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III COMUNICAÇÃO AMBIENTAL NO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

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Academic year: 2021

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

III-235 - COMUNICAÇÃO AMBIENTAL NO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

SÓLIDOS URBANOS

Sandra Maria Furiam Dias(1)

Engenheira Civil. Doutora em Saúde Pública pela FSP/USP. Professora Adjunta do Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e Coordenadora da Equipe de Estudo e Educação Ambiental da UEFS - Bahia.

Wanda Risso Günther

Engenheira Civil. Doutora em Saúde Pública pela FSP/USP. Professora do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da USP

Endereço(1): Rua Venezuela, 49 – Capuchinhos – Feira de Santana – Bahia. CEP: 44.035-500 - e-mail:

smfuriam@uefs.br.

RESUMO

A Educação Ambiental visa promover a interdisciplinaridade, a visão crítica e global/holística, a participação e a interação, o auto conhecimento, o resgate de saberes e a resolução de problemas, tendo como conteúdo os problemas ambientais e de qualidade de vida considerados relevantes para os grupos envolvidos. Se o conteúdo do problema considerado relevante é a questão do lixo, as atitudes ambientais dos seres humanos em relação a esta, devem refletir sobre assuntos que vão além do ato de separar resíduos. É um profundo exercício crítico a cerca dos valores que intervêm como suporte em sua ação. Para isso, a comunicação ambiental exerce um papel importante nas atividades de EA. Seu papel é o de levar às pessoas informações que estimulem a tomada de consciência, e ao desenvolvimento de atitudes e comportamentos para que possam participar, ativa e positivamente, no seu entorno e promover a compreensão das causas dos hábitos consumistas, e a ação para a transformação.

Em avaliação de programas de Educação Ambiental voltados para o Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos, observou-se que a maioria dos materiais de informação sobre o Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos (folder, cartilhas, cartazes, etc.) tem caráter normativos com informações sobre a coleta seletiva, a forma de segregação dos resíduos e o destino destes. Nos conteúdos “não normativos” não é explorada a problemática dos resíduos sólidos, tais como: as conseqüências, para a saúde e para o ambiente, do lixo jogado em terrenos baldios, rios e na rua e a importância da minimização dos resíduos para o ambiente. Em geral, observou-se que os textos utilizados nos projetos avaliados não apresentaram uma organização textual “ideal”: contextualização histórica e social do discurso; abordagem dos efeitos provocados por decisões e atitudes; reflexão que leve a uma consciência do problema e a apresentação de propostas e soluções.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Ambiental, resíduos sólidos, Material Informativo

INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental visa promover a interdisciplinaridade, a visão crítica e global/holística, a participação e a interação, o auto conhecimento, o resgate de saberes e a resolução de problemas, tendo como conteúdos os problemas ambientais e de qualidade de vida considerados relevantes para os grupos envolvidos” Sorrentino (1995). Se o conteúdo do problema considerado relevante é a questão do lixo, as atitudes ambientais dos seres humanos em relação a esta, devem refletir sobre assuntos que vão além do ato de separar resíduos. É um profundo exercício crítico a cerca dos valores que intervêm como suporte em sua ação. Para isso, a comunicação ambiental exerce um papel importante nas atividades de EA. Seu papel é o de levar às pessoas informações que estimulem a tomada de consciência, e ao desenvolvimento de atitudes e comportamentos para que possam participar, ativa e positivamente, no seu entorno e promover a compreensão das causas dos hábitos consumistas, e a ação para a transformação, não só dos sistemas que os sustentam, como também de nossas próprias práticas. O trabalho apresenta uma avaliação de materiais informativos utilizados em dois programas de Educação Ambiental voltados para o gerenciamento do lixo. O primeiro é o desenvolvido no campus da Universidade Estadual de Feira de Santana e o segundo, o projeto de EA realizado em Mucugê/Bahia para implantação da coleta seletiva e da Unidade de Reciclagem e Compostagem do município.

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

METODOLOGIA Cenário da Pesquisa:

Considerando-se a importância da participação da comunidade no manejo, ambientalmente correto dos resíduos sólidos urbanos, e o desafio de responder como se processa a ação transformadora dos indivíduos proposta pela Educação Ambiental, estudou-se programas de Educação Ambiental voltados para o gerenciamento dos resíduos sólidos em curso nos seguintes locais:

Campus da Universidade Estadual de Feira de Santana, localizada na cidade de Feira de Santana, Bahia.

