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Mediação de conflito de violência intrafamliar contra pessoas idosas

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Academic year: 2017

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Brasília - DF

2010

Brasília - DF

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Stricto Sensu em Gerontologia

MEDIAÇÃO DE CONFLITO DE VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR

CONTRA PESSOAS IDOSAS

Autora: Maria Sueli do Vale

Orientador: Dr. Vicente de Paula Faleiros

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MARIA SUELI DO VALE

MEDIAÇÃO DE CONFLITO DE VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA PESSOAS IDOSAS

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia

da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Gerontologia.

Orientador: Dr. Vicente de Paula Faleiros.

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Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

V149m Vale, Maria Sueli do.

Mediação de conflito de violência intrafamiliar contra pessoas idosas. / Maria Sueli do Vale. – 2010.

119f. ; il. : 30 cm.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2010.

Orientação: Vicente de Paula Faleiros

1.Mediação. 2. Violência. 3. Idosos. I. Faleiros, Vicente de Paula, orient. II. Título CDU 343.615-053.9

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Dedicatória

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Agradeço a Deus... que está sempre ao meu a lado me dando forças e me iluminando, sendo meu guia, orientando nos momentos difíceis em que não tenho respostas para os desafios da vida, Ele se põe como resposta , luz e direção do caminho. Agradecer neste momento é entender a dádiva de Deus. É uma forma de consolidar a importância das relações construídas ao longo de uma história de vida, em que muitas pessoas me foram presenteadas, fazendo parte de uma construção. São seres preciosos que na minha vivência e memória permanecerão.

A todo o corpo docente do programa de Pós-Graduação em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, que compartilhou o seu saber, os diferentes saberes e diversos olhares acerca da gerontologia. A meus colegas de mestrado, pelos momentos inesquecíveis que dividimos angústias, alegrias e crescimento.

A todos idosos desta pesquisa, particularmente aos familiares que foram a fonte desse trabalho que se comprometeram com a sua construção, que sempre estiveram disponíveis e mais que isto, felizes por estarem colaborando.

A equipe multiprofissional da referência especializada em Geriatria e Gerontologia da Unidade Mista de Taguatinga que me acompanhou durante esses dois anos e meio, oportunizando-me crescer como profissional e ser uma agente na transformação junto aos outros profissionais e na atuação politizada e direcionada em benefício da população idosa.

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

A meus queridos pais, Vicente Cordeiro e Elvira Ferreira, em memória por serem exemplos de força, dignidade e honestidade e forte elo intergeracional. Por nos ensinar o amor pelas letras e pelos livros.

Aos meus familiares que entenderam a minha ausência e foram solidários nos momentos de confraternização em família e o meu lugar cativo foi sempre celebrado, homenageado e referido como motivo de orgulho e alegria.

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“O que nos constitui homens é a palavra. Precisamos aprender a falar, para entender a necessidade do outro, para que as fronteiras sejam marcas de aproximação, e não de divisão”.

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VALE, Maria Sueli do. Mediação de conflito de violência intrafamiliar contra pessoas idosas.2010. 119 p. Dissertação de Mestrado em Gerontologia pela Universidade Católica de Brasília, Brasília - Distrito Federal, 2010.

O fenômeno da violência contra a pessoa idosa é uma realidade, tornou-se mais estudado e debatido a partir da década de 1990 por meio de pesquisas relacionadas a essa problemática. Nesse sentido, esta pesquisa tem como objetivo principal: analisar a violência contra a pessoa idosa e a promoção da mediação de conflitos intrafamiliares por meio da equipe multidisciplinar da Unidade Mista de Taguatinga do Distrito Federal (UMT-DF). Este estudo aborda a questão da violência intrafamiliar contra pessoas idosas e para atender aos questionamentos da pesquisa foram traçados também os seguintes objetivos específicos: compreender as relações intrafamiliares no conflito por cuidado de pessoas idosas; identificar as tipologias de violência que são perpetradas contra a pessoa idosa; explicitar a dinâmica da mediação de conflito intrafamiliar relativo ao cuidado da pessoa idosa dependente e avaliar o impacto da mediação do conflito na visão do cuidador e do idoso. Tendo como hipótese que o conflito de violência intrafamiliar contra a pessoa idosa é algo silenciado, o qual há necessidade da mediação de conflitos para desmistificar os atos violentos, favorecendo a aproximação dos cuidadores, em que o cuidado é discutido como algo que leva a co-responsabilidade de todos. Para o desenvolvimento deste trabalho teve como metodologia a pesquisa qualitativa e quantitativa, através do método da pesquisa ação. A condensação dos dados qualitativos foi feita através da análise de conteúdo de Bardin. Foram acompanhadas nas reuniões de mediação de conflito doze (12) casos de violência intrafamiliar da UMT-DF. Nesta abordagem, observou-se que quanto às tipologias de violência junto aos idosos, estes foram vítimas de mais de um tipo de violência, sendo a mais frequente a negligência. Na expressão do conflito o que mais evidenciou foi à negligência em relação ao cuidado. Os agressores da pessoa idosa são os filhos e filhas, sendo os mesmos os que participaram da reunião de mediação. Os compromissos firmados no momento da mediação geraram em torno do cuidado a pessoa idosa. Detectou-se a necessidade de apoio e fortalecimento da rede de atendimento direcionada a idosos e cuidadores. Nessa perspectiva, com a finalidade de promover uma reestruturação das situações de conflito vivenciadas pelo idoso há necessidade de buscar novos mecanismos que venham a amparar de forma harmoniosa o convívio familiar, sem perder de vista a pessoa idosa que vive nesse âmbito. A mediação de conflito de violência, de forma não jurídica, mostrou-se um valioso instrumento de reestruturação de questões intrafamiliares contra as pessoas idosas. Esse é um mecanismo pacífico de resolução de conflitos que pode ser aplicado por profissionais de saúde e que visa o diálogo, a consecução de acordos mutuamente satisfatórios e promover em tempo adequado a reorganização familiar para o cuidado do idoso e facilitar a continuação do relacionamento entre as partes por meio da comunicação e da mútua compreensão.

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VALE, Maria Sueli. Conflict mediation of domestic violence against elder persons. 2010. 119 p. Master in Science Dissertation in Gerontology, Catholic University of Brasilia, Brasilia - Distrito Federal, 2010.

The phenomenon of violence against the elderly person is a reality which became more studied and debated since the 1990s through related researches to this problem. Accordingly, this research has as main aim: to analyze the violence against the elderly and the promotion of mediation in family conflicts through a multidisciplinary team of Taguatinga Mixed Unit of the Federal District (UMT-DF). This study approaches the issue of domestic violence against elder persons. In order to answer these research questions the following specific objectives were also outlined: to understand the intrafamily relationships due to the elder care conflict, to identify the types of violence that are perpetrated against the elderly; to explain the dynamic of conflict mediation within families related to the care of dependent elderly person and assess the impact of the mediation of the conflict in both the caregiver and the elderly points of view. The hypothesis that the conflict of family violence against the elderly is somewhat muted, which there is a need for conflict mediation in order to demystify violence, favoring the approach of caregivers, in which care is discussed as something that leads to co-responsibility of everyone. The development of this work used the approach on qualitative and quantitative research, using the action research method. The condensation of the qualitative data was done through content analysis of Bardin. We followed the meetings on conflict mediation of twelve (12) of cases of domestic violence in UMT-DF. In this approach, it was noted that regarding the types of violence against the elderly, they were victims of more than one type of violence and the most often was neglects. During expression of conflict, the care neglects was the most evidenced. The abusers of the elderly are the sons and daughters, and they are the ones who attended the mediation meeting. The commitments made at the time of the mediation led around the elderly person care. It was observed the need to support and strengthen the network of services directed to elderly and caregivers. From this perspective, aiming to promote a restructuring of the conflict experienced by the elderly, there is a need to search for new mechanisms that may sustain family life in harmony, without losing sight of the elder person who lives in that environment. Mediation of violence conflicts, extrajudicially, was proved as a valuable tool for restructuring of intrafamily issues against the elderly. This is a peaceful means of conflict resolution that can be applied by healthcare professionals and aims the dialogue, the achievement of mutual satisfactory agreements and the promotion of the family reorganization of elderly care, in an appropriate time and facilitate the continued relationship between the families and elder people through communication and mutual understanding.

