• Nenhum resultado encontrado

O Papel do Psicólogo na Equipe de Cuidados Paliativos

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "O Papel do Psicólogo na Equipe de Cuidados Paliativos"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

O Papel do Psicólogo na Equipe de Cuidados Paliativos

BOLOGNINI, Thaís [1]

BOLOGNINI, Thaís. O Papel do Psicólogo na Equipe de Cuidados Paliativos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 04. Ano 02, Vol. 01. pp 631-640, Julho de 2017.

ISSN:2448-0959

RESUMO

O Cuidado Paliativo surge como uma filosofia humanitária com o objetivo de cuidar de pacientes em estado terminal, aliviando sua dor e sofrimento. Esses cuidados preveem a ação de uma equipe interdisciplinar, na qual cada profissional, reconhecendo o limite da sua atuação, contribui para que o paciente em estado terminal tenha dignidade na sua morte. Aspira-se neste artigo analisar a questão dos cuidados paliativos, a importância de uma equipe interdisciplinar e o papel do profissional da psicologia nesse contexto. Para tal, pretende-se utilizar o método qualitativo utilizando como procedimento a pesquisa bibliográfica. A análise dos artigos apontou para uma carência de disciplinas na academia que tratem da temática da morte e dos cuidados paliativos nos currículos profissionais, e verificou barreiras que se colocam a esse novo olhar para o paciente terminal. Esta pesquisa visa ampliar a discussão dos cuidados paliativos e demonstrar a importância e o papel do profissional da psicologia nesse contexto.

Palavras-chaves: Papel do Psicólogo, Cuidados Paliativos, Atuação Interdisciplinar.

INTRODUÇÃO

Os cuidados paliativos constituem uma modalidade emergente da assistência no fim da vida, construídos dentro de um modelo de cuidados totais, ativos e integrais oferecidos ao paciente com doença avançada e terminal e à sua família, legitimados pelo direito do paciente de morrer com dignidade (SAUNDERS, 1990; SILVA; HORTALE, 2006).

Percebe-se que, com o avanço da medicina, a luta contra doenças potencialmente fatais e o próprio processo de morte tem-se estendido cada vez mais prolongando a vida de pacientes que já não apresentam

(2)

possibilidade de cura. Essa nova realidade, bem como o envelhecimento populacional que ocasiona o aumento das doenças crônicas, tem demandado uma busca de novas práticas pelos profissionais da área de saúde no intuito de melhorar a administração do período final de vida do doente, sendo o psicólogo um agente ativo em tal contexto. Esse novo modelo de atenção e cuidado com a vida e o individuo é conhecido como Cuidados Paliativos (FERRAI et al., 2008; MACHADO, 2009; MENDES; LUSTOSA;

ANDRADE, 2009).

Portanto, a discussão em torno dos modelos de cuidados no fim da vida justifica-se, por envolver um grande número de pessoas, seja diretamente com cuidados administrados, seja indiretamente pela relevância de vínculos presentes. Trata-se de um período de importantes privações físicas e de comprometimento de outras esferas vitais, como a emocional e a social (SINGER; BOWMAN, 2003).

Esses aspectos, além da formação de recursos humanos para uma assistência compatível com bons cuidados no fim da vida, constituem um desafio para os sistemas de saúde, tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento (REGO; PALÁCIOS, 2006; REGO et. al., 2006).

Desse modo, os profissionais de saúde devem estar capacitados para identificar as necessidades do paciente, suas prioridades e se ele conta com recursos disponíveis para lidar com a situação, dando também suporte à família e mantendo uma boa comunicação. Devem estar pautados na atenção e no respeito aos princípios bioéticos e na adequada e racional utilização dos recursos para definição dos cuidados prestados (GUIMARÃES, 2010; PEREIRA; REIS, 2007).

Considerando que a medicina paliativa se baseia numa perspectiva holística, que busca de forma integrada identificar e minimizar problemas de ordem física, psicológica, social e espiritual, é essencial a atuação conjunta de uma equipe multidisciplinar composta por médicos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, conselheiros espirituais, entre outros profissionais que prestam assistência ao paciente e a seus familiares com o objetivo de minimizar-lhes o sofrimento (COSTA FILHO et al., 2008; KRUSE et al., 2007; MARTA et al., 2010).

