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A produção do espaço turístico no Cariri cearense: sociedade – cultura – natureza

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA MESTRADO ACADÊMICO EM GEOGRAFIA

LUCIANA SILVEIRA LACERDA

A PRODUÇÃO DO ESPAÇO TURÍSTICO NO CARIRI CEARENSE:

SOCIEDADE – CULTURA – NATUREZA

(2)

MESTRADO ACADÊMICO EM GEOGRAFIA

Luciana Silveira Lacerda

Dr. Edson Vicente da Silva (Orientador)

A PRODUÇÃO DO ESPAÇO TURÍSTICO NO CARIRI CEARENSE:

SOCIEDADE – CULTURA – NATUREZA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Geografia, Mestrado Acadêmico

da Universidade Federal do Ceará, para

obtenção do Título de Mestre.

Área de concentração: Dinâmica Ambiental e

Territorial do Nordeste Semi-Árido

Linha de Pesquisa: Natureza, Campo e Cidade

no Semi-Árido

(3)

LUCIANA SILVEIRA LACERDA

Esta dissertação foi submetida à Coordenação do Curso de Mestrado em

Geografia como parte dos requisitos necessários à obtenção do Título de

Mestre em Geografia, outorgado pela Universidade Federal do Ceará. A

citação de qualquer trecho desta dissertação é permitida, desde que seja feita

de conformidade com as normas da ética científica.

Dissertação Aprovada em 24 de Agosto de 2009.

_______________________________________

Prof. Dr. Edson Vicente da Silva (Orientador)

_______________________________________

Prof. Dr. Giovanni de Farias Seabra

________________________________________

(4)

A todos que fazem ou já fizeram parte do Fórum de

Turismo e Cultura do Cariri que á anos vem

trabalhando incansavelmente de forma

descentralizada, acreditando sempre no potencial

turístico regional e no povo deste lugar; a todas as

pessoas que acreditam na transformação, através

da palavra e da ação. Aos meus pais, João e

Socorro, pela minha educação moral, e dedicação

sem fim. Ao meu companheiro de todas as horas,

Rogério, por me dar força e confiança. Aos meus

irmãos, Fabiano e Paulinha, por sempre estarem ao

meu lado. Aos amigos de todas ás horas. Ao meu

filho Emicles (Mimi), por tudo que representa na

minha vida, e por ter me transformado na mulher

que hoje sou.

(5)

AGRADECIMENTOS

Ao meu mestre Jesus, por ter me mostrado a lei do amor e da caridade, e

assim, um caminho bom de se trilhar, onde foi possível encontrar doutrina

espírita que me deu base lógica para a fé que tenho, e suporte espiritual nos

momentos de incertezas.

Aos meus pais, João e Socorro, aos meus irmãos Fabiano e Anna Paula e ao

meu filho Emicles (Mimi), por me mostrarem o que é o amor, e a importância da

família, que foi meu grande e único suporte pra concretização deste sonho.

Ao Rogério, que chegou em minha vida, um mês antes da concretização deste

sonho, porém de forma enriquecedora e surpreendente. A ele, agradeço a

força, o carinho e o amor compartilhado, e por me fazer ser uma mulher feliz.

Ao Amigo Édio Callou, pelo apoio incondicional aos trabalhos do turismo

regional no Cariri, e pelo belo exemplo de atuação, mostrando ser alguém

preocupado com região e com seu povo, independente da instituição que

representa (SEBRAE - Cariri).

Ao professor, pai, irmão e amigo Dr. Edson Vicente da Silva, ou simplesmente

Cacau, pelos ensinamentos durante toda convivência, pela orientação deste

momento, e principalmente pela simplicidade, amizade e apoio ao longo de

vários anos.

Ao Professor Dr. Giovanni Seabra, UFPB, por sua dedicação, apoio e

amizade; pela inspiração de seus escritos e conversas, durante bons

momentos e encontros acadêmicos ou não; pelo excelente trabalho em busca

de soluções cooperativistas e solidárias para o turismo no interior nordestino.

Ao Professor Dr. João César de Abreu, URCA, por ter me acompanhado desde

a graduação, e ter me iniciado nos caminhos da investigação científica, pela

confiança, e pela aceitação ao convite de participar da Banca Examinadora.

A amiga e professora Lireida Albuquerque, URCA, por ter sempre acreditado

em mim, apoiado a minha vida acadêmica em vários momentos, e pelo pronto

atendimento sempre que solicitado.

Aos demais professores do Curso de Mestrado em Geografia, em especial ao

Professor José Borzachiello da Silva, pelos valiosos ensinamentos e

(6)

Aos colegas do Curso de Mestrado, Tiago e Sinhá pelos bons momentos que

vivemos, pela amizade, companheirismo e aprendizado. Em especial, a minha

a amiga e irmã espiritual Suéllem, pelas horas de estudos, de orações, de

conversas e de inúmeras vivências, e em especial por sua amizade sincera.

A CAPES – através da demanda social, pela concessão do apoio parcial para

realização desse estudo.

A Universidade Regional do Cariri – URCA, que esteve presente na minha vida

durante praticamente toda execução desta pesquisa, me dando apoio através

do Departamento de Geociências, pela colaboração e solidariedade dos

(7)

RESUMO

O presente trabalho, teve como objetivo analisar as questões pertinentes ao

turismo no Cariri Cearense, assim como, em realizar um levantamento da

potencialidade e tendência turística regional e local, com vista a contribuir para

uma melhoria ambiental e nortear a prática social do turismo. Onde, a produção

do espaço para o turismo, nada mais é que, a “reorganização” dos espaços,

tanto material quanto imaterial, para que estes não se percam de sua

identidade regional e cultural, apontando suas vocações e potencialidades,

que permeia entre a cultura, história, lazer, saúde, educação, eventos,

comércio e natureza, apontado alternativas de desenvolvimento sustentável da

região no âmbito do turismo. Para a materialização da pesquisa, o

procedimento metodológico consistiu-se em revisão da literatura, análise

teórica conceitual do turismo, pesquisa empírica, pesquisa em jornais, revistas

e internet; estudo empírico dos espaços urbanos e dos ambientes na região do

cariri como um todo, através de visita em campo e levantamento do potencial

turístico regional. Essa compreensão do turismo regional, é portanto, de

imensurável importância, já que é um fenômeno que possui repercussões

globais, passando pelo âmbito ambiental, econômico, político, social e cultural.

Na mesma proporção, é urgente a análise do seu território de atuação, tão

importante para um desenvolvimento local e integrado da região. Assim como,

é necessário um novo direcionamento para que o turismo realmente se faça

voltado à melhoria da qualidade de vida regional.

(8)

ABSTRACT

This understanding of regional tourism, is therefore of immeasurable

importance, since it is a phenomenon that has global repercussions, through

the framework environmental, economic, political, social and cultural. The same

proportion, there is an urgent analysis of its territory of activity, so important for

local development and integration of the region. Just like you need a new

direction for tourism to really take back to improve the quality of regional life.

Empirical study of urban spaces and environments in the region of cariri as a

whole, through field visits and survey of the potential regional tourism. For the

materialization of the research, the methodological procedure consisted in the

literature review, theoretical analysis of tourism conceptual, empirical research,

research in newspapers, magazines and internet; where, for the production of

space tourism, is nothing more than the "reorganization"of spaces, both

material and immaterial, for they are not lost its regional identity and culture,

pointing out their vocations and potential that permeates between the culture,

history, leisure, health, education, events, commerce and nature, targeted

alternatives for sustainable development of tourism within the region. The

present study, aimed to examine the issues relevant to tourism in Ceará Cariri,

as well as to conduct a survey of tourism trends and potential regional and

local, levels to contribute to environmental improvement and guide the social

practice of tourism.

