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Estudo de variabilidade genética de aspergillus flavus como base para o desenvolvimento de PCR multiplex para detecção de fungos produtores de aflatoxinas em castanha-do-brasil e bastanha de caju

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Academic year: 2017

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(1)

Pós-Graduação em Ciências Genômicas e Biotecnologia

“Estudo de Variabilidade Genética de

Aspergillus flavus

como Base para o

Desenvolvimento de PCR Multiplex para Detecção de Fungos Produtores

de Aflatoxinas em Castanha-do-brasil e Castanha de Caju”

Maria dos Reis Rodrigues Pinheiro

(2)

Universidade Católica de Brasília – UCB

Pós-Graduação em Ciências Genômicas e Biotecnologia

“Estudo de Variabilidade Genética de

Aspergillus flavus

como Base para o

Desenvolvimento de PCR Multiplex para a Detecção de Fungos Produtores

de Aflatoxinas em Castanha-do-brasil e Castanha de Caju”

Maria dos Reis Rodrigues Pinheiro

“Dissertação apresentada no Programa de

Pós-Graduação em Ciências Genômicas e Biotecnologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre.”

Orientador: Dr. Robert Neil Gerard Miller

(3)

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

Drª Marisa Álvares da Silva Velloso Ferreira

___________________________________________ Dr. Augusto Mello Simões Barbosa

___________________________________________ Dr. Robert Neil Gerard Miller

(4)

(5)

Agradecimentos

• A Deus, minha força.

• A minha família, meu esteio.

• Ao Professor Robert Miller, pela orientação efetiva, incentivo e apoio, um mestre

na orientação segura, meu muito obrigada.

• A todos os professores do Curso de Ciências Genômicas e Biotecnologia, mas de

uma maneira especial aos professores Rosane Garcia e Tatsuya Nagata por todo apoio no início dos trabalhos laboratoriais.

• A Eva Avelino Dias, presença sempre constante.

• A Alessandra Maria M. Reis, pela amizade e colaboração efetiva durante todo

trabalho de laboratório.

• Aos técnicos Márcia F. de Araújo, André Luiz C. Ramos e William B. Reis pelo

apoio e amizade.

• Aos estagiários Bruna Vidigal dos Santos, Felipe Ferreira da Costa e Rosa Maria

de A. dos Anjos pela valiosa colaboração.

• A todos os colegas, pelo apoio e incentivo mas de uma maneira especial a Suzana

N. Santos e Gutemberg D. de Sousa.

• As amigas Simone Vasconcelos, Clarissa Falcão e Letícia Fagundes.

• Ao professor Georgios Pappas, pelo apoio nos trabalhos de bioinformática.

• Ao professor Lúcio Flávio de A. Figueiredo e ao colega Alexandre M. Teles pelo

apoio e incentivo impressindíveis para que eu pudesse chegar até aqui.

• Ao Fábio Gomes da Costa pela presença sempre tranqüila a apoiar.

• A todos os funcionários da UCB pela presteza.

• Ao IBGE e a todos os meus colegas de trabalho e de uma maneira especial a

Antônio M. Leles, Walker R. Moura, Célia Maria Felisberto e Gisela R. de A. Vaz de Mello, por todo apoio e incentivo.

• Ao Dr. Francisco Freire (Embrapa – CNPAT) pelo fornecimento da coleção de A.

flavus.

(6)

Índice

Lista de Tabelas... 13

Resumo... 14

Abstract... 16

1. Introdução ... 18

1.1. Micotoxinas... 18

1.1.1. Impacto histórico ... 18

1.1.2. Toxicidade ... 19

1.1.3. Estratégias de controle ... 20

1.1.4. Metabolismo ... 23

1.2. Aflatoxina... 24

1.2.1. Organismos produtores e estrutura química ... 24

1.2.2. Ocorrência ... 25

1.2.3. Toxicidade ... 27

1.3. Castanha-do-brasil (castanha-do-pará), castanha de caju e legislação ... 29

2. Métodos de detecção e quantificação de micotoxinas ... 36

2.1. Métodos imunológicos ... 37

3. Métodos de detecção de fungos produtores de micotoxinas... 37

3.1. Contagem de esporos ... 37

3.2 Reação da Polimerase em Cadeia (PCR) ... 38

3.2.1.Vantagens da PCR... 38

4. Detecção e caracterização molecular... 39

4.1. DNA ribossomal nuclear (rDNA) ... 39

4.2. DNA mitocondrial (mtDNA) ... 43

4.3. Polimorfismo de DNA amplificado ao acaso – RAPD ... 44

4.4. Outros marcadores ... 45

5. Detecção molecular de fungos produtores de aflatoxinas ... 47

6. Hipótese... 53

7. Objetivos Gerais... 53

8. Objetivos Específicos ... 53

9. Materiais e Métodos... 54

9.1. Levantamento, cultivo, classificação e manutenção da coleção de fungos potencialmente produtores de aflatoxinas ... 54

(7)

9.4. Amplificação por PCR da região ITS do rDNA nuclear... 56

9.4.1. Sequenciamento do rDNA nuclear, região ITS e desenho de primers específicos para Aspergillus flavus... 57

9.4.2. Análisedasseqüências... 58

9.5. Polimorfismo de DNA amplificado ao acaso – RAPD ... 58

9.5.1. Análise fenética dos dados de RAPD ... 59

9.6. Amplificação por PCR do gene da subunidade menor (SSU) do rRNA presente no DNA mitocondrial (mtDNA) ... 59

9.7. Amplificação por PCR do gene da β-tubulina... 60

9.8. Amplificação da região IGS do rDNA nuclear... 60

10. Desenho de primers degenerados para genes da via biossintética das aflatoxinas .... 61

11. Resultados ... 63

11.1. Sequenciamento do rDNA e desenvolvimento de primers específicos ... 63

11.2. Caracterização molecular por polimorfismo de DNA amplificado ao acaso – RAPD... 66

11.3. Amplificações de outras regiões genômicas candidatas ao desenho de primers específicos para Aspergillus flavus... 68

11.4. Desenho de Primers para genes da via biossintética ... 70

12. Discussão ... 72

13. Conclusões ... 80

14. Trabalhos futuros... 81

15. Bibliografia ... 82

(8)

Lista de Figuras

Figura 1: Estrutura química das aflatoxinas... 25

Figura 2: Esquema de genes no cromossomo e parte da seqüência de bases nitrogenadas indicando códon do gene supressor de tumor (gene p53) onde ocorre a alteração da base. ... 28

Figura 5: Cluster de genes e regiões espaçadoras do rDNA nuclear e o local onde anelam os primers universais para amplificações das regiões ITS e IGS. ... 40

Figura 6: Via biossintética para sterigmatocistin e aflatoxina B1 do fungo

Aspergillus flavus. A via biossintética está fora do perímetro, com os genes envolvidos na codificação das enzimas sobre as caixas e dentro das caixas, as setas indicam a direção da transcrição do gene. As setas que saem das caixas indicam a posição de cada enzima na via. Pks A, policetídeo sintase; nor 1, nor A, norsolorinic ácido redutase; fas1, fas2, ácido graxo sintase; aflR, fator de transcrição; afl J, desconhecido; adh A, álcool dehidrogenase; ver 1A , aflS, O-metiltransferase; avn A, versiconal hemiacetil acetato redutase; ver B, desaturase; ord 1, ord 2, omt A, O-metiltransferases; vbs, oxidase/dehidrogenase; avf 1 (afl B afl W), esterases. Adaptado de Woloshuk & Prieto (1998), por Edwards et al. (2002) ... 52

Figura 7: Região ITS do rDNA nuclear – Amplificação realizada com os primers

ITS5 e ITS4. Os números acima dos poços representam os isolados e as letras os marcadores utilizados (M = 1 kb plus DNA ladder; M1 =

λ 100 DNA; M2 = λ 200 DNA)... 64

(9)

gêneros comumente associados às espécies hospedeiras acima citadas... 65

Figura 9: Perfis de RAPD para os 48 isolados de A. flavus, gerados com o primer

RAPD-OPF13. Os números acima dos poços do gel indicam o isolado de A. flavus. A letra M indica o marcador 1kb plus DNA ladder e C o controle negativo (ausência de DNA na mistura)... 67