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Tabela 1- Distribuição de pessoas idosas referidas nas Atas por faixa etária. 37 Tabela 2- Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas conforme o sexo. 38

Tabela 3- Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas por local de residência.

40

Tabela 4- Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas por situação socioeconômica.

41

Tabela 5- Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas por estado civil. 42

Tabela 6- Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas por tipo de moradia.

43

Tabela 7- Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas por situação de escolaridade.

44

Tabela 8- Distribuição das formas de ocorrência de violência referida nas Atas conforme o número de vezes em que foi registrada na mediação.

46

Tabela 9- Distribuição por tipos de Violência referidos nas Atas segundo o encaminhamento da equipe multidisciplinar.

49

Tabela 10- Expressão dos conflitos de violência no momento da reunião familiar referidos nas Atas.

50

Tabela 11- Distribuição das ocorrências por tipo de relação dos agressores contra a pessoa idosa referidas nas Atas.

53

Tabela 12- Distribuição de familiares presentes nas reuniões referidos nas Atas. 55

Tabela 13- Distribuição dos atores em conflito em relação ao cuidado à pessoa idosa referido nas Atas.

57

Tabela 14- Mediação de conflitos das situações de violência intrafamiliar contra as pessoas idosas referidos nas Atas.

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BPC - Benefício de Prestação Continuada.

CRAS - Centro de Referência de Assistência Social. DF - Distrito Federal.

FEPECS - Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde. HSVP - Hospital São Vicente de Paula.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. ILPI - Instituição de Longa Permanência.

INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social. IPEA - Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas.

NRAD - Núcleo Regional de Atendimento Domiciliar. OMS - Organização Mundial de Saúde.

OPAS - Organização Panamericana de Saúde. PAM - Pronto Atendimento Médico.

PNAD - Programa Nacional por Amostra de Domicílios. SES - Secretaria de Estado de Saúde.

SM - Salário Mínimo.

SUS - Sistema Único de Saúde.

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1 INTRODUÇÃO... 12

2 2.1 METODOLOGIA APLICADA... METODOLOGIA DA MEDIAÇÃO DE CONFLITO... 15 18 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 20

3.1 ENVELHECIMENTO... 20

3.2 FAMÍLIA... 22

3.3 CUIDADOS AO IDOSO... 25

3.4 FENÔMENO DA VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR... 28

3.5 MEDIAÇÃO DE CONFLITOS DE VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO... 31

3.6 O ESTADO... 34

3.7 A POLÍTICA SOCIAL DA SAÚDE... 35

4 4.1 4.2 4.3 4.4 ANÁLISE DOS DADOS... DADOS SOCIOECONÔMICOS E DEMOGRÁFICOS... VIOLÊNCIAS E SEUS ASPECTOS... COMPROMISSOS FIRMADOS NO MOMENTO DA MEDIAÇÃO... ANÁLISES DAS ENTREVISTAS... 37 37 46 60 69 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 74

BIBLIOGRAFIA... 77

ANEXOS... 88

ANEXO 1 - Roteiro de captação de dados das atas... 88

ANEXO 2 - Atas... 89

ANEXO 3 - Falas dos entrevistados... 107

ANEXO 4 - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa - FEPECS... 117

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1. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como objetivo tratar de um tipo específico de violência, que é a perpetrada contra a pessoa idosa, a qual traspassa o tecido social, mas os estudos acerca dessa violência são recentes. Embora ela esteja presente de “modo diferenciado, por região, instituições, família e organização” (FALEIROS, 2007, p. 21). Neste contexto, no que diz respeito especificamente aos idosos, convencionou-se identificar os maus-tratos cometidos tanto por ações quanto por omissões, quer intencional ou não. Dessa forma, a definição mais utilizada para os maus-tratos cometidos contra idosos é a adotada pela Rede Internacional de Prevenção aos Maus-tratos de Idosos, a saber: “uma ação única ou repetida, ou ainda a ausência de uma ação devida, que cause sofrimento ou angústia, e que ocorra em uma relação em que haja expectativa de confiança” IPEA, (1998); OMS, (2001) apud Machado e Queiroz, (2002) e Krug et al. (2002).

Assim sendo, neste trabalho foram analisados doze (12) casos de idosos em situação de violência intrafamiliar atendidos na Unidade Mista de Taguatinga do Distrito Federal – UMT-DF.

A UMT-DF, conhecida na comunidade como Policlínica, faz parte de uma rede de prestação de serviços público de saúde, da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal- SES/DF. Situada na Região Administrativa n° III; cidade de Taguatinga; busca com seu serviço consolidar a proposta de efetivação do Sistema Único de Saúde- SUS, com prestação de serviços sob a forma de Atenção Secundária. Na década de 80, os postos de atendimento do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência social - INAMPS passaram por reformulações nas suas políticas de atendimento, transferindo-a para as Secretarias de Estado de Saúde o seu gerenciamento.

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As atividades desenvolvidas na UMT-DF por equipe multiprofissional, no serviço especializado de geriatria e gerontologia são:

- Atendimento médico ambulatorial com geriatra e clínicos médicos para idosos; - Oficina de estimulação da memória para idosos com transtorno cognitivo leve; - Grupo de Parkinson onde se realiza origami e dança sênior sentada;

- Terapia ocupacional: grupo de estimulação (pacientes com síndrome demencial leve e moderada);

- Oficina de atividades manuais: bordado, crochê, fuxico, pintura em pano; - Ambulatório de tratamento de feridas para idosos;

- Ambulatório de consultas de enfermagem, geriatria, clínicos, fisioterapeutas e assistente social; terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e mais recentemente psicólogo;

- Ambulatório de prevenção de quedas com o fisioterapeuta e equipe multiprofissional;

- Atividades práticas alternativas: automassagem, dança sênior e capoterapia; - Grupo de Educação em Saúde para idosos e cuidadores;

- Visita a Instituições de Longa Permanência (ILPI) ou visitas domiciliares quando são solicitadas por meio das regionais de saúde, promotoria de justiça e Centro de Referência de Assistência Social (CRAS);

-Núcleo Regional de Atendimento Domiciliar (NRAD);

- Reuniões com familiares e equipe multiprofissional para mediação de conflitos entre idosos e cuidadores em situações de violência intrafamiliar.

Em face dessa exposição, deve-se esclarecer que o interesse em pesquisar o fenômeno da violência contra a pessoa idosa que ao mesmo tempo é atendida na UMT-DF surgiu desde o momento em que ficou evidenciado o elevado número de usuários que referiam e estavam sendo submetidos à violência intrafamiliar.

Em face da inquietação da equipe multiprofissional em saber o que faria e como faria para conhecer melhor a problemática da violência contra a pessoa idosa que procura a UMT-DF, bem como também promover um melhor atendimento a esses usuários. Isso foi o início para a realização dessa pesquisa.

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área da mediação de conflitos estão mais voltados à área do direito, ou seja, mediação e arbitragem.

Desse quadro, esta pesquisa tem como objetivo principal: analisar a violência contra a pessoa idosa e a promoção da mediação de conflitos intrafamiliar por meio da equipe multidisciplinar da UMT-DF.

Para atender aos questionamentos da pesquisa foram traçados também os seguintes objetivos específicos: compreender as relações intrafamiliares no conflito por cuidado de pessoas idosas; identificar as tipologias de violência que são perpetradas contra a pessoa idosa; explicitar a dinâmica da mediação de conflito intrafamiliar relativo ao cuidado da pessoa idosa dependente e avaliar o impacto da mediação do conflito na visão do cuidador e do idoso.