Neste local desenvolve-se, desde 1992, o “Projeto Coleta Seletiva e Reaproveitamento do Lixo gerado no Campus” coordenado pela Equipe de Estudo e Educação Ambiental da UEFS. Na época do estudo, a comunidade universitária era composta por 6.581 alunos matriculados em 22 cursos de graduação e 1.058 matriculados em cursos de pós-graduação latu sensu. O número de docentes era de 677 e o de funcionários de 447.

Município de Mucugê, Bahia, localizado na Chapada Diamantina, a 420km de Salvador. O município possui

3.048 habitantes na zona urbana distribuídos em 827 domicílios. A Prefeitura local implantou, em parceria com a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), durante o ano de 1999, a coleta seletiva dos resíduos sólidos urbanos e a Usina Simplificada de Reciclagem e Compostagem do Lixo.

O sistema de gerenciamento de resíduos sólidos do município envolve as etapas de coleta diferenciada e transporte até a Usina Simplificada de Reciclagem e Compostagem de Lixo. Na Usina são realizadas as operações de: triagem dos materiais recicláveis, prensagem de lata, papel e plástico, armazenamento diferenciado do lixo chamado inerte (papel, vidro, plástico e metal) e a compostagem do resíduo orgânico. O rejeito que não é separado durante a catação é enterrado em valas localizadas no mesmo terreno da usina.

Coleta de Dados

A coleta de dados foi por meio de uma pesquisa documental disponíveis em cada experiência. Após análise dos documentos disponíveis em cada experiência, selecionaram-se intencionalmente, aqueles que pudessem reconstruir o passado das experiências como diagnósticos locais, projetos, relatórios e artigos técnicos. Também foi importante selecionar o material utilizado nas campanhas educacionais, como cartilhas, folder, fotos de cartazes, entre outros.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Os textos utilizados nas campanhas de sensibilização, puderam ser separados em blocos de acordo com seu conteúdo normativo/participativo e reflexivo. Considerou-se como conteúdo normativo/participativo os textos que enfatizam as normas de segregação dos resíduos sólidos e os textos considerados reflexivos como aqueles que apresentam conteúdos sobre as conseqüências ambientais do lixo no ambiente, e as possibilidades de seu reaproveitamento

Resultado obtido na avaliação na UEFS

Abaixo estão listadas algumas frases utilizadas nas campanhas de sensibilização, separadas em blocos de acordo com seu conteúdo normativo/participativo e reflexivo.

Bloco 1 – Conteúdo normativo/participativo

Muitos cartazes mostram a simbologia das cores das lixeiras com o respectivo tipo de lixo a ser descartado e outros chamam a atenção em relação às cores, como por exemplo:

“Faça a coisa certa. Coleta Seletiva, a melhor forma de descartar o lixo.” “Papel é no azul. Coleta Seletiva já”.

“Lixo plástico, lixeira vermelha. Questão de memória.” “Aterro é o lixo não reciclável. Informe-se. Participe!

“Coleta Seletiva UEFS. Uma realidade. Participe! Descarte no acondicionador laranja copo descartáveis, canudos, guardanapos. Acondicionador vermelho garrafas plásticas. Acondicionador azul papel seco.”

“Atenção visitantes: Aqui na UEFS nós fazemos coleta seletiva. Observe nas cores das lixeiras distribuídas no campus. Cada cor corresponde a um tipo de lixo, por exemplo:

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Papel deve ser jogado na lixeira de cor azul;

Copos descartáveis e papéis engordurados devem ser jogados na lixeira cor abóbora.

“Não deixe para depois o que você pode fazer agora. SE-PA-RE o lixo: Colabore com a coleta seletiva da UEFS.”

“Projeto Coleta Seletiva. Como Organizar e Levar Esta Tarefa Adiante. Colabore com a separação do lixo”. “Participo da separação do lixo na UEFS”.

“Na UEFS tem Coleta Seletiva. SE-PA-RE o lixo.”

“O que vale a pena ser feito vale a pena ser bem feito. Se-pa-re o lixo”. “Estamos fazendo a coleta seletiva do lixo. Participe!”