Assim, a presente investigação pretendeu conhecer o papel do psicólogo no contexto dos princípios que regem a filosofia dos Cuidados Paliativos, posto que não há muitas referências que especifiquem suas atribuições em um programa de cuidados paliativos, Uma das possíveis razões para isso pode ser o fato de que na Inglaterra, onde nasceu a filosofia dos cuidados paliativos, o psicólogo não se encontra inserido na equipe multidisciplinar (BERTAN; CASTRO, 2009).

Desse modo, espera-se que o estudo sobre o tema ofereça alguns elementos que contribuam para o aprimoramento das práticas do profissional de psicologia como membro integrante da equipe multiprofissional que dá o suporte necessário para se estabelecer a qualidade de vida de pacientes que

(3)

exigem cuidados paliativos, mantendo o equilíbrio nas suas relações com os outros profissionais e encontrando vias de comunicação que permitam a troca e o conhecimento a partir de diferentes saberes.

A BUSCA DE UMA “BOA MORTE”

O foco aqui está direcionado à possibilidade de se ofertar ao paciente o que tem sido chamado na literatura de uma “boa morte”, tendo suas decisões autônomas como fundamento, partindo-se da premissa de que o paciente está devidamente esclarecido e plenamente consciente de seu estado clínico, de seu prognóstico e das opções terapêuticas possíveis, ou seu legítimo procurador ou intérprete ciente da vontade do paciente afetado (EMANUEL; EMANUEL, 1998).

O conceito de “boa morte”, no contexto dos cuidados no fim da vida, tem sido utilizado quando estão presentes determinadas características, tais como: morte sem dor; morte ocorrendo com os desejos do paciente sendo respeitados (verbalizados ou registrados nas diretivas antecipadas); morte em casa, cercado pelos familiares e amigos; ausência de evitável infortúnio e sofrimento para o paciente, sua família e o cuidador; morte em um contexto em que as “pendências” do paciente estejam resolvidas e ocorrendo com uma boa relação do paciente e sua família com os profissionais de saúde (EMANUEL;

EMANUEL, 1998; CLARK, 2002).

Entretanto, há de se considerar as condições nas quais uma pessoa enfrenta sua morte, evitando-se com isso falsas expectativas sobre a evolução do processo, devendo ser considerados os aspectos culturais específicos em que a pessoa está inserida, especialmente se tratando de sociedades que se pretendem pluralistas (COMITÊ CONSULTIVO NACIONAL DE ÉTICA PARA A SAÚDE E CIÊNCIAS DA VIDA DA FRANÇA, 2002; WALTER, 2003).

Outro aspecto a ser considerado se refere à busca de uma “boa morte”, o que visa preservar as solicitações do paciente, caso isso seja possível e, para tanto, tomar as decisões clínicas difíceis e inesperadas, como, por exemplo, aquela sobre a necessidade do uso de alta tecnologia em um paciente com doença dita “terminal”. Essa situação pode ser especialmente difícil quando a equipe que assiste o paciente pauta-se por uma leitura excessivamente restrita aos fundamentos teóricos que podem alicerçar as ações em cuidados paliativos, sentindo-se “ameaçada” quando se defronta com tais casos. Tal viés pode levar os membros da equipe de cuidados paliativos a se sentirem aqueles que detêm um “saber”

único possível para oferecer uma “boa morte” (PELEGRINO,1998).

Deve-se ter em mente que a busca da “boa morte” exige, muitas vezes, desprendimento das convicções do agente, indo ao encontro das necessidades do paciente, que terão portanto prioridade lexical, ou seja, absoluta sobre as primeiras. É evidente que questões como essa devem ser contextualizadas, porém em nosso entendimento alta tecnologia e cuidados paliativos não deveriam ser vistos como práticas

(4)

necessariamente antinômicas, o que tem sido corroborado por alguns relatos clínicos (SAUNDERS;

ROSS; RILEY, 2003).

Para que possamos entender como surgiram os cuidados paliativos, devemos lembrar, ainda que brevemente, que a medicina ocidental contemporânea incorporou um modo peculiar de lidar com a morte e com o processo de morrer, no qual a hospitalização do paciente moribundo – com frequência gera um isolamento do contexto familiar/comunitário - e o desenvolvimento tecnológico biomédico estabeleceram o que tem sido chamado de “triunfo da medicalização” (ARIÉS, 1977).