(9)

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Primeiro Censo Populacional do Cariri (1984)... 62

Quadro 02 Censo Eclesiástico da Freguesia do Cariri (1792)... 63

Quadro 03 Censo Populacional do Cariri (1858)... 63

Quadro 04 Censo Populacional do Cariri (1872)... 64

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Mirante do Preá - Floresta Nacional do Araripe, Crato - CE.... 39

Figura 02: Pólos de Ecoturismo do Estado do Ceará... 42

Figura 03: Agrofloresta do Sr. José Artur, em Nova Olinda - CE... 43

Figura 04: Banda Cabaçal nas ruas de Barbalha - CE... 46

Figura 05: Geopark Araripe – Mina de Calcário, em Nova Olinda... 49

Figura 06: Preceitos Ecológico do Padre Cícero: Horto, Juazeiro do Norte - CE... 50 Figura 07: Procissão de Nossa Senhora da Candeias, Juazeiro do Norte - CE... 52

Figura 08: Casa sertaneja no distrito do Caldas, Barbalha - CE... 56

Figura 09: Imagem de um violeiro ... 68

Figura 10: Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto... 69

Figura 11: Folia de Reis nas ruas do Crato – CE... 70

Figura 12: Burrinha do Reisado Cariri... 71

Figura 13: Lapinha do Cariri... 71

Figura 14: Quadrinha Junina da Festa de Santo Antônio – Barbalha... 72

Figura 15: Imagem de um pau de fitas, dança junina... 73

Figura 16: Exemplo do Pau de Sebo, na Vila do Caldas... 73

Figura 17: Maneiro Pau nas ruas de Barbalha... 74

Figura 18: Mestre da Cultura, Seu Joaquim Mulato... 75

Figura 19: Cantadoras de Incelências... 77

Figura 20: Banda de Música de Santana do Cariri... 78

Figura 21: Municípios Turísticos do Cariri... 80

Figura 22: Tipos Climáticos... 81

Figura 23: Precipitação Média Anual... 82

Figura 24: Temperatura Média Anual... 83

Figura 25: Regiões Hidrográficas... 84

Figura 26: Fisiografia do Cariri (Relatório APA 1999) ... 85

Figura 27: Exemplo de mata úmida na Floresta Nacional do Araripe ... 87

Figura 28: Exemplo de mata seca. Chapada do Araripe - Lado Exu... 87

Figura 29: Vegetação do Cerradão, no topo da Chapada... 87

Figura 30: Aspecto Vegetacional de Caatinga... 88

(11)

Figura 32: Fisionomia do Carrasco em área da Chapada do Araripe... 88

Figura 33: Cerrado da Chapada do Araripe... 89

Figura 34: Localização da Chapada Nacional do Araripe dentro da Bacia do Araripe... 89

Figura 35: Floresta Nacional do Araripe... 90

Figura 36: Exemplo da Flora - Floresta Nacional do Araripe... 91

Figura 37: Iguana, exemplo da fauna na Chapada do Araripe... 91

Figura 38: Imagem de uma trilha para treking na encosta da Chapada do Araripe, área da FLONA... 97

Figura 39: Imagem do Pesque Pague no Clube Recreativo Grangeiro em Crato – CE... 98

Figura 40: Bica do Solzinho, no Sitio Melo - Barbalha-CE... 99

Figura 41 Geotopes do Geopark Araripe... 103

Figura 42: Escavação na Formação Santana, no Geo top Santana na Piterolândia, Santana do Cariri – CE ... 104

Figura 43: Ponte de Pedra em Nova Olinda – CE... 104

Figura 44: Gruta do Brejinho em Araripe – CE... 105

Figura 45: Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri.. 106

Figura 46: Museu de Fósseis – Crato... 106

Figura 47: Jardim – Fundação ... 106

Figura 48: Casa do Patativa na Expô-Crato ... 107

Figura 49: Peça de teatro na VII Mostra Sesc Cariri de Cultura... 108

Figura 50: Rua do SESC Crato na OVERDOZE... 108

Figura 51: Folia de Reis... 109

Figura 52: Semana do Folclore. Praça da Sé Crato... 109

Figura 53: Caretas de Jardim... 110

Figura 54: Festa da Baixa Rasa ... 110

Figura 55: Feira de Ovinos e Caprinos ... 111

Figura 56: Estande do Instituto Agropolos ... 111

Figura 57: Silvana Scarinci, em Araripe... 112

Figura 58: Casa de Farinha – Araripe ... 115

Figura 59: Estátua de Frei Damião ... 116

Figura 60: Memorial Patativa do Assaré ... 116

Figura 61: Universidade Patativa do Assaré ... 117

(12)

Figura 63: Barbalha Canaviais... 118

Figura 64: Fachada de um casarão em Barbalha ... 118

Figura 65: Mosaicos ... 119

Figura 66: Meninada do Infor_arte ... 119

Figura 67: Arajara Park ... 120

Figura 68: Parque Riacho do Meio ... 120

Figura 69: Festa de Santo Antonio, Carregadores do Pau ... 121

Figura 70: Igreja Coração de Jesus - Brejo Santo... 122

Figura 71: Cariri Rural ... 122

Figura 72: Restos Mortais da Heroína Bárbara de Alencar ... 123

Figura 73: Doces Caseiro ... 123

Figura 74: Boqueirão de Campos Sales ... 124

Figura 75: Igreja Matriz de Caririaçú e praça... 124

Figura 76: Serra se São Pedro ... 125

Figura 77: Imagem parcial da Cidade do Crato ... 125

Figura 78: Museu Histórico e de Arte, o Hstórico no térreo do prédio e o de Artes na parte superior... 126

Figura 79: Ambiente interno do Museu Histórico do Crato... 126

Figura 80: Imagem interna do Museu de Arte Vicente Leite... 127

Figura 81: Museu de Fósseis do Crato... 127

Figura 82: Praça da Sé Crato ... 128

Figura 83: Fotografia antiga da Praça Siqueira Campos ... 129

Figura 84: Praça São Vicente ... 129

Figura 85: Praça Cristo Reis, o Cristo fica de Braços abertos para a “REFESA”... 130

Figura 86: Imagem do Prédio Central do Centro Cultural do Araripe... 131

Figura 87: Imagem antiga da cidade do Crato... 131

Figura 88: Cruz do Século e Marco Pinto Madeira... 132

Figura 89 Seminário São José ... 133

Figura 90 Palácio do Bispo ... 133

Figura 91 Congregação Filhas de Santa Teresa ... 134

Figura 92 Romaria do Caldeirão ... 135

Figura 93 Casa de Força da Nascente... 135

Figura 94 Fachada do Teatro Rachel de Queiroz... 136

(13)

Figura 96 Fotografia antiga da Feira do Crato... 137

Figura 97 As cores da Feira ... 137

Figura 98 Flora ... 138

Figura 99 Fósseis da Fundação ... 138

Figura 100 Paredão da Chapada em Jardim... 139

Figura 101 Caretas de Jardim ... 139

Figura 102 Memorial Pe. Cícero... 140

Figura 103 Estátua do Pe. Cícero no Horto ... 141

Figura 104 Estatuas de Cera do Museu Vivo ... 141

Figura 105 Santo Sepulcro ... 141

Figura 106 Casa dos Milagres... 142

Figura 107 Santeiro mostrando um imagem do Pe. Cícero... 142

Figura 108 Igreja do Socorro... 143

Figura 109 Igreja Franciscana ... 143

Figura 110 Vitrais da Basílica dos Salesianos... 143

Figura 111 Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores ... 144

Figura 112 Cordéis produzidos pela tipografia da Lira Nordestina... 144

Figura 113 Romeiros... 145

Figura 114 Esculturas de Artistas da Fundação Mestre Noza ... 145

Figura 115 Artesã trabalhando na Associação Mãe das Dores... 146

Figura 116 Comerciante de sandálias de couro no Mercado Central de Juazeiro... 146 Figura 117 Feira de Negócios do Cariri ... 147