Como hipótese para este estudo tem-se que o conflito de violência intrafamiliar contra a pessoa idosa é algo silenciado, o qual há necessidade da mediação de conflitos para desmistificar os atos violentos, favorecendo a aproximação dos cuidadores, em que o cuidado é discutido como algo que leva a co-responsabilidade de todos.

Quanto ao objeto de estudo, esse foi constituído desde dois eixos de análise:

1º) Uma abordagem no referencial teórico no que diz respeito ao envelhecimento, à família, os cuidados ao idoso, o fenômeno da violência intrafamiliar, mediação de conflitos de violência contra o idoso, o Estado e a Política de Saúde. Nesse sentido, foi realizada uma discussão do pensamento de alguns estudiosos acerca das categorias elencadas, que formou a primeira parte deste estudo.

2º) A análise dos resultados da pesquisa, cujos dados quantitativos foram tabulados em quatorze (14) tabelas que se encontram no quarto capítulo desta pesquisa. A análise dos resultados qualitativos foi feita através da análise de conteúdo de Bardin.

Neste estudo foi aplicada a pesquisa ação porque esta tem um caráter de intervenção na vida social, buscam soluções, a sua principal característica presta-se “tanto a ações integradoras que levam à auto-regulação do objeto de estudo “grupo, instituição, movimento social e indivíduo” (HAGUETTE, 2000, p. 117).

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2. METODOLOGIA APLICADA

A metodologia é um recurso de ordem instrumental para se conseguir maior objetividade na busca de significados de resultados do processo de pesquisa. Levando-se em conta que o objeto da metodologia deve ser compreendido com “uma praxiologia da produção dos objetos científicos é o de esclarecer a unidade subjacente a uma multiplicidade de procedimentos científicos particulares, ela ajuda a desimpedir os caminhos da prática concreta da pesquisa dos obstáculos que está encontra” (BRUYNE et al. 1991, p. 27). A metodologia obedece à lógica de encaminhar os procedimentos científicos para manter a fidedignidade.

Com base nesses pressupostos, buscou-se utilizar uma abordagem quali e quantitativa através do método da pesquisa-ação. A pesquisa seguiu as orientações do Comitê em Ética da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde - FEPECS, que foi aprovado mediante um parecer nº 38/2009 de 10 de fevereiro de 2009 (Anexo 4).

Após a reunião de mediação, foi solicitada pela pesquisadora a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 5), em duas vias, uma destinada aos familiares e/ou idosos participantes e a outra retida para o projeto. Foi esclarecido que os participantes usufruíam da liberdade de recusar-se a participar ou retirar seu Termo de Consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma ou prejuízo à sua pessoa. Foi informado, ainda, que durante toda a pesquisa seus nomes seriam mantidos em sigilo.

O tratamento qualitativo é cumprido por meio da interpretação do material captado do conjunto do universo das relações objetiva que compõem o fato. Nesse sentido, tem-se a dizer que:

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Como esta pesquisa envolve dados numéricos extraídos das Atas elaboradas desde as reuniões com os familiares e idosos, quando estes, tinham condições de expressar as suas situações vivenciadas no âmbito familiar. Portanto, foram utilizados dados quantitativos tendo em vista que a pesquisa qualitativa não é oposta à quantitativa, mas ambas se complementam, ou seja, o cruzamento dessas análises contribui para uma interpretação mais rica e aumenta a legitimidade das informações.

Com a ideia de captar melhor os elementos que fazem parte do objeto de estudo, foram condensados os dados da pesquisa qualitativa através da análise de conteúdo de Bardin (1977), a qual tem esse método como um “conjunto de técnica de análise das comunicações, visando, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, obtém indicadores objetivos ou não que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) das mensagens” (Bardin, 1977 apud TIVIÑOS, 1987, p. 160), ou ainda permite que o sujeito “orquestra mais ou menos a sua vontade. Expressa seus sentimentos e pensamentos a propósito de algo, fica explícito a subjetividade, e nos processos cognitivos, os seus sistemas de valores e de representações, as emoções, a afetividade e a afloração do inconsciente ficam evidentes” (BARDIN, 1977, p. 89).

Quanto ao método, sabe-se que a pesquisa-ação é “uma ação em nível realista, sempre acompanhada de uma reflexão autocrítica objetiva e de uma avaliação dos resultados, por finalidade contribuir simultaneamente para o alívio das preocupações de ordem prática das pessoas que estão em situação problemática” (HAGUETTE, 2000, p. 112).

A pesquisa-ação inclui a observação participante, que é a infiltração do pesquisador no ambiente ou meio a ser investigado, podendo ele ser influenciado pelo contexto vivenciado, resumindo-se como relação direta do pesquisador com os pesquisados (DESLANDES et al., 1994). É uma atividade de compreensão e de explicação da práxis

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questão central da pesquisa seja a dinâmica de transformação de uma situação atual numa outra situação desejada.

Esse método de pesquisa tem dois objetivos: o prático, que é contribuir para o melhor equacionamento possível do problema; e o de conhecimento teórico, que é obter informações que seriam de difícil acesso por meio de outros procedimentos (THIOLLENT, 2000).

Os participantes da pesquisa foram familiares e idosos em situação de violência intrafamiliares atendidos por equipe multiprofissional da UMT-DF. Os doze (12) casos foram selecionados dentre os quarenta e três (43) casos das Atas de reuniões familiares. Para a seleção destas Atas teve como critérios os encaminhamentos da equipe multidisciplinar, nos quais constava a violência intrafamiliar contra a pessoa idosa e, houve a leitura qualitativa das Atas com o olhar voltado para a questão dos conflitos intrafamiliares dos casos atendidos na UMT/DF.

Os idosos incluídos na pesquisa foram os de 60 anos de idade ou mais, ambos os sexos e encaminhados pela equipe multiprofissional da UMT-DF. A captação de dados para esta pesquisa ocorreu no período de outubro de 2008 a outubro de 2009.

A inclusão dos doze (12) casos para a pesquisa ocorreu a medida que a equipe multiprofissional da UMT-DF encaminhava e que seguiam os critérios de ser um caso de violência ou conflito intrafamiliar. Foram excluídos, portanto, os casos, que na ocasião da coleta de dados da pesquisa, não eram específicos sobre violência ou que constavam apenas de orientação específica sobre o diagnóstico do idoso.

Desde o início da implantação das reuniões de mediação de conflito, consta no livro Ata o registro de quarenta e três (43) casos. Os doze (12) casos coletados durante a pesquisa foram transcritos para o roteiro de captação de dados, cujo modelo consta no anexo 1. Desses casos foram selecionados quatro (4), a título de ilustração, para a devida visualização da escrita das Atas, que estão no anexo 2.

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No que diz respeito aos critérios para a seleção dos atores contemplados nas entrevistas para avaliação da mediação de conflito, buscou-se utilizar a disponibilidade dos entrevistados e a acessibilidade por ocasião da data da coleta de dados.

2.1METODOLOGIA DA MEDIAÇÃO DE CONFLITO

A mediação de conflitos é uma técnica para resolução de conflitos, não jurídica, e em curto espaço de tempo, que pode ser realizada por profissionais de diversas áreas, a fim de reestruturar a situação de conflito, favorecendo o diálogo e a mútua cooperação entre as partes envolvidas.

A equipe multiprofissional realiza reuniões familiares uma vez por semana ou mais, no período vespertino, dependendo da urgência de cada caso.

A reunião é realizada por equipe multiprofissional. A mediação conta sempre com a Assistente Social da UMT-DF, um enfermeiro e se necessário outro componente da equipe, como o Terapeuta Ocupacional, Nutricionista, Fonoaudiólogo ou Clínico geral.

Em todas as reuniões a equipe tem como suporte um médico, de preferência clínico ou geriatra da Unidade, para os casos de necessidade de avaliação clínica, troca de medicamentos, suporte medicamentoso de emergência e acompanhamento clínico.

