O blog n u m e st u do sobr e a con st r u çã o do
con h e cim e n t o pr ofission a l n a for m a çã o in icia l
e n o pe r íodo de in du çã o
dos Pr ofe ssor e s do 1 .º Ciclo do En sin o Bá sico
Ca r los M a n u e l Ribe ir o da Silv a
I nst it ut o de Est udos da Cr iança Univer sidade do Minho Av. Cent r al, 100 4710 - 229 Br aga, PORTUGAL Em ail: car los@iec.um inho.pt
Re su m o
Com est a com unicação pr et ende- se apr esent ar um a análise sobr e a ut ilização de um blog, dur ant e 6 m eses, num pr ocesso de inv est igação, r elat ivo à const r ução do conhecim ent o pr ofissional na for m ação inicial e no per íodo de indução de pr ofessor es do 1.º Ciclo do Ensino Básico, for m ados pelo I nst it ut o de Est udos da Cr iança, da Univ er sidade do Minho. Est iver am envolvidos t r ês gr upos de cinco pr ofessor es, seleccionados a par t ir das t ur m as de licenciados ent r e 2002 e 2004. Cada gr upo cor r espondia a um ano de conclusão do cur so. O blog funcionou, no desenho m et odológico do est udo, com o inst r um ent o de r egulação e acom panham ent o da inv est igação e com o inst r um ent o de r ecolha de dados, pr ocur ando fazer eco de assunt os t r at ados por int er m édio de out r os inst r um ent os de r ecolha de dados, nom eadam ent e, ent rev ist as sem i- est r ut ur adas ( t r ês ent rev ist as t em át icas: a for m ação inicial, o per íodo de indução e o pr oj ect o pr ofissional e pessoal) e r egist os escr it os sínt ese dessas ent r ev ist as, r elat ivos à const r ução do conhecim ent o pr ofissional. Na m edida em que as ent r ev ist as aos t r ês gr upos se r ealizar am de dois em dois m eses, o blog funcionou ainda com o elem ent o de ligação ent r e os t r ês gr upos de pr ofessor es r ecém licenciados que par t icipar am nest a inv est igação e o pr ópr io inv est igador r esponsável.
1 . I n t r od u çã o
Consider ando a cr escent e im por t ância de um m odelo de
cur r ículo cent r ado no desenvolvim ent o de um a pr át ica pr ofissional
r eflexiva e em perspect ivas t eór icas const r ut ivist as na const r ução do
conhecim ent o pr ofissional e na for m ação de pr ofessor es, o pr opósit o
dest e est udo passa pela invest igação do im pact o do m odelo de
for m ação de pr ofessor es do 1.º Ciclo do Ensino Básico, im plem ent ado
no I nst it ut o de Est udos da Cr iança, da Univer sidade do Minho, nas
per cepções dos professor es pr incipiant es r elat ivas à const r ução do
conhecim ent o pr ofissional dur ant e a for m ação inicial de professor es e
o per íodo de indução pr ofissional. O est udo t ent a ent ender com o os
pr ofessor es pr incipiant es avaliam a im plem ent ação do cur r ículo de
do pr ocesso de const r ução do seu conhecim ent o pr ofissional) , e com o
const r oem o seu pr ópr io pr oj ect o pr ofissional.
O est udo longit udinal envolve t r ês coor t es ( est udant es
for m ados ent r e 2002 e 2004) , às quais ser á aplicado um quest ionár io
no sent ido de r ecolher dados quant it at ivos. No sent ido de gar ant ir
dados qualit at ivos, for am seleccionados t r ês gr upos de cinco
est udant es dessas coor t es. Ent r evist as de gr upo sem i- est r ut ur adas,
r eflexões individuais escr it as com o sínt ese do cont eúdo das
ent r evist as, e r eflexões escr it as com o r esult ado da int er acção num
blog especialm ent e concebido par a o efeit o, são os inst r um ent os de
r ecolha de dados ut ilizados nest a invest igação.
