Luciano Paris
Armistício
1ª. Edição
Vitória, ES, Brasil Luciano Balbino Paris
Copyright © 2013 Luciano Paris (lucianoparis@gmail.com) Capa: Luciano Paris
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
P232a Paris, Luciano.
Armistício / Luciano Paris. – 1. ed. – Vitória, ES : Ed. do Autor, 2013.
ISBN: 978-85-913270-2-7
1. Literatura brasileira - poesia. I. Título.
CDD B869.1 CDU 82-1(81)
Índices para catálogo sistemático: 1. Poesia : Literatura brasileira 869.91
3
Aos que sangram com dignidade. Aos que perguntam. Aos invisíveis.
Armistício
Luciano Paris
5
“É necessário ter o caos aqui dentro para gerar uma estrela.”
Armistício
Luciano Paris
7
Sumário
Apresentação ... 9
Achei que tinha ... 11
Canção para um coração cansado... 12
Tempus fugit ... 13
Oração pagã ... 14
Problema seu ... 15
Luar jusante ... 16
Esse era meu amigo ... 17
Clausura ... 18 Correndo ... 19 Foguetório ... 20 Satisfeito ... 21 Sotavento ... 22 Fotografia ... 23 Captura ... 24 Privação ... 25 Alegria ... 26
Hospital Geral das Ausências ... 27
Cadeiras da varanda ... 28 Vôo livre ... 30 Aurora ... 31 O olhar do cão ... 32 Ser poeta ... 33 A rua ... 34 Inocência ... 35 Visita de médico ... 36 Cria ... 37 O baile ... 38 Sede ... 39
Armistício 8 Rio de todos ... 40 Dezessete ... 41 Cisão ... 43 Açoite ... 44 Ser e estar ... 45 Balada ... 46 Perseguição ... 47 Insana Lúcia ... 48 Refeição de nada ... 50 O monstro ... 51 Tua barriga ... 52 Televendas... 53 Canto da juventude ... 54 Ostensiva ... 55 Sexta-feira da República ... 56 Felicidade em gotas ... 57 Turmalina ... 58 Voo noturno ... 59 Sala de espelhos ... 60 Jacira ... 61 Espetáculo ... 62 Balaio sujo ... 63
O sucesso é ser sucesso ... 64
Bebi, Bibi ... 65
Luciano Paris
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Apresentação
Às vezes temos que revisar os nossos planos de voo. As rotas escolhidas em um momento podem não refletir com precisão o que se deseja em uma etapa seguinte. Aquele Eu que fez o planejamento original pode sair de cena, e um novo Eu aparecer mandando alterar o curso, seguindo novas direções. E este eu aqui, claro, nem discute.
Convocado a eliminar arestas, coloquei-me a serviço. A obra tornou-se, então, um armistício. Uma prévia do fazer as pazes com a simplicidade. Descartando floreios, firulas e poses, buscando deixar em evidência apenas o essencial. A simplicidade é a beleza fluida e não exige raciocínio, nem intermediário. A poesia prescinde da sofisticação. Aliás, não há nada mais sofisticado que a beleza silenciosa de um poema breve. Deixa sempre aquela falta de ar, a expectativa do que não virá e a insustentável responsabilidade sobre o fim que se deseja ansiosamente. Planos complexos trazem sempre uma considerável chance de fracasso. A complexidade é o próprio fracasso. A complexidade é um breve reflexo do caos que trazemos em nossa inerente confusão mental. A complexidade clama pelo simples porque sabe que não pode sustentar-se a si própria. Sabe que irá afundar em sua própria tormenta, sucumbir sob seu próprio peso. O simples é aquilo que se vê, não o que se pensa. É aquilo que nos abraça ao primeiro olhar. Não é necessária nenhuma habilidade especial ou raciocínio elaborado para sorrir. Apenas sorrimos.
Convido, portanto, ao passeio. Simples assim.
A minha expectativa é de que goste. Nada modesta, mas honesta.
Armistício
Luciano Paris
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Achei que tinha
Achei que tinha algo. Achei que tinha tudo, Achei e perdi. Achei o perdido Pedido de um livro. No fundo da alma. Da vazia alma da arma de prata
que dispara em meu coração. Achei um pedaço de tudo. Achei um pedaço do escuro. Do vazio estridente
dos dentes da escuridão. Achei um caco
de garrafa: amarras da solidão.
Achei que tinha algo Achei que tinha tudo, Achei, perdi,
Armistício
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Canção para um coração cansado
Ainda hoje,
ainda antes do pôr do sol. Ainda hoje, é o bastante. A festa do silêncio em meu coração calado. Lenços pelo chão e portas. Lençóis das camas.
Sinto tédio do tédio que sinto E saudade do que já não é meu. O coração, que tanto bate. Não batendo, nem parado. Apenas sujo, maltrapilho. Lamenta o trem que perdeu.
Luciano Paris
13
Tempus fugit
O tempo que neste tempo já vai Não tem mais tanto tempo Não penso, dissenso vento, No tempo que escapa e vai. Perder de vista o final Perda normal
Perda normal. Há tempos, Há videiras,
Há amoreiras no quintal. Pra onde vou
tenho certeza
sem dúvida, nada mal. Sombras, sono matinal Tanta coisa'inda por ver perder de vista o final. Perder os sonhos, Temporal.