CUIDADOS PALIATIVOS

Conforme Hermes e Lamarca (2013),

O termo “cuidados paliativos” é utilizado para designar a ação de uma equipe multiprofissional a pacientes fora de possibilidades terapêuticas de cura. A palavra “paliativa” é originada do latim pallium que significa manto, proteção, ou seja, proteger aqueles que a medicina curativa já não mais acolhe.

Segundo o Manual dos Cuidados Paliativos (2009), a origem do termo se confunde historicamente com o de hospices – abrigos que tinham a função de cuidar dos viajantes e peregrinos doentes. Essas instituições eram mantidas por religiosos cristãos dentro de uma perspectiva caridosa.

O movimento hospice contemporâneo foi introduzido pela inglesa Cicely Saunders em 1967, com a fundação do Saint Christopher’s Hospice no Reino Unido. Essa instituição prestava assistência integral ao paciente, desde o controle dos sintomas até alívio da dor e do sofrimento psicológico. A partir de então, surge uma nova filosofia no cuidado dos pacientes terminais (HERMES; LAMARCA, 2013).

Os Cuidados Paliativos foram definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1990, e redefinidos em 2002 como uma abordagem que aprimora a qualidade de vida dos pacientes e famílias que enfrentam problemas associados a doenças com a prevenção e o alívio do sofrimento por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor, além de outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 2009).

Os princípios dos Cuidados Paliativos incluem: reafirmar a importância da vida, considerando a morte como um processo natural; estabelecer um cuidado que não acelere a chegada da morte nem a prolongue com medidas desproporcionais (obstinação terapêutica); propiciar alívio da dor e de outros sintomas penosos; integrar os aspectos psicológicos e espirituais na estratégia do cuidado; oferecer um sistema de apoio à família para que ela possa enfrentar a doença do paciente e sobreviver ao período de luto (RODRIGUES, 2004).

(5)

Devem reunir as habilidades de uma equipe interdisciplinar para ajudar o paciente a adaptar-se às mudanças de vida impostas pela doença, pela dor, e promover a reflexão necessária para o enfrentamento dessa condição de ameaça à vida para pacientes e familiares (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 2009).

O processo de viver se prolongou de uma forma exponencial nas últimas décadas devido às inovações tecnológicas que impactaram no aumento da sobrevida. Esse dado nos faz perceber que a morte, na maioria das vezes, já não é um episódio e sim um processo, às vezes até prolongado, demorando anos e até mesmo décadas, dependendo da enfermidade (SODRÉ, 2002).

Estudos do IBGE (2003) mostram que, entre 1901 e 2000, a população brasileira passou de 17,4 para 169,6 milhões de pessoas, e a expectativa de vida de um homem brasileiro subiu dos 33,4 em 1910 para os 64,8 anos em 2000. Entretanto, junto com o prolongamento da vida, os profissionais de saúde começaram a perceber que, mesmo não havendo cura, há uma possibilidade de atendimento, com ênfase na qualidade de vida e cuidados aos pacientes por meio de assistência interdisciplinar e da abordagem aos familiares que compartilham esse processo e o momento final da vida – os cuidados paliativos.

Desse modo, segundo pesquisas realizadas, os cuidados paliativos, como uma disciplina que inclui assistência, ensino e pesquisa, começaram a ser organizados há cerca de quarenta anos, tendo em seu arcabouço teórico - conhecido como filosofia do moderno movimento hospice, como já foi mencionado - o cuidado a um ser humano que está morrendo e de sua família, com compaixão e empatia (DUNLOP, 1998; TWYCROSS, 1998).

Fundamentam-se na busca incessante de alívio aos principais sintomas estressores do paciente; em intervenções centradas no paciente e não em sua doença, o que significa a participação autônoma do paciente nas decisões que dizem respeito a intervenções sobre sua doença; em cuidados que visam dar uma vida restante com mais qualidade e um processo de morrer sem sofrimentos em princípio evitáveis, sofrimentos estes frequentemente agregados a práticas médicas tradicionais; na organização de uma equipe interdisciplinar que se propõe a amparar o paciente e seu cuidador/sua família 24 horas por dia, sete dias por semana, com extensão do acompanhamento à fase de luto; na oferta desse modelo de ações o mais precocemente possível, de preferência durante a fase de tratamento propriamente curativo (WHO, 2002).