A família e os demais componentes da rede familiar são comunicados acerca da necessidade da reunião familiar, no próprio dia do atendimento na Unidade, cuja comunicação é realizada por meio de ligação telefônica ou carta social, na qual é enfatizada a importância da presença de todos os elementos da família dos idosos principalmente os que residem no mesmo domicílio, ou que não residem, mas prestam assistência direta ou indireta a esse idoso, podendo ser um vizinho, amigo ou mesmo outras pessoas da rede de proteção.

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O passo seguinte é realizado pelo assistente social que é a leitura do encaminhamento do profissional que atendeu o idoso. Em seguida a palavra é passada para cada componente da família que se posiciona a respeito do caso.

Nesse momento é detectado o papel de cada pessoa da família na convivência familiar. Fica também constatada a existência do conflito familiar, desde a fala de cada componentes da família, cobrança de papéis e responsabilidades com relação ao idoso, bem como a negligência referente ao cuidar do idoso.

Durante a reunião é exposto claramente pontos da legislação (Estatuto do Idoso) no que diz respeito aos direitos e os deveres, além de informar sobre o diagnóstico em questão e cuidados específicos para cada caso.

Os familiares ou cuidadores responsáveis são informados de que todo o relato da reunião será registrado em uma Ata, esta ao término da reunião é assinada por todos os presentes. A Ata é um documento que registra de forma resumida e clara as deliberações, resoluções e demais ocorrências de uma reunião ou outro evento. Ela tem valor jurídico.

O acompanhamento de cada caso é realizado por meio de novas reuniões, contatos telefônicos e nos dias de consulta do idoso na Unidade ou em visitas domiciliares, quando necessário. Os familiares são avisados, durante a reunião, da importância do acompanhamento da mediação e da necessidade de comunicação com a equipe caso haja quebra do pacto.

No que diz respeito à equipe multiprofissional, a ela cabe a mediação do conflito familiar e o direcionamento para o pacto das responsabilidades que caberá a cada membro familiar.

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para a realização de um estudo sobre o idoso e os conflitos intrafamiliares mediante a mediação de conflito, com a ideia de promover um melhor bem-estar a este usuário da UMT-DF envolvido na complexidade das relações que o cerca, o que requer uma discussão dos teóricos dessa linha de pensamento. Dessa forma, algumas categorias foram abordadas, por exemplo, envelhecimento, família, cuidados ao idoso, fenômeno da violência intrafamiliar, mediação de conflitos de violência contra o idoso, Estado e Política Social da Saúde.

3.1 ENVELHECIMENTO

O Apesar das dificuldades enfrentadas de acordo com Santos et al. (2007) a família constitui o principal sistema de suporte do idoso e pode trazer tanto aspectos positivos, de forma a auxiliar no desenvolvimento dos indivíduos, através da manutenção do bem estar físico e da afetividade, como pode apresentar aspectos negativos, através da disputa pelo poder, provocando desigualdades e discriminando alguns dos seus membros.

Existe uma relação de invisibilidade com o idoso, em que seus familiares desconhecem “o seu ser, ter e o seu sentir, desrespeitando a sua individualidade, a sua capacidade de decisão, de participação e a exigência de seus direitos, faltando com o reconhecimento social, político e pessoal dessa classe” (Herrera, 2004 apud SANCHES, LEBRÃO & DUARTE, 2008, p. 6).

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Outro ponto que se deve levar em consideração é o aumento do contingente de idosos na sociedade brasileira, dentre os fatores que contribuíram para esse fato, pode se dizer que:

“As condições de saneamento e infraestrutura básica e os avanços da medicina e da tecnologia são os principais determinantes do processo de envelhecimento da população brasileira, cujos contornos tornaram se mais nítidos nos últimos 20 anos” (RODRIGUES & RAUTH, 2006, p.186).

“O que lhes permitiu um emprego estável e formal bem como a aquisição de casa própria. Tal processo ocorreu paralelamente à expansão da cobertura da Seguridade Social. Pode se dizer que atualmente parte do contingente idoso apresenta taxas elevadas de vulnerabilidade e dependência, enquanto outra parte está desempenhando um papel importante na família e na sociedade. Isto é, pode se dizer que esse é um segmento formado tanto por pessoas em situação de dependência quanto por provedores. A família, como uma das principais instituições de suporte para os grupos vulneráveis, tem unido os dois segmentos” (CAMARANO, 2005, p. 572).

As autoras ainda afirmam que essas mudanças produzem desafios de todas as ordens, nas áreas psicológica, social, educacional e cultural, gerando as mais variadas questões a serem enfrentadas.

Assim sendo pesquisadores reforçam a importância da família, tanto em relação aos êxitos, como as dificuldades da vida.

“As relações familiares são as que os idosos vivem com mais assiduidade e intensidade. Ao longo da história, a estrutura familiar foi fundamental em muitos sentidos: do mundo e da influência, do cuidado e da proteção, da aceitação e da valorização social da sua experiência acumulada. Em muitas sociedades, o destino e a consideração do velho na família e no grupo mais amplo eram e são determinados por relações econômicas, que, de várias formas, regem as trocas sociais” (RODRIGUES & RAUTH, 2006, p. 188).

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dizer que com a predominância em quase todo o mundo de um modelo de políticas sociais que privilegiam o enxugamento do Estado:

“As famílias estão sendo cada vez mais requeridas para cuidar dos seguimentos “vulneráveis”. Em muitos países, aparece como a única alternativa de apoio à população idosa. Isso se tem dado tanto pela co-residência como pela transferência de bens e recursos financeiros. Os seus membros se ajudam na busca do bem estar coletivo, constituindo um espaço de “conflito cooperativo” em que se cruzam as diferenças entre homens e mulheres e as intergeracionais. Daí surge uma gama variada de arranjos familiares” (CAMARANO, 2004, p. 173).

3.2 FAMÍLIA

O termo família originou-se do “latim fâmulos que significa conjunto de servos dependentes de um chefe ou senhor. Isto porque, para os antigos romanos, a esposa, os filhos, os servos livres e os escravos eram fâmulos de um patriarca” (COUTINHO, 2006, p. 91). A instituição família é “a fonte primária das experiências iniciais do ser humano e é nela que se aprende o respeito por si próprio e pelo outros” (PORTO & KOLLER, 2006, p. 112).

Dentre os modelos de família temos a tradicional, numerosa, patriarcal e doméstica. Tendo o grupo familiar o costume de habitar em uma só e grande residência, geralmente situada numa propriedade extensa, de grande influência econômica, produtora de bens, títulos e direitos, o que dava status na sociedade, esse modelo familiar teve grande

importância na sociedade pré-industrial

De acordo com Prado (1981), em algumas sociedades menos complexas, com menor número de formas institucionais, a família era às vezes a única ou a principal organização intermediária entre o indivíduo e a instituição política mais alta: daí é possível visualizar o grau de importância que a família tinha na sociedade.

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Mais tarde emerge outro tipo de família, que é a família da classe média urbana, centrada ao redor das funções reprodutivas. Nesse modelo a criança sobressai, ou seja, ocupa um lugar destacado. É detectado também o individualismo, a privacidade e as relações afetivas entre os integrantes da família; o casamento perde a função econômica, que existia no modelo patriarcal, e passa a acontecer pelos interesses individuais, dando origem a novos padrões de sociabilidade Prado (1981). Nessa perspectiva, a família conjugal moderna e individualista foi estruturada por meio de uma hierarquia, como também por uma divisão sexual do trabalho que ao mesmo tempo impedia o exercício da liberdade e igualdade de forma equivalente pelos dois sexos.

Segundo Guerra (1993) no Ocidente o modelo mais comum de família é o constituído pelo marido, mulher e filhos, cuja relação conjugal é de fundamental importância, muitas vezes mais forte do que outros laços consanguineos. Ela alude ainda que o grupo possa extrapolar o modelo tanto pela inclusão de parentes ou agregados, quanto nem mesmo realizá-lo, como no caso de casais sem filhos, irmãos sem pais ou famílias nas quais um só dos cônjuges está presente.

