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Vieram-me os autos conclusos. É o relatório. Fundamento. Decido. De seu turno, a Magna Carta é expressa ao estabelecer que:

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1 Trata-se de ação civil pública de preceito cominatório c/c pedido de medida cautelar, movida pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, em face de Município de Juara/MT, ambos devidamente qualificados na exordial.

Alega o Ministério Público que, em final de mandato, a Prefeitura Municipal lançou três editais relacionados a processos seletivos para as seguintes contratações: a) edital nº 001/2016 de 04/11/2016 para a contratação de agentes comunitários de saúde e agente de combate a endemias (100 vagas); b) edital nº 002/2016 de 10/10/2016 para a contratação de auxiliar de inspeção; auxiliar de inspeção assistente; auxiliar de inspeção administrativo e auxiliar de inspeção administrativo sênior (25 vagas); c) edital nº 003/2016 de 04/11/2016 para a contratação de servidores para a área de saúde e educação (42 vagas).

Ademais, observando todos esses editais mencionados, tem-se que a Prefeitura possui o objetivo de contratar 167 (cento e sessenta e sete) novos servidores, perfazendo o contrário de tudo o que ensina e determina a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Assim, não restam dúvidas que a atual situação está completamente ilícita, devendo a ação ser imediatamente impedida, a fim de não comprometer o orçamento Municipal, conforme

taxativamente dispõe a lei.

Assim, requer o “parquet”, nos termos do artigo 12, da Lei n 7.347/85 c/c artigo 300, do Novo Código de Processo Civil, que seja concedida a tutela de urgência, determinando que o Município de Juara: a) suspenda os processos seletivos simplificados referentes aos Editais nº 001/2016; 002/2016 e 003/2016 em 24 (vinte e quatro) horas, e a divulgar em sua página eletrônica, bem como no diário oficial a cópia da respectiva decisão, pelo prazo de 30 (trinta) dias; b) garanta o direito dos candidatos atualmente inscritos no referido processo seletivo, a pleitear a restituição do valor da inscrição; c) comprove o cumprimento das obrigações

supracitadas, no prazo de 05 (cinco) dias; d) em caso de descumprimento, responder por multa diária equivalente a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), valor este que deverá ser revertido ao Fundo Estadual, conforme artigo 13 da Lei nº 7.347/85.

Vieram-me os autos conclusos.

É o relatório.

Fundamento.

Decido.

De seu turno, a Magna Carta é expressa ao estabelecer que:

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2 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;

III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;

IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.

§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou

contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas:

I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes;

II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

Portanto, o Poder Executivo Municipal não pode efetuar gastos que ultrapassem o correspondente às suas propostas orçamentárias, sendo absolutamente vedado tal comportamento pela Lei de Responsabilidade Fiscal, bem como não se enquadra nas hipóteses do artigo supracitado (artigo 169 da CF).

Inadmissível, portanto, que o Poder Público Municipal esteja descumprimento as normas orçamentárias, conforme dispõe o artigo 21, § 1º, da Lei de Responsabilidade Fiscal, in verbis:

Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda:

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3 I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o disposto no inciso XIII do art.

37 e no § 1o do art. 169 da Constituição;

II - o limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo.

Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.

Pois bem.

A despeito dos substanciosos argumentos trazidos pelo Ministério Público em sua inicial, vislumbro, em perfunctória análise de suas razões e da documentação acostada ao pedido, com a plausibilidade mínima necessária, os pressupostos legais autorizativos de concessão da medida pleiteada “initio litis”.