Nest a com unicação, quer em os dedicar m os ao t r at am ent o e
análise de cont eúdo, ainda que num a fase explor at ór ia, das
int er acções que r esult ar am do blog, com o est r at égia for m at iva de
acom panham ent o da invest igação e pr olongam ent o das r eflexões
suscit adas nas ent r evist as de gr upo. Nest e sent ido, apr esent am os,
em pr im eir o lugar , a definição e o enquadr am ent o do est udo, bem
com o o seu enquadr am ent o m et odológico, onde se dest aca o blog
com o inst r um ent o de r egulação da invest igação e com o inst r um ent o
de r ecolha de dados.
2 . Pr e m issa s da in v e st iga çã o
Par t im os par a a invest igação com quat ro pr em issas, de
nat ur eza dialéct ica, dilem át ica e com plexa, que per m it em enquadr ar
o t r abalho de invest igação e fazer um a sínt ese das nossas
pr eocupações com o for m ador e invest igador , onde a quest ão da
const r ução do conhecim ent o pr ofissional e a condição de ser
pr ofessor no 1.º Ciclo do Ensino Básico ( Alonso e Roldão, 2005;
a) Sobr e os pr ocessos de for m ação inicial de pr ofessor es
( r acionalidade t écnica e repr odut or a ver sus r acionalidade
sócio-const r ut ivist a e inovador a) ;
b) Sobr e o per íodo de indução ( adapt ação pr ofissional ver sus
const r ução e t r ansfor m ação pr ofissional) ;
c) Sobr e o Pr oj ect o Cur r icular I nt egr ado ( disposit ivo bur ocr át ico
ver sus pr oj ect o de const rução social e cult ur al) ;
d) Sobr e per fil pr ofissional docent e ( funcionár io do est ado,
r epr odut or e execut or r ot ineiro e acr ít ico, ver sus pr ofissional pr át ico
r eflexivo, invest igador num cont ext o de colabor ação) .
3 . Qu e st õe s da in v e st iga çã o
Par t indo de alguns pressupost os epist em ológicos que
sust ent am est e est udo e das pr em issas da invest igação, no sent ido
de or ient ar e r egular os pr ocessos de indagação e de delim it ar os
pr opósit os da invest igação, podem os colocar quat r o quest ões, par a
as quais, ao longo da m esm a, se pr ocur a pr oblem at izar as r espost as
m ais adequadas:
a) Com o avaliam os pr ofessor es pr incipiant es o seu cur r ículo de
for m ação, enquant o cont ext o or ient ador / r egulador do pr ocesso de
const r ução do conhecim ent o pr ofissional r elevant e par a a inovação
das pr át icas cur r icular es na escola act ual?
b) Com o avaliam os pr ofessor es pr incipiant es o pr ocesso de
const r ução do conhecim ent o pr ofissional no per íodo de indução,
confr ont ando os desafios das suas pr át icas cur r icular es com a
for m ação inicial?
c) Que r elevância at r ibuem os pr ofessor es pr incipiant es ao
Pr oj ect o Cur r icular I nt egr ado, com o disposit ivo par a a const r ução do
d) Com o definem o seu pr oj ect o pr ofissional e pessoal à luz dos
cont r ibut os da for m ação inicial e do per íodo de indução?
4 . D e se n h o/ e n qu a dr a m e n t o da in v e st iga çã o
Nest a invest igação ( ver Anexo A) o desenvolvim ent o
pr ofissional docent e ( Day, 2001; 2004, Mar celo, 1999) e a const r ução
do conhecim ent o pr ofissional ( Mont er o, 2001) t êm com o r efer encial
um a exper iência r ealizada ao nível da for m ação cont ínua, o Pr oj ect o
PROCUR ( Alonso, Magalhães & Silva, 1996; Alonso, 1998; Alonso e
out r os, 2002) , car act er izado pela inovação das pr át icas cur r icular es,
a for m ação cont ínua cont ext ualizada e a const r ução de Pr oj ect os
Cur r icular es I nt egr ados. O pr oj ect o PROCUR foi aplicado, com as
devidas adapt ações, em det er m inados per íodos de t em po, de for m a
concom it ant e, à for m ação inicial de pr ofessor es do 1.º Ciclo do
Ensino Básico, na Univer sidade do Minho ( Alonso, 1996) , r esult ando
daí benefícios m út uos.