Outro autor que chama a atenção a respeito desse modelo nuclear na instituição família é Prado (1981, p. 51), quando diz que “mesmo nos países em que até hoje vigora a tradicional família extensa, monogâmica ou poligâmica, o número de famílias nucleares é cada vez maior”. Esse autor acrescenta ainda que através de estudos relacionados à família seja possível analisar essa tendência, principalmente nos grandes centros urbanos em evolução, como na Índia, China e África.

A família exerce várias funções, mas em geral dependem das relações socioeconômicas do país ao qual pertence, sendo que para algumas dessas funções ela recebe apoio e interferência de outras instituições sociais, já outras funções são assumidas somente por ela mesma Roudinesco (2003).

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instituições familiares, como também as modificações do olhar para ela voltado ao longo das gerações.

Observa-se que, as relações entre família e sexualidade vêm sendo modificadas significativamente nas últimas décadas. De um lado:

“Presencia-se um longo processo de que tornou a conjugalidade um domínio relativamente autônomo da família, orientado por dinâmicas internas nas quais a sexualidade ocupa um lugar central. E, de outro, verifica-se que o exercício da atividade sexual deixou de ser circunscrito à esfera do matrimônio. Essas mudanças redefinem os vínculos entre esses dois polos; em nome da sexualidade e do amor como ideologia e da dinâmica societária que produz novos direitos ligados a tal esfera, tem origem o fenômeno das famílias homossexuais ou homoparentais. O cenário torna-se, assim, cada vez mais complexo” (PEIXOTO, HEILBORN & BARROS, 2006, p. 10).

Portanto, na perspectiva de se compreender a família, Peixoto, Heilborn e Barros (2006) discutem sobre a “crise” da família, ou seja, a consequência da baixa taxa de fecundidade, do aumento da expectativa de vida e, consequentemente, da crescente proporção da população de mais de 60 anos, mas também, do declínio da instituição do casamento e da expansão e aceitação social do divórcio. De fato, o que se observa não foi exatamente o enfraquecimento da instituição “família”, mas o surgimento de novos modelos familiares, derivados desses fenômenos sociais e, sobretudo, das transformações nas relações de gênero, que se exprimem por meio do maior controle da natalidade, da inserção intensiva da mulher no mercado de trabalho e das mudanças ocorridas na esfera da sexualidade.

Na atualidade, com as profundas transformações vividas pelo núcleo familiar, encontra-se na fase de aquisição, não apenas os casais em primeira união, mas outras:

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Nas últimas décadas a família vem passando por “modificações e isso tem gerado diversos problemas, entre eles a violência intrafamiliar, que é considerada como uma das mais preocupantes” (RITT, 2007, p. 7).

É ainda, no campo familiar que as pessoas aprendem e desenvolvem suas práticas de cuidado bastante influenciadas por sua cultura. Geralmente é a “família quem decide o momento de procurar pelos agentes do campo profissional ou do campo popular e também quem estabelece o contato com esses profissionais. Em alguns casos, o cuidado dispensado pelos membros da família pode não ser o mais adequado tecnicamente, mas tem uma forte expressão simbólica que é peculiar a cada família” (SANTOS, 2003, p. 13). Isto é, o

“cuidado domiciliar nos remete a peculiaridades do contexto de vida. Associado a esta

explicação está ao sistema informal de cuidado, em que a família é parte fundamental”

(KLOCK, HECK & CASARIM, 2005, p. 237). Haja vista, quando é falado em cuidado

domiciliar logo são pensados nos benefícios que virão para o idoso junto à família,

assim ele em sua casa se sentirá amparado sob os cuidados familiares, desde que estejam dispostos a se envolver na assistência ao idoso.

3.3 CUIDADOS AO IDOSO

Em nosso país, a velhice dependente fica “restrita ao seio familiar e às instituições asilares, fora do alcance dos setores político e social. A perda de independência, e às vezes até da autonomia de um idoso, pressupõe que, em casa, alguém assuma as funções de cuidar” (KARSCH, 2003, p. 861).

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Para prestar assistência ao idoso no seu cotidiano entra a figura do cuidador, este é a pessoa que chama a si a incumbência de realizar as tarefas para as quais o idoso, lesado pelo episódio mórbido, não tem mais possibilidade de realizar, tarefas essas que vão desde a higiene pessoal até a administração financeira da família.

O cuidador principal ou formal é aquele que tem a total ou maior responsabilidade pelos cuidados prestados ao idoso dependente, no domicílio. Os cuidadores secundários são os familiares, voluntários e profissionais, que realizam atividades complementares. Usa-se a denominação “cuidador formal” (principal ou secundário) para o profissional contratado (auxiliar de enfermagem, acompanhante, empregada doméstica, etc.) e „cuidador informal‟, para os familiares, amigos e voluntários da comunidade (CALDAS 2004).

Conforme estudos de Caldas (2004) e Neri (2006) sobre esse tema apontam que, por muitas décadas, observa-se uma sistemática transferência do cuidado do campo familiar e do reduto da esfera doméstica para o campo profissional e para as instituições.

Na atualidade, o cuidado em domicílio é real e por causa dele, muitos idosos recebem os cuidados que necessitam. O estado transferiu a responsabilidade de cuidar do idoso dependente à família, porém, continua-se omitindo, por não disponibilizar suporte necessário à família e ao idoso. A família, às vezes, não possui estrutura financeira, social e cultural para assumir os cuidados com o idoso, provocando verdadeiros desajustes em seu meio e o que poderia ser benéfico, tornam-se pesar (CALDAS 2004).

Para Karsch (2003) o cuidado domiciliar do idoso no ambiente familiar deve ser estimulado e preservado, mas cita que prestar cuidado integral, sem revezamento ou apoio do serviço de saúde, a um idoso dependente é muito desgastante, principalmente porque os serviços ou instituições não desenvolvem amparo às necessidades dos cuidados. Alguns países desenvolvidos, em que o envelhecimento foi gradual e houve programação e preparo para tal acontecimento, investiu-se no suporte familiar, principalmente na figura do cuidador.

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demencial, com o evoluir do quadro, “os familiares também passam a ser doentes. É a família, especificamente, o cuidador principal, que ao enfrentar a demência precisa estabelecer nova rotina para sua vida, principalmente, ao se deparar com a perda de independência e autonomia” (PAPALÉO-NETTO, et al. 2007, p. 340).

Deve-se levar em consideração que o “diagnóstico de uma demência para a família é um choque, porém, a aceitação ocorre gradativamente com o convívio e o esforço para compreender a doença, haja vista os aspectos sociais e psicológicos vão-se agravando para a família, principalmente para o cuidador principal que experimenta isolamento social, dificuldades financeiras, falta de apoio médico e amparo para suportar a situação” (PAPALÉO-NETTO, 2007, p. 341/342).

Sob o olhar de Caldas (2004) reforça que os familiares se sentem impotentes e os sentimentos de incapacidade, fúria, frustração, angústias alternam-se com o de não estar fazendo o suficiente pelo seu familiar. O cuidador, principalmente o informal, deveria receber atenção especial, porque algumas vezes o acompanhamento por um profissional habilitado (cuidador formal) não obtém êxito com o idoso, exatamente por ele não fazer parte da história de vida do idoso demente e nem ter vínculo afetivo, sendo apenas um estranho compartilhando o mesmo espaço físico.

Para Caldas (2004) com relação ao quadro demencial com o evoluir do mesmo o idoso passa a não reconhecer mais os familiares. A família se reduz aos poucos contatos de pessoas sensibilizadas que ainda os visitam e tentam apoiá-los de alguma forma. Com a nova realidade, ocorre uma verdadeira desagregação na personalidade de todos que estão envolvidos com a demência. Os próprios membros da família começam a se desestruturar, aflorando problemas anteriormente adormecidos e o desgaste emocional pode ser insustentável, o que requer um suporte profissional para lidar com situações que possam desembocar em conflitos no âmbito familiar.

