DIREITO DAS
OBRIGAÇÕES
OBJETIVO
Conhecer a classificação das
Obrigações previstas no Código
Civil.
Classificação das obrigações
Como bem destaca o prof Elpídio Donizete, ao classificar as obrigações é possível visualizar melhor a relação obrigacional, identificar a natureza das obrigações e verificar a presença dos elementos essenciais e acidentais
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
Como sabemos, o objeto de uma relação obrigacional é uma prestação que o sujeito passivo deve realizar em proveito do sujeito ativo.
Assim, analisando-se o objeto da relação obrigacional as obrigações podem ser classificadas como obrigações de dar, fazer, não fazer, e em divisíveis e indivisíveis
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar
São classificadas como obrigação de dar aquelas em que o devedor (SP) deve entregar ou restituir um bem material ao credor (SA)
A obrigação de dar se reveste de grande importância no direito brasileiro.
Por quê?
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar
É por meio da obrigação de dar que se realiza a tradição do bem (coisa).
No direito brasileiro os contratos não transferem a propriedade, que será transferida pela tradição*, que é a entrega do bem (bens móveis)
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar
Mesmo no caso dos bens imóveis, onde se exige o registro no cartório de Registro de imóveis, a tradição é meio de transferência da posse do imóvel, que normalmente será a primeira etapa para transferir a propriedade do bem.
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar
Segundo MHD, as chamadas obrigações de dar (de prestação de coisa) incluem prestações de índole diversa.
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar
A obrigação de dar (prestação de coisa) é aquela que tem por objeto mediato uma coisa, que pode ser certa (arts. 233-242) ou incerta (arts. 243-246).
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar
São consideradas prestação de coisa as obrigações do vendedor e do comprador; do locador e do locatário; do doador e depositário (art. 627); do mutuário (art. 586);
do comodatário, etc.
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar
A obrigação será específica caso tenha por objeto coisa certa e determinada.
Ex.: venda de automóvel.
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar
Por outro lado será genérica caso seu objeto seja indeterminado.
Ex.: venda de 100 sacas de café
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar
A obrigação de dar coisa certa pode ser subdividida em:
a) obrigação de entregar;
b) obrigação de restituir
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar
A obrigação será de entregar quando o devedor se compromete a entregar algo ao credor.
Por outro lado, será de restituir quando o devedor deve devolver, restituir ao credor a coisa que dele recebera para sua utilização.
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar
São consideradas prestação de coisa as obrigações do vendedor e do comprador; do locador e do locatário; do doador e depositário (art. 627); do mutuário (art. 586);
do comodatário, etc.
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar
A obrigação de dar (prestação de coisa) é aquela que tem por objeto mediato uma coisa, que pode ser certa (arts. 233-242) ou incerta (arts. 243-246).
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa
Na obrigação de dar coisa certa, seja obrigação de entregar, seja obrigação de restituir, o credor não será obrigado a aceitar coisa diversa (diferente) daquela que lhe é devida.
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa
Nem o devedor poderá ser obrigado a entregar algo diferente daquilo que se ajustou.
Classificação das obrigações
Art. 313:
O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
Classificação das obrigações
Art. 356:
O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa
E se a coisa a ser entregue possuir acessórios? Eles deverão ser entregues ao credor?
Classificação das obrigações
Art. 233:
A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa
Aqui o Código segue a regra geral de que os acessórios seguem o bem principal.
Principio da gravitação
Ex.: Venda da fazenda (árvores, frutos pendentes, etc)
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa
E se a coisa a ser entregue se deteriorar ou se perder, como se resolverá a situação?
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa
Como se trata de obrigação de dar coisa certa, específica, deve-se ter em conta que até a tradição (entrega do bem ao credor) a coisa pertence ao devedor.
Classificação das obrigações
Art. 237:
Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço;
se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa
O princípio básico, que norteia as soluções que serão apresentadas, vem do direito romano:
res perit domino: a coisa perece para o dono.
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa - Perda ou deterioração da coisa antes da tradição:
Uma vez que antes da tradição, o outro contratante ( credor) não é dono, este nada perderá com desaparecimento da coisa.
Classificação das obrigações
Art. 234:
Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
Classificação das obrigações
O devedor, obrigado a entregar coisa certa, deve conservá-la com zelo e diligência.
