do-mato obtido por visita, também não se registaram diferenças significativas entre épocas (Figura 15; Mocho-galego: qui-quadrado = 0,02, df = 1, p = 0,89); Coruja-do-mato: qui-quadrado = 0,006, df = 1, p = 0,94).

Figura 15. Variação do número de indivíduos de Mocho-galego (esquerda) e de Coruja-do-mato (direita) obtidos por visita nas duas épocas. Caixas com bigodes representado a mediana, quartis inferior e superior, extremos e “outliers”.

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3.4. INFORMAÇÃO GERAL SOBRE OBSERVAÇÕES ADICIONAIS

As observações adicionais recebidas no âmbito do NOCTUA Portugal são particularmente importantes para obter uma ideia mais precisa da distribuição das espécies de aves nocturnas e eventualmente detectar alterações a longo termo da sua área de ocorrência. Esta compilação foi efectuada considerando apenas informação recolhida a partir de 2005 (inclusive), uma vez que o Atlas das Aves Nidificantes em Portugal (Equipa Atlas 2008) representa uma imagem bastante fiel da distribuição para o período 1999-2005. Consequentemente, foram reunidos 1317 registos de aves nocturnas para o período entre 2005 e 2011 (Figura 16). Embora a cobertura em Portugal continental seja bastante razoável, subsistem algumas áreas sem qualquer informação sobre aves nocturnas, caso do extremo norte e algumas áreas na região centro (Beira-baixa).

Figura 16. Variação espacial do número de espécies obtido em cada quadrícula através exclusivamente de registos adicionais.

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3.5. MAPAS DE DISTRIBUIÇÃO DAS AVES NOCTURNAS

Os mapas de distribuição foram desenhados tendo em consideração a informação obtida de forma sistemática através dos censos realizados durante as épocas 2009/10 e 2010/11 (representada a laranja), bem como a informação obtida não sistematicamente – registos adicionais entre 2005 e 2011 (representada a cinzento).

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3.5.2. Mocho-d'orelhas Otus scops

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3.5.4. Mocho-galego Athene noctua

(21)

3.5.6. Bufo-pequeno Asio otus

(22)

3.5.8. Noitibó-cinzento Caprimulgus europaeus

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4. CONCLUSÕES

As opções metodológicas utilizadas no programa NOCTUA Portugal são, no geral, adequadas:

(1) A duração dos pontos de escuta (10 minutos) parece garantir um compromisso equilibrado entre a obtenção de resultados e a permanência do observador no local;

(2) As primeiras duas horas após o ocaso abrangem um período de maior actividade vocal das aves nocturnas, maximizando assim o número de registos;

(3) A realização das três visitas ao longo da época permite detectar um maior número de espécies, garantindo uma melhor amostragem de cada quadrícula;

(4) As condições de vento forte podem diminuir o número de registos que se obtêm nos pontos de escuta;

(5) A luminosidade da lua está associada a uma maior actividade vocal nas aves nocturnas (Morrell et al. 1991, Clark & Anderson 1997, Takats & Holroyd 1997, Kissling et al. 2010, Penteriani et al. 2010). Não sendo este um facto crucial a ter em conta na escolha dos dias de amostragem, poderá contudo ser tido em conta na análise de dados.

Numa abordagem meramente exploratória não foram encontradas variações nos resultados obtidos entre as duas épocas. A continuação do programa NOCTUA Portugal, com a consequente monitorização das mesmas quadrículas ao longo de vários anos, permitirá no futuro uma comparação mais robusta dos dados e uma determinação das tendências populacionais das aves nocturnas.

Sendo as aves nocturnas, no geral, caracterizadas por uma baixa detectabilidade, a informação adicional revela-se crucial para o conhecimento da sua distribuição.

Os mapas de distribuição em Portugal Continental obtidos para as aves nocturnas são bastante concordantes com os mapas publicados no Atlas das Aves Nidificantes (Equipa Atlas 2008).

A amostragem parece ser mais eficiente para as espécies mais comuns ou conspícuas, como é o caso da Coruja-das-torres, Mocho-d'orelhas, Mocho-galego, Coruja-do-mato e Alcaravão. No entanto, a metodologia empregue garantiu também a detecção de espécies menos comuns como o Bufo-real, o Bufo-pequeno ou os noitibós, em alguns locais das suas áreas potenciais de ocorrência. A Coruja-do-nabal, devido à sua ocorrência apenas durante o período não reprodutor e actividade vocal muito reduzida, é a espécie para a qual a metodologia não se revela adequada.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Clark KA, Anderson SH 1997. Temporal, climatic and lunar factors affecting owl vocalizations of Western Wyoming. Journal of Raptor Research 31:358-363.