Figura 118 Igreja Matriz de Missão Velha... 147

Figura 119 Artesã trabalhando em seus potes no Sítio Passagem de Pedra... 148 Figura 120 A Igreja mais antiga da região em Missão Nova... 148

Figura 121 Cachoeira de Missão Velha... 149

Figura 122 Guia Cultural e Professora municipal ... 149

Figura 123 Fachada do Memorial Homem Kariri ... 150

Figura 124 A meninada da Casa Grande, no interior da Fundação ... 151

Figura 125 Teatro Violeta Arraes da Fundação Casa Grande... 151

Figura 126 Loja de Móveis feito no Calcário Laminado... 152

Figura 127 Mestre Expedito, ao lado de sua arte ... 152

(14)

Figura 129 Agrofloresta... 153

Figura 130 Lenda da Ponte de Pedra ... 154

Figura 131 Lenda do Castelo Encantado ... 154

Figura 132 Torres do Castelo Encantado ... 155

Figura 133 Símbolo do Museu de Paleontologia ... 155

Figura 134 Condutor Cultural do Casarão do Cel. Felício ... 156

Figura 135 Euroville... 156

Figura 136 Caverna descoberta da Serra de Inhumas... 157

Figura 137 Pontal da Santa Cruz... 157

Figura 138 Restaurante do Pontal da Santa Cruz ... 158

(15)

LISTA DE MAPAS

01 – Mapa Turístico do Cariri – CE... 100

02 – Mapa Turístico – Natureza e Lazer do Cariri – CE... 112

03 – Mapa Turístico – Histórico e Cultural do Cariri – CE... 113

(16)

SUMÁRIO

RESUMO... 05

ABSTRACT... 06

LISTA DE QUADROS... 07

LISTA DE FIGURAS... 08

LISTA DE MAPAS... 13

INTRODUÇÃO... 16

CAPITULO I – MÉTODO E METODOLOGIA... 19

1. A UTILIZAÇÃO DA DIALÉTICA COMO ANÁLISE DE PESQUISA SOBRE A PRODUÇÃO DO ESPAÇO TURÍSTICO... 20

1.1 Epistemologia e história dos “métodos” na pesquisa científica... 20

1.2 A construção do saber dialético... 24

1.3 A dialética e o estudo do espaço turístico no cariri... 26

CAPÍTULO II – REFLEXÕES SOBRE O TURISMO... 29

2. HISTÓRIA DO TURISMO E SUA SEGMENTAÇÃO E DESEGMENTAÇÃO... 30

2.1. Turismo de Natureza e seus caminhos... 38

2.2. 2.3. 2.4. Turismo Rural... Turismo Cultural e a agregação de valor... O Geoturismo... 42 45 48 2.5 2.6 Turismo Pedagógico: Porque Educar é preciso!... Turismo Religioso... 50 51 2.7. Turismo de Negócios e de Eventos – Potencialidades e Realidades... 54

2.8. Turismo Sertanejo e a descentralização e desegmentação do turismo... 55

CAPITULO III - PAISAGEM NATURAL E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS DA REGIÃO CARIRI: Organização do Espaço Regional... 58

3.1. Um Recorte Histórico – Povoamento do Cariri... 59

3.2. Identidade Regional e suas Manifestações Culturais... 66

3.3. Feições Paisagísticas Naturais ... 79

3.3.1. Localização regional da área... 79

3.3.2 Aspectos fisiográficos... 80

3.3.3 Unidades fitoecológicas e biodiversidade... 86

(17)

3.3.4.1 Floresta Nacional do Araripe... 89

CAPITULO IV - O CARIRI... 94

4. Tendências e oportunidades turísticas na região do cariri... 95

4.1 Atrativos naturais e de lazer... 97

4.1.1. O potencial Geoturístico do cariri... 101

4.1.2. Museus... 105

4.1.3 Eventos culturais e de negócios... 107

4.2. Atrativos de Potencialidades Turísticas Culturais e Naturais por Município... 115

CAPITULO V – O CARIRI COMO UM LUGAR TURÍSTICO: SUGESTÕES PARA UM TURISMO SUSTENTÁVEL... 159

5.1. O Cariri como um lugar turístico... 160

5.2. As políticas públicas para turismo no cariri... 163

5.3. Sugestões para um turismo sustentável na região do Cariri... 167

(18)

INTRODUÇÃO

É consenso que a atividade turística é enriquecedora e

economicamente necessária. No entanto, há de ser praticada com consciência

e discernimento, tanto pelos agentes do desenvolvimento turístico, quanto

pelos turistas e populações visitadas. Somente assim, poderemos vislumbrar a

possibilidade de que as gerações futuras venham a desfrutar de todas as

belezas naturais e artificiais hoje disponíveis, da cultura e da história do mundo,

garantindo a manutenção de nossos recursos naturais esgotáveis, bem como a

existência das identidades múltiplas e de uma atividade turística no futuro.

Esse estudo, está pautado na perspectiva de apontar as

vocações e potencialidades do Cariri, que permeia entre a cultura, história,

lazer, saúde, educação, eventos, comércio e natureza. Sem esquecer-se da

consciência ambiental que precisa integrar sempre esse potencial. Nesse

sentido, tem como objetivo conhecer e analisar o turismo na Região do Cariri,

dialogando com seus municípios que tem vocações, atrativos e ou

possibilidades diversas no turismo. Assim como, ressalta o antropólogo Antônio

Arantes (1994, p. 91), os espaços não possuem fronteiras plenamente

definidas ou definitivas, não formam simplesmente um “mosaico”. Desta forma,

no Cariri, os movimentos sobre as várias tendências e possibilidades existentes

no turismo e para o turismo constitui em espaços sobrepostos e de limites

transitórios.

A escolha dos municípios aqui tratados, veio de um diagnóstico

pautado na nossa visão de mundo como geógrafos pesquisadores, e como

cidadãos que vivenciam e dialogam com este espaço. O cariri é plural em

possibilidades, perspectivas turísticas, é cultural, é histórico, é natural, é

científico. Desta forma, temos que pensar regionalmente, pois nenhum

município teria possibilidade e diversidade tamanha como a região integrada.

Os 12 municípios aqui tratados, vieram de um estudo preliminar dentro do

Fórum de Turismo do Cariri, existente há 12 anos, onde estes municípios

iniciaram a discussão sobre um turismo regional. Porém, no desenvolvimento

deste trabalho, tentou-se trazer um diagnóstico atual, colocando a realidade

regional e suas contradições. Para isto, tornou-se necessário, estabelecer o

(19)

método aqui escolhido, tem como pressuposto fundante a indissociabilidade

entre teoria e prática, que se configura na práxis do ponto de vista da dialética

em Marx (1818-1883). Podemos afirmar que o conhecimento se produz a partir

da afirmação–negação-afirmação em permanente contradição, de forma que, o

método serviu com um instrumento de observação para compreensão da

realidade objetiva, contextualizando a Região do Cariri (objeto), nesse

movimento das relações entre sociedade-cultura-natureza, no processo de

produção e reprodução do espaço turístico e o delineamento de sugestões e

proposições, para desenvolver uma cultura turística na região que

contemporize a sustentabilidade.

Assim, a pesquisa se permeia em duas fases que hora se dão

separadamente, e hora simultaneamente, de forma que, se imbricam, visto

que, a dialética pressupõe uma reflexão permanente entre teoria e prática. Em

uma construção combinada e distinta, de cooperação e contradição.

A primeira etapa, trata-se de uma fase analítica, onde utilizando

de uma revisão bibliográfica com estudos/diagnósticos em revistas, arquivos,

fontes de censos (IBGE, IPLANCE/IPGCE, SETUR, MTUR e etc.),

catalogamos informações e registros cartográficos com intuito de desenvolver

uma fundamentação teórica que se detivesse em leituras e análises que

procurassem integrar a paisagem ambiental, fundamentada na ecologia da

paisagem e paisagem cultural, em uma perspectiva dialética, desenvolvendo

uma pesquisa participativa e dialógica.

