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Efeitos sobre a sua eficácia comunicativa :: Brapci ::

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Academic year: 2018

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Os Pr oce ssos de M e dia çã o de Ciê n cia e m Te le v isã o:

Efe it os sobr e a su a e ficá cia com u n ica t iv a

José Az e v e do Faculdade de Let r as Univ er sidade do Por t o E- m ail: azevedo@let r as.up.pt

Lu ísa Air e s Cent r o de Est udos em Educação e I novação, Univer sidade Aber t a E- m ail: lair es@univ - ab.pt

An a I sa be l Cou t o Cent r o de Est udos das Tecnologias, Ar t es e Ciências da Com unicação da Universidade do Por t o E- m ail: aicsilva@let ras.up.pt

Re su m o

A com unicação de t em as cient íficos não se esgot a no pr ocesso de “ for necim ent o” de infor m ação aos cidadãos; ant es, essa com unicação alim ent a vár ias quest ões que ult r apassam a m er a t r ansm issão de conhecim ent o e que dizem r espeit o ao ent endim ent o da ciência no m undo act ual, ao papel do cient ist a na sociedade, às consequências do desenv olvim ent o cient ífico e t ecnológico, à for m ação de opiniões e at it udes em r elação à ciência, ent r e out r as. É nest e sent ido que ur ge a com pr eensão dos pr ocessos de m ediação, e r espect ivas m últ iplas dim ensões que est ão im plícit as nesse m odo de com unicação. Mais do que pr ivilegiar um a análise de “ infor m ação sobr e a infor m ação” nos pr ogr am as de ciência, im por t a ident ificar , ent r e out r os, com o se const r ói a t r am a nar r at iva, a par t ir dos diver sos r ecur sos com unicat ivos disponíveis e com o est a se obj ect iv a na qualidade e eficácia com unicat iv a e funcional dest es pr ogr am as.

Par a est e pr im eir o m om ent o do est udo ser ão consider ados 179 pr ogr am as de um t ot al de 310 pr ogr am as de divulgação cient ífica r ecolhidos. O t rabalho de dissecação dos pr ogr am as sobr e ciência baseou- se no r espect ivo visionam ent o e análise, à luz de um a gr elha analít ica const r uída par a o efeit o. Pr iv ilegiando- se um conj unt o de dim ensões com o m ediação ger al, m odalidades de ex pr essão, agent es e t écnicas de m ediação, t écnicas nar r at ivas e r et ór ica dom inant e, ent r e out r as, pr et endeu- se aver iguar a influência da com binação dest as dim ensões na eficácia e qualidade com unicat iv a dos pr ogr am as t elevisivos analisados, sobr e ciência.

Pa la vr a s- ch a ve :

m ediação; pr ogr am as de div ulgação cient ífica; qualidade funcional; eficácia com unicat iv a

Abst r a ct

The com m unicat ion of scient ific subj ect s is m or e t han t he pr ocess of “ supply ing” cit izens w it h infor m at ion; t her efor e, t his com m unicat ion r aises sev er al issues t hat ex ceed t he m er e t r ansm ission of know ledge, such as t he per cept ion of science in t he cur r ent w or ld, t he r ole play ed by t he scient ist in t he societ y , t he consequences of t he scient ific and t echnological dev elopm ent and opinion- m ak ing pr ocedur es t ow ar ds science, am ong ot her s. The under st anding of m ediat ion pr ocesses, im plicit in t his for m of com m unicat ion, is, t her efore, essent ial for t he st udy of public under st anding of science.

The pr esent ar t icle cont ains an analy sis of 179 science pr ogr am s r ecor ded in t he m ont hs of Nov em ber 2004 and Febr uar y 2005. An analy t ical gr id w as dev eloped and all t he docum ent ar ies w er e coded accor ding t o a set of dim ensions. The m ain cat egor ies used w er e: gener al m ediat ion, m odes of expr ession, m ediat ion agent s and t echniques, nar r at iv e t y pe and dom inant r het or ic. The r elat ion bet w een t hose cat egor ies and t he effect iveness and com m unicat ive qualit y of t he science pr ogr am s w as also analy sed.