Par a per ceber as r elações ent r e desenvolvim ent o pr ofissional e
apr endizagem escolar quer em os det alhar os pr ocessos de
desenvolv im ent o à iniciação da pr át ica pr ofissional ( Pr át ica
Pedagógica) , bem com o as concepções t r abalhadas sobr e cur r ículo e
desenvolvim ent o cur r icular , sobr e apr endizagem e m odelos de ensino
j unt o dos alunos ( Desenvolvim ent o Cur r icular ) , no cur so de for m ação
inicial de pr ofessor es do 1.º Ciclo do Ensino Básico, pr om ovido pela
Univer sidade do Minho, que em lar ga m edida se inspir ar am e
fundam ent ar am nos const r uct os de for m ação e inovação do Pr oj ect o
PROCUR.
Podem os dizer que est am os, em últ im a análise, na pr esença de
um a avaliação difer ida de um m odelo de for m ação de pr ofessor es
( Ar nal et al., 1994; Lat or r e et al., 1997; Est eban, 2003) par a a
nível da for m ação cont ínua, m as que, concom it ant em ent e, foi
aplicado, num det er m inado per íodo de t em po, do qual fazem os um a
am ost r agem int encional, na for m ação inicial de pr ofessor es do 1.º
Ciclo do Ensino Básico. Pr et ende- se est abelecer os pr essupost os e os
pr incípios desse m odelo de for m ação, evidenciar os seus const r uct os
essenciais e inst r um ent os for m at ivos, per ceber com o foi adapt ado à
for m ação inicial e que im plicações t eve a nível cur r icular e
or ganizat ivo.
Assim , o est udo do Pr oj ect o PROCUR, com o pr oj ect o de
inovação e for m ação no Ensino Básico, bem com o dos pr essupost os
da for m ação inicial de pr ofessor es, que em lar ga m edida for am
influenciados por ele, at r avés do desenvolvim ent o de um m odelo de
for m ação par a a const r ução do conhecim ent o pr ofissional,
consubst anciado num per fil pr ofissional de for m ação e num m odelo
cur r icular par a a pr át ica pr ofissional, fazem par t e do enquadr am ent o
concept ual da invest igação que sust ent a e enquadr a o desenho do
est udo em pír ico.
Gener icam ent e, o est udo em pír ico sit ua- se no per íodo de
indução pr ofissional e pr ocur a aver iguar , a par t ir da análise da
const r ução do conhecim ent o pr ofissional dur ant e a for m ação inicial e
do pr ópr io per íodo de indução pr ofissional, se est am os per ant e um
pr ocesso de cont inuidade e r efor ço de um per fil pr ofissional
car act er izado pela r eflexão, colabor ação e invest igação ( Schön, 1983,
1987; St enhouse, 1984) , e pela inovação das pr át icas ou se, pelo
cont r ár io, em face das pr im eir as exper iências pr ofissionais, ent r am os
num pr ocesso de descar act er ização e de socialização adapt at iva
( Lacey, 1977) . Nest as cir cunst âncias o est udo assum e t am bém
car act er íst icas de invest igação- acção colabor at iva, com o est r at égia
de int er venção e for m ação par a o desenvolvim ent o pr ofissional dos
4 .1 . D e se n h o da m e t odologia da in v e st iga çã o
Do pont o de vist a do desenho m et odológico ( ver anexo B) do
est udo podem os dizer que t r abalhám os com os pr ofessor es
pr incipiant es for m ados pela I nst it ut o de Est udos da Cr iança, da
Univer sidade do Minho, dur ant e o t riénio de 2002- 04. Na m edida em
que r ecolhem os os dados dur ant e o ano lect ivo de 2005- 06, os
pr ofessor es pr incipiant es com plet am no final dest e ano lect ivo,
confor m e o ano de conclusão da for m ação inicial, 4, 3 e 2 anos de
exper iência pr ofissional.
