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1 INTRODUÇÃO

3.7 A POLÍTICA SOCIAL DA SAÚDE

Para abordar as políticas sociais implica dizer que elas existem para levar, pelo menos, um mínimo de bem-estar social àqueles que, por diversas razões, não dispõem de meios próprios para manter a sua sobrevivência e de sua família. Nesse sentido:

“A política social pode ser contextuada, de partida, do ponto de vista do Estado, como proposta planejada de enfrentamento das desigualdades sociais. Por trás da política social existe a questão social, definida desde sempre como a busca de composição pelo menos tolerável entre alguns privilegiados que controlam a ordem vigente, e a maioria marginalizada que a sustenta” (DEMO, 1994, p. 14).

Partindo desse enunciado, as políticas sociais são constituídas para promover um mínimo de justiça social. Elas correspondem a um conjunto de ações montadas para dar respostas concretas às questões que surgem regularmente nas relações sociais e que desembocam na área da produção e reprodução do indivíduo. Neste sentido, a política social pode ser vista “como uma via de reaproximação do Estado com a Sociedade” (PEREIRA, 2000, p. 144).

Nesse quadro, a política social de saúde por meio da Constituição Federal de 1988, o conceito de saúde:

“É entendido numa perspectiva de uma articulação de políticas socais e econômicas; o entendimento da saúde como direito social e universal derivado do exercício de uma cidadania plena; a caracterização das ações e serviços de saúde como de relevância pública; a criação de um Sistema Único de Saúde organizado segundo as diretrizes de descentralização com mando único em cada esfera de governo, o atendimento integral e a participação da comunidade e a integração da saúde no espaço mais amplo da seguridade social” (MENDES, 1994, p. 47).

Nessa contextualização vale lembrar que além da Constituição Federal de 1988, que assegura a política social de saúde a toda sociedade brasileira há também o Estatuto do Idoso, Lei de 10.741, de 1º de outubro de 2003, em que se registra que a pessoa idosa é detentora de “todos os direitos fundamentais à pessoa humana sem prejuízo da proteção integral de que trata essa Lei, assegurando-se-lhe por Lei ou por outros meios todas as oportunidades e facilidades, para a preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade”(BRASIL, 2003).

4. ANÁLISE DOS DADOS

Apresentar a análise dos dados em quatro partes: a primeira, que vai da tabela 1 a 7, que consta dos dados socioeconômico e demográficos; a segunda, referente a violência e seus variados aspectos; a terceira, composta pela tabela 14, que se refere aos compromissos firmados no momento da mediação; e o quarta, a análise do impacto da mediação de conflito, com os três (3) cuidadores e um (1) idoso.

Nessa etapa do estudo procurou-se mostrar uma análise qualitativa e quantitativa dos dados que foram tabuladas nas quatorze (14) tabelas que se encontram neste estudo, os quais foram captados por meio das Atas oriundas das reuniões realizadas entre a equipe multidisciplinar da Unidade Mista de Taguatinga do Distrito Federal – UMT-DF com os familiares e os pacientes idosos, quando estes tinham possibilidades de expressarem as suas falas. Os dados foram coletados no transcorrer do período de outubro de 2008 a outubro de 2009.

4.1 DADOS SOCIOECONÔMICOS E DEMOGRÁFICOS

Tabela 1. Distribuição de pessoas idosas referidas nasAtas por faixa etária.

Idade Número Frequência %

67 a 72 anos. 3 25,00

73 a 78 anos. 3 25,00

79 a 84 anos. 4 33,33

85 a 90 anos. 2 16,66

Total 12 100

Fonte: Atas pesquisadas da UMT-DF, 2010.

Nessa tabela é possível visualizar que a faixa etária de 67 a 72 anos corresponde a da 73 a 78 anos, em seguida observa-se que a faixa etária de 78 a 84 anos foi a que teve maior representatividade dos casos estudados. Enquanto a faixa etária de 85 a 90 anos apresentou uma

menor frequência do grupo analisado. Isso nos remete a dizer a que violência contra a pessoa idosa independe de faixa etária.

Dessa forma, na faixa etária de 79 a 84 anos, do universo de doze (12) casos analisados foram encontrados quatro (4) casos e representando uma incidência de 33,33%. Já os da idade de 67 a 72 anos e de 73 a 78 anos foram detectados três (3) casos e um percentual de 25,00%, respectivamente. Enquanto isso, para os de 85 a 90 anos foram visualizados dois (2) casos e percentual de 16,66%.

