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Edital Prêmio Reconhecimento ADunicamp Categoria: Educação, justiça social e justiça ambiental.

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Academic year: 2022

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Edital – Prêmio Reconhecimento ADunicamp Categoria: Educação, justiça social e justiça ambiental.

1) Identificação

O coletivo Festeja, coletivo que se apresenta à primeira edição do Prêmio “Reconhecimento ADunicamp”, é um grupo composto sobretudo por estudantes e prestadores de serviços terceirizados da Unicamp. O coletivo atua como projeto de extensão comunitária na Unicamp desde 2012 e, atualmente, sua organização e coordenação é realizada pelos estudantes de graduação e pós-graduação: Lara Borin Campoli (IE-Unicamp), João Pedro de Paula e Silva (IE-Unicamp), Ana Cristina Gonçalves Martins (IE-Unicamp), Valentina Vasques Regente (IE-Unicamp), Dimas Correia Silvestrim (IE-Unicamp), Capitu Balieiro Cortez (IE-Unicamp), João Lucas Rocha Martins (IE-Unicamp), Carolina Estefânia Simons Jacomini (IEL-Unicamp), Yan Prada Moro (IC-Unicamp) e Fernando Bettelli Cintra de Oliveira (IMECC-Unicamp).

2) Relato de até 10 páginas circunstanciadas sobre as ações desenvolvidas nos últimos três anos

Introdução

O Festeja é um coletivo de extensão comunitária que atua na luta contra a precarização do trabalho e da vida. O coletivo nasce, em 2012, como o projeto de extensão universitária Educação de Jovens e Adultos na Comunidade Universitária da Unicamp (EJA-Unicamp) com o objetivo de criar espaços de vivência abertos à troca de saberes de forma não-hierarquizada. Hoje, o grupo, constituído por discentes, docentes, trabalhadoras(es) terceirizadas(os) da Unicamp e colaboradores diversos, visa identificar, estudar e transformar as desigualdades dentro da comunidade local, dedicando especial atenção às disparidades entre o grupo de prestadores de serviços terceirizados e o restante do corpo universitário.

Nossa atuação tem como princípios a igualdade, o respeito à diversidade, a autonomia, o cooperativismo e a solidariedade. Em nossas ações, buscamos aproximar o universo científico-acadêmico ao campo concreto da realidade e construir espaços para a integração e valorização de saberes não-formais na universidade, uma vez que acreditamos que todos os sujeitos são responsáveis pela construção de conhecimentos e experiências democráticas, solidárias, inclusivas e libertárias.

Em 10 anos de trajetória, o coletivo desenvolveu atividades diversas, sempre pautadas na educação popular e a partir dos interesses e demandas de todas as pessoas envolvidas no projeto (educandos e educadores). Já organizamos oficinas de alfabetização, matemática, artesanato, pífano,

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acupuntura, informática, alongamento, consciência corporal, entre outras. Em todas as nossas atividades, buscamos valorizar e introduzir outros saberes, práticas e expressões culturais na vida universitária que representem também as(os) trabalhadoras(es) terceirizadas(os) da Unicamp, estabelecendo, assim, vínculos concretos entre a comunidade e desenvolvendo o sentimento de pertencimento a ela.

Através destas práticas cotidianas, o projeto tem promovido a interação e integração de diferentes grupos do corpo acadêmico, atuando diretamente na superação de problemas relacionados à convivência e respeito no campus. Além de proporcionar espaços de ensino e aprendizagem, a atuação do coletivo se faz também particularmente relevante pelo seu esforço e capacidade de criação de laços entre seus integrantes (educandos e educadores) e de construção de espaços e momentos de alegria e comunhão na universidade.

Uma das principais características do coletivo é a sua flexibilidade. Todos os anos nós precisamos reorganizar nossa atuação a partir da demanda das(os) terceirizadas(os), da flexibilidade de horário dos participantes do projeto e da disponibilidade de lugares para realização das oficinas.

Nos últimos dois anos, em um contexto de pandemia, o Festeja mudou de forma significativa sua atuação, precisando se adaptar e reconhecer as novas necessidades que emergiram a partir das crises sanitária e econômica.

