Night noise impact caused by commercial establishments: Case study avenue Dr. Antonio Gomes de Barros, Maceió-AL

Environmental Acoustics and Noise Community: FIA2016-62

Night noise impact caused by commercial

establishments: Case study avenue Dr. Antonio

Gomes de Barros, Maceió-AL

(a)

UFAL, Brazil, bi.pontes@hotmail.com (b)

UFAL, Brazil, mloiticica@hotmail.com

Abstract

The disorderly growth of cities result in problems on vehicular traffic and uses and occupations of buildings, factors related to urban noise. In the absence of environmental supervision, the buildings are modified and become increasingly trades of evening entertainment, without previous studying of the impacts caused to the region by them and by the generated traffic. Jatiúca district is one of three major targets of complaints registered by the Municipal Department of Environmental Protection, which the majority of cases are related to the noise pollution. Among the records, bars and restaurants are as the two major causes of noise discomfort. Thus, this study aims to evaluate the noise impact caused by night establishments in a residential predominance area and divided into 29 evaluation points. The methodology applied included data collection of: uses and occupations, photography, sound pressure level, vehicle light and heavy traffic, and night commercial establishments contained in the region with days and hours of operation and characterization of sound instruments used for the public’s entertainment. In data analysis raised was found sound pressure level values above 50dB(A) than is recommended by the standard. This value is double the indicated to the region, worrying factor for the health of the community. The high rates found come from commercial fixed sources and engine traffic or from the inappropriate use of speakers coupled in vehicles. So, all make us take the knowledge that the inspection on the acoustics of the cities should be done regularly and not only through community complaints, since the source causing noise can be mobile and individual.

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Impacto sonoro ocasionado por estabelecimentos

comerciais noturnos: Estudo de caso da Avenida Dr.

Antonio Gomes de Barros, Maceió-AL

1 Introdução

Dentre as divisões do conforto ambiental, a acústica é de extrema importância para a qualidade de vida do ser humano, visto que condições básicas de isolamento do ruído podem prevenir níveis de estresse e doenças causadas ao organismo. O crescimento das cidades e a falta de planejamento urbano são uma das principais causas da incidência da poluição sonora devido ao tráfego rodoviário e a instalação inadequada de pontos comerciais, uma vez que estes estão relacionados ao aumento da população urbana, que necessita de transportes e diversos serviços. O comportamento acústico é por muitas vezes ignorado, quando se observa por exemplo, a presença crescente de estabelecimentos comerciais (farmácias, padarias, bares, restaurantes, etc.) em ambientes de predominância residencial, que não possuem tratamento acústico adequado para o isolamento dos ruídos por ele gerados, trazendo consequências notáveis à saúde sonora social e principalmente para os moradores do local.

O constante conflito encontrado entre o funcionamento de estabelecimentos comerciais noturnos em Maceió instalados em zonas predominantemente residenciais, principalmente nos bairros da orla marítima, propicia uma problemática relativa à poluição sonora e a salubridade desses locais. A área estudada faz ligação direta entre uma movimentada avenida da cidade e a orla marítima, que rapidamente desenvolveu um grande número de edificações direcionados ao lazer e entretenimento da comunidade, assim como um grande fluxo de veículos na região. Neste estudo, a inserção de comércios, principalmente destinados à área gastronômica e entretenimento, está se desenvolvendo de forma acelerada na Av. Dr. Antonio Gomes de Barros, acarretando um aumento da poluição sonora local e sendo alvo de diversas queixas relacionadas ao ruído produzido por tais locais. Este tipo de edificação se comporta como gerador de ruído, tanto pela música ambiente, presente na maioria deles, quanto pelo fluxo de veículos que se acumula no local. Isto é fator de incômodo constante para a população residente nos arredores desses estabelecimentos, que é obrigada a conviver com fontes ruidosas mesmo nos horários de sono e repouso, e se encontra constantemente exposta à prolongadas atividades ruidosas, comprometendo sua salubridade e qualidade de vida.

2 A Cidade de Maceió

3 isto se deve à sua proximidade com a orla marítima e à presença diversa de serviços e a infraestrutura que estes oferecem, consolidando a presença de moradores e consumidores e caracterizando a supervalorização dos terrenos da região.