Figura 10: Perfis de RAPD para os 48 isolados de A. flavus, gerados com o primer

RAPD-O20. Os números acima dos poços do gel indicam o isolado de

A. flavus. A letra M indica o marcador 1kb plus DNA ladder e C o controle negativo (ausência de DNA na mistura)... 67

Figura 11: Fenograma UPGMA representando as relações genéticas dos isolados de A. flavus em castanha-do-brasil e castanha de caju, baseado na combinação dos perfis RAPD (11 primers). As similaridades foram obtidas utilizando-se o coeficiente de Jaccard que dividiu os isolados de A. flavus em cinco grupos conforme planta hospedeira e região de origem... 68

Figura 12: Região mtDNA SSU – Amplificação realizada com os primers MS1 e MS2. Os números acima dos poços representam os isolados e as letras os marcadores e o controle (M = 1 kb plus DNA ladder; C = controle negativo; M1 = λ 100 DNA; M2 = λ 200 DNA) ... 69

Figura 13: Gene β-tubulina – Amplificação realizada com os primers T22 e T1. Os números acima dos poços representam os isolados e as letras os marcadores e o controle (M = 1 kb plus DNA ladder; C = controle negativo; M1 = λ 100 DNA; M2 = λ 200 DNA) ... 69

Figura 14: Seqüências consensos geradas do rDNA ITS 1, 5.8S, e ITS2 de 48 isolados de A. flavus, e de outras espécies no gênero Aspergillus e de outros gêneros associados com Anacardium occidentale e Bertholletia excelsa no Brasil (dados do Genbank)... 107

(10)

indicam o isolado de A. flavus. A letra M indica o marcador 1kb plus

DNA ladder e C o controle negativo (ausência de DNA na mistura). ... 114

Figura 16: Perfis de RAPD para isolados de Aspergillus flavus 1 – 48, gerados com o primer RAPD-OPA04. Os números acima dos poços do gel indicam o isolado de A. flavus. A letra M indica o marcador 1kb plus

DNA ladder e C o controle negativo (ausência de DNA na mistura). ... 114

Figura 17: Perfis de RAPD para isolados de Aspergillus flavus 1 – 48, gerados com o primer RAPD-D10 Os números acima dos poços do gel indicam o isolado de A. flavus. A letra M indica o marcador 1kb plus

DNA ladder e C o controle negativo (ausência de DNA na mistura). ... 114

Figura 18: Perfis de RAPD para isolados de Aspergillus flavus 1 – 48, gerados com o primer RAPD-D20. Os números acima dos poços do gel indicam o isolado de A. flavus. A letra M indica o marcador 1kb plus

DNA ladder e C o controle negativo (ausência de DNA na mistura). ... 114

Figura 18: Perfis de RAPD para isolados de Aspergillus flavus 1 – 48, gerados com o primer RAPD-D20. Os números acima dos poços do gel indicam o isolado de A. flavus. A letra M indica o marcador 1kb plus

DNA ladder e C o controle negativo (ausência de DNA na mistura). ... 115

Figura 19: Perfis de RAPD para isolados de Aspergillus flavus 1 – 48, gerados com o primer RAPD-K20. Os números acima dos poços do gel indicam o isolado de A. flavus. A letra M indica o marcador 1kb plus

DNA ladder e C o controle negativo (ausência de DNA na mistura). ... 115

Figura 20: Perfis de RAPD para isolados de Aspergillus flavus 1 – 48, gerados com o primer RAPD-Q20. Os números acima dos poços do gel indicam o isolado de A. flavus. A letra M indica o marcador 1kb plus

DNA ladder e C o controle negativo (ausência de DNA na mistura). ... 115

(11)

Figura 22: Perfis de RAPD para isolados de Aspergillus flavus 1 – 48, gerados com o primer RAPD-V10. Os números acima dos poços do gel indicam o isolado de A. flavus. A letra M indica o marcador 1kb plus

DNA ladder e C o controle negativo (ausência de DNA na mistura). ... 116

Figura 23: Perfis de RAPD para isolados de Aspergillus flavus 1 – 48, gerados com o primer RAPD-OPF10. Os números acima dos poços do gel indicam o isolado de A. flavus. A letra M indica o marcador 1kb plus

DNA ladder e C o controle negativo (ausência de DNA na mistura). ... 116

Figura 24: Fenograma UPGMA representando as relações genéticas dos isolados de Aspergillus flavus em castanha-do-brasil e castanha de caju, baseado nos perfis RAPD do primer B10. As similaridades foram obtidas utilizando-se o coeficiente de Jaccard. ... 117

Figura 25: Fenograma UPGMA representando as relações genéticas dos isolados de Aspergillus flavus em castanha-do-brasil e castanha de caju, baseado nos perfis RAPD do primer D10. As similaridades foram obtidas utilizando-se o coeficiente de Jaccard. ... 117

Figura 26: Fenograma UPGMA representando as relações genéticas dos isolados de Aspergillus flavus em castanha-do-brasil e castanha de caju, baseado nos perfis RAPD do primer D20. As similaridades foram obtidas utilizando-se o coeficiente de Jaccard. ... 118

Figura 27: Fenograma UPGMA representando as relações genéticas dos isolados de Aspergillus flavus em castanha-do-brasil e castanha de caju, baseado nos perfis RAPD do primer K20. As similaridades foram obtidas utilizando-se o coeficiente de Jaccard. ... 118

Figura 28: Fenograma UPGMA representando as relações genéticas dos isolados de Aspergillus flavus em castanha-do-brasil e castanha de caju, baseado nos perfis RAPD do primer O20. As similaridades foram obtidas utilizando-se o coeficiente de Jaccard. ... 119

(12)

baseado nos perfis RAPD do primer Q20. As similaridades foram obtidas utilizando-se o coeficiente de Jaccard. ... 119

Figura 30: Fenograma UPGMA representando as relações genéticas dos isolados de Aspergillus flavus em castanha-do-brasil e castanha de caju, baseado nos perfis RAPD do primer T20. As similaridades foram obtidas utilizando-se o coeficiente de Jaccard. ... 120

Figura 31: Fenograma UPGMA representando as relações genéticas dos isolados de Aspergillus flavus em castanha-do-brasil e castanha de caju, baseado nos perfis RAPD do primer V10. As similaridades foram obtidas utilizando-se o coeficiente de Jaccard. ... 120

Figura 32: Fenograma UPGMA representando as relações genéticas dos isolados de Aspergillus flavus em castanha-do-brasil e castanha de caju, baseado nos perfis RAPD do primer OPA04. As similaridades foram obtidas utilizando-se o coeficiente de Jaccard. ... 121

Figura 33: Fenograma UPGMA representando as relações genéticas dos isolados de Aspergillus flavus em castanha-do-brasil e castanha de caju, baseado nos perfis RAPD do primer OPF10. As similaridades foram obtidas utilizando-se o coeficiente de Jaccard. ... 121

Figura 35: Seqüências protéicas da enzima oxidoredutase, alinhamento das seqüências, identificação dos blocos, e desenho de primers

(13)

Lista de Tabelas

Tabela 1: Agentes etiológicos, principais micotoxinas, substratos e regiões de ocorrência... 22

Tabela 2: Efeito das micotoxinas sobre os sistemas fisiológicos animais ... 23

Tabela 3 : Informações sobre a coleção de isolados de A. flavus (origem e identificação)... 55

Tabela 4: Seqüências dos Primers RAPD utilizados ... 59

Tabela 5: Seqüências dos Primers utilizados nas amplificações das regiões ITS, mtDNA, IGS e β-tubulina. ... 61

Tabela 6: Primers desenhados para genes da via biossintética de aflatoxina em

(14)

Resumo

Aflatoxinas é a denominação dada a um grupo de substâncias muito semelhantes,

heterocíclicas e altamente oxigenadas, tóxicas ao homem e animais. São produtos do

metabolismo secundário de fungos filamentosos das espécies Aspergillus flavus, A.

parasiticus, A. pseudotamarii e A. nomius, desses, apenas A. flavus e A. parasiticus são economicamente importantes. Seus metabólitos são denominados B1, B2, G1 e G2. As letras

referem-se a cor que emitem (blue ou green) sob luz ultra violeta de comprimento de onda de

365 nanômetros (nm) e os números a sua toxicidade, sendo o nº 1 a forma mais tóxica.