Desenvolvemos para isso, análises setoriais, estudando os

componentes geo-ambientais, culturais e socioeconômicos, assim como

análise integrada/síntese, com estudos das paisagens naturais e culturais,

unidades e feições paisagísticas, interpretação dos planos de Gestão turística –

PRODETUR’s, Planos Diretores, PAT’s, Planos de Requalificação urbana.

Para chegar ao resultado analítico desta fase inicial, as leituras

literárias foram essenciais, pois a bibliografia permitiu uma análise teórica

conceitual do turismo no Brasil e no mundo, onde se definiu a linha de

pensamento de acordo com a realidade regional. Em seguida, foi feita uma

pequena analise histórica, a fim de, conhecer a região e identificar sua

identidade histórica cultural. Neste mesmo sentido, foram surgindo às vocações

(20)

imprescindível a visita aos municípios que, segundo analise tivessem vocações

e/ou possibilidades para turismo regional. Esses municípios foram: Araripe,

Assaré, Crato, Barbalha, Brejo Santo, Campos Sales, Caririaçú, Jardim,

Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda, Santana do Cariri. Totalizando

doze municípios, que estão integrados no Fórum de Turismo do Cariri.

Mediante isto, foi necessário um levantamento de dados turísticos e imagens, a

fim de ilustrar melhor o potencial da região e suas vocações, e discutir algumas

irrealidades.

O final desta primeira etapa, resultou em uma leitura da realidade

turística atual, com a construção de um diagnóstico do turismo no Cariri

(potencialidades e atrativos turísticos), seus problemas (degradação, falta de

políticas públicas) e limitações (legais, técnicas, financeiras, institucionais).

A segunda etapa, trata-se de uma fase propositiva, onde se

procurou apontar alternativas técnicas, institucionais, sugestões de políticas

públicas, para o setor público e publico, assim como, alternativas comunitárias

(mapa de propostas), onde resultou em um Plano de Gestão Turística

Regional, com a formulação de propostas para um melhor desenvolvimento

turístico regional, baseado no desenvolvimento local, sustentável e integrado,

pautado na educação ambiental, que representa hoje um instrumento essencial

para superar os atuais impasses da nossa sociedade. Pois, a relação entre

meio ambiente e a sociedade têm sido uma temática preocupante para todas

as comunidades mundiais.

Com isso, essas preocupações vêem fortalecer a importância de

garantir padrões ambientais adequados e estimular a cidadania e respeito,

centrada no exercício e na reformulação de valores éticos e morais, individuais

e coletivos, numa perspectiva orientada para o desenvolvimento sustentável,

que torne ambientalmente viável a prática do turismo com responsabilidade

(21)

CAPÍTULO I

(22)

1. A UTILIZAÇÃO DA DIALÉTICA COMO ÁNALISE DE PESQUISA SOBRE A PRODUÇÃO DO ESPAÇO TURÍSTICO

1.1 EPISTEMOLOGIA E HISTÓRIA DOS “MÉTODOS” NA PESQUISA CIENTÍFICA

Conhecer diferentes métodos é de suma importância para a

formação do pensamento geográfico, assim como para compreensão moderna

do mundo em que vivemos.

O método, que segundo Chauí (2005, p.424), é um instrumento

racional para adquirir ou verificar conhecimentos, e que para George (1972,

p.18) cada método usado nas pesquisas geográficas está dotado de ideologias

e posições epistemológicas, onde cada objeto estudado merece um método

adequado pelo pesquisador. A negação ou aversão de correntes

teórico-metodológicas envolve diversos fatores, que estão ligados pelas ideologias que

cercam os pesquisadores.

Desta forma, uma análise das visões de mundo que guiaram os

estudos científicos na humanidade, nos ajudará na compreensão dos métodos¹

empregados nas pesquisas científicas em geral e especificamente na

geografia, enriquecendo o debate epistemológico e os rumos

teórico-metodológicos do pensamento geográfico. A análise histórica dos métodos,

que podem ser utilizados no estudo da Geografia e da produção do espaço

geográfico, é importante para o contexto atual, em face, da preocupação das

pesquisas geográficas com relação às questões sociais decorrentes ao mau

planejamento dos espaços.

As bases epistemológicas da cultura moderna, foram colocadas

em pauta por Bacon (1561-1626), a partir do século XVII, e com Renê

(23)

1

Bacon, sugeriu com o método indutivo sobre ótica do empirismo,

e Descartes, com o racionalismo. Ambos, buscavam uma nova fundamentação

do conhecimento, só que por caminhos distintos.

Descartes na Obra “Discurso do Método”, nos coloca as principais

regras do método que pesquisou: a primeira, é de que, nunca deve-se aceitar

coisa alguma como verdadeira que não se conheça. A segunda, dividir cada

uma das dificuldades que se analise, em tantas parcelas quantas forem

necessárias, para melhor resolvê-las. A terceira, conduzir os pensamentos,

começando pelos objetivos mais simples e mais fácies de conhecer, para

elevar-se pouco à pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais

compostos. E uma quarta, elaborar em toda parte enumerações tão completas

e revisões tão gerais, para se ter certeza de que nada se omitiu. Assim para

Descartes, para conhecê-las, teria necessidade algumas vezes de

considerá-las cada uma deconsiderá-las em particular e, outras vezes, somente de reter ou de

compreender várias em conjunto.

Com o método criado, Descartes relata que, este possui uma rega

moral para que possa atingir seu objetivo total, onde divide essa regra em

quatro máximas, onde fala de leis, religião, caminho reto e fidelidade ao

pensamento, desta forma, nos coloca que não se deve aceitar as coisas logo

de principio como verdadeiras, e assim, ele começa com a negação de tudo

que existe.

enquanto eu queria pensar assim que tudo era falso, convinha necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. Ao notar que esta verdade, penso, logo existo, era tão sólida e tão correta que, todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de abalá-la, julguei que podia acatá-la sem escrúpulo, como o primeiro princípio da filosofia que eu procurava. (DESCARTES, 1983, p.57).

Segundo Falcão (2008, p.19,21), foi com Descartes que a

concepção de mundo orgânico foi substituída pela perspectiva disjuntiva,

havendo uma separação conceitual entre natureza e sociedade, em que a

(24)

natureza passou a ser objeto e o homem sujeito. Assim, “o grande movimento

do século XVII substituiu o dogma e a tradição pelo humanismo e o progresso

social”. A partir do Renascimento, a evolução do conhecimento científico

caracterizou-se por um empirismo crescente, na forma de um conhecimento

como base não dogmática, fundado da compreensão da natureza. Assim,

Descartes seguiu com o empirismo, diferentemente de Bacon, mas com o

mesmo objetivo e com a mesma insatisfação em relação ao autoritarismo e ao

dogmatismo que o projeto científico assumiu, e que existia uma verdade no

mundo da natureza.

Porém, essa verdade absoluta de mundo não existiu, assim como

o não-dogmatismo de Descartes, pois nas suas máximas morais deixa bem

claro sua religiosidade e compromisso com ela.

Segundo Capra (2006), inclui a crença que o método científico é a

única abordagem válida do conhecimento, e para as décadas mais recentes,

conclui-se que todas essas idéias e esses valores, estão seriamente limitados

e necessitam de uma visão radical.

A visão mecanicista própria da época, fundamentada na física

newtoniana, talvez tenha sido o grande percalço do método de Descarte e

Bacon, pois o todo se perde nessa fragmentação de mundo, e as partes na

fragmentação, perdem a essência do todo. Ainda Capra (2006), nos coloca que

no mecanicismo, “a matéria era a base de toda a existência, e o mundo

material era visto como uma profusão de objetos separados, montados numa

gigantesca máquina.” Essa visão de mundo, também conhecida como

reducionismo, ficou tão marcada em nossa cultura, que é ainda, comparada

com o método científico, e assim, “outras ciências aceitaram o ponto de vista

mecanicista e reducionista da física clássica, como a redução correta da

realidade, adotando-os como modelos para suas próprias teorias.” (CAPRA,

2006).