Isso tudo muitas vezes ocorre devido à exaustão familiar que acompanha o declínio no dia a dia do idoso. Dessa forma, “a família frequentemente fica esgotada e uma crise familiar pode levar à violência” e até pensamentos de institucionalizar o idoso em ILPI (TRILHA et al. 2005, p. 37).

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devem ser compartilhadas por todos os membros da família, evitando sobrecarga psicoemocional e física de um único cuidador.

3.4 FENÔMENO DA VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR

É possível dizer que vivemos em uma sociedade em que algumas práticas violentas são culturalmente reconhecidas, outras não. A “violência intrafamiliar é, dentre todas a mais legitimada, porque histórica e culturalmente perpassada pela hierarquia, herança da tradição patriarcal que predomina no âmbito privado” (LIMA & SANTOS, 2009, p. 01).

Vale acrescentar ainda que para entender a “violência intrafamiliar implica em ter uma compreensão histórica psicossocial do indivíduo e da família. Em outras palavras, como ocorrem as interações pai/mãe/ filho (a) e a forma de relacionamento interpessoal familiar. Implica também perceber que a violência não é um fenômeno natural, como querem alguns, mas, ao contrário, construída e transmitida às novas gerações” (SILVA, 2002, p.75).

Para abordar essa tipologia de violência vale citar uma de suas definições:

“A violência intrafamiliar é toda ação ou omissão que prejudique o bem estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de um membro da família. Pode ser cometida dentro ou fora de casa, por qualquer integrante da família que esteja em relação de poder com a pessoa agredida. Inclui também as pessoas que estão exercendo a função de pai ou mãe, mesmo sem laços de sangue” (BRASIL, 2001, p. 16).

A autora, Silva (2002), partilha ainda da ideia que, a violência intrafamiliar é construída histórica, psicológica e socialmente sendo impossível apontar uma única causa. Precisa-se de ter sempre em mente uma visão abrangente. É necessário observar as características tanto pessoais como circunstanciais dos componentes familiares envolvidos, as condições ambientais em que ocorre o fenômeno, as questões psicológicas de interação, o contexto social e as implicações socioeconômicas.

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transtornos emocionais profundos e duradouros, em particular depressão crônica, baixa autoestima, embotamento afetivo e isolamento social. A mulher violentada experimenta profundos sentimentos de vergonha, degradação, medo, raiva e desconforto. Inúmeras vítimas padecem da síndrome de estresse pós-traumático e sofrem os efeitos de pesadelos constantes da agressão. Várias se sentem vulneráveis e atemorizadas ante um mundo que considera hostil e perigoso. O trauma da violência chega a impregnar tanto os planos futuros como o cotidiano da vítima.

Para Faleiros (2007) as relações intrafamiliares manifestam conflitos muito evidentes nas práticas de violência de filhos e filhas contra os pais e mães idosas. Demonstra que, as relações intergeracionais, no entanto, variam de época para época e estão implicadas na trajetória, no ciclo e na dinâmica familiar.

A violência se contrapõe ao diálogo, a um agir ético e comunicativo. As relações como interpessoais como reforçadas abaixo, devem, portanto ser reconhecidas:

“Nas relações interpessoais, sendo esse o genuíno relacionamento amoroso entre quaisquer pares de indivíduos. Na sua perspectiva é reconduzir as relações interpessoais, sem desconsiderar as questões de gênero, para uma forma não violenta, mas dialogada, de enfrentar os conflitos, já se admitindo que diferenças e conflitos sejam próprios das relações sociais. Toma-se por referência ética aquele comportamento em que a preocupação com o outro vigora na resolução de conflitos e no bom (ético) desenvolvimento e manutenção das relações” (SCHAIBER et al. 2005, p. 20-21).

Das variadas formas de violência no âmbito intrafamiliar o que mais nos leva a refletir é a que diz respeito à “violência contra a pessoa idosa” (MINAYO, 2008, p. 42), cujas marcas podem ser visíveis ou invisíveis: as visíveis são as mortes e lesões; as invisíveis são aquelas que ocorrem sem machucar o corpo, mas provocam sofrimento, desesperança, depressão e medo.

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omissões cometidas uma vez ou mais vezes, prejudicando a integridade física e emocional da pessoa idosa, impedindo o desempenho de seu papel” (MINAYO, 2008, p. 38).

Nessa contextualização, ressalta-se que esse tipo de violência pode ser definido ainda como um evento, como o faz a própria Organização Mundial da Saúde (OMS), ao considerá-la contra a pessoa idosa, definida no Documento das Nações Unidas (2002). Nesse sentido, os maus-tratos contra a pessoa idosa são “qualquer ato único ou repetido ou falta de ação apropriada que ocorra em qualquer relação supostamente de confiança que cause dano ou angústia a uma pessoa idosa” (FALEIROS, 2007, p. 30).

A literatura nacional e internacional enfatiza-se que a “violência contra a população idosa é problema universal. Estudos de diferentes culturas, de cunho comparativo entre países têm demonstrado que indivíduos de todos os status socioeconômicos, etnias e religiões, são vulneráveis aos maus-tratos, que ocorrem de várias formas: física, sexual, emocional e financeira” (BRASIL, 2005, p. 12).

As pesquisas também apontam que a maior incidência de violência contra a pessoa idosa ocorre no interior da família:

“Sendo o perfil da vítima, mulher com 75 anos de idade ou mais, viúva, física e emocionalmente dependente, na maioria das vezes residindo com familiares, um dos quais é o seu agressor, filhos que dependem financeiramente da vítima e com problemas de álcool ou de drogas. Outros fatores como estresse pelo ato de cuidar, por questões financeiras e por falta de suporte de serviços comunitários. A dependência e o isolamento social do agressor são outros fatores a serem considerados” (MACHADO & QUEIROZ, 2006, p.1155).

A violência contra a geração idosa pode se manifestar por meio das maneiras de tratá-la e representá-la, cujo sentido pode se resumir nos termos descartáveis e peso social:

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Essa violência também é expressa por meio do abandono, que é uma das maneiras mais perversas de violência contra a pessoa idosa. As mais comuns são:

“Constatadas pelos cuidadores e pelos órgãos públicos que notificam as queixas: colocá-la num quartinho nos fundos da casa, retirando do convívio com outros membros da família e das relações familiares; conduzi-la a um abrigo ou a qualquer outra instituição de longa permanência contra a sua vontade, para se livrar da sua presença na casa, deixando a essas entidades o domínio sobre sua vida, vontade, saúde e seu direito de ir e vir; permitir que o idoso sofra fome e passe por outras necessidades básicas. Outras formas também bastante frequentes de abandono são: ausência de cuidados, de medicamentos e de alimentação aos que têm alguma forma de dependência física, econômica ou mental, antecipando sua imobilidade, aniquilando sua personalidade ou mesmo promovendo seu lento adoecimento e morte” (MINAYO, 2008, p. 39).

Segundo Leme & Silva (1996) e Zilmerman, (2000) a família se reveste de grande importância, pois à medida que as pessoas envelhecem afastam-se do mundo do trabalho e suas interações sociais podem ficar prejudicadas. É na família que os idosos procuram encontrar um abrigo seguro para vivenciar seus últimos anos de vida. O carinho e o respeito dos familiares contribuem decisivamente para um final de vida feliz.

Mesmo assim, existem as questões familiares que merecem compreensão positiva desses problemas, tendo em vista que há necessidade da manutenção dos vínculos. Logo que surgem os conflitos devem ser compreendidos como temporários e naturais, já que o ser humano necessita do contraditório. Nesse contexto, existe a necessidade da mediação dos conflitos familiares.

3.5 MEDIAÇÃO DE CONFLITOS DE VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO

Em face da realidade, através da instabilidade familiar fica marcada a necessidade de mecanismos pacíficos para viabilizar a solução de conflitos, os quais são desenvolvidos por meio do diálogo, por exemplo, a mediação, esta apresenta como uma eficiente técnica de resolução de controvérsia, facilitando a continuação do relacionamento entre os membros da família e promovendo a mútua compreensão.