No que diz respeito ao aumento da expectativa de vida da população como observado na tabela 1 acima vale dizer que, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ressalta que em 2025 existirão aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas com mais de sessenta anos em todo o mundo (ELSNER, PAVAN & GUEDES, 2007, p. 46). No Brasil, existe uma estimativa que o número de idosos naquele ano será de cerca de 34 milhões, o que levará o país, em termos de número absoluto de indivíduos com sessenta anos ou mais, a décima sexta (XVI) posição mundial (IBGE, 2000; KALACHE, VERAS & RAMOS, 1987).

“O envelhecimento populacional é um fato real em nossa sociedade. Lembro que envelhecer não é problema. O envelhecimento deve ser entendido como triunfo e uma grande conquista da humanidade. Já acrescentamos mais anos à nossa existência” (BERZINS, 2008, p. 31). Porém, o que falta é promover dignidade a esses anos que foram conquistados a mais. Nesse sentido, é importante envidar esforços coletivos para que as pessoas que ganharam anos a mais em suas vidas tenham condições de viver com respeito, qualidade de vida e solidariedade.

Tabela 2. Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas conforme o sexo.

Sexo Número Frequência %

Masculino. 3 25,00

Feminino. 9 75,00

Total 12 100

Fonte: Atas pesquisadas da UMT-DF, 2010.

O que se destaca nessa tabela de acordo com os registros das Atas que dos idosos pesquisados, o maior número está centrado no sexo feminino.

No que diz respeito à distribuição dos idosos conforme o sexo foi detectado nove (9) casos do sexo feminino e um percentual de 75,00%, enquanto no sexo masculino houve três (3) casos e percentual de 25,00%, logo pode ser observado que no sexo feminino a expressividade foi maior. Nesse contexto, é notório que em 2008 a população idosa segundo os dados das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNAD), realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa é composta em maior proporção de mulheres, 11,08%, de 70 anos acima que ocupava em número absoluto 21.039 para ambos os sexos, ou seja, 4,85% do sexo masculino e 6,22% do feminino.

Em conformidade com outros estudos uma das justificativas para essa diferenciação do sexo feminino ser mais elevada que a do sexo masculino é atribuído a “maior mortalidade masculina em todas as idades, notoriamente, entre as idades jovens e adultas. Com o incremento da longevidade da população, e especialmente entre as mulheres, essa proporção tenderá a aumentar” (VASCONCELOS & PEREIRA, 2006, p. 13).

De acordo com essa observação remete a dizer que o envelhecimento é também uma questão de gênero. Nesse sentido, de acordo com Camarano (2002), e a literatura especializada apontam a feminilização da velhice, ou seja, quanto mais idade tiver um determinado grupo de pessoas, maior será sua parcela feminina, isto quer dizer que pode ser explicado pela maior longevidade feminina, haja vista que, a expectativa de vida para ela era de 75,2 anos, enquanto para os homens, 67,6 anos IBGE (2005). Vale observar que “grande parte dessas idosas é viúva, mora sozinha, não tem experiência no mercado formal de trabalho, recebeu pouca instrução, além de apresentar diferentes graus de debilitação física” (CAMARANO, 2002, p. 48).

O Brasil sempre foi considerado um país jovem, entretanto nas últimas décadas, pode se observar um processo de inversão da característica populacional estabelecida até então.

Hoje este país jovem apresenta-se com outra cara. Isto é, um expressivo grupo etário com mais de 60 anos. Muitos fatores contribuíram para o aumento da longevidade da população brasileira como: “a diminuição da fecundidade devido o planejamento familiar, os avanços com acesso à assistência para todas as pessoas, a melhoria nutricional, a elevação dos níveis de higiene pessoal e melhores condições sanitárias e ambientais” (GAIOLI, 2004, p. 13).

No Brasil, a cada ano, mais de “650 mil idosos são incorporados à população. Muito tempo foi perdido, acreditando-se que ainda éramos um país jovem, sem dar o devido crédito às informações demográficas que mostravam e projetavam o envelhecimento da população brasileira” (SILVA, 2007, p. 40).

Tabela 3. Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas por local de residência.

Local de Residência Número Frequência %

Taguatinga. 4 33,34

Ceilândia. 3 25,00

Recanto das Emas. 2 16,66

Gama. 1 8,33

Jardim Ingá. 1 8,33

Samambaia. 1 8,33

Total 12 100

Fonte: Atas pesquisadas da UMT-DF, 2010.