As aflatoxinas são carcinogênicas, imunossupressivas, teratogênicas e

genotóxicas, objeto de preocupação em todo mundo, sendo de ocorrência mais frequente nos

países de clima tropical, embora também ocorram em todas as regiões, nas épocas e locais de

clima quente e úmido.

A castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa H. B. K.) é o primeiro produto

extrativista em importância para as comunidades que vivem na Amazônia. É um produto

tipicamente de exportação, sendo que das 28.467 toneladas (t) produzidas em 2001, 20.000 t

tiveram como destino a Europa e os Estados Unidos. Ultimamente, o produto vem sofrendo

restrições nesses mercados devido a contaminação das castanhas por aflatoxinas, com níveis

acima dos permitidos, inclusive com devoluções do produto.

A técnica oficial de detecção da aflatoxina e outras micotoxinas é a cromatografia,

que detecta a toxina mas não o fungo, não sendo recomendada no monitoramento da cadeia

produtiva.

A Reação da Polimerase em Cadeia (PCR) potencialmente é uma poderosa

ferramenta no combate a aflatoxina podendo ser utilizada no monitoramento de toda cadeia

produtiva. É uma técnica rápida e versátil, para detecção, o organismo a priori não necessita

ser cultivado, é sensível, sendo capaz de detectar moléculas de DNA alvo em uma mistura

complexa sem uso de sondas radioativas. E comparada às análises por cromatografia, é uma

técnica relativamente barata.

Nenos de 50% dos isolados de Aspergillus flavus são de fato produtores de

aflatoxinas, razão da busca de um sistema PCR multiplex baseado na investigação de

variabilidades em regiões do rDNA (ITS e IGS do rRNA nuclear e no mtDNA SSU rRNA),

gene da β-tubulina, marcadores RAPD e genes da via biossintética de A. flavus objetivando

(15)

Da amplificação com os primers universais ITS5 e ITS4 (48 isolados de A. flavus

originários de castanha–do-brasil e castanha de caju - Anacardium occidentale L.),

sequenciamento dos fragmentos e análise das seqüências da região ITS do rDNA, obteve-se

um par de primers provalvemente específico para A. flavus (ASPITSF e ASPITSR). Foram

também desenhados 10 possíveis tipos diferentes de primers degenerados para genes da via

biossintética da aflatoxina totalizando 26 pares de primers.

A investigação de variabilidade utilizando-se marcadores RAPD (11 primers), 140

fragmentos de DNA, gerou um fenograma que dividiu os 48 isolados em 5 grupos distintos

conforme hospedeira e região geográfica de origem.

Mais investigações serão realizadas até a obtenção da PCR multiplex específica

para A. flavus produtor de aflatoxina em castanha-do-brasil e castanha-de-caju.

(16)

Abstract

Aflatoxins represent a group of similar heterocyclic and highly oxygenated

substances, which are toxic to man and animals. Products of secondary metabolism in the

filamentous fungi Aspergillus flavus, A. parasiticus, A. pseudotamarii and A. nomius, the

species A. flavus and A. parasiticus are of greatest economic importance. The most important

aflatoxins are grouped as B1, B2, G1 and G2, with letters refering to emitted colour (blue or

green) under UV light (365nm), and numbers referring to degree of toxicity. As aflatoxins are

carcinogenic, imunosupressive, teratogenic and genotoxic, they are cause for concern

worldwide, especially in tropical countries, as well as temperate regions with warm, humid

summers.

Brazil nut (Bertholletia excelsa H. B. K.) is the first extractivist product of

importance for communities living in the Amazon region, and is a product principally

destined for the export market, with, for example, 20000 tons of the 28467 tons produced in

2001 destined for Europe and the USA. Recently, however, exports have suffered serious

restrictions, as a result of contamination of nuts with aflatoxins, with detected levels

exceeding accepted levels in both markets.

The official methods for detection of aflatoxins and other mycotoxins are based on

chromatography, which can detect the toxin but not the mycotoxigenic fungus. Monitoring the

productive chain is not currenly required, as such detection methods for toxins are relatively

expensive. In order to resolve this problem, an additional method is required for detection of

not only the aflatoxin, but also the aflatoxigenic fungus, applicable for monitoring the entire

productive chain.

Genetic variability was assessed in 48 isolates of potentially aflatoxigenic and

non-aflatoxigenic isolates of A. flavus from B. excelsa and cashew nut (Anacardium

occidentale L.) from different geographic regions in Brazil, with phenetic analysis of 140 DNA fragments generated with 11 RAPD primers separating isolates according to host of

origin, and isolates from A. occidentale also according to geographic origin. A number of

candidate PCR products for the design of primers specific to A. flavus were amplified (nuclear

rDNA ITS regions, mtDNA SSU rRNA gene, and β-tubulin gene), and sequence analysis of

the amplified rDNA ITS regions, together with Genbank-derived sequences for the rDNA ITS

regions for other Aspergillus species and other fungal genera associated with B. excelsa and

(17)

aflatoxin biosynthetic pathway were also designed based upon conserved protein sequence

motifs in A. flavus, A. parasiticus and A. nomius.

Further research is planned for testing and adapting the designed primers in the

form of a multiplex PCR system, for molecular detection of aflatoxigenic isolates of A. flavus

(18)

1. Introdução

1.1. Micotoxinas

As micotoxinas são substâncias químicas produzidas por fungos filamentosos em

seus hospedeiros e podem causar doenças e até morte em animais, inclusive o homem, ao

consumirem alimentos que as contêm em quantidades acima dos níveis tolerados pelo

organismo. São produtos do metabolismo secundário, pertencentes a diferentes classes

químicas, principalmente policetídeos, isoprenos e aminoácidos (Martin, 1992). São

substâncias estáveis, passíveis de transferirem para a cadeia alimentar, podendo aparecer nos

alimentos que foram contaminados, mesmo após o seu processamento. Um exemplo prático

do processo de transferência para a cadeia alimentar é a ingestão de rações contendo

micotoxinas, o que provoca contaminação dos produtos desses animais, tais como carne, leite

e ovos (Rodricks & Stoloff, 1987).

Doenças crônicas de ocorrência em animais, inclusive no homem, talvez tenham

origem na ingestão de alimentos contaminados com micotoxinas dos quais desconhece-se o

efeito ou o metabólito, sabe-se entretanto que intoxicações por micotoxinas são bastante

complexas, uma vez que os efeitos observados não são normalmente únicos para uma dada

micotoxina.

Vale ressaltar que nem todos os fungos produzem efeito maléfico e que a presença

de um fungo produtor de micotoxina não significa que o alimento esteja contaminado, pois as

condições nas quais o fungo produz suas micotoxinas são muito específicas. Cole & Cox

(1981), listaram cerca de 300 metabólitos de fungos como micotoxinas. Porém, de todas as

micotoxinas relatadas, somente algo em torno de 20, produzidas por diferentes espécies

fúngicas, são relevantes para a saúde humana, como evidenciam os exemplos citados na

Tabela 1.

A nova dimensão para esses compostos tóxicos aconteceu no momento da

globalização dos mercados, acrescentando uma importância a mais para as micotoxinas, não

somente como substâncias tóxicas que de fato são, mas também como impedimento para o

livre mercado entre os países (barreira técnica).

1.1.1. Impacto histórico

O mais antigo caso de micotoxicose humana é o ergotismo, causado pelo fungo

(19)

(Barger, 1931; van Rensburg & Altenkirk, 1974). O ergotismo resulta do consumo de grãos

contendo esclerócios do fungo, cujo tecido possui em sua constituição alcalóides tóxicos. É,

portanto um dos raros casos cuja toxina não é proveniente do metabolismo secundário do

fungo.

O estudo das micotoxinas iniciou-se na Inglaterra, em 1960, quando cerca de

100.000 perus e um menor número de outras aves domésticas morreram em curto espaço de

tempo, após consumirem ração que possuía em sua constituição torta de amendoim importada

do Brasil. A confirmação do fato ocorreu quando, utilizando-se clorofórmio como solvente,

extraiu-se da torta uma substância, que foi administrada na ração dos perus jovens. Eles

morreram logo após a ingestão e reproduziram os sinais externos e os sintomas internos das

lesões hepáticas anteriormente observados (Allcroft & Carnagham, 1962).