A respeito do assunto do presente feito, vejamos o entendimento dos Egrégios Tribunais Superiores:

ADMINISTRATIVO. APELAÇAO CÍVEL. DECRETO MUNICIPAL QUE SUSPENDEU A NOMEAÇAO DE SERVIDORES. NOMEAÇAO ANTERIOR AOS ÚLTIMOS 180 DIAS DO MANDATO. AUMENTO DE DESPESA COM PESSOAL. PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 21 DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL . APELO IMPROVIDO. 1. Trata-se de apelação em face de sentença que manteve o Decreto que suspendeu as nomeações dos apelantes, posto que ocorridas nos 180 dias que antecederam o fim do mandato de ex-gestor municipal, sem que houvesse previsão orçamentária. 2. A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complr nº 101 /00), em seu artigo 21 , parágrafo único , considera nulo de pleno direito o ato que resulta aumento de despesa com pessoal expedido nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do

mandato do titular do respectivo Poder ou órgão referido no artigo 20.3. Não merece prosperar a alegação dos apelantes de que não houve observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa, posto que, após o ato que suspendeu as nomeações, instalou-se sindicância para apurar a ocorrência de ilegalidade nas portarias de nomeação.4. Possibilidade de a Administração Pública anular seus atos quando eivados de vícios, nos termos das Súmulas nº 346 e 473 do STF. 5. Apelo conhecido e improvido. (Processo AC 200900010031280 PI; 1ª Câmara Especializada Cível; Julgamento: 26/09/2012; Relator: Des. Fernando Carvalho Mendes)

NULIDADE DA CONTRATAÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL ADMITIDO NO PERÍODO PREVISTO NO PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 21 DA LEI DE

RESPONSABILIDADE FISCAL. DISPENSA MOTIVADA PELA NULIDADE. DECLARAÇÃO MANTIDA. Caracterizando o impedimento previsto no parágrafo único do art. 21 da Lei de Responsabilidade Fiscal, resta nula, de pleno direito, a contratação do servidor. Considerando que a admissão de novos servidores ao quadro funcional do Município gera patente aumento de despesa, a correta decisão é manter. (TRT-15-RO:22848 SP 022848/2007, Relator: Luís Carlos Cândido Martins Sotero da Silva, Data de Publicação: 25/05/2007)

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4 AGRAVO DE INSTRUMENTO-LIMINAR EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA-LEI MUNICIPAL QUE AUMENTA SUBSÍDIOS DO PREFEITO, DO VICE-PREFEITO, DOS SECRETÁRIOS MUNICIPAIS E DOS VEREADORES-INOBSERVÂNCIA DO ART. 21 DA LEI DE

RESPONSABILIDADE FISCAL-PRESENÇA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES PARA A CONCESSÃO DA MEDIDA-DECISÃO REFORMADA-RECURSO PROVIDO. Deve ser concedida liminar em ação civil pública contra ato normativo municipal que afronta norma federal, diante da presença do fumus boni iuris. A lei municipal que aumenta os subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito, dos Secretários Municipais e dos Vereadores no período

compreendido na proibição imposta pela Lei de Responsabilidade Fiscal, pode gerar periculum in mora inverso, autorizando a concessão de liminar para suspender seus efeitos até trânsito em julgado da ação civil intentada. (TJ-MS-AGV: 13227 MS; Julgamento: 01/11/2005, 2ª Turma Cível)

Sobre os novos requisitos da tutela antecipada, intitulada pelo NCPC de tutela de urgência, assim explica a mais recente doutrina:

“No direito anterior a antecipação da tutela estava condicionada à existência de ‘prova

inequívoca’ capaz de convencer o juiz a respeito da ‘verossimilhança da alegação’, expressões que sempre foram alvo de acirrado debate na doutrina.