Ke y w or ds:

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Hoj e em dia, na com pet ição per m anent e por audiências, os pr odut or es de infor m ação cient ífica e t ecnológica t êm de ut ilizar diver sas est r at égias par a at r air o int er esse das audiências. Nest e sent ido, é nosso pont o de par t ida m ost r ar , nest e ar t igo, em que m edida os docum ent ár ios de ciência ut ilizam elem ent os discur sivos, t ais com o, r ecur sos r et ór icos, sequências nar r at ivas, act or es sociais, et c. nos seus pr ocessos com unicacionais e, dest a for m a, equipar ar em - se aos pr ocessos de const r ução da r ealidade ut ilizados em out r os pr ogr am as t elevisivos.

Em t er m os m ais pr ecisos, pr et endem os ver ificar se a t endência que se t em r egist ado em vár ios cont eúdos t elevisivos par a a espect acular idade e par a o ent r et enim ent o, at r avés de um a r edução dos pr ocessos de m ediação j or nalíst ica, é gener alizável aos docum ent ár ios de ciência e discut ir os seus efeit os na eficácia com unicat iva.

A qu e st ã o dos pr oce ssos de m e dia çã o

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Fahnest ock, cr it icam o m odo excessivam ent e celebr at ór io com o os j or nalist as habit ualm ent e apr esent am a ciência.

Cont udo, im por t a clar ificar , desde j á, o nosso ent endim ent o sobr e “ m ediação” , sob pena de cair m os na nebulosa t éor ica e polisem ânt ica que o t er m o envolve. Or iginalm ent e v inculado a out r os cam pos disciplinar es, com o é o caso da psicologia ( VYGOTSKI , 1986) , o conceit o de m ediação é, hoj e, am plam ent e ut ilizado nas ciências da infor m ação e com unicação. A r eint er pr et ação a que o conceit o t em sido subm et ido por alguns aut or es cont em por âneos, com o Wer t sch, r ecent r a o debat e na ideia de acção- m ediada, enfat izando- se o uso que os agent es, com int encionalidades par t icular es, dão aos inst r um ent os m ediador es ( sem iót icos ou inst r um ent ais) que dom inam e dos quais se apr opr iam em cont ext os específicos. Jean Davallon ( 2005) r efer e- nos que o novo m odo de pensar a com unicação at r ibui par t icular cent r alidade à dim ensão de m ediação, negligenciada nas definições t r adicionais de com unicação, enquant o t r ansm issão de infor m ação ou int er acção social. Num esfor ço de sist em at ização dos difer ent es usos e significados do t er m o, o aut or r ealizou um a análise de um conj unt o de publicações em ciências da infor m ação e com unicação, per m it indo- lhe dist inguir t r ês t ipos de uso do t er m o m ediação: “ uso com um ” , “ uso oper acional” e “ uso t écnico” ( DAVALLON, 2005)1. Podem os encont r ar o r econhecim ent o da função de m ediação adst r it a a um act or social e aos discur sos que usa em out r as ár eas de invest igação, par t icular m ent e, nas ár eas da m ediação sociocult ur al e pedagógica ( WERTSCH, 1992; 1996; DE PABLOS et al.,

1999; REBOLLO, 2000) e da m ediação cult ur al ( COLE, 1996) .

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r espost as a quest ões com o “ O que se diz e com o se diz? Quem diz? Com que int encionalidade?” , ant er ior m ent e defendida.

No nosso est udo dem os par t icular at enção ao cont ext o da t elevisão, enquant o agent e de socialização e m ediação cent r al, nas sociedades act uais, e que t em assum ido paulat inam ent e cont or nos dist int os que passam pela t endência par a a espect acular idade e par a o ent r et enim ent o em vár ios cont eúdos t elevisivos, at r avés de um a r edução dos pr ocessos de m ediação j or nalíst ica, com o foi ant er ior m ent e m encionado.