Em 1974, surgiram na Índia 400 casos de hepatite dos quais 100 pessoas

morreram. Na época, suspeitou-se que a causa principal foi a contaminação por aflatoxina

(Krishnamachari et al., 1975). A rota foi traçada devido à alta contaminação do milho por

Aspergillus flavus, que continha acima de 15 mg/kg de aflatoxina. O consumo da toxina por alguns dos adultos afetados foi calculado ser de 2-6 mg por dia, por um período de um mês.

Dessa maneira, concluiu-se que a dose letal provável para humanos adultos seria da ordem de

10 mg (http://www.fao.org/inpho/vlibrary/x0036e/X0036E08.htm).

1.1.2. Toxicidade

A ingestão de micotoxina pode levar, a quadros de intoxicação aguda ou crônica,

aos quais dá-se o nome de micotoxicose (Sharma e Salumkhe, 1991). São também relevantes

a inalação e exposição dérmica, principalmente durante as fases de colheita e trilha das

culturas, além de outras fases do manuseio. No entanto, epidemias causadas por micotoxinas

são raras.

Devido às diferenças nas estruturas moleculares das micotoxinas, seus efeitos

sobre a saúde humana e dos animais variam de teratogênico, imunossupressivo, tremogênico,

nefratóxico, hepatóxico e carcinogênico (Bullerman, 1979, Tabela 2).

Fungos, principalmente dos gêneros Aspergillus, Penicillium e Fusarium (Tabela

1) são abundantes na natureza, contaminando alimentos frescos, secos e alimentos

processados. As micotoxinas são estáveis, permanecendo no substrato mesmo após a

destruição do fungo.

Vários fatores influenciam a contaminação por micotoxinas durante a fase de

(20)

substrato e o próprio substrato em si, concentração do inóculo, interações microbianas, danos

mecânicos e infestações por insetos (Ominski et al., 1994).

A contaminação dos alimentos pode ocorrer no campo, na colheita, no transporte,

no armazenamento e/ou na manufatura dos produtos (Smith & Henderson, 1991).

Micotoxinas causam, portanto, danos à saúde dos animais de uma maneira geral (Tabela 2),

danos econômicos como morte de animais e perda de peso, recusa do produto no mercado

externo, com quebras contratuais e suas implicações, gastos na remoção da toxina para

recuperar o produto rejeitado, comprometimento da saúde humana e suas implicações. Enfim,

cresce no mundo a preocupação com a saúde alimentar, refletida pela implantação, por muitos

países, de normas para o alcance deste objetivo.

A presença da maioria das micotoxinas pode ser prevenida ou reduzida com o

processo de secagem eficiente logo após a colheita, reduzindo as chances de contaminação

por fungos. Para manter uma armazenagem em condições de segurança quanto à produção de

micotoxina, a atividade da água (aw) deve estar em torno de 0,7, pois poucos fungos crescem

quando a atividade da água encontra-se abaixo desse valor. A manutenção de alimentos com

aw abaixo desse número é uma técnica eficiente para prevenir danos provocados por fungos e

conseqüente produção de micotoxina. Por exemplo, A. flavus requer uma atividade de água

mínima entre 0,78 a 0,80 para o crescimento e 0,83 a 0,87 para a produção de toxina

(Bullerman et al., 1984).

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO)

(http://www.fao.org/inpho/vlibrary/x0012s/X0012S00.htm) diz que: considerações sobre

micotoxinas deveriam ser parte essencial de um programa integrado de gestão de produtos de

base, colocando em foco a manutenção da qualidade do produto do campo ao consumidor.

Nessa linha de raciocínio é que as técnicas para identificação e quantificação das toxinas têm

evoluído. Hoje, os métodos de identificação e quantificação são rápidos e precisos, altamente

seletivos e confiáveis e a cada dia tornam-se mais acessíveis com a incorporação de novas

pesquisas desenvolvidas em todo o mundo.

1.1.3. Estratégias de controle

Várias pesquisas seguem na direção de tentar encontrar uma solução cultural para

o problema das micotoxinas. Nessa linha, trabalhos buscando genes de resistência ou

indivíduos dentro da mesma espécie que competem com as espécies toxicogênicas eliminando

(21)

Campbell & White (1995) e Huang et al. (1997) encontraram evidências de resistência a

aflatoxina em milho, e Mixon (1986) e Waliyar et al. (1994) em amendoim. Nessas culturas,

observou-se em certas variedades, reduzido grau de contaminação por aflatoxinas.

Dentre as estratégias de destoxificação dos produtos alimentares temos a remoção

manual ou eletrônica de grãos cujas características são coerentes com uma maior

contaminação por micotoxinas, como os grãos descoloridos do amendoim. Para esse fim, são

utilizadas as mesas gravitacionais que separam grãos de menor densidade. O tratamento

térmico é outra técnica empregada na redução da toxina, contudo, as aflatoxinas são

degradadas pelo calor úmido apenas parcialmente.

O controle químico é outra técnica empregada na degradação de micotoxinas

principalmente em farelos e grãos, mas além do alto custo, não é confiável. O método utiliza

substâncias químicas como os solventes isopropanol, etanol e acetonas aquosas e a amônia

gasosa, utilizadas a temperaturas e pressões elevadas. Têm o inconveniente de alterar o sabor

da ração. Esses tratamentos são vistos como adequados somente para rações para uso animal,

e nunca para consumo humano, pelo menos, por enquanto.

Na técnica físico-química de adsorção empregam-se as argilas vulcânicas, naturais

ou sintéticas. Algumas dessas argilas são eficientes na adsorção e outras apresentam baixa

capacidade.

Finalmente o método de biocontrole promove a degradação biológica da toxina

como no caso da utilização da bactéria Flavobacterium aurantiacum, que remove aflatoxinas

do leite, milho, óleo de milho e creme de amendoim. Nessa linha, temos ainda a pulverização

das culturas com indivíduos não aflatoxicogênicos (A. flavus e A. parasiticus), que são mais

efetivos na biocompetição e ocupam o mesmo nicho ecológico dos aflatoxicogênicos,

impedindo-os de proliferar.

Tais procedimentos apenas reduzem os danos econômicos e colocam o produto

contaminado em um padrão toxicologicamente aceitável (Council for Agricultural Science

and Technology, 2003; http://www.mold-help.org/fungi.mycotoxins.currentresearch.htm;

(22)

Tabela 1: Agentes etiológicos, principais micotoxinas, substratos e regiões de ocorrência.

ORGANISMO

MICOTOXINA SUBSTRATO PAÍSES OBSERVAÇÃO

Aspergillus flavus, A. parasiticus, A.. pseudotamarii A. nomius

Aflatoxinas (B1, B2, G1 e G2)

Amendoim, milho, castanhas, amêndoas, semente de algodão, frutos frescos e secos, arroz parboilizado, leite e seus derivados.

Países da América Latina, África, Ásia, partes da Austrália e dos Estados Unidos

Ocorre preferencialmente nas épocas e locais de clima quente e úmido. Tem efeito hepatóxico, carcinôgeno, e reduz a produção e o crescimento dos animais. Fusarium moniliforme, F. proliferatum, F. anthophillum, F. globosum Gibberella moniliformes

Fumonisina Milho e seus derivados África, China Argentina, Brasil, França, Indonésia, Itália, Filipinas, Polônia, Tailândia, E. Unidos e Europa.

Milho oriundo de todas as partes do mundo. Ocorre tanto em climas

temperados como em tropicais.

Causa edema pulmonar em eqüinos e suínos e suspeita-se de provocar câncer de esôfago em humanos.

Fusarium graminearum, Fusarium culmorum, e Fusarium crookwellense Tricotecenos (Deoxinivalenol, nivalenol, Toxina T2).

Trigo, milho, aveia e cevada.

Continente asiático, europeu e em países como E. Unidos, China, Nova Zelândia, Japão, Canadá, Israel e Coréia.

Regiões frias e úmidas. Causa vômitos

prolongados em animais. Rações com 5% de contaminação é suficiente para provocar recusa das mesmas pelos animais. Fusarium

graminearum, F. culmorum, F. crookwellense.

Zearalenona Milho, sorgo, aveia, cevada e trigo.

Estados Unidos, Canadá e Continente Europeu.

Ocorre em regiões mais frias e úmidas.

Em porcos, afeta o sistema reprodutivo e em humanos há suspeitas de ser cancerígeno.