Fonte: (Pontes, 2015)

Figura 1: Esquema de localização da Área em Estudo: mapa do Brasil com destaque para o Estado de Alagoas e a capital Maceió com marcação do bairro Jatiúca com destaque para a Av.

Dr. Antônio Gomes de Barros e entorno imediato.

Alencar et al. [2] realizou um levantamento dos dados relacionados à poluição ambiental registrados pela Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente de Maceió (SEMPMA) nos anos de 2011 e 2012. Os registros demonstraram que a maior parte das denúncias documentadas foram relativas à Poluição Sonora: 37% em 2011 e 26% das denúncias em 2012, sendo o bairro Jatiúca o segundo com maior número de denúncias relacionadas a estas atividades. As informações também evidenciam dados equivalentes às fontes emissoras da poluição sonora, nos quais têm-se bares e restaurantes como os segundos maiores poluentes, com registros de 25% e 24% das denúncias em 2011 e 2012, respectivamente. É visto ainda que não há dados referentes à averiguação das denúncias por parte da SEMPMA, tornando evidente a ausência de rigor na fiscalização dos poluentes sonoros da cidade e por conseguinte, a não aplicação dos padrões de conforto acústico nos estabelecimentos.

3 Diretrizes e Normas Técnicas de Desempenho Acústico

4 Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) [5], "o limite sonoro considerado tolerável ao ouvido humano encontra-se na faixa de 65dB(A)", destacando que pessoas expostas a valores acima deste índice podem apresentar estresse ao organismo, aumento do risco de doenças, problemas auditivos, infarto e anestesia por endorfina. Deve-se aceitar 65dB(A) como o nível de ruído máximo para níveis de conforto acústico do indivíduo e valores a partir de 85dB(A) como sendo o limite de nível de insalubridade dos mesmos (riscos de danos auditivos).

A NBR 10151, ABNT [6] especifica que o método de avaliação de ruído deve ser aplicado através de medições do Nível de Pressão Sonora Equivalente (LAeq) em decibels ponderados

em A, chamado dB(A). Ela estabelece também o Nível Critério de Avaliação (NCA) para ambientes externos, relacionando os valores com o uso do solo e atividades em funcionamento. Sendo que, em áreas mistas de predominância residencial (area de estudo deste trabalho) deve-se tolerar valores até 55 dB(A) a nível diurno e 50 dB(A) a nível noturno.

4 Procedimentos Metodológicos

A seleção da área de estudo foi feita com base na problemática ruidosa existente no bairro Jatiúca. A Av. Dr. Antonio Gomes de Barros e seu entorno possuem grande quantidade de fluxo automotor e concentração de estabelecimentos com atividades noturnas que podem portar-se como fonte ruidosa. A avenida é responsável por relevante ligação com o Maceió Shopping e a orla marítima, a via tem aproximadamente 1,83 Km, possui um corredor arborizado e conta com 55,5 hectares (levando-se em consideração o entorno imediato selecionado). A avenida em estudo faz ligação direta com as movimentadas Av. Dona Constança de Góes Monteiro (via de acesso ao Maceió Shopping) e Av. Álvaro Otacílio (principal via da orla marítima maceioense), de modo a ser classificada como uma via coletora de mão dupla (como poucas no bairro), principal motivo de possuir um tráfego intenso na maior parte do dia (Figura 2).

Fonte: (Pontes, 2015)

Figura 2: Recorte Maceió-Jatiúca-Área de estudo com identificação e classificação viária

5 View, e verificado in loco durante o período de medição sonora, de modo a ter precisamente a configuração da região no período em que foram realizadas as mensuras. Tais dados subsidiaram a elaboração de um mapa com perfis de uso diferenciados por cor: residencial (amarelo), comercial (vermelho), misto (laranja), institucional/social (rosa), empresarial/serviço (roxo), vazios/em construção (cinza) e comercial diurno e noturno (azul escuro).