Os pr ogr am as sobr e ciência r epr esent am inst r um ent os cent r ais de m ediação influenciando os m odos com o o conhecim ent o cient ífico é apr opr iado. Acessíveis a um a grande diver sidade de gr upos e, por t ant o, de cult ur as, est es pr ogr am as m er ecem ser suj eit os a pr ocessos de desconst r ução discur siva, t endo em vist a, por um lado, um a m elhor com pr eensão das post uras de quem os pr oduz e, por out r o, dos usos e apr opr iações de que são alvo, pelos difer ent es gr upos r ecept or es. Nest a com unicação ir em os dar cont a de algum as dim ensões car act er izador as das “ vozes” de quem pr oduz pr ogr am as sobr e ciência ( BAKHTI N, 1995; DEL RI O, 1996) – at r avés da apr esent ação de alguns dos r esult ados em er gent es do pr ocesso de visionam ent o e análise dos pr ogr am as de divulgação cient ífica que int egr am a nossa am ost r a.

A m et odologia de invest igação ut ilizada par a levar a cabo o pr esent e est udo baseou- se, num prim eir o m om ent o, no visionam ent o e r espect iva análise de um conj unt o de pr ogr am as t elevisivos sobr e ciência, t endo em vist a, por um lado, um a m elhor com pr eensão das post ur as e int encionalidades de quem os pr oduz e, por out r o, dos usos e apr opr iações de que são alvo pelos difer ent es gr upos r ecept or es.

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disponibilizados nos canais cabo e canais gener alist as por t ugueses. Os docum ent ár ios sobr e ciência que int egr am a nossa am ost r a for am , dest e m odo, r ecolhidos dos seguint es canais t elevisivos: Odisseia, Discover y Channel, Nat ional Geogr aphic Channel, Canal Hist ór ia, RTP

2 e RTP N. Est e pr ocesso decor r eu em dois m om ent os t em por ais

dist int os: o pr im eir o m om ent o de gr avação ocor r eu dur ant e Novem br o de 2004, seguido de um segundo m om ent o, em de Fever eir o de 2005. Do t ot al de 310 pr ogr am as r ecolhidos2, são consider ados 179 par a est e est udo.

Ter m inada a et apa de r ecolha de dados, iniciám os o pr ocesso de visionam ent o e análise dos pr ogr am as à luz de um a gr elha analít ica const r uída par a o efeit o. Esse t r abalho de dissecação dos pr ogr am as de ciência r ecolhidos pret endeu t est ar a nossa hipót ese t eór ica de par t ida que defende, em t erm os ger ais, que a com unicação de t em as cient íficos não se esgot a num pr ocesso de “ for necim ent o” de infor m ação ao público; ant es, essa com unicação alim ent a vár ias quest ões que ult r apassam a m er a t r ansm issão de conhecim ent o e que dizem r espeit o ao ent endim ent o da ciência e do cient ist a no m undo act ual, às consequências do desenvolv im ent o t ecnológico e cient ífico, ent r e out r as.

Nest e sent ido, com a pret ensão de encont r ar algum as r espost as par a est as quest ões e de explor ar novas pist as de invest igação nest a ár ea, pr opusem o- nos est udar um conj unt o de dim ensões – Mediação Ger al, Mediação Específica e Ret ór ica – que car act er izam os pr ocessos de m ediação pr esent es nos pr ogr am as t elevisivos de ciência.

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um a análise da “ infor m ação sobr e a infor m ação” nos pr ogr am as de ciência, im por t ou ident ificar , ent re out r os, com o se const r ói a t r am a nar r at iva, a par t ir dos diver sos r ecur sos com unicat ivos disponíveis e com o est a se obj ect iva na qualidade com unicat iva e funcional dest es pr ogr am as.

M ED I AÇÃO

M e d ia çã o Ge r a l

- Mediação Baix a - Mediação Média - Mediação Alt a

M e d ia çã o Esp e cífica

- Age n t e s d e M e dia çã o - Té cn ica s de M e d ia çã o

. nar r ação com v oz on . nar r ação com v oz off

. conj ugação de nar r ação e ent r evist a . discussão em gr upo

Re t ór ica

- M oda lida de s de e x p r e ssã o . descr ição- infor m ação . nar r ação

. nar r at iv a de ex per iências de v ida . ar gum ent ação

- Tipo d e Ar gu m e n t a çã o . analogia . ex em plificação . aut or idade . pr esunção . est at íst ica

- Té cn ica D r a m á t ica . conflit o . suspense . sur pr esa . especulação

. r econst it uição dr am át ica - Té cn ica N a r r a t iv a

. sim plificação . ant r opom or fism o

- Re t ór ica d om in a n t e . celebr at ór ia . j udicial . deliber t at iv a

QUALI D AD E

Qu a lida d e Fu n cion a l - Eficácia com unicat iva do pr ogr am a, no seu t odo.