“Coleta seletiva. Quem vê lembra (figuras com as lixeiras com cores diferentes). Quem faz aprende”. “Evite esta cena (figuras mostrando o lixo com diversos insetos). Faça a coleta seletiva.”

“A UEFS adota a coleta seletiva. Você tem consciência disso?”

Bloco 2 – Conteúdo reflexivo

“Reciclar o lixo é preservar o meio ambiente”.

“Se o lixo hospitalar não tem destino adequado, o meio ambiente adoece”.

“Não deixe que o lixo tome conta de seu ambiente” (frase colocada acima de um monte de lixo)

“Nada se perde, tudo se transforma” (a frase foi ilustrada com fotos do processo de compostagem na UEFS e também um saquinho contendo o composto pronto)

“Você sabia que as garrafas PET estão sendo recicladas para produzir calças Jeans?”

“Você mora neste Planeta? Então está na hora de fazer alguma coisa por ele. Em casa, na Universidade, no trabalho, em qualquer lugar. Por exemplo:

Plantar árvores, evitar o desperdício, colaborar com a coleta seletiva. São pequenas atitudes como estas, que fazem de você um verdadeiro ecologista. É só arregaçar as mangas e começar, o resultado vai ser um ambiente melhor para todos.

“Veja o que acontece com o papel seco jogado na lixeira azul: A EEA RECICLA.” (fotos do processo de reciclagem de papel realizado pela EEA).

“Conscientize-se ... Este não é o melhor destino que você pode dar ao seu lixo. Pense nisso!" (Frase ilustrada com imagem de pessoas e animais em um lixão).

“Veja o que acontece com os restos de comida jogados no tonel marrom.” (Fotos mostrando o processo de compostagem EEA/UEFS).

“Reciclar é transformar suas próprias atitudes”.

“Me chamam de lixo só por acharem que não sirvo mais pra nada, engano total! Posso ser transformado, só depende de você. SE-PA-RE-ME eu não sou lixo. Ao lado poderá entender que na verdade eu sou um luxo.” (Frase ilustrada com materiais reciclados e reaproveitados).

A sensibilização dirigida à comunidade universitária tem como foco principal levar o gerador de resíduos a separá-lo na fonte, para atender ao gerenciamento proposto. Caso isto não ocorra, o lixo que poderia ser inserido novamente na cadeia produtiva, irá para o aterro. Sendo assim, o conteúdo dos cartazes deve abordar os aspectos normativos e ter chamadas para o gerador de resíduos, inserir-se como parte fundamental no processo de gerenciamento. Observa-se que a maioria das mensagens presentes nos cartazes tem esse conteúdo normativo e chamadas para que a comunidade universitária participe da segregação. Contudo considerando que a Educação Ambiental não deve apenas resolver a problemática do lixo através da ação individual observa-se que as ações educacionais realizadas poderiam ter ido mais além, utilizando-se nestes cartazes conteúdos que refletissem as causas da existência dos resíduos sólidos, como também suas conseqüências para a saúde e o ambiente e sobre a relação sociedade-natureza, histórica e socialmente construída.

Ainda em relação ao caráter normativo da maioria dos cartazes, VIEZZER (1996 p.15) observa que essa abordagem pode “dificultar o estabelecimento da relação empática, tão necessária ao aprendizado”. Alguns protestos sobre este caráter normativo foram observados nas respostas de alguns alunos nos questionários realizados em 1998 quando comentaram que a “coleta seletiva não deve ser imposta” ou “parece ser lavagem cerebral”.

Nos textos incluídos como reflexivos, observam-se conteúdos soltos não relacionando causa efeito como em “Reciclar o lixo é preservar o meio ambiente” ou “Se o lixo hospitalar não tem destino adequado, o meio

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ambiente adoece”. TRAJBER e MANZOCHI, analisando diversos materiais impressos ditos de Educação Ambiental, citam que “poucos textos de Educação Ambiental seguem estruturalmente um modelo de organização textual visto como “ideal”: contextualização histórica e social do discurso; abordagem dos efeitos provocados por decisões e atitudes; reflexão que leve a uma consciência do problema; e apresentação de propostas e soluções” (TRAJBER e MANZOCHI, 1996 p.32). Em conteúdos onde aparece a resolução do problema através da compostagem e reciclagem do papel, o cartaz torna-se mais rico, pois demonstra, à comunidade, que o resíduo descartado corretamente é valorizado, transformando-se em composto e papel reciclado, não sendo encaminhado portanto ao aterro.