Fonte: (Pontes, 2015)

Figura 3: Mapa esquemático dos usos ocupacionais da área em estudo

No levantamento dos comércios foram contados 134 estabelecimentos comerciais, sendo 47 deles destinados ao entretenimento noturno, classificados estabelecendo o período noturno como sendo entre 22h e 7h do dia seguinte. Estes estabelecimentos foram catalogados em fichas considerando horários, dias de funcionamento, presença e tipo de música no ambiente (fonte ruidosa), informações adquiridas através de entrevista no local.

Para o levantamento de dados do Nível de Pressão Sonora (NPS) foi definida uma malha de configuração triangular equilátera com 120m de lado, de modo que os desenhos ocupassem toda a área de estudo de forma bem distribuída (Figura 4). Logo, os pontos para a medição foram marcados nos vértices desta malha triangular e no centro dos lados diagonais dos triângulos, de modo que a maioria destes pontos localizasse-se na avenida principal de estudo; sendo por fim somados 30 pontos ao longo do recorte em questão.

Fonte: (Pontes, 2015)

Figura 4: Mapa esquemático com malha triangular traçada epontos de medição sonora

6 noturna), Domingo (dia com comércios diurnos fechados e noturnos em atividade durante o dia e a noite) e Segunda-feira (dia útil de trabalho e sem atividade comercial noturna). Foram realizadas medições noturnas e diurnas (como parâmetro de comparação de dados sonoros). Para a realização das medições nos pontos, dias e horários definidos, foi utilizado o medidor de pressão sonora da 01 dB, Metravib Solo, Classe 1, sendo utilizados os dados de LAeq na

ponderação A, curva de maior sensibilidade auditiva. O equipamento foi posicionado a uma distância mínima lateral de 2m das edificações e à altura de 4 metros do chão, realizando cada mensura durante intervalos de 5 minutos. E levado em consideração os processos de medição de pressão sonora indicados na NBR 10151, ABNT [6]. Como a área de estudo é extensa e a quantidade de pontos grande, o levantamento precisou ser realizado em duas etapas: pontos de 1 a 15, e pontos de 16 a 30 nos quatro dias consecutivos correspondentes. As duas semanas nas quais foram realizados os levantamentos das medições tinham as mesmas características: semanas sem feriados e/ou eventos. Ressalvando que o Ponto 25 teve de ser descartado da avaliação por questão de segurança, já que houve tentativa de assalto.

Juntamente com os dados acústicos foram também levantadas informações relativas ao tráfego viário local, cuja contagem de veículos leves e pesados (motocicletas, carros, ônibus e caminhões) se deu concomitantemente ao levantamento de dados sonoros em todos os pontos, dias e horários. Já o levantamento fotográfico foi realizado sempre que possível nos dias em que se efetivaram as medições do nível de pressão sonora, porém também houve a necessidade de se voltar depois ao local para finalizar este levantamento, que incluía o arquivamento de fotos dos pontos de medição e dos comércios noturnos.

5 Análise e diagnóstico acústico

Quanto à avaliação dos dados sonoros da área em estudo, primeiramente optou-se por analisar como cada Ponto de Medição se comporta particularmente, então os dados foram sintetizados em 29 fichas descritivas, com cada Ponto de Medição abrangendo um raio de 60m. O valor foi estabelecido por ser o mediano entre a distância de dois pontos. O diagnóstico inicial foi dado por meio da análise das fichas, exemplificado na Figura 5.

7 valores de níveis de pressão sonora, 102,3dB(A), e este surgiu de uma fator que não tinha sido considerado previamente como potencialmente ruidoso, a fonte sonora móvel e individual: um cliente de um carrinho de churrasco com equipamentos sonoros eletrônicos na mala de seu veículo com intensidade alta foi capaz de mudar temporariamente o quadro ruidoso de uma vizinhança em quase 20dB(A) a mais do que o comum nos demais dias e mesmo horário.

Fonte: (Pontes, 2015)

8 Fonte: (Pontes, 2015)

Figura 6: Esquemas ocupacionais e Tabelas de NPS dos Pontos de Medição 04, 05, 9 e 29

Ponto 4

Ponto 5

P19

9 Também houveram locais onde o ambiente urbano foi favorável à qualidade de vida e conforto da comunidade, como nos Pontos 19 e 29 das medições (Figura 6). Estes se mostraram confortáveis acusticamente, mesmo com estabelecimentos comerciais nas redondezas, mantendo-se dentro das médias de níveis de pressão sonora estabelecidas pelas normas. Para melhor avaliação foram elaborados esquemas de mapas representativos com escala de cores que varia de 5 em 5 dB(A) demonstrados na sequência de dias de medições na Figura 7.