A busca da qualidade de vida do paciente tem sido reiterada como uma das pedras angulares dos cuidados paliativos, havendo um número significativo e crescente de pesquisas sobre o que seria qualidade de vida em cuidados no fim da vida, e sobre quais seriam seus possíveis indicadores, especialmente para o paciente e seu cuidador (FIELD; MCGAUGHEY, 1998; STEINHAUSER et.al, 2000).

(6)

Essa é uma questão crucial, pois estudos mostram o quanto as preferências dos pacientes com doença terminal, em relação ao tratamento, são pouco consideradas pelos médicos, e o quanto há problemas de comunicação deles com seus pacientes, bem como o quanto há pouca atenção e pouco cuidado oferecido pelos médicos a seus pacientes e familiares durante esse período (PELEGRINO, 1995).

A ATUAÇÃO INTERDISCIPLINAR NOS CUIDADOS PALIATIVOS

Os cuidados paliativos pressupõem a ação de uma equipe interdisciplinar, uma vez que a proposta consiste em cuidar do indivíduo em todos os aspectos: físico, mental, espiritual e social. O paciente em estado terminal deve ser assistido integralmente, e isso requer complementação de saberes, partilha de responsabilidades, em que demandas diferenciadas se resolvem em conjunto (HERMES; LAMARCA, 2013).

Segundo Juver e Riba (2009),

A compreensão multideterminada do adoecimento proporciona à equipe uma atuação ampla e diversificada que se dá através da observação, análise, orientação, visando identificar os aspectos positivos e negativos, relevantes para a evolução de cada caso.

Além disso, os saberes são inacabados, limitados, sempre precisando ser complementados. O paciente não é só biológico ou social, ele é também espiritual, psicológico, devendo ser cuidado em todas as esferas; quando uma funciona mal, todas as outras são afetadas. É de fundamental importância para o paciente fora de possibilidades terapêuticas de cura que a equipe esteja bastante familiarizada com o seu problema, podendo assim ajudá-lo e contribuir para sua melhora (HERMES; LAMARCA, 2013).

O PAPEL DO PSICÓLOGO NOS CUIDADOS PALIATIVOS

Diante da terminalidade humana, o psicólogo busca a qualidade de vida do paciente, amenizando-lhe o sofrimento, ansiedade e depressão diante da morte. A atuação do psicólogo é importante tanto no nível de prevenção quanto nas diversas etapas do tratamento (HERMES; LAMARCA, 2013).

Segundo os autores, o psicólogo pode ajudar os familiares e os pacientes a quebrarem o silêncio e falarem sobre a doença, fornecendo-lhes as informações necessárias ao tratamento, o que muitas vezes é negado pela própria família, pois considera melhor manter o paciente sem a informação. Esse posicionamento da família é denominado em cuidados paliativos como a “conspiração do silêncio”.

Desse modo, o psicólogo contribui para que os doentes e familiares falem sobre o problema, favorecendo a elaboração de um processo de trabalho que ajudará o paciente a enfrentar a doença, construindo

(7)

experiências de adoecimento, processo de morte e luto (NUNES, 2009).

O trabalho do psicólogo em cuidados paliativos consiste em atuar nas desordens psíquicas que geram estresse, depressão, sofrimento, fornecendo um suporte emocional à família, que lhe permita conhecer e compreender o processo da doença nas suas diferentes fases, além de buscar a todo tempo maneiras de o paciente ter sua autonomia respeitada (HERMES; LAMARCA, 2013).

Ferreira et al. (2011) aponta que o psicólogo deve ter a percepção do fundamento religioso que envolve o paciente como alternativa para reforçar o suporte emocional, proporcionando-lhe entender o sentido da sua vida, do seu sofrimento e do seu adoecimento, o que é considerado por alguns autores como a psicologia da religião.

Cabe ressaltar que a escuta e o acolhimento são instrumentos indispensáveis ao trabalho do psicólogo para conhecer a real demanda do paciente, além de ter que possuir uma boa comunicação interpessoal seja em linguagem verbal ou não, firmando assim uma relação de confiança com o paciente (HERMES;

LAMARCA, 2013).

É válido mencionar que os temas mais comentados nos artigos referentes à psicologia foram: a apresentação da morte no tempo e no espaço, a importância da equipe multiprofissional no trabalho em cuidados paliativos, bioética, ansiedade, depressão, eutanásia, mistanásia, ortotanásia e distanásia.