Relataremos, a seguir, a trajetória do Festeja nos últimos três anos (2019-2021). Ao longo deste período, participaram do coletivo os(as) estudantes: Lara Borin Campoli (IE-Unicamp), João Pedro de Paula (IE-Unicamp), João Luís Abreu (IE-Unicamp), Stefanie Goulart (IE-Unicamp), Fernando Bettelli Cintra de Oliveira (IMECC-Unicamp), Bruna Tápias (IE-Unicamp), Ingrid Rocha (IE-Unicamp), Ana Cristina Gonçalves Martins (IE-Unicamp), Valentina Vasques Regente (IE-Unicamp), Gabriel Gonçalves (IE-Unicamp), Yan Prada Moro (IC-Unicamp), Dimas Correia Silvestrim (IE-Unicamp), Capitu Balieiro Cortez (IE-Unicamp), João Lucas Rocha Martins (IE-Unicamp), Júlia Rocha (IE-Unicamp), Carolina Estefânia Simons Jacomini (IEL-Unicamp) e Heitor Dellasta (IG-Unicamp).

O coletivo também contou com a importante colaboração dos seguintes funcionários(as) e docentes: Alexandre D'Ávila (IFCH-Unicamp), Lina Nakata (SVC e DGA), José Dari Krein (IE-Unicamp), Susana Durão (IFCH-Unicamp), Dimas Gonçalves (PUCC e CRCA) e Josianne Cerasoli (IFCH-Unicamp). E, por fim, contou com parcerias com a ADunicamp, a Secretaria de Vivência nos Campi (SVC), o Conselho de Vivência Universitário (CVU) e o Centro de Referência em Cooperativismo e Associativismo (CRCA). Agradecemos imensamente a colaboração de todos aqui citados e muitos(as) outros(as) com quem pudemos trabalhar conjuntamente ao longo desses anos.

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O coletivo nos últimos três anos

Em 2019, ano anterior ao início da pandemia, o coletivo dava continuidade às suas atividades educativas realizadas nas dependências da Unicamp (campus Barão Geraldo). No início do ano, nos dias 06, 07 e 08 de fevereiro, realizamos nosso "Final de semana de formação", no qual debatemos a atuação do coletivo a partir da leitura do texto "A prática da extensão como resistência ao eurocentrismo, ao racismo e à mercantilização da universidade", do professor José Jorge de Carvalho (UnB), definimos o calendário para as atividades do ano e planejamos a divulgação do projeto e a recepção dos calouros.

As atividades educativas e culturais desenvolvidas no ano de 2019 foram as aulas de informática, as oficinas de artesanato, as sessões de exibição de curta-metragens (CinEja) e os saraus culturais. Para a organização dessas ações, os educadores se reuniam semanalmente às quintas-feiras, das 13h às 14h, no Instituto de Economia.

As aulas de informática ocorriam às segundas e quartas-feiras na sala de pesquisa da Biblioteca Central Cesar Lattes (BCCL), das 11h às 12h30, e contavam com a participação de, em média, 8 funcionárias (educandas) e 4 estudantes (educadoras). Visando a alfabetização digital e a democratização do acesso à tecnologia e à internet, o conteúdo abordado nas aulas englobava o manuseio da parte de hardware (teclado, mouse, etc.) e de software, sobretudo dos programas do pacote Office, como o Word, o Excel e o PowerPoint. Essas aulas possibilitaram que os(as) alunos(as) desenvolvessem habilidades individuais e coletivas, contribuindo para o seu desenvolvimento profissional e para sua formação pessoal.

Às quintas-feiras, das 10h30 às 12h aconteciam as oficinas de artesanato na praça do Ciclo Básico. Durante as oficinas, ministradas pelas próprias participantes (sete faxineiras terceirizadas, em média, e uma estudante), eram produzidas peças de crochê, bordado e pintura (tapetes, toalhas, panos de prato, jogos de mesa, etc.). Além da troca de conhecimento sobre habilidades manuais e valorização de saberes populares, o artesanato era um importante espaço de comunhão e criação de laços entre as participantes. Os materiais utilizados nas oficinas em 2019 foram financiados pelo IE-Unicamp, Instituto em que o projeto nasceu e que sempre apoiou sua atuação.

Quinzenalmente, no Ciclo Básico II (PB), das 11h às 12h, ocorriam também sessões de curtas-metragens de diferentes gêneros. Após a exibição dos filmes, eram realizadas discussões e comentários a partir da interpretação da obra. O objetivo central era proporcionar um momento de lazer e cultura para os funcionários dentro de seu ambiente de trabalho. Participavam da atividade, em média, quatro funcionários e uma estudante.