Aspergillus ochraceus, Penicillium

verrucosum Ocratoxina A

Cevada, trigo, alfafa, cana-de-açúcar, milho, amendoim, café, arroz, frutas secas e vinhos entre outros. Balkãs, Europa Central, Suécia, Dinamarca, Itália, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos e parte da América do Sul.

Ocorre em regiões mais frias e úmidas, mas também em regiões tropicais.

Tem efeito nefratóxico e hepatóxico.

(23)

Tabela 2: Efeito das micotoxinas sobre os sistemas fisiológicos animais E F E I T O

TOXINA Imuno-lógico

Hemato-poético

Hepa-tóxico

Nefra-tóxico

Repro-dutivo

Terato-gênico

Neuro-tóxico

Carcino- gênico

Dermone-crótico

Aflatoxina

X X X X X X

Tricotecenos

X X X X X

Ocratoxina A

X X X X X

Fumonisina

X X X

Zearalenona

X X

Ergot alcalóide

X

Toxina T-2

X X

Sterigmatocistina

X X

Fonte: Council for Agricultural Science and Technology, 2003

1.1.4. Metabolismo

O metabolismo, para efeito de entendimento, está dividido em primário e

secundário. No primário têm-se os produtos da via metabólica envolvidos nos processos

essenciais da vida do fungo (Campbell, 1991), como por exemplo os ciclos do ácido cítrico,

etanol, aminoácidos. No secundário, os metabólitos têm uma distribuição mais restrita e é

freqüentemente específico para gênero, espécie ou raça (Campbell, 1991). Os composto

formados durante o metabolismo secundário não formam uma categoria química e não

necessariamente têm estrutura molecular comum, por isso, são usualmente classificados pela

via metabólica, pelos quais são produzidos. Micotoxinas e antibióticos, como a penicilina, são

produtos da via metabólica secundária de fungos. A maioria dos metabólitos secundários é

produzido após o fungo ter completado sua fase inicial de crescimento e estar iniciando a fase

reprodutiva, representada pela formação de esporos.

Ambas as vias estão sujeitas ao controle fisiológico geral que responde a fatores

ambientais. Fatores que influenciam o crescimento de fungos, tais como composição do

substrato, temperatura, atividade da água, pH, atmosfera, potencial redox e competição

microbiológica, também influenciam a produção de micotoxinas (Frisvad & Samson, 1991).

Porém, há muitas evidências que o metabolismo secundário tem menor prioridade que o

crescimento na hierarquia da regulação. Quando um meio de cultura é rico, com nutrientes

balanceados, microrganismos do tipo selvagem não realizam o metabolismo secundário ou

seu potencial é reduzido (Vining, 1990). Assim, em meio de cultura deficiente, onde o fungo

(24)

citar a indução da produção de aflatoxina por açúcar simples (Buchanan & Stahl, 1984) ao

invés de uma fonte de carbono mais complexa.

Em fungos, o metabolismo secundário está comumente associado ao processo de

esporulação (Calvo, et al., 2002). Esse tipo de metabolismo associado com esporulação pode

ser classificado em três categorias: 1. Metabolismo que ativa a esporulação; 2. Estruturas de

esporulação que requerem pigmentos e 3. Metabólitos tóxicos secretados por colônias em

crescimento quando se aproxima o momento da esporulação, por exemplo, a biossíntese de

alguns produtos deletérios naturais como as micotoxinas (Hicks et al., 2001; Trail et al.,

1995).

De todos os produtos naturais o que mais afeta a saúde dos animais são as

micotoxinas. A relação entre produção de micotoxinas e esporulação é documentada em

vários gêneros de fungos micotoxigênicos (Calvo et al., 2002). Por exemplo, em A.

parasiticus produtos químicos que inibem a esporulação, também inibem a produção de

aflatoxina (Reiβ, 1982). Pesquisas têm mostrado que isolados mutante de Aspergillus,

deficientes em esporulação são também ineficientes na produção de aflatoxina (Bennett &

Papa, 1988).

1.2. Aflatoxina

1.2.1. Organismos produtores e estrutura química

Aflatoxina é a denominação dada a um grupo de substâncias muito semelhantes,

heterocíclicas e altamente oxigenadas, tóxicas ao homem e animais como as demais

micotoxinas. São metabólitos secundários, produzidos por fungos do gênero Aspergillus,

especialmente por indivíduos das espécies A. flavus, A. parasiticus, A. pseudotamarii e A.

nomius (Ito et al., 2001)sendo que das espécies citadas, somente A. flavus e A. parasiticus são economicamente importantes (Council for agricultural science and technology, 2003).

Existem duas formas de aflatoxinas conforme sua fluorescência, B (blue) e G

(green) por apresentarem fluorescência azulada e esverdeada, respectivamente, quando

observadas sob luz ultravioleta em 365 nm. Isolados de A. flavus produzem somente

aflatoxinas do grupo B e menos de 50% dos mesmos são toxicogênicos, ao passo que isolados

de A. parasiticus produzem aflatoxinas do grupo B e G e são invariavelmente toxicogênicos (Klich & Pitt, 1988). Seus metabólitos são denominados B1 e B2, G1 e G2 conforme sua

toxicidade, sendo que a aflatoxina que tem em sua nomenclatura o número 1 (um) é sempre a

(25)

Figura 1: Estrutura química das aflatoxinas.

1.2.2. Ocorrência

A produção de aflatoxina é afetada pelo tipo e quantidade de carbono, nitrogênio e

traços de metais (Luchese & Harrigan, 1993). Meio de cultura com açúcares simples como

(26)

meios com fontes mais complexas de carbono como amido e peptona (Buchanan & Stahl,

1984; YU et al., 2000). A adição de radicais livres gerados no meio de cultura resulta em

incremento da produção de aflatoxina produzida por A. flavus, sugerindo que a aflatoxina

protege o fungo contra os radicais livres associados com lipoperóxidos (Fabbri et al., 1983).

A. flavus e A. parasiticus têm particular afinidade por castanhas, como castanha-do-brasil e sementes oleaginosas. Amendoim, milho e semente de algodão são os três mais

importantes substratos além do trigo, girassol, sorgo e pimenta preta. Geralmente as

contaminações são primariamente em função de trilhagens e secagens inadequadas e/ou

armazenagens impróprias, embora os fungos possam também infectar as culturas ainda no

campo. Técnicas culturais adequadas evita a ocorrência dos fungos antes da colheita. Em

amendoim, a colonização ocorre como resultado de chuvas irregulares e fatores relacionados

(Cole et al., 1985). Plantas submetidas a qualquer tipo de estresse são mais suscetíveis à

ocorrência dos fungos em questão.

Vargas et al. (2001), investigando a ocorrência de aflatoxinas em milho colhido

em 1997-98, procedentes das diferentes regiões brasileiras, analisaram 214 (duzentos e

quatorze) amostras e constataram que 82 delas estavam contaminadas com aflatoxina, todas

com aflatoxina B1, com concentrações que variaram de 0,2 a 129 µg/kg. A aflatoxina B2

esteve presente em 20% das 82 amostras, com concentrações que variaram de 0,2 a 32 µg/kg e

G1 em apenas 5,1% das amostras contaminadas com concentração variando de 0,2 a 12

µg/kg. A análise também foi realizada para a presença das toxinas zearalenona e fumonisina e

constataram que 100% das amostras contaminadas com B1 também estavam contaminadas

com fumonisina B1 e 65% também contaminadas com zearalenona. Os dados mostram a

necessidade de maiores investigações na área de micotoxinas, buscando detectar se nesse caso

não ocorre um efeito sinergético entre essas toxinas, resultando em um tóxico muito mais

potente que as mesmas individualmente.

No perídodo de 1998 a 2003, o Laboratório de Controle de Qualidade e Segurança

Alimentar LACQSA do Laboratório Vegetal (LAV) do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento - MAPA, realizou análise para detecção de aflatoxinas em 491 amostras de

castanha-do-brasil, das quais 236 (48,10%) estavam contaminadas com teores que variaram

de 0,30 a 5000 µg/kg. No mesmo período, foram analisadas 134 amostras de amendoim,

constatando contaminação em 88 (65,70%), com teores de 0,30 a 1460 µg/kg. Altas

contaminações foram encontradas em milho e, em menor proporção, em feijão.