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diálogo a desmistificação de conflitos. A partir desse momento os familiares têm um novo olhar para os seus problemas, para os outros familiares que fazem parte da dinâmica da família.

O termo mediação advém do “latim mediatione com significado de intercessão,

intermédio, intervenção: derivado do verbo latino mediare - mediar ou intervir. A mediação é um processo estruturado e não adversarial de gestão de conflitos no qual um terceiro qualificado é aceito pela partes em conflito, para lhes auxiliar a que cheguem a soluções para aquelas situações nas quais ambas saiam satisfeitas” (MÜLLER, BEIRAS & CRUZ, 2007, p. 108).

A etiologia acima fica entendida que a “mediação como meio alternativo de resolução de conflitos, sendo esta uma forma que contribui para uma reorganização da vida pessoal e familiar, por meio do estabelecimento de nova alternativa de comunicação e de acordo final entre as partes” (CACHAPUZ, 2003, p. 29).

Ainda que:

“A jurisprudência, mediação é Processo Pacífico de acerto de conflitos internacionais, no qual (ao contrário do que se dá na arbitragem), a solução é sugerida e não imposta a partes interessadas. Nesse sentido, mediar conflitos facilita a definição e a administração responsável – por indivíduos, organizações e comunidades – dos próprios conflitos, e o caminho para as soluções. A mediação é uma metodologia que facilita o diálogo e promove habilidade, para a solução de situações conflitivas. O resultado do processo é que, os sujeitos comprometidos têm a possibilidade de adquirir as habilidades necessárias para resolver por si mesmo as diferenças que podem, eventualmente, serem suscitadas no futuro com seus pares, familiares e colaboradores, ou em sua comunidade” (SCHNITMAN & LITTLEJOHN, 1999, p. 17).

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É um método em que os interessados, através da comunicação, da escuta ativa e da procura de um consenso constroem a solução do impasse familiar compatível com os interesses próprios.

“A solução do conflito deve expressar a vontade real dos mediandos, significa dizer que a percepção do objeto do conflito, bem como, a identificação de alternativas de interesse comum são facilitadas pelos mediadores” (BREITMAN & PORTO, 2001, p. 22). Os objetivos da mediação de conflito consistem em configurar “um meio consensual de soluções de conflitos no qual duas ou mais pessoas, com o auxilio de um mediador – terceiro imparcial e capacitado facilitador de dialogo, discutem pacificamente, buscando alcançar uma solução satisfatória para o problema” (GALANO, 1999, p. 23).

Desta forma:

“O mediador é um profissional que faz a “ponte” entre as partes, até que se chegue a um acordo amigável, pois a mediação é a arte de amenizar os conflitos, ela parte do princípio em que se opõe a disputa e procura encontrar soluções conjuntas. O mediador é um terceiro, imparcial, competente e eleito pelas partes. Em se tratando de competência é válido salientar que diz respeito à capacitação do mediador, vez que, diante da inexistência de regulamentação desta atividade, qualquer pessoa pode exercê-la, porém deve ter conhecimentos básicos de psicologia, sociologia, técnicas de escuta, comunicação e estratégias de lidar com conflitos”. (MUNIZ, 2004, p. 66).

Isso quer dizer que o mediador não interfere na decisão e nem induz o acordo, apenas facilita a comunicação entre as partes, permitindo que decidam livremente, analisando em profundidade o contexto do conflito, assegurando a sua ressignificação e, consequentemente, novas formas de convivência e prevenção de novos conflitos (MUNIZ, 2004, p. 67).

Nesta perspectiva:

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alternativo de caráter extrajudicial e autônomo, a mediação, privilegia a conciliação entre as partes e o restabelecimento das relações sociais” (WARAT, 2004, p.27).

Esse paradigma proporciona perspectivas renovadas para a participação dos atores sociais. “Conscientes dos processos que os constroem como tais e operando com essas perspectivas, os atores sociais podem incrementar sua capacidade para iniciar ações novas, atuar como protagonistas ao enfrentar e resolver conflitos e dilemas em suas vidas, assim como narrar novas e melhores histórias sobre os sistemas dos quais são parte e de seu lugar nos mesmos” (SCHNITMAN & LITTLEJOHN, 1999, p. 22). Porque esses paradigmas para a solução de alternativa de conflitos definem um campo por natureza e obedece a via multidisciplinar, ultrapassa fronteira e trabalha com a diferença.

3.6 O ESTADO

Como a UMT/DF está inserida na política social de saúde promovida pelo Estado, torna-se o Estado uma contemporaneidade como o espaço privilegiado nos debates acadêmicos e não acadêmicos em virtude da sua importância no empreendimento de medidas que buscam solucionar os problemas sociopolíticos decorrentes das transformações sociais que as sociedades têm experimentado.

Dentre as interpretações que existem na literatura no que se refere ao Estado optamos pelo olhar de Norberto Bobbio, quando este observa a relação entre:

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respostas satisfatórias, sofrem um processo de transformação que pode chegar à fase final da completa modificação” (BOBBIO, 1995, p. 60).

Diante dessa constatação é permitido dizer que a equipe multiprofissional da UMT/DF atua como ator do Estado para efetivação da política social de saúde, promovendo o atendimento da demanda da sociedade naquele serviço. Tendo em vista que, a Lei 80.080 expressa às conquistas contidas na Constituição de 1988, em que:

“Incorpora os principais mandamentos constitucionais: saúde direito e dever do Estado; o conceito ampliado de saúde, incluindo a sua determinação social; o Sistema Único de Saúde com universalidade, integralidade da atenção, igualdade, direito a informação, incorporação do modelo epidemiológico, participação da comunidade e descentralização político-administrativa como mando único em cada esfera do governo” (MENDES, 1994, p. 48).

3.7 A POLÍTICA SOCIAL DA SAÚDE

Para abordar as políticas sociais implica dizer que elas existem para levar, pelo menos, um mínimo de bem-estar social àqueles que, por diversas razões, não dispõem de meios próprios para manter a sua sobrevivência e de sua família. Nesse sentido:

“A política social pode ser contextuada, de partida, do ponto de vista do Estado, como proposta planejada de enfrentamento das desigualdades sociais. Por trás da política social existe a questão social, definida desde sempre como a busca de composição pelo menos tolerável entre alguns privilegiados que controlam a ordem vigente, e a maioria marginalizada que a sustenta” (DEMO, 1994, p. 14).

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Nesse quadro, a política social de saúde por meio da Constituição Federal de 1988, o conceito de saúde:

“É entendido numa perspectiva de uma articulação de políticas socais e econômicas; o entendimento da saúde como direito social e universal derivado do exercício de uma cidadania plena; a caracterização das ações e serviços de saúde como de relevância pública; a criação de um Sistema Único de Saúde organizado segundo as diretrizes de descentralização com mando único em cada esfera de governo, o atendimento integral e a participação da comunidade e a integração da saúde no espaço mais amplo da seguridade social” (MENDES, 1994, p. 47).

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4. ANÁLISE DOS DADOS

Apresentar a análise dos dados em quatro partes: a primeira, que vai da tabela 1 a 7, que consta dos dados socioeconômico e demográficos; a segunda, referente a violência e seus variados aspectos; a terceira, composta pela tabela 14, que se refere aos compromissos firmados no momento da mediação; e o quarta, a análise do impacto da mediação de conflito, com os três (3) cuidadores e um (1) idoso.

Nessa etapa do estudo procurou-se mostrar uma análise qualitativa e quantitativa dos dados que foram tabuladas nas quatorze (14) tabelas que se encontram neste estudo, os quais foram captados por meio das Atas oriundas das reuniões realizadas entre a equipe multidisciplinar da Unidade Mista de Taguatinga do Distrito Federal – UMT-DF com os familiares e os pacientes idosos, quando estes tinham possibilidades de expressarem as suas falas. Os dados foram coletados no transcorrer do período de outubro de 2008 a outubro de 2009.