No século XVIII, surge Kant, que segundo Veiga (1998), vem

reunindo o racionalismo de Descartes e o empirismo de Bacon, dando início a

Filosofia Transcendental, conhecida em sua obra Crítica da Razão Pura, onde

define “Denomino transcendental todo o conhecimento que em geral se ocupa

não tanto como objetivos, mas com o nosso modo de conhecer os objetivos na

(25)

conhecimento do próprio conhecimento e, conseqüentemente, uma resposta

para a questão de como as coisas podem ser sabidas.

Surge então, a tradição filosófica alemã, a consciência inaugurada por Kant, baseada na constituição do saber e do objeto, representado os temas principais da tradição transcendental como filosofia teórica, e também, na concepção fenomenológica que foi defendida logo depois por Edmund Hesserl (VEIGA,1998. p.123)

No início do Século XX, uma nova visão de mundo surge,

divergindo com o racionalismo frio do Iluminismo, que revela claramente as

limitações de visão de um mundo mecanicista. Essa nova visão é conhecida

como o materialismo histórico dialético, que segundo Capra (2006), veio com

Marx, onde “as raízes da evolução social não se situam numa mudança de

idéias ou valores, mas nos fatos econômicos e tecnológicos. A dinâmica da

mudança é a de uma interação ‘dialética’ de opostos decorrentes de

contradições que são intrínsecas a todas as coisas.” Essa concepção marxista,

é retirada da filosofia e Hegel.

Ainda que a dialética de Marx traga luz ao debate, algumas visões

de mundo e métodos científicos, não concordam com Marx a respeito de que o

progresso histórico e a evolução social, só se realize através e exclusivamente

da luta de classe e da revolução armada, apesar de darem crédito a queda

desse mundo cartesiano.

2

A visão sistêmica, nos oportuniza uma compreensão mais ampla

e mais completa de um mundo globalizado, que, não consegue ser explicado

por visões reducionistas e limitadas. Segundo Capra (2006), o mundo

acadêmico, muitas vezes, não consegue ter uma visão ampla da realidade, e a

visão que tem, são inadequadas para enfrentar os principais problemas de

nosso tempo. Esses problemas, são sistêmicos, o que significa que estão

intimamente interligados e não são bem compreendidos no âmbito da

metodologia fragmentada.

Segundo Alves e Ferreira (2007), o conhecimento geográfico é

uma construção através das pesquisas e discussões, por meio de diferentes

teorias e métodos, nas quais se ajustam de acordo com a situação política

(26)

vigente, interesses e visão do pesquisador, criando uma diversidade

teórico-metodológica. Isso é, fundamental para o enriquecimento do pensamento

geográfico e a compreensão detalhada de cada método, traz a luz assim, as

contribuições e as perspectivas epistemológicas da geografia.

Assim, na filosofia¹ segundo Falcão (2007, p.16), encontraremos

os fundamentos epistemológicos centrados no objetivo da formação do

conhecimento em geral, em que o indivíduo e a sociedade são pensados em

relação dialética. A reflexão filosófica, tem por característica fundamental as

perguntas originárias do que é, do como é, e do por que é, buscando o

“desnivelamento” da realidade. Seu nascimento, na Grécia marcou o começo

do pensamento científico.

3

Filosofia e ciência, foram entendidas como uma coisa só, pois os

primeiros filósofos tentaram olhar o mundo por meio de uma perspectiva mais

científica e mais humana, dando origem a uma nova forma de reflexão sobre a

natureza, os homens e o universo, quebrando o sentido místico-religioso, ainda

muito forte na época, dando início ao distanciamento (dissociação) da natureza

e do homem. “A Filosofia ensina a falar com coerência de todas as coisas e de

se fazer admirar por aqueles que possuem menos erudição” (DESCARTES,

1983).

1.2. A CONSTRUÇÃO DO SABER DIALÉTICO.

A primeira idéia de construção do saber, podemos perceber em

Platão (429-347 a.C), por um prisma idealista, valorizando o saber abstrato e

englobando a filosofia e a ciência. Para ele, o melhor caminho para o

conhecimento verdadeiro era o que permitia ao pensamento libertar-se do

conhecimento sensível (crenças, opiniões). Utilizava a discussão racional na

forma do diálogo. Esse método era considerado por Platão¹ uma dialética, ou

seja, uma discussão de teses contrárias, de conflito, ou oposição (CHAUÍ,

2005. p.425).

(27)

Para Platão, não se pode passar da escuridão à luz de uma vez só, ou seja, o conhecimento é um processo à algo que deve ser construído (OLIVEIRA, 1996. p.31)

Platão, já se preocupava naquela época que esse conhecimento

deveria ter um fim social e não individual. Para que serve esse saber? Qual a

nossa função na sociedade? 4

Neste contexto, Moraes e Costa (1984), concluem que o primeiro

passo para o geógrafo envolvido em uma pesquisa, é o estudo profundo do

próprio método assumido. As obras clássicas, geradoras da perspectiva em

pauta, deverão ser necessariamente examinadas.

Nesse sentido, procuramos ir à busca da dialética de Platão na

obra clássica Padéia: A Formação do Homem Grego, onde o autor da Obra,

Werner Jarger (1994), nos mostra claramente a dialética de Platão, quando

afirma que para ele ser dialético não basta conhecer a disciplina. Na obra há

várias citações e pensamentos do filósofo em questão, onde podemos ver a

discussão e a eficácia da sua Paidéia dialética.

Em um diálogo escrito poucos anos após a República, Platão produz a sensação de que essa Paidéia Dialética é uma exemplificação desenvolvida da descrição que naquela obra, se faz do que seja a educação filosófica por meio da Paidéia. No fundo, todos os diálogos platônicos, onde se investigam dialeticamente os problemas de tipo mais especial, nos oferecem exemplos, levando o leitor, para que, os siga de modo lógico consciente a compreendê-los com absoluta clareza. (JARGER, 1994.p.910)

5

Jarger (1994), nos coloca também que, nos diálogos de Platão

sobre a trajetória da cultura, põe a descrição da dialética como a capacidade

de prestar e de fazer com que os outros prestem contas. Indica assim, ao

mesmo tempo, qual é a origem dela, que vem efetivamente da descrição

tradicional do velho método socrático¹, para chegar a um entendimento com

outros homens, por meio do diálogo contraditório, a teoria e a arte lógica da

1. Vem de Sócrates, Filósofo grego, amigo e mestre de Platão. ARISTÓRELES,

Metaf.,M4, 1078 b 25, apud JAER. Tem consciência, sem dúvida, de que a dialética

(28)

dialética de Platão. Nesse sentido, “aquele que abraça a dialética como a

verdadeira via do conhecimento se esforça por atingi-lo pelo pensamento, sem

que neste, as percepções se misturem à essência de cada coisa; e não deve

descansar até captar pelo pensamento o próprio Bem, o que ele é.” Como a luz

do sol, fonte de luz que chega á iluminar o mundo, a dialética ilumina as

consciências, e a ciência.

Para Platão, o caráter da dialética, só se pode determinar se for

relacionado como os demais tipos do saber humano. Há varias maneiras de

abordar metodicamente o problema, quando se quer chegar a compreender as

coisas e a sua essência. As chamadas disciplinas empíricas, têm relação com

as opiniões e anseios dos homens e servem para produzir algum objeto ou

para cuidar do que provém da natureza ou é criado pelo artifício do homem.

Assim, a dialética é a ciência que revoga as premissas de todos os demais

tipos do saber e dirige lentamente para o alto os olhos da alma, mergulhados

da barbárie. É o sentido da proporção entre as faces do Ser e do Conhecer,

com as quais Platão ilustrava anteriormente este objetivo da sua Paidéia: o

pensamento está para as opiniões como o Ser está para o Devir; e o

verdadeiro saber, o dialético, é o homem que compreende a essência de cada

coisa e sabe dar conta dela. A verdadeira força desta paídea que ensina a

perguntar e a responder cientificamente, é perfeito estado de vigilância que

instala na consciência. Assim, quem não a possuir não faz mais do que sonhar

na vida, e antes de despertar nesta vida já entrou no sono eterno de Hades.