Dentre o universo dos idosos pesquisados, de acordo com a tabela de nº 3. Taguatinga teve quatro (4) casos e um percentual de 33,34%, supõe que seja em face da proximidade da Unidade de Referência para o atendimento ao idoso se encontrar nessa mesma Região Administrativa. Desta feita vem Ceilândia com três (3) casos e o percentual de 25,00%, que também geograficamente fica próximo da UMT-DF, sendo que essa cidade até então não dispunha desse serviço, por último vem a Região Administrativa do Recanto das Emas, com dois (2) casos e um percentual de 16,66%, em seguida tem o Gama, o Jardim Ingá e a Samambaia com um (1) caso cada e percentual de 8,33%, respectivamente. Já nas três últimas regiões administrativas em que aparece apenas um (1) caso para cada categoria, justifica-se pelo fato da dificuldade de acesso ao serviço de saúde e escassez de recursos humanos especializado para atendimento da demanda e por não contar com esse serviço, como é o caso do Jardim Ingá.

Tabela 4. Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas por situação socioeconômica.

Salário Mínimo (SM) Número Frequência %

Até 1 SM. 5 41,66

Até 2 SM. 5 41,66

16 SM. 1 8,33

17 SM. 1 8,33

Total 12 100

Fonte: Atas pesquisadas da UMT-DF, 2010.

Com base nos dados apresentados nessa tabela, observa-se que o maior número do perfil socioeconômico do idoso está entre um a dois salários mínimos e o menor está entre 16 a 17 salários mínimos.

Ao analisar a tabela de nº 4 foi constatado que do universo de idosos pesquisados as suas situações socioeconômicas, sendo eles aposentados e/ou pensionistas. Foi apontado que cinco (5) recebiam até um salário mínimo (SM) e que totalizava 41,66%, na mesma tabela outros cinco (5) idosos recebiam também até dois SM referindo ao mesmo percentual, 41,66% e os demais dos idosos da pesquisa estão com mais de 16 SM, um (1) caso com 16 SM e outro com 17 SM, o que representa 8,33%, respectivamente.

Para ilustrar esses dados de acordo com o PNAD de 2008, a média mensal de rendimento de pessoas idosas um a dois SM num total de 30.279, sendo que 627 para homens e 597 para mulheres.

É importante destacar que os rendimentos dos idosos são oriundos basicamente de aposentadorias e pensões, os quais têm a sua importância na renda de suas famílias.

Assim, esse aumento de renda, ameniza a pobreza desses idosos e de seus familiares. Por exemplo, Benefício da Prestação Continuada (BPC), que representa o pagamento de um SM mensal para idosos, a partir dos 65 anos, por meio de determinação do Estatuto do Idoso de 2004, outro benefício é a aposentadoria rural, a grande maioria dos beneficiários da aposentadoria rural nunca foi contribuinte para a previdência social, tendo direito a um salário SM, a partir de 55 ou 60 anos, independente de serem mulheres ou homens e terem vivido em regiões rurais, em regime de economia familiar (RODRIGUES & RAUTH, 2006, p. 187).

Tabela 5. Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas por estado civil.

Estado civil Número Frequência %

Viúvo. 10 83,33

Casado. 2 16,67

Total 12 100

Fonte: Atas pesquisadas da UMT-DF, 2010.

Os dados dessa tabela apresentam um maior número de viúvos e um menor número de idosos casados.

Diante dos dados da tabela de nº 5, novamente remete à questão de gênero, pois é apresentado um expressivo número de viúvas, ou seja, dez (10) pessoas atingindo um percentual de 83,33%. Os casados vêm em seguida com dois (2) casos e percentual de 16,67%. Do ponto de vista de Llyod-Sherlock (2004), mesmo que a velhice não seja universalmente feminina, ela possui um forte componente de gênero. Por exemplo, mulheres idosas experimentam maior probabilidade de ficarem viúvas, e, muitas vezes, em situação socioeconômica desvantajosa. No Brasil, conforme Camarano et al. (2005) é relativamente elevada à proporção de mulheres morando sozinhas, aproximadamente 15% em 2003, e de residentes na casa de “outros parentes”, 16,1%. Dentre os que residem em casas de outros parentes, aproximadamente dois terços reportam serem viúvas. As mulheres também predominam entre os residentes nas Instituições de Longa Permanência (ILPI); constituindo aproximadamente 58% dos residentes.