Delgado MM, Penteriani V 2007. Vocal behaviour and neighbour spatial arrangement during vocal displays in eagle owls (Bubo bubo). Journal of Zoology 271:3-10.

Equipa Atlas 2008. Atlas das Aves Nidificantes em Portugal (1999-2005). Assírio & Alvim, Lisboa Ganey JL 1990. Calling behavior of spotted owls in Northern Arizona. Condor. 92:485-490.

Hardouin LA, Robert D, Bretagnolle V 2008. A dusk chorus effect in a nocturnal bird: support for mate and rival assessment functions. Behavioral Ecology and Sociobiology 62:1909-1918.

Kissling ML, Lewis SB, Pendleton G 2010. Factors influencing the detectability of forest owls in Southeastern Alaska. Condor. 112:539-548.

Morrell TE, Yahner RH, Harkness WL 1991. Factors affecting detection of great horned owls by using broadcast vocalizations. Wildlife Society Bulletin 19:481-488.

Penteriani V, Gallardo M, Cazassus H 2002. Conspecific density biases passive auditory surveys. Journal of Field Ornithol. 73:387-391.

Penteriani V, Delgado MM, Campioni L, Lourenço R 2010. Moonlight makes owls more chatty. PLoS ONE. 5:e8696.

Takats DL, Holroyd GL 1997. Owl broadcast surveys in the Foothills Model forest, Alberta, Canada. In: Nero RW, Clark RJ, Knapton RJ, Hamre RH, (eds.). Biology and conservation of northern forest owls. USDA Forest Service, General Technical Report RM-142. p. 421-431.

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6. AGRADECIMENTOS

MUITO OBRIGADO

A TODOS OS COLABORADORES DO NOCTUA PORTUGAL E DO GTAN QUE VOLUNTARIAMENTE REALIZARAM QUADRÍCULAS E/OU ENVIARAM REGISTOS ADICIONAIS:

Adriana Silva, Agostinho Tomás, Alexandra Fonseca, Alexandre H. Leitão, Ana Cordeiro, Ana Jones, Ana Laborda, Ana Marques, Ana Meirinho, Ana Teresa Marques, André Aguiar, Andreia Dias, Carlos Godinho, Carlos Pacheco, Célia Gomes, CERVAS/ALDEIA, Clara Silva, Cláudio Luzio Dias, David Rodrigues, Domingos Francisco, Dyana Reto, Edgar Gomes, Eduardo Realinho, Fábia Azevedo, Fernando Pereira, Filipa Machado, Filipe Canário, Filipe Gomes, Francisco Morinha, Gil Costa, Hany Alonso, Helena Batalha, Hélia Gonçalves, Hugo Laborda Sampaio, Hélder Soares, Hugo Zina, Inês Henriques, Inês Roque, Irina Oliveira, Joana Andrade, Joana Domingues, Joana Figueiredo, João Quadrado, João Rabaça, João Tiago Marques, João Tiago Tavares, Jorge Henriques, José Carlos Morais, Julieta Costa, Lígia Batalha, Lourenço Marques, Lúcia Lopes, Luís Novo, Luís Rosa, Luís Rui Custódia, Luís Venâncio, Luísa Catarino, Manuel Matos, Marco Mirinha, Mariana Marques, Mário Carmo, Mário Estevens, Marisa Arosa, Michal Puchir, Nadine Pires, Nélia Penteado, Nuno Barros, Nuno Faria, Nuno Oliveira, Paulo Alves, Paulo Cardoso, Paulo Catry, Pedro Salgueiro, Pedro Costa, Pedro Moreira, Pedro Pereira, RIAS, Ricardo Brandão, Ricardo Ceia, Ricardo Monteiro, Ricardo Nabais, Ricardo Tomé, Rita Ferreira, Rui Lourenço, Sara Araújo, Sérgio Correia, Susana Costa, Thijs Valkenburg, Tiago Rodrigues, Vanessa Oliveira, Vítor Nascimento.

Referências

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