Segundo semestre de 2020 Turmas D/E
Ricardo M. Martins rmiranda@unicamp.br
http://www.ime.unicamp.br/~rmiranda Aula 2: Limites e continuidade
Denotaremos porRk o conjunto R × · · · × R, onde existem k termos neste produto, ou seja,
Rk=R × · · · × R = {(x1, x2, . . . , x
k), xi∈ R, i = 1, . . . , k} AssimR2 é o plano cartesiano que já conhecemos,R3 é o “espaço”
e por aí vai.
Por enquanto, chamaremos os elementos deRk de pontos. Mais para frente, esta noção vai se confundir um pouco com a noção de vetor.
Representamos geometricamenteR1 =R por uma reta, R2 pelo sistema de eixos cartesianos eR3 por um sistema de três eixos
mutualmente ortogonais.
Para medir distâncias entres pontos deRk, usaremos a norma euclidiana, ou seja, dados x = (x1, . . . , xk) e y = (y1, . . . , yk) em Rk, a distância entre x e y será medida por
d(x, y) =||x − y|| =
√
(x1− y1)2+ . . . + (xk− yk)2. No começo do curso, nossas funções terão como domínio um subconjunto deRk para algum k e como contra-domínioR.
Funções
R
2→ R
Seja U⊂ Rn um conjunto e f : U⊆ R2 → R uma função. Muitas vezes escreveremos somente z = f(x, y) quando o domínio da função estiver claro pelo contexto (ou tomaremos o “maior domínio possível”).
As variáveis x, y são as variáveis independentes e z é a variável dependente.
desnecessárias no momento. Vamos falar sobre dimensões mais altas de vez em quando.
Seja U⊂ Rn um conjunto e f : U⊆ R2 → R uma função. Muitas vezes escreveremos somente z = f(x, y) quando o domínio da função estiver claro pelo contexto (ou tomaremos o “maior domínio possível”).
As variáveis x, y são as variáveis independentes e z é a variável dependente.
Dúvida existencial: Não seria melhor estudar logo funções Rm → R? Seria, mas os índices introduziriam complicações desnecessárias no momento. Vamos falar sobre dimensões mais altas de vez em quando.
O gráfico de f : U⊆ R2 → R é um subconjunto de R3=R2× R. As curvas de nível de z = f(x, y), que são uma boa forma de representar graficamente esta função, são as curvas no plano xy obtidas como soluções de equações da forma f(x, y) = k, com k variando no conjunto dos números reais.
Em geral representaremos tais curvas identificando cada uma delas pelo valor correspondente de k.
Exemplo
Determine o domínio, a imagem, as curvas de nível e o gráfico de f(x, y) =√9− x2− y2.
Exemplo
Determine o domínio, a imagem, as curvas de nível e o gráfico de f(x, y) =√9− x2− y2.
# Precisamos que 9− x2− y2≥ 0, ou seja, que x2+ y2≤ 9. Logo o domínio de f é D(f) ={(x, y)∈ R2; x2+ y2 ≤ 9}.
# Como f(x, y) =√9− x2− y2 =√9− (x2+ y2) e
x2+ y2 ≥ 0, o valor máximo de f é √9 = 3 e o mínimo é 0. # As curvas de nível são as curvas √9− x2− y2= k no plano
z = k, ou seja, as curvas x2+ y2 = 9− k2 com k∈ R (círculos).
# Para o gráfico, note que elevando z =√9− x2− y2 ao
quadrado temos a equação de uma esfera de raio 3:
Exemplo (Superfícies de nível)
Exemplo (Superfícies de nível)
Quais são as superfícies de nível de f(x, y, z) = x2+ y2− z2? k = 0: x2+ y2− z2= 0⇔ z = ±√x2+ y2.
Exemplo (Superfícies de nível)
Quais são as superfícies de nível de f(x, y, z) = x2+ y2− z2?
Exemplo (Superfícies de nível)
Quais são as superfícies de nível de f(x, y, z) = x2+ y2− z2?
Seja f : D⊂ R2→ R uma função, (a, b)∈ D.
Dizemos que o limite de f(x, y) quando (x, y) tende a (a, b) é igual a L se para todo ε > 0, existe δ > 0 tal que
0 <||(x, y) − (a, b)|| < δ implica |f(x, y) − L| < ε, onde||(x, y) − (a, b)|| =√(x− a)2+ (y− b)2.
A notação para isto é
lim
# A exigência “(a, b)∈ D” não é suficiente: (a, b) não pode ser um ponto isolado. Não falaremos muito sobre isto, mas fique com o seguinte problema na cabeça: se
D = [0, 1]× [0, 1] ∪ {(2, 2)} ,
como fazemos para calcular limite com (x, y)→ (2, 2)?