O legislador resolveu, contudo, abandoná-las, dando preferência ao conceito de probabilidade do direito. Com isso o legislador procurou autorizar o juiz a conceder tutelas provisórias com base em cognição sumária, isto é, ouvindo apenas uma das partes ou então fundados em quadros probatórios incompletos (vale dizer, sem que tenham sido colhidas todas as provas disponíveis para o esclarecimento das alegações de fato). A probabilidade que autoriza o emprego da técnica antecipatória para a tutela dos direitos é a probabilidade da lógica – que é aquela que surge da confrontação das alegações e das provas com os elementos disponíveis nos autos, sendo provável a hipótese que encontra maior grau de confirmação e menor grau de refutação nesses elementos. O juiz tem que se convencer de que o direito é provável para conceder a tutela provisória. (...) A tutela provisória é necessária simplesmente porque não é possível esperar, sob pena do ilícito ocorrer, continuar ocorrendo, ocorrer novamente, não ser removido ou de dano ser reparado ou reparável no futuro. Assim, é preciso ler as expressões perigo de dano e risco ao resultado útil do processo como alusões ao perigo na demora. Vale dizer: há urgência quando a demora pode comprometer a realização imediata ou futura do direito. (LUIZ GULHERME MARINONI, SÉRGIO CRUZ ARENHART e DANIEL MITIDIERO, Novo Código de Processo Civil Comentado, Revista dos Tribunais, 2ª edição, 2016, pág. 382- 383)” (grifo nosso)

Assim, o deferimento de tutela provisória/urgência, nos termos do art. 300 do NCPC, requer a coexistência tanto da “PROBABILIDADE DO DIREITO”, quanto que haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, consistente em evitar que a demora na prestação jurisdicional venha a inviabilizar por completo os efeitos da tutela pretendida (PERIGO DE DANO).

Dadas estas considerações iniciais, passo ao exame do caso concreto.

Conforme se extrai dos autos, no que tange à “probabilidade do direito”, está claro quanto ao dever que a Prefeitura Municipal de Juara/MT tem em respeitar as normas orçamentárias, bem

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5 como a Lei de Responsabilidade Fiscal que dita todas as diretrizes corretas ao Poder Executivo em consonância com a nossa Carta Magna.

Entretanto, no que tange ao “perigo da demora”, pode-se observar no atual risco ao cofre municipal, tendo em vista ser vedado o aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder, sendo o caso da presente lide.

Como já adiantado, analisando os fatos e a documentação juntada aos autos, a priori vejo que existe razão para se deferir a tutela de urgência pretendida, isto porque relativamente à probabilidade do direito, os documentos carreados evidenciam que o Município está comento um ato ilícito.

Diante do exposto, vislumbrando presentes os requisitos previstos nos termos do artigo 12, da Lei n 7.347/85 c/c artigo 300, do Novo Código de Processo Civil, DEFIRO para que seja concedida a tutela de urgência, determinando que o Município de Juara/MT:

a) suspenda os processos seletivos simplificados referentes aos Editais nº 001/2016; 002/2016 e 003/2016 em 48 (quarenta e oito) horas, e divulgue em sua página eletrônica, bem como no diário oficial a cópia da respectiva decisão, pelo prazo de 30 (trinta) dias;

b) restitua o valor da inscrição, a todos os candidatos atualmente inscritos no referido processo seletivo;

c) comprove o cumprimento das obrigações supracitadas, no prazo de 05 (cinco) dias;

d) em caso de descumprimento, o Município responderá por multa diária equivalente a R$

5.000,00 (cinco mil reais), valor este que deverá ser revertido ao Fundo Estadual, conforme artigo 13 da Lei nº 7.347/85.

Intimem-se as partes acerca da presente decisão.

Cite-se a parte requerida para, querendo, no prazo de 15 (quinze) dias, contestar a ação (NCPC, art. 335), advertindo-a que não sendo contestada a ação, presumir-se-ão verdadeiros os fatos alegados na inicial (NCPC, art. 344).

Decorrido o prazo de defesa, com ou sem contestação, abra-se vista à parte adversa para manifestação, por 15 (quinze) dias.

Intime-se o representante do Ministério Público.

Nos termos do artigo 18 da Lei nº 7.347/85, DISPENSO o adiantamento de custas judiciais.

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6 Tratando-se de processo eletrônico, em prestígio às regras fundamentais dos artigos 4º e 6º do CPC fica vedado o exercício da faculdade prevista no artigo 340 do CPC.

Cumpra-se COM URGÊNCIA, expedindo-se o necessário.

Às providências.

Referências

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