Outra observação importante é o pouco incentivo dado a minimização dos resíduos no conteúdo dos cartazes, o que pode levar a sociedade a incorporar valores no sentido de que a reciclagem é a solução, excluindo dela a responsabilidade no enfrentamento da problemática do lixo. Os resíduos, antes de serem encaminhados para reutilização ou reciclagem, devem ter sua geração reduzida ao máximo, sendo essa uma ação preventiva dos riscos que representam e dos danos sanitários, econômicos, sociais e ambientais que poderão acarretar devido à sua disposição inadequada ou mesmo na redução do custo de seu gerenciamento e da não degradação de áreas que sua colocação no solo representa. Estes aspectos são os princípios básicos do capítulo 21 da Agenda 21, na qual o manejo dos resíduos sólidos deve ir além do simples depósito ou aproveitamento, mas resolver a causa fundamental do problema através da redução dos resíduos ao mínimo, o que passa pela mudança dos padrões de produção e consumo.

Resultado obtido na avaliação em MUCUGÊ

Resgataram-se dois folhetos (folder) utilizados nas campanhas de sensibilização e informação: o primeiro, com o título “Mucugê na era da reciclagem. Garimpando o lixo”, utilizado no lançamento da usina e o segundo, “Separe o seu lixo vamos reciclar – programa de coleta seletiva em Mucugê” distribuídos no relançamento da usina. Também, resgatou-se, através de um morador local, o jingle veiculado pelo carro de som ao circular pelas ruas da sede do município.

Basicamente, o conteúdo de ambos os folhetos foi:

1. Normativo: com informações sobre a coleta seletiva, a forma de segregação dos resíduos e o destino destes. • Definição da coleta seletiva: definida como a coleta realizada em dias e horários diferentes, para o

lixo orgânico e para o lixo inorgânico. Os horários de coleta são explicitados.

• Como separar o lixo: nesse item é explicado que o lixo deve ser separado em sacos diferentes, de acordo com suas características (orgânico e inorgânico), bem como a forma de colocá-los no interior dos sacos, para evitar acidentes com o pessoal da coleta e para melhor aproveitamento dos materiais inorgânicos, pela lavagem dos vasilhames antes do descarte.

No segundo folder, houve uma alteração quanto à forma de segregação do lixo. Foi solicitado aos moradores que, além da segregação do orgânico e do inorgânico, houvesse a separação, em outro saco, do resíduo chamado de rejeito (papel higiênico, guardanapo, absorvente, fralda descartável, ponta de cigarro, chiclete, papel carbono, isopor, espumas e trapos).

• O manuseio do lixo na usina: nesse item, são explicitadas as formas de processamento dos resíduos sólidos segregados pelos moradores. Prensagem, enfardamento e armazenagem para a comercialização dos resíduos inorgânicos e a compostagem do resíduo orgânico.

2. Não-normativos: são os conteúdos nos quais se observam solicitações à comunidade para colaborarem com o projeto.

Do folheto: “Mucugê na era da reciclagem. Garimpando o lixo” encontram-se os seguintes textos:

• “O que você fizer pelo ambiente estará fazendo por você. Colabore: reduzindo as coisas que você joga fora; reutilizando os objetos; não jogando lixo nas ruas, nos terrenos baldios, rios, etc.; colocando o lixo ensacado; separando o lixo”.

• “Sua participação é muito importante para o sucesso desse projeto. Colabore, separando o material reciclável, antes de colocar o lixo para a coleta. Desta forma você estará exercendo sua cidadania e também preservando a natureza e sua cidade”.

O folheto “Separe o seu lixo vamos reciclar – programa de coleta seletiva em Mucugê” distribuído à comunidade durante o relançamento da usina inicia, explicando que está sendo relançada a coleta seletiva com

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o “objetivo de reaproveitar ao máximo o lixo produzido, preservando a natureza”. Apresenta também o seguinte texto “não normativo”:

• “Como você deve contribuir: separando o lixo em sua residência ou estabelecimento comercial ou público, obedecendo a classificação, dias e horário de coleta. Assim, você estará sendo responsável pelo que produz, contribuindo com sua comunidade e cuidando da natureza”.