A um a am ost r a de conveniência de cinco pr ofessor es
pr incipiant es de cada ano r ealizám os t r ês ent r evist as de gr upo sem
i-est r ut ur adas ( Cohen & Manion, 1990; Olabuénaga, 1996) , sobr e as
seguint es t em át icas: a for m ação inicial, a o per íodo de indução
pr ofissional e o pr oj ect o pr ofissional e pessoal. Par a cada ent r evist a
havia um conj unt o de m at er iais de est im ulação da m em ór ia que
for am consult ados pr eviam ent e ou dur ant e a r ealização das
ent r evist as, ligados às t em át icas pr opost as e a const r ução do
conhecim ent o pr ofissional.
A seguir a cada ent r evist a foi solicit ado a cada pr ofessor
pr incipiant e que fizesse um regist o escr it o sínt ese individual t endo em
vist a: ( 1) um a m et a análise e r eflexão acer ca de alguns aspect os que
o pr ofessor pr incipiant e quisesse r ealçar , dent r o do âm bit o discut ido
na ent r ev ist a de gr upo; ( 2) um a ar gum ent ação sobr e um a t em át ica,
onde se pr ocur asse apr eender , de um a for m a funcional e aplicada,
algum as das opiniões assum idas dur ant e a ent r evist a.
A int er calar as sér ies de t r ês ent r evist as de gr upo,
disponibilizou se um blog de discussão, denom inada “ Ser Pr ofessor do
1.º Ciclo” , especialm ent e concebido par a fazer a m ediação do
pr ocesso de invest igação, t ant o do pont o de v ist a de um a m et
or ganização do m esm o. Pr et endia- se assim pr olongar e alar gar a
discussão suscit ada no seio dos gr upos durant e as ent r evist as e
m ant er um espír it o de per t ença a um gr upo de invest igação sobr e a
const r ução do conhecim ent o pr ofissional e a condição de ser
pr ofessor do 1.º ciclo.
Par a culm inar o pr ocesso m et odológico, em r esult ado da
invest igação com os gr upos de t r abalho e dos r esult ados obt idos com
as ent r evist as, os r egist os escr it o e o blog, pr et ende- se const r uir um
quest ionár io par a ser aplicado às t r ês t ur m as da Licenciat ur a em
Ensino Básico, de onde são pr ovenient es os gr upos de cinco
pr ofessor es pr incipiant es. Pr et ende- se, de um a for m a global,
pr oceder à avaliação da for m ação inicial e à análise do per íodo de
indução dos pr ofessor es do 1.º Ciclo do Ensino Básico.
5 . An á lise do blog “Se r Pr ofe ssor do 1 CEB”
O blog, “ Ser Pr ofessor do 1CEB”
( ht t p: / / serpr of1ceb.blogspot .com / ) foi concebido com o um espaço
per m anent e de expr essão livr e de ideias, sent im ent os, cr ít icas,
posições, vivências acer ca da par t icipação ( quant o à for m a e ao
cont eúdo) num pr ocesso de invest igação sobr e a const r ução do
conhecim ent o pr ofissional na for m ação inicial de Pr ofessor es do 1.º
Ciclo do Ensino Básico ( pr om ovida pelo I nst it ut o de Est udos da
Cr iança, da Univer sidade do Minho) e no per íodo de indução/ iniciação
pr ofissional.
Nest a com unicação, pr et ende- se fazer um a análise do blog
quant o à for m a, ou sej a, com o fer r am ent a m et odológica e est r at égia
for m at iva no sent ido de perm it ir : ( a) a int egr ação dos t r abalhos de
invest igação; ( b) a cont inuidade e acom panham ent o do pr ocesso; ( c)
cr iar um espír it o de gr upo e de per t ença a um a com unidade
de am izade e par t ilha que podem cont r ibuir par a a m elhor ia da
condição de Pr ofessor do 1.º Ciclo e par a a valor ização dos r esult ados
da invest igação.
Assim , a ut ilização do blog com o fer r am ent a que per m it iu fazer
o acom panham ent o do t r abalhos de invest igação, fazendo ela pr ópr ia
t am bém par t e desse pr ocesso, num a prim eir a análise da par t icipação
dos pr ofessor es neófit os, leva- nos às seguint es r eflexões, podendo
delas t am bém r et irar se algum as per cepções acer ca da for m a com o
encar am o per íodo de indução pr ofissional, ainda que sofr am de um
car áct er explor at ór io.