Dentro do sistema das ciências, a dialética é a fronteira que delimita o saber

humano e exclui a possibilidade de acrescentar outro saber superiora a ela. O

conhecimento do sentido, é a meta final do conhecimento do Ser. (JAEGER,

1994. p.913,914).

1.3. A DIALÉTICA E O ESTUDO DO ESPAÇO TURÍSTICO NO CARIRI –

MÉTODO APLICATIVO.

A visão mecanicista talvez tenha sido o grande percalço para uma

construção de um mundo mais integrado e interligado. A ciência cartesiana

(29)

teórica e metódica, relacionada ao campo epistemológico da pesquisa no

âmbito da produção do espaço turístico, assim, esta pesquisa, afim de não só

justificar a amplitude da dialética, usou de uma metodologia mais integrativa

que possibilitou o estudo do objeto, como expressões práticas do saber

dialético.

Esse saber dialético, nos coloca uma visão “tridimensional” do

espaço turístico no Cariri, através da historicidade percebida nesse espaço que

representa um mundo objetivo e subjetivo, quando manifesta fenômenos da

realidade vivida, e se apresenta nos revelando conceitos diversos sobre a

realidade do sujeito e do objeto no espaço. Segundo Moesch (2000, p.134), os

conceitos pelos quais o homem reflete a realidade ambiente, devem ser

igualmente, interdependentes ligados uns aos outros, móveis, e

transformando-se em transformando-seus contrários, refletindo assim, a situação real das coisas.

Dessa forma, entende-se a metodologia como um caminho para a

elaboração de um conhecimento mais rigoroso, fundamentado na visão de

mundo do pesquisador, e assim, este trabalho procurou contextualizar a

Região do Cariri cearense, no movimento dialético das relações entre

sociedade, cultura e natureza no processo de produção do espaço turístico.

A fim de produzir esta análise, utilizou-se de uma revisão

bibliográfica com estudos/diagnósticos, arquivos, fontes de censos,

informações e registros cartográficos, desenvolveu-se uma fundamentação

teórica no detrimento em leituras e análises que procuraram integrar a

paisagem ambiental, fundamentada na ecologia da paisagem e paisagem

cultural, em uma perspectiva transdisciplinar, desenvolvendo assim, uma

pesquisa participativa e dialógica.

A idéia da multidisciplinaridade da ecologia da paisagem, sugere

uma nova perspectiva que valoriza a questão ambiental, rompendo fronteiras

padronizadas, dedicando-se às características, aos estudos e aos processos

dos elementos da natureza e da sociedade, além de oferecer subsídios

metodológicos e procedimentos técnicos de investigação na procura de ampliar

a análise sobre o meio natural, cultural e social. (Rodrigues, 2007)

Analisamos assim, o processo complexo da relação do

desenvolvimento urbano, do turismo e do meio ambiente, que atua na

(30)

principalmente as interferências das políticas desenvolvimentistas na produção

do espaço, com análises setoriais e seus componentes geosocioambientais,

naturais e sócioeconômicos; análises integrada/síntese e suas paisagens

naturais e culturais, unidades de conservação e feições paisagísticas.

No sentido de compreender o processo de formação

sócio-territorial da região e a institucionalização da gestão urbana e seus reflexos até

os dias atuais, bem como, entender os impasses das políticas ambientais

relatando de forma sucinta o processo histórico de produção regional e seu

desenvolvimento turístico, utilizamos interpretações de planos de gestão

turística, como o relatório da APA ARARIPE (Área de Proteção Ambiental do

Araripe) para uma análise regional, assim como, trabalho de campo, visitas

constantes aos municípios da área delimitada, acompanhando também, toda

dinâmica do Fórum de Turismo e Cultura do Cariri, para uma análise mais

local. A fim de, produzirmos uma leitura da realidade turística atual, pautada

nas paisagens naturais e culturais, que pudesse resultar em um diagnóstico do

turismo no Cariri, relatando suas potencialidades (atrativos turísticos,

paisagísticos, naturais, manifestações culturais e etc.), seus problemas

(degradações ambientais, aculturação, falta de políticas públicas e etc.), assim

como suas limitações (legais, técnicas, financeiras e institucionais). Assim feito,

partimos para uma fase propositiva, onde identificando alternativas técnicas,

institucionais e comunitárias, dentro de um plano de gestão turística para a

tegião, com um capítulo conclusivo (V – O Cariri como um lugar turístico:

(31)

CAPÍTULO II

(32)

2. HISTÓRIA DO TURISM O E SUA SEGM ENTAÇÃO E DESEGM ENTAÇÃO

Discutir hoje o turismo no Brasil é de imensurável importância já

que este fenômeno vem tendo repercussões globais, passando pelo âmbito

econômico, político, social e cultural. Os efeitos do turismo demandam

urgência e seriedade nas pesquisas, particularmente nos países de economia

periférica, localizados no mundo intertropical, com praias paradisíacas e

reservas naturais quantitativa e qualitativamente reconhecidas como patrimônio

mundial. (RODRIGUES, 1997)

Na mesma proporção, é urgente estudarmos o surgimento assim

como, a dimensão deste fenômeno denominado turismo, tão importante para o

desenvolvimento local e integrado. É necessário um novo direcionamento para

que ele realmente se faça voltado à melhoria da qualidade de vida das

localidades que apresentam características peculiares, que vão desde suas

reservas naturais à culturas diversas (culinária, artesanato, grupos de tradição

e etc.)

Porém, para falarmos sobre o surgimento da atividade turística, é

necessário defini-la nos dias de hoje, mesmo que muitas vezes essas

definições não condigam com a realidade local. Contudo, é a partir delas que

as instituições desenvolvem suas pesquisas e seus dados estatísticos.

De La Torre (1992), conceitua o turismo dizendo que ele é um

fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de

indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de

recreação, descanso, cultura, saúde ou afins, saem do seu local de residência

habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem

remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica

e cultural

Segundo a Organização Mundial de Turismo:

(33)

Mas, é importante que seja esclarecido as diferenças e

apropriações dos espaços, dependendo da modalidade, que segundo Rita de

Cássia Cruz (2000), o turismo é em essência uma prática social, agregada ao

mercado, que tem o espaço como seu principal objeto de consumo e em

decorrência dessa característica intrínseca, requer a adaptação dos territórios e

suas demandas materiais e imateriais.

Contudo, os registros sobre o início da atividade do turismo, nos

esclarece a dinâmica espacial desta atividade, assim como, sua adaptação e

segregação territorial.

Os primeiros registros dessa atividade apresentam datas do

século XV, onde mostra que vários foram os motivos que levaram o homem a

se deslocar para outras áreas, entre elas, estão os motivos vinculados a

religião, caça, comércio, e educação. Mas, o que permitiu realmente o

crescimento do turismo foram o desenvolvimento industrial e as inovações

tecnológicas, marcados pelos períodos modernos e pós-modernos. Durante

esses períodos, a atividade de turismo cresceu significativamente, tornando-se

um fenômeno industrial (LICKORISH & JENKINS, 2000).

Historicamente, o que existe registrado é que o turismo teve início

na Roma Imperial, onde existia um padrão amplo de infra-estrutura para as

viagens, propiciado por dois séculos de paz. As viagens eram percursos que

envolviam desde as muralhas de Adriano até a de Eufrates e permitiam aos

habitantes das cidades, cansados de uma vida pacata, e que estavam sempre

à procura de algo que os iludissem e os motivassem. Do século XV até o XVII,

existiram as excursões organizadas, que iam de Veneza a Terra Santa, e que

eram consideradas como o fenômeno das peregrinações. Havia, para tanto, as

hospedarias de viagens, mantidas por religiosos (RODRIGUES, 2001).