Pensando nas temáticas mencionadas, percebe-se que é necessária uma proposta de mudança curricular que atenda à carência dos alunos em relação à tanatologia (estudo da morte), propiciando a eles uma atuação profissional mais completa, tornando-os mais eficientes no cumprimento de um dos principais objetivos do atendimento psicológico aos pacientes terminais, que é transmitir a eles que o momento crítico da doença pode ser compartilhado, estimulando e buscando recursos internos para atenuar sentimentos de derrota e solidão, favorecendo a ressignificação da experiência de adoecer (FERREIRA et al.,2011).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No processo de revisão da literatura para a elaboração deste artigo, constatou-se que a categoria que mais publica artigos relacionados à temática é a enfermagem, devido à própria essência da formação profissional, baseada na arte do cuidar.

Percebe-se que a morte é um tabu a ser desconstruído por todas as categorias profissionais. Alguns artigos chegam a se referir à morte como um fracasso para o profissional, ao invés de um episódio que faz parte da vida. A dificuldade em lidar com a morte é mencionada nos textos, o que faz com que muitos

(8)

profissionais encontrem alternativas para não se deparar com a situação: mascaram a morte, fogem dos pacientes terminais, não falam com eles sobre o assunto, não criam vínculos e dispensam um tratamento pouco individualizado.

Convém ressaltar que há uma grande carência de disciplinas que tratam dos cuidados paliativos e do tema morte na academia, o que dificuldade aos profissionais o manejo de forma eficaz de situações que envolvam cuidados paliativos e morte. Assim, é necessária a reformulação dos currículos para que se permita ao profissional realizar ações mais eficazes, quando acionados a tratar de pacientes que estão à morte. Vale ressaltar que a academia não vai preparar o profissional para a atuação no campo, mas pode contribuir promovendo o debate. Desse modo, o profissional encontrará maior segurança quando se deparar com a temática da morte e no trato com pacientes fora de possibilidades de cura.

Por fim, salienta-se que os Cuidados Paliativos preconizam a humanização da relação equipe de saúde/paciente-família e proporcionam uma resposta razoável para as pessoas portadoras de doenças que ameaçam a continuidade da vida, desde o diagnóstico da doença até os momentos finais. A medicina paliativa busca o seu espaço para que não somente o paciente com possibilidades de cura seja atendido, mas os que sofrem com doenças em que a morte é inevitável também, pois a medicina científica não deve ser antagônica à medicina paliativa, mas devem ser complementares.

A morte digna é de grande significado para o doente e também para o profissional da psicologia que é compreensivo e solidário. Assim, muito se tem a caminhar quando se trata de cuidados paliativos. Além disso, os profissionais de saúde em geral precisam conhecer e explorar essa temática que é tão rica, porém pouco discutida.

REFERÊNCIAS

ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS. Manual de cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2009.

ARIÈS, P. O homem diante da morte. Volume II. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977.

CLARK, D. Between hope and acceptance: the medicalisation of dying. BMJ. vol.324, p. 905-907, 2002.

COMITÊ CONSULTIVO NACIONAL DE ÉTICA PARA A SAÚDE E CIÊNCIAS DA VIDA DA FRANÇA. Final de vida, terminando a vida, eutanásia. Mundo Saúde. 2002, 26(1):194-203.

DUNLOP, R. Cancer: paliative care. London: Springer Verlag, 1998.

(9)

EMANUEL, E. J.; EMANUEL, L. L. The promise of a good death. The Lancet 1998; 351(Suppl II):21-29.

FERRAI, C. M. M. et al. (2008). Uma leitura bioética sobre cuidados paliativos: caracterização da produção científica sobre o tema. BIOeTHIKOS - Centro Universitário São Camilo; 2(1), 99-104.

FERREIRA, A. P. Q.; LOPES, L. Q. F.; MELO, M. C. B. O papel do psicólogo na equipe de cuidados paliativos junto ao paciente com câncer. Rev. SBPH 2011; 14(2):85-98.

HERMES, Hélida R.; LAMARCA, Isabel C. A. Cuidados paliativos: uma abordagem a partir das categorias profissionais de saúde. Ciênc. & saúde coletiva. vol.18, n.9, p.2577-2588, set. 2013.