Quadr o 1: Cat egor ias de análise

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est r at égias aqui consider adas não esgot am a diver sidade de pr ocedim ent os exist ent es, m as cr em os que as seleccionadas ( m inim ização das incer t ezas e efeit o de ver dade e a t endência par a o espect acular ) são as que m elhor definem os r ecur sos r et ór icos no discur so divulgador da ciência e da t ecnologia nos m eios de com unicação de m assas.

No quadr o 1 apr esent am - se, cont udo, t odas as dim ensões de Mediação e Qualidade que est ão a ser consider adas.

M in im iz a çã o da s in ce r t e z a s e e fe it o de v e r da de

Em pr im eir o lugar , valer ia quest ionar que ver dade pode pr et ender a t elevisão? Essa é um a pr im eir a quest ão que cabe r et om ar pelo seu car áct er polém ico: a consider ação da t elevisão, não t ant o pela sua capacidade m anipulat ór ia, m as e essencialm ent e, pela sua for ça de const it uição, de ger ação de r ealidades. O fact o de os signos const it uír em fact or es chave do pensam ent o hum ano, de a cult ur a se const it uir no seio de um em aranhado de sist em as sim bólicos e de as linguagens ser em inst rum ent os de m ediação dessas r epr esent ações, desde sem pr e decr et ou a im possibilidade de acesso dir ect o ao r eal. Os m edia apenas acr escent am novas e difer ent es dificuldades a esse acesso, sob a for m a de r ealidades discur sivas.

(8)

O quadr o 2 apr esent a os m odos de expr essão que for am encont r ados na análise efect uada. Confor m e se pode ver nest e quadr o, o est ilo ar gum ent at ivo que é o m ais clássico na com unicação de dados cient íficos, est á aqui pr at icam ent e ausent e ( 3,9% ) .

M OD OS D E EX PRESSÃO

Descr it iv o- I nfor m at iv o 116

64,5

Nar r at ivo 37

20,7

Nar r at ivas de exper iências de vida 19

10,6

Ar gum ent at ivo 7

3,9

TOTAL D E PROGRAM AS V I SI ON AD OS

179 100,0

Quadr o 2: Var iação nos Modos de Expr essão

O car áct er pr oblem át ico dos dados cient íficos ext r ai à not ícia a sua «car ga em ot iva» e a sua efect ividade com unicat iva. O j or nalist a, nest es casos, opt a, a m aior ia das vezes, por evit ar as incer t ezas e as quest ões hipot ét icas par a com unicar de for m a m ais t axat iva e fact ual.

Por t ant o, a for m a de com unicar os cont eúdos cient íficos var ia enor m em ent e do t ext o cient ífico font e at é à sua ver são m ediát ica r efor m ulada: os r esult ados que os cient ist as pr opõem com o não-definit ivos, são m uit as vezes apr esent ados num a ver são bast ant e m ais concludent e. Est a m udança do m odo de expr essão, de um t ex t o cient ífico est r ut ur ado t ipicam ent e de for m a ar gum ent at iva e m ais hipot ét ico- dedut iva par a um “ t ext o” m ais descr it ivo e valor at ivo e independent e do cont ex t o3, cont r ibui par a a const r ução de um a cer t a im agem de ciência e par a um “ efeit o de ver dade” .

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apr esent ação dos per it os. Na ver dade, com o r efer e Alcibar , “ a cit ação dir ect a t êm um efeit o per suasivo e dr am át ico im por t ant e: faz com par ecer no cenár io da not ícia as vozes dos pr ot agonist as. É ir r elevant e do pont o de vist a cont ext ual que as cit ações sej am t ot alm ent e cor r ect as, só t em que suger ir que são ver dadeir as, daí a sua função r et ór ica e os seus efeit os” ( 2004: p.64) .