# A função não precisa estar definida em (a, b) para o limite existir.
# Como já observamos, existem infinitas formas de
(x, y)→ (a, b), ao contrário do caso de funções R → R. Se percorrendo caminhos distintos, os limites forem diferentes, entãoo limite não existirá.
Seja f : U⊂ R2 → R e (a, b) ∈ U. Diremos quef é contínua em
(a, b)se
lim
(x,y)→(a,b)f(x, y) = f(a, b).
Diremos que f écontínuase for contínua em todos os pontos de seu domínio.
A função f será contínua em (a, b) se:
# f(a, b) existir, # lim (x,y)→(a,b) f(x, y) existir, # lim (x,y)→(a,b) f(x, y) = f(a, b).
Exercício
O limite abaixo existe?
lim (x,y)→(0,0)
x2− y2
Exercício
O limite abaixo existe?
lim (x,y)→(0,0)
xy x2+ y2
Exercício
O limite abaixo existe?
lim (x,y)→(0,0)
xy2
Exercício
O limite abaixo existe?
lim (x,y)→(0,0)
3x2y
Observações importantes
# As propriedades que usávamos no Cálculo I continuam válidas aqui: limite da soma é a soma dos limites (se ambos
existirem), etc.
# Pode-se passar o limite para “dentro” de funções contínuas, lim
(x,y)→(a,b)f(g(x, y)) = f
( lim
(x,y)→(a,b)g(x, y)
) se f é contínua em g(a, b).
# O teorema do sanduíche ainda é verdadeiro: se
f(x, y)≤ g(x, y) ≤ h(x, y) então lim (x,y)→(a,b) f(x, y)≤ lim (x,y)→(a,b) g(x, y) lim (x,y)→(a,b) h(x, y).
Observações importantes
# As propriedades que usávamos no Cálculo I continuam válidas aqui: limite da soma é a soma dos limites (se ambos
existirem), etc.
# Polinômios, funções trigonométricas, etc em várias variáveis são funções contínuas.
lim
(x,y)→(a,b)f(g(x, y)) = f (x,y)lim→(a,b)g(x, y)
se f é contínua em g(a, b).
# O teorema do sanduíche ainda é verdadeiro: se
f(x, y)≤ g(x, y) ≤ h(x, y) então lim (x,y)→(a,b) f(x, y)≤ lim (x,y)→(a,b) g(x, y) lim (x,y)→(a,b) h(x, y).
Observações importantes
# As propriedades que usávamos no Cálculo I continuam válidas aqui: limite da soma é a soma dos limites (se ambos
existirem), etc.
# Polinômios, funções trigonométricas, etc em várias variáveis são funções contínuas.
# Pode-se passar o limite para “dentro” de funções contínuas, lim
(x,y)→(a,b)f(g(x, y)) = f
( lim (x,y)→(a,b)g(x, y) ) se f é contínua em g(a, b). lim (x,y)→(a,b) f(x, y)≤ lim (x,y)→(a,b) g(x, y) lim (x,y)→(a,b) h(x, y).
# As propriedades que usávamos no Cálculo I continuam válidas aqui: limite da soma é a soma dos limites (se ambos
existirem), etc.
# Polinômios, funções trigonométricas, etc em várias variáveis são funções contínuas.
# Pode-se passar o limite para “dentro” de funções contínuas, lim
(x,y)→(a,b)f(g(x, y)) = f
( lim
(x,y)→(a,b)g(x, y)
) se f é contínua em g(a, b).
# O teorema do sanduíche ainda é verdadeiro: se
f(x, y)≤ g(x, y) ≤ h(x, y) então lim (x,y)→(a,b) f(x, y)≤ lim (x,y)→(a,b) g(x, y) lim (x,y)→(a,b) h(x, y).
Exercícios
Exemplo
Mostre que a função
f(x, y) = x2− y2 x2+ y2 , (x, y)̸= (0, 0), 0 , (x, y) = (0, 0) não é contínua. f(x, y) = { x2+ y2 , x + y∈ Q, 0 , x + y̸∈ Q é contínua na origem.
Exemplo
Mostre que a função
f(x, y) = x2− y2 x2+ y2 , (x, y)̸= (0, 0), 0 , (x, y) = (0, 0) não é contínua. Exemplo
Mostre que a função
f(x, y) =
{
x2+ y2 , x + y∈ Q,
0 , x + y̸∈ Q é contínua na origem.
Questão O domínio da função f(x, y) = √ 25− x2− y2 x2+ y2 é △ um quadrado ⋄ um disco
◦ um disco menos um ponto
Questão
Se
z = f(x, y) = 1 x2+ y2
então f é contínua em todos os pontos de seu domínio.
△ falso
Questão
Qual o valor do limite de
f(x, y) = x 3y3 2 + x2+ y2 quando (x, y)→ (0, 0)? △ não existe ⋄ 0 ◦ 1 □ 2
Se cuidem: usem máscaras, limpem as mãos com álcool em gel. Fique em casa.