IBGE. Estatísticas do Século XX. 2003. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/29092003estatisticasecxxhtml.shtm>. Acesso em:

ago. 2016

JUVER, J.; RIBA, J. P. Equipe multidisciplinar em cuidados paliativos. Ver. Prática Hospitalar 2009;

62(11): 135-137.

MENDES, J. A.; LUSTOSA, M. A.; ANDRADE, M. C. M. (2009). Paciente terminal, família e equipe de saúde. Rev. Soc. Bras. de Psicologia Hospitalar, 12 (1), 151-173, Jun.

NUNES, L. O papel do psicólogo na equipe de cuidados paliativos. In: Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP). Manual de Cuidados Paliativos. São Paulo: ANCP; 2009. p. 218-220.

PELLEGRINO, E. D. Emerging ethical issues in palliative care. JAMA 1998, 279(19):1521-1522.

RAJAGOPAL, M. R.; MAZZA, D., LIPMAN, A. G. Pain and palliative care in the developing world and marginalized populations: a global challenge. Binghampton: The Haworth Medical Press, 2003.

REGO, S.; PALÁCIOS, M. A finitude humana e a saúde pública. Cad Saude Pública, 2006; 22(8) :1755-1760.

RODRIGUES, I. G. Cuidados paliativos: análise de conceito. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo;

2004.

SAUNDERS, C. Hospice and palliative care: an interdisciplinary approach. London: Edward Arnold;

1990.

(10)

SAUNDERS, Y.; ROSS, R.; RILEY, J. Planning for a good death: responding to unexpected events.

BMJ 2003; 327:204-206.

SILVA, R. C. F.; HORTAL, E. V. A. Cuidados paliativos oncológicos: elementos para o debate de diretrizes nesta área. Cad. Saúde Pública, 2006; 22(10):2055-2066

SINGER, P.A.; BOWMAN, K. W. Quality care at the end of life. BMJ 2003; 324:1291-1292.

SODRÉ, F. Alta Social: a atuação do Serviço social em cuidados paliativos. Serviço Social e Sociedade.

2002; 82:131-147.

STENHAUSER, K. E. et al. Factors Considered important at the end of life by patients, Family, physicians, and other care providers, Jama, vol.284(19), p. 2476-2482, 2000.

The Support principal investigators. The study to understand prognoses and preferences for outcomes and risks of treatments, Jama, vol.274(20), p.1591-1598, 1995.

TWYCROSS, R. Palliative care. In: Encyclopedia of applied ethics. Volume 3. San Diego: Academic Press; 1998. p. 419-433.

WALTER, T. Historical and cultural variants on the good death. BMJ 2003; 327:218-220.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. National cancer control programmes: policies and managerial guidelines. 2nd ed. Geneva: WHO; 2002. Disponível em: <http://www.who.int/cancer>. Acesso em: 4 de dezembro de 2016.

[1] Psicóloga graduada em Psicologia pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) / SC com Formação em Tanatologia (Rede Nacional de Tanatologia).

---

REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO CONHECIMENTO

NC: 9194 - ISSN: 2448-0959

https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/o-papel-do-psicologo

www.nucleodoconhecimento.com.br

Referências

Documentos relacionados

Além da temperatura, a pluviosidade mal distribuída  e o uso intensivo de agroquímicos podem ser

Foi elaborado um guião de entrevista com perguntas abertas (Turner, 2010), de forma a dar sentido e facilitar a condução da mesma, dividido em quatro momentos. Numa primeira

Este espíritu de revolución ideológica aparece, para el caso del colegio carolino, tanto en los planes de estudio de 1771 como en los posteriores programas elaborados a partir

Aliteratura sobre os escritos proféticos de Vieira é ainda escassa e requer estudos mais minuciosos, segundo José van den Besselaar em seu livro Antonio Vieira: o Homem, a obra,

The present work evaluates the effect of different drying treatments on colour and texture of pumpkin samples, which were dried using three different methods: convective air drying

Os artigos foram procurados e selecionados com as palavras chave: consumo de oxigênio, CPAP, pressão positiva, respiração com pressão positiva, tolerância ao

6 De acordo com os resultados acima, podemos verificar tanto os adolescentes como seus familiares, na sua maioria são evangélicos e praticantes; não dependem de