A função r et ór ica da cit ação aut or izada, da apr esent ação dos per it os e da m inim ização das incer t ezas é, pois, cr iar um efeit o de ver dade e de obj ect ividade em r elação ao que se r elat a.

A im por t ância dest e fact or na qualidade per cepcionada dos pr ogr am as é evident e, se analisarm os os dados apr esent ados no quadr o 3. Na ver dade, ver ifica- se que os pr ogr am as que obt ém um a qualidade t écnica m édia ut ilizam m ais o nar r ador / apr esent ador , enquant o os pr ogr am as com qualidade alt a pr ivilegiam o per it o enquant o agent e m ediador .

AGEN TE D E M ED I AÇÃO

N a r r a dor /

Apr e se n t a dor Pe r it o Ou t r o Tot a l

62 13 10 85

Qu a lida de Té cn ica M é dia

54,9% 34,2% 62,5% 50,9%

51 25 6 82

Q U A L I D A D E F U N C I O N A L

Qu a lida de Fu n cion a l Re la t iv a m e n t e

Alt a 45,1% 65,8% 37,5% 49,1%

113 38 16 167

Tot a l

100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

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Te n dê n cia pa r a o e spe ct a cu la r

A t elevisão, com sua polít ica do direct o, foi, pouco a pouco, im pondo um a concepção diver sa de infor m ação. I nfor m ar passou a ser m ost r ar a hist ór ia em pr ocesso, assist ir dir ect am ent e, se possível, aos acont ecim ent os, o que faz supor que a im agem do acont ecim ent o sej a suficient e par a lhe confer ir significação. Est abelece- se, assim , a ilusão de que ver é com pr eender e define- se que t odo o acont ecim ent o deve apr esent ar um a face visível, com o se t al fosse possível, o que condena os fact os pobr es em im agens à indifer ença e ao silêncio.

Or a, um a t al concepção de infor m ação conduz a um a aflit iva fascinação por im agens e acont ecim ent os “ excit ant es” . A ideia ger al de que a im por t ância dos acont ecim ent os est á dir ect am ent e r elacionada com a sua r iqueza de im agens, encor aj a a m anipulação, a ofer t a de gr andes espect áculos de r econst it uição, o uso de sensacionalism o, à m edida e ao gost o do consum idor .

A divulgação cient ífica r ecor r e, cada m ais fr equent em ent e, ao que se t em vindo a cham ar da espect acular idade da ciência, ist o é, a dest acar os aspect os m ais «em ot ivos» das m ensagens ( De Sem ir , 2000) . Est a é um a t endência ger al dos cont eúdos m ediát icos, m as no âm bit o da divulgação da ciência apr esent a um as car act er íst icas par t icular es.

A im agem que se pr oj ect a da ciência é, por v ezes, a de um j or nal de cur iosidades, j unt ando a esper ança, o m edo ou o bizar r o. Na ver dade, o que ver ificam os foi a cr escent e im por t ância per cent ual de pr ogr am as sobr e t em as com o espécies venenosas, m úm ias, acident es nat ur ais, et c.

(11)

TÉCN I CA D RAM ÁTI CA

Conflit o 14

15.6 %

Suspense 15

16.7 %

Sur pr esa 13

14.4%

Especulação 9,

10.0%

Reconst it uição Dr am át ica 31

34.4%

Choque 8

8.9%

Tot al 90

100%

TOTAL D E PROGRAM AS

V I SI ON AD OS 179

Quadr o 4- Modalidades de Técnicas Dram át icas.

(12)

Té cn ica D r a m á t ica

Conflit o Suspense Sur pr esa Especulação Reconst it uição

dr am át ica Choque Tot al

0 1 0 3 1 0 5

Qualidade Funcional Relat iv am e

nt e Baixa ,0% 6,7% ,0% 33,3% 3,2% ,0% 5,6%

5 10 4 2 17 3 41

Qualidade Técnica

Média 35,7% 66,7% 30,8% 22,2% 54,8% 37,5% 45,6%

9 4 9 4 13 5 44

Q u a li d a d e F u n c io n a l Qualidade Funcional Relat iv am e

nt e Alt a 64,3% 26,7% 69,2% 44,4% 41,9% 62,5% 48,9%

14 15 13 9 31 8 90

Tot al

100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Quadr o 5: Var iação da Técnica Dr am át ica por Nível de Qualidade