Ao menos uma vez ao ano, o coletivo organiza um sarau cultural aberto a toda comunidade da Unicamp. O propósito do sarau é integrar as diferentes partes que compõem o corpo universitário, sobretudo os(as) trabalhadores(as) terceirizados(as). O sarau costuma ser frequentado

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por cerca de 200 pessoas, principalmente por estudantes e terceirizados(as) da limpeza e manutenção. Dentre as atividades do sarau estão rodas de samba, teatros e apresentações musicais.

Como eles ocorrem no intervalo de almoço dos prestadores de serviços terceirizados, nós sempre oferecemos uma refeição. No sarau de 2019, que ocorreu no dia 29/11, oferecemos cachorros-quentes e sorvetes, sorteamos rifas das peças de artesanato produzidas nas oficinas e organizamos uma roda de samba.

Para o financiamento dos gastos das atividades, sobretudo do sarau, o coletivo organizou duas "sorvetadas" ao longo do ano, uma vez que o projeto, neste ano, não foi um dos aprovados pelo edital PEX.

Em 2019, também fomos convidados para a gravação de um vídeo sobre o coletivo para o canal "Extensão e Cultura - Unicamp" (link de acesso:

https://www.youtube.com/watch?v=iBZfCvQkUdY&t=2s). No vídeo, explicamos o propósito do projeto e divulgamos as nossas atividades. Além disso, realizamos dois encontros com a treinadora e facilitadora de Grupos em metodologias colaborativas e Comunicação Não Violenta (CNV), Daniela Rafael, nos quais conversamos sobre a CNV e aprendemos exercícios para praticá-la. Por fim, ainda neste mesmo ano, realizamos encontros com o professor José Dari Krein (IE-Unicamp) para conversar sobre a atuação do coletivo e pensar possibilidades de construção de medidas institucionais em prol do grupo de trabalhadores(as) terceirizados(as) na universidade.

Em 2020, embora nossa intenção tenha sido a de dar continuidade às atividades educativas e culturais do ano anterior, precisamos rever nossa atuação em decorrência das mudanças trazidas pela crise sanitária da Covid-19. Todas as atividades presenciais foram interrompidas, mas mantivemos o contato com prestadores(as) de serviços terceirizados que participavam do projeto por meio de grupos de WhatsApp, através do qual recebemos relatos sobre:

1. Ausência de equipamentos de segurança: apesar da exigência do uso de equipamentos de segurança, como máscaras, algumas pessoas não receberam máscara e precisaram desembolsar recursos próprios para obtê-las;

2. Demissões: muitas funcionárias foram demitidas, sobretudo depois do anúncio de suspensão das atividades da Unicamp por tempo indeterminado. Frequentemente, estas trabalhadoras ocupam o lugar de chefia em seus lares e a demissão significa, muitas vezes, perda da única fonte de renda da família;

3. Saúde mental: o crescimento das incertezas e inseguranças relacionadas às demissões e à conjuntura de crise do coronavírus impactou a saúde mental das funcionárias, que apresentavam níveis de estresse e ansiedade elevados.

A partir do levantamento destes problemas, o coletivo se organizou para elaborar um panfleto informativo sobre cuidados na pandemia e distribuir máscaras de proteção e cestas básicas.

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Entramos em contato com a professora Josianne Francia Cerasoli (IFCH-Unicamp) que, naquele momento, atuava na Diretoria de Direitos Humanos (DeDH), para informar sobre os problemas e buscar apoio para o desenvolvimentos das Campanhas de arrecadação necessárias para a produção dos panfletos e das cestas.

Conseguimos o apoio da DeDH para a impressão dos panfletos sobre cuidados na pandemia, cujo conteúdo aborda: Informações e cuidados sobre a Covid-19; Cuidados com a saúde mental na pandemia; Acesso a cestas básicas; Combate a violência contra a mulher e Conscientização e cuidados com o abuso de álcool e outras drogas. A profa. Josianne também nos apresentou ao funcionário técnico administrativo da Unicamp, Alexandre D'Ávila, que estava organizando campanhas para a arrecadação e distribuição de cestas básicas para pessoas em situações de vulnerabilidade econômica em Campinas. Com a junção de forças com Alexandre, organizamos uma primeira campanha para a arrecadação e distribuição de máscaras de proteção contra a Covid-19. Conseguimos arrecadar R$1.705,00, com os quais conseguimos distribuir os panfletos e 300 máscaras, produzidas pela costureira Rute dos Santos Gonzaga, parceira da Casa de Cultura Tainã. A entrega foi feita no dia 24 de agosto de 2020, na entrada do bandejão (RU), no horário de almoço dos trabalhadores terceirizados.