1) A int er calar as sér ies de t r ês ent r evist as de gr upo,
disponibilizou se um blog de discussão, denom inada “ Ser Pr ofessor do
1.º Ciclo” , especialm ent e concebido par a fazer a m ediação do
pr ocesso de invest igação, t ant o do pont o de v ist a de um a m et
a-análise e r eflexão acer ca das sessões de t r abalho, com o da pr ópr ia
or ganização do m esm o. Pr et endia- se assim pr olongar e alar gar a
discussão suscit ada no seio dos gr upos durant e as ent r evist as e
m ant er um espír it o de per t ença a um gr upo de invest igação sobr e a
const r ução do conhecim ent o pr ofissional e a condição de ser
pr ofessor do 1.º ciclo.
2) Com a r ealização das ent r evist as t ivem os a per cepção que os
pr ofessor es t êm um a necessidade absolut a de falar em sobr e as suas
exper iências concr et as. Quando o assunt o foi a indução pr ofissional
essa t endência acabou por se t or nar ainda m ais evident e. Em
pr at icam ent e t odas as quest ões que gost ar íam os de ver t rat adas, as
r efer ências dos pr ofessor es sit uavam - se no âm bit o das suas
sit uações concr et as, nas exper iências vividas, t endo m uit o dificuldade
em se desligar am das m esm as, pr olongando em m uit o o t em po
dedicado às ent r evist as, agr avado ainda pelo fact o de est ar m os
per ant e ent r evist as de gr upo. Se pensar m os no blog, onde o m eio de
pois a par t icipação e os discur sos acabavam por ser bast ant e m ais
filt r ados.
3) A com unicação assíncr ona, onde é possível sist em at izar o
r aciocínio, r efor m ular ideias, acr escent ar per cepções difer enciadas,
num pr ocesso cíclico de const ant e enr iquecim ent o de argum ent os e
ideias, er a um a das vant agens que adivinhávam os par a a ut ilização
da fer r am ent a infor m át ica do blog. Cont udo, ver ificám os que est es
ar gum ent os dit os favor áveis par a a sua ut ilização acabar am por se
t or nar , em gr ande par t e, em ent raves par a m ant er as discussões
vivas e diver gent es, devido à elevada exigência do pr ocesso
int elect ual.
4) Em ger al, os pr ofessor es quest ionar am t am bém o t ipo de
int er venção feit a no blog, com um a linguagem algo desadequada
par a o m eio ut ilizado, que induzia, pelo cont r ár io, discur sos m ais
infor m ais. O blog foi acusado de um a cer t a t eor ização que os
pr ofessor es, de algum a for m a, disser am que t r azia algum a
dificuldade par a lidar com os m esm os, levando à sua r ej eição. Essa
dit a t eor ização, pr ovavelm ent e, r esult ou da nossa m oder ação do
blog, onde pr ocur ávam os fazer a sist em at ização das ent r evist as e do
que os pr ofessor es pr incipiant es iam dizendo.
5) Depois, em face do ar gum ent o ant er ior , à par t ida a escr it a
par ecia ser um ent r ave à par t icipação, desde logo por que exigia um
esfor ço int elect ual sist em at izado. Associado à escr it a no blog, com o
fact or de inibição, est ava r elacionado o car áct er público da opinião.
Assim , t em os um fact or de exposição pública per ant e os par es m ais
pr óxim os, colegas de par t icipação na invest igação, m as t am bém
per ant e aqueles que t inham acesso ao blog, devido ao seu car áct er
público. Est a ideia im plica t am bém um a quest ão de im agem a
pr eser var ou que pelo m enos er a pr eciso não pôr em causa ou dar
6) O car áct er público da escr it a assum iu out r a dim ensão a
consider ar quando pensam os em escolas pr ivadas. Os pr ofessor es
das escolas pr ivados assum iam de for m a explícit a a necessidade de
t er cuidados com o que escr eviam , pois a r elação ent r e ent idade
pat r onal e t r abalhador é m uit o m ais pr óxim a, com car áct er visível e
de r eper cussões im ediat as. Sem os inibir de escr ever , levava- os, no
ent ant o, a pensar em função das event uais r eper cussões que isso
poder ia t er no dom ínio público.