Segundo Urry (1999), no final do século XVII e seguindo pelo

século XVIII, além das viagens, iniciou-se o Gran Tour Clássico.

(34)

Pode-se dizer então que, o Gran Tour foi uma evolução da

indústria do turismo, permitido pelo capitalismo e os primeiros sinais de

crescimento industrial e inovações tecnológicas, citados por Amato (2000). Da

referida evolução, acarretou a transição da produção artesanal para a

manufatura. Naquela época, nasceu a primeira indústria doméstica na

Inglaterra e posteriormente, em função de seu crescimento e deficiências

gerenciais, foram substituídas pelas primeiras fábricas.

Decorrente do surgimento dessas fábricas, houve um aumento de

riqueza que, por sua vez, afetou o modo de vida da população que passara a

ter interesse por viagens para outros países, principalmente em busca de

educação, comércio e saúde. A busca por serviços de saúde, resultou nos

serviços oferecidos primeiro em balneários e, depois, em áreas litorâneas, pois

as águas do mar faziam bem para a saúde, segundo pesquisas da época. No

século XVIII, atendia-se aos filhos da classe média profissional, com interesses

tanto em conhecer novas paisagens, quanto como vivência de valores culturais

diversos.

No final do século XIX, em função de novas dificuldades

gerenciais, como manter os lucros por causa da concorrência, limites para

intensificar o dia de trabalho, e a ameaça de salários reais para mulheres e

crianças, ocorreram mudanças na forma de produção, e foram introduzidas as

máquinas em substituição à mão-de-obra, dando início à era da maquinofatura

e da produção em massa.

Amato (2000) comenta que, no século XIX, aconteceu uma

revolução técnico-científica nos campos da eletricidade, do aço, do petróleo e

do motor de explosão, além da expansão econômica e a instalação da primeira

ferrovia, que resultaram em mais empregos e mais rendas, especificamente no

caso das classes trabalhadoras das indústrias do norte da Inglaterra. Além

desses fatores, os meios de transportes, como trens e navios a vapor,

passaram a ser vistos como oportunidades de viagens, viabilizando grandes

deslocamentos, dando início ao turismo de massa, marcado pelos balneários

espalhados por toda Europa.

Em função disso, houve uma alavancagem no turismo e,

especificamente em 1841, onde foram lançados os primeiros pacotes turísticos,

(35)

onde, o produto turístico baseado no conceito fordista de padronização,

representado pelos acampamentos que oferecia recreações educacionais,

exercícios físicos, artesanato, formação musical, excursões e férias no campo,

inclusive para crianças.

Os industriais perceberam que, férias oferecidas aos

trabalhadores, aumentavam a eficiência nas indústrias e adotaram tal

procedimento como estratégia. Essa novidade, levou ao desenvolvimento de

“resorts”, indústrias de viagens, infra-estrutura de acomodações e uma

expansão na capacidade dos transportes e no movimento de tráfego, mesmo

com certo atraso e incertezas. Esse movimento se estendeu da Europa até a

América do Norte.

No entanto, já no inicio do século XX, o crescimento dos serviços

de transporte foi interrompido pela Primeira Guerra Mundial. Amato (2000),

comenta que, é justamente nesses momentos de crises e incertezas que se

criam os elementos necessários para acontecer transformações estruturais nos

diversos campos da ciência, da tecnologia, do comportamento e da sociedade.

Foi exatamente o que aconteceu com o turismo, que, inesperadamente, teve

seus resultados positivos para a prestação de seus serviços, pois, a guerra

impulsionou a expansão de rodovias, investimentos em aviação e incrementos

na indústria automobilística. Surgiu, então, o turismo social, que acompanhado

de novidades como férias pagas, começou a oferecer atividades de lazer,

campings, albergues, transportes baratos e turismo em ônibus fretados.

Novamente, ocorreu uma parada na evolução do turismo, agora

marcado pela Depressão de 1930 e, finalmente, pela Segunda Guerra Mundial,

de 1939 a 1945. Aquela foi a época do ápice dos balneários. Terminado este

período, teve início mais uma decolagem do turismo em função da revolução

tecnológica e revolução industrial, que oportunizou novamente uma aceleração

na geração de renda, o que por sua vez, acarretou em mais mudanças na

sociedade.

As rendas extras dos países ricos, passaram a ser gastas com

luxo e serviços oferecidos por hotéis, transportadoras, agências de viagem e

operadoras de turismo.

Aliado às novidades tecnológicas nos transportes, surgiram os

(36)

televisão, por exemplo, fizeram com que o turismo se expandisse rapidamente,

principalmente nos países ricos, cujos habitantes se interessaram e

começaram a viajar mais e preferencialmente em aviões. A mídia proporcionou

aos turistas, imagens que permitiram a eles selecionar e avaliar os lugares

potenciais para visitas. As classes mais baixas da sociedade, passaram

também a se interessar pelo turismo e demandaram outras modalidades, como

o turismo desportivo e campings. Instituições especializadas, em resposta a

esta demanda, se desenvolveram e passaram a prestar estes serviços. Em

decorrência da percepção da divisão dessas duas classes, teve início o que se

chama hoje de segmentação do mercado turístico.

Segundo Womack (1992), a partir dos anos 1950, iniciou o

declínio da era fordista, representado pelas grandes empresas verticalizadas

de produção em massa, por várias razões, como trabalho repetitivo que

resultou na insatisfação da força de trabalho; consumidores que passaram a

demandar algo mais e não apenas produtos padronizados; as fábricas, que

eram enormes para serem gerenciadas; e a incapacidade de acompanhar as

mudanças no ambiente externo.

Naquela mesma década, iniciou-se também a queda dos

balneários e do turismo em massa. A queda dos balneários, devido aos custos

de congestionamento, por limites sociais e pela destruição ambiental. E assim,

muitas foram as críticas sobre o turismo em massa, dentre elas, a de que o

turismo em massa é ilusão que destrói os próprios lugares que são visitados

(URRY, 1999).

Com a queda do fordismo, surgiu portanto, a mais nova forma de

produção no Japão, denominada de produção enxuta, segundo Womack

(1992), que acarretou em mais inovações na indústria eletrônica e

automobilística, causando um disparate em relação ao mundo. Em decorrência

desses problemas, mudanças culturais ocorreram, acarretando reestruturações

da atividade turística.

Os turistas nesse período, passaram a demandar não só os

atrativos tradicionais do turismo em massa, como o sol e a areia oferecido nos

balneários, mas também uma paisagem preservada, valorizando o romântico, o

(37)

WOMACK 1992). Surgindo o turismo pós-moderno ou romântico, como diz

Seabra (2001):

Como alternativa às paisagens acinzentadas das fábricas, as pessoas passaram a apreciar a natureza, como as regiões montanhosas e litorâneas. O final do século XVIII e todo o século XIX estão marcados pela busca do descanso em meio natural, como resultado da redução da qualidade de vida na nova sociedade industrial.

Na fase denominada pós-moderna ou pós-fordista, percebeu-se,

que as pessoas têm características e gostos diferentes, pois as paisagens do

campo, do meio rural, passaram a ser a atração para o relaxamento,

principalmente no período do pós-guerra. As pessoas, quando visitavam esses

locais, buscavam resgatar as heranças culturais e históricas, se vestindo com

os trajes tradicionais, realizando dramatizações entre as maquinarias e

equipamentos agrícolas usados antes na agricultura. Com a queda do modelo

rígido fordista, marcado pelas grandes indústrias, muitas dessas indústrias

passaram a ser atrativo turístico, também onde os turistas imaginavam as vidas

dos trabalhadores heróicos nas minas de carvão ou nas siderúrgicas (URRY,

1999).