Com o sucesso desta campanha, o coletivo decide organizar uma segunda campanha de arrecadação solidária voltada aos(às) trabalhadores(as) terceirizados(as), mas desta vez com o objetivo de distribuir, além das máscaras e panfletos, cestas de mantimentos, frutas e verduras frescas e produtos de limpeza e higiene. O funcionamento da campanha contou com uma grande rede de solidariedade e luta. Além de todas as pessoas que realizaram contribuições, também tivemos a colaboração das seguintes instituições: a Associação dos Docentes da Unicamp (ADunicamp), o Projeto Gente Nova (Progen), a Paróquia Santos Apóstolos, a Casa de Cultura Tainã, o Núcleo Cupinzeiro e a Cooperativa de Produção e Comercialização dos Assentamentos de Sumaré (Coopasul).

A divulgação da campanha foi feita em grupos de WhatsApp, redes sociais, lista de email de professores da Unicamp e pelo site desenvolvido especialmente para isso (https://ejaextensao.wixsite.com/campanha-solidaria). Arrecadamos, no total, R$25.461,29 e conseguimos alcançar 293 auxiliares de limpeza terceirizadas, além de outras 90 famílias em situação de vulnerabilidade. Cada pessoa/família recebeu: uma cesta de alimentos não perecíveis, produtos de limpeza e de cuidados pessoais; uma cesta de produtos frescos; duas máscaras de proteção à Covid-19 e um panfleto com informações e cuidados na pandemia. As cestas de produtos frescos e as máscaras foram adquiridas de redes de produtores locais, fortalecendo circuitos curtos de produção e consumo e estimulando a economia solidária.

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Todas as cestas foram montadas na Moradia Estudantil da Unicamp e o processo de montagem contou com a ajuda de muitos estudantes voluntários. Para as entregas, entramos em contato com as encarregadas das auxiliares de limpeza terceirizadas para combinar os dias, horários e locais de retirada das cestas. As entregas foram realizadas entre os dias 21 e 25 de setembro de 2020 em diversos setores da universidade.

Também em 2020, no final de ano, nós entramos em contato com a funcionária Lina Nakata que, naquele momento, estava na coordenadoria da Secretaria de Vivência no Campus (SVC). O contato inicial com Lina decorreu de um desencontro de informações acerca do número de prestadores de serviços terceirizados em um Consu (um dos participantes do coletivo era representante discente). A partir deste desencontro e da disponibilidade de ambas as partes de dialogar, iniciamos uma sequência de encontros (virtuais) com ela para conversar sobre a problemática da terceirização na Unicamp. Essas conversas resultaram na proposta de apresentar ao Conselho de Vivência Universitário (CVU) a visão do coletivo sobre a prática da terceirização na universidade, assim como a ideia de construção de um Grupo de Trabalho (GT) para o desenvolvimento de projetos para a inclusão dos(as) terceirizados(as) na comunidade e no espaço universitário.

O CVU recebe o coletivo pela primeira vez em novembro de 2020 e acolhe as propostas feitas. A partir desse encontro, passamos a participar de todos CVUs e a pensar e a construir coletivamente propostas para a integração das(os) trabalhadoras(es) terceirizadas(os) à comunidade e espaço universitário. Como desdobramento, em março de 2021, o GT-Integração foi criado pela Portaria GR no 20/2021 para elaborar, implementar e coordenar o Projeto Integração dos(as) Trabalhadores(as) das Empresas Prestadoras de Serviço à Comunidade Universitária. Foram realizadas 9 reuniões no período de 30/03/2021 a 13/04/2021 que envolveram, em esforço original, uma multiplicidade de 10 órgãos da Universidade.

O GT-Integração teve a participação dos seguintes integrantes designados pelo Conselho de Vivência da Unicamp: Lina Amaral Nakata (SVC); Ariane Polidoro Dini (Diretoria de Cultura/PROEC); Camila Caroline de Oliveira Ferreira (SAVS/DeDH); Elizabeth Cardoso (IB);

Gabriela Gonçalvez (STU); João Pedro de Paula e Silva (IE-Unicamp e Coletivo Festeja); Prof. Dr.