7) Out r a quest ão im por t ant e com influência dir ect a na
par t icipação dos pr ofessor es neófit os no blog diz r espeit o à gest ão do
t em po profissional e pessoal. Tr at a- se de um a quest ão de pr ior idades
assum idas pelos pr ofessor es, onde a invest igação, apesar do
com pr om isso inicial, acabou por não ser algo que est ivesse m uit o
pr óxim o dos seus quot idianos e preocupações im ediat as e por isso
acabou por ser pr et er ida em r elação a out r os assunt os. Um dos
assunt os pr ior it ár ios acabou por ser a act ividade pr ofissional,
assum ida com o m uit o absor vent e nest e início de car r eir a. Depois
exist em out r os que não deixam de assum ir um a im por t ância
com plem ent ar , com o sej a a vida fam iliar , os am igos, out r as
act ividades de int er venção social ou de lazer .
8) Relacionado com a quest ão das pr ior idades e da
com unicação assíncr ona do blog est á a necessidade de um a cer t a
disciplina na sua par t icipação. Por que as pr ior idades podem ser
out r as e por que o blog pode esper ar pelo dia seguint e, caso não
houvesse um a disciplina m uit o for t e e um esfor ço m uit o apert ado
par a m ant er act ualizada a par t icipação no blog, est e sofr ia com a
ausência de par t icipações. O car áct er liber al, não com pulsivo e
assíncr ono associado às pr ior idades levou a que, com frequência, a
par t icipação no blog fosse colocada em quest ão.
9) O desinvest im ent o visível no blog, vist o pela event ual
pelo desequilíbr io de par t icipações dos difer ent es pr ofessor es, não
er a j ust ificado pelo seu desint er esse e falt a de per t inência. Pelo
cont r ár io, est ava m ais r elacionado com a dificuldade do cont r olo
individual da par t icipação e pelos fact or es que fom os apont ando. Os
pr ofessor es pr incipiant es t inham a noção que o blog est ava a cor r er
bem , que havia m uit as par t icipações, salvo sit uações m uit o
concr et as. A ideia de que o blog est ava com défice de par t icipação
er a algo cr iado por nós, em face de expect at ivas e exigências m uit o
elevadas. Est a sit uação chegou a ser colocada na agenda das
ent r evist as, no sent ido de fazer um a avaliação da m oder ação e
par t icipação no blog, par a além de ponder ar alt er ações à dinâm ica do
m esm o.
10) O int er esse e o significado assum ido pelo blog nos
pr ofessor es par t icipant es e nout r os que não fizer am par t e da
invest igação, est á no feedback m uit o posit ivo que t ivem os acer ca dos
t em as e das r eflexões que for am sur gindo. I st o t am bém é suger ido
pelo fact o de t odos os pr ofessor es afirm ar em t er em acom panhado o
blog com fr equência, de o ler em com m uit o int er esse. O pr oblem a,
com o j á vim os, est ava no passe seguint e, que im plicava a
par t icipação, que er a m ais com plicado de dar .
11) O blog foi pensado no sent ido de per m it ir um a par t icipação
flexível de t odos os int er venient es da invest igação: invest igador ,
pr ofessor es neófit os e or ient ador es da invest igação. Apesar do
car áct er público do blog, só podiam ‘post ar ’ e com ent ar pessoas
r egist adas, o que se cir cunscr evia aos m em br os ident ificados.
Sem pr e est eve pr evist a a dinam ização e m oder ação da nossa par t e
com o invest igador int er essado nos r esult ados dest e pr ocesso.
Cont udo, sem pr e pensam os aj ust ar essa m oder ação ao m ovim ent o
do blog, na expect at iva que com o t em po essa m oder ação ir ia
dim inuir à m edida que os pr ofessor es assegur assem um a cer t a
um a necessidade absolut a de prom over um a for t e m oder ação no
sent ido de, em alguns m om ent os, gar ant ir o m ovim ent o do blog e
cor r esponder à função da leit ur a por par t e dos par t icipant es. Nesse
sent ido, m uit as das ent r adas do blog são da nossa r esponsabilidade.