Já no Brasil, o turismo surgiu com maior força a partir da década

de 1970, com o turismo de massa, como uma alternativa viável de

desenvolvimento, geração de emprego e renda.

Naquela época, a indústria do turismo acreditava que o Brasil, por

apresentar um acervo ambiental deslumbrante, bastaria para satisfazer a todas

as exigências do mercado internacional (ZIMMERMANN, 1996). Porém, essa

crença era pura ilusão, pois, mesmo apresentando esse vasto acervo

ambiental, de hábitos, culturas e tradições, os turistas continuavam a viajar

para outros lugares do mundo, buscando não apenas um dia ensolarado, mas

também serviços profissionais competentes a um custo razoável.

Em decorrência dessa visão, o modelo da década de 1970

fracassou, devido à falta de profissionalização e às crises econômicas, além da

inexistência de três fatores essenciais para um desenvolvimento harmônico e

sustentável do turismo: preservação do meio ambiente natural e cultural,

consciência da importância dos programas de qualidade na prestação de

(38)

qualificada em todos os níveis e nos diversos segmentos de lazer e turismo

(REJOWSKI, 1996).

Na tentativa de superar esses erros, vários atores do setor

público, privado e também da comunidade começaram a analisar que deveriam

investir mais em profissionalização, assim como, na preservação ambiental e

cultural, de forma a garantir a satisfação dos turistas e do lugar, garantindo a

sustentabilidade da atividade e a competitividade da indústria do turismo e a

conservação do meio ambiente. Reportando a hoje, muita coisa foi feita,

porém, ainda exista uma grande carência no que diz respeito a infra estrutura

das regiões turísticas, e qualidade ambiental dessas regiões, onde a prática

ainda é mínima por parte desses setores “responsáveis e omissos” da atividade

turística.

Segundo Seabra (2001), a partir da primeira metade da década

de 1990, o Brasil começa a ter um verdadeiro declive em relação ao turismo,

devido ao declínio da imagem do Brasil no exterior, em decorrência da falta de

infra-estrutura, alta criminalidade, turismo sexual, prostituição, epidemias,

elevados preços de transporte e hospedagem, em relação a outros destinos da

América Latina, assim como, redução dos investimentos governamentais no

marketing turístico.

Somente a partir da segunda metade da década de 1990, com a

criação do Programa de Ação para o Desenvolvimento Turístico do Nordeste

(PRODETUR), com instalações de grandes complexos hoteleiros é que esse

quadro foi mudando. Porém, não havia preocupação com a populações

residentes próximas a estes megas empreendimentos, muito menos com o

meio ambiente, acarretando assim, uma série de problemas ambientais até

hoje sem soluções.

Segundo Corner (2001), a indústria do turismo de hoje é

constituída por organizações dos setores públicos, privados e ainda pela

comunidade local, que normalmente estão agrupados com o objetivo de

oferecer um produto turístico que satisfaça às necessidades dos turistas em

regiões que apresentam potencial e vocação para o desenvolvimento do

mesmo. Porém, na prática, essas “organizações” compostas por esses setores

(39)

setor, e muitas vezes, o que se vê é apenas uma grande competição entre os

pares e preocupações terceiras, onde deveria existir trabalhos e esforços em

conjunto, gerando competitividade com outros destinos.

Corner (2001), também nos coloca que a competitividade de uma

região turística é o resultado de ações integradas entre governo, setor privado

e comunidades. O governo, exerce papel importante nessa atividade, pois tem

a responsabilidade por boa parte dos serviços, como saúde e segurança;

infra-estrutura, como saneamento básico, rodovias, ferrovias e portos; em formular

políticas públicas; estabelecer condições fiscais e financeiras; e também pelo

planejamento conjunto junto ao setor privado e a comunidade. O setor privado,

tem importante papel quando fornece instalações, atrações, ou seja, fornece

parte da infra-estrutura turística das localidades; e a comunidade fornece

outros atrativos, como os culturais, além da recepção.

Para que o desenvolvimento desses destinos turísticos aconteça,

é necessário que os agentes dos setores públicos, privados e a própria

comunidade trabalhem de forma cooperativa e coordenada para oferecer o

produto turístico de acordo com as necessidades dos visitantes. Na atualidade,

o turismo está indissociavelmente ligado à cultura e ao meio-ambiente, e sem

uma conjugação perfeita com estes setores, está condenado a morrer nestas

localidades, com destruição das mesmas (VIEIRA, 2000).

Vieira (2000), nos coloca também que, anteriormente ao turismo

associava-se a exaltação do meio-ambiente, pela sua virginal beleza e procura

de condições climáticas capazes de aliviarem as doenças pulmonares. Hoje,

depara-se perante nós algo diferente, onde as técnicas terapêuticas evoluíram,

assim como, surgiram novas necessidades, onde o turismo pode ser o meio

mais seguro para as satisfaze-las, como o deleite das belezas naturais, onde

às condições de bem-estar sucedeu a procura de alimento para o espírito,

materializado nos diversos eventos culturais e o convívio entre povos e

tradições.

Contudo, o turismo por si só, é uma atividade que requer

mudanças e assim, é preciso analisá-las. São chamadas de produção e

re-produção espacial, e que não se separam do meio ambiente. Tendo em conta

que a problemática ambiental coloca em destaque a questão do espaço, do

(40)

“consome” paisagem/espaço/território, sem aparentemente, “destruir” esses

lugares, o que justificaria apontá-la como sustentável. Contudo, esta atividade

produz territórios, da mesma forma como todas as demais atividades do modo

industrial, e assim, na sua essência é insustentável, já que tem que se levar em

conta, que toda produção é ao mesmo tempo destruição, ou seja, trata-se da

chamada produção destrutiva. (RODRIGUES, 1997)

Portanto, é preciso considerar a questão da sustentabilidade na

produção sócio-espacial onde se insere a atividade turística, e a partir destas

questões e do conhecimento sobre esta atividade, talvez possamos discutir

formas alternativas de gestão, onde os atores sociais passem a ter uma maior

preocupação com os destinos do seu lugar. E assim, não deixar apenas que o

lugar seja transformado em símbolo e posteriormente em mercadoria a ser

vendida.

É preciso que o turismo e suas atividades transformem-se

efetivamente em uma pratica social, com bases culturais fortes e

potencialidades pensadas em alternativas de lazer também local e não apenas

em consumo para o turismo. O lugar turístico tem que ter base cultural,

memória e identidade local, não havendo, corre riscos de tornar-se um lugar

igual a qualquer outro no mundo.

Uma sociedade que não tem memória, identidade e respeito para com sua cidade, é uma sociedade infeliz. A “alma” de uma cidade está em cada um de seus habitantes, que devem contribuir para que sua cidade consiga respirar, progredir, existir e se tornar o “lócus” da vida do cidadão.

(LENER,1996, p 74).

Assim sendo, é necessário que a sociedade se manifeste e

procure produzir um lugar onde ela própria tenha atuação efetiva na produção

de um espaço com qualidade de vida para seus habitantes. Há que resgatar, o

chamado desenvolvimento à escala humana, ou seja, relativo às possibilidades

do lugar, partindo-se do ideário de Milton Santos, quando afirma que o mundo

é um conjunto de possibilidades, “ali onde a tribo descobre que não é isolada,

nem pode estar só” (SANTOS,1994).

Na nossa pesquisa, seguimos um detalhamento sobre as

tendências do turismo e suas ramificações, chamada muitas vezes de

Imagem

Figura 01: Mirante do Preá: Floresta Nacional do Araripe,  Crato – CE (foto: Augusto Pessoa, cedido pelo SEBRAE/Cariri)
Figura 03: Agrofloresta do Sr. José Artur, em Nova Olinda CE (foto: Luciana Lacerda)
Figura 05: Geopark Araripe - Mina de Calcário, em Nova Olinda (Luciana Lacerda)
Figura 07: Procissão de Nossa Senhora da Candeias,   Juazeiro do Norte – CE (foto: Cícero Valério)
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Referências

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