José Dari Krein (IE-CESIT); Profa. Dra. Josianne Cerasoli (Observatório de Direitos Humanos/DeDH/IFCH); Lara Borin Campoli (IE-Unicamp e Coletivo Festeja); Leandro Costa Cruz (IMECC); Mônica Rovigati (EDUCORP); Rose Clelia Grion Trevisane (CECOM); Thalita Dalbelo (Plano Diretor/DEPI) e Fábio Augusto Cerqueira (Casa do Lago).

Cabe destacar a originalidade deste GT, não apenas por ter sido idealizado e construído por um coletivo formado majoritariamente por estudantes, mas principalmente por sua multidimensionalidade. A adesão dos membros do Conselho de Vivência ao projeto apresentado

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possibilitou a inserção de órgãos institucionais que atuam nas mais diversas frentes dentro da Universidade, permitindo uma ação ampla e capaz de gerar uma mudança de cultura na Universidade Estadual de Campinas. Como resultado, o "Projeto Integração dos(as) Trabalhadores(as) das Empresas Prestadoras de Serviço à Comunidade Universitária" que resultado do GT apresenta e conta uma diversidade de atores (estudantes, funcionários(as) técnico-administrativos, professores(as) e trabalhadores(as) terceirizados(as)) e uma pluralidade de propostas que buscam promover a inclusão, a diversidade e a equidade na vida universitária cotidiana, em conformidade com os princípios da Unicamp.

Este projeto deriva da percepção de que os(as) prestadores(as) de serviços terceirizados(as) encontram dificuldades de construir relações de pertencimento e identidade com a Universidade em decorrência de um conjunto de mecanismos (como os constrangimentos à comunicação com a comunidade, à circulação pelo campus e a falta de acesso às estruturas universitárias) que enfraquecem os vínculos entre os(as) trabalhadores(as) e entre eles(elas) e todo o corpo universitário. Diante desse cenário, o Projeto-Integração desenha estratégias e ações coletivas que visam a promoção de experiências de cuidado e transformação no campus e a superação da marginalização e discriminação dos(as) trabalhadores(as) terceirizados(as) da UNICAMP, a partir dos seguintes objetivos:

1. Realizar diagnóstico acerca das (a) Condições de trabalho gerais e específicas dos trabalhadores terceirizados; (b) Relações de trabalho e bem-estar pessoal no trabalho e (c) Motivações e desempenho individual dos terceirizados no trabalho.

2. Promover a sensibilização e orientação dos(as) terceirizados(as) acerca de (a) O que é a Unicamp; (b) Direitos trabalhistas, (c) Violência sexual, discriminação de gênero e sexualidade e (d) Cuidados com a saúde.

3. Promover a sensibilização e orientação da comunidade universitária orientação para o convívio inclusivo e para o reconhecimento e valorização dos serviços terceirizados;

4. Realizar estudo, mapeamento e reorganização dos espaços, serviços, equipamentos e materiais disponibilizados às(aos) terceirizadas(os) e investigar as motivações e possibilidade de reversão dos mecanismos de constrangimento à circulação e comunicação dos(as) trabalhadores(as) terceirizados(as).

O projeto foi aprovado pelo Gabinete do Reitor em maio de 2021 e passou então a ser coordenado pela Profa. Dra. Susana Durão e sub-coordenado pelos estudantes e membros do coletivo Festeja Lara Borin Campoli e João Pedro de Paula. Ao longo de junho de 2021, foram realizadas reuniões com a PROEC, GR, PRDU e coordenação do IFCH para apresentar o projeto e buscar parcerias. Neste mesmo mês, o trabalho do coletivo e o projeto foram também apresentados no Fórum Permanente: Segurança Pública e Cidadania em Campinas e para a Universidade Federal

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de Pernambuco. Por fim, ainda em junho, foi feito um pedido de financiamento por meio da

"Solicitação de Apoio para Ações de Extensão, Artísticas e Culturais" da PROEC. O pedido foi aprovado em setembro e possibilitou a remuneração de duas bolsistas do coletivo (Ana Cristina e Valentina) para trabalharem no projeto. Em setembro, o projeto foi apresentado também no CEP e CAD. E, em novembro o projeto começa oficialmente, com o início da coleta e sistematização de dados quantitativos acerca do trabalho e trabalhadores terceirizados da Unicamp.