Dessa análise é possível dizer que, a viuvez ocorre de forma especial para as mulheres, pois segundo Kirkwood (2001), em média, as mulheres vivem mais que os homens, estes são mais combativos e, em razões disso, mais suscetíveis a ferimentos; costumam ser mais competitivo no trabalho e fora dele e, em consequência disso, podem desencadear doenças como o estresse; possuem atividades no trabalho fisicamente perigosas podendo ocorrer acidentes.

Tabela 6. Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas por tipo de moradia.

Tipo de moradia Número Frequência %

Própria. 8 66,67

Cedida. 3 25,00

Alugada. 1 8,33

Total 12 100

Fonte: Atas pesquisadas da UMT-DF, 2010.

Dos idosos contemplados na análise das Atas, no que diz respeito à moradia, a grande maioria residem em casa própria, apesar de contarem apenas com um a dois salários mínimos. Foram detectados oito (8) idosos com domicílio próprio e percentual de 66,67%. Ressalta-se que desse universo pesquisado há três (3) idosos vivendo em moradia cedida, correspondendo a 25,00%, na maioria de filhos ou filhas, conforme os dados encontrados. Apenas um (1) idoso morando de aluguel, por ocasião da pesquisa, totalizando 8,33%.

O resultado de outras pesquisas observa-se que, “26% dos lares brasileiros existem pelo menos uma pessoa idosa e 95% delas vivem em casas próprias ou de seus familiares. Mas, assim como nossas cidades, também nossas casas pouco estão preparadas para acolher e responder as necessidades das pessoas idosas” (MINAYO, 2008, p. 43).

No processo de envelhecimento há redução da capacidade de processamento e habilidade de dividir a atenção, o que pode levar as pessoas idosas a apresentarem dificuldades nos seus movimentos. Nesse sentido, torna se importante a realização da adaptação ambiental, que diz respeito à mudança no meio “ambiente ou no espaço físico que facilitem a acessibilidade e mobilidade de pessoas que tenha algum tipo de dificuldade física, comportamental e sensorial” (YUASO & ROCHA, 2008, p. 273). Lembrando que o ambiente domiciliar é desenvolvido ao longo de toda a vida levando se em conta as expectativas pessoais. Isso quer dizer que há necessidade de paciência e compreensão ao modificar um ambiente, mesmo em se tratando para maior segurança do próprio idoso. Sem perder de vista que, “os acidente são a quinta causa de morte em paciente idoso e as quedas constituem dois terços dessas mortes acidentais” (PAIXÃO JÚNIOR & HECKMAN, 2006, p. 955).

Na contextualização a UMT-DF também discute as mudanças ambientais para o idoso nas reuniões de mediação de conflito, em que são executadas orientações sobre as

adaptações ambientais no domicílio. Quando é constatado algum caso em que o idoso tenha tido queda recente é realizada visita domiciliar pela equipe multiprofissional, para apreciação do espaço físico e se for evidenciada a necessidade de adaptação do ambiente para o idoso a equipe promove as orientações necessárias no local, como também o fornecimento de folder explicativo, ao mesmo tempo esse idoso é inserido no programa de prevenção de quedas da Unidade.

Tabela7. Distribuição das pessoas idosas referidas nas Atas por situação de escolaridade.

Escolaridade Número Frequência %

Alfabetizado (a). 4 33,34

Não alfabetizado (a). 3 25,00

1º grau incompleto. 2 16,66

2º grau. 2 16,66

Superior. 1 8,33

Total 12 100

Fonte: Atas pesquisadas da UMT-DF, 2010.

Nesta tabela é possível observar que a maioria é de alfabetizados, foi considerado alfabetizado neste estudo o idoso que estava apto a escrever o próprio nome ou uma frase simples.

Os idosos alfabetizados e não alfabetizados que foram identificados nesta tabela de nº 7 representando sete (7) casos e percentual de 58,34%, mais da metade dos idosos tem baixo nível de escolaridade. Essa realidade chama à atenção para o fato da comunicação desses idosos com a equipe multiprofissional no transcorrer do atendimento como um todo e não só nas reuniões de mediação de conflito, pois além das patologias características do envelhecimento há também a questão da comunicação e verbalização. Torna-se importante, a adaptação da linguagem para melhor de entendimento. Em um sentido mais amplo, deve- se levar em conta a promoção de políticas públicas direcionadas a essa população de baixa escolaridade.