Fonte: (Pontes, 2015)

Figura 7: Mapas esquemáticos de distribuição sonora na área em estudo no período noturno

Avaliando os dados acima vê-se que são pouquíssimos os dias e locais que apresentam valores inseridos nos padrões estabelecidos pela Norma Brasileira. Apenas 4 dos 29 pontos computados (13,8%) atendem às exigências da Organização Mundial da Saúde para conforto acústico. Entre os 25 pontos classificados como desconfortáveis para o ser humano, alguns obtiveram valores que extrapolaram até o limite de insalubridade sonora suportável, como os Pontos de 01 a 14, em que algumas médias ultrapassaram 85dB(A), valor estabelecido como limite de insalubridade sonora pela OMS. O Ponto 05 foi aquele com o NPS de intensidade

10 mais alta, com 102,3 dB(A) computado no Sábado à noite, resultado de interferências ocasionadas por uma fonte individual e móvel, comprovando a necessidade de fiscalização, já que não podemos prever o que acontece na cidade. Outro valor noturno alto pôde ser visto no Ponto 14- 97,8 dB(A)- durante a noite de Sábado, ruído causado pela proximidade com cruzamento de vias e vários barezinhos, três deles com apresentações de Cantores/Bandas ao vivo entre 20h e 03h, ocorridas ao mesmo tempo e resultando no aumento do ruído no local. A partir das análises dos pontos, é possível confirmar a hipótese da interferência ruidosa causada pelos estabelecimentos comerciais noturnos, que possuem fontes ruidosas provenientes de apresentações sonoras ao vivo ou mesmo de aparelhos eletrônicos, que acabam interferino no conforto acústico da comunidade.

5 Conclusões

A maioria dos resultados encontrados excedem os valores recomendados pela NBR 10151, de 50dB(A) noturno, com valores que chegaram a 102,3dB(A) e 97,8dB(A) no período noturno, computando 52,3dB(A) e 42,8dB(A) a mais do que os estabelecidos pela norma nacional. Logo, a área estudada caracteriza-se por apresentar ruído urbano ligado ao funcionamento de estabelecimentos comerciais noturnos, visto que os maiores valores encontrados foram durante o período noturno e em locais onde havia bares e/ou restaurantes nas suas proximidades, sejam eles fixos ou móveis, com fonte ruidosa direta ou indireta, porém tornando a configuração urbana insalubre aos moradores das proximidades. Este trabalho demonstra a preocupação que deve haver com o conforto acústico urbano, através do trabalho de arquitetos, ao conceber o projeto de um estabelecimento comercial noturno direcionado ao entretenimento; e dos órgãos governamentais para agir através de fiscalizações rígidas no controle do ruído; de modo a proporcionar conforto acústico ao usuário do estabelecimento e aos moradores das proximidades, cumprindo sua responsabilidade social acerca do conforto da comunidade.

Referências

[1] IBGE, Censo Demográfico 2010. Disponível em: < http://censo2010.ibge.gov.br/>. Brasil, acesso em: 27 de agosto, 2014.

[2] Alencar, B. S.; Alves, A. de S. M.; Oticica, M. L. G. da R. Perfil da Poluição Sonora na Cidade De

Maceió – AL, Em:XII Encontro Nacional de Conforto no Ambiente Construído, Brasília, Brasil, 2013.

[3] Prefeitura Municipal de Maceió, Plano Diretor do Município de Maceió - Lei Municipal Nº 5486. Maceió (Brasil), 2006.

[4] Prefeitura Municipal de Maceió, Código de Posturas do Município de Maceió - Lei nº 3.538/1985. Maceió (Brasil), 1985.

[5] OMS, Organização Mundial da Saúde. Disponível em:

<http://www.who.int/eportuguese/countries/bra/pt/>. Acessado em: Out. 2013.

[6] ABNT, NBR 10151: Acústica–Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade – procedimento, Rio de Janeiro (Brasil), 2000.