Nesse folheto, não foram incluídos conteúdos sobre a minimização dos resíduos sólidos. Contudo, é registrado um convite para que a comunidade visite a usina para observar a contribuição de cada um no processo de gerenciamento.

Os folhetos distribuídos à comunidade de Mucugê têm caráter basicamente normativo, isto é, informam como a população poderia participar do gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos proposto com a instalação da Usina Simplificada de Reciclagem e Compostagem.

Nos conteúdos “não normativos” não é explorada a problemática dos resíduos sólidos, tais como: as conseqüências, para a saúde e para o ambiente, do lixo jogado em terrenos baldios, rios e na rua, e a importância da minimização dos resíduos para o ambiente. O título do primeiro folder - “Mucugê na era da reciclagem” - também pode sugerir a “riqueza do lixo” ao associá-lo com o garimpo e, a reciclagem, como solução para a questão do lixo.

Como o material impresso utilizado nas campanhas de sensibilização da UEFS, e os utilizado nos folhetos distribuídos em Mucugê não apresentaram uma organização textual “ideal”: contextualização histórica e social do discurso; abordagem dos efeitos provocados por decisões e atitudes; reflexão que leve a uma consciência do problema; e apresentação de propostas e soluções” (TRAJBER e MANZOCHI, 1996 p. 32).

O jingle veiculado pelo carro de som em Mucugê foi elaborado com o seguinte texto:

“Só bote o lixo na porta, pertinho da hora do caminhão passar. Sua rua mais cheirosa e mais bonita, fica mais fácil da prefeitura trabalhar. Pare para pensar: a prefeitura acaba com o lixo se você colaborar”.

No texto, observa-se um incentivo para a colocação do lixo na porta, respeitando os horários de coleta. Isto é importante para manter a limpeza da cidade ao se evitar que os sacos acondicionadores de lixo sejam depredados por animais. Contudo, a parte final do texto sugere que o problema do lixo termina com a sua coleta, eximindo a população de sua responsabilidade em relação ao destino que é dado após a essa etapa.

CONCLUSÃO

Na análise dos materiais informativos observou-se que a maioria dos materiais de informação sobre o Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos (folder, cartilhas, cartazes, etc.) tem caráter normativos com informações sobre a coleta seletiva, a forma de segregação dos resíduos e o destino destes. Nos conteúdos “não normativos” não é explorada a problemática dos resíduos sólidos.

O material impresso utilizado nas campanhas de sensibilização da UEFS, e os utilizado nos folhetos distribuídos em Mucugê não apresentaram uma organização textual “ideal”: contextualização histórica e social do discurso; abordagem dos efeitos provocados por decisões e atitudes; reflexão que leve a uma consciência do problema; e apresentação de propostas e soluções” (TRAJBER e MANZOCHI, 1996 p. 32).

Outra observação importante é o pouco incentivo dado a minimização dos resíduos no conteúdo dos cartazes, o que pode levar a sociedade a incorporar valores no sentido de que a reciclagem é a solução, excluindo dela a responsabilidade no enfrentamento da problemática do lixo. Os resíduos, antes de ser encaminhados para reutilização ou reciclagem, devem ter sua geração reduzida ao máximo, sendo essa uma ação preventiva dos riscos que representam e dos danos sanitários, econômicos, sociais e ambientais que poderão acarretar devido à sua disposição inadequada ou mesmo na redução do custo de seu gerenciamento e da não degradação de áreas que sua colocação no solo representa.

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. DIAS S M F Avaliação de Programas de Educação Ambiental voltados para o Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos. São Paulo, 2003. [Tese de Doutorado–Faculdade de Saúde Pública da USP]. 2. SORRENTINO M. Educação Ambiental e Universidade: Um estudo de caso. São Paulo;1995. [Tese de

Doutorado–Faculdade de Educação da USP]

3.

TRAJBER R, MANZOCHI R. Avaliando Materiais impressos de Educação Ambiental: O Projeto. In: Avaliando a Educação ambiental no Brasil: materiais impressos. Coordenação Rachel Trajber e Lucia Helena Manzochi. São Paulo: Gais:1996.p 138-152.

4. Viezzer M, Rodrigues C L, Moreira T. Relações de Gênero na Educação Ambiental. In: Avaliando a

Educação ambiental no Brasil: materiais impressos. Coordenação Rachel Trajber e Lucia Helena

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