Também em 2021, no início do ano, o Festeja organizou formações e rodas de conversa (de forma virtual) para receber novas pessoas interessadas em participar do coletivo. Essas formações foram feitas em quatro momentos, nos quais conversamos sobre: Extensão Universitária, Educação Popular, Terceirização e Economia Solidária. Ao longo do ano, também realizamos encontros em formato de Grupo de Estudo para dialogar e debater sobre o tema dos Movimentos Sociais no Brasil e no mundo. Alguns dos textos debatidos foram: A crítica da governação neoliberal: O Fórum Social Mundial como política e legalidade cosmopolita subalterna (Boaventura de Sousa Santos, 2015); Retrospectiva sobre a educação popular e os movimentos sociais no Brasil (Maria da Gloria Gohn, 2017); Os coletivos em cena: algumas contribuições para o debate (Marcelo de Souza Marques e Vanessa Marx, 2020) e Dos movimentos sociais às organizações da sociedade civil:

Repensando o associativismo no contexto neoliberal (Lima et al., 2019).

Neste ano, o coletivo também começou a estudar e a trabalhar com a Economia Solidária.

Consideramos que projetos no campo da Economia Solidária apresentam grande potencial de impacto na vida de pessoas em situações de vulnerabilidade socioeconômica por meio da inclusão social pelo trabalho digno e da geração de renda. Entendemos, ainda, que o atual cenário de crise econômica, agravado no contexto de pandemia, requer saídas criativas capazes de contornar o desemprego, a precarização e o acirramento das desigualdades.

Diante dessa compreensão, os membros do coletivo Festeja realizaram a formação "Gestão de Projetos Sociais e Empreendimentos Econômicos Solidários", com o prof. Dimas Gonçalves (PUCC e CRCA) entre os meses de fevereiro e maio. Neste período, estudamos a possibilidade de iniciar a incubação de uma cooperativa de costureiras e uma cooperativa de prestação de serviços de limpeza. Essas ideias nascem a partir de relatos de ex-trabalhadoras terceirizadas do setor de limpeza da Unicamp que encontram dificuldades de se reinserir no mercado de trabalho após a demissão.1

Após algumas conversas via WhatsApp com mulheres interessadas, optamos por priorizar a incubação da cooperativa de limpeza. Para alcançar o objetivo central de formar um grupo de

1O quadro de trabalhadoras terceirizadas da Unicamp, durante a pandemia, foi consideravelmente reduzido. Se, em 2017, o setor de limpeza predial era formado por 506 trabalhadoras, em 2020, esse número caiu para 359. No mais, ao final de 2020, o contrato com a empresa Alternativa foi rescindido e, em seu lugar, contratou-se a empresa Guima. A troca de empresa provavelmente resultou em um alargamento do grupo de pessoas demitidas, reforçando a necessidade de saídas alternativas para a inclusão social e produtiva dessas pessoas.

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pessoas interessadas em participar da cooperativa, buscamos construir, ao longo das reuniões virtuais, a confiança e coesão interna do grupo. Os dois primeiros contatos que fizemos foram com ex-trabalhadoras terceirizadas da Unicamp que participaram, entre os anos de 2017 e 2018, das oficinas de artesanato organizadas pelo Coletivo Festeja. Consideramos que o contato prévio com estas trabalhadoras foi importante para que elas confiassem no coletivo e acreditassem no potencial da proposta da cooperativa. Os demais contatos foram realizados por meio de um grupo de WhatsApp que uma delas nos colocou. Este grupo reunia 12 mulheres que se conheceram prestando o serviço terceirizado de limpeza à Unicamp e que se encontravam desempregadas. Nele, elas mantinham o contato umas com as outras, conversavam sobre suas dificuldades (sobretudo no mercado de trabalho) e compartilhavam oportunidades de emprego.

Neste grupo, nós fizemos uma breve apresentação da proposta da cooperativa e convidamos todas as interessadas para participarem de reuniões virtuais com o objetivo de apresentar e dialogar sobre a proposta de um empreendimento solidário de prestação de serviços de limpeza domiciliar e comercial. Todas as pessoas que iam às reuniões eram incentivadas a convidarem outras colegas para participarem dos próximos encontros. Uma vez que as pessoas demonstrassem interesse na cooperativa, nós as adicionávamos em um outro grupo de WhatsApp, organizado pelo coletivo com o objetivo de comunicar questões exclusivamente da cooperativa.