No que diz respeito ao nível de escolaridade dos pesquisados, constatou-se que quatro (4) são alfabetizados (as), representando 33,34%, e não alfabetizados (as) foram constatados em três (3) pesquisados, expressando 25,00%. Nesse sentido, conforme o PNAD (2008) os idosos de 60 anos ou mais é registrado um total de 15.154 de

alfabetizados, sendo que 6.793 são do sexo masculino e 8.361 do feminino. As outras categorias analisadas na pesquisa com relação ao grau de instrução ficaram constatadas que os idosos que contavam com o 1º grau incompleto representando dois (2) casos e percentual de 16,66%, o mesmo aconteceu com o 2º grau e quanto ao nível superior foi detectado em apenas um (1) caso, representando percentual de 8,33%.

É constatado que o idoso alfabetizado, na última década houve aumento significativo no percentual de idosos alfabetizados no país. Em 1991, 55,8% dos idosos declararam saber ler e escrever pelo menos um bilhete simples, enquanto em 2000 esse percentual passou para 64,8%, o que representa um crescimento de 16,1% no período. Os dados fazem parte do Perfil dos Idosos Responsáveis pelos Domicílios no Brasil IBGE (2000), mostrando que, apesar dos avanços, ainda existem 5,1 milhões de idosos analfabetos no Brasil.

Diante desse quadro, de acordo com Camarano (2004), há referência que em relação ao gênero, os homens continuam sendo, proporcionalmente, mais alfabetizados do que as mulheres, já que até os anos 60 estes tinham mais acesso à escola. No caso dos idosos responsáveis pelo domicílio, os índices também melhoraram no período de 1991/2000, com aumentos significativos, tanto na proporção de alfabetizados, como no nível de escolaridade desses idosos.

No que se refere aos não alfabetizados ainda em relação ao PNAD (2008), observou-se que da população de 60 anos ou mais um total de 5.885, sendo 2.421 do sexo masculino e 3.463 do sexo feminino.

O analfabetismo no Brasil é realidade que acompanha o envelhecimento populacional. O crescente número de idosos, especialmente de mulheres em contexto domiciliar, vem seguido do aumento do nível de escolaridade em diversos Estados do Brasil. O homem idoso continua sendo mais alfabetizado que a mulher idosa. O conceito de analfabetismo torna-se relevante à medida que o analfabetismo funcional está presente entre os idosos com algum nível de escolaridade (IBGE, 2000).

4.2 VIOLÊNCIAS E SEUS ASPECTOS

Tabela 8. Distribuição das formas de ocorrência de violência referida nas Atas conforme o número de vezes em que foi registrada na mediação.

Tipologia de violência Número Frequência %

Negligência. 8 30,76

Financeira. 7 26,93

Física. 6 23,07

Psicológica. 5 19,23

Total 26 100

Fonte: Atas pesquisadas da UMT-DF, 2010.

Nesta tabela no que diz respeito à violência contra a pessoa idosa a negligência é a mais frequente, seguida da financeira, física e psicológica. A negligência perpassa todos os atendimentos da Unidade, especificamente na referência especializada (geriatria e gerontologia), sendo comuns idosos desacompanhados, sem entendimento do seu diagnóstico e sem informações sobre as medicações em uso. Ter um acompanhante durante o atendimento na Unidade é um dos critérios. Muitas vezes os idosos não contam com um cuidador familiar presente e participativo, quase sempre esses usuários vêm acompanhados de vizinhos, amigos e/ou netos e netos menores, sem experiência de convívio com este idoso. O que dificulta a qualidade do atendimento pelos profissionais de saúde.

Na abordagem da violência contra a pessoa idosa, neste estudo, procurou citar uma das suas definições, dentre elas foi contemplada a de Yves Michaud, quando diz que:

“Violência” vem do latim violentia, que significa violência caráter violento ou bravio, força. O verbo violare significa tratar com violência, profanar, transgredir. Tais termos devem ser referidos a vis, que quer dizer força, vigor, potência, violência, emprego de força física, mas também quantidade, abundância, essência ou caráter essencial de alguma coisa. Mais profundamente, a palavra vis significa a força em ação, o recurso de um corpo para exercer sua força e, portanto a potência, o valor, a força vital” (MICHAUD, 1989, p.8).

Dessa definição foi procurado analisar as tipologias de violência, que são perpetradas contra a pessoa idosa, pois este é um dos objetivos desta pesquisa. Entende se

por violência contra a pessoa idosa “os maus-tratos, abusos contra os idosos são noções que dizem respeito a processos e a relações sociais interpessoais, de grupos, de classes, de gênero, ou ainda institucionais, que causem danos físicos, mentais e morais à pessoa. O mau-trato ao idoso é um ato (único ou repetido) ou omissão que lhe cause dano ou aflição

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