(27)

Saúde (DIRXXII), no comércio varejista de São José do Rio Preto/SP. De um total de 77

amostras de amendoim cru analisadas, 24 ou 13,5% apresentaram teor de contaminação por

B1+G1 acima de 30 µg/kg e 02 amostras com valor menor ou igual a 30 µg/kg e 16 amostras

com menos de 5 µg/kg. De um modo geral, das 178 amostras analisadas, 39,3% estavam

contaminadas com aflatoxinas, mostrando a grande necessidade de ações efetivas de controle

para os produtos sucetíveis a este tóxico natural. Oliveira et al. (2002), também investigaram

a ocorrência de aflatoxina em amendoim e seus derivados, além de outros produtos e outras

micotoxinas, em cidades do Estado de Minas Gerais, no período de 1998 a 2000. Das 120

amostras de amendoim e seus derivados investigados, 56 apresentaram níveis de aflatoxinas

totais acima do nível estabelecido pelo MAPA. A faixa de contaminação para aflatoxina total

encontrada foi de 3 a 2714 µg/kg.

Dos resultados observados, pode-se concluir que a população brasileira corre

sérios riscos de contrair câncer de fígado, ou ainda, de consumir alimentos cuja dosagem de

aflatoxina seja letal.

1.2.3. Toxicidade

As aflatoxinas são carcinogênicas, sendo que a B1 é a mais tóxica e carcinogênica

de todas as micotoxinas (Van Rensburg, 1977; Flaherty & Payne, 1997).

O gene p53, denominado o “guardião do genoma” é o mais importante quando se

refere ao processo de carcinogênese (Fett-Conte & Salles, 2002), sendo ativado em resposta a

danos celulares. Mutações nesse gene podem exercer um efeito negativo dominante, com o

alelo mutado interagindo e inativando o alelo normal, passando a atuar como um oncogênese,

que são os aceleradores da proliferação celular (Levine, 1997). É o que normalmente acontece

com a aflatoxina B1 após ser ingerida. No fígado a aflatoxina sofre alteração promovida pelo

citocromo P450 e interagindo com o DNA transforma na forma mais reativa, aflatoxina

N7-guanina. A substituição da base nitrogenada guanina por timina, no códon 249, substitui uma

arginina por uma serina no produto protéico. Esse códon faz parte do gene supressor de tumor

p53, que restringe o crescimento de células evitando que se tornem maligna, com a alteração

provocada pela aflatoxina sua atividade fica prejudicada. Com essa substituição (mutação do

tipo transversão), o gene supressor que inibe o oncogênese, passa a atuar como acelerador da

proliferação celular e da tumorogênese, iniciando assim, as lesões hepáticas

(28)

Figura 2: Esquema de genes no cromossomo e parte da seqüência de Bases nitrogenadas indicando o códon do gene supressor de tumor (gene p53) onde ocorre a alteração da base.

245 246 247 248 249 250 251

GCC ATG AAG CGC AGG CCC ATC

aflatoxina ATG

http://www.ciencianews.com.br/biologiadocancer.htm.

O consumo de rações contendo qualquer componente com aflatoxina, dependendo

da concentração da mesma, pode causar a morte de animais ou diminuir seu desempenho,

provocar câncer de fígado em várias espécies, reduzir a produção de leite, ovos e ainda

transmiti-la, ainda que parcialmente (até 3% da quantidade ingerida de aflatoxina), a carne,

ovos, leite, e seus subprodutos, podendo ser fator de risco principalmente para as crianças

(menor peso).

Acredita-se que a mutagenicidade da aflatoxina B1 para os animais, inclusive o

homem, envolve a ativação oxidativa por um citocromo P450 no fígado e no rim (Fakhoury &

Woloshuk, 1999), onde é convertida para metabólitos como aflatoxicol, aflatoxina Q1,

aflatoxina P1, aflatoxina M1 e aflatoxi 8,9 epoxi. A quantidade desses metabólitos decide a

suscetibilidade da espécie e como esses podem induzir mutações por intercalação no DNA

(Bommakanti & Walyar, 2000). A aflatoxina B1 inibe a síntese do DNA (Meneghini &

(29)

1984). A redução da síntese protéica afeta a formação de proteínas estruturais, transportadoras

e de coagulação. Ocorre também, perda de enzimas necessárias ao anabolismo protéico,

formação incorreta de anticorpos, diminuição da digestão de lipídios e, eventualmente,

necrose celular devido a decréscimo na função metabólica.

Como visto anteriormente, a toxicidade pode ser aguda ou crônica. Na toxicidade

aguda as aflatoxinas invadem o fígado onde promovem a infiltração de lipídios nas células

hepáticas, implicando em necroses ou morte de células do fígado. Metabólitos de aflatoxinas

reagem de uma maneira deletéria com diferentes proteínas celulares, inibindo o metabolismo

de lipídios e carboidratos e a síntese de proteínas. Ao mesmo tempo que reduzem as funções

do fígado promovem desordem no mecanismo de coagulação do sangue. Provoca ainda,

edema nas extremidades inferiores, dores abdominais e vômito. Os efeitos crônicos da

ingestão da aflatoxina no organismo animal, quando exposto por longos períodos à dosagens

de concentrações médias a baixas vão desde hemorragia, cirrose e necrose do fígado, rins

hemorrágicos e congestionados até o câncer do fígado ou hepatite. Causa redução na taxa de

crescimento, na produção de ovos e leite e imunosupressão. As células T reagem com a

aflatoxina diminuindo a atividade da vitamina K. O efeito da aflatoxina é mais danoso em

animais estressados, subnutridos e em estados de convalescença.

1.3. Castanha-do-brasil (castanha-do-pará), castanha de caju e legislação

A castanha-do-brasil pertence à família Lecythidaceae, gênero Bertholletia e

espécie Bertholletia excelsa H.B.K., árvore de 30 a 50 m de altura, tronco retilíneo de

100-180 cm de diâmetro, folhas simples, glabras de 25-35 cm de comprimento. Seu fruto (ouriço)

pesa de 500 a 1.500 gramas e contém de 15-24 sementes (castanhas). O período da safra

ocorre entre dezembro a junho (Figura 3).

Ocorrem em estado nativo em toda região amazônica, estando suas maiores

concentrações no planalto que separa a bacia formada pelos afluentes do Baixo Amazonas,

Alto Tocantins e Alto Moju e em terras altas ao norte do Rio Jarí, no Estado do Pará e nos

Estados do Amazonas, Acre, até o Alto Beni na Bolívia. Os Estados do Amazonas, Pará, Acre

e Rondônia são os principais estados produtores brasileiros.

(30)

Figura 3: Bertholletia excelsa H.B.K. (Família Lecythidaceae)

Fonte: Clube da semente do Brasil (http://clubedassementes.org.br/castanha.html)

A castanha-do-brasil é o primeiro produto extrativista em importância para as

comunidades que vivem na Amazônia Ocidental, onde só no Estado do Acre cerca de 6.000

famílias vivem do extrativismo da castanha-do-brasil. Por ser um produto do extrativismo, as

práticas de manejo da espécie são precárias, com os ouriços sendo abertos na floresta, o que

permite a contaminação do produto por fungos e coliformes. Ainda no local da coleta, as

castanhas boas são separadas das chochas por imersão em água (geralmente de um igarapé),

aumentando a contaminação. Os problemas agravam-se com os manejos subsequentes. A

escassez de melhoria tecnológica tem provocado a estagnação ou a involução de setores

agrícolas e extrativistas. É urgente a necessidade de melhoria do manejo, coleta,

beneficiamento, empacotamento e armazenamento da espécie, ressaltando que a manutenção

(31)

qualidade, principalmente por tratar-se de um produto de exportação. O Brasil corre o risco de

perder mercado para os produtos de origem boliviana e peruana, produtos nos quais, entidades

norte americanas e européias vêm investido em tecnologias nos setores extrativistas e de

processamento desses países. A produção oriunda do extrativismo de castanha-do-brasil no

ano de 2001 foram de 28.467 toneladas (PEVS/2001-Brasil – IBGE), sendo que desse total,

20.000 toneladas tiveram como destino a Europa e Estados Unidos.