Porém, se apesar de sua diligência, ela se perde, sem culpa sua antes da tradição (um raio), ou pendente a condição suspensiva, extingue-se a obrigação para ambas as partes, que voltam à primitiva situação (statu quo ante).
Classificação das obrigações
Porém, se a coisa perecer com culpa do devedor a solução é outra!
A culpa acarreta a responsabilidade pelo pagamento de perdas e danos.
Neste caso, o credor tem direito a receber o seu equivalente em dinheiro, mais as perdas e danos comprovadas.
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa
Esta é a regra para o caso de perda da coisa. Em caso de deterioração (perda de qualidade) antes da tradição, deve-se verificar a presença ou não de culpa por parte do devedor
Classificação das obrigações
Art. 235:
Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa
Porém, se a coisa se perder por culpa do devedor, o credor terá assegurado o mesmo direito apresentado no caso onde não há culpa, acrescentado o direito a indenização por perdas e danos.
Classificação das obrigações
Art. 236:
Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa
E se a obrigação for de restituir?
Permanecem as mesmas regras?
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa - restituir Neste caso deve-se ter em mente que a coisa pertence ao credor, e não ao devedor.
Este tipo de obrigação não visa a transferência de propriedade, mas sim proporcionar o uso, a fruição ou posse direta de coisa que após este uso será devolvida
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa - restituir Assim, o devedor deverá restituir algo que era do credor.
Se a coisa se perder antes da tradição, o credor assumirá o ônus pela perda (res perit domino).
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa - restituir É o exemplo do que acontece com o locatário ou comodatário. Findo o contrato de aluguel/comodato, este deverá devolver a coisa ao credor, que é quem detém o direito de propriedade sobre a coisa.
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa - restituir E se a coisa a ser restituída se perder?
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Art. 238:
Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda
Classificação das obrigações
Art. 239:
Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa - restituir E se a coisa, a invés de se perder, ficar apenas deteriorada?
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Art. 240:
Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa - restituir E se a coisa, a invés de se perder ou se deteriorar, receber melhoramentos ou se valorizar?
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa - restituir Ocorrendo valorização da coisa (frutos, benfeitorias, etc), sem que haja atuação direta do devedor, o credor lucrará com esta situação, uma vez que a coisa lhe pertence
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Art. 241:
Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
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Obrigações quanto ao seu objeto
a) Obrigação de dar coisa certa - restituir Porém, se a valorização da coisa ocorrer em razão de dispêndio ou do trabalho do devedor, o credor deverá indenizar o devedor
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Art. 242:
Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Art. 1.219:
O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
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Obrigações quanto ao seu objeto
b) Obrigação de dar coisa incerta
De acordo com o art. 243 do CC, a coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
b) Obrigação de dar coisa incerta
A expressão coisa incerta indica que a obrigação tem objeto indeterminado, logo após o estabelecimento do negócio jurídico.
Porém, a obrigação será válida se o objeto for indicado ao menos pelo gênero e quantidade.
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Obrigações quanto ao seu objeto
b) Obrigação de dar coisa incerta Uma questão que se coloca:
O que é o chamado princípio da qualidade media no direito das obrigações?
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Obrigações quanto ao seu objeto
b) Obrigação de dar coisa incerta
No tocante às obrigações de dar coisa incerta as questões que se discutem são:
a) quanto a sua qualidade;
b) A quem caberá a escolha
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Obrigações quanto ao seu objeto
b) Obrigação de dar coisa incerta
A determinação da coisa se dá pela escolha do devedor, que não poderá escolher a coisa da pior qualidade, mas também não será obrigado a entregar a de melhor qualidade.
Quando cientificado o credor, acaba-se a incerteza.
n Obrigação de dar coisa incerta
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor
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n Obrigação de dar coisa incerta
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente
Classificação das obrigações
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Obrigações quanto ao seu objeto
b) Obrigação de dar coisa incerta
Por isto a doutrina diz que a obrigação de dar coisa incerta é mutante: nasce como obrigação de dar coisa incerta, mas se extingue como obrigação de dar coisa certa.
A esta transformação se dá o nome de escolha (individualização) ou concentração.
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Obrigações quanto ao seu objeto
b) Obrigação de dar coisa incerta
E se a coisa incerta se perder antes da escolha ou concentração?
n Obrigação de dar coisa incerta
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.