4.1 DADOS SOCIOECONÔMICOS E DEMOGRÁFICOS

Tabela 1. Distribuição de pessoas idosas referidas nas Atas por faixa etária.

Idade Número Frequência %

67 a 72 anos. 3 25,00

73 a 78 anos. 3 25,00

79 a 84 anos. 4 33,33

85 a 90 anos. 2 16,66

Total 12 100

Fonte: Atas pesquisadas da UMT-DF, 2010.

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menor frequência do grupo analisado. Isso nos remete a dizer a que violência contra a pessoa idosa independe de faixa etária.

Dessa forma, na faixa etária de 79 a 84 anos, do universo de doze (12) casos analisados foram encontrados quatro (4) casos e representando uma incidência de 33,33%. Já os da idade de 67 a 72 anos e de 73 a 78 anos foram detectados três (3) casos e um percentual de 25,00%, respectivamente. Enquanto isso, para os de 85 a 90 anos foram visualizados dois (2) casos e percentual de 16,66%.

No que diz respeito ao aumento da expectativa de vida da população como observado na tabela 1 acima vale dizer que, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ressalta que em 2025 existirão aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas com mais de sessenta anos em todo o mundo (ELSNER, PAVAN & GUEDES, 2007, p. 46). No Brasil, existe uma estimativa que o número de idosos naquele ano será de cerca de 34 milhões, o que levará o país, em termos de número absoluto de indivíduos com sessenta anos ou mais, a décima sexta (XVI) posição mundial (IBGE, 2000; KALACHE, VERAS & RAMOS, 1987).

“O envelhecimento populacional é um fato real em nossa sociedade. Lembro que envelhecer não é problema. O envelhecimento deve ser entendido como triunfo e uma grande conquista da humanidade. Já acrescentamos mais anos à nossa existência” (BERZINS, 2008, p. 31). Porém, o que falta é promover dignidade a esses anos que foram conquistados a mais. Nesse sentido, é importante envidar esforços coletivos para que as pessoas que ganharam anos a mais em suas vidas tenham condições de viver com respeito, qualidade de vida e solidariedade.

Tabela 2. Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas conforme o sexo.

Sexo Número Frequência %

Masculino. 3 25,00

Feminino. 9 75,00

Total 12 100

Fonte: Atas pesquisadas da UMT-DF, 2010.

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No que diz respeito à distribuição dos idosos conforme o sexo foi detectado nove (9) casos do sexo feminino e um percentual de 75,00%, enquanto no sexo masculino houve três (3) casos e percentual de 25,00%, logo pode ser observado que no sexo feminino a expressividade foi maior. Nesse contexto, é notório que em 2008 a população idosa segundo os dados das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNAD), realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa é composta em maior proporção de mulheres, 11,08%, de 70 anos acima que ocupava em número absoluto 21.039 para ambos os sexos, ou seja, 4,85% do sexo masculino e 6,22% do feminino.

Em conformidade com outros estudos uma das justificativas para essa diferenciação do sexo feminino ser mais elevada que a do sexo masculino é atribuído a “maior mortalidade masculina em todas as idades, notoriamente, entre as idades jovens e adultas. Com o incremento da longevidade da população, e especialmente entre as mulheres, essa proporção tenderá a aumentar” (VASCONCELOS & PEREIRA, 2006, p. 13).

De acordo com essa observação remete a dizer que o envelhecimento é também uma questão de gênero. Nesse sentido, de acordo com Camarano (2002), e a literatura especializada apontam a feminilização da velhice, ou seja, quanto mais idade tiver um determinado grupo de pessoas, maior será sua parcela feminina, isto quer dizer que pode ser explicado pela maior longevidade feminina, haja vista que, a expectativa de vida para ela era de 75,2 anos, enquanto para os homens, 67,6 anos IBGE (2005). Vale observar que “grande parte dessas idosas é viúva, mora sozinha, não tem experiência no mercado formal de trabalho, recebeu pouca instrução, além de apresentar diferentes graus de debilitação física” (CAMARANO, 2002, p. 48).

O Brasil sempre foi considerado um país jovem, entretanto nas últimas décadas, pode se observar um processo de inversão da característica populacional estabelecida até então.

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No Brasil, a cada ano, mais de “650 mil idosos são incorporados à população. Muito tempo foi perdido, acreditando-se que ainda éramos um país jovem, sem dar o devido crédito às informações demográficas que mostravam e projetavam o envelhecimento da população brasileira” (SILVA, 2007, p. 40).

Tabela 3. Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas por local de residência.

Local de Residência Número Frequência %

Taguatinga. 4 33,34

Ceilândia. 3 25,00

Recanto das Emas. 2 16,66

Gama. 1 8,33

Jardim Ingá. 1 8,33

Samambaia. 1 8,33

Total 12 100

Fonte: Atas pesquisadas da UMT-DF, 2010.

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Tabela 4. Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas por situação socioeconômica.

Salário Mínimo (SM) Número Frequência %

Até 1 SM. 5 41,66

Até 2 SM. 5 41,66

16 SM. 1 8,33

17 SM. 1 8,33

Total 12 100

Fonte: Atas pesquisadas da UMT-DF, 2010.

Com base nos dados apresentados nessa tabela, observa-se que o maior número do perfil socioeconômico do idoso está entre um a dois salários mínimos e o menor está entre 16 a 17 salários mínimos.

Ao analisar a tabela de nº 4 foi constatado que do universo de idosos pesquisados as suas situações socioeconômicas, sendo eles aposentados e/ou pensionistas. Foi apontado que cinco (5) recebiam até um salário mínimo (SM) e que totalizava 41,66%, na mesma tabela outros cinco (5) idosos recebiam também até dois SM referindo ao mesmo percentual, 41,66% e os demais dos idosos da pesquisa estão com mais de 16 SM, um (1) caso com 16 SM e outro com 17 SM, o que representa 8,33%, respectivamente.

Para ilustrar esses dados de acordo com o PNAD de 2008, a média mensal de rendimento de pessoas idosas um a dois SM num total de 30.279, sendo que 627 para homens e 597 para mulheres.

É importante destacar que os rendimentos dos idosos são oriundos basicamente de aposentadorias e pensões, os quais têm a sua importância na renda de suas famílias.

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Tabela 5. Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas por estado civil.

Estado civil Número Frequência %

Viúvo. 10 83,33

Casado. 2 16,67

Total 12 100

Fonte: Atas pesquisadas da UMT-DF, 2010.

Os dados dessa tabela apresentam um maior número de viúvos e um menor número de idosos casados.

Diante dos dados da tabela de nº 5, novamente remete à questão de gênero, pois é apresentado um expressivo número de viúvas, ou seja, dez (10) pessoas atingindo um percentual de 83,33%. Os casados vêm em seguida com dois (2) casos e percentual de 16,67%. Do ponto de vista de Llyod-Sherlock (2004), mesmo que a velhice não seja universalmente feminina, ela possui um forte componente de gênero. Por exemplo, mulheres idosas experimentam maior probabilidade de ficarem viúvas, e, muitas vezes, em situação socioeconômica desvantajosa. No Brasil, conforme Camarano et al. (2005) é relativamente elevada à proporção de mulheres morando sozinhas, aproximadamente 15% em 2003, e de residentes na casa de “outros parentes”, 16,1%. Dentre os que residem em casas de outros parentes, aproximadamente dois terços reportam serem viúvas. As mulheres também predominam entre os residentes nas Instituições de Longa Permanência (ILPI); constituindo aproximadamente 58% dos residentes.

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Tabela 1. Distribuição de pessoas idosas referidas nas Atas por faixa etária.
Tabela 3. Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas por local de residência.
Tabela  4.  Distribuição  das  pessoas  idosas  referidas  nas  Atas  por  situação  socioeconômica
Tabela 5. Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas por estado civil.
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Referências

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