No Estado do Amapá, por intermédio do Projeto Castanha-do-brasil, o governo

estadual do Amapá em conjunto com a sociedade civil, está criando um novo paradigma para

os extrativistas de castanha da região. Com a oferta de infra-estrutura o castanheiro agrega

valor a seu produto e rompe o ciclo de dependência em relação ao atravessador. Com a

inserção do projeto no Programa de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amapá

(PDSA), os castanheiros começaram a se organizar como comunidades e agentes de mercado

(Nélson & Fujiwara, 2002).

O funcionamento do projeto tem por base o trabalho associativista onde o

castanheiro vende seu produto para uma cooperativa, que verticaliza a produção da castanha e

de seus subprodutos. Cada cooperativa se especializou em uma fase da cadeia produtiva de

forma que suas atividades são complementares entre si. Duas delas em regiões distintas,

trabalham com a retirada da castanha do fruto, desidrata o produto, seleciona conforme o

tamanho da semente e embala para a exportação e com as castanhas menores produz a

farinha. Como os frutos não são abertos na floresta, reduz-se o problema da contaminação. A

outra cooperativa produz biscoitos e extrai óleo. Portanto, ao invés de vender a castanha in

natura (ainda dentro da casca), as cooperativas vendem-nas prontas para o consumo (desidratadas e embaladas para exportação, além de diversos derivados, como biscoitos,

farinha, paçoca e óleo, com o qual se produz uma vasta gama de cosméticos (Nélson &

Fujiwara, 2002).

Estudos realizados pela Embrapa, em parceria com a Secretaria Executiva de

Extrativismo e Florestal do Estado do Acre – SEFE; Comissão Pastoral da Terra – CPT;

Conselho Nacional dos Seringueiros – CNS; Universidade Federal do Acre – UFAC;

Fundação de Tecnologia do Acre – FUNTAC; e Grupo de Pesquisa Agroflorestal do Acre –

PESACRE, apontam como um dos principais problemas de ordem tecnológica ao manejo da

castanha-do-brasil o desconhecimento dos pontos críticos de contaminação por aflatoxinas

durante a fase de manejo florestal. Desse modo, o setor produtivo da castanha sofre restrições

por parte de autoridades sanitárias da União Européia (UE) e Estados Unidos em decorrência

(32)

fornecimento do produto para o mercado internacional, problema este já citado (Freire et al, 2000), quando detectou-se aflatoxina em castanha-do-brasil. O conhecimento dos pontos

críticos de contaminação possibilitará o estabelecimento do diferencial do produto frente aos

seus concorrentes, uma vez que a aflatoxina também constitui num sério problema para outros

tipos de produtos. Uma tecnologia segura para o controle da aflatoxina estabelecerá um forte

diferencial para o Brasil no mercado internacional de castanhas.

O MAPA vai implantar um laboratório na Embrapa Acre, para análise de

micotoxinas visando principalmente o controle da aflatoxina na castanha-do-brasil o qual fará

parte do Programa Nacional de Controle de micotoxinas em produtos e subprodutos de

origem vegetal.

O cajueiro pertence à família Anacardiaceae, gênero Anacardium, espécie

Anacardium occidentale L. O fruto do cajueiro (castanha) é um aquênio reniforme, constituído pelo pericarpo que é formado pelo epicarpo, mesocarpo (que contém o líquido da

casca da castanha - LCC, resina líquida, cáustica) e o endocarpo (amêndoa) comestível, de cor

branca quando crua. A parte carnosa é o pedúnculo floral, chamado hipocarpo ou pseudofruto,

rico em suco e tem formato variado (cilíndrico, piriforme, alongado, etc.).

O cajueiro é planta originária do Brasil (Figura 4), sendo o nordeste brasileiro o

centro de origem e disseminação do cajueiro comum e a Amazônia do cajueiro precoce. A

planta está difundida pela América do Sul, América Central, África e Ásia, sendo que os

principais produtores mundiais de castanha de caju são: Índia, Brasil, Moçambique, Tanzânia

e Quênia. No Brasil, os principais produtores são os estados do Ceará com 110.123

toneladas/ano, Rio Grande do Norte com 30.173 toneladas/ano e o Piauí com 24.986

toneladas/ano (IBGE - LSPA-nov./2002). Levando-se em conta a área plantada o Piauí

ocuparia o 2º lugar. No país, a área ocupada com a cultura gira em torno de 700.000 hectares,

sendo que destes, mais de 95% no nordeste brasileiro. Ainda segundo o IBGE, Pesquisa da

Extração Vegetal e da Silvicultura – PEVS/2001 – Brasil, a produção brasileira de castanha

oriunda do extrativismo no ano de 2001 foi de 6.266 toneladas. Segundo Pessoa et al. (1995),

a cultura do cajueiro desempenha grande importância sócio-econômica para o nordeste, e gera

recursos da ordem de 200 milhões de dólares, oferecendo aproximadamente 100.000

empregos.

(33)

Figura 4: Anacardium occidentale L. (Família Anacardiaceae)

Fonte: Clube da semente do Brasil (http://clubedassementes.org.br/cajueiro.html)

A castanha de caju é um produto tipicamente de exportação, com a maior parte da

produção destinada ao mercado internacional, especialmente Estados Unidos e União

Européia. São comercializadas no mercado interno apenas as castanhas que, por qualquer

razão, não foram aceitas no mercado externo.

Estudos conduzidos pela Embrapa Agroindústria Tropical (CNPAT) nos últimos

anos confirmaram a presença de diversos fungos, incluindo A. flavus, associados à

deterioração das amêndoas. Aproximadamente 10% das castanhas que aportam nas indústrias

de processamento não possuem amêndoas, por terem sido destruídas por fungos.

As normas regulamentares, determinando o limite permitido para o total de

aflatoxina presente nos alimentos, variam segundo o mercado, entre um nível máximo de 20

ppb (partes por bilhão) ou 20 µg/kg (micrograma/quilo) nos Estados Unidos e Austrália, para

todos os alimentos, e o nível de 4 ppb para o total das aflatoxinas, sendo 2 ppb para a

aflatoxina B1, imposto pela União Européia ao amendoim, nozes em geral e frutas secas para

consumo direto ou como ingrediente. Além do mais, Romênia, Honduras, Japão e Polônia

exigem para todos os alimentos zero ppb de aflatoxina do grupo B1. Com relação a presença

da micotoxina M1 no leite e seus derivados, as legislações dos vários países impõem um

limite variável de zero ppb (como Romênia) a 0,5 ppb (na República Tcheca). Os

(34)

com relação às aflatoxinas. Os exportadores reclamam da urgente necessidade de

harmonização internacional das medidas aplicáveis as micotoxinas

http://www.forumdecomercio.org/news/fullstory.php/aid/96/El-cacahuete-sano-;-control-de-las-aflatoxinas.html.

O Brasil possui legislação apenas para regular aflatoxina, sendo que o limite

máximo permitido em alimentos regulamentados pelo Ministério da Saúde, resolução RCD nº

274 da Anvisa, de 15 de outubro de 2002 (Diário Oficial da União de 16/10/2002), estabelece

em 20 ppb à presença de aflatoxina B1, B2, G1 e G2 para o amendoim, milho e subprodutos

de ambos. E para o leite fluido o total de aflatoxina M1 não deverá ultrapassar 0,5 ppb e para

o leite em pó 5 ppb, trabalhando assim, de maneira uniforme com o Ministério da Agricultura

(resolução 183 de 21/03/96, publicada no Diário Oficial da União de 25 de março de 1996,

seção I, página 4929), que por meio dessa resolução internalizou as normas do Mercosul

(GMC/RES. Nº 56/94). O Ministério da Agricultura já havia estabelecido na Resolução SGT

– 3 nº 56/94, internalizada pela portaria MA nº 183, 21/03/96 (Diário Oficial da União,

suplemento 43, 1996) os mesmos teores da Anvisa para o leite fluido e em pó. Ele estabeleceu

ainda, que para qualquer matéria prima a ser utilizada direta ou indiretamente em rações

destinadas ao consumo animal, o limite máximo de aflatoxina é de 50 ppb (resolução nº 7 de

9/11/88, publicada no Diário Oficial da União de 09 de novembro de 1988 – Seção I, página

21.968), coerente com as normas da maioria dos demais países.