Optamos por manter os convites para as reuniões virtuais apenas nas redes de contato destas mulheres, buscando, assim, formar um grupo cujos integrantes já apresentassem vínculos de amizade e/ou familiares. Considerando que as reuniões foram todas feitas à distância e de forma virtual, acreditamos que, caso tivéssemos feito uma divulgação mais ampla e aberta ao público, teríamos conseguido um contingente maior de pessoas interessadas – uma vez que a informação, no ambiente virtual, se propaga de maneira rápida e o número de pessoas a procura de emprego remunerado é alto –, porém sem laços de confiança, situação que demandaria do processo de incubação mais tempo e cuidado a fim de construir as relações de parceria e compromisso que um empreendimento solidário requer.

Para fortalecer as relações de parceria e os sentimentos de solidariedade, coletividade e compromisso entre o grupo, as reuniões virtuais buscavam propiciar que as pessoas se conhecessem com maior profundidade e se reconhecessem umas nas outras. Para isso, os encontros sempre se iniciavam com momentos lúdicos por meio de perguntas "quebra-gelo" (por exemplo: filmes, músicas e hobbies favoritos). Essas perguntas eram combinadas com outras sobre a realidade socioeconômica das cooperadas (natalidade, escolaridade, estado civil, etc.) que nos auxiliaram a realizar o diagnóstico situacional do grupo, isso é, reconhecer seus principais problemas e necessidades sociais (necessidade de saúde, educação, saneamento, segurança, transporte e habitação). Por meio dessa metodologia, concluímos que o grupo é composto, em sua maioria, por

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mulheres não naturais de Campinas, nascidas no interior de São Paulo e habitantes das regiões periféricas da Região Metropolitana de Campinas. Todas as trabalhadoras são mães (algumas são também avós) e praticamente todas são ou já foram casadas. Cerca de metade delas tem o Ensino Fundamental incompleto e a outra metade finalizou o Ensino Médio. Nenhuma delas se encontrava em um emprego formal, estando ou completamente desocupadas ou realizando trabalhos esporádicos e informais (principalmente de prestação de serviços de limpeza doméstica). A partir desse diagnóstico, buscamos apoio para arrecadar e entregar cestas básicas de alimentos às cooperadas (sete pessoas). Essa busca foi bem sucedida e, em parceria com o Coletivo Viramundo e Unicamp Solidária, foram entregues cestas de alimentos ao grupo de cooperadas, no dia 05 de setembro e no dia 27 de novembro de 2021.

Também conseguimos o apoio da ADunicamp para o financiamento dos cursos de Economia Solidária oferecidos às cooperadas, das camisetas, dos planos de internet, para a assessoria jurídica e para a divulgação dos serviços prestados. Essa parceria está sendo fundamental para a implementação e o sucesso do projeto de incubação.

Atualmente, a cooperativa, nomeada pelas cooperadas de "Unidas na Limpeza'', opera atendendo domicílios em Campinas. A realização de faxinas iniciou-se em setembro de 2021, e nos meses subsequentes houve sólido crescimento do número de limpezas realizadas e do faturamento obtido pela cooperativa. O trabalho na cooperativa Unidas na Limpeza foi fundamental para garantir uma fonte de renda às cooperadas. No total, seis cooperadas prestaram serviços pela Unidas na Limpeza em 2021. Nos documentos em anexo a este texto, é possível encontrar um resumo do faturamento geral da cooperativa até o dia 12 de dezembro de 2021.

O coletivo continua realizando reuniões virtuais todas as semanas com as cooperadas para auxiliar o grupo na construção do empreendimento e na resolução de problemas e conflitos cotidianos. Por meio destas reuniões já foram elaborados: tabela de preços, textos de divulgação, guia da boa faxina e carta de princípios da cooperativa. No próximo ano, esperamos expandir a cooperativa com a incorporação de novas pessoas interessadas e ampliação da divulgação e demanda dos serviços.

Link para a documentação comprobatória das ações:

https://drive.google.com/drive/folders/1XvwJEIuxOz_Woh0Ed3UhFoHpRdQmpLER?usp=sharing

Referências

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