Ver ificam os, assim , um baixo nível de ‘post s’ da r esponsabilidade dos
pr ofessor es.
12) Depois ainda com o for m a de m ant er algum nív el de
int er esse na par t icipação dos pr ofessor es acabám os por r ecor r er a
out r os m eios de m obilização, par a além das ent r adas no blog. Assim ,
m uit as vezes, a acom panhar os ‘post s’, fazíam os cont act os via SMS,
via cor r eio elect r ónico e, nalguns casos, at r avés do t elefone ( leia- se,
t elem óvel) . Ver ificám os que, num a pr im eir a fase, est e t ipo de
m oder ação e incent ivo à par t icipação acabava por t er r esult ados,
sit uação que se foi diluindo confor m e o t em po foi passando.
13) A t ecnologia envolvida t am bém foi um a quest ão que
acabou por influenciar a par t icipação dos pr ofessor es. Apesar de
haver um cont r olo dos par t icipant es a par t ir de um a am ost r a por
conveniência onde havia cr it ér ios a cum pr ir – um dos quais er a t er
acesso à I nt er net nos cont ext os de t r abalho e pessoais –, t am bém
aqui t ivem os alguns pr oblem as. Est am os num país que diz fazer ,
act ualm ent e, um a apost a pr ior it ár ia no acesso gener alizada às
t ecnologias, nom eadam ent e à I nt er net ( at r avés de um pr ogr am a
denom inado “ Choque Tecnológico” ) , m as not ám os dificuldades
básicas pouco aceit áveis. Par a os pr ofessor es pr incipiant es t er um
acesso de banda lar ga em casa é um a sit uação de pr ivilégio. Os
acessos gr at uit os à I nt er net , pouco segur os e est áveis, com caixas de
cor r eio elect r ónico de baixa capacidade, for am elem ent os que não
facilit ar am o acom panham ent o e a par t icipação no blog.
14) Ver ificám os t am bém a necessidade absolut a de cuidar da
m ot ivação e da im plicação dos par t icipant es nos assunt os a t r at ar .
cr iat ivos e com um t oque de nov idade, conseguim os t er um a
par t icipação posit iva. Caso cont r ár io, cor r ia- se o sér io r isco de
ficar m os por int er venções pouco significat ivas e pelo
desinvest im ent o, devido à falt a de um sent im ent o de per t ença e de
im plicações significat ivas na vida pessoal e pr ofissional. Nalgum as
sit uações sent im os que conseguim os essa m obilização, nout r as nem
por isso. E ist o foi um a sit uação que os pr ofessor es m anifest ar am de
for m a m uit o explícit a.
15) Ficou t am bém dest a exper iência um a for t e vont ade de cr iar
um a com unidade on- line de pr ofessor es pr incipiant es, r ecém
licenciados pela Univer sidade do Minho. Tr at ava se de um assunt o
que pr eocupava os pr ofessor es ainda com o est udant es e que volt ou a
r essur gir com a par t icipação nest a exper iência. Par t ia do
pr essupost o, com pr ovado com a invest igação, r elacionado com as
vant agens que decor r iam da par t ilha de exper iências, da per t ença a
um a com unidade r elacionada pelo m esm o per cur so de for m ação
inicial, com a par t ilha de códigos, linguagens e pr ocedim ent os
com uns. Num m undo global, de deslocações facilit adas, m as ao
m esm o t em po disper so nos t em pos e nos espaços, nada m elhor do
que as t ecnologias par a fazer essa pont e de união e de r efer enciais
com uns. Ainda assim , dur ant e a exper iência quest ionou- se se o blog,
com o fer r am ent a t ecnológica, ser ia a m elhor for m a de pr om over esse
desígnio, em face de um a m ult iplicidade de escolhas, event ualm ent e
m ais adequadas par a os pr opósit os dessa com unidade de saber es
r elacionados com a pr ofissão de professor do 1.º Ciclo do Ensino
Re fe r ê n cia s:
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