Devido a constantes devoluções de lotes de castanha-do-brasil com destino ao

mercado europeu, por não se enquadrarem nos níveis de sanidade exigida pelo mercado,

desde maio de 2002, o Ministério da Agricultura está discutindo com a União Européia (UE)

a possibilidade de harmonização de procedimentos para o controle das micotoxinas na

castanha-do-brasil. No período de 25 de janeiro a 9 de fevereiro de 2003, esteve no Brasil

uma missão formada por três membros da UE para conhecer e avaliar o sistema brasileiro de

controle de aflatoxina, a fim de impedir a contaminação da castanha destinada àquele

mercado. A inspeção detectou falta de controle nos processos de coleta, seleção, manipulação,

tratamento, embalagem e transporte e revelou ainda que são inadequadas, a amostragem

oficial e os cuidados no envio das amostras para o laboratório; alguns laboratórios

credenciados para detecção de micotoxinas não apresentam resultados confiáveis, e em alguns

certificados emitidos por laboratórios privados não se consegue fazer a ligação entre a

amostra, o certificado e o lote a qual ambos referem. Detectou-se ainda que o controle oficial

(35)

estabeleceu condições especiais para a importação de castanha-do-brasil com casca

originárias e procedentes do Brasil. As condições impõem que cada lote seja acompanhado de

um informe sobre a amostragem e análise oficial, além de certificado conforme acordo

firmado com a comunidade e emitido apenas pelo LACQSA, do Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento, localizado em Belo Horizonte/MG, que é a autoridade competente

para tal fim.

O Plano Nacional de Monitoramento e Controle de Contaminantes e Resíduos

Químicos e Biológicos nos produtos de Origem Vegetal – PNMCRV, instituído pela

Instrução Normativa n° 3 de 10 de janeiro de 2001, ressalta que o não cumprimento da atual

legislação da União Européia sobre níveis de contaminantes e resíduos, implicará na total

perda desse mercado para alguns produtos tais como castanha-do-brasil, frutas e outros. O

PNMCRV está dividido em dois programas básicos: Programa Nacional de Monitoramento e

Controle de Contaminantes em Produtos de Origem Vegetal – PNMCV e Programa Nacional

de Monitoramento e Controle de Resíduos Químicos e Biológicos em Produtos de Origem

Vegetal – PNMRV. Nota-se a necessidade de pesquisas sérias, que possam corroborar com os

objetivos do PNMCV, estando a busca para identificação segura de agentes produtores de

aflatoxina em castanha-do-brasil, como um dos trabalhos mais coerente com os objetivos do

programa, uma vez que pode ser usado no rastreamento e monitoramento de toda cadeia

produtiva e como ferramenta rápida e de baixo custo na certificação de produtos de origem

vegetal.

É de suma importância a utilização de métodos seguros de detecção de micotoxina

para dar ao consumidor final a segurança de que os alimentos por eles consumidos são de boa

(36)

2. Métodos de detecção e quantificação de micotoxinas

Cromatografia em camada delgada (CCD) e cromatografia líquida de alta

eficiência (CLAE) são as técnicas analíticas oficiais adotadas pelo Brasil na análise das

micotoxinas tais como aflatoxina, ocratoxina A, zearalenona, tricotecenos e fumonisina B1,

realizada no âmbito do Programa Nacional de Controle de Micotoxinas em Produtos,

Subprodutos e Derivados de Origem Vegetal – PNCMV, estabelecidas pelo Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento, regulamentada na Instrução Normativa SDA/MAPA

nº 09 de 24 de março de 2000, Diário Oficial da União (DO) nº 62.

Na América do Sul, as análises de micotoxinas são na maioria realizadas em

CCD, por ser um método simples, rápido e econômico. Poucos são os laboratórios que

possuem equipamentos de cromatografia líquida, que apesar de ser mais sensível, tem custo

final mais elevado. Esse tipo de cromatografia requer pessoal altamente especializado, além

de exigir custos maiores, dos equipamentos aos reagentes.

Os procedimentos analíticos visando a quantificação das micotoxinas consistem

em extração com solvente orgânico, purificação em florisil ou octadecil (C18), seguido de

separação, detecção e quantificação. No caso das aflatoxinas, a quantificação é feita

visualmente, observação da placa sob luz ultravioleta a 366 nm, comparando-se a intensidade

de fluorescência das manchas das amostras com as do padrão. Realiza-se ainda a análise

densiométrica a λ = 366 nm. (Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) - Instrução

Normativa nº 9, de 24 de março de 2000).

A utilização da cromatografia de imunoafinidade (IAC), em que as colunas

contêm anticorpos seletivos imobilizados, é um método rápido e eficiente, usado em

associação com a CCD ou CLAE. A IAC fundamenta-se na interação fraca que envolve

apenas ligações covalentes e eletrostáticas entre um anticorpo e um antígeno. O IAC não é

uma técnica quantitativa. Ela é sensível e seletiva e possibilita extrair e purificar com rigor as

amostras ou seus extratos, antes da sua quantificação pelo método físico-químico. Quando se

utiliza a IAC no processo de purificação consegue-se detectar micotoxinas na concentração de

até 0,1 µg/kg (Santos e Vargas, 2002).

O laboratório oficial para análise e certificação para as micotoxinas é o

LACQSA-LAV/MG. O mesmo é subordinado a Coordenação do Laboratório Vegetal – CLAV. A

Portaria n° 1 de 22 de janeiro de 1997, DO nº 17, estabelece normas para credenciamento de

(37)

ou privada, que por decisão da CLAV e do Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal –

DDIV da SDA do MAPA, forem credenciados para realizar análises de micotoxinas em

produtos, subprodutos e derivados de origem vegetal, bem como emitir o respectivo laudo

e/ou certificado de análise (SDA – Instrução Normativa nº 24 de 07 de junho de 2001).

2.1. Métodos imunológicos

Dos métodos imunológicos utilizados na dosagem de aflatoxina, os mais comuns

são o ELISA, da Association of Official Analytical Chemist’s (AOAC) para triagem de

aflatoxina e o IAC. O método ELISA é baseado na competição de ligação entre toxina não

marcada, proveniente da amostra, e a marcada sobre os locais específicos do anticorpo. A IAC

é uma técnica cromatográfica baseada diretamente na ligação antígeno (toxina) com o

anticorpo fixado numa coluna (Fremy & Chu, 1989). Utilizando-se das técnicas imunológicas,

vários kits para detecção de micotoxinas foram desenvolvidos por laboratórios europeus e

norte-americanos. Os mesmos proporcionam análises com custos que variam de $5 - 10 por

teste, bastante elevado para utilização em partidas de grande volume de produto a ser

analisado. Souza et al. (1999) constataram a baixa especificidade desses kits para detecção e

quantificação de aflatoxina M1. Eles investigaram 110 amostras de leite do Estado de Minas

Gerais e verificaram que das 27 amostras positivas para aflatoxina M1 na triagem com kit

ELISA, apenas 5 foram confirmadas como contaminadas quando quantificada por CCD.

3. Métodos de detecção de fungos produtores de micotoxinas 3.1. Contagem de esporos

Aspergillus flavus é um fungo filamentoso, pertencente a Classe Ascomycetes,

Subclasse Eurotiomycetidae; Ordem Eurotiales, Família Trichocomaceae e Gênero

Aspergillus (IndexFungorum – The CABI Bioscience and CBS Database of Fungal Names).

A. flavus quando cultivado em meio de cultura Czapek ágar (CZ) por 7 dias à 25º C e no escuro, produz colônias de 4 a 4,5 cm de diâmetro, de cor verde amarelada que se torna verde

com a idade e quando se inverte a placa, verifica-se uma cor amarela creme e cabeça radiada

que se afouxa com a idade tornando-se colunar, conidióforo longo, verrucoso e hialino,

vesícula em forma de abóboda totalmente prolífera, esterigma pequeno e ampuliforme e

conídios globosos a sub-globosos, geralmente ásperos e verde-amarelados (Singh et al. 1991).

O grau de infestação por fungos e a identificação das espécies envolvidas é ainda

um importante parâmetro na indicação da qualidade do produto, assim como do potencial para

Imagem

Figura 1: Estrutura química das aflatoxinas.                                                                                                                                                        1.2.2
Figura 2: Esquema de genes no cromossomo e parte da seqüência de   Bases  nitrogenadas  indicando  o códon do gene supressor de tumor  (gene p53) onde ocorre a alteração da base
Figura 3: Bertholletia excelsa H.B.K. (Família Lecythidaceae)
Figura 4: Anacardium occidentale L. (Família Anacardiaceae)
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Referências

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