É evident e que o r ecur so ao espect acular se vale das pr ópr ias car act er íst icas pouco usuais da pr ópr ia ciência e que podem ser um int er essant e at r act ivo par a apr esent ar a infor m ação, não sendo t al fact o necessar iam ent e negat ivo. O apr ofundam ent o dessa quest ão est á, cont udo, for a do âm bit o do pr esent e ar t igo, pelo que aqui nos im por t ou apenas evidenciar a dim ensão r et ór ica dest e pr ocedim ent o.

Se adopt ar m os um out r o espect r o de análise e nos cent r ar m os, em t er m os m ais ger ais, na Qualidade e nos Tipos de m ediação, desocult am os um a out r a ver t ent e dest e pr ocesso de m ediação da ciência em t elevisão.

(13)

M ED I AÇÃO GERAL

QUALI D AD E

FUN CI ON AL Mediação baix a Mediação m édia Mediação alt a Tot a l

Relat ivam ent e

Baix a 9,1% 7,7% 0,0%

10 5,6%

Média 36,4% 47,0% 51,0% 85

47,5%

Relat ivam ent e

Alt a 54,5% 44,4% 47,1%

82 45,8%

Alt a 0,0% 0,0% 2,0% 2

1,1%

Tot a l 11

100%

117 100%

51 100%

179 100%

Quadr o 6: Var iação da Qualidade Funcional segundo a Mediação Ger al

(14)

M e dia çã o e Qu a lida de Fu n cion a l: Qu e m oda lida de s

discu r siv a s?

Os pr ogr am as de Qualidade Funcional Média

Nos pr ogr am as com um a Qualidade Funcional Média, os pr ocessos ou exper iências cient íficas são apr esent ados com r ecur so a um a m ult iplicidade de discur sos ( m ediação alt a) ou à int er m ediação de out r os agent es ( m ediação m édia) . Os agent es de m ediação dom inant es são o nar r ador ( 50.4% ) e, em m aior gr au, agent es diver sos ( 62.5% ) . As nar r at ivas de exper iências de vida e o r ecur so à descr ição- infor m ação const it uem géner os de discur so pr ivilegiados. Nest es pr ogr am as, ver ifica- se a conj ugação de sit uações de nar r ação e de ent r evist a ( 52.8% ) e de nar r ação com voz off ( 50.0% ) . A ar gum ent ação ( 14.3% ) apr esent a valor es r elat ivam ent e baixos e t ece- se, m aior it ar iam ent e, em t or no da exem plicação ( 45.8% ) e da pr esunção ( 42.9% ) . O suspense ( 66.7% ) , a r econst it uição dr am át ica e, em m enor gr au, o choque ( 37.5) dom inam o conj unt o de t écnicas dr am át icas ident ificadas. De ent r e os t ipos de r et ór ica ident ificados, pr edom ina um a visão celebr at ór ia da ciência ( 58.3% ) , seguida de um a per spect iva j udicial da m esm a em que se apr esent a o com o e o por quê da ciência e, com um papel infer ior , um a per spect iva deliber at iva ( 33.3% ) que enfat iza as possíveis consequências da ciência.

Os pr ogr am as de Qualidade Funcional Relat ivam ent e Alt a

(15)

r epr esent ação da ciência assum e m odalidades discur sivas difer enciadas das que se ver ificam no t ópico ant er ior .

(16)

Con side r a çõe s Fin a is

A pr incipal conclusão que im por t a r ealçar é que não exist e um a for m a ideal par a a com unicação de um saber cient ífico, sim plesm ent e por que não exist e um único público. Cont udo, par ece- nos t er ficado clar o que a com unicação da ciência se elabor a segundo pr ocedim ent os de est ilo pr ópr ios do discur so m ediát ico, m ediant e o qual se seleccionam det erm inados elem ent os infor m at ivos com a finalidade de pr ovocar cer t os efeit os na audiência.

(17)

